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SUPLEMENTO 1/ SUPPLEMENT 1 REQUERIMENTOS DE ENERGIA E NUTRIENTES DA POPULAÇÃO BRASILEIRA Ignez Salas Martins Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo São Paulo Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública 1979

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SUPLEMENTO 1/ SUPPLEMENT 1

REQUERIMENTOS DE ENERGIA E NUTRIENTES DAPOPULAÇÃO BRASILEIRA

Ignez Salas Mart ins

Departamento de Nutrição daFaculdade de Saúde PúblicaUniversidade de São Paulo

São Paulo

Universidade de São Paulo

Faculdade de Saúde Pública

1979

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ÍNDICE / CONTENTS

1. Introdução l

2. Requerimentos de energia 2

3. Requerimentos de proteínas 6

4. Requerimentos de vitaminas 10

5. Requerimentos de minerais 15

Referências bibliográficas 18

Anexos 19

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REQUERIMENTOS DE ENERGIA E NUTRIENTES DAPOPULAÇÃO BRASILEIRA

Ignez Salas Martins

Foram estimados os requerimentos de energia, proteínas, vitamina A,B1, B2, C, D, B12, ácido fólico e dos minerais ferro e cálcio da populaçãobrasileira. Foi utilizada a metodologia recomendada nos relatórios técnicosdos Comitês de Peritos FAO/OMS. Partindo-se da pressuposição de que,até 19 anos de idade, o indivíduo tem um potencial de desenvolvimentoa ser atingido, as recomendações de energia foram estabelecidas toman-do-se como referência o percentil 97 da população. Os requerimentos dosadultos foram estimados para o homem-tipo e mulher-tipo representativosda população brasileira do percentil 50. As recomendações de proteínase dos demais nutrientes foram calculadas para atender as necessidadesde 95% da população.

UNITERMOS: Necessidades nutricionais. Proteínas. Vitaminas. Ácidofólico. Ferro. Cálcio.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende apresentaruma estimativa dos requerimentos de ener-gia, proteínas, vitaminas A, B1, B2, C, D,B12, ácido fólico e dos minerais cálcio eferro para a população brasileira. Paratanto foram analisados os relatórios técni-cos dos Comitês de Peritos FAO/OMS2,4,5

e a publicação do Instituto Nacional deNutrición ( INN/CONICIT) 3 da Venezuela.

A importância de estimativas das neces-sidades de energia e outros nutrientesessenciais está no fato de que, a partirdelas, pode-se ter elementos para avaliar aadequação de consumo de populaçõesobtidos em inquéritos alimentares. Estasestimativas, também, podem fornecer sub-sídios para uma política nacional dealimentação e nutrição. Convém salientarque essas recomendações são dirigidas àscoletividades e não a um indivíduo emparticular; portanto, apenas podem servircomo guia aproximado na análise de con-sumo individual .

Para o cálculo dos requerimentos ener-géticos partiu-se da pressuposição que atéaos 19 anos de idade o indivíduo tem umpotencial de desenvolvimento ideal a seratingido. Assim, as recomendações foramestabelecidas tomando como base os pesose alturas médios do percentil 97 da popu-lação. A partir dos 19 anos, os requeri-mentos foram estabelecidos tomando-secomo referência os pesos e alturas médiosdo percentil 50 da população. Esse critériofoi adotado por levar-se em consideraçãoque tanto o déficit como o excesso deenergia na alimentação trazem danos àsaúde.

Os requerimentos de proteínas e dosdemais nutrientes foram estabelecidos parasatisfazer as necessidades de manutençãode quase toda a população. Foram toma-das as necessidades médias e somaram-sea elas 2 DS, assegurando-se, assim, acobertura de 95% da população.

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Este c r i té r io pode levar a uma superes-t imat iva das necessidades. Ressalte-se quea lguns nut r ien tes ingeridos em excessopodem trazer efei tos tóxicos, como é o casodas v i t aminas A e D. Porém, as recomen-dações estabelecidas neste t r a b a l h o estãomui to longe da poss ibi l idade de a t i ng i rníveis de toxidez.

Os dados de peso e a l t u r a da populaçãobras i le i ra fo r am extraídos do Estudo Na-cional da Despesa F a m i l i a r ( E N D E F —IBGE 1) .

2. REQUERIMENTOS DE ENERGIA

O organismo h u m a n o necessita de ener-gia para os processos orgânicos quando emrepouso e, também, uma quan t idade suple-mentar para fazer f r en t e às necessidadesde t r aba lho exter ior .

2 . 1 . Homem e mulher tipo brasileiros

Os Comitês de Peritos FAO/OMS temuti l izado o método da escolha do "homeme da m u l h e r tipo" como representa t ivos deuma população, com certas caracter ís t icasde f in idas . 4 , 5

O "homem-tipo" é um ind iv íduo entre 20e 39 anos que pesa 65 kg. É isento deenfe rmidades e d ia r iamente t raba lha 8horas numa at ividade moderada, passa 8horas na cama, 2 horas andando e 4-6horas sentado ou em movimentos leves.

O gasto de energia do "homem-tipo"per faz 3.000 Kcal por dia.

A "mulher-t ipo" tem de 20 a 39 anosde idade e pesa 55 Kg. É saudável e seocupa 8 horas por dia em atividades dolar ou trabalha na indústria leve ou emqua lquer outra atividade moderada. Passa8 horas por dia na cama, 4-6 horas sen-tada ou exercendo atividades leves e 2horas andando.

A "mulher-t ipo" requer 2.200 Kcal pordia para a sua manutenção.

Em repouso o gasto energético do "ho-mem-tipo" corresponderá aproximadamenteao seu metabol ismo basal (MB) e é l Kcalpor m i n u t o ; o da "mulher- t ipo" é umpouco menor.

Os gastos de energia var iam de acordocom o estado de repouso e o tipo de ati-v idades exercidas e com a idade (Tabe-las l e 2). O ú l t i m o Comitê de PeritosFAO/OMS 6 , entre tanto, recomenda que seu t i l i z e a idade de 25 anos para a f o r m u -lação das recomendações dos adultos paratodos os grupos de idade. No presentet r aba lho , entretanto, foram mant idas asmédias dos pesos entre 20-39 anos, porestas não d i f e r i r e m s ignif icantemente dospesos médios do grupo etário entre 25-29anos para ambos os sexos.

Na Tabela 3 tem-se os pesos e a l turamédios do "homem-tipo" e "mulher- t ipo"da nossa população.

Levando-se em consideração a d i s t r ibu i -ção de atividades (Anexo I) da populaçãobras i le i ra os cálculos fo ram feitos tendo-secomo base a a t iv idade moderadamenteativa. Para casos i nd iv idua i s ou gruposrestr i tos, entretanto, faz-se necessário umajustamento de acordo com a atividadef í s ica do ind iv íduo ou da colet ividade emquestão.

2 . 2 . Idade

As necessidades energéticas variam coma idade do ind iv íduo . Com o envelheci-mento ocorre uma d iminu ição no metabo-lismo basal (MB), nas atividades f ís icase, também, uma mudança na composiçãoe pesos corporais.

A Tabela 4 indica a forma de cálculo dosrequerimentos energéticos, segundo a idade,a par t i r de 40 anos.

Para as crianças menores de um anoas necessidades de energia fo ram estimadastomando-se como base as ingestões obser-vadas em lactantes que cresceram normal -mente (Tabela 5).

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2.3. Infância e adolescência

Há dificuldades nas medidas do consumode energia em crianças, uma vez que asatividades infantis são bastante variáveis.A ingestão de energia na infância devefavorecer um crescimento e desenvolvimentofísicos satisfatórios que permitam, plena-mente, a realização de atividades caracte-rísticas das crianças saudáveis.

Durante a adolescência, tanto o homemquanto a mulher crescem mais rapidamentedo que em qualquer outra idade, excetuan-do-se a infância. Por isso, as necessidadescalóricas são mais altas nessa fase da vida,em que se registra um aumento das neces-sidades metabólicas.

Levando-se em conta as peculiaridadesda infância e da adolescência, as necessi-dades de energia foram estabelecidas, comojá foi citado, tomando-se como referênciaos pesos e alturas do percentil 97 dapopulação. (Tabela 6).

2 .4 . Gravidez e lactação

Durante a gravidez torna-se necessáriauma suplementação energética para atenderao crescimento do feto, da placenta e dostecidos maternos associados ao maior des-gaste devido aos movimentos da mãe comseu novo peso. O metabolismo basalaumenta em 20% no último trimestre dagravidez.

O gasto de energia na gravidez repre-senta um total de 80.000 Kcal. Estima-se,portanto, uma quantidade adicional de 350Kcal por dia para satisfazer as necessida-des desse estado fisiológico.

Na lactação a produção diária de leiteé cerca de 850 ml e correspondem a umvalor energético de aproximadamente 600Kcal. Como se estima em 80% o rendi-mento calórico durante a lactação, a mãedeverá receber em sua alimentação 750Kcal adicionais para satisfazer as neces-sidades da lactância. Assim a suplementa-ção de energia durante toda lactação seráde 100.000 Kcal o que corresponde a 550Kcal por dia.

2 .5 . Clima

O efeito do clima sobre os requerimentosde energia é ainda um assunto controver-tido. Acredita-se que apenas em condi-ções extremas haja alguma influência datemperatura sobre as necessidades energé-ticas.

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2.6 . Requerimentos de energia da popula-ção brasileira

Depois de colocados os fatores que con-dicionam as necessidades energéticas tem-se na Tabela 7 os requerimentos da po-pulação brasileira.

2 . 7 . Unidades de energia

As unidades energéticas v inham sendoexpressas em Kcal. Uma Kcal é definidacomo a quantidade de calor que se requer

para elevar a temperatura de um litro deágua de 15 a 16°C.

O terceiro Comitê FAO/OMS, entretanto,passou a considerar o joule como medidamais apropriada de energia. O joule édef in ido como a quantidade de energiagasta quando l Kg é deslocado de ummetro com a força de l Newton.

Um Newton é a força que comunica auma massa de l Kg uma aceleração de lmetro por segundo.

Quando o conteúdo energético de umadieta exceder de 1.000 Kcal deve ser ex-presso megajoules (MJ).

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2 .8 . Fontes de energia

Os carboidratos, as gorduras, as proteí-nas e o etanol podem servir de fontes deenergia ao organismo.

Os valores energéticos das fontes deenergia são os seguintes:

3. REQUERIMENTOS E PROTEÍNAS

3 . 1 . Considerações gerais

As proteínas são constituintes indispen-pensáveis do protoplasma vivo e assimparticipam de todos os processos vitais.Das proteínas da dieta provêm os amino-ácidos necessários tanto para a sínteseprotéica, que leva à formação de novostecidos, quanto para a restituição das pro-teínas que foram catabolizadas.

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Quando os requerimentos energéticos doindivíduo não são satisfeitos os aminoáci-dos da proteína da dieta serão utilizados,primordialmente, como fonte de energia,não cumprindo, assim, sua função na sínte-se protéica. Por isso, convém ressaltar,que as recomendações de proteínas sãoválidas unicamente quando a ingestão caló-rica for adequada.

Dos 22 aminoácidos conhecidos na atua-lidade como fisiológicamente importantes, oorganismo é capaz de sintetizar alguns quesão conhecidos como aminoácidos nãoessenciais. Os aminoácidos não sintetizadospelo organismo são chamados de essenciaise são em número de oito: leucina, isoleu-cina, lisina, metionina, fenilalanina, treo-nina, triptofano e valina.

A eficiência de utilização das proteínasdos alimentos depende, fundamentalmente,de seu conteúdo de aminoácidos essenciaise de sua digestibilidade.

As proteínas do ovo e do leite de vacasão as de mais alta eficiência de utilizaçãopelo homem e, porisso, foram tomadas co-mo referência para fins de comparação comaquelas provenientes das dietas normais.

Define-se como dose inócua de ingestãode proteínas a quantidade necessária paraatender as necessidades fisiológicas e man-ter a saúde de quase todos os indivíduosde um grupo específico de idade e sexo.

3.2. Estimativa dos requerimentos da pro-teína de referência.

Os Comitês de Peritos FAO/OMS basea-ram suas recomendações em um métodofatorial que leva em conta as perdas ine-vitáveis de N pelo organismo que são asseguintes:

a) Perdas de N na excreção u r iná r i ab) Perdas cutâneas de Nc) Eliminação de N nas fezesd) Outras perdas inevitáveis

Na estimativa dos requerimentos osComitês levaram em conta, também, avariabilidade individual e as necessidadesespecíficas de aminoácidos4,5.

A Tabela 8 apresenta as estimativas dosrequerimentos da proteína de referênciapara o brasileiro.

As populações, via de regra, alimentam-se com misturas de origem vegetal e ani-mal, cujo valor nutritivo são mais baixosque os das proteínas usados como refe-rência para o cálculo das doses inócuas.

Assim, quando se utilizam níveis de ino-cuidade das proteínas dietéticas, para ocálculo das necessidades, é necessário umacorreção quanto à qualidade protéica atra-vés da seguinte fó rmula :

Como os requerimentos da Tabela 8dizem respeito à proteína de referência quetem uma utilização ideal, usando-se a fór-mula acima pode-se calcular requerimentosprotéicos das dietas normais das popu-lações.

Na falta de valores do UPN* da dieta

habitual da população brasileira recomen-da-se que se use o valor 55**.

3.3. Clima

Não há provas de que as perdas de Npela sudorese, devido a altas temperaturas

* UPN (Net Protein Utilization)** Recomendação feita no Seminário sobre Desnutrição Protéico Energética realizado em Bra-

sília, dezembro de 1977.

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do meio ambiente aumentam as necessida-des dos indivíduos adaptados a tais con-dições climáticas.

3.4. Influência de infecção e enfermidadesparasitárias

Os Comitês de Peritos FAO/OMS estima-ram os requerimentos de proteínas parapopulações sadias e insistiram, entretanto,que não se faça ajustes devido às enfer-midades parasitárias e infecciosas.

O INN/CONICIT 3 na estimativa dosrequerimentos de proteínas para a popula-ção venezuelana, admite a necessidade deusar-se um fator de correção, que leve emconta os fatores infecciosos e parasitários.Enfatiza, também, que os valores recomen-dados pelos Comitês são insuficientes para

cobrir as necessidades de uma populaçãocom tais problemas. Assim, provisoriamente,recomendam que se aumente de 20% osrequerimentos de crianças até 6 meses deidade; em 10% nos indivíduos de 7 a 19anos e em 5% naqueles acima de 20 anos.

Como o Brasil encontra-se entre os paísesem vias de desenvolvimento, torna-se pru-dente o uso dos fatores de correção queconsiderem o aumento dos requerimentosdevido às enfermidades infecciosas e para-sitárias.

3.5. Atividades físicas

Não existem provas conclusivas de queas atividades físicas aumentem as necessi-dades de proteínas. Sabe-se, entretanto,que elas aumentam as necessidades de

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energia, e um consumo maior de alimentoscorresponde sempre a uma ingestão maiorde proteínas.

3.6. Crianças e adolescentes

As necessidades protéicas durante alactância, a infância e a adolescência, para

o organismo manter um ritmo de cresci-

mento sadio, são maiores do que na idade

adulta.

3.7. Gravidez e lactação

Sabe-se que o baixo peso ao nascer está

relacionado com a probreza e, como conse-

qüência dela, as baixas ingestões de pro-

teínas durante a gravidez.

O conteúdo de nitrogênio no feto, mem-branas fetais e os tecidos maternos aumen-tam com o desenvolvimento da gravidez.Assim torna-se necessária uma suplementa-ção de 6,0 g da proteína de referência paraatender as necessidades de N decorrentesda gestação.

A proteína suplementar para a lactanteé calculada pelo volume e composição doleite secretado. Para satisfazer as necessi-dades de N durante a lactação é necessárioum adicional de 17 g da proteína de refe-rência.

A Tabela 9 traz os requerimentos pro-téicos, com as correções necessárias, parao indivíduo brasileiro nos diferentes gruposetários.

Os requerimentos para população brasi-leira são apresentados na Tabela 10.

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4. REQUERIMENTOS DE VITAMINAS

4 .1 . Vitamina A

A vitamina A pode ser identificada emduas formas: A1 e A2. O retinol (vitaminaA1) é um álcool que, na forma de aldeido,é um elemento essencial da púrpura visual.

O retinol é encontrado somente nos ali-mentos de origem animal. Entretanto, podeser fabricado no organismo a partir dospigmentos chamados carotenos que estãopresentes nas plantas.

A absorção do retinol é completa en-quanto que a dos carotenos é variável.Estima-se que apenas 1/3 do caroteno éabsorvido nos intestinos.

As equivalências são as seguintes:

l mg de Beta-caroteno = 0,167 mg de retinoll mg de outros carotenos = 0,083 mg deretinol

Antes que se conhecesse a natureza davitamina A era necessário expressar-se aatividade desta vitamina em unidades bio-lógicas. Assim, até muito recentemente, osrequerimentos de vitamina A eram expres-sos em Unidades Internacionais ( U . I . ) deatividades de vitamina A.

l U . I . = 0,3 mg de retinoll U . I . = 0,6 mg de Beta-carotenol U. I . = 1,2 mg de outros carotenos

4 . 1 . 1 . Adultos

Para o adulto do sexo masculino oufeminino, estima-se que os requerimentosde vitamina A sejam de 750 mg de retinolou 2.500 U . I .

4 . 1 . 2 . Gravidez e lactação

Durante a gravidez estimou-se as reco-mendações de 850 mg de retinol6.

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Estima-se que a quantidade de vitaminaA, secretada no leite durante a lactação,seja de 49 mg por 100 ml. Portanto, arecomendação de retinol durante esse pe-ríodo é de 1.200 mg de retinol por dia.

Na lactação acredita-se que o leite ma-terno possa satisfazer as necessidades doinfante.

4 . 1 . 3 . Infância e adolescência

Através de observações de ingestão ecrescimento, em diferentes regiões paradiferentes idades, chegou-se às seguintesrecomendações de vitamina A 6 :

Nos países em que a população ingereacima de 3.000 U.I. não se observarammanifestações de deficiência de vitamina A.Entretanto, nos países em que a ingestãodeste nutriente esteve entre 1.000 e 1.500U.I., foram encontradas formas clínicas dedeficiência, principalmente oculares.

A Tabela 11 apresenta os requerimentosde vitamina A da população brasileira.

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4.2. Riboflavina

A riboflavina desempenha um papel im-portante nos mecanismos oxidativos nascélulas de todos os tecidos do organismo.

Os requerimentos de riboflavina estãorelacionados com o conteúdo energético dadieta.

O Comitê de Peritos FAO/OMS estimouque a necessidade deste nutriente é de0,55 mg por 1.000 Kcal por dia.6

4.3. Tiamina (Vitamina B1)

Todos os tecidos animais e vegetais de-pendem da tiamina que é um componente

essencial do mecanismo celular para a utili-zação dos carboidratos.

Os requerimentos de tiamina foram esta-belecidos como sendo 0,40 mg por 1.000Kcal.6

4 .4 . Niacina

Os requerimentos desta vitamina estãorelacionados com o teor energético da dieta.A niacinamida (nicotinamida) desempenhaum papel essencial nos mecanismos oxida-tivos através dos quais a energia químicapresente nas moléculas de carboidratos,gorduras e de proteínas se libera.

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O cálculo dos requerimentos se baseiamem niacina equivalentes que representa asoma dos valores de niacina propriamentedita e as do triptofano. Estima-se que60 mg de triptofano representa 1 mg deniacina.

A ingestão de niacina que o Comitê dePeritos FAO/OMS 6 recomenda é de 6,6 mgde niacina equivalente por 1.000 Kcal.

A Tabela 12 apresenta os requerimentosde riboflavina, tiamina e niacina do bra-sileiro.

4.5. Ácido fól ico

A anemia causada pela deficiência deácido fólico é conhecida como anemiamegaloblástica. As hortaliças são alimentosricos em folatos.

Os requerimentos de ácido fólico esti-mados pelo Comitê de Peritos FAO/OMS

é de 200 microgramos diários para oadulto 6.

Na gravidez os requerimentos de ácidofólico são de 400 microgramos por dia,no período de lactação as necessidades são300 microgramos por dia.

A Tabela 13 apresenta os requerimentosde ácido fólico para a população brasileira.

4.6. Vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 tambémcausa a anemia megaloblástica.

As únicas fontes desta vitamina são osalimentos de origem animal, Uma vez queos vegetais não podem sintetizá-la. Ofígado é um órgão de reserva desta vita-mina.

Os requerimentos de vitamina B12 reco-mendados pelo Comitê de Peritos FAO/OMS6 constam da Tabela 14.

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4 . 7 . Ácido ascórbico

A ingestão recomendada de ácido ascór-bico por dia pelo Comitê de PeritosFAO/OMS6 é de 30 mg para o adulto e20 mg para os indivíduos menores de 13anos.

Não há necessidade de suplementaçãodeste nutriente na gravidez e na lactação.As crianças menores de l ano recebematravés do leite materno, as quantidadesnecessárias de ácido ascórbico.

O escorbuto é a enfermidade causadapela deficiência de ácido ascórbico. Não sereveste de importância em nenhuma partedo mundo. Entretanto, em quase todos ospaíses, aparecem alguns casos dessa

doença.

4 .8 . Vitamina D (colecalciferol)

A vitamina D — um grupo de várias

vitaminas afins — favorece a absorção docálcio do intestino delgado e desempenha

também uma parte essencial no mecanismo

de mineralização dos ossos.

Na Tabela 15 consta os requerimentos

de vitamina D do brasileiro de acordo com

as recomendações do Comitê de Peritos

FAO/OMS6 .

Antes que se conhecesse a natureza quí-

mica da vitamina D3, expressava-se a ativi-

dade desta vitamina em unidade interna-

cional (U.L). Assim uma unidade inter-

nacional de vitamina D equivale a 0,025 mg

de vitamina D3 cristalina pura (colecal-

ciferol) .

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5. REQUERIMENTOS DE MINERAIS

5 . 1 . Ferro

O corpo do adulto contém 3 a 4 g deferro , sendo que 2/3 desta quantidade estána hemoglobina, pigmento dos glóbulosvermelhos. O resto está presente no fígado,como reserva, e em menor quantidade nos

rins, baço e outros órgãos.

O ferro é um componente da hemoglo-

bina, mioglobina, citocromos, catalasa, pe-

roxidasa e alguns outros sistemas de

enzimas. Desempenha funções importantes

no transporte de oxigênio e na respiraçãocelular.

O fer ro presente nos cereais, nas horta-liças e nas leguminosas, com exceção dasoja, é absorvido em apenas 10%. Aabsorção do ferro presente na carne é de30%. O ferro da soja é absorvido em20% e do pescado em 15%.

Para estimativas da absorção do ferroem dietas costuma-se considerar que nasproteínas de origem animal e na soja estemineral é absorvido em 20%.

O Comitê de Peritos FAO/OMS propôsque a estimativa da absorção de ferro , noestudo de populações normais se faça de

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acordo com a percentagem de caloriasprovenientes dos alimentos de origem ani-mal de sua dieta 6.

10% ou menos de calorias de ori-gem animal

12-14% de calorias de origem animal

15-17% de calorias de origem animal

18-20% de calorias de origem animal

21-24% de calorias de origem animal

25% de calorias de origem animal

As percentagens de absorção, segundoa percentagem de calorias, seriam as se-guintes:

— 10% de absorção de ferro

— 12% de absorção de ferro

— 14% de absorção de ferro

— 16% de absorção de ferro

— 18% de absorção de ferro

— 20% de absorção de ferro

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Em nossas dietas a percentagem de calo-rias de origem animal varia de 8-17%.Para efeito destas recomendações foi ado-tada a cifra de 10%.

A perda diária de ferro de um homemadulto é de 0,9 mg. Na mulher, commenstruações normais, a perda média é de2 mg.

O aumento das necessidades de ferro nagravidez e na lactação é compensado pelaausência de menstruações. Por isso osrequerimeitos são os mesmo em qualquerestado fisiológico em uma mulher normal.Entretanto, se as reservas de ferro nofígado forem insuficientes é necessário umasuplementação deste mineral para evitar quese desenvolva anemia na grávida ou nanutriz.

Os requerimentos de ferro para apopulação brasileira estão expressos naTabela 16.

5 .2 . Cálcio

O esqueleto do homem adulto contém1,2 Kg de cálcio (1,5 a 2% do seu pesocorporal).

A um esqueleto de um adulto de 25 anos

que contém 1,2 Kg de cálcio foi propor-

cionada uma retenção média diária de 130

mg deste mineral.

A absorção do cálcio é regulada pela

vitamina D. Se a ingestão desta vitamina

for insuficiente há uma deterioração na

absorção do cálcio, provocando assim uma

perda nas reservas dos ossos.

O Comitê de Peritos FAO/OMS, reunido

em 1961, recomendou uma ingestão entre

400 - 500 mg diárias de cálcio para o

adultos 6.

O crescimento do feto necessita de 30 g

de cálcio até o término da gravidez. O

leite materno pode fornecer até 300 mg de

cálcio por dia. Assim, a recomendação

entre 1.000 — 1.200 mg diárias de cálcio

na gravidez e na lactação cobrem perfeita-

mente, as necessidades destes estados fisio-

lógicos.

A estimativa dos requerimentos de cálcio

para a população brasileira estão na

Tabela 17.

ABSTRACT: The requirements for energy, proteins, vitamins — A, B1, B2

C, D, B12 — Folie acid, and iron and calcium were estimated and for this

purpose the method recommended by the FAO/OMS committees was used.Based on the presupposition that an individual achieves a development potentialby the age of 19, energy requirements were established using as references the97th percentile of the population. Adult requirements were estimated for thetypical-man and typical-woman, representative of the 50th percentile of theBrazilian population. The protein requirements and those of the other nutrientswere calculated to meet the needs of the 95th percentile of the population.

UNITERMS: Nutritional requirements. Proteins. Vitamins. Folic acid. Iron.Calcium.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 01/12/1918

Aprovado para publicação em 22/03/1979

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