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Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL 1.242.294 - PR (2011/0053235-0) RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ RECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDO ADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR PÚBLICO E OUTROS RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA RECURSO ESPECIAL. MOEDA FALSA. DOSIMETRIA DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DELAÇÃO PREMIADA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. No crime de moeda falsa cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial imposto a terceiros – a vítima é a coletividade como um todo e o bem jurídico tutelado é a pública, que não é passível de reparação. 2. Os crimes contra a pública, assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. 3. As instâncias ordinárias, ao afastar a aplicação da delação premiada, consignaram, fundamentadamente, que "não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação". 4. Recurso não provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma, prosseguindo no julgamento, por maioria, negar provimento ao recurso especial, vencidos os Srs. Ministros Relator e Nefi Cordeiro. Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz. Votou com o Sr. Ministro Relator o Sr. Ministro Nefi Cordeiro. Votaram com o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz os Srs. Ministros Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP) e Maria Thereza de Assis Moura. Brasília, 18 de novembro de 2014 Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 de 27

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  • Superior Tribunal de Justiça

    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)

    RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIORR.P/ACÓRDÃO : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZRECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDO ADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR

    PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

    EMENTA

    RECURSO ESPECIAL. MOEDA FALSA. DOSIMETRIA DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DELAÇÃO PREMIADA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. RECURSO NÃO PROVIDO.1. No crime de moeda falsa – cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial imposto a terceiros – a vítima é a coletividade como um todo e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação.2. Os crimes contra a fé pública, assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída.3. As instâncias ordinárias, ao afastar a aplicação da delação premiada, consignaram, fundamentadamente, que "não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação".4. Recurso não provido.

    ACÓRDÃO

    Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,

    acordam os Ministros da Sexta Turma, prosseguindo no julgamento, por

    maioria, negar provimento ao recurso especial, vencidos os Srs. Ministros

    Relator e Nefi Cordeiro. Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Rogerio Schietti

    Cruz. Votou com o Sr. Ministro Relator o Sr. Ministro Nefi Cordeiro. Votaram

    com o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz os Srs. Ministros Ericson Maranho

    (Desembargador convocado do TJ/SP) e Maria Thereza de Assis Moura.

    Brasília, 18 de novembro de 2014Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ Relator

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  • Superior Tribunal de Justiça

    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)

    RELATÓRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de

    recurso especial interposto por Flancos Leopoldo, com fundamento nas

    alíneas a e c do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal

    Regional Federal da 4ª Região proferido na Apelação Criminal n.

    2004.70.019119-6/PR (fls. 197/205):

    PENAL. MOEDA FALSA. DESCLASSIFICAÇÃO. ESTELIONATO. NÃO CABIMENTO. DOSIMETRIA DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DELAÇÃO PREMIADA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR.

    Não há falsificação grosseira quando demonstrado que a cédula é apta a enganar o homem comum, de forma que não é cabível a tese de estelionato, firmando-se a competência da Justiça Federal.

    Tendo sido a pena-base fixada no mínimo legal, não é possível a redução da pena provisória aquém desse patamar, ainda que reconhecida a atenuante da confissão espontânea, em respeito à Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça ("A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.").

    O crime de moeda falsa não é patrimonial, mas, sim, contra a fé pública, a qual, com ou sem reparação do dano, resulta afetada, de forma que não não é possível a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do Código Penal - arrependimento posterior.

    Não incide a minorante da delação premiada quando as informações prestadas pelo réu são superficiais, não fornecendo à investigação subsídios que levem à incriminação de outros agentes.

    No presente recurso (fls. 211/221), alega-se, em síntese, negativa

    de vigência aos seguintes dispositivos: a) art. 16 do Código Penal, sob o

    argumento de que é possível o reconhecimento do arrependimento posterior

    em crime de moeda falsa; b) arts. 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999, afirmando-se

    que o caso admite o perdão judicial ou a redução da pena.

    Oferecidas contrarrazões (fls. 232/242), o recurso foi admitido na

    origem (fls. 243/244).

    O Ministério Público Federal opina pelo não conhecimento ou pelo

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  • Superior Tribunal de Justiça

    não provimento do recurso (fls. 266/269).

    É o relatório.

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    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)

    VOTO-VENCIDO

    O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: A primeira

    pretensão recursal direciona-se à incidência do arrependimento posterior.

    O recorrente assevera que os elementos tendentes a viabilizar a

    incidência da mencionada norma legal [art. 16 do CP] estão devidamente

    caracterizados (fl. 213).

    No ponto, deve ser acolhida a insurgência.

    O arrependimento posterior incide nos crimes cometidos sem

    violência ou grave ameaça à pessoa, [desde que] reparado o dano ou

    restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato

    voluntário do agente (art. 16 do CP).

    Apesar da existência de vozes dissonantes na doutrina, parece

    certo admitir que o instituto se aplica a qualquer crime, não se

    restringindo aos delitos patrimoniais.

    Nesse sentido, Cleber Masson (Código Penal Comentado . 2ª ed.,

    rev. atual. e ampl., São Paulo: Método, 2014):

    O arrependimento posterior alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e não apenas os delitos contra o patrimônio. Raciocínio diverso levaria a conclusão de que essa figura penal deveria estar prevista no titulo dos crimes contra o patrimônio, e não na Parte Geral do CP. Basta, em termos genéricos, que exista um “dano” causado em razão da conduta penalmente ilícita.

    Ressalto que não desconheço jurisprudência desta Corte Superior

    no sentido de que a causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do

    Código Penal (arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver

    a integral reparação do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento

    da denúncia (REsp n. 1.302.566/RS, Ministra Maria Thereza de Assis Moura,

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    Sexta Turma, DJe 4/8/2014 – grifo nosso).

    Entendo, todavia, que tal conclusão deve ser alterada e, para tanto,

    apresento as seguintes razões:

    A vítima do crime tem passado, nos últimos anos, por um processo

    de redescobrimento , seja por meio de estudo específico por parte da

    Criminologia/Vitimologia, seja por meio de inovações legislativas com

    finalidades protetivas, a exemplo dos arts. 201 e 387, IV, do Código de

    Processo Penal.

    Sobre a importância da vítima em âmbito penal, diz a doutrina que:

    Há muita resistência no Direito Penal em se aceitar uma participação mais ativa da vítima na dogmática penal. Todavia, a defesa da vítima, dentro do conceito de intervenção mínima, deve ser também valorada pelo intérprete. O Direito Penal não pode se desconectar da realidade criminal a ponto de não proteger a vítima tal qual ela merece. Há de se respeitar também a vítima criminal, pois a cidadania é um dos fundamentos de nossa República, e a proteção da mesma se coaduna também com um dos objetivos do Estado Democrático de Direito.

    (CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia . 4ª ed., revista, ampliada e atualizada. Niterói: Editora Impetus, 2009, pág. 50/51 – grifo nosso)

    E é no contexto de valorização da vítima que deve ser interpretado o

    instituto do arrependimento posterior . Inclusive, outra não é a indicação

    constante na Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal (Lei

    n. 7.209/1984):

    15. O Projeto mantém a obrigatoriedade de redução de pena, na tentativa (artigo 14, parágrafo único), e cria a figura do arrependimento posterior à consumação do crime como causa igualmente obrigatória de redução de pena. Essa inovação constitui providência de Política Criminal e é instituída menos em favor do agente do crime do que da vítima. Objetiva-se, com ela, instituir um estímulo à reparação do dano, nos crimes cometidos "sem violência ou grave ameaça à pessoa".

    Dessa forma, justamente por ter sido instituída como estímulo à

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    reparação do dano , parece-me que cumpre melhor tal escopo a admissão da

    incidência da minorante, ainda que a reparação haja sido parcial, funcionando

    a extensão da conduta reparadora como critério de gradação do

    abrandamento da pena.

    Nesse sentido, há doutrina:

    Segundo os termos do dispositivo, a diminuição de pena somente ocorrerá se houve reparação do dano, que não precisa ser integral, sob pena do dispositivo se tornar letra morta. [...] Pensamos que o dispositivo deve ser interpretado elasticamente, objetivando o benefício da vítima.

    (JORGE, Wiliam Wanderley. Curso de direito penal, v. 1: (parte geral) . 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, pág. 329 – grifo nosso)

    Há também precedente jurisprudencial oriundo do Supremo Tribunal

    Federal:

    PENA – CAUSA DE DIMINUIÇÃO – ARREPENDIMENTO POSTERIOR – ARTIGO 16 DO CÓDIGO PENAL – ALCANCE.

    A norma do artigo 16 do Código Penal direciona à gradação da diminuição da pena de um a dois terços presente a extensão do ato reparador do agente.

    (HC n. 98.658, Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe 15/2/2011 – grifo nosso)

    Assim, não há impedimento à aplicação da minorante ao crime de

    moeda falsa, senão vejamos:

    Tal delito tem como sujeito passivo, consoante abalizada doutrina,

    o Estado e, eventualmente, a pessoa, física ou jurídica, prejudicada pela

    conduta praticada pelo sujeito ativo na situação concreta.

    Perfilham esse entendimento: Rogério Greco (Código Penal

    Comentado . 6ª ed., Niterói: Editora Impetus, 2012, pág. 858), Cezar Roberto

    Bitencourt (Tratado de Direito Penal 4. 7ª ed., São Paulo: Editora Saraiva,

    2013, pág. 474) e Julio Fabbrini Mirabete (Código Penal Interpretado . 7ª ed.,

    São Paulo: Editora Atlas, 2011, pág. 1.633).

    São ocasionados, então, danos à fé pública, objeto jurídico do tipo, Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 7 de 27

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    e, eventualmente, ao patrimônio da pessoa física ou jurídica prejudicada de

    forma mediata pela conduta criminosa.

    Resulta claro, por conseguinte, que a reconstituição do patrimônio

    do sujeito passivo mediato, embora insuficiente para reparar o integral

    prejuízo causado pela conduta delituosa, uma vez que a fé pública não é

    passível de reparação, não deve ser desconsiderada. Pode, então, funcionar

    como causa de diminuição de pena, embora em fração inferior à máxima

    prevista no art. 16 do Código Penal.

    Seria o caso, portanto, de determinar o retorno dos autos à instância

    ordinária, a fim de que, afastada a negativa de aplicação da minorante,

    fundamentasse a escolha do quantum de redução.

    Observo, todavia, que não se faz necessária tal providência.

    Isso porque, ainda que se adote a fração mínima de redução (1/3),

    seria o caso de extinguir a punibilidade do agente, por força da prescrição da

    pretensão punitiva.

    De fato, da diminuição de 1/3 sobre a pena de 3 anos resulta

    sanção de 2 anos de reclusão, cuja prescrição ocorre em 4 anos, nos termos

    do art. 109, V, do Código Penal.

    Ocorre que tal prazo transcorreu entre o último marco interruptivo,

    consistente na publicação da sentença condenatória, em 2/9/2008 (fl. 136), e

    a presente data.

    Desse modo, fica prejudicada a análise das demais pretensões

    recursais.

    Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso especial e,

    nessa extensão, dou-lhe provimento, a fim de determinar a incidência da

    minorante prevista no art. 16 do Código Penal. De ofício, com fundamento no

    art. 61 do Código de Processo Penal, declaro extinta a punibilidade do

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    recorrente, pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento nos arts.

    107, IV, 109, V, 110, § 1º, e 114, II, todos do Código Penal.

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    CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA

    Número Registro: 2011/0053235-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.242.294 / PRMATÉRIA CRIMINAL

    Números Origem: 200470000191196 200470000191202

    PAUTA: 04/09/2014 JULGADO: 04/09/2014

    RelatorExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE

    SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

    AUTUAÇÃO

    RECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDOADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALCORRÉU : FLÁVIO GONÇALVES CARNEIROCORRÉU : RICARDO DANDOLINI

    ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a Fé Pública - Moeda Falsa / Assimilados

    CERTIDÃO

    Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

    Após o voto do Sr. Ministro Relator conhecendo parcialmente do recurso, e, nesta extensão, dando-lhe provimento e, de ofício, declarando extinta a punibilidade pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, pediu vista antecipada a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Aguardam os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do TJ/SE).

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    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIORRECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDO ADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR PÚBLICO E

    OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

    VOTO-VISTA

    MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA:

    Trata-se de recurso especial interposto por Flancos Leopoldo com

    fundamento no artigo 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal,

    impugnando acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado:

    PENAL. MOEDA FALSA. DESCLASSIFICAÇÃO. ESTELIONATO. NÃO CABIMENTO. DOSIMETRIA DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DELAÇÃO PREMIADA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR.

    Não há falsificação grosseira quando demonstrado que a cédula é apta a enganar o homem comum, de forma que não é cabível a tese de estelionato, firmando-se a competência da Justiça Federal.

    Tendo sido a pena-base fixada no mínimo legal, não é possível a redução da pena provisória aquém desse patamar, ainda que reconhecida a atenuante da confissão espontânea, em respeito à Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça ("A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena abaixo do mínimo legal").

    O crime de moeda falsa não é patrimonial, mas, sim, contra a fé pública, a qual, com ou sem reparação do dano, resulta afetada, de forma que não é possível a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do Código Penal - arrependimento posterior.

    Não incide a minorante da delação premiada quando as informações prestadas pelo réu são superficiais, não fornecendo à investigação subsídios que levem à incriminação de outros agentes.

    Sustenta o recorrente violação dos artigos 13 e 14 da Lei nº 9.807/99 e do

    artigo 16 do Código Penal ao argumento, em suma, de que preenche os requisitos para o

    perdão judicial ou a redução da pena, seja pela causa especial, seja pelo arrependimento

    posterior.

    Aduz, quanto ao arrependimento posterior, que não há distinção na norma

    que restrinja sua aplicação aos crimes patrimoniais ou a exclua nas hipóteses de crimes

    contra a fé pública, como é o caso de moeda falsa, invocando, para tanto, o julgado deste

    Superior Tribunal de Justiça no Resp nº 184.862/RJ.

    Alega, quanto à delação premiada, que prestou colaboração espontânea, é

    primário e colaborou voluntariamente e de modo relevante com a investigação policial

    durante o processo criminal, indicando os demais agentes, sendo irrelevante, para tanto,

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  • Superior Tribunal de Justiça

    que tenham eles sido absolvidos.

    Aduz, nesse passo, que os requisitos legais são alternativos e não

    cumulativos, e que a elucidação de esquema criminoso é requisito da benesse do artigo 6º

    da Lei nº 9.034/95 (Lei do Crime Organizado), mas não dos artigos 13 e 14 da Lei nº

    9.807/99 (Lei de Proteção às testemunhas).

    Na sessão do dia 4/9/2014, após o voto do eminente Ministro Relator,

    Sebastião Reis Júnior, que dava provimento ao recurso para determinar a incidência da

    minorante do artigo 16 do Código Penal e declarava a extinção da punibilidade pela

    prescrição, pedi vista antecipada dos autos para melhor analisar a questão.

    É o relatório.

    Ao que se tem dos autos, pretende o recorrente a obtenção do perdão

    judicial de que cuida o artigo 13 da Lei nº 9.807/99:

    Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:

    I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;

    II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a

    personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.

    E, alternativamente, a redução da pena com fundamento no artigo 14 da Lei

    nº 9.807/99 ou no artigo 16 do Código Penal, verbis :

    Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.

    Arrependimento posteriorArt. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,

    reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

    As benesses foram recusadas no acórdão recorrido à seguinte motivação:

    O réu sustenta, também, que tem direito ao beneficio da delação premiada, previsto no artigo 14 da Lei nº 9.807 de 1999, e, ainda, à causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do Código Penal, que trata do arrependimento posterior, considerando sua atuação durante a instrução

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  • Superior Tribunal de Justiça

    processual.Secundo-me no trecho da sentença que bem analisou a questão, para

    negar provimento à apelação nestas questões, adotando-o como razões de decidir (fi. 104):

    "A defesa do réu Flancos requer ainda a decretação do beneficio da delação premiada. Sustenta seu pedido nos artigos 13 e 14 da lei 9.807/99.

    Contudo, da mesma forma não merece guarida tal requerimento. A delação premiada é instituto previsto em legislação especial que tem por fim facilitar a elucidação de crimes cometidos de maneira organizada, desbaratinando um esquema criminoso, o que não é o caso dos autos. Na hipótese dos autos não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação.

    Por fim, pugna a defesa pelo reconhecimento do arrependimento posterior, uma vez que o réu Flancos teria reparado o dano antes do recebimento da denúncia. Não pode ser reconhecida a causa de diminuição de pena. O bem jurídico lesado, como dito anteriormente, é a fé pública, o qual não resta reparado pelo ressarcimento feito pelo agente às vítimas secundárias da ação delituosa.

    O crime de moeda falsa não é patrimonial, mas, sim, contra a fé pública, a qual, com ou sem reparação do dano, resulta afetada. Neste sentido é a jurisprudência do TRF 4:

    (...)

    Ao que se tem, as instâncias ordinárias negaram aplicação do perdão

    judicial à motivação de que a mera indicação da participação de outros no interrogatório

    não é suficiente para a concessão do benefício e recusaram a pretensão de redução da pena

    à motivação de que o crime de moeda falsa não é patrimonial, havendo lesão à fé pública

    ainda que haja reparação do dano.

    O eminente Ministro Relator, por sua vez, apreciando o cabimento da

    redução da pena pelo arrependimento posterior, decidiu que a benesse não se restringe aos

    delitos patrimoniais e que a reconstituição do patrimônio do sujeito passivo mediato

    constitui reparação parcial para os efeitos da lei, autorizando a redução da reprimenda em

    menor grau.

    Ocorre, contudo, que no crime de moeda falsa a vítima é a coletividade

    como um todo e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação,

    como reconhece o ilustre relator. A propósito, o delito se consuma com a falsificação da

    moeda, sendo irrelevante, para a caracterização do tipo penal, eventual dano patrimonial

    que possa daí advir a terceiros.

    Assim, os crimes contra a fé pública assim como nos demais crimes não

    patrimoniais em geral são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada

    a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa

    subtraída.

    Acerca da indevida ampliação do instituto em sede de crimes não

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 3 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    patrimoniais, vale conferir a lição de Alberto Silva Franco:

    "O alargamento do raio de incidência do arrependimento posterior não merece encômios na medida em que foge, por inteiro, à fonte jurisprudencial que o inspirou. A possibilidade de aplicação do arrependimento posterior em relação a crimes não patrimoniais encerra em si um perigo manifesto. No tocante aos crimes contra a Administração Publica, mostra-se até despropositado. A diminuição obrigatória da pena em crime dessa categoria, propiciando em consequência a concessão de outros benefícios penais, poderá redundar num deficit de proteção ao bem jurídico que se visou tutelar e ainda significar um inaceitável privilégio posto à disposição dos afortunados.

    (...) (FRANCO, Alberto Silva. Código penal e sua interpretação. 8. ed. rev. atual. e ampl. Coord. Alberto Silva Franco e Rui Stoco. São Paulo: 2007, p. 144).

    E a respeito do âmbito de aplicação do arrependimento posterior, veja-se o

    seguinte precedente deste Superior Tribunal de Justiça:

    PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE. SÚMULA 267/STJ. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO. APRESENTAÇÃO POR EXIGÊNCIA DE AUTORIDADE POLICIAL. IRRELEVÂNCIA. CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO-OCORRÊNCIA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. CRIME PATRIMONIAL OU COM EFEITO PATRIMONIAL. AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. NÃO-OCORRÊNCIA. REVALORAÇÃO DE CADA UMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. EXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO INCABÍVEL NA VIA ELEITA. AFASTAMENTO DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS DESFAVORÁVEIS. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. MANUTENÇÃO DA PENA-BASE. REFORMATIO IN PEJUS. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.

    1. Tendo em vista que os recursos de caráter excepcional não possuem efeito suspensivo, a execução provisória do acórdão condenatório constitui efeito natural do exaurimento das vias recursais ordinárias, não importando em violação ao princípio constitucional da presunção de inocência.

    2. A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão (Súmula 267 deste Tribunal).

    3. Para a caracterização do crime de uso de documento falso, é irrelevante que o agente o use por espontânea vontade ou por exigência de autoridade policial.

    4. O crime impossível somente se caracteriza quando o agente, após a prática do fato, jamais poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do Código Penal.

    5. No caso, o delito de uso de documento falso restou consumado com a apresentação do documento ao policial, não restando caracterizada a hipótese de crime impossível.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 4 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    6. Para a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal, exige-se que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais, sendo incabível na hipótese de crime de uso de documento falso.

    7. Não constitui ofensa ao princípio da individualização da pena a decisão que, para fins de cominação da reprimenda, destaca tanto as circunstâncias que diferenciam os réus entre si quanto as que os igualam.

    8. A valoração de cada uma das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal demanda aprofundado exame do contexto fático-probatório, o que é inviável na via eleita.

    9. Incorre em reformatio in pejus o acórdão que, em recurso exclusivo da defesa, desconsidera duas circunstâncias judicias e, mesmo assim, mantém a pena-base no mesmo patamar fixado na sentença condenatória.

    10. Ordem parcialmente concedida para que o Tribunal de origem, relativamente ao delito de estelionato, proceda, como entender de direito, ao recálculo da pena-base fixada, levando em consideração as circunstâncias judiciais desfavoráveis por ele retiradas.

    (HC 47.922/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 25/10/2007, DJ 10/12/2007, p. 401)

    Gize-se, a propósito, que o julgado deste Superior Tribunal de Justiça no

    Resp nº 184.862/RJ, invocado pelo recorrente como paradigma, nada decidiu acerca do

    cabimento em si do arrependimento posterior em sede de crime de moeda falsa,

    limitando-se a afirmar a possibilidade da redução da pena aquém do mínimo legal pelo

    arrependimento posterior por se tratar de causa de diminuição de pena atinente à terceira

    etapa da dosimetria, não restando assim demonstrado o dissídio jurisprudencial.

    Do exposto resulta que é incabível a redução da pena pelo arrependimento

    posterior em sede de crime de moeda falsa e a reconstituição do patrimônio do particular

    que tenha eventualmente recebido a moeda falsa não tem função para fins de aplicação da

    benesse porque, em casos tais, não há reparação qualquer do dano, não se situando a

    discussão no âmbito do cabimento da reparação parcial.

    Vale ressaltar, de qualquer modo, que justamente por se tratar de benefício

    que deve ser interpretado no contexto de valorização da vítima, como bem lembra o ilustre

    relator, é que a reparação parcial, quando eventualmente admitida, decorreria de renúncia

    da parte não ressarcida que, no caso de crime contra a fé pública, seria de todo inviável,

    dada a natureza intangível e indisponível do bem violado.

    Nesse sentido, colhe-se, mais uma vez, a lição de Alberto Silva Franco:

    A reparação do dano deve ser, em princípio, integral, mas se a vítima, não obstante uma reparação parcial, entende que foi suficientemente ressarcida, não há razão para que não se admita o arrependimento posterior. O instituto foi criado predominantemente em favor da vítima, e não do acusado. Destarte, o lesado dispõe de uma margem flexível de avaliação do quantum de ressarcimento que lhe foi prestado. E pode, sem dúvida, renunciar ao recebimento total, se que tal fato prejudique o reconhecimento do arrependimento posterior. Se a própria vítima se dá por satisfeita, embora

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 5 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    o ressarcimento do dano não tenha sido integral, a questão escapa à apreciação judicial para efeito de recusa da causa de diminuição de pena." (op cit., p.146)

    Lembre-se, de resto, que a reparação parcial do dano em tema de

    arrependimento posterior foi objeto de apreciação recente neste colegiado em

    entendimento cuja revisão prematura poderia trazer indesejável insegurança jurídica e que

    restou assim sumariado:

    RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS. INVERSÃO. NULIDADE RELATIVA. SUPERVENIÊNCIA DA LEI 11.719/08. NOVA CITAÇÃO. DESCABIMENTO. INTERROGATÓRIO POR CARTA PRECATÓRIA. INDEFERIMENTO. CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. REPARAÇÃO INTEGRAL DO DANO.

    (...)5. A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal

    (arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à vítima.

    6. Recurso especial improvido.(REsp 1302566/RS, da minha relatoria, SEXTA TURMA, julgado em

    27/06/2014, DJe 04/08/2014)

    Posto isso, afastada a redução da pena pelo arrependimento posterior,

    impõe-se a devolução das questões remanescentes para exame do eminente Ministro

    Relator.

    Ante o exposto, divergindo do voto do ilustre Ministro Relator, nego

    provimento ao recurso pela violação do artigo 16 do Código Penal e afasto a prescrição

    decretada, devolvendo os autos para exame da alegada violação dos artigos 13 e 14 da Lei

    nº 9.807/99.

    É O VOTO.

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    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIORRECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDO ADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR

    PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO NEFI CORDEIRO:Sr. Presidente, havia adiantado, na sessão passada, em anotação informal, que

    as razões de V. Exa. soam-me convincentes. Acho que, como medida de política

    criminal, a interpretação que se faça, propiciando a reparação do dano à vítima

    particular, é medida salutar, é medida que vai diminuir os reflexos sociais do crime

    causado e mereceria daí uma redução da pena. Assim, a compreensão que V. Exa.

    trouxe, de que seria possível compreender o art. 16 como aplicável ao crime de moeda

    falsa, nesse caso de reparação ao particular do dano sofrido, pareceu-me como uma

    medida de política criminal muito interessante. A jurisprudência, às vezes, serve a esse

    fim, inclusive de política criminal.

    Minha preocupação, porém, que já havia adiantado e que sempre ressalto, é

    com a estabilidade da jurisprudência. Creio que isso deve ser objeto de reflexão para

    uma mudança definitiva. Meu receio é que façamos isso em um caso concreto, tendo

    decidido recentemente de outro modo e, logo em seguida, termos uma nova alteração.

    Nesta situação presente, na qual inclusive teríamos um empate, com outra

    convocação, o risco é de instabilidade da jurisprudência.

    VOTO (Continuação)

    O EXMO. SR. MINISTRO NEFI CORDEIRO:Essa preocupação faz com que, neste processo, não acompanhe o voto de V.

    Exa., mas prometo, no futuro, repensar a questão com vistas a uma alteração, se for o

    caso da compreensão da maioria dos colegas do Tribunal.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 7 de 27

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    CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA

    Número Registro: 2011/0053235-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.242.294 / PRMATÉRIA CRIMINAL

    Números Origem: 200470000191196 200470000191202

    PAUTA: 04/09/2014 JULGADO: 16/09/2014

    RelatorExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. OSWALDO JOSÉ BARBOSA SILVA

    SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

    AUTUAÇÃO

    RECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDOADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALCORRÉU : FLÁVIO GONÇALVES CARNEIROCORRÉU : RICARDO DANDOLINI

    ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a Fé Pública - Moeda Falsa / Assimilados

    CERTIDÃO

    Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

    Prosseguindo no julgamento após o voto-vista antecipado da Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, negando provimento ao recurso especial no que se refere ao art. 16, sendo acompanhada pelos Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz e Nefi Cordeiro, a Sexta Turma, por maioria, negou provimento ao recurso especial no que se refere ao art. 16, vencido o Sr. Ministro Relator, que dava provimento ao recurso especial e reconhecia a extinção da punibilidade pela prescrição. Tendo em vista a existência de questões pendentes, os autos retornam ao Relator para exame das mesmas.

    Votaram com a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz e Nefi Cordeiro.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 8 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Negado

    provimento ao recurso pela Sexta Turma quanto ao pretendido

    reconhecimento da incidência do art. 16 do Código Penal (arrependimento

    posterior), ocasião em que fiquei vencido, voltaram-me os autos para análise

    das demais teses recursais.

    Trata-se do pedido de aplicação dos benefícios previstos nos arts.

    13 e 14 da Lei n. 9.807/1999.

    O perdão judicial e a causa de diminuição da pena previstos nos

    mencionados dispositivos legais foram negados ao recorrente sob o seguinte

    fundamento (fl. 203 – grifo nosso):

    [...]A delação premiada é instituto previsto em legislação especial que tem

    por fim facilitar a elucidação de crimes cometidos de maneira organizada, desbaratinando um esquema criminoso, o que não é o caso dos autos. Na hipótese dos autos não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação.

    [...]

    No presente recurso, afirma-se que não há base para se exigir como

    condição para aplicação da delação premiada prevista nos artigos 13 e 14 da

    Lei 9.807/99 o desmantelamento de eventual organização criminosa (fl. 220).

    Assiste razão ao recorrente.

    Com efeito, a Lei 9.807/99 (Lei de Proteção a Vítimas e

    Testemunhas), que trata da delação premiada, não traz qualquer restrição

    relativa à sua aplicação apenas a determinados delitos (REsp n.

    1.109.485/DF, Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe

    25/4/2012).

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 1 9 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    Por ser bastante elucidativo quanto à questão, transcrevo trecho do

    voto condutor do precedente acima mencionado (grifo nosso):

    [...]Com efeito, referida Lei, tentando uniformizar o tratamento dado à

    delação premiada, trouxe como benefícios ao delator, a possibilidade de redução da pena bem como o perdão judicial. Em seu bojo, no entanto, não traz qualquer restrição relativa à sua aplicação apenas a determinados delitos.

    [...]Importante destacar que a delação premiada, também conhecida como

    plea bargaining , não é novidade no ordenamento jurídico brasileiro, estando presente em nossa legislação penal desde as Ordenações Filipinas. Atualmente, existem várias leis tratando do tema: Lei nº 8.072/90 (art. 8º, p. único), Lei nº 8.137/90 (art. 16, p. único), Lei 9.269/96 (introduziu o § 4º no art. 158 do CP), Lei nº 9.034/95 (art. 6º), Lei 9.807/99 (arts. 13 e 14), Lei nº 9.613/98 (art. 1º, § 5º) e Lei 11.343/06 (art. 41). No entanto, segundo a doutrina, "a melhor tentativa do legislador quanto à sistematização da delação premiada foi a Lei 9.807/99". (DA FONSECA, Pedro Henrique Carneiro. A delação premiada . De jure. Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, n. 10, jan./jun. 2008, p. 247/266).

    [...]Constata-se, dessa forma, que o legislador, ao disciplinar a matéria

    na Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas, não direcionou o instituto da delação premiada a nenhum crime específico, não cabendo, portanto, ao intérprete restringir onde não o fez o legislador. De fato, deve se ter em mente que "o uso da Lei nº 9.807/99 fica para todos aqueles crimes que não configuram delitos tipificados nas leis específicas que já possuem o instituto da delação premiada". (DA FONSECA, Pedro Henrique Carneiro. Ob. Cit.). Tem-se, assim, que a comentada Lei permitiu o alastramento da concessão do beneplácito para todo o direito pátrio, possibilitando o cabimento em toda e qualquer modalidade de crime. Não é outro o entendimento de Alberto Silva Franco, que afirma que:

    "A Lei 9.807/99 não estruturou novos tipos incriminadores sobre determinada matéria de proibição ou reformulou tipos pré-existentes, tendo apenas o duplo objetivo de estabelecer 'normas para a organização e manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas' e de dispor 'sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal'. Em segundo lugar porque o texto dos arts. 13 e 14 da Lei 9.807/99 cria as hipóteses de perdão judicial e de causa redutora de pena, com ampla abrangência e sem nenhuma vinculação a determinados tipos penais". (Crimes hediondos . 7. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 527).

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  • Superior Tribunal de Justiça

    Mostra-se, portanto, equivocado o entendimento esposado pelo Tribunal de origem, que deixou de aplicar os benefícios da delação premiada ao segundo recorrente, sob o fundamento de que referido instituto não se aplica aos crimes de roubo qualificado. Contudo, não cabe a esta Corte Superior a análise do preenchimento dos requisitos legais, haja vista a incidência do enunciado nº 7 da Súmula desta Corte, razão pela qual devem os autos retornar à Corte de origem, para que lá seja examinado se o recorrente preenche os requisitos para aplicação da benesse.

    [...]

    Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso especial,

    apenas para determinar ao Tribunal de origem que, afastada a tese de

    aplicação restrita a crime cometido por organização criminosa, analise se o

    recorrente preenche os requisitos legais para ser beneficiado pelos institutos

    previstos nos arts. 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 1 de 27

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    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)

    VOTO-VENCEDOR

    O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ:

    FLANCOS LEOPOLDO interpôs recurso especial, com fundamento nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

    Consta dos autos que o recorrente foi denunciado como incurso no art. 289, § 1º, do Código Penal nos seguintes termos:

    [...] No dia 05 de maio de 2004, o denunciado FLANCOS, ciente da ilicitude de sua conduta, de forma voluntária, introduziu em circulação 6 (seis) cédulas falsas de R$ 50,00 (cinqüenta reais), todas notas contrafeitas que haviam sido adquiridas, também de forma voluntária e consciente, do denunciado RICARDO, por intermédio do denuciado FLÁVIO, pelo valor de R$30,00 (trinta reais) cada. [...]A autoria resta comprovada pelo auto de prisão em flagrante (fl. 03) e pela confissão do denunciado FLANCOS (fls.44-46), que, além de admitir ter introduzido em circulação moeda falsa dentro da citada administração militar, admitiu ter comprado as notas, a R$ 30,00 (trinta reais cada), do denunciado RICARDO, por intermédio do denunciado FLAVIO, que o apresentou ao primeiro. [...]Assim agindo, em unidade de desígnios, incorreram os denunciados nas sanções do artigo 289, § 1º, combinado com o artigo 29, ambos do Código Penal, pelo que requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL o recebimento e processamento da presente, até final condenação, procedendo-se, ainda, a oitiva das testemunhas abaixo arroladas, no momento processual adequado. (fls. 5-6)

    Regularmente instruído o feito, sobreveio sentença que absolveu os réus Flávio Gonçalves Carneiro e Ricardo Dandolini, nos termos do artigo 386, inciso V, do CPP e condenou o réu FLANCOS LEOPOLDO, pela prática do delito previsto no art. 289, § 1º, do Código Penal, à pena de 3 anos de reclusão, em regime inicial aberto, tendo sido substituída a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos.

    Irresignado, o ora recorrente interpôs a Apelação Criminal n. 004.70.00.019119-6/PR, alegando a nulidade na dosimetria da pena, a Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 2 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    desproporcionalidade da pena imposta (visto que o réu não pretendia lesar a fé pública, mas apenas "quitar dívida de natureza alimentícia"), bem como a incidência no caso das regras atinentes à delação premiada (na forma dos artigos 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999).

    Requereu a redução da pena-base, o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, a concessão de perdão judicial, a extinção da punibilidade, a redução da pena pela delação premiada, a aplicação da causa de redução de pena pelo arrependimento posterior.

    A Corte a quo negou provimento à apelação nos seguintes termos:

    PENAL. MOEDA FALSA. DESCLASSIFICAÇÃO. ESTELIONATO. NÃO CABIMENTO. DOSIMETRIA DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DELAÇÃO PREMIADA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR.Não há falsificação grosseira quando demonstrado que a cédula é apta a enganar o homem comum, de forma que não é cabível a tese de estelionato, firmando-se a competência da Justiça Federal.Tendo sido a pena-base fixada no mínimo legal, não é possível a redução da pena provisória aquém desse patamar, ainda que reconhecida a atenuante da confissão espontânea, em respeito à Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça ("A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.").O crime de moeda falsa não é patrimonial, mas, sim, contra a fé pública, a qual, com ou sem reparação do dano, resulta afetada, de forma que não não é possível a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do Código Penal - arrependimento posterior.Não incide a minorante da delação premiada quando as informações prestadas pelo réu são superficiais, não fornecendo à investigação subsídios que levem à incriminação de outros agentes. (fls. 197-205)

    Neste recurso, a defesa sustenta a negativa de vigência aos arts. 16 do Código Penal, sob o argumento de que é possível o reconhecimento do arrependimento posterior em crime de moeda falsa; 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999, afirmando-se que o caso admite o perdão judicial ou a redução da pena.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 3 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    Na sessão do dia 4/9/2014, após o voto do eminente Ministro Relator, Sebastião Reis Júnior, que dava provimento ao recurso para determinar a incidência da minorante do artigo 16 do Código Penal e declarava a extinção da punibilidade pela prescrição, pediu vista antecipada dos autos a Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

    A Ministra Maria Thereza de Assis Moura, divergindo do voto do Ministro Relator, negou provimento ao recurso especial pela violação do artigo 16 do Código Penal e afastou a prescrição decretada, devolvendo os autos para exame da alegada violação dos artigos 13 e 14 da Lei n. 9.807/99.

    Passo à análise do recurso especial.

    Acompanhei o voto-vista antecipado da Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, a fim de negar provimento ao recurso especial no que se refere ao art. 16 do Código Penal, motivo pelo qual analiso a alegada violação dos arts. 13 e 14 da Lei n. 9.807/1999.

    É o caso de consignar a provisoriedade do meu entendimento sobre o tema, mas examinando este caso, parece-me que agiu com acerto a Corte a quo, ao negar a aplicação da delação premiada ao recorrente, visto que ele simplesmente apontou os coautores, que, aliás, foram absolvidos.

    Creio ser o caso de empregar o instituto da delação premiada cum grano salis, sob pena de, em todos os casos de coautoria, ser invocada a possibilidade de aplicação de um instituto que, volto a dizer, tem contornos mais específicos.

    O acórdão objurgado indeferiu tais pedidos sob a seguinte motivação:

    [...] O réu sustenta, também, que tem direito ao beneficio da delação premiada, previsto no artigo 14 da Lei n. 9.807 de 1999, e, ainda, à causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do Código Penal, que trata do arrependimento posterior, considerando sua atuação durante a instrução processual.Secundo-me no trecho da sentença que bem analisou a questão, para negar provimento à apelação nestas questões, adotando-o como razões de decidir (fl. 104):

    A defesa do réu Flancos requer ainda a decretação do beneficio da delação premiada. Sustenta seu pedido nos artigos 13 e 14 da lei 9.807/99.Contudo, da mesma forma não merece guarida tal

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 4 de 27

  • Superior Tribunal de Justiça

    requerimento. A delação premiada é instituto previsto em legislação especial que tem por fim facilitar a elucidação de crimes cometidos de maneira organizada, desbaratinando um esquema criminoso, o que não é o caso dos autos. Na hipótese dos autos não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação.Por fim, pugna a defesa pelo reconhecimento do arrependimento posterior, uma vez que o réu Flancos teria reparado o dano antes do recebimento da denúncia. Não pode ser reconhecida a causa de diminuição de pena. O bem jurídico lesado, como dito anteriormente, é a fé pública, o qual não resta reparado pelo ressarcimento feito pelo agente às vítimas secundárias da ação delituosa.O crime de moeda falsa não é patrimonial, mas, sim, contra a fé pública, a qual, com ou sem reparação do dano, resulta afetada. [...]

    Ante o exposto, voto por dar parcial provimento à apelação para reconhecer ao réu a atenuante da confissão espontânea, sem qualquer alteração, todavia, na dosimetria da pena fixada na sentença, considerando a Súmula 231 do STJ. (fl. 203)

    No caso dos autos, as instâncias ordinárias, fundamentadamente, consignaram que "não se elucidou nenhum esquema criminoso; pelo contrário, o réu somente alegou em seu interrogatório a participação de outras pessoas na atuação criminosa, o que não é suficiente para a concessão do beneficio da delação".

    À vista do exposto, nego provimento ao recurso especial.

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    RECURSO ESPECIAL Nº 1.242.294 - PR (2011/0053235-0)RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIORRECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDO ADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR

    PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

    VOTO-VENCIDO

    O EXMO. SR. MINISTRO NEFI CORDEIRO:

    Sr. Presidente, com a vênia devida à divergência, vejo preenchidos os

    requisitos legais.

    Acompanho o voto de V. Exa.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 6 de 27

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    CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA

    Número Registro: 2011/0053235-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.242.294 / PRMATÉRIA CRIMINAL

    Números Origem: 200470000191196 200470000191202

    PAUTA: 04/09/2014 JULGADO: 18/11/2014

    RelatorExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Relator para AcórdãoExmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ

    Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

    Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MÁRIO FERREIRA LEITE

    SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

    AUTUAÇÃO

    RECORRENTE : FLANCOS LEOPOLDOADVOGADO : EDUARDO TERGOLINA TEIXEIRA - DEFENSOR PÚBLICO E OUTROSRECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALCORRÉU : FLÁVIO GONÇALVES CARNEIROCORRÉU : RICARDO DANDOLINI

    ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a Fé Pública - Moeda Falsa / Assimilados

    CERTIDÃO

    Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

    Prosseguindo no julgamento, a Sexta Turma, por maioria, negou provimento ao recurso especial, vencidos os Srs. Ministros Relator e Nefi Cordeiro. Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz.

    Votou com o Sr. Ministro Relator o Sr. Ministro Nefi Cordeiro.Votaram com o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz os Srs. Ministros Ericson Maranho

    (Desembargador convocado do TJ/SP) e Maria Thereza de Assis Moura.

    Documento: 1346891 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2015 Página 2 7 de 27