superveniências e insubsistências

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Superveniências e Insubsistências Prof. Jetro Coutinho

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Fala aê, galera! Tudo beleza com vocês?

Aqui quem vos fala (ou escreve, sei lá! hahaha) é Jetro Coutinho, Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União e um

fanático pela Contabilidade Pública.

Além de ser Auditor do TCU e Prof. de Contabilidade Pública, eu também costumo ser bacharel em Administração pela Universidade de

Brasília, pós-graduado em Direito Financeiro e Tributário e pós-graduado em Direito Administrativo. Como concurseiro lascado que eu era,

estudava que nem um maluco e, com muito esforço, consegui a minha

primeira aprovação como Técnico do Banco Central no concurso de 2009. Depois de muito estudo e de 2 anos e meio trabalhando no BACEN, eu fui

aprovado em dois concursos “só o ouro”: Analista de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional – Área Econômico-Financeira (2013) e

no concurso para o qual eu nasci: Auditor do TCU. Aí, acabou que eu nem assumi no Tesouro Nacional, porque eu queria mesmo era ir para o TCU.

E assim, com a 13ª colocação em um dos concursos mais concorridos e disputados em todo o Brasil (tem mais de 20 matérias o edital da

bagaça!), eu tomei posse no TCU, aos 22 anos de idade.

Adicionalmente, também dou aulas de Economia, Finanças Públicas e Regulação aqui no Estratégia Concursos, em parceria com o Prof. Heber

Carvalho, “o cara”.

Fiz esse resuminho para vocês para ajudar nos seus estudos e a

não confundir mais as superveniências e insubsistências ativas e passivas.

Espero que ajude muito.

Um grande abraço!

Jetro.

Superveniências e Insubsistências

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1. Resumo

A Contabilidade é uma ciência e, por isso, ela possui um objeto, isto

é, alguma coisa que ela estuda. No caso da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, o objeto estudado é o patrimônio público.

Existem várias e várias definições para o que seja patrimônio

público, mas existe uma bem simples, que também é bem fácil de

entender. Esta definição simplesmente estabelece que patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.

O patrimônio público é o conjunto de bens, direitos e obrigações das

entidades1 do setor público. Vambora, então, para uma tabelinha, aprender o que são os bens, direitos e obrigações.

PATRIMÔNIO

Bens

Os bens são itens avaliados em moeda e que

satisfaçam as necessidades das pessoas físicas ou jurídicas.

Exemplo: Estoques, Carros, Imóveis,

Equipamentos, Máquinas, etc.

Direitos

Os direitos são os valores que temos a receber de terceiros.

Exemplo: Se eu conceder um empréstimo a

você, eu tenho o direito de receber este dinheiro de volta.

Obrigações

As obrigações são valores que se tem que pagar

a terceiros.

Exemplo: a parcela do carro financiado, o valor a pagar em virtude de um empréstimo bancário,

1 “Entidade” aqui na Contabilidade é diferente de “Entidade” para o Direito Administrativo, ok? Lá no Direito administrativo, entidade é uma unidade de atuação dotada de personalidade jurídica própria. São formadas mediante processo de descentralização. As principais entidades que existem são: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Já a Contabilidade entende “Entidade” de forma mais ampla, se referindo a qualquer tipo de pessoa. Para a Contabilidade, entidade pode ser uma empresa, um órgão público, uma autarquia ou o que for.

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etc.

O setor público também possui bens e direitos, pois possui carros,

imóveis, mobília, etc. Além disso, o setor público, da mesma forma que uma família, possui direitos a receber: eu e você temos a obrigação de

pagar nossos tributos, e o setor público tem o direito de receber esses valores.

O setor público também possui obrigações a pagar, pois deve pagar

os servidores, os fornecedores e outras coisas. Ainda, o setor público também possui empréstimos que deve pagar, conhecidos como dívida

pública (já ouviu falar dela?).

O interessante é notar que a contabilidade costuma dividir os bens,

direitos e obrigações em três grandes grupos:

O Ativo: composto pelos bens e direitos.

O Passivo Exigível (PE): composto pelas obrigações com terceiros (capital de terceiros)

E o Patrimônio Líquido (PL): que representa o capital próprio da

família.

Para reforçar:

ATIVO Bens + Direitos

Passivo Exigível Capital de Terceiros (obrigações)

Patrimônio Líquido Capital Próprio

Estes três grandes grupos são expostos numa demonstração

contábil chamada de “Balanço Patrimonial”. Podemos dizer, a grosso modo, que o balanço patrimonial evidencia a situação patrimonial de uma

entidade.

O Balanço Patrimonial possui a seguinte estrutura:

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O Ativo representa os Bens e Direitos que foram adquiridos pelo

setor público.

O Passivo Exigível é chamado “exigível” porque representa a parcela de Bens e Direitos que foram adquiridos com capital de

terceiros. O banco, por exemplo, se emprestar dinheiro ao setor público2, pode “exigir” o dinheiro emprestado. Para o setor público,

portanto, o valor do empréstimo representa um passivo exigível pelo

banco.

Já o Patrimônio Líquido representa aquela parte dos Bens e Direitos que foi adquirida com o próprio dinheiro do setor público, ou seja,

com o capital próprio da família.

Enquanto o passivo exigível representa o capital de terceiros, o patrimônio líquido representa o capital próprio e o ativo representa os

bens e direitos adquiridos.

Pois bem, o patrimônio de qualquer pessoa, e também do setor público, não é imutável. Ele sofre várias e várias mudanças ao longo do

tempo.

2 Atualmente, muitos projetos no setor público são oriundos de empréstimos de dois grandes bancos internacionais: o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

ATIVO

(Bens + Direitos)

PASSIVO EXIGÍVEL

(Obrigações, Capital de terceiros)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (Capital Próprio)

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Afinal, um imóvel valoriza, um carro quebra, um computador se

torna obsoleto, etc. Qualquer tipo de patrimônio sofre variações, para mais ou para menos.

Estas variações no patrimônio podem ser intencionais (que

resultam da gestão do patrimônio) ou podem ser aleatórias (que não dependem da gestão do patrimônio, pois decorrem de fatos contingentes,

imprevistos ou fortuitos, mas que também podem decorrer de alterações eventuais ou esporádicas no patrimônio).

Basicamente, podemos dizer que uma variação patrimonial é

intencional quando a entidade, deliberadamente, isto é, por vontade

própria, pratica algum ato que causará uma variação no patrimônio. Por exemplo, se a entidade compra uma mercadoria, paga um fornecedor ou

contrata um financiamento, podemos dizer que estas variações no patrimônio decorreram da própria vontade da entidade. Afinal, é meio

difícil alguém contratar um financiamento “por acaso”! hahaha

Mas existem variações no patrimônio que ocorrem de forma totalmente alheia à vontade da entidade. Por exemplo, se um funcionário

bate o carro do Ministério do Planejamento, podemos, com certeza, afirmar que este acidente não decorreu da vontade da entidade, mas,

sim, de algum evento esporádico ou até mesmo fortuito.

A Contabilidade costuma chamar esses eventos aleatórios de superveniências e insubsistências.

Superveniência significa “surgimento aleatório”, enquanto insubsistência significa “desaparecimento aleatório”.

Agora, estes surgimentos e desaparecimentos podem ser benéficos

para a entidade (quando aumentam o patrimônio líquido) ou podem ser maléficos (quando diminuem o patrimônio líquido). Assim, também é

comum adicionarmos os termos “ativa” ou “passiva” às superveniências e insubsistências de forma a demonstrar se o efeito foi positivo ou negativo

no PL.

Se a superveniência for ativa, nós teremos acréscimo no PL da entidade e, por isso, esta variação aleatória foi benéfica. Se a

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superveniência for passiva, teremos um decréscimo no PL da entidade e, então, a variação patrimonial foi prejudicial3.

Da mesma forma ocorre com as insubsistências. Se ela for ativa,

representará um aumento no PL. Se for passiva, representará uma diminuição do PL.

Uma insubsistência será ativa quando ocorrer algum

desaparecimento que for benéfico à entidade.

Por exemplo, se houver o cancelamento de uma dívida, a dívida desapareceu. Como o desaparecimento de uma dívida é benéfico ao

patrimônio de uma entidade, haverá o acréscimo no PL (pois o setor

público não precisa mais pagar a dívida). Uma insubsistência ativa é uma insubsistência com efeitos ativos (aumenta o PL).

Por outro lado, se o desaparecimento causar diminuição no PL da

entidade, se um carro for roubado, por exemplo, a insubsistência será passiva. Uma insubsistência passiva é uma insubsistência com efeitos

passivos (diminui o PL).

Resumindo o que vimos até agora:

Aumentos no PL Diminuição do PL

Superveniência ATIVA Superveniência PASSIVA

Insubsistência ATIVA Insubsistência PASSIVA

Até aqui, não temos problema algum. O negócio começa a complicar quando usamos os termos “do ativo” ou “do passivo”.

Uma superveniência do Ativo é o surgimento de um ativo e, por

isso, aumenta o PL.

Uma superveniência do Passivo é um surgimento de um passivo e, portanto, diminui o PL.

Indo para as insubsistências, podemos dizer que uma insubsistência do ativo é o desaparecimento de um ativo e, portanto, é um

desaparecimento de um bem ou direito. O desaparecimento de um bem

3 Vale ressaltar que os termos “ativa” e “passiva” aqui, não tem relação com o “Ativo“ e “Passivo” do balanço patrimonial. Os termos “ativa” e passiva” se referem ao efeito que as superveniências e as insubsistências causarão no PL: Se aumentar o PL, será ativa. Se diminui, será passiva.

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ou direito faz decrescer o PL e, portanto, uma insubsistência do ativo tem o mesmo efeito de uma insubsistência passiva

(diminui o PL).

Já uma insubsistência do passivo é o desaparecimento de um passivo e, portanto, o desaparecimento de uma obrigação faz aumentar o

PL. Portanto, podemos concluir que a insubsistência do passivo tem o mesmo efeito que uma insubsiostência ativa: ambas aumentam o PL.

Resumindo:

Aumentos no PL Diminuição do PL

Superveniência ATIVA Superveniência PASSIVA

Superveniência do

ATIVO Superveniência do PASSIVO

Insubsistência ATIVA Insubsistência do ATIVO

Insubsistência do PASSIVO

Insubsistência PASSIVA

Decorando o quadro acima, você já vai estar 80% preparado. Mas ainda ficam faltando os outros 20%.

É que, como concurseiro sempre se lasca, é lógico que tem que

existir alguma divergência. E o concurseiro tem que decorar as duas formas de pensar.

Cespe e Esaf entendem as insubsistências de forma diferente.

Assim, se você for fazer um concurso do Cespe, deve adotar um posicionamento. Se for fazer um da Esaf, deve adotar outro.

A ESAF entende do mesmo jeito que vimos até agora.

O Cespe entende que Insubsistência do Ativo é uma Insubsistência ATIVA (que aumenta o PL). E que a insubsistência do passivo é uma

Insubsistência Passiva (diminui o PL).

Segue a tabelinha para o Cespe (sublinhei a divergência):

Aumentos no PL Diminuição do PL

Superveniência ATIVA Superveniência PASSIVA

Superveniência do ATIVO

Superveniência do PASSIVO

Insubsistência ATIVA Insubsistência do PASSIVO

Insubsistência do ATIVO

Insubsistência PASSIVA

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O Cespe segue a abordagem mais tradicional das superverniências

e insubsistências, que é a encontrada com maior amparo na doutrina contábil.

Já a ESAF segue o modelo que o Conselho Federal de Contabilidade

(CFC) adota desde 2004.

..............................

É isso por hoje, minha gente!

Esse é só um resuminho acerca de um assunto na nossa matéria.

Se quiser estudar conosco para uma preparação mais aprofundada e

direcionada para o seu concurso, te convido a dar uma olhada nas minhas aulas demonstrativas (que você baixa de graça no site do Estratégia

Concursos):

Curso de Noções de Contabilidade para Analista de Material e Patrimônio da Câmara dos Deputados:

https://www.estrategiaconcursos.com.br/curso/nocoes-de-

contabilidade-e-afo-parte-i-p-camara-dos-deputados-analista-material-e-patrimonio/

Curso de Contabilidade Pública para auditor do TCU:

https://www.estrategiaconcursos.com.br/curso/contabilidade-

publica-p-tcu-2016-auditor-federal-de-controle-externo/

Um grande abraço de quem sempre está torcendo por você,

Jetro.