suplemento especial para o jorev produzido pelo centro de ... · tou arrozais de até 60 hectares,...

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ESPECIA L Igreja e Agricultura Familiar Suplemento especial para o Jorev produzido pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa). Julho de 2002 Delícias divinas, solidárias No núcleo Sul, com sede em Pelotas (RS), tem um pro- duto que se destaca pela dife- rença. São os sucos de frutas na- tivas, com sabores realmente no- vos. A idéia foi usar frutas da região, que estão na propriedade, mas que não costumam dar retorno em di- nheiro ao agricul- tor. Então surgiu o suco de ananás, de butiá, de araçá e até o de banana de mato - ao lado de outros sa- bores nem tão inusita- dos (goiaba, pêssego, bergamota). Para a agricultora Miriam da Costa, de São Lourenço, estas frutas agora estão re- presentado sua princi- pal fonte de renda. Recentemente , ela precisou aumentar sua produção de 20 para 60 litros/dia. Ao todo, são cinco famílias envolvidas na produção, dividas em dois grupos, das lo- calidades de Prado Novo e Fa- zendo Boa Vista. A venda acon- tece principalmente para a me- renda de escolas da região e nas feiras ecológicas. Juntos, os dois grupos tem obtido uma produ- ção mensal de quase 1,3 mil litros. No núcleo Santa Cruz, o destaque fica com um produto básico. Trata-se do companhei- ro do feijão no prato essencial do dia-a-dia. É ele, claro, o arroz. A produção e venda acontece através da co- operativa Ecovale. Nes- ta última safra, as lavouras ren- deram mais de 80 toneladas. E tem arroz do tipo cateto e agulha, branco ou inte- gral. A produção não fica só na região de Santa Cruz, mas é escoada para diver- sos mercados (já chegou a ir até São Paulo), através das redes de consumo solidário onde a Ecovale faz parte. Quem está feliz com isso é o principal produtor de arroz da cooperativa, Valdomiro Schuster. Este agricultor já plan- tou arrozais de até 60 hectares, tudo com agrotóxicos, e tendo mais dívidas do que lucros como resultado. Por causa do veneno, chegou a ser internado na UTI. Aos poucos, foi mudando o jei- to de plantar. Neste ano, colheu sua primeira safra totalmente eco- lógica. Você pode perguntar: qual um dos produtos mais difíceis de se produzir ecologicamente? E a resposta será: o tomate. Logo ele, o tomate, um verdadeiro campeão de consumo. No Capa do Paraná (nú- cleos Rondon e Verê) isso não foi problema. E a in- tenção foi justa- mente topar o de- safio. Normal- mente, as planta- ções de tomate recebem doses gi- gantescas de venenos. A princial solução para isso foi investir na fer- tilidade do solo. Hoje, tem até um projeto junto com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, para pro- duzir em laborató- rio um tipo especi- al de vespa, que dá jeito nas infestações da traça do tomatei- ro. É o chamado con- trole biológico. O re- sultado disso é que a produ- ção de duas associa- ções de agricultores (Acempre e Apave) assessoradas pelo Capa está rendendo uma média de 4 mil quilos por mês deste cobiçado pro- duto - o tomate ecológico. A vida é doce ou é bela? Não importa. No que depender da necessi- dade de açúcar, a con- versa é com o núcleo Erexim. Na área des- te núcleo, que abran- ge o noroeste gaúcho e o oeste catarinense, a grande especialida- de vem sendo o açú- car mascavo. O principal grupo pro- dutor é a Aafa, de Barra do Rio Azul, que tem já uma agroindústria mon- tada e anda até vendo a possibilidade de fazer sua primeira exportação - ve- jam só, com destino para a França. Se isso acontecer, a produção deste ano deve chegar a 80 mil quilos. O açúcar mascavo da Aafa é vendido com a marca Campo Alegre. Além dis- so, há uma linha de derivados, com pé- de-moleque, puxa- puxa e carapinha. Já no oeste catarinense, há uma série de agroindústrias mais novas, que também estão investindo nos derivados da cana-de-açúcar, para comercializar sua produção por uma cooperativa que também surgiu da assessoria do Capa, a Cooperbiorga. A agroindústria mais avançada é a de Itá, que manda ver nas doçuras, com a marca Itaçucar. Outros produtos do núcleo Santa Cruz: erva-mate, mel, hortigranjeiros, sucos, bolachas e schmiers. Informações: 51 37152750 Outros produtos do Capa Paraná: arroz, soja, amendoim, açúcar mascavo, hortigranjeiros e farinhas (trigo e mandioca) Informações: 45 2548203 Outros produtos do núcleo Sul: arroz, feijão, batata e hortifrutigranjeiros em geral. Informações: (53) 272 3930 Outros produtos do núcleo Erexim: gergelim, feijão adzuki, arroz, trigo, soja e hortifrutigranjeiros. Informações: 54 3215951 Está crescendo a produção e comercilização de alimentos por familias de agricultores assessoradas pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), setor de serviço de nossa Igreja. Por acaso você, que quer justiça no mundo, porque crê em Deus, já provou algumas destas delícias solidárias e ecológicas? e ecológicas Diversidade vira suco Tomate que desafia Agroindústria de adoçar a vida O básico, sem veneno

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ESPECIAL Igreja e Agricultura FamiliarSuplemento especial para o Jorev produzido pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa). Julho de 2002

Delícias divinas, solidárias

No núcleo Sul, com sedeem Pelotas (RS), tem um pro-duto que se destaca pela dife-rença. São os sucos de frutas na-tivas, com sabores realmente no-vos. A idéia foi usar frutas daregião, que estão napropriedade, masque não costumamdar retorno em di-nheiro ao agricul-tor. Então surgiu osuco de ananás, debutiá, de araçá e atéo de banana de mato- ao lado de outros sa-bores nem tão inusita-dos (goiaba, pêssego,bergamota). Para a agricultoraMiriam da Costa, deSão Lourenço, estasfrutas agora estão re-presentado sua princi-pal fonte de renda.Recentemente , elaprecisou aumentarsua produção de 20para 60 litros/dia.Ao todo, são cincofamílias envolvidas na produção,dividas em dois grupos, das lo-calidades de Prado Novo e Fa-zendo Boa Vista. A venda acon-tece principalmente para a me-renda de escolas da região e nasfeiras ecológicas. Juntos, os doisgrupos tem obtido uma produ-ção mensal de quase 1,3 millitros.

No núcleo Santa Cruz, odestaque fica com um produtobásico. Trata-se do companhei-ro do feijão no prato essencial dodia-a-dia. É ele, claro, o arroz.A produção e venda acontece

através da co-o p e r a t i v aEcovale. Nes-ta última safra,as lavouras ren-deram mais de80 toneladas. Etem arroz do tipocateto e agulha,branco ou inte-gral. A produção

não fica só na região de SantaCruz, mas é escoada para diver-sos mercados (já chegou a ir atéSão Paulo), através das redes deconsumo solidário onde a

Ecovale faz parte.Quem está feliz comisso é o principalprodutor de arrozda cooperativa,V a l d o m i r oSchuster. Esteagricultor já plan-tou arrozais deaté 60 hectares,

tudo com agrotóxicos, e tendomais dívidas do que lucros comoresultado. Por causa do veneno,chegou a ser internado na UTI.Aos poucos, foi mudando o jei-to de plantar. Neste ano, colheusua primeira safra totalmente eco-lógica.

Você pode perguntar: qualum dos produtos mais difíceis dese produzir ecologicamente? E aresposta será: o tomate. Logo ele,o tomate, um verdadeiro campeão

de consumo. NoCapa do Paraná (nú-cleos Rondon eVerê) isso não foiproblema. E a in-tenção foi justa-mente topar o de-safio. Normal-mente, as planta-ções de tomate

recebem doses gi-gantescas de venenos. A princialsolução para isso foi investir na fer-tilidade do solo. Hoje, tem até umprojeto junto com a Universidade

Estadual do Oeste doParaná, para pro-duzir em laborató-rio um tipo especi-al de vespa, que dájeito nas infestaçõesda traça do tomatei-ro. É o chamado con-trole biológico. O re-sultado disso é que a

produ- ção de duas associa-ções de agricultores (Acempre eApave) assessoradas pelo Capaestá rendendo uma média de 4 milquilos por mês deste cobiçado pro-duto - o tomate ecológico.

A vida é doce ou é bela? Nãoimporta. No que depender da necessi-dade de açúcar, a con-versa é com o núcleoErexim. Na área des-te núcleo, que abran-ge o noroeste gaúchoe o oeste catarinense,a grande especialida-de vem sendo o açú-car mascavo. Oprincipal grupo pro-dutor é a Aafa, de Barra do RioAzul, que tem já uma agroindústria mon-tada e anda até vendo a possibilidadede fazer sua primeira exportação - ve-jam só, com destino para a França. Seisso acontecer, a produção deste anodeve chegar a 80 mil quilos. O açúcarmascavo da Aafa évendido com amarca CampoAlegre. Além dis-so, há uma linha dederivados, com pé-de-moleque, puxa-puxa e carapinha. Jáno oeste catarinense,há uma série deagroindústrias mais novas, quetambém estão investindo nos derivadosda cana-de-açúcar, para comercializarsua produção por uma cooperativa quetambém surgiu da assessoria do Capa,a Cooperbiorga. A agroindústria maisavançada é a de Itá, que manda ver nasdoçuras, com a marca Itaçucar.

Outros produtos do núcleoSanta Cruz: erva-mate, mel,

hortigranjeiros, sucos,bolachas e schmiers.

Informações:51 37152750

Outros produtos do CapaParaná: arroz, soja,amendoim, açúcar

mascavo, hortigranjeiros efarinhas (trigo e mandioca)

Informações:45 2548203

Outros produtos do núcleoSul: arroz, feijão, batata

e hortifrutigranjeirosem geral.

Informações:(53) 272 3930

Outros produtos do núcleoErexim: gergelim, feijão

adzuki, arroz, trigo, soja ehortifrutigranjeiros.

Informações:54 3215951

Está crescendo a produção e comercilização dealimentos por familias de agricultores assessoradas peloCentro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), setor de

serviço de nossa Igreja. Por acaso você, que quer justiçano mundo, porque crê em Deus, já provou algumas

destas delícias solidárias e ecológicas?

e ecológicas

Diversidadevira suco

Tomateque desafia

Agroindústriade

adoçara vida

O básico,sem veneno

CENTRO DE APOIO AO PEQUENO AGRICULTOR JULHO 2002

Comer é muito maisdo que só comer. Claro.Alimentar-se do “pão nossode cada dia” não é poucacoisa. Porém, queremos dizer,para você pensar a respeito,que comer é algo mais.

Comer - ato que poderepresentar uma trivialidadeligada ao dia-a-dia do nossocorpo - é na verdade tam-bém um ato de profundasconseqüências sociais. Algose esconde, portanto,por trás de cadagarfada.

Veja. Nasociedade atual,tudo está interli-gado. Então, oalimento quese consomeespecial-mentenacidadefaz partede uma rede derelações. Por trás decada produto que se comprano mercado ou na feira estáuma série de ações - e com-prar o referido produto éreforçar estas ações. Éreferendá-las, compactuarcom elas, ser seu cúmplice.

Hoje em dia, a maioriadestas ações, de produção ecomercialização de alimen-tos, são danosas. Assim, podeparecer mentira, mas oalimento gostoso que nossacia tem por baseum estragoambiental (o usode agrotóxicos, porexemplo) e tam-bém uma tragédiasócio-econômica(foi produzido nocontexto de umaeconomia que geraexclusão). Sem falar queprejudica a própria saúdedaquele que come.

Mas há o outro lado.São as ações boas, quebuscam isso que está sepegando o costume dechamar produção ecológicade alimentos, dentro de umaeconomia solidária. Bem,está claro, e o ponto onde sequer chegar é exatamenteeste: consumir tais bons

CARTA AO LEITOR

Por trás do garfoprodutos é um reforço para asboas ações. Ou seja, comer émuito mais do que só comer...Levando esta relação aoextremo, comer estes bonsprodutos (certamente muitomais gostosos) é contribuirpara a construção de ummundo melhor.

Agora, o que maisinteressa dizer a você, leitordo Jornal EvangélicoLuterano. No conjunto demãos que praticam estas

boas ações, está a mão daIECLB, através do

Centro de Apoioao Pequeno

Agricul-

tor.Ou,repetindonosso refrão: secomer é muito mais doque só comer, existe já ummercado de produtos cujoconsumo reforça a ação denossa igreja e de uma série deoutras organizações envolvi-das com a produção ecomercialização solidária de

alimentos ecológi-cos. É um mercadoque cresce e queestá recebendo onome de rede decomercialização econsumo solidáriode produtos ecoló-gicos. E desta redefazem parte uma

série de associações e coope-rativas assessoradas peloCapa, em diferentes regiõesdo Rio Grande do Sul, SantaCatarina e Paraná. Nestesuplemento especial do Capapara o Jorev, você vaiencontrar informações sobretudo isso, junto com o convi-te para participar destaverdadeira refeição solidária.Portanto, bom apetite, querdizer... Boa leitura!!!!

Além de consumir produtos ecológicosdas organizações de agricultores, outra formade colaborar com o trabalho do Capa éatravés de doações em dinheiro, para seremusadas na manutenção das atividades deapoio aos agricultores familiares. Para tanto,entre em contato com algum dos núcleos doCapa (pode ser que tenha um na região ondevocê mora). Confira endereços, telefones e e-mails no expediente, na contracapa destesuplemento.

Doar é muitomais do que só doar

Vivemos numa so-ciedade consumista. Diaria-mente nos deparamos comafirmações como: valorizar oconsumidor, o consumidor temque ser respeitado, temos quesatisfazer as exigências doconsumidor, e outras tantasmais, que nos dão a impressãode que nós consumidoresrealmente determinamos ascoisas. Mas será que érealmente assim, ou aindaconsumimos o que a mídia, osmodelos comportamentais e osmodismos nos impõem?

Quantos de nós, aofazer as compras, se preocupacom a origem, qualidadebiológica, contaminantesquímicos, qualidade e destino

das embalagens dos produtosalimentícios? Partindo

do princípiode que,

numa

Consumir: ato de sujeição ou cidadania?

Sighard HermanyCapa Santa Cruz

Existemprodutos cujo

consumoreforça aação daIECLB

sociedade regida pelas leis domercado, a ninguém interessaproduzir o que não é consumido,podemos nos dar conta dequanto poder e responsa-bilidade os consumidores têmem suas mãos para construiruma sociedade mais justa, limpa,solidária, com desenvolvimentolocal e regional, geração deemprego e renda, preservaçãoambiental, águas limpas, menorcusto público, mais saúde equalidade de vida.

Mas como isto podeacontecer na prática? Dependede nossa atitude. Podemos serconsumidores críticos, cons-cientes da nossa autonomia ecidadania. Ou podemos nosmanter submissos e mani-pulados por aqueles que nosquerem empurrar goela abaixoprodutos que lhes propiciemmais lucros – e, muitas vezes,produtos que nos transformamem verdadeiras cobaias

(porque não se sabeas suas conse-

eqüências

para a saúde e o ambiente),como no caso dos alimentostransgênicos.

Vejamos alguns exem-plos. Ao optar pelo consumode alimentos ecológicos, estareicuidando da minha saúde erejeitando o uso de agrotóxicose adubos químicos. Porconseqüência, estarei cuidandoda saúde dos agricultores, dapreservação do meio ambientee da despoluição das águas. Aoconsumir bebidas artificia-lizadas, com embalagensplásticas descartáveis, estareiprejudicando a minha saúde,aumentando a podução de lixo,aumentando os custos públicoscom destinação e tratamento dolixo e estarei poluindo o meioambiente e as águas.

Já ao optar peloconsumo de produtos oriundosda agricultura familiar da regiãoem que vivemos, estarei con-sumindo produtos de melhorqualidade e contribuindo paraa geração de emprego e rendaem nossos municípios. Issoporque, além de beneficiar osprodutores diretamente envol-

vidos, o dinheiro cir-culará em nossa

região, pro-moven-do o

desen-vimento

local e re-g i o n a l .

Como sepode perceber,

o ato de con-sumir com cons-

ciência pode ser umato de cidadania, de

força inestimável, su-perior às forças econômicas epolíticas, uma maneira de definiro mundo e a qualidade de vidaque queremos construir.Depende de cada um de nósestas duas possibilidades:sermos cidadãos conscientes eresponsáveis, ou sermos consu-midores submissos e cobaias.Reflita e faça sua opção!

Agricultores ecológicos abastecendo escolas de suas próprios comunidades. Não apenas é possível, como já é realidade

É possível fazer de outro jeito

Cena número 1: criançascomendo um carreteiro feito comcarne enlatada e arroz(produzido a base de herbicidase adubos químicos);almôndegaspreparadas com carne de gadobovino criado em confinamento,onde recebem hormôniosartificiais, entre outros insumos.

Cena número 2: asmesmas crianças comendo pãointegral, feito com farinha de trigoorgânico; purê de batatasecológicas com ovos de galinhacaipira e salada de frutas.

A cena número 2 é amais pura realidade para mais de30 escolas da zona sul do RioGrande do Sul, onde estudammais de 5 mil alunos, a partir deum projeto chamado “MerendaEcológica”, no qual o Capaencontra-se profundamenteenvolvido. Já a cena número 1,para estas mesmas escolas,começa a fazer parte de umpassado que talvez não se queirade volta.

É o caso da EscolaEstadual de Ensino MédioCruzeiro do Sul, de SãoLourenço do Sul. O esta-belecimento começou com amerenda ecológica em 2000,mas teve que parar no anoseguinte, porque a merenda haviasido assumida pela prefeitura domunicípio (o que gerou umentrave burocrática para acontinuidade do abastecimetoecológico). Este ano, porém,voltou o fornecimento dosalimentos mais naturais,produzidos em pequenaspropriedades da região. “Ascrianças pediam muito a volta damerenda ecológica”, relata adiretora Rosa Neutzling.

O projeto “MerendaEcológica” começou há poucomais de dois anos, a partir deuma idéia básica: aproveitar omercado garantido que é amerenda escolar para fortalecer

CENTRO DE APOIO AO PEQUENO AGRICULTORJULHO2002

a agricutura familiar e ecológica.No início, eram apenas escolasestaduais de São Lourenço,numa parceria entre o Capa, aCeasa (órgão do governo doEstado) e as organizações deagricultores (atualmente, a Arpa-Sul e a cooperativa SulEcológica). Agora, já atingetambém Canguçu e Pelotas.Neste último município, aprefeitura entrou de cabeça naidéia. Atualmente, sãoabastecidas 16 escolasmunicipais (podendo dobrareste número até o final do ano).Além disso, o município tambémincorporou o alimento ecológicoa um programa de segurançaalimentar, que fornece cestasbásicas a populações de baixarenda.

Em resumo, o projetocomeçou pequeno. Mas nãopára de crescer. Para acoordenadora do núcleo doCapa em Pelotas, Rita Surita, elecumpre exatamente que seespera de uma entidade como oCapa, que é mostrar quepropostas alternativas, como aagroecologia, podem dar certo naprática. “O projeto mostra que épossível fazer diferente, que existeum outro jeitode integrar apopulação rural ao circuito darenda e do mercado”, diz Rita. Aoutra parte desta história éjustamente transformar estasdemonstrações em modelos reais,efetivamente seguidos pelo poderpúblico, seja municipal, estadualou federal. E é o que estáacontecendo. Basta ver a lista de“parceiros públicos” que o Capaacabou conquistando noMerenda Ecológica. No nívelestadual é a Ceasa e 5ªCoordenadoria Regional daEducação. No municipal, no casoda prefeitura de Pelotas, estão trêssecretarias municipais - Educação,Desenvolvimento Rural eCidadania e Direitos Humanos.

Alimentação saudávelpara as crianças. Mercadoestável para os agricultoresecologistas. E valorizaçãoda produção local, o que sig-nifica desenvolvimento só-cio-econômico para o muni-cípio. Todas estas vantagens,que fazem parte do projetoMerenda Ecológica, tambémjá estão se tornando realida-

de na região do núcleo San-ta Cruz (RS) do Capa. Aí,não foi adotado exatamenteo projeto, mas uma parceriaentre a prefeitura de VeraCruz, o Capa e a cooperati-va Ecovale está garantindoo fornecimento de horti-granjeiros ecológicos paraas refeições de 450 criançasde 0 a 6 anos, de quatro es-

A Arpa-Sul, a Sul Ecológica e a Ecovale, organiza-ções de agricultores assessoradas pelo Capa, atualmente

fornecem alimentos ecológicos para

8.795 alunos em 37 escolas

estaduais e municipais em Pelotas, Canguçu,São Lourenço do Sul e Vera Cruz (RS).

Criançada de Vera Cruz: escolas abastecidas com produtos da cooperativa Ecovale

A proposta chega a outras regiõescolas municpais de educaçãoinfantil. Entre fevereiro eabril, a comercialização paraas escolas rendeu aos agri-cultores um total de R$ 2,9mil, com um fornecimento decerca de 3,5 mil quilos de pro-dutos. Entre maio e julho, aprojeção é de que acomercialização chegue a 4mil quilos.

Mais de 20 anos decaminhada, e um prêmiopara o Capa. É merecido?Quem melhor pode falarsobre isso são as famíliasagricultoras que, duranteeste tempo todo, sebeneficiaram do trabalhodesta “mão à obra” criadapela IECLB.

De qualquer modo, ogoverno do Estado do RioGrande do Sul achou quehavia merecimento, e porisso agraciou o Capa como Prêmio AgriculturaFamiliar (categoriaAgroecologia). Além dosimbolismo do gesto depremiação, ficou

o belo troféu que vocêpode ver na foto aolado, e que foi entregueem agosto do anopassado durante aExpointer. Além doCapa, outras entidadesparceiras - CentroEcológico, Cetap ecooperativa Coolméia -receberam a mesmadistinção, instituída pelogoverno estadual com aidéia de valorizarprojetos inovadores.Agora, nos resta agra-decer e compartilhar osabor desta homenagemcom os leitores doJornal Evangélico.

O sabor de uma homenagem

Prêmio Agricultura Familiar:distinção governamental

Por que você consome ecológico?

Cosumidor ecológico organi-zado, lutando pelos seus direitos. Jáouviu falar? É o caso da cooperati-va Teia Ecológica, em Pelotas (RS),que reúne cerca de 80 sócios. A Teiacomeçou a surgir por volta de 1996,da idéia de um grupo de consumi-dores, que havia chegado à seguin-te conclusão: se queremos alimen-to ecológico na cidade, então é pre-ciso se organizar também e ajudaros agricultores. E esta é a principalmissão da cooperativa. Seus sóciostrabalham na divulgação do ali-mento ecológico, tentando aumen-tar a consciência sobre a sua im-portância. Ao mesmo tempo, se em-penham para conquistar a confian-ça dos consumidores - já que é pre-ciso sempre uma garantia sobre aqualidade do produto - através dachamada geração de credibilidade.“Os consumidores tem que assumira responsabilidade no alimento. Osagricultores não podem custear issosozinhos”, diz Helga Heck, coorde-nadora do conselho de administra-ção da cooperativa.

Pegando um outro lado des-ta história, dá para dizer ainda quea Teia está fortemente ligada ao tra-balho do Capa. É que ela surgiu apartir da Feira Ecológica de Pelotasque, em meados da década passa-da, era promovida pela Arpa-Sul(Associação Regional dos Produto-res Agroecológicos), com a asses-soria do Capa. Primeiro, foi umabanca de consumidores, dentro daprópria feira, para divulgar a im-portância do consumo ecológico.Depois, um ponto fixo, com a idéiade vender os produtos que sobra-vam da feira e fazer a entrega decestas a domicílio. Hoje, a Teia estáinstalada no centro de Pelotas (Pra-ça Cel. Pedro Osório, 63), onde fun-ciona um restaurante que serve umamédia de 100 almoços ao dia. Alitambém está uma padaria e um pe-queno armazém para a comer-cialização de produtos diversos . Ouseja, além de conscientizar sobre aimportância do alimento ecológicona sua cidade e região, a coopera-tiva também ajuda na abertura demercado para estes produtos.

“Porque são alimentos produzidos sem oemprego de agrotóxicos e com isso, além de

manterem as suas propriedades, são mais saudá-veis e muito mais saborosos que os similares quenão empregam esta maravilhosa técnica. Conhe-

ço o trabalho do Capa e acredito que todos osprodutos oferecidos são produzidos dentro dos

padrões da agroecologia.”

“É o fato de não teragrotóxicos e aconfiabilidade porsaber que sãoalimentos produzidosna região por pessoasidôneas. Compro todasemana há mais de 2anos!”

Cristina Mendonça, 35 anos, compraprodutos na banca da Acempreinstalada dentro de um supermercadoem Marechal Cândido Rondon (PR).

É aconfiança

É saúdee sabor

Dione Pilatti, 50 anos, deErexim (RS), consumidora

da Feira EcológicaEcoterra

É a harmoniaLeia o que respondem Iuri, 37, e Ivanice Azeredo, 28,

de Santa Cruz do Sul (RS), consumidores habituais dasfeiras e lojas da cooperativa Ecovale

É afamília

É a nossa luta

Leia o relato sobre a TeiaEcológica, uma cooperativa deconsumidores, em Pelotas

As opiniões de quem já conhecee valoriza os frutos daagroecologia

EXPEDIENTE Este suplemento foi produzido especialmente pelo Capa para ser encartado no Jornal Evagélico Luterano. Edição, texto final e

editoração eletrônica: Jornalista Marcus Minuzzi (8.668). Núcleo Marechal Cândido Rondon (Sínodo Rio Parná): Rua Dom João VI, 935, Caixa Postal

98, Marechal Candido Rondon/PR - CEP 85960-000. Fone (45) 254 8203. Fax: (45) 254 2820. [email protected]. Núcleo Verê (Sínodo Rio Paraná):Av. Getúlio Vargas, 364, CEP 85885-000, Verê/PR. Fone (46) 535 1119. [email protected]. Núcleo Erexim (Sínodo Uruguai): Rua Silveira Martins,

385, Caixa Postal 977, Erexim/RS, CEP 99700-000. Fone: (54) 321 5951. [email protected]. Núcleo Sul (Sínodo Sul Riograndense): Rua Barão

de Santa Tecla, 569, Pelotas. Fone: (53) 272 3930. [email protected]. Núcleo Santa Cruz (Sínodos Centro-Campanha Sul e Vale do Taquari): Rua

Thomás Flores, 805, Santa Cruz do Sul/RS, CEP 96810-090. Fone (51) 37152750. [email protected].

Iuri - Agenteprocuraseguirumaali-men-ta-

ção maissaudável. E isso está

relacionado às nossas filosofias devida. Queremos uma postura de manter harmo-

nia com o universo. E me sinto bem comendo um alimen-to que não envenenou a própria terra.

Ivanice - Fazendo a comparação, estes alimentos sãomais saborosos. Isso também faz eu me regrar e acordarmais cedo para ainda pegar produto na feira. A gente falapara as outras pessoas, tenta divulgar o alimento ecológi-co, porque muitas vezes as pessoas estão desinformadas.

“O que me motivou aconsumir produtosorgânicos foi umaconsulta com ummédico naturalista eum curso sobrealimento natural quefiz, e continuoconsumindo poracreditar que uma

alimentação sem agrotóxicosé a melhor forma depreservar a minha saúde eda minha família”

Neuza Aquino Osmarine, 42 anos, de Mal.Cândido Rondon (PR), consumidora dosprodutos da Acempre