suplemento - camara.leg.br · como pretendíamos todos nós e como ficou expresso nas memo ......

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----------- .... •• .. -' Suplemento 1 Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Brasília, 6 a 12 de junho de 1988 - SO Votado O texto permanente da nova Carta, a Constituinte aponta o Brasil do ano 2000 - AGORA, O TRANSITORIO %; A Constituinte encerrou, na semana passada, a votação do texto permanente da nova Carta e iniciou a definição das disposições transitórias. Neste Capítulo, resolveu-se uma das 'mais' . polêmicas questões da vida .política: o atual presidente vai governar até 15 de março de 1990. O texto permanente representa o pensamento médio e conciliatório da _ " .'. sociedade: na prática, " <:c !;:': y :,;:; .,/;':: ..... . ".' -: .'::::_ - .: í..: quas,e.todas as ," .. > r\;>.. foram votadas mediante acordos) com ressalvas.para o sistema de governo e a duração do mandato do presidente Sarney. Quem temia uma Carta entreguista, errou, assim como se equivocou quem imaginava uma Carta xenófoba. A maioria dos constituintes entendeu serem urgentes os-investimentos em . educação, ciência e . tecnologia. Da mesma forma o preconceito racialvira crime inafiançável, os índios são poupados do genocídio terminal e as mulheres asseguram seus direitos e deveres. Num país de 8 milhões de km", a preservação ambiental é matéria essencial, e, por isso, o Jornal da Constituinte dedica esta capa ao país do presente: agora, será crime devastá-lo. Umà nação moderna não comporta a concepção de crescer destruindo a vida e o meio ambiente. Adaptação. foto/Marcos Santl1h Projeto Grãíico/Orevrc Roth

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Page 1: Suplemento - camara.leg.br · como pretendíamos todos nós e como ficou expresso nas memo ... escolaridade obrigatória. Quero, pois, cumprimentar o governador MoreiraFranco e seu

-----------....---~-----------~~-~\'~~~-••..-' Suplemento1

Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Brasília, 6 a 12 de junho de 1988 - N° SO

Votado O texto permanente da nova Carta, a Constituinte aponta o Brasil do ano 2000- ~.

AGORA,O TRANSITORIO%; A Constituinte

encerrou, na semanapassada, a votaçãodo texto permanenteda nova Carta einiciou a definiçãodas disposiçõestransitórias. NesteCapítulo, resolveu-seuma das 'mais' .polêmicas questõesda vida .política: oatual presidente vaigovernar até 15 demarço de 1990. O textopermanente representao pensamento médio econciliatório da

_ " .'. sociedade: na prática,"<:c !;:':y r,;"·~.;~~,:· :,;:; .,/;':: ..... . ".' -: .'::::_ -.: í..: ',~;.~' quas,e.todas as

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Adaptação. foto/Marcos Santl1h Projeto Grãíico/Orevrc Roth

Page 2: Suplemento - camara.leg.br · como pretendíamos todos nós e como ficou expresso nas memo ... escolaridade obrigatória. Quero, pois, cumprimentar o governador MoreiraFranco e seu

Fala, interiof:Em novembro próximo, já sob

a vigência da futura Carta Consti­tucional, o país será, chamado pa­ra a escolha dos novos prefeitose vereadores dos nossos, municí­pios, 'em eleições cuja regulamen­tação está sendo ultimada nestemomento pela Câmara e o Sena­do.

Esse pleito adquire especial re­levância, mas não só por se tratardas eleições de mais estreita vin­culação entre o eleitor e os candi­datos. Acresce a circunstância deque será o primeiro contato doeleitorado com as umas sob umanova ordem institucional que vairesultar da Constituição em pre­paro. Na verdade, e por feliz coin­cidência, seu palco será formadopelas células do nosso interior. Oque vamos apresentar é um Brasilainda mais democratizado embusca dos seus representantes,que, por seu turno, ganham maiorrepresentatividade, igualmenteem função de um clima em quea grande tônica é o estado de di­reito em absoluta vigência. Talcomo pretendíamos todos nós ecomo ficou expresso nas memo­ráveis campanhas em favor dorestabelecimento da democraciaplena.

Na Paraíba, que tenho a honrade representar no Senado Federale onde irei depositar meu voto,a campanha começa a movimen­tar as bases municipais, dentro donovo quadro a que me referi. Eesse reencontro com o voto have­rá de ensejar o fortalecimento dasforças partidárias, o que conside­ro indispensável para os embateseleitorais que se sucederão. Defato, é preciso mais do que nuncaque, das umas, surja a vontadepopular, principalmente em tomodas legendas partidárias, escolhi­das livremente pelo voto popular

.e secreto.Vale lembrar que, num Estado

democrático, onde a' letra daConstituição é a palavra maior,a via partidária, constituída comautenticidade, de baixo para ci­ma, significa a opção mais ade­quada para a criação de canais deacesso ao poder e, portanto, paraas postulações de que a Paraíbaé merecedora, mas a partir deseus núcleos municipais, onde seforja o desenvolvimento do Es­tado.

Constuuuue Humberto Lucena (PMDB - PB)Presidente do Congresso Nacional

l~ EXPEDIENTE

Ensino municipalUm dos grandes trunfos dos governos autori­

tários reside na centralização das decisões,através da qual pode exercer o poder livre­mente, evitando o fortalecimento da sociedadee a vivência da verdadeira democracia.

Tal prática se nos afigura improdutiva e pre­judicial, especialmente no que tange à adminis­tração dos serviços públicos, cuja descentra­lização, além de obrigação de justiça, significaentregar ao Estado o dever de cumprir umamissão que lhe é inerente.

Não se justifica, pois, que em nosso Raísse banalize tanto a palavra "democracia' e,na prática, ela signifique muito pouco, eis queainda é mantido o mesmo espírito centraliza­dor, tão condenado nos governos anteriores.Nada justifica que ainda se conserve centra­lizado o ensino básico, assim como os serviçosde saúde, se ambos são prestados dentro deuma visão completamente dissociada da reali-dade local. .

Especialmente no que tange ao ensino bási­co e descentralizado, toma-se mandatória jáque suas instituições, agente de socializaçãoe de introdução à cidadania, não poderiam seroutra senão aquelas adstritas à célula das sobe­rania nacional, o município.

Municipalista convicto, jamais cessei de em­punhar a bandeira da autonomia municipal,estribando minha campanha na defesa da mu­nicipalização dos serviços públicos. A expe­riência obtida quando prefeito de Nilópolis ser­viu para consolidar ainda mais essa convicção,por constatar, pessoalmente, que o ensino bá­sico não se presta a abstrações e somente fun­ciona se diferenciado nas práticas, nos métodose até no conteúdo. Só se educa com o recursodas vivências.

Assim, não pude deixar de aplaudir ao tomarconhecimento da iniciativa do secretário esta­dual de Educação do Rio de Janeiro, CarlosAlberto Direito, de firmar convênio com pre­feituras do interior fluminense, atendendo aocompromisso do governador Moreira Francode reformular profundamente o sistema de'en­sino público, com vistas a aperfeiçoar a quali­dade do processo pedagógico, criando condi­ções concretas para que seja atendida, commaior rapidez, a desejada municipalização daescolaridade obrigatória.

Quero, pois, cumprimentar o governadorMoreira Franco e seu secretário de Educação,Carlos Alberto Menezes Direito, pelo trabalhoque vêm desenvolvendo no sentido de modi­ficar a arcaica estrutura do sistema de ensinoestadual.

Vale lembrar, contudo, que o sucesso dessadescentralização - um exemplo digno de serimitado em todos os quadrantes do país ­depende, consideravelmente, da urgente-im­plantação da protelada reforma tributária, quepermitirá a estados e municípios a aplicaçãoeficaz e imediata de recursos próprios em prolda população, libertando-se, de uma vez portodas, da humilhação de .mendigar recursos aum poder central asfixiante e castrador, resquí­cio de uma época de autoritarismo, inadmis­sível na Nova República.

Constituinte Simão Sessim(PFL- RJ)

Uma Cartaaopaís real

Na semana p assada ,quando este jornal comple­tou um ano de circulaçãoiniriterrupta, este fato nostr9Rxe<':lJ.,~grt~.pro~iss!onal ep~?so'-ar.J~1_~s, coincidente­mente'rua' mesma semanauma outra alegria, a de cida­dão, ocupou a nossa cons­ciência: terminava-se de vo­tar, em primeiro turno, otexto permanente da futuraConstituição.

O novo texto, que podesofrer adequações de reda­ção e supressões, reflete omelhor possível as .oontra­dições brasileiras. Nele, porexemplo, continuam clarasas controvérsias entre na­cionalismo, entreguismo oucrescimento com capital es­trangeiro disciplinado. Aangustiante questão da re­forma agrária, como era dese supor, não logrou con­senso, mas deixou-se abertaa porta para sua adequação.Outros. problemas, igual­mente decisivos para nossodesenvolvimento; foram,entretanto, encaminhados:implementou-se uma refor­ma tributária que deveapontar para a desconcen­tração de renda; incentivou­se a educação; abriu-se ca­minho para um desenvolvi­mento científico e tecnoló­gico mais independente;tratou-se de reduzir a discri­minação aos negros e às mu­lheres e poupou-se os po­vos indígenas do genocídiocompleto. De igual forma,inovou-se em legislação am­biental, na tentativa de as­segurar alguma validade aodevaneio de Stephen Weigde que esse seria o país dofuturo.

O texto permanente danova Carta não fica, feliz­mente, nem à direita, nemà esquerda. Esse é o paísreal de hoje e no qual a tran­sição deve se consumar.

Ronaldo PaixãoSecretário de Redação

Campanha insidiosaO Brasil continua a ser um dos países mais estra­

nhos da face da Terra. Aqui convivem as mais gritantescontradições, avultando entre elas, ultimamente, a darelativa independência dos Poderes, ou seja, o Judi­ciário e o Legislativo são dependentes do Poder Execu­tivo, seja de direito, seja de fato.

Há uma contradição, que está afetando diretamen­te o bolso das pessoas de condições mais humilde, eque diz respeito à moeda vigente em nosso país. Emboraseja notório e até mesmo tenha curso legal, o Cruzado,em menos de quatro anos de existência, acha-se inteira­mente superado pela realidade inflacionária que se aba­te sobre o nosso país.

Em qualquer relação de direito, hoje, instituciona­lizou-se a Obrigação do Tesouro Nacional- OTN comomoeda oficializada, não-oficial, e assim todas as obriga­ções de pagar são corrigidas prontamente, de formaa manter-se permanente atualização monetária. Só queessa é uma via de mão única, ou seja, principalmenteos trabalhadores, que vivem exclusivamente à custa doseu trabalho, esses sofrem grande defasagem na repo­sição do seu poder de compra - quando a recebem.

Mensalidades escolares; aluguéis residenciais; pres­tações da casa própria; tratamentos dentários; aquisi­ções de imóveis com pagamentos de parcelas interme­diárias; enfim, uma gama muito grande de transaçõesque só se realizam se o devedor concordar com a cláusulada OTN.

É por isso que, recentemente, da tribuna da Consti­tuinte, indagamos da presidência daquela Assembléia,inclusive para que constasse dos seus Anais, qual é,afinal, a moeda em vigor no nosso país, porque nãoé 'possível que continuemos a conviver com essas contra­dições, principalmente se, como no caso da OTN, elapenaliza, severamente, a população de mais baixa ren­da.

Outra grande contradição é a campanha que seobserva em alguns setores empresariais que começama discriminar a mulher brasileira, muitas delas sendovítimas, já, de despedida criminosa, ante a iminênciade aprovação, em segundo turno, pela Constituinte,da licença-maternidade de 120 dias e da licença-pater­nidade de oito dias. Quando não é a demissão, é arecusa sistemática em empregar mulheres, passando aadmitir apenas quem tenha acima de 50 anos de idadeou que seja comprovadamente estéril, ou seja, que nãopossa mais ter filhos.

O sentido criminoso dessa campanha insidiosa écomprovado pelo fato de que médicos pediatras sãounânimes em afirmar que o aleitamento materno é res­ponsável pela diminuição acentuada da mortalidade in­fantil, e a amamentação só pode processar-se regular­mente caso em seguida ao parto a mulher tenha condi­ções reais de ficar com o filho.

Aliás, é importante lembrar que o DepartamentoEconômico da Confederação Nacional da Indústria rea­lizou um minucioso estudo sobre a repercussão que alicença-gestante teria sobre as folhas de pagamento dasempresas, concluindo, simplesmente, que tal efeito seriade apenas 0,01%, o que, convenhamos, não é nadadiante do grande e relevante alcance social da medidaem boa hora e de grande inspiração aprovada pela As­sembléia Nacional Constituinte.

Quero, por isso, aproveitando esse espaço demo­"crãtico do Jornal da Constituinte, deixar consignadoo meu protesto veemente contra essa covarde discrimi­nação que certos empresários estão fazendo contra amulher brasileira, contra a nova mulher brasileira, aque­la que vai à luta para que, lado a lado com o homem,possa contribuir com o seu esforço para o desenvol-vimento social do país: s

Constituinte Maria de Lourdes Abadia(PFL-DF)

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Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob' a Diretor Responsável- Constituinte Marcelo Cordeiro .: Moura da Silva.,Vladimir Meireles de Almeida, Maria Apare;responsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia Nacional Editores - )\lfredo Obliziner e Manoel V. de Magalhães cida C. Versiani, Marco Antônio Caetano; Eurico Schwinden,Constituinte., , " . Coordénador c- Daniel Machado da.Costae Silva. Itelvina Alves. da Costa, Luiz Carlos R. Unhares, HumbertoMESA DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE Secretário de Redação - Ronaldo Paixão Ribeiro ' . Moreira da S. M. Pereira, Clovis Senna, Luiz Cláudio Pinheiro,

Presidente - UlyssesGuimarães; Prlmetro-Vtce-Presídente Secretários de Redação Adjuntos -' Paulo Domingo ,R. Neves Marlise Ilhesca e Domingos Mourão Neto. . .' '- Mauro Benevides; Seguado-více-Presídentee- Jorge Arbage; e Sergio Chacon . .' EQUIPE FOTOGRÁFICA ,Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário Chefede Redação - Osvaldo Vaz Morgado .,- Mário Maia; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá. Chefe de Reportagem - Victor Eduardo Barrie Knapp Reinaldo L. .Stavale, Bénedita Rodrigues dos Passos, Gui-Suplentes: Benedita da Silva, Luiz Soyer e.Sotero Cunha, ~ Chefe de Fotograrm- Dálton Eduardo Dalla Costa . ~J. 'Iherme Rangel de Jesus Barros, Roberto Stuckert e WilliamAPOIO ADMINISTRATIVO . " Díagramaçâo- Leônidas Gonçalves : ' , Prescott.

Secretário-Geral da Mesa - Paulo Affonso M. de Oliveira Ilustração - Gaetano Ré ' , . . ', , Composto e impresso no Centro Gráfico do Senado FederalSubsecretário-Geral da Mesa - Nerione Nunes Cardoso Secretário Gráfico '- EduardoAugusto Lopes. _ CEGRAF "Diretor-Geral da Câmara - AdelmarSilveira-Sabino . , ' .. . : . '. - ' '., -,' ,Diretor-Geral do Senado - José Passos.Bôrto ' J _ EQUIPE DE REDAÇAO .'~.:, --. ~. '. : '" Redáção:'CÂMARADOS DEPUTADOS - ADIRPProduzido 'pelo Serviço de Divulgaçãoda Assembléia Na-' ,Maria.Valdira Be7!erra, ~enry J?i?der;:,Ca~~m' Vc:;rgar~J - 7~16~ -. J!rasília 7' DF - Fone: 224-1569

cional Constitumte.. -,; -, ", Regina Moreira Suzuki, Maria de Fatima J. Leite, Ana 'Ma!la., .- ·D!str~bU1çaogratuitaI! • • ~.,':

Jornal da ConstitpÍÍlte

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CAB

AJUDA SOLIDÁRIAArt. 266 - Os pais têm o

dever de assistir, criar e educaros filhos menores. Os filhos'maiores têm o dever de ajudare amparar os pais na velhice,carência ou enfermidade.IDOSOS

Art. 267-A família, a so­ciedade e o Estado têm o deverde amparar as pessoas idosas,assegurando sua participaçãona comunidade, defendendosua dignidade e bem-estar e ga­rantindo-lhes o direito à vida,mesmo durante a ocorrênciade doenças fatais.TRANSPORTE GRATUITO

§ 10- Os programas de

amparo aos idosos serão exe­cutados preferencialmente emseus lares, garantido o trans­porte urbano gratuito aosmaiores de 65 anos.FACILIDADES PARADEFICIENTES

§ 2°- A lei disporá sobrenormas de construção dos lo­gradouros e dos edifícios deuso público, de fabricação deveículos de transporte coleti­vo, bem como sobre a adap-

, tação dos já existentes, a fimde garantir acesso adequado àspessoas portadoras de defi­ciência.Votaram:Sim:Não:Abstenção:

aprovando-se o artigo que estabelece o ritualpara a promulgação da futura Constituição.Na quinta-feira, o Plenário fixou até 15 demarço de 1990 a duração do mandato dopresidente Sarney e apro~ou, além do plebis­CIto sobre a fortn~ e o sI.stema de governo,emenda que preve a revisão do atual textoconstitucional cinco anos após sua entradaem vigor mediante a aprovação da maioriaabsoluta dos membros do Congresso Nacio­nal, em sessão unicameral. Veja, a seguir,o resultado de todas as votações.

sídios, nos termos da lei aoacolhimento, sob a form~ deguarda, de criança ou adoles­cente, órfão ou abandonado;

VII - programas de pre­venção e atendimento especia­lizado à criança e ao adoles­cente dependente de drogas.PUNIÇAO AO ABUSO

.§ 40- A lei punirá, severa­

mente, o abuso, a violência ea exploração sexual da criançae do adolescente.ADOÇÃ01>ORESTRANGEIROS

§ 59 - A adoção .serã assis-tida pelo Poder Público, na for­ma da lei, que estabelecerá ca­sos e condições de sua efetiva­ção por parte de estrangeiros.RECONHECIMENTODE FILIAÇÃO

§ 69 - Os filhos, havidos ounão da relação do casamento,ou por adoção, terão os mes­mos direitos e qualificações,p~oibi?as.q~aisqu.er designa­çoes discriminatórias relativasà filiação.

§ 79 - No atendimento dosdireitos da criança e do adoles­cente levar-se-á em considera­ção o disposto no art. 238, I~ I!, além de assegurada a par­ticipação da comunidade.PENALMENTEINIMPUTÁVEIS. .Art. ~65.- São penalmenteinimputáveis os menores de 18anos, sujeitos às normas da le­.gislação especial.

cente portador de deficiência,mediante o treinamento parao trabalho e a convivência, ea facilitação do acesso aos bense serviços coletivos, com a eli­minação de preconceitos e obs­táculos arquitetônicos. . _DIREITO,A EDUCAÇAO

§ 20- E garantido o direito

da criança e do adolescente àeducação, na forma do art.241. r ,

PROTEÇÃO ESPECIAL§ 3°- O direito à proteção

especial abrangerá os seguintesaspectos:

I - idade mínima de 14anospara admissão ao trabalho, ob­servado o disposto no art. 7°,§ 29;

II - garantia de direitosprevidenciários e trabalhistas;

III - garantia de acesso dotrabalhador adolescente à es­cola;

IV - garantia de instruçãocontraditória e de ampla defe­sa, com todos os meios e recur­sos a ela inerentes, à criançae ao adolescente a quem seatribua ato contrário à ordemlegal;

V - obediência aos princí­pios de brevidade, excepciona­lidade e respeito à condição pe­culiar de pessoa em desenvol­vimento, quando da aplicaçãode qualquer medida privativade liberdade;. VI - estímulo do Poder PÚ­blico, através de assistência ju­rídica, incentivos fiscais e sub-

Com a aprovaçãodo capítulo"Dos Índios"na quarta-feira, foi encerrada a "Ordem So~cial" e concluída, em primeiro turno, a vota­ção do corpo permanente. Um acordo entreos líderes partidários assegurou aos índiosa posse das terras que ocupam, sua partici­pação no produto da lavra de minério emsuas terras e evitou a distinção entre acultu­rados e em estado selvagem.

O Ato dasDisposições Transitórias come­çou a ser. vçtadó também na quarta-feira, .

Cinco anos: no painelo resultado, no plentÍno aplallSose~pupos

ASSISTÊNCIA ESTATAL§ 79 - O Estado assegurará

a assistência à família na pes­soa dos membros que a inte­gram, criando mecanismo paracoibir a violência no âmbitodessas relações.CRIANÇA EADOLESCENTE

Art. 264 - É dever da fa-·mília, da sociedade e do Esta­do assegurar à criança e aoadolescente, com absolutaprioridade, o direito à vida, àsaúde, à alimentação, à educa­ção, ao lazer, à profissionali­zação, à cultura, à dignidade,ao respeito, à liberdade e àconvivência familiar e comuni­tária, além de colocá-los a sal­vo de toda forma de negligên­cia, discriminação, explora­ção, violência, crueldade eopressão. . . ."PROGRAMAS DE SAÚDE

§ 19 - O Estado promove­rá, conjuntamente com entida­des não-governamentais, pro­gramas de assistência integralà saúde da criança e do adoles­cente, obedecendo aos seguin­tes princípios:

I -percentual dos recursospúblicos destinados à saúde se­rá aplicado na assistência desaúde materno-infantil;

II - serão criados progra­mas de prevenção e atendi­mento especializado para osportadores de deficiência físi­ca, sensorial ou mental, bemcomo de integração do adoles-

CARTl\~ ::: ACOM HE oTEXTO I\TA, NOVA .CARTA..::=_.ACOMP.ANHE OTEXTO NA N

Concluído o texto permanenteA Assembléia Constituinte concluiu esta

§emana, com a aprovação do capítulo "DosIndios", a aprovação do corpo permanenteda nova Carta e iniciou a apreciação das Dis­posições Transitórias, votando a duração domandato do presidente Sarney, fixado emcinco anos, e a realização de plebiscito em7 de setembro de 1993 sobre a forma degoverno (Monarquia ou República) e sobreo sistema de governo (presidencialismo ouparlamentarismo) .

ADIRP/GUllherme Rangel

CAPÍTuLovrrDA FAMíLIA;DA CRIANÇA;

DO ADOLESCENTEEDO IDOSO

Votaram: 445Sim: 435Não: 8Abstenção: 2

Esse resultado apontou aaprovação da emenda substitu­tiva do Centrão ao capítulo. Amatéria, contudo, foi substituí-

. da por um texto de fusão deemendas e destaques, que pre­valeceu como texto final, a par­tir de acordo de lideranças.

Art. 263 - A família, baseda sociedade, tem especial pro­teção do Estado.CASAMENTO

§ 10- O casamento é civil

e gratuita a celebração. O casa­mento religioso tem efeito ci­vil, nos termos da lei.UNIÃO ESTÁVEL

§ 2°- Para efeito da prote­ção do Estado, é reconhecidaa união estável entre homeme mulher como entidade fami­liar. A lei facilitará a sua con­versão em casamento.ENTIDADE FAMILIAR

§ 39 - Entende-se, tam­bém, como entidade familiar acomunidade formada por qual­quer dos pais e seus descen­dentes.IGUALDADE

§ 49 - Os direitos e deveresreferentes à sociedade conju­gal são exercidos igualmentepelo homem e pela mulher.DIVÓRCIO

§ 59 - O casamento civilpode ser dissolvido pelo divór­cio, nos casos expressos em lei,após prévia separação judicialpor mais de um ano ou com­provada separação de fato pormars de dOIS.PLANEJAMENTOFAMILIAR

§ 69 - Fundado nos princí­pios da dignidade da pessoahumana e da paternidade res­ponsável, o planejamento fa­miliar é livre decisão do casal,competindo ao Estado propi­ciar recursos educacionais ecientíficos para o exercício des­se direito, vedada qualquerforma coercitiva por parte deinstituições oficiais ou priva­das.

Jornal da Constituinte 3

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ACOMPANHE OTEXTO NA ~Jo,rA CltR~

529495

- PR), Basílio Villani (PMDB- PR) e Bonifácio de Andrada(PDS-MG).PLEBISCITO

Art. -No dia 7 de se-tembro de 1993, o eleitoradodefinirá, através de plebiscito,a forma (república ou monar­quia constitucional) e o sistemade governo (parlamentaristaou presidencialista) a vigorarno país.

§ 1°- Será assegurada gra­tuidade na livre divulgaçãodessas formas e sistemas, atra­vés dos meios de comunicaçãode massa, cessionários de ser­viço público.

§ 2°- O Tribunal SuperiorEleitoral, promulgada a Cons­tituição, expedirá as normasregulamentadoras do presenteartigo.Votaram:Sim:Não: 23Abstenção: 11

o referendo popular à novaConstituição foi decidido nessavotação. Ficou aprovada fusãode emendas e destaques, que,por ser aditiva, será renumera­da posteriormente, quando daredação final. Os autoresforamos constituintes José Richa(PMDB - PR), Lúcio Alcân­tara (PFL - CE), José Santa­na de Vasconcellos (PFL ­MG), Jorge Vianna (PMDB­BA), Alvaro Antônio (PMDB~ MG), Mário Assad (PFL­MG), Michel Temer (PMDB- SP), Edivaldo Motta(PMDB - PB) e Cunha Bue­no (PDS - SP). Ainda assina­ram a fusão, como co-autores,os constituintes Roberto Freire(PCB - PE), Gastone Righi(PTB - SP), José Lourenço(PFL - BA), Amaral Netto(PDS - RJ), Adolfo Oliveira(PL - RJ) e Siqueira Campos(PDC- GO).

REVISÃOArt. - A revisão consti-

tucional será realizada apóscinco anos, contados da vigên­cia desta Constituição, pelo vo­to da maioria absoluta dosmembros do Congresso Nacio­nal, em sessão unicameral.Votaram: 510Sim: 327Não: 165Abstenção: 18

Esse, o resultado da votaçãoque aprovou mais outra fusãode emendas e destaques aditivaao texto base, o qual tambémreceberá nova renumeração.Assinaram a autoria os consti­tuintes Joaquim Bevilacqua(PTB - SP) e Ronan Tito(PMDB - MG). A fusão ain­da recebeu o apoiamento dosconstituintes Inocêncio Olivei­ra (PFL - PE), José MariaEymael (PDC - SP), VivaldoBarbosa (PDT- RJ), GastoneRighi (PTB - SP), Nelson Jo­bim (PMDB - RS) e BrandãoMonteiro (PDT - RJ).

(CO/I/litUOItOpróximo edição)

553328

te da República as medidas le­gislativas e administrativas ne­cessárias à organização institu­cional estabelecida na Consti­tuição, sem prejuízo das inicia­tivas de representantes dos trêsPoderes, na esfera de sua com­petência.

§ 1° - A Comissão deTransição compor-se-á de no­ve membros, sendo três indica­dos pelo presidente da Repú­blica, três pelo presidente daCâmara dos Deputados e trêspelo presidente do Senado Fe­deral, com os respectivos su­plentes.MANDATO DE SARNEY

Art. 3° - O mandato doatual presidente da Repúblicaterminará em 15 de março de1990.

§ 19 - A primeira eleiçãopara presidente da Repúblicaapós a promulgação destaConstituição realizar-se-á nodia 15 de novembro de 1989.

§ 29 - Os mandatos dos go­vernadores e dos vice-governa­dores eleitos em 15 de novem­bro de 1986 terminarão em 15de março de 1991.Votaram:Sim:Não: 222Abstenção: 3

Essa votação definiu o man­dato de cinco anos para o atualpresidente da República, coma aprovação de fusão de emen­das apresentadas pelos consti­tuintes Matheus Iensen (PMDB

I\fOVA CARTA

. .In/enso expec/o/iJlo marcou o sessdo que decidiu sobre o mond% de Somey

HE OTEXTOao seu bem-estar, e as áreasnecessárias à sua reproduçãofísica e cultural, segundo seususos, costumes e tradições.INALIENAVEIS

§ 2° - As terras tradicio­nalmente ocupadas pelos ín­dios são inalienáveis e indispo­níveis, e os direitos sobre elassão impresqritíveis.PERMANENCIAGARANTIDA

§ 39 - Fica vedada a remo­ção dos grupos indígenas dasterras que tradicionalmenteocupam, salvo "ad referen­dum" do Congresso Nacional,nos casos de catástrofe ou deepidemias que ponham em ris­co sua população, e, nos casosde interesse da soberania na­cional, após deliberação doCongresso Nacional, garanti­do, em qualquer caso, o retor­no imediato tão logo cesse orisco.OCUPAÇÃO NULA

§ 4°- São nulos e extintos,e não produzirão efeitos jurídi­cos, os atos que tenham porobjeto a ocupação. o domínioe a posse das terras de que tratao parágrafo primeiro deste ar­tigo, ou a exploração das rique­zas naturais do solo, fluviais elacustres nelas existentes, res­salvando relevante interessepúblico da União, segundo oque dispuser lei complemen­tar. A nulidade e a extinçãode que trata este parágrafo nãodão direito de ação ou indeni­zação contra a União, salvoquanto às benfeitorias deriva­das da ocupação de boa fé, naforma da lei.

§ 5°- Não se aplica nas ter­ras indígenas o disposto no §3° do art. 203.PARTE LEGÍTIMA

Art. 270- Os índios, suascomunidades e organizaçõessão partes legítimas para in­gressar em juízo em defesa dosseus interesses e direitos, inter­vindo o Ministério Público emtodos os atos do processo.

tâvio Elísio (MG), MarlucePinto (PTB - RR), Anna Ma­ria Rattes (PMDB - RJ), JoséDutra (PMDB ..:.... AM), Moe­ma São Thiago (PDT -" CE),Vivaldo Barbosa (PDT - RJ),Amaury Müller (PDT - RJ),Ottomar Pinto (PTB - RR),João Paulo (PT - MG), Rosede Freitas (PMDB - ES) e Ar­tur da Távola (PMDB - RJ).

" TITULO IXATO DAS DISPOSIÇÕES

CONSTITUCIONAIS,V t 512 GERAIS E

O aram: TRANSITÓRIASSim: 497 Votaram: 552N~: 5" 2A

. Sim: 3 Obstenção: 10 N- 222Aprovado o texto, fruto de ao:

fusão de emendas e destaques, Abstenção: 10que se configurou em todo o Com esse resultado foi apro-capítulo. A redação aprovada vada pelo Plenário a redaçãofoi oferecida pelos constituintes oferecida pela emenda coletivaMário Covas (PMDB - SP), do Centrão para todo o títuloJarbas Passarinho (PDS - das Disposições Transitórias,PA), Plínio Arruda Sampaio ressalvados os destaques e(PT- SP), Haroldo Lima (PC emendas.do B - BA), José Carlos Sa- JURAMENTObóia (PSB - MA), Tadeu Art. 1°-'0 presidente daFrança (PDT - PR), Ruy Ne- República e o presidente dodel (PMDB - RS), Alceni Supremo Tribunal FederalGuerra (PFL - PR), Carlos prestarão, em sessão solene doCardinal (PDT - RS), Fábio Congresso Nacional, na dataFeldmann (PMDB - SP), de sua promulgação, o com-Moysés, Pimentel (PMDB - promisso de manter, defenderCE), Ezio Ferreira (PFL - e cumprir ªConstituição.AM). Os seguintes constituintes COMISSAO DE TRANSI-ainda assinaram afusão em for- çÃO ,ma de apoiamento: Benedita da Art. 2°- E criada uma Co-Silva (PT - RJ), José Maria missão de Transição com a fi-Eymael (PDC - SP), Aldo nalidade de propor ao Con-Arantes (PC do B - GO), Oc- gresso Nacional e ao presiden- .

CART.A ::: ACOM,Esses, os números que "resul­

taram da votação da fusão deemendas e destaques que origi­nou o texto para todo o capítuloVII e que substituiu a redaçãooferecida pela emenda coletivado Centrão. Resultante de ne­gociação de lideranças, a maté­ria aprovada foi a soma de pro­postas apresentadas pelos cons­tituintes Nelson Carneiro(PMDB - RJ), Feres Nader(PTB - RJ), Márcia Kubits­chek (PMDB - DF), Beneditada Silva (PT - RJ), MendesRibeiro (PMDB - RS), Perci­val Muniz (PMDB - MT),Sarney Filho (PFL - MA),Jorge Bornhausen (PFL ­Se), Rita Camata (PMDB ­ES), Antônio de Jesus (PMDB- GO), Eunice Michiles (PFL- AM), Roberto Freire (PCB- PE), Abigail Feitosa (PSB- BA), Maria Lúcia (PMDB- Ae), Koyu Iha (PMDB -SP). A fusão ainda recebeu as­sinaturas de apoiamento dosconstituintes Eraldo Tinoco(PFL - BA), Arthur da Távo­la (PMDB - RJ), NelsonAguiar (PDT - ES).

CAPÍTULO VIIIDOS ÍNDIOS

Votaram:Sim:Não: 5Abstenção: 5

Essa votação possibilitou aaprovação do texto substitutivodo Centrão relativo a todo o ca­pítulo. Um acordo de lideran­ças, todavia, levou fosse apro­vada uma nova redação, substi­tuindo a emenda coletiva doCentrão.

Art. 268 - São reconheci­dós aos índios sua organizaçãosocial, costumes, línguas, cren­ças e tradições, e os direitosoriginários sobre as terras quetradicionalmente ocupam,competindo à União demarcá­las, proteger e fazer respeitartodos os seus bens.RECURSOS

Parágrafo único - O apro­veitamento dos recursos hídri­cos, inclusive dos potenciaisenergéticos, a pesquisa e a la­vra das riquezas minerais em,terras indígenas só podem serefetivadas com autorização doCongresso Nacional, ouvidasas comunidades afetadas, fi­cando-lhes assegurada a parti­cipação nos resultados da la­vra, na forma da lei.POSSE PERMANENTE

Art. 269 - As terras tradi­cionalmente ocupadas pelosíndios são destinadas à sua pos­se permanente, cabendo-lhes ousufruto exclusivodas riquezesdo solo, fluviais e lacustres ne­las existentes.DEFINIÇÃO

§ 10_ São terras tradicio­

nalmente ocupadas pelos ín­dios as por eles habitadas emcaráter permanente, as utiliza­das para suas atividades produ­tivas, incluídas aquelas impres­cindíveis à preservação dos re­cursos ambientais necessários

4 Jornal da Constituinte

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Constituinte dá matéria 1 anosuem, por diferentes motivos, tira­gem limitada, sendo que em váriosmunicípios, somente a mídia tele­visiva e radiofônica consegue al­cançar o público. Nestes casos, oJornal da Constituinte ofereceuma visão mais ampla dos proble­mas aqui tratados, pois, como sa­bemos, o jornalismo de rádio eTV, embora de grande impacto,tem no fator tempo, natural àque­las atividades, um aspecto limita­tivo às explanações mais detalha­das.

O Jornal da Constituinte, comoos demais instrumentos de divul­gação da ANC, é de todos os cons­tituintes, independentemente degrupos ou partidos e pretende ser,também, do povo brasileiro. Essaa impressão que nos tem causadoa sua leitura. Queremos, nestemomento, parabenizar a primeira­secretaria, na pessoa do consti­tuinte deputado Marcelo Cordei­ro, a quem está afeta, diretamen­te, a coordenação das atividadesde divulgação da Constituinte.Queremos, de igual forma, felici­tar a Câmara, a Secretaria de Di­vulgação do Senado, o CentroGráfico do Senado e todos os jor­nalistas, diagramadores, taquígra­fos, revisores, fotógrafos e gráfi­cos que produzem o Jornal daConstituinte. Temos a certeza deque ele continuará acompanhandocom eficiência os trabalhos consti­tucionais e que poderá produziruma edição histórica no dia emque a nova Carta for promulgada,inserindo de vez o regime demo­crático como o único que vigoraráno Brasil daqui para a frente.

ccCompromissocom a verdade"

Na íntegra, o pronunciamentode Abigail Feitosa:

Desejo, em meu nome, e, acre­dito, no de todos os colegas nestaAssembléia, saudar, com efusivosvotos de felicitações o transcursodo primeiro aniversário de criaçãodo Jornal da Constituinte, tornan­do extensiva essa saudação a todosos jornalistas e demais profissio­nais que, com o brilho de sua inte­ligência e a pertinácia do seu tra­balho, vêm contribuindo para a re­gular eçliçã~ ,!aquele órgão de di­vulgação oficial dos trabalhos daConstituinte.

Trata-se, sem dúvida, Sr. Presi­dente, de uma publicação que seafirmou no respeito e na admira­ção do povo brasileiro, afiguran­do-se tal data, sem dúvida, comode relevante importância para aconstrução política e institucionaldeste país e para reafirmar os prin­cípios do jornalismo bem feito, dojornalismo palpitante, do jornalis­mo questionador e, sobretudo,por manter o compromisso de pu­blicar a verdade, que é o apanágiodos meios de comunicação.

Consolida-se, dessa forma, oJornal da Constituinte, fazendo ainteração entre os trabalhos cons­tituintes e os eleitores que nos con­feriram poderes para elaborar anova Carta Magna, contribuindo,de forma decisiva, para que o tex­to constitucional em elaboraçãoseja moderno e atenda às reais as­pirações do povo brasileiro.

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paço com a imprensa. Esta, porsinal, tem exercido com grandegrau de maturidade o seu papelde manter a população informadasobre o que aqui se passa, inclu­sive promovendo o debate sobretodos os assuntos que, nesse quaseano e meio de trabalho, se mostra­ram ou se vêm mostrando contro­versos. O serviço de divulgação daConstituinte, coordenado pelaAssessoria de Divulgação e Rela­ções Públicas e pela Secretaria deDivulgação do Senado, tem porobjetivo alcançar um público su­plementar, de um lado, e, de ou­tro, oferecer uma visão dos traba­lhos constitucionais que esteja ab­solutamente desengajada de qual­quer dos diferentes interesses que,naturalmente, convivem, e às ve­zes se contrastam, na elaboraçãode um novo texto constitucional.

No caso específico do semaná­rio impresso, o Jornal da Consti­tuinte, é de se destacar, pelo enor­me volume de correspondência re­cebida pela Adirp, que ele vemservindo muitas vezes não apenasde leitura suplementar, mas de lei­tura essencial, para um númeroexpressivo de pessoas em todo opaís. Isso se deve, naturalmente,ao fato de vastas regiões deste paísenorme ainda não poderem seratingidas, diretamente, pela mídiaimpressa, tendo em vista que emmuitos Estados os jornais pos-

no âmbito da Constituinte e sobrea atuação dos diversos grupos depressão que atuam, legitimamen­te, Junto àqueles que têm a tarefade elaborar a nova Carta Magnado Brasil.

Com o objetivo de esclarecerparcelas importantes da opiniãopública sobre o trabalho de elabo­ração constitucional, têm sido,também, produzidas reportagensespeciais sobre todos os macro te­mas sobre os quais se debruçamos constituintes, tais como educa­ção, saúde, direitos dos adolescen­tes, crianças e idosos, direitos dámulher, dos índios e dos negros,sistema tributário, sistema finan­ceiro, questões relacionadas à or­dem econômica, como, por exem­plo, a reforma agrária e a explo­ração dos recursos minerais dosubsolo e, ainda, sobre temas po­lêmicos, como o desenvolvimentode novas tecnologias, os investi­mentos no setor nuclear etc. Nãoforam esquecidas, de igual modo,as pendências mais especificamen­te ligadas à política, como as dis­cussões que tivemos em torno dosistema de governo, dos sistemaseleitoral e partidário e outros te­mas afins.

O Jornal da Constituinte e osdemais meios de divulgação daANC não foram, como se sabe,concebidos para opor qualquer ti­po de concorrência Oudisputar es­ADIRPlRevnaldo Stavale

~),,~

O Jornal da Constituinte' comemorou seu aniversário em casa, na redação. E teve convidados-surpresa.

"Resta aguardar aedição histórica"

Na semana passada, o Jornal daConstituinte completou um ano deexistência, oferecendo cobertura com­pleta e sistemática dos trabalhos deelaboração da nova Carta. Natural­mente, o auto-elogio é tarefa íncom­patível com a prática do bom jorna­lismo. Por isso, ficamos satisfeitosquando o esforço de nossa equipe foilembrado, em plenário, pelos consti­tuintes Mário Maia (PDT - AC) eAbigail Feitosa (PSB - BA). Igual­mente gratificante foi o compareci­mento, de surpresa, à pequena come­moração que promovemos na intimi­dade da redação, de outros 14 consti­tuintes, que vieram nos cumprimentarapós as estafantes votações de quarta­feira. Além do responsável direto peloprojeto, Marcelo Cordeiro, primeiro­secretáno da Constituinte, compare­ceram José Genoíno, Nelton Frie­drich, Moema São Thiago, Anna Ma­ria Rattes, Haroldo Sabóia, CristinaTavares Correia, Luiz Freire, RaquelCapiberibe, Carlos Alberto Caó, Teo­tonio Vilela Filho, José Carlos Sabóia,Maria de Lourdes Abadia e UldurícoPmto.

Eis, na íntegra, o discurso dosenador Mário Maia:

Nesta data, em que a Assem­bléia Nacional Constituinte con­cluiu a votação, em primeiro tur­no, das disposições permanentesque deverão constar da futuraCarta, temos, também um outroregistro a fazer. Completa um anode circulação ininterrupta o Jornalda Constituinte, concebido emabril e lançado alo de junho passa­do. Desde então, vem cumprindoa sua missão de retratar, sob a res­ponsabilidade da Mesa as ativida­des da ANC. Com uma tiragemde cem mil exemplares vem atin­gindo todos os prefeitos vereado­res e governadores do país, milha­res de associações de bairro e demoradores, milhares de dirigentesde sindicatos de trabalhadores epatronais, entidades da sociedadecivil e um outro expressivo núme­ro de leitores, espalhados por ór­gãos dos três Poderes e de outrasorigens, todos com responsabili­dade na condução dos destinos dopaís.

O Jornal da Constituinte, sema­nário impresso, produzido e edita­do exclusivamente por funcioná­rios profissionais da área de comu­nicação das duas Casas do Con­gresso, integra o sistema de divul­gação próprio da Assembléia Na­cional, composto ainda pelo Diá­rio da Constituinte, destinado aorádio e à televisão, pela Voz daConstituinte (que substitui, nesseperíodo, a Voz do Brasil) e peloBoletim da Constituinte, publica­ção diária destinada a abasteceros órgãos de imprensa.

Em um ano de trabalho, o jor­nal tem-se norteado pelo princípioda informação isenta, apartidária,mas que reflita, exatamente, tudoo que tem acontecido no âmbitoda Assembléia Constituinte. As­sim é que se faz um acompanha­mento pormenorizado e completodas votações e todas as negocia­ções que as precedem, abre-se es­paço para a manifestação, atravésde artigos e entrevistas, do pensa­mento por vezes diferenciado detodos os constituintes, produz-senoticiário sobre eventos ocorridos

Jornal da Constituinte 5

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Vitória da Frente Ecológica

Carta verdeé exemplo

paraomundo

em lutas ecológicas no seu estadoo Espírito Santo, ao lado do natu~ralista Augusto Ruschi. Mas alertapara a Importância da mobilizaçãocontínua, dentro e fora do Parla­mento. U!Da espécie de vigília pa­ra garantir as novas conquistas."O Estado é todo-poderoso equando quer defender interesse~e~onômicos,.a~opela tudo, inclu­srve a Constituição."

Os anos de luta que represen­taram a decisão da Constituinteindicam "um novo elemento na vi­da nacional", para o constituinteLúcio Alcântara (PFL - CE)."Não é possível continuar nesseritmo de desenvolvimento a qual­quer preço." Mas sua avaliação dotexto não vai além de um "satisfa­tório". Participando da fusão deemendas com propostas na áreada energia nuclear, Alcântara pre­fen~ que,o. texto exigisse autori­zaçao preVIa - e não posterior- para a instalação de reatoresatômicos.

Manoel Castro (PFL - BA)ex-prefeito de Salvador uma da~cidades brasileiras co~ o maiorImpacto de degradação ambiental- ~resceu em uma década (70/80)mais do que nos 400 anos anterio­res -, aplaude o dispositivo apro­vado, com a esperança de que asociedade participe mais intensa­me~te .do debate. "A luta preser­va~IOmsta nao pode ser o privi­légio de uma minoria", diz Castro,ressalvando que respeita a ativi­dade dos grupos preservacionista"mesmo os mais radicais". '

Acha o texto bom por conteros princípios básicos para a formu­lação de uma política ambiental~as só vê um caminho para impe~dir a degradação: investimentosmaciços em educação e saneamen­to. Quer mesmo que o futuro Con­gresso discuta o envolvimento dosmeios de comunicação de massanesse processo: alertando, infor­mando, educando.

. "Dar um basta ao suicídio cole­tivo (ou genocídio dos novos brasi­leiros?), ao envenenamento e àeliminação dos suprimentos vitaisde ar, água, alimentos e dos ban­cos genéticos, que ainda hoje nosgarantem a condição de maior de­tentor mundial de diversidade bio­lógica,. ou seja, de riquezas incal­culãveis do ponto de vista biotec­nológico, quer seja para a criaçãode r:médios, quer para a perpe­tuaç~o. de es~oques ou tesouroszoológico-botânicos nacionais."

Congresso seráo vigia da nova

ordem ambiental

Foi com este ânimo que o cons­tituinte Fábio Feldmamm (PMDB- SP) chegou à Assembléia Na­cional Constituinte com um textopara o capítulo do meio ambiente.Abriu o debate e com ele o espaçopara a SOCIedade atuar diretamen­te dentro da Constituinte culmi­nando com um vitorioso 'acordo.O melhor possível, dentro da cor­relação de forças que se estabe­leceu em todas as instâncias doprocesso constituinte.

Do texto aprovado pelo consen­so do Plenário, o constituinte LuizSalomão ~RJ), que participou dasnegociaçoes em nome do PDTa~ont~ duas &r~ndes conquistas~pnmeiro, a exigência de relatóriode impacto ambiental em todoemp~eendimentopotencialmentepoluidor; segundo, a exigência dorestabelecimento do ambiente de­gradado pelo agente poluidor.. "Foi o,n~elhor. possível", sinte­

tiza o médico VItor Buaiz prin­cipal negociador do PT e veterano

5 - Pólos Petroquimicos ­Junto com os pólos cloroquímicossão potencialmente degradadoresmas até o momento dispõem d~egUlpamento antipoluição (esta­çoes depuradoras, lagoas de de­cantação, filtros eletrostáticosetc.), De qualquer forma, pelo al­to nsco inerente à atividade é la­~entáve~ que suas localizaçõ~s se;jam na vizinhança de estuários. Eo ~aso de Camaçari, Aracaju,Triunfo, Cubatão e Guanabara.No caso do ~ólo Cloroquímico deAlagoas, a SItuação é ainda maisgraye, por estar entre duas dasmais fecundas lagoas nacionais.. 6 - Desmatamentos - São vá­

nas_suas causas. Vão da implan­taçao de culturas extensivas e dapecuária ao uso em serrarias cerâ­micas, padarias, curtumes e ~utrostipos de indústria. Mas o mais gra­ve na região litorânea é o desmata­mento causado por loteamento.

O documento-diagnõstico daF!ente Nacional de Ação Ecoló­gica na Constituinte indica aindano litoral brasileiro uma série depontos ameaçados de destruiçãoenvolvendo ricos sistemas de fau:na e flora.

Com o novo texto constitucio­nal em que se esboça uma novaordem para o setor ambiental, háesperança.redobrada para as cha­madas unidades de preservaçãocomo o~ p~rquesnacionais, as re~serv~s biológicas, santuários de vi­da silvestre e outros, previstos naatual legislação. Atualmente o~aís ~ssui apenas 28 parques na­clon~Is, 15 reservas biológicas fe­derais e 35 estações ecológicasnuma área total de 14 milhões d~~ectares. Parece muito, mas nãoe.: ~el?resen~a apenas 1,8% do ter­ntono nacional, contra índicesbem superiores inclusive em paí­ses do Terceiro Mundo.

rios, igarapés e ambientes estuari­nos. Resultado: em áreas metro­politanas como Salvador RecifeRjo de !anei!,? e Porto AÍegre, o~n~vt;ls sao críticos em poluição or­gamca e fecal., 3 - Especulação imobiliária ­

E o feI!ômeno. mais grave de de­gradação ambiental, econômica,social e cultural da faixa litorâneaVerificam-se casos de conurbaçã~de loteamentos (Rio/São Paulo'Recife/João. Pe~soa2, co,nfiguran~?o uma pnvatízação de praias,ilhas e pequenas enseadas. Comoconseqüência da destruição demanguezais e restingas, a poluiçãode estuários e lagoas, com o lança­mento de despejos in natura aomar, não por meio de emissários(como em Ipanema, Fortaleza-ouGuarujá), mas diretamente-napraia. < '1 <

~ - Distritos industríaís­Onentados apenas pela avidez dolucro, os planejadores dos distri­tos industriais preferem instalá-lossempre o mais próximo possíveldo~ c~ntros metropolitanos. Namaiona dos casos são ecologica­mente incorretos, como os distri­tos industriais de Suape e Itacu­ruçu, em. Pernambuco, compro­metendo Importantes recifes e sis­temas estuarinos. l

A REALIDADE NUA

Eis aqui um resumo do diagnós­tico do meio ambiente no país:

1- Litoral- Ocupado intensi­vaf!lente desde a colonização,apos o esgotamento do modeloprimário-exportador, teve sua si­tuação agravada com a expansãodos portos para atender ao escoa­m~t:lto de produtos agrícolas e mi­nenos, integrando-se os grandesc0J.D~lexos minero-siderúrgicos"qu~mlcos e petroquímicos, carac­tenzados por indústrias pesadasque se utilizam das chamadas tec:nologias "duras". Exemplo fla­grante: o estuário de Cubatão/Santos, onde se verificam os maisalarmantes níveis de foluiÇão emdegradação ambienta .

.2-:- Urbanização - Das 25 ca­pitais de estados e territórios 15estão localizadas em ecossistemasestuarinos. Preocupa o crescimen­to populacional desses aglomera­dos. Alguns acima de 5% ao anocomo Belém, São Luís Salvador'Vitória e Joinville, se~ a corres~pondente ampliação da infra-és­t~utu~a urba~a (água, esgoto, ha­bltaçao"e saude). A proliferaçãode hotéis e loteamentos contribuipara a destruição de milhares dehectar~s de mangues, dunas e ve­geração de restinga, poluindo,

E,antes mesmo da promulgaçãoda nova Carta, o texto do meioambiente, que foi aprovado por450votos contra apenas três e qua­tro abstenções, já está correndoo ~undo. Ainda no último dia 30o diretor do Programa das NaçõesUlllda~ .do Me~o Ambiente paraa Amenca Latina e Caribe José~~a~raga, anunciou que a ONUira divulgar o texto mundialmentee recomendá-lo como modelo pa­ra outros países.

O despertar ecológico, emboraexplosivo em várias partes domundo, é recente e, por isso mes­!Do,. ca~ente de proteção jurídico­institucional. São raras as consti­tui~ões e.mtodo mundo .que fazemrefêrencia direta ao meio ambien­te. E,o.caso de .Portugal, Espanhae Gre~la! 'tue tiveram suas JovensConstituíções ~on~aminadas pelo _fogo pres~rvaclOmsta que incen­díou o OCIdente no início dos anos7Q. Era o despertar de uma gera­çao.que, aolado ~o progresso domais-ter,se msurgia pelo mais-ser.Ao lado de justiça.. pediu prazer;ao lado de conhecimento e técni­ca, pediu lazer. E dessa combi­nação alegre e inquieta brota omovimento ecológico como umalerta e um hino ao futuro e à natu­reza como nicho e não como lixoda humanidade. (Eurico Schwin­den)

Se há um capítulo na nova~onstit~ição brasileira que podeinfluenciar o Brasil do terceiro mi­lênio, a qomeçar por uma mudan­ça radical !la legislação e (tomara)na mentalidade, este é o do meio~biente. Mais do que uma inova­çao, o que se aprovou em amploconsenso e após demoradas nego­ciações se destina a ser perene ea perenizar a vida num país quedetém o mais rico ecossistema eo maior patrimônio genético de to­do o planeta.

Parte do título da Ordem So­cial, onde se incluem matérias co­~o a ciência. e tecnologia, a famí­lia, a comunicação e o meio am­biente, envolveu um debate gene­rosamente críatívo que não deixounenhum constituinte indiferenteNo final, um grande acordo - ~fusão de emendas de 26 parlamen­tares das mais diversas correntespartidãrias e ideolõgicas - produ­ZiU um texto médito em constitui­ções em todo o mundo. Nem ex­cessivamente analítico, como re­comenda um texto constitucionalnem sint~tico demais que pecass;pela omissão, O suficiente paraonentar uma política ambiental nopaís, induzir uma mentalidadepreservacionista e sobretudopara responsabilizar 'o Estado e ~sociedade diante das agressões aoecossístema,

Co~o?do, in~tig~nte, inquietan­te,. ef~clente, vitorioso, são algunsadjetivos que cabem perfeitamen­te ao lobby do meio ambiente uni­ficado na Frente Nacional de Ação~cológica na Constituinte. Pres­sao, convencimento, envolvimen­to foram suas características des­de os primeiros dias, sem cessar,da subcomissão ao plenário final.

Como resultado dessa ação nãon!1sceu apenas um texto constitu­cional VIgoroso, mas germinoutambém no Parlamento um grupoque .se denominou Frente Parla­mentar Verde, que cresce diaria­mente com disl?osição de fazer doPoder Legislativo um fórum per­mat:lente do debate ecológico, ir­radíador dessa nova consciência evigilante do mandamento consti­tucional.

Mas. foi c?m o choque realistada radiografia ambiental brasileiraque ecologistas, de dentro e de fo­ra da Constituinte, alcançaram oresultado, enfim consensual noplenário..Numa recheada p~sta,onde contmha desde textos consti­tucionais de outros países, passan­do pela orientação aos lobistas­verdes de como abordar os parla­me!1tares,. até o diagnóstico domero ambiente no Brasil os inte­grantes da Frente Nacional deAção Bcológíca enriqueceram odebate constituinte.

6 Jornal da Constituinte

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20 - Devem ser fomentadas,em todos os países, especialmentenaqueles em desenvolvimento, ainvestigação científica e medidasdesenvolvimentistas, no sentidodos problemas ambientais, tantonacionais como multinacionais. Aesse respeito, o livre intercâmbiode informação e de experiênciascientíficas atualizadas deve consti­tuir objeto de apoio e assistência,a fim de facilitar a solução dos pro­blemas ambientais: as tecnologiasambientais devem ser postas à dis­posição dos países em desenvol­vimento, em condições que favo­reçam sua ampla difusão, sem queconstituam carga econômica ex­cessiva para esses países.

que representassem os direitos hu­manos fundamentais e contassemcom a aprovação dos governos in­teressados.

18 - Como parte de sua con­tribuição ao desenvolvimento eco­nômico e social, devem ser utiliza­das a ciência e a tecnologia paradescobrir, evitar e combater os ris­cos que ameaçam o meio ambien­te, para solucionar os problemasambientais e para o bem comumda humanidade.

19 - É indispensável um tra­balho de educação em questõesambientais, visando tanto as gera­ções jovens como os adultos, dis­pensando a devida atenção ao se­tor das populações menos privile­giadas, para assentar as bases deuma opinião pública bem informa­da e de uma conduta responsáveldos indivíduos, das empresas e dascomunidades, inspirada no senti­do de sua responsabilidade, relati­vamente à proteção e melhora­mento do meio ambiente, em todaa sua dimensão humana.

17 - Deve ser confiada àsinstituições nacionais competen­tes a tarefa de planificar, admi­nistrar e controlar a utilização dosrecursos ambientais dos Estados,com o fim de melhorar a qualidadedo meio ambiente.

21 - De acordo com a Cartadas Nações Unidas e com os prin­cípios do direito internacional, osEstados têm o direito soberano deexplorar seus próprios recursos,de acordo com a sua política am­biental, desde que as atividades le­vadas a efeito, dentro da jurisdi­ção ou sob seu controle, não pre­judiquem o meio ambiente de ou­tros Estados ou de zonas situadasfora de toda a jurisdição nacional.

22 - Os Estados devem coo­perar para continuar desenvolven­do o direito internacional, no quese refere à responsabilidade e àindenização das vítimas da polui­ção e outros danos ambientais,que as atividades realizadas den­tro da jurisdição ou sob controlede tais Estados causem às zonassituadas fora de sua jurisdição.

23 - Sem prejuízo dos princí­pios gerais, que possam ser estabe­lecidos pela comunidade interna­cional, e dos critérios e níveis mí­nimos, que deverão ser definidosem nível nacional, em todos os ca­sos será indispensável consideraros sistemas de valores predomi­nantes em cada país e o limite deaplicabilidade de padrões que sãoválidos para os países mais avança­dos, mas que possam ser inade­quados e de alto custo social paraos países em desenvolvimento.

constitui um instrumento indis­pensável pãra conciliar as diferen­ças que possam surgir entre as exi­gências do desenvolvimento e anecessidade de proteger e melho­rar o meio ambiente.

16 - Nas regiões em que exis­ta o risco de que a taxa de cresci­mento demográfico ou as concen­trações excessivas de populaçãoprejudiquem o meio ambiente ouo desenvolvimento, ou em que abaixa densidade de populaçãopossa impedir o melhoramento domeio ambiente humano e obstaro desenvolvimento, deveriam seraplicadas políticas demográficas

15- Deve-se aplicar a planifi­cação aos agrupamentos humanose à urbanização, tendo em miraevitar repercussões prejudiciais aomeio ambiente e à obtenção domáximo de benefícios sociais, eco­nômicos e ambientais para todos.A esse respeito, devem ser aban­donados os projetos destinados àdominação colonialista e racista.

recursos à preservação e melhora­mento do meio ambiente, tendoem conta as circunstâncias e as ne­cessidades especiais dos países emdesenvolvimento e quaisquer cus­tos que possam emanar, para essespaíses, a inclusão de medidas deconservação do meio ambiente,em seus planos de desenvolvimen­to, assim como a necessidade delhes ser prestada, quando solici­tada, maior assistência técnica efinanceira internacional para essefim.

14 - A planificação racional

o texto: inovador, afirmativoTÍTULO VIII

Da Ordem SocialCAPÍTULO VI

Do Meio Ambiente

Art. 262. Todos têm direito ao meio ambiente ecologi­camente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen­cial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder públicoo dever de defendê-lo e à coletividade o dever de preser­vá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 19 Para assegurar a efetividade do direito referidoneste artigo, incumbe ao poder público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essen­cias e prover o manejo .ecológico das espécies e ecossis­temas;

11- preservar a diversidade e a integridade do patri­mônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadasà pesquisa e manipulação de material genético;

111 - definir, em todas as unidades da Federação, espa­ços territoriais e seus componentes a serem especialmenteprotegidos, sendo a alteração e supressão permitida somen­te através de lei, vedada qualquer utilização que compro­meta a integridade dos atributos que justifiquem sua pro­teção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obrasou atividade potencialmente causadora de significativa de­gradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto am­biental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, comercialização e/ou empre­go de técnicas, métodos e substâncias que comportem riscopara a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveisde ensino e a conscientização pública para a preservaçãodo meio ambiente;

VII - proteger a fauna e flora, vedando, na forma dalei, as práticas que coloquem em risco a sua função ecoló­gica, que provoquem a extinção de espécies ou que subme­tam os animais à crueldade.

§ 2° - Aquele que explorar recursos minerais fica obri­gado a recuperar o ambiente degradado, de acordo comsolução técnica exigida pelo órgão público competente,na forma da lei.

§ 39 - As condutas e atividades consideradas lesivas aomeio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas oujurídicas, às sanções penais e administrativas, independen­temente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 49 - A Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serrado Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeirasão patrimônio nacional e sua utilização far-se-ã, na formada lei, dentro de condições que assegurem a preservaçãodo seu meio ambiente, inclusive quanto ao uso de seusrecursos naturais.

§ 59 - São indisponíveis as terras devolutas ou arreca­dadas pelos Estados, por ações discriminatórias, neces­sárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6° - As usinas nucleares que operam com reator nu­clear deverão ter sua localização definida em lei federal,sem o que não poderão ser instaladas.

13- A fim de lograr um orde­namento mais racional dos recur­sos e, assim, melhorar as condi­ções ambientais, os Estados deve­fiam adotar um enfoque integrado§~~9P~q~nado da planificação de§~,u~<!f:~envolvimento, de modo aque fique assegurada a compati­bilidade do desenvolvimento, coma necessidade de proteger e me­lhorar o meio ambiente humano,em benefício de sua população.

6 - Deve-se pôr fim à des­carga de substâncias tóxicas ou deoutras matérias e à liberação decalor, em quantidades ou concen­trações tais que não possam serneutralizadas pelo meio ambiente,de modo a evitarem-se danos grà­ves e irreparáveis aos ecossisté­mas. Deve ser apoiada a justa lutade todos os povos contra a polui­ção.

que toda a humanidade participedos benefícios de tal uso.

9 - As deficiências do meioambiente decorrentes das condi­ções de subdesenvolvimento e dedesastres naturais ocasionam gra­ves problemas; a melhor maneirade atenuar suas conseqüências épromover o desenvolvimento ace­lerado, mediante a transferênciamaciça de recursos consideráveisde assistência financeira e tecno­lógica que complementem os es­forços internos dos países em de­senvolvimento e a ajuda oportunaquando necessária.

11 - As políticas ambientaisde todos os países deveriam me­lhorar e não afetar adversamenteo potencial desenvolvimentistaatual e futuro dos países em desen­volvimento, nem obstar o atendi­mento de melhores condições devida para todos; os Estados e asorganizações internacionais deve­riam adotar providências apro­priadas, visando chegar a um acor­do, para fazer frente às possíveisconseqüências econômicas nacio­nais e internacionais resultantesda aplicação de medidas ambien­tais.

7 - Os países deverão adotartodas as medidas possíveis paraimpedir a poluição dos mares porsubstâncias que possam pôr emperigo a saúde do homem, preju-.dicar os recursos vivos e a vidamarinha, causar danos às possibi­lidades recreativas ou interferircom outros usos legítimos do mar.

12 - Deveriam ser destinados

8 - O desenvolvimento eco­nômico e social é indispensável pa­ra assegurar ao homem um am­biente de vida e trabalho favorávele criar, na terra, as condições ne­cessárias à-melhoria da qualidadede vida.

10 - Para os países em desen­volvimento, a estabilidade de pre­ços e pagamento adequado paracomodidades primárias e maté­rias-primas são essenciais à admi­nistração do meio ambiente, devez que se deve levar em contatanto os fatores econômicos comoos processos ecológicos.

Declaraçãosobre o

ambiente humanoA Assembléia Geral das Nações

Unidas reunida em Estolcomo, de5 a 16 de junho de 1972, atendendoà necessidade de estabelecer umavisão global e princípios comuns,que sirvam de inspiração e orien­tação à humanidade, para a preser­vação e melhoria do ambiente hu­mano através dos vinte e três prin­cípios enunciados a seguir, expres­sa a convicção comum de que:

1 - O homem tem o direitofundamental à liberdade, à igual­dade e ao desfrute de condiçõesde vida adequadas, em um meioambiente de qualidade tal que lhepermita levar uma vida digna, go­zar de bem-estar e é portador sole­ne de obrigação de proteger e me­lhorar o meio ambiente, para as.gerações presentes e futuras! A es­se respeito, as políticas que pro­movem ou perpetuam o apartheid,a segregação racial, a discrimina­ção, a opressão e de dominaçãoestrangeira permanecem conde­nadas e devem ser eliminadas.

2 - Os recursos naturais daterra, incluídos o ar, a água, o so­lo, a flora e a fauna e, especial­mente parcelas representativasdos ecossistemas naturais, devemser preservados em benefício dasgerações atuais e futuras, median­te um cuidadoso planejamento ouadministração adequados.

4 - O homem tem a responsa­bilidade especial de preservar eadministrar judiciosamente o pa­trimônio representado pela florae fauna silvestres, bem assim o seuhabitat, que se encontram atual­mente em grave perigo, por umacombinação de fatores adiversos.Em conseqüência, ao planificar odesenvolvimento econômico, de­ve ser atribuída importância à con­servação da natureza, Incluídas aflora e a fauna silvestres.

3 - Deve ser mantida e, sem­pre que possível, restaurada oumelhorada a capacidade da terrad~ 'Produzir recursos renováveisvitais.

5 - Os recursos não renová­veis da terra devem ser utilizadosde forma a evitar o perigo do seuesgotamento futuro e a assegurar

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Jornal da Constituinte 7

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mostra sua

ou menos organizados, não se contentaram em pedir, reclamar ou propor I

Quiseram ganhar no grito.

Vivaldo Barbosa (PDT - RJ) apontaos dois grupos mais agressivos que leva­ram o figurado corpo-a-corpo no sentidoliteral: a União Democrática Ruralistae os magistrados (promotores e Juízes).Embora admita que a democracia "im­porta e comporta isso", o deputado la­menta que apesar dos métodos os doisgrupos tenham alcançado seus objetivos.

Euclides Scalco (PMDB - PR) con­corda em gênero e número. Para ele che­gou a haver agressão ao Parlamento. "AUDR impediu a negociação da reformaagrária. E inconcebível que seu dirigente(Ronaldo Caiado) tenha gabinetes e atéa sala de liderança onde os vários gruposnegociavam". '

Não foi a agitação de corredores quepreocupou e ainda incomoda o consti­tuinte Antônio Carlos Konder Reis(PDS - Se). "A ação do lobby sempreenvolve risco de influências espúri~s eilegítimas", alerta o deputado. Não ,éocaso do que ele considerou um dos ma~eficientes trabalhos de convencime'ntônos bastidores da Constituinte: o lobbymilitar. E ressalva: "Sempre em defesade teses patrióticas". Para ilustrar, citao papel decisivo de militares, inclusive

"Profissionais ou amador

Lobby - Grupo de interesse, grupode pressão, seja o nome que se dê, averdade é que a mobilização popular bai­xou firme sobre a Constituinte, elevandoa temperatura.

No perde-ganha, no corpo-a-corpo, oslobbies perderam a conotação pejorativaque lhes marcava e acabaram se institu­cionalizando junto ao Parlamento. E foiapenas o começo, pois esses grupos ­alguns com sofisticado grau de profissio­nalismo - prometem pressão ainda maisforte no Congresso, quando estiver vo­tando a legislação complementar e ordi­nária.

Muito ao contrário dos constituintesalemães de 1919, que se refugiaram napequena Weimar para escrever o textoconstitucional longe da agitada Berlim,os parlamentares brasileiros não só insti­garam a participação popular, mas cria­ram até um inédito mecanismo inspiradona democracia direta: a iniciativa popu­lar. Com mais de 30 mil assinaturas eo respaldo de três entidades, eleitorespuderam apresentar diretamente suaspropostas para a elaboração da Consti­tuição. Foram 122 emendas enviadas.No total, mais de 1 milhão e 200 milassinaturas.

Mas nem tudo foi tão pacífico. Poucoacostumados ao processo democrático,alguns desses grupos de pressão, mais

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Minastem oTriângqlonoseu coraçao.

OTRIÂNGUlO ÉMINAS.OTRIÂNGULO ÉMINEIRO.

(econômicos, sociais, religiosos,políticos, etc.) com o propósito deapresentar seus argumentos aoslegisladores, o lobby parece ter ti­do início com a instalação da de­mocracia no continente america­no. É ainda de Jenkins a obser­vação de que, reconhecido formal­mente em 1908por Arthur F. Ben­tley, apenas em 1928 o lobby teveseus conceitos incorporados defi­nitivamente ao instrumental doscientistas políticos, com a publi­cação de Group Representation,de Pendleton Herrig. E os primei­ros livros de estudo sobre os gru­pos de pressão surgiram entre1921e 1931.

No caso específicodo Brasil, da­ta de 1984 a mais destacada tenta­tiva de regulamentar os grupos depressão, consubstanciada em um

Combatidopor uns,ignorado

por outros,utilizado

por muitos,olobby

ganhou novadimensão

comaConstituinte

Tempo de Constituinte é, indis­cutivelmente, tempo de propaga­ção de idéias, pois são estas as ma­térias-primas com as quais traba­lham aqueles que têm a responsa­bilidade de produzir as leis origi­nais.

E, neste amplo esforço de per­suasão desenvolvido pelas forçassociais em relação aos constituin­tes, todos os espaços são válidos.Tanto assim que, desde que se ins­talou a Assembléia NacionalConstituinte, os muitos corredo­res do Senado Federal e da Câma­ra dos Deputados, bem assim asáreas intermediárias, passaram aser utilizadas como veículo de di­fusão das idéias dos diferentes gru­pos ou categorias sociais e econô­micas. Obedecidas as proporções,é possível imaginar o edifício doCongresso Nacional convertidonuma espécie de grande centro ur­bano, cujas avenidas são inevita­velmente margeadas por milharesde cartazes e faixas, cada uma ten­tando vender um produto. No ca­so do Congresso, suas muitas e en­trelaçadas ruas e praças (corredo­res e salas) ganharam um coloridotO?O especial em r~~ão da Consti­tumte. E que os vanos grupos so­ciais foram descobrindo, aos pou­cos, que cartazes e faixas são umexcelente veículo de propagaçãode idéias. As vezes, valem tantoou mais do que um discurso, aindaque inflamado, pelo simples fatode serem também um discurso,embora silencioso, mas diuturna­mente presente.

Seja qual for o lado para ondeum constituinte olhe, há de vercartazes que propõem, advertem,pedem, aconselham ou apenaslembram. Ninguém jamais saberáquantos metros quadrados de pa­redes poderiam ser cobertos pelainfinidade de cartazes e faixas.Mas o que todos sabem, e come­çam a compreender cada vez mais,é que cada um desses pedaços depapel e de pano é uma potentearma de luta. E, mais do que isso,é um instrumento legítimo e de­mocrático, embora ainda poucoexplorado e, não raro, até repu­diado pelos que não descobriramou não se convenceram da atuali­dade e da força dos grupos de pres­são, que receberam mundialmen­te o apelido de lobbies.

NOVA ARMAO lobby torna-se cada vez mais

perceptível e utilizado no Brasil,como em todas as outras naçõesdo mundo democrático, e vai ven­cendo as barreiras da incompreen­são que durante muito tempo oisolaram como uma tentativa dedominação, para uns, ou um pro­cesso aético, para outros. Essa vi­são distorcida dos grupos de pres­são se justifica, até certo ponto,porque se trata de uma práticabastante nova em nosso País. "Ahistória do lobby, enquanto pro­cesso de diálogo com os agentesgovernamentais, é tão antigaquanto o será a própria gênese doprocesso legislativo" - diz Ro­berto Jenkins de Lemos em suaobra "Lobby- Direito Democrá­tico", editada em 1986pela Sagra.O autor informa, por outro lado,que "enquanto sistemática deação de pessoas definidas, repre­sentando interesses de grupos

8 Jornal da C

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mais ou menos acadêmicos, a so­ciedade, informada ou não, vailançando mão em escala cada vezmaior desse seu direito - e porque não dizer, também, poder?­de influir. Neste processo crescen­te, o advento da Assembléia Na­cional Constituinte parece ter des­pertado, com maior vigor, os gru­pos de todo o instrumental possí­vel- e aceitável - na busca deseus objetivos. Nada mais normale correto, tendo em vista que asociedade democraticamente or­ganizada há se ser, também e sem­pre, uma sociedade corporativis­ta, perfeita na medida em que seconseguir estabelecer um equilí­brio razoável entre as diferentescorporações, ou grupos.

Vale destacar, por interessante,que os próprios constituintes lan­çam mão do lobby na tentativa depersuadir seus próprios colegas aaprovar ou rejeitar determinadaspropostas do projeto de Consti­tuição. Não é por acaso que asbancadas do Norte e do Nordesteeliminaram as barreiras partidá­rias para constituir um grupo unifi­cado, produzindo e espalhandocartazes onde mostram que estãodispostos a defender os interessesdaquelas regiões: "292 votos euma só vontade".

São múltiplos os métodos queos lobistas utilizam na tentativa deconvencimento, ou na busca de"puxar a brasa para sua sardinha" ,como se diz popularmente. Há osque se dirigem diretamente aosconstituintes; os que escrevemmemoriais e manifestos; os que fa­zem publicar nos jornais reporta­gens e artigos. Em meio a todosesses métodos, no entanto, conti­nua valendo - e muito - a velhaprática da colagem de cartazes eabertura de faixas, muitas vezesapelando para uma linguagem hu­morística ou irônica, mas semprecom um mesmo propósito. Aindarecentemente, virou notícia em to­da a imprensa um imenso mapado Brasil mostrando a penetraçãodas mineradoras multinacionaisno subsolo brasileiro, notadamen­te na Amazônia. Mais ou menosno mesmo instante - estava emvotação o capítulo da Ordem Eco­nômica - centenas de pesados ca­minhões de transporte de deriva­dos de petróleo foram estaciona­dos ao lado do Congresso com fai­xas quilométricas, pedindo a rejei­ção da proposta do monopólio es­tatal na distribuição e comercia­lização desses produtos.

Os exemplos são muitos. No in­terior do edifício da Constituinte,os cartazes se vão somando às de­zenas, às centenas, cada um dizen­do o que pensa um determinadosegmento social ou econômico. Seuns passam ao largo, outros, noentanto, dedicam atenção a essescartazes e interrompem a cami­nhada aqui e ali para saber quemdiz o quê. Afinal, esta Constituin­te é a que mais se deu ao trabalhode captar e analisar o pensamentoda sociedade. E isso dá a essespedaços de papel e de pano, colo­ridos ou não, um sentido todo es­pecial: cada um deles retrata umpedaço da alma dos brasileiros.

Paulo Neves

A UDReosmagistrados

foram osgrupos maisagressivos.

RonaldoCaiado tinhaaté gabinetena sala onde

os gruposnegociaram a

reforma agrária.

projeto de lei de autoria do sena­dor Marco Maciel, para quem es­ses grupos, na medida em queatuam como veículos de interaçãodas relações entre nação e estado,constituem instrumento indispen­sável à realização dos princípiosdemocráticos. Marco Maciel nota,ainda, ser conveniente considerarque, na sociedade de massas, ca­racterizada por seus distintos seto­res de especialização, o indivíduoisoladamente pouco pode influirjunto ao poder político, a não serassociado a outros, numa comu­nhão de interesses e objetivos ca­paz de estabelecer forte círculo en­tre eles.

Muitos Métodos - Enquanto seproduzem estudos, ensaios e ava­liações sobre os lobbies, suas van­tagens e desvantagens, em termos

,tzVOTA~VAMOS ELEGER

NOSSO GOVERNADOREASSEMBLÉIALEGISLATIVA

EU APÓ.ID

PLEBISCITO

onstituinte

179 ANOS DE; LUTAUmde$e,oseculardo reu povo, dOSgOfiflOS e dosblõlslle,ro~

Emenda N92P01567-1 com 337assinaturas.

PEDE UM

Tocantins

Dos Deputados: HomeroSantos(PFL) Chico Humberto(pOr)

VirgilioGalassi (PDS)Raul Belem(PMDB)

Rosa Prata(PMDB) Roberto Vital (PMDB)Milton Lima MDS Luiz Albci:O Rodrlgucs (PMOS)

- Todos 05 deputados ~aA~la Li":latwa do Estado de GOIás_ Todos 05 deputados federais wnst,lulljte; pelo ESlado de GOlál,

-Sel'tadofcsgolanos ' ,_ GOIIemador HenrlQOO Santlllo

_MlnlstrolilsRczendeMachado- Todos 05 60 Prefeitos e 600 Vereadores da

!"e9lão,_TodososPanldospolfllCOS,_ Todas as cíassesrepresentatwasdos segmenlQssocalsedalodailpopulaçio

APOIOUNAN1ME

CONSTITUINTE: ~!4;::

A EMENDA DO TRIANGULO

o constituinte oferece uma outra expli­cação para sua eficiência. "E o lobbydo medo da ditadura. O medo da espadaé sempre maior do que a vontade dese fazer democracia".

No caso da reforma agrária, uma dasvotações mais conflitantes depois de umrecorde em horas de negociação, a pres­são externa chegou a fazer com quy opoder de decisão ficasse à deriva. E aopinião de Jayme Santana (PFL-MA),para quem a agressividade da UDR fez"fugir a decisão do âmbito congressual".

"Foi uma ação normal, e a decisão,afinal, coube à própria Constituinte",contesta o deputado Alysson Paulinelli(PFL - MG). O rebate é de outro mi­neiro, o petista Paulo Delgado. Para elea UDR criou constrangimentos à liber­dade individual "e comprometeu a éticapolítica" .

Ampliando seu enfoque para a açãode todos os grupos de pressão, Delgadoaponta dois limites que devem ser respei­tados nesta atividade junto ao Parlamen­to: o primeiro é o compromisso de cam­panha do candidato - "a fidelidade aopartido não pode ser rompida pela pres­são". O segundo, e ainda mais funda­mental, é a consciência individual domandatário da representação popular.

Eurico Schwinden

INFORMAÇOES

Estado do

• Area 286 706 km2

• Popu ação 1 200 000 hab

• Rebanhobovinode 6,5 mIlhões.Ul')mllhoodebOlsgordo{allo

elOOprodJIOrdegrJosdopafs

e soem produção de arroz

• Área cultwwel de 35 mIlhões de hectares

.35 ml hõesdehapromosparalm~ação

.54 murnc(plO$com OCOrr~llclas mfneriH5

UM ATO DE SOBERANIADA CONSTITUINTE

r ana

Si eles sempre têm razãoI

integrantes do Conselho de SegurançaNacional, na nacionalização dos miné­rios e na criação do Conselho de DefesaNacional.

Alceni Guerra (PFL - PR) concordacom a eficiência militar e cita até umcaso de promoção de lobista militar jun­

I to 'àConstituinte. Por sua atuação impe­, cáyelo coronel Werlon Rure teria garan­

tido sua promoção a general. "As ForçasArmadas e a Igreja conseguiram tudoo que queriam aqui dentro", reforça Al­ceni, com a discordância de Scalco, paraquem a Igreja perdeu em vários pontos,inclusive na reforma agrária. Quem ga­nhou mesmo, segundo o vice-líder doPNiDB, foram os magistrados. Commuita agressividade conseguiram íntro­duzir no texto constitucional várias desuas propostas corporativas, e mais: fo­rajn decisivos na derrota das emendasq~e criavam o Conselho de Justiça e oTrrbunal Constitucional.

Mendes Ribeiro (PMDB - RS) nãocorcorda com a eficiência de nenhumgrtpo de pressão. "Foram apenas corpo-

--·ra ivos e tumultuaram o processo", acu­'sa o I?arlamentar, observando que am~iona das remissões para a lei comple­myntar e ordinária foi provocada pe­lo19ue ele classifica de "interesses mino­ritários". No caso das Forças Armadas,,

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A luta em plenário entre 4 e 5ADIRP/Sa!ustIaDO Pinto

Marcelo Cordeiro preside sessão da ANC em que foram debatidas as disposições transitórias

Tema dominante no decorrerda semana, a questão do mandatodo presidente José Sarney mobi­lizou quase que inteiramente osdebates no plenário da Constituin­te. Um dos que falaram, signatárioda fusão de emendas favoráveisaos cinco anos - que acabou pre­valecendo -, o constituinte Ma­theus Iensen (PMDB - PR) co­meçou por isentar Sarney de qual­quer res1:?0nsabilidade pela situa­ção difícl1 que o país atravessa. Is­to porque, em sua opinião, seriaele antes uma vítima dessa conjun­tura, "pois dele se cobram solu­ções que vão além de sua possibili­dade". Lembrou ainda que Sarneyassumiu o governo em condiçõesatípicas, pela morte inesperada deTancredo Neves.

Depois de recordar a tradiçãoconstitucional, estabelecida naCarta de 46, de que o mandatode presidente seja de cinco anos,Matheus Iensen argumentou quea idéia dos cincoanistas era, antesde mais nada, assegurar a Sarneyo tempo necessário para comple­tar a transição para a democracia.

COMPROMISSO

Já o constituinte Maurílio Fer­reira Lima (PMDB - PE) prefe­riu cobrar do presidente José Sar­ney que honrasse seu compromis­so de que só governaria durantequatro anos. "A crise que o Brasilvive - salientou - tem uma di­mensão ética e moral, e, no meiodessa crise, o político só ganha emcredibilidade da polícia, porque opolítico brasileiro não costuma terpalavra". Ele tem como certo quea extensão do mandato de Sarneypara cinco anos foi produto de ma­nobras visando impedir a eleiçãoainda este ano do ex-governadorLeonel Brizola. Em sua opinião,isso representa a cassação de 70milhões de eleitores "que desejamvotar em eleições livres".

Maunlio Ferreira Lima conde­nou a argumentação de ministrosmilitares de que haveria um planode reequipamento das Forças Ar­madas coincidente com o mandatode Sarney. A seu ver, tal argu­mento poderia ser repetido a qual­quer momento que se desejasseprorrogar o mandato do presiden­te.

LIBERDADE

"É necessário que esse Gover­no se mantenha pelo prazo de cin­co anos para garantir o clima deliberdade, assegurar a anistia e fi­nalizar esse espetáculo de demo­cracia e liberdade que estou vendoneste plenário." Quem disse issofoi o constituinte Carlos Sant'A­nna (PMDB - BA), acrescentan­do que o Governo Sarney tem da­do contínuas provas de liberalida­de e lembrando, como exemplo,que foi durante sua gestão que ospartidos comunistas entraram nalegalidade. Para ele, o mandatode cinco anos é absolutamente ne­cessário para a conclusão da fasede transição democrática, bem co­mo para que o país se reintegreno concerto das nações livres domundo.

Na visão do constituinte ValterPereira (PMDB - MS) entretan-

to, a coisa não é bem assim. Eleacha que foi através de "uma ara­puca chamada Colégio Eleitoral ede uma farsa legislativa que a von­tade do povo e do Congresso Na­cional foi fraudada por 20 anos",daí ter como ilegítimo também oColégio Eleitoral que elegeu JoséSarney para a Presidência.

DESGRAÇA

Francisco Küster (PMDB ­Se) falou por seu turno sobre adefinição do mandato do presi­dente José Sarney, dizendo serfundamental o respeito ao povo,sendo impossível imaginar quegrupos na Constituinte pudessemcontinuar a "tripudiar sobre a des­graça popular" .

Ao falar em "desgraça" o cons­tituinte disse estar se referindo auma inflação que destrói a econo­mia do trabalhador e de micros,pequenas e médias empresas; aum governo que, apesar de ter ob­tido na agricultura a maior safra,destrói a subsistência dos peque­nos empresários, o que contradízo próprio presidente Sarney, paraque "estamos saindo da maior cri­se", saída que o constrtuínte cata­rinense acredita estar sendo feitaatravés do Congresso, via Assem­bléia Nacional Constituinte, pelosque o apoiam para conseguir cincoanos de mandato,

Apesar de sua posição quatroa­nista, Francisco Küster disse res­peitar os cincoanistas convictosmas não os "interesseiros que, naúltima hora deixaram-se levar porconversas dos governadores e poroutros interesses ainda menores,tornando-se inimigos do povo, di­vorciados da soberana vontadepopular".

TRANSIÇÃO

Também, defendendo os qua­tro anos de mandato para o presi­dente José Sarney, falou o consti­tuinte Robson Marinho (PMDB

Para os quedefenderam 5anos, a idéiaera garantira transição

democrática.Transiçãoessa que os

defensores dos4 anos tinhamcomo muitodemorada

- SP), lembrando que, quandoo anterior Congresso rejeitou aemenda das diretas, o povo brasi­leiro delegou ao presidente Tan­credo Neves - e à época candi­dato a vice-presidente o senadorJosé Sarney - a competência paraconduzir a transição democráticaem nosso país, para que se promo­vesse, durante o período necessá­rio, essa passagem do Estado au­toritário para o democrático.

"Entendemos, continuou Rob- 'son Marinho, que no momento emque for promulgada a nova Consti­tuição encerra-se a transição de­mocrática, esta aliás tão demora­da, que já dura 13 anos, vinda dadistensão promovida pelo generalGeisel até à abertura do generalFigueiredo e a Nova República."

Desta forma, Robson Marinhoreafirmou sua posição pró quatroanos de mandato para o presiden­te Sarney, lembrando que este de­veria ser o responsável maior eprincipal pela transição, já que re­cebeu do povo brasileiro essa dele­gação, mas que contradiz esseprincípio, querendo manter-se nopoder por mais tempo, colocan­do-se como entrave e dificultandoo caminho democrático, indo deencontro à vontade popular.

PESQUISAS

A defesa dos quatro anos demandato foi ainda o assunto levan­tado pelo constituinte Aldo Aran­tes (PC do B-GO), assegurandoque a opinião publica brasileira játem ponto de vista formado emrelação ao tema, como revelampesquisas realizadas em todo opaís. Esse governo - consideraele - é de transição e surgiu comofruto de uma luta pelo fim do regi­me militar e com o compromissode que o ex-presidente TancredoNeves colocaria um ponto finalneste processo depois de quatroanos de mandato.

Aldo Arantes afirmou tambémque a política adotada pelo presi­dente Sarney "é antipopular e an­tinacional", , com medidas comoarrocho salarial, congelamento daURP e a abertura do país parao capital estrangeiro - fatos quesão frontalmente contrários aosinteresses da grande maioria dopovo brasileiro". Segundo acredi­ta, "os constituintes serão julga­dos pelo povo com voto sobre omandato do presidente Sarney,mas o Partido Comunista do Bra­sil, "tem uma posição clara e de­finida, não só em torno desse as­sunto como também em relaçãoà realização de eleições municipaiseste ano".

INTERESSE EXTERNO

o constituinte Ademir Andra­de (PSB - PA) afirmou por suavez que os defensores dos cinco

anos para o presidente José Sar­ney estavam contra o interesse dopovo brasileiro, contra o desen­volvimento do Brasil, contra aprodução e aumento do consumointerno mas a favor da atual políti­ca, o que, na verdade, é a queinteressa ao imperialismo interna­cional.

Outra preocupação do consti­tuinte diz respeito à possível pror­rogação dos mandatos dos atuaisprefeitos e vereadores, cujos de­fensores argumentam que eleiçãogera despesas, havendo eles tam­bém adotado o perfil cincoanista.

Segundo Ademir Andrade, oPartido Socialista Brasileiro semanifestou favorável aos quatroanos de mandato para o presiden­te José Sarney não só porque esseseria o período normal de transi­ção "como também pela ineficiên­cia do atual Governo, que estácomprometido com os interessesdo capital internacional." Quantoàs eleições para prefeitos e verea­dores, o partido deverá votar paraque se realizem ainda este ano res­pondendo, assim, ao anseio do po­vo brasileiro, que exige mudanças,e reconhecendo, inclusive, que apressão popular é muito importan­te para que os compromissos de­mocráticos sejam respeitados pelaAssembléia Nacional Constituin­te.

CASSAÇÃO

Também, falando sobre o man­dato do atual presidente da Repú­blica, Mozarildo Cavalcanti (PFL- RO) defendeu os cinco anoslembrando, inclusive, que a Cons­tituinte já decidira estabelecer omesmo mandato para os futurospresidentes.

Continuando, Mozarildo Ca­valcanti recordou que o presidenteJosé Sarney foi eleito juntamentecom Tancredo Neves para ummandato de seis anos, e publica­mente abriu mão de um ano, op­tando pelo mandato de cinco anos.Entretanto - salientou - algunsparlamentares, "na maioria ex­cassados pelo rel$ime de exceção,queriam, na realidade, fazer tam­bém uma cassação contra o presi­dente José Sarney" o que, segun­do o constituinte do PFL, "seriaum paradoxo histórico".

Mozarido Cavalcanti disse ain­da que não se recordava da mesmapostura desses políticos durante oauge do Plano Cruzado, ou seja,durante a campanha política naqual se elegeram. Mas, ao contrá­no, sequer abordaram a duraçãodo mandato do presidente Sarneynaquela época, o que, se tivesseacontecido, não surpreenderia poreventuais defesas pelos seis ou atémesmo mais anos de mandato, co­mo ocorre na França, onde o pre­sidente é eleito por sete anos.

Na opinião de Mozarildo Caval­canti, o importante é que o man­dato do presidente Sarney fossediscutido sem a emotividade dascircunstâncias, pois, apesar de to­dos reconhecerem que o país atra­vessa uma crise violentíssima, eque há sacrifício principalmentedos mais pobres, qual seria o Pre­sidente que, tendo assumido emtais circunstâncias, teria levado opaís a uma situação diferente?

10 Jornal da Constituinte

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Tabelamento permite o caixa 2ADIRPlWtlliam Prescott

nesse contexto, foi uma soluçãosalomônica que só virá contribuirpara a manutenção equilibrada doensino brasileiro.,

JC - Na condição de ex-gover­nador do seu estado, consideracorreta a reforma tributária apro­vada pela Constituinte?

José Agripino - Foi mais doque justa, foi o que era possível.Porque veja, os estados e municí­pios são ainda hoje mendigos daUnião. A União, gue dispõe dosrecursos maciços do país, promo­ve a aplicação desse dinheiro den­tro do pensamento que ele julgacorreto - ele, Governo Federal,ela, União - e nem sempre aten­de as prioridades locais de estadose municípios. Eu, que fui prefeitode capital e 'governador, muitasvezes me submeti a programas quenão eram prioritários para o meuestado e para a minha região, pelofato de só haver dinheiro paraaquele tipo de programa. Na me­dida em que se divide melhor,mais eqúânimemente, os recursosentre a União, entre os estadose os municípios - e isso vai tirardinheiro da União e dar dinheiropara os estados e municípios ­acho que quem vai ganhar são oscidadãos dos estados e municípiosque vão ter, através das suas admi­nistrações locais - quer munici­pais quer estaduais -, a oportu­nidade de ver atendida a carêncialocal.

Nem sempre o que é importantepara Belo Horizonte é importantepara Natal, nem sempre o que éimportante para o Rio Grande doSul é importante para o Rio Gran­de do Norte. E a arma tributária,provendo uma melhor redistribui­ção da renda pública, vai possi­bilitar fundamentalmente, a partirda eficiência dos administradoresestaduais e municipais, um melhoratendimento para suas reivindica­ções e necessidades,

JC - A parte tributária é umadas que o Poder Executivo preten­de modificar na votação em segun­do turno, no plenário. Acreditanessa possibilidade?

José Agripino - Não. Essa éuma que eu, inclusive em sã cons­ciência, descarto, porque cadaconsti~ui~te tem o compromisso,em pnmeiro lugar, com o seu esta­do e com a sua região. O que foifeito é exeqüivel pela União. Ela,a arma tributária, vai provocar, in­clusive, um enxugamento na má­quina administrativa federal queestá inchada, irresponsavelmenteinchada. Na medida em que os re­cursos sejam melhor distribuídos,você vai melhorar a eficiência daadministração, porque os recursossão aqueles e terão que ser sufi­cientes para prestação dos servi­ços, que, pela Constituição, de­vem ser prestados por cada esferade poder: município, estado eUnião.

E, mais do que tudo, os consti­tuintes que têm responsabilidadepelos seus estados e pelos seus mu­nicípios estão conscientes, tam­bém, de que aquilo que é respon­sabilidade da União é possívelcumprir com os recursos que con­tinuam a ser destinados a ela,União. De modo que, por essasrazões, não acredito que algumconstituinte vá trair as suas convic­ções ou vá trair, até mesmo, osseus compromissos com os seus es­tados e com os municípios.

No caso da aposentadoria parao homem do campo, porque a mi­nha emenda objetivou fundamen­talmente o homem do campo. Averdade é que hoje o aposentadodo Funrural recebe meio saláriomínimo, por isso ele não pode so­breviver. E é de se reconhecer queele trabalhou anos e anos produ­zindo e gerando a riqueza nacio­nal. Na medida em que na Consti­tuição se garante que nenhum ci­dadão brasileiro possa ter remune­ração inferior ao salário mínimo,está-se garantindo ao homem ido­so do campo que ele, aposentadodo Funrural, a partir da promul­gação da nova Carta constitucio­nal, por justiça e por direito, vaitambém ele receber, como acon­tece com o homem urbano, pelomenos um salário mínimo de apo­sentadoria. Acho que em ambosos casos, da dona-de-casa e doaposentado do Funrural, pratica­se um ato de extrema justiça e alta­mente procedente.

JC - No acordo que permitiu avotação na área da educação, achaque foi justo tanto para a área doensino público como para a áreado ensino privado?

José Agripino - Foi feito umacordo - como você acabou dedizer - e largamente discutido.Porque, veja bem, é preciso en­tender a realidade dada pelo ensi­no privado e pelo ensino público.Existem escolas privadas que ob­jetivam lucro e outras que não ob­jetivam lucro, que são as filantró­picas, as religiosas, as confessio­nais, as quais prestam serviçosmuito importantes, muitas vezesaté melhores dos que os prestadospelo ensino público. E, empres­tando um adjutório na prestaçãodesse serviço de responsabilidadepública do país, por que privá-las- se as escolas são confessionais,religiosas, filantrópicas e não ob­jetivam lucro - de receber, dealguma forma, mesmo através debolsas de estudo, apoio do gover­no? Acho que o que foi feito, ga­rantindo prioritariamente a verbapública para escola pública, massem excluir as escolas privadas

Tabelar osjuros é criar

um mal muitomaior do quese deixar que

as leis demercado

definam astaxas

que sãocobradas

pelos bancosVamos começar pela questão dadona-de-casa. A dona-de-casanormalmente pode, depois de omarido morrer, viver da pensãodo marido, mas ela pode ter difi­culdades, porque o marido podeaté nem ter pensão, ou pode dei­xá-la por razões diversas, até podeter se separado dela, pode deixá-lana rua da amargura. E se ela pode,voluntariamente, ao longo da suavida, construir a sua própria e indi­vidual independência, por que nãodeixar que ela o faça, sem sobre­carregar a Previdência? Porque oque foi aprovado foi o direito quese outorga à dona-de-casa de, re­conhecida a sua profissão, contri­buir mês a mês ao longo dos anospara que, em contribuindo, tenhadireito à Previdência, e ela depoisde um certo número de anos possater assegurada a sua também apo­sentadoria, independente do quepossa ser assegurado pelo marido,que pode ter morrido.

- -Agripino: a reforma tributária foi mais do que justa, fala que era possível

tiva, já que somos um país capita­lista, do que pela evolução paraa estatização, que vai evoluir, fa­talmente, para a instituição de umimpério de preços definidos porquem produz e produz só, ou porquem produz e produz em maiorquantidade, no caso as estatais.

JC - Como vê a questão daanistia dos militares?

José Agripino - Esta é umaquestão controversa, uma questãoque vem sendo discutida há muitotempo e, mais do que isso, é umaquestão explosiva, porque os che­fes militares - entendo a questãodeles e entendo a questão dos anis­tiados - têm contas a prestar aosseus liderados, diferentes de coro­nel para baixo, que se julgam pre­judicados pelo fato de estarem naativa e não terem os benefícios queos anistiados pleiteiam. Da mesmaforma, os anistiados pleiteiam be­nefícios a maior. O que acho éo seguinte: no fim do Governo Fi­gueiredo foi votada uma lei deanistia que, no meu julgamento,ainda é imperfeita, porque parao grupo de graduados, que são sol­dados, cabos e sargentos, não foiconcedido o mesmo benefício quefoi concedido aos oficiais.

O que eu acho que a Consti­tuição poderia e deveria fazer era,no texto constitucional, nas dispo­sições transitórias, definir de umavez por todas aquilo que no fimdo Governo Figueiredo foi conce­dido para o grupo de oficiais; serestendido nos mesmos princípiose nas mesmas bases ao grupo degraduados, que são exatamente osmais modestos e os mais humildes,dentre os anistiados, que são ossoldados, os cabos, os sargentose os suboficiais.

JC- Na área da seguridade so­cial, o senador apresentou duasemendas que foram aprovadas:uma dando direito de contribuiçãoà Previdênciapara a dona-de-casa;outra, estipulando um salário mí­nimo para o trabalhador no cam­po, que hoje ganha apenas meiosalário mínimo.

José Agripino - Acho que fo­ram duas questões aprovadas eque vão trazer muita justiça social.

o Constituinte José Agripino (PFL ­RN) é contra o tabelamento dos juros ban­cários no texto constitucional: "Os bancosvão cobrar algo por fora dos tomadores dedinheiro e vão instituir, ou institucionalizar,o caixa 2, que é uma burla". Quanto à anis­tia dos militares, Agripino defende a exten­são aos graduados, nos mesmos princípiose nas mesmas bases, do que foi concedidoaos oficiais no fim do governo Figueiredo.Ele também analisa emendas de sua auto­ria, já aprovadas. A primeira, permitindoa contribuição à Previdência pela dona-de­casa, para que ela tenha assegurada a suaaposentadoria. A segunda, estipulando umsalário mínimo para o homem do campo,como acontece atualmente com o trabalha­dor urbano.

JC - Senador, o plenário daAssembléia Nacional Constituinteaprovou um tabelamento de 12%ao ano dos juros bancários. Con­corda com a medida?

José Agripino - Primeiro de tu­do, acho que essa não deveria sermatéria constitucional. Muitomais importante para se tratar naConstituinte do que a fixação dejuros - e é preciso registrar quenão se ordena a economia por de­creto nem por lei - seria a Consti­tuinte estabelecer que a atividadeagrícola ou a do microempresáriodeveria ser subsidiada e esse subsí­dio vir a ser regulamentado porlei ordinária ou lei complementar.Mesmo defendendo o subsídio docrédito rural para o microempre­sário, que não existe inclusive ho­je, votei contra o tabelamento dosjuros no teto máximo de 12%, porentender uma coisa que vai acon­tecer se persistir esse preceitoconstitucional: é que os bancosvão criar o caixa 2, porque em nãopodendo emprestar o dinheiro a12% - e eles vão argumentar isso- eles vão cobrar algo por forados tomadores de dinheiro e vãoinstituir, ou institucionalizar, ocaixa 2, que é uma burla.

A compra por crediário vai dei­xar de existir, porque na medidaem que o vendedor não possa ofi­cializar seus custos para o compra­dor, ele não vai mais vender porcrediário e quem vai ficar preju­dicado é aquele que só pode com­prar a crédito e compra pagandocarnê. Com esse tabelamento,adeus crediário, adeus crédito di­reto ao consumidor, e fica insti­tuído o caixa 2 para os bancos,que é um mal muito maior do quese deixar que as leis de mercadodefinam as taxas de juros cobradapelos bancos a quem vai tomar di­nheiro emprestado em banco.

JC - Na área econômica as de­cisões da Constituinte têm tomadoum rumo muito estatizante?

José Agripino - Eu diria quemeio a meio; muitas coisas têmde ser estatizadas, e acho que aação capitalista, em evolução co­mo no Brasil, não pode caminhar­no sentido de estatízação, porquea estatização gera oligopólio, oli­gopólio gera preço inflexível, pre­ço definido de cima para baIXO,independente da livre concorrên­cia. Agora, muita coisa tem sidofeita no sentido de estimular a li­vre iniciativa também na Consti­tuinte. Eu colocaria que nessecampo da economia as coisas têmficado meio a meio. Eu prefeririaque as coisas caminhassem muitomais pelo campo da livre inicia-

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Miranda vê. / .municipiosmais fortes

A ecologiatalvez seja oponto maisimportante:

quero émelhoria de

vida,condição devida para osmeus filhos,

para osmeus netos

É por isso que quero a preser­vação do resto, do que sobra daMata Atlântica, a preservação dasmaravilhas das nossas praias brasi­leiras, a preservação da nossa Flo­resta Amazônica, esse Pantanalmaravilhoso que está na RegiãoCentro-Oeste. A disposição nossaé de que ele também deve ser pre­servado com todo o seu espaço,suas plantas, toda essa fauna, essaflora nossa tão rica que hoje nóstemos que falar que existem plan-tas naturais do Brasil que não exis­tem mais no Brasil mas que são

''4 cultivadas com todo o cannho naAlemanha e nos Estados Unidos.Isso tudo nos deixa muito tristesmas percebo na Câmara, no Con­gresso Constituinte, hoje, um mo­vimento muito grande de consti­tuintes preocupados com essaárea.

JC - Houve o caso do Cé­sio-137 em Goiânia. Como aConstituinte poderá auxiliar nomelhor controle e na fiscalizaçãodesses artefatos radioativos?

Mauro Miranda - Talvez o ca­so do Césio tenha vindo numa ho­ra muito própria, para despertarnossa Constituinte, para escreverartigos fortes que estamos preven­do para o controle, a fiscalizaçãodesses pontos tão relegados. Nãosabíamos quantos pontos existiamsemelhantes ao caso do Césio emGoiânia, nem em que pontos doBrasil estavam localizados essespontos radioativos. Hoje, com es-

. . . _ se caso de Goiânia, percebemosMiranda: controle matordo arsenal radioativo do pOIS que a CNEN está se reaparelhan-

do e conseguindo ter um controlezendeiro, o médio fazendeiro, mas' . sobre esse arsenal radioativo queos ânimos fo!am de .tal forma .exa- existe por todo o país.cerbados e_tao co~flI~antes os inte- No caso de Goiânia percebemosresses e tao radicalizados, tanto o seguinte: há uma sensibilidadepelo lado.d~ esquerd~ como pel? enorme na Constituinte. Semprelado da direita, que nao fOI POSSI- que se fala em meio ambiente lem­vel chegar ~ u~ ~cordo. _ bra-se o caso de Goiânia, do Césio

Talvez fOI o umco tema que nao em Goiânia do terror que foi parachegou a um acordo, como conse- G" , ríodo m hguimos, por exemplo, na área da ~)las ess.e pe ,as ac o quesaúde, educação, na área da habi- fOI proveitoso.tação, na área da reforma urbana, JC - Mineiro de nascimento eem que conseguimos, por exem- deputado por Goiás: é favorávelplo, 322 votos a 1, onde fui um à criação do Estado do Tocantinsdos negociadores. Então, acho e também do Estado do Triãngu­que a área rural, que é uma área lo?extrem~mente importante para Mauro Miranda - Sou. Sou deeste pais, s~n~o pro!undamente Uberaba, lutei, quando era estu­que a Const1tull~te saiu um_pouco dante, para a separação. Sei as his­frustrada nessa area, ela nao co~- tórias de Dona Beija, e as doseguiu o acordo que tode: ? !3rasll Triângulo todo que pertenceu aespe~ava dela. FOI UI~a vI~ona fo~- Goiás e até ao comando de Recife.t~, .dlsputada, mas nao fOI uma Vi- Depois, passou para São Paulo etona de grandeza. voltou para Minas Gerais. Existe

JC - E a questão da ecologza, um sentimento muito grande nadeputado? separação do Triângulo e existe,

Mauro Miranda - O que que- sobretudo, uma condição sócio-e­remos é melhoria de vida, é condi- conômica e política capaz de admi­çáo de vida para os meus filhos, nistrar muito bem o estado dopara os meus netos. Esse talvez Tnângulo. Então, torço pelo Esta­seja o ponto mais importante, é do do Triângulo como triangulinoo que mais empolga a juventude e como conhecedor da região dode hoje, e sempre a juventude tem Triângulo.muita razão naqueles temas que Sou torcedor pelo Estado doa empolgam. Percebo hoje, quan- Tocantins, fiz minha campanhado viajo pelo rio Araguaia. a ma- política pregando este estado. Te­ravilha do rio Araguaia, eu já via- nho compromisso com os municí­jei há dez anos atrás, a diferença pios que me elegeram como depu­que existe entre o rio Araguaia tado majoritário daquela área porde dez anos atrás e o rio Araguaia lutar pelo Estado do Tocantins.de hoje. Isso tudo nos leva a nos E Goiás inteiro é a favor de Tocan­apaixonarmos por um tema desse tins. Toda a Assembléia Legisla­como a ecologia. Em Goiás, tam- tiva votou, por unanimidade, a fa­bém, vejo outros rios, como o rio vor do Estado do Tocantins, e porVermelho, que serve à cidade de unanimidade, também, todos osGoiás, antiga capital nossa, com- goianos que estão aqui hoje vãopletamente poluído, completa- votar a favor desse estado. Torçomente desfigurado, acabado mes- para que o Brasil, com esses doismo. Então, percebo que, se nós estados, repita o sucesso de Matonão lutarmos com unhas e dentes Grosso, que se partiu em Matonessa área, com todo o afinco, Grosso do Sul e Mato Grosso, ecom todo o amor, com toda a pai- hoje são dois estados fortes da Fe­xão mesmo, o dia de amanhã vai deração e que tiveram um cresci­ser muito ruim para nossos filhos, mento muito acima da média donossos netos. crescimento nacional.

ADIRPlWdltam Prescott

mo o sem-terra, ou nos cortiçosnas beiradas das ruas e favelas dosgrandes centros. É preCISO tornarmais social, mais humano essemundo de hoje nosso.

JC - O que o senhor acha dotexto aprovado no tocante à refor­ma agrária?

Mauro Miranda - Nós somosde um estado extremamente rurale sentimos e lamentamos profun­damente que com a radicalização,tanto da esquerda como da direita,não se tenha chegado a um textorazoável. Saí muito frustrado des­sa caminhada porque percebi quea vitória foi conseguida através deuma derrota em número de votos.Lutei o máximo possível para quechegássemos a um acordo, paraque fosse entendido o drama quevive o homem do campo hoje, ogrande fazendeiro, o pequeno fa-

talecê-Ios e de deixar o cidadãodiretamente vinculado àquele queestá prestando serviço à sua comu­nidade. Repetimos isso no sistemade água, no sistema de estradas,no sistema de escola, principal­mente a escola de 10 grau. Issotudo foi encaminhado. Trabalha­mos no sentido de fortalecer o mu­nicípio ao máximo, de dar ao cida­dão o direito de reclamar direta­mente ao prefeito, à 'p'rimeira au­toridade local, a qualidade do ser­viço que é exigida por ele.

JC - Outra matéria de suapreocupação é a reforma urbana.

Mauro Miranda - A reformaurbana já é um problema gravís­simo, porque o campo se esvazioupor motivo de uma mjustiça socialmuito grande, de uma lei ruralmuito atrasada, da falta de umareforma agrária razoável social­mente justa. Esvaziou-se o cam­po, esvaziaram-se os pequenosmunicípios e incharam as grandescidades, as grandes metrópoles.Hoje temos de constatar que te­mos de decidir sobre os 50,60%dos que ocupam as grandes cida­des, e as 10 maiores cidades queabrigam a maioria da populaçãobrasileira. Então, nessa hora, anossa grande preocupação tam­bém foi a condição de vida do ho­mem dentro das grandes cidades,já que ele está fora, e temos deresolver o problema dele dentrodessa cidade: Nós percebemos ho­je que existe uma falta de política,de defmição de política de vidahumana, das condições de vida,de ecologia, do ecossistema todoem que VIve o homem nas grandescidades. Essa foi uma grandepreocupação para definir uma po­lítica das grandes metrópoles, dasáreas metropolitanas.

Vimos a questão do abasteci­mento de água nas grandes cida­des, nas grandes metrópoles, aágua que está num município eque deve abastecer os outros mu­nicípios. O lixo da Grande SãoPaulo ser jogado dentro de um ou­tro município, um distrito perto.Então, não tem condição de seremindependentes os municípios queestão na periferia de São Paulohoje sem haver uma política me­tropolitana maior, acima dos mu­nicípios. Essa foi uma preocupa­ção enorme, o uso do solo, comodeveria ser feito esse uso do solo,já que vemos hoje um movimentosocial intenso, passando por cimade todas as leis e fazendo as gran­des invasões dentro das grandescidades porque o povo não temonde morar mais.

O campo, os grandes proprie­tários rurais, as leis que regem esseconflito do campo são insuficien­tes e jogaram o povo para dentrodas cidades, e hoje as leis urbanastambém não respondem pelo acú­mulo de gente dentro de uma áreaurbana. Era preciso redirecionarisso tudo e dar um lugar, pelo me­nos, para o povo morar, e não mo­rar nas beiradas das estradas, co-

Vice-Presidente da Subco­missão dos Municípios, o cons­tituinte Mauro Miranda(PMDB - GO) frisa que umadas suas maiores preocupaçõesfoi no sentido de fortalecer ospequenos municípios e, com is­so, "deixar o cidadão direta­mente vinculado àquele queestá prestando serviço à sua co­munidade". Miranda reclamada radicalização ocorrida navotação da reforma agrária, oque impediu "o acordo que to­do o Brasil esperava". Ele tam­bém se declara favorável à cria­ção dos Estados do Tocantinse do Triângulo.

JC - Deputado, o senhor foivice-presidente da Subcomissãodos Municípios. O que aconteceude favorável aos municípios no tex­to aprovado até agora?

Mauro Miranda - Uma dasprimeiras preocupações que tivedesde a campanha política foi ofortalecimento dos pequenos mu­nicípios, já que represento 52 de­les, onde fui majoritário. São mu­nicípios de menos de 20 mil habi­tantes e que têm um problema:em vez de crescer, nesse períodoenorme de quase 20 anos de dita­dura, foram diminuindo de tama­nho. Então, essa preocupação dadescentralização do país foi umadas grandes preocupações que ti­ve, e o que achei principal é quefortalecêssemos ao máximo osmunicípios no sentido de evitar es­se grande crescimento dessasgrandes metrópoles que temos ho­je, como Rio, São Paulo, BeloHorizonte, Porto Alegre, e mes­mo Goiânia. Nós percebemos ascondições de vida na periferia dasgrandes cidades, formada justa­mente de pessoas que vieram dospequenos municípios e que hojevivem em uma subcondição huma­na nas grandes cidades.

JC ...::... Acredita que a reformatributária, aprovada no plenárioda Constituinte vai favorecer parafixar mais o homem nos pequenosmunicípios?

Mauro Miranda - Eu acho quefoi um grande passo tomado. Adescentralização em todos os seto­res da Constituição foi feita nosentido de fortalecer o municípioe a administração municipal. Vi­mos na área da saúde, por exem­plo, que aprovamos há poucosdias, o sistema único de saúde pú­blica, porque vemos a interferên­cia da União, do estado e do muni­cípio dentro do sistema de saúdemunicipal, sem que houvesse con­trole. O povo não tinha acesso pa­ra diretamente fiscalizar o podercentral, em Brasília, ou mesmo ogoverno do Estado, já gue a fisca­lização deve ser feita diretamentedo cidadão ao prefeito local, à au­toridade local.

A grande preocupação o tempotodo em todas as áreas em quediscutimos municípios era de for-

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Aposentadoria agora é integral

Mendes Thame. votarei pelos quatro anos porque este governo já cumpriu o seu papel

Para o constituinte AntônioCarlos Mendes Thame (PFL­SP), o novo texto constitucio­nal consagrou "uma das maisantigas reivindicações pratica­mente de todo o povo brasi­leiro, que é o direito de se apo­sentar com uma aposentadoriaequivalente ao salário que otrabalhador recebia na ativa".Ele considera justa a aposen­tadoria proporcional aos 30anos para o homem e 2S anospara mulher, já que a medidajá havia sido concedida aosfuncionários públicos. MendesThame defende a extensão aosjá aposentados dos direitosaprovados para os que vão seaposentar, tendo inclusiveemenda nesse sentido. Na en­trevista, Mendes Thame co­menta os mecanismos que irãopermitir um maior controle doEstado pela sociedade, entreeles o mandado de injunção.Ele diz que o texto na área dasaúde "foi extremamente equi­librado". Thame é favorável àreeleição para cargos do Exe­cutivo e por um mandato de4 anos para o presidente Sar­ney.

JC - Deputado, u que pode serdestacado no novo texto no quese refere à aposentadoria?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Para quem está hoje na ati­va e vai se aposentar, o consti­tuinte consagrou no texto consti­tucional uma das mais antigas rei­vindrcações praticamente de todoo povo brasileiro, que é o direitode se aposentar com uma aposen­tadona equivalente ao salário queo trabalhador recebia na ativa. Ouseja, o cálculo do valor inicial des­sa aposentadoria será feito basea­do no valor dos últimos 36 mesescorrigidos monetariamente mês amês, o que evitará, a partir da pro­mulgação da nova Carta, que, jáno primeiro mês, houvesse umachatamento, um pecado original,uma diminuição original do valordas aposentadorias, porque, atéhoje, até o momento, as aposenta­dorias são calculadas pela médiados últimos 36 meses, mas os últi­mos 12 meses não são corrigidos.

Numa inflação como a nossa,que chega a entre SOO e 1000%ao ano, uma sistemática de cálculocomo essa é, no mínimo perversa.Daí, nós concluirmos, que paraquem hoje está na ativa e vai seaposentar, é fundamental que eleespere a promulgação da novaConstituição, para que depois re­queira a sua aposentadoria.

JC - A aposentadoria propor­ctonal do homem aos 30 anos eda mulher aos 25 é uma medidajusta?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - É justa, evidentemente, odireito de aposentadoria cincoanos mais cedo já havia sido con­cedido aos íunêíonãríos públicos,e não havia sentido em se negaro mesmo direito, por uma questãode isonomia, por uma questão atéde eqüidade a todos os trabalha­dores brasileiros, portanto, o ho­mem aos trinta anos e a mulheraos vinte e cinco anos poderão re­querer a aposentadona proporcio­nal.

JC - Deputado, e com relaçãoao reajuste dos proventos dos apo­sentados?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Para aqueles que já se apo­sentaram a Constituinte nadaaprovou, absolutamente nada. Is­so será discutido dentro dos próxi­mos dias, nas disposições transitó­rias. Há emendas de diversosconstituintes, inclusive uma emen­da de minha autoria que prevê pa­ra os aposentados a extensão dosdispositivos aprovados para aque­les que vão se aposentar, ou seja,tenam as suas aposentadorias rea­justadas dentro de um prazo pre­visto em lei, para que passassema receber de acordo com a mesmasistemática dos que vão se aposen­tar a partir de agora.

JC - Deputado, quais os meca­nismos já aprovados que vão per­mitir um maior controle do Estadopela sociedade?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Em primeiro lugar, a partirde agora, qualquer um do povovai poder entrar com uma açãopopular sem ter que pagar os ônus,as custas judiciais, exceto o ônusda sucumbência, no caso de ex-.ADIRP/Salusllano Pinto

pressa, deliberada, clara má-fé.Depois, temos também o manda­do de: ~e~urança coletivo, q~e vaipermítir inclusive que associaçõesfaçam reivindicações em nome deseus associados. Tudo isso ajudaa ter-se um controle desse poderhipertrofiado do Executivo sobrea vida do cidadão. Além disso tu­do, houve, na nova Constituição,um fortalecimento do MinistérioPúblico, que é, em outras pala­vras, o defensor da sociedade.

Eu destaco ainda o mandado deinjunção, que permitirá que se res­guarde, que um cidadão resguar­de-se dos efeitos da inobservânciade qualquer dispositivo constitu­cional, ou seja, se ele tiver consta­tado que um dispositivo dessaConstituição não esteja sendoobedecido, ele poderá impetraresse mandado de injunção, paraque aquilo que está no espírito daLei Constitucional seja cumprido.

Muitos diziam, até de uma for-

Qualquer umvai poder

entrar comuma ação

popular semter que

pagar osônus,

exceto oônus da

sucumbência,no caso de

clara má-fé

ma jocosa, de uma forma até fol­clórica, que nós tínhamos quecriar uma lei que dissesse: "Todasas leis brasileiras da Constituiçãoprecisam ser cumpridas." Na rea­lidade, nós fizemos mais do queisso, pois o mandado de injunçãoé um direito que o cidadão temde resguardar os seus direitosmaiores previstos na Constituição.

JC - Considera certas as medi­das aprovadas na área de saúde?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Considero que o texto naárea de saúde foi extremamenteequilibrado. Ele restringe a açãodo Estado aditar, que é a funçãonormatizadora, permitindo - éclaro - que o Estado tambémexecute, como vem fazendo naárea da saúde, muitas das ações,cabendo à iniciativa privada umaação complementar, ou seja, otexto não Impede que a iniciativaprivada cumpra o seu relevante

papel no atendimento da popula­ção brasileira, só que de acordocom normas emanadas do PoderPúblico.

JC - Muitos dizem que há umatendência estatizante no texto apro­vado.

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Eu acredito que no textoprevaleceu o bom-senso. O Esta­do não pode abrir mão da sua fun­ção normatizadora, de estabelecernormas naquilo que é de relevân­cia pública. E saúde, na minhaopinião, é de relevância pública,mas, entre o papel de estabelecernormas e a execução monopolia­rista de todas as questões de saúdehá uma enorme diferença. Feliz­mente, não caminhou para isso,o texto permitiu que houvesse doissistemas de saúde: um sistema pú­blico hierarquizado de decisõesunificadas, mas com perspectivade descentralização administrati­va, para economizar os pouquís­simos recursos queeste país aplicaem saúde pública de uma formamais equânime.

Mas, por outro lado, permitiuque as entidades privadas conti­nuassem oferecendo os seus servi­ços, a sua tecnologia, os leitos dos

seus hospitais, suas instalações,.para o atendimento público.

JC - Deputado, na sua opt­nião, quais as principais funçõesdo Legislativo no Estado moder­no?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - A nova Constituição dá no­vo vigor, ela revigora o Legisla­tivo. Um vereador, a partir destanova Constituição, vai deixar deser um mero apresentador de no­mes para ruas e praças. Deputadosestaduais, deputados federais,também terão uma função nãoapenas legisladora, mas uma fun­ção de fiscalização e, também, deorientação, capaz de determinaraté as prioridades da execução pe­lo poder público. Porque, a partirde agora, um membro do PoderLegislativo poderá influir no orça­mento. Ele poderá co-elaborar.Elaborar em conjunto os orça­mentos anuais. Isso permite queos representantes do povo ditem

um rol de prioridades. Quais sãoas prioridades para que os recur­sos, esses recursos que não são doGoverno, são da sociedade, sãoarrecadados pela sociedade, se­jam distribuídos, sejam alocados.

JC - Deputado, está sendo vo­tada a legislação eleitoral, para aseleições municipais deste ano. Osenhor é favorável à realizaçãodessas eleições?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Não conhecemos nenhumsistema que se chame democracia,sem eleições. Então, qualquertentativa de se adiarem as eleiçõesmunicipais este ano é um golpe.Um golpe tácito. Porque, essesprefeitos que já tiveram 6 anos,o que é uma situação atípica deabsoluta excepcionalidade, nãotêm por que ficar um dia a mais,sem que, para isso, tenham rece­bido uma delegação popular. Por­tanto, considero que esse esforçono sentido de se votar a legislaçãoeleitoral para este ano, é dos maissalutares e recebido com uma sen­sação de alívio por toda a popu­lação brasileira.

JC - É a favor das reeleiçõespara cargos do Executivo?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Sou favorável à reeleição.Acredito que na situação atual,em que prefeitos já ficaram 6 anos,o caso deve ser estudado de umaforma diferente. Mas, para os pró­ximos prefeitos, considero absolu­tamente normal que uma comuni­dade depois de quatro anos tenhatido a felicidade, o que é raro, deter um prefeito, governador, quecontinue gozando a sua confiança,pelo seu trato probo, honesto, nascoisas públicas, pela sua eficáciaadministrativa, acho que é um prê­mio. Não só o prefeito, mas estacomunidade ter o direito de deci­dir se este administrador continuaou não.

JC - Também para presidente.da República?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Considero muito justo queos bons administradores sejammantidos.

JC - Num mandato de quatroanos?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Ou de cinco anos. Votei pe­lo mandato de quatro anos, masmesmo que fique cinco anos, con­sidero que um bom prefeito quetenha, realmente, uma visão de es­tadista, um presidente da Repú­blica, não vejo inconveniente ne­nhum em que ele tenha o direitoà reeleição.

JC - Qual a sua posição sobrea duração do mandato do Presi­dente José Sarney?

Antônio Carlos Mendes Tha­me - Votarei pelos quatro anos.Porque considero que o atual Go­verno, independente do fato deele estar administrando bem opaís, ou mal, porque isso é umacoisa circunstancial, consideroque este Governo já cumpriu oseu papel e, quanto antes tivermoseleições democráticas, para se ins­tituir uma nova fase, estaremosconstruindo para a consolidaçãodo regime democrático. Por issovotarei pelos quatro anos. No en­tanto, acredito que, dificilmentereverteremos as tendências peloscinco anos.

Jornal da Constituinte 13

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'"Indiosganharam

no gritoEles marcaram presença desde o

instante primeiro da Constituinte.Chegaram de longe. De muito longe.

Vestiram suas roupas próprias,empunharam suas armas frágeis­

mais símbolos do que armas ­enfeitaram-se com os cocares e as

cores de guerra. Mas não chegarampara guerrear. Não tentaram

hostilizar a cultura do homem branco,nem pretenderam mostrar que a deles

é melhor. Chegaram, apenas. Como sereshumanos que pensam, sonham e pedem o

que é seu por direito - o mais naturalde todos os direitos: o de viver.

Dançaram. Fizeram pajelanças. Falaramem suas línguas e em português. Umdeles, Ailton Krenak (presidente da

União das Nações Indígenas), cobriu orosto com o negro do jenipapo para

mostrar que seu povovive o prolongado luto da dor, da

discriminação e da exploração.Mas valeu a luta. Os índios venceram.

No capítulo derradeiro do texto dasdisposições permanentes do projeto de

Constituição, prevaleceram as razõesindígenas. O texto afinal produzido

lhes assegura o direito às suasorganizações sociais, costumes, línguas,

crenças, e o que é mais importante doponto de vista material: a posse de

suas terras. Promulgada a novaCarta, só o Congresso Nacional poderá

autorizar o aproveitamento dosrecursos hídricos, energéticos e

minerais das terras indígenas. Astribos não mais poderão ser removidas,

a não ser em casos especialíssimos,com aprovação do Congresso.

E retirou-se do texto um dispositivoque os índios não aceitavam: a

discriminação dos chamadosaculturados, isto é, os que maisconhecem das coisas do branco.

(Até por questão de sobrevivência)A União terá de demarcar e

proteger as terras indígenas, e fazerrespeitar todos os seus bens. Asterras habitadas pelos índios sãoinalienáveis e indisponíveis, e os

direitos sobre elas sãoimprescritíveis.

Enfim, os índios chegaram, viram,lutaram e ganharam.

No grito.

ADIRPIReynaldo Stavale

ADIRPlReynaldo Stavale

ADIRPlMay Wolf

ADIRPICaslro Júniorr-

ADIRPlMay Wolf

ADIRPlWilham Prescolt

ADIRPlMay Wolf

14 Jornal da Constituinte

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ADIRP/Caslro Júnior

Caiapó (PA),Krenak (MG),Canela (MA), Kraô (GO),Xerente (GO),Apinagé (GO),Camaiurá (MG),Krenakrore (M't)Ticuna (AM)Pataxó (BA),Guajajara (MA),Itandé (MT), Funi-ô (PE),Xucleng (SC),Xacriabá (MG),Haehaehae (BA),Metuktíre (MT) ,Bororo (MT),Macuxi (RR),Apurinã (AM),Gavião (RO -PA),Suruí (RO),Cinta Larga (RO) eTupiniquim (ES).Entre os guerreiros,lindas índias, comoEnaê c Indiara.Fotos valem por milpalavras. As destesguerreiros, valempor uma história.

ADIRPlReynaldo Stavale

ADIRPlMay Wolf

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Aí estão as imagensde guerreiros demuitas nações queformam um só povo.Na votação doCapítulo dos Indioseles eram maisde 300 presentes à

, Constituinte,representandosuas nações:Carajás (GO),Terena (MS),Txucarramãe (MT),Guarani (PR - SP - RJ),Caingang (PR),Xavante (MT) ,Tucano (AM),Juruna (MT), .

Muitas nações,uma só vontade

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ADIRP/Caslro Junior

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Jornal 'da Constituinte

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ADIRPlBenedtla Passos

Ulysses falasobre ensinoa estudantesQuatro estudantes de 10 grauentrevistaram o presidente 'Ulysses Guimarães sobre asmais variadas questões deinteresse nacional, inclusivesobre a importância e otratamento que a Constituintevem dando à questão educacional.De bom humor, Ulysses respon­deu todas as perguntas, enfatizan­do a importância da emenda queobriga a União a destinar 18% deseu orçamento ao setor educacio­nal, e os estados e os municípios'a aplicar 25% de suas verbas nomesmo setor.Na entrevista, o presidente daConstituinte defendeu a união­de todos os brasileiros paramelhorar a distribuição derenda em benefício de toda a po­pulação brasileira.

Contra o turno de 6 horaso Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS, defendeu junto

ao presidente Ulysses Guimarães a supressão, no segundo turnode votações, do dispositivo que estabelece turno de seis horasnas unidades de trabalho ininterrupto. A comitiva, integradapor representantes de siderúrgicas estatais e privadas e dirigentesdo IBS, afirmou ao presidente da Constituinte que a aprovaçãodessa norma vai acarretar grande perda de produtividade nosetor, com a conseqüente redução da competitividade do produtosiderúrgico brasileiro no exterior. "O país é quem vai perder,pois 40% da produção brasileira do setor é exportada", explicouAndré Musetti, presidente do instituto. Ulysses Guimarães oUVIUas colocações como uma colaboração ao trabalho da Constituinte,prometeu levá-las aos líderes partidários, acentuando que o inte­resse da Assembléia Nacional Constituinte é o de acertar e todasas sugestões nesse sentido serão bem-vindas, ainda que não neces­sariamente acolhidas.

ADIRP/Caslro Júmor

ADIRP/Gutlherme Rangel

t.JAnistia também-nas-estatais

Entidades representativas de servidores civise empregados de esta­tais mobilizaram-se em todo o país em defesa da anistia a todos osfuncionários públicos e civis e empregados de fundações, empresasestatais e de economia mista, punidos com demissão por greves oucom base em diplomas legais com motivação política. Além da anistia,elas reivindicam a reintegração dos que foram punidos a partir de1979, através da aprovação de dispositivo a ser incluído entre as di~po­

sições transitórias da futura Carta. Denunciam os punidos, reunidosno prédio da Constituinte, que não tiveram direito a defesa, inquéritoprévio ou julgamento. E pedem aos constituintes apenas a oportunidadee o direito de trabalhar.

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'J~r0FÕRlnW' NACIONÃL'" ;: ~ , ,-',

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Brasil não épaís apenas

de jovensReunidos no Fórum Nacional da

Terceira Idade, idosos de todoo Brasil reivindicaram da

Assembléia Nacional Constituinteatenção para seus problemas.

"O Brasil não é um país só dejovens como diz o slogan. Dados

estatísticos demonstram queo número de idosos aqui é tão

grande quanto na Europa e nosEstados Unidos?', diz manifesto

dos idosos, que denunciou oestado de abandono e de miséria

em que se encontram.Aposentadoria e pensão justas,

um programa de saúde e defornecimento de medicamentos,

é o que os idosos pediram aosconstituintes. "Somos mais

de dez milhões, esquecidos pelogoverno e marginalizados pela

sociedade".

ADIRPlBenedtla Passos

16 Jornal da Constituinte'