sumário - run.unl.pt · os comentários bíblicos carolíngios, ao coligirem delibe-radamente...

16

Upload: dangkhanh

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Editorial Fernanda Maria Guedes de Campos Fiat Lux Maria Adelaide Miranda Comentário aos Livros de Reis, de Rábano Mauro: um manual ajustado ao soberano cristão Maria Coutinho O iluminado 51 da Biblioteca Nacional de Portugal: uma Bíblia portátil do século XIII Luís Correia de Sousa Os Beatos Alicia Miguélez Cavero Os livros das Sentenças de Pedro Lombardo na Biblioteca de Alcobaça Catarina Barreira As Ilustrações do Cânon: a propósito dum Breviário e Missal de Santa Cruz Horácio Augusto Peixeiro As técnicas e os estilos na iluminura da Crónica Geral de Espanha de 1344 e a representação da Igreja de Santo Isidoro de Leão Catarina Martins Tibúrcio Iluminar no feminino: o scriptorium do Mosteiro de Jesus de Aveiro no final do século XV Paula Freire Cardoso “Entre os Judeus Portuguezes e Espanhoes corriaõ algumas Traducções”: a Bíblia da Ajuda, um manuscrito em romance de iniciativa judaica Tiago Moita A Escola de Lisboa de iluminura hebraica Luís Urbano Afonso O cofre nº 24: um livro de horas do Palácio Nacional de Mafra, caso de estudo e de intervenção Ana Lemos, Rita Araújo e Conceição Casanova A iconografia das margens no Livro de Horas dito de D. Leonor Delmira Espada Custódio Um exemplo da circulação dos manuscritos jurídicos iluminados na Europa medieval: três manuscritos jurídicos iluminados preservados em Portugal Maria Alessandra Bilotta Tempus (non) Fugit: o calendário medieval nos manuscritos iluminados em Portugal Joana Antunes Bibliografia

5

6

8

16

26

32

40

48

56

64

74

82

94

106

114

124

INVENIRE Revista de Bens Culturais da Igreja

INVENIRE é uma edição do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, organismo da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Directora Sandra Costa Saldanha

Coordenação deste número Fernanda Maria Guedes de Campos

Comissão Científica Catarina Barreira; Fernanda Maria Guedes de Campos; Isabel Cepêda; Maria Adelaide Miranda

Colaboram neste número Alícia Miguélez Cavero; Ana Lemos; Catarina Barreira; Catarina Martins Tibúrcio; Conceição Casanova; Delmira Espada Custódio; Horácio Augusto Peixeiro; Joana Antunes; Luís Correia de Sousa; Luís Urbano Afonso; Maria Adelaide Miranda; Maria Alessandra Bilotta; Maria Coutinho; Paula Freire Cardoso; Rita Araújo; Tiago Moita

Fotografia Academia das Ciências de Lisboa; Ana Lemos; Archivo del Monasterio de Santo Domingo de Silos; Arquivo Nacional da Torre do Tombo; Balliol College; Biblio-teca da Ajuda; Biblioteca Geral da Universi-dade de Coimbra; Biblioteca Nacional de Portugal; Biblioteca Pública de Évora; Biblioteca Pública Municipal do Porto; Bibliothèque de Genève; British Library; Bodleian Library; Catarina Barreira; Cristina Montagner; Hispanic Society of America; José Pessoa - DGPC/ADF; Luís Correia de Sousa; Luísa Oliveira - DGPC/ADF; Museu Calouste Gulbenkian; Paula Cardoso; Pierpont Morgan Library; Projecto IMAGO; Ricardo Naito; Rita Araújo

Assinaturas e publicidade Rui Almeida

Design e composição SNBCI

Impressão e acabamento Sersilito

Distribuição Vasp

ISSN 1647-8487

Depósito legal 316372/10

Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 Moscavide t. 218 855 481; f. 218 855 461 e. [email protected]

www.revistainvenire.pt

Conteúdos redigidos segundo a antiga ortografia, excepto nos casos em que os autores optaram pelo uso do novo acordo.

sumário

Abreviaturas ACL Academia das Ciências de Lisboa AMSDS Archivo del Monasterio de Santo Domingo de Silos ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa ARTIS-IHA/FLUL Instituto de História da Arte/Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa BA Biblioteca da Ajuda, Lisboa BC Biblioteca Casanatense, Roma BlC Balliol College, Oxford BdL Bodleian Library, Oxford BG Bibliothèque de Genève BGUC Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra BL British Library, Londres BNP Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa BPE Biblioteca Pública de Évora BPMP Biblioteca Pública Municipal do Porto CEAACP-UC Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património-UC CESEM-FCSH/UNL Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical-FCSH/UNL DGPC/ADF Direcção Geral do Património Cultural/Arquivo de Documentação Fotográfica FCSH/UNL Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa FCT/UNL Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade Nova de Lisboa FLUC Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra HSA Hispanic Society of America, Nova Iorque IEM-FCSH/UNL Instituto de Estudos Medievais-FCSH/UNL IICT Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa MAV Museu de Aveiro MCG Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa MNAA Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa PML Pierpont Morgan Library, Nova Iorque PNM Palácio Nacional de Mafra

Capa: Livro de Horas dito de D. Leonor Lisboa, BNP, Il. 165, fl. 99 v | Foto BNP

8

INV

ENIR

E

Resumo O Comentário aos Livros de Reis de Rábano Mauro (oferecido em 823 ao Imperador Luís o Pio), uma compilação e reflexão sobre o livro bíblico de Reis, foi, em várias ocasiões históricas, descrito como uma obra que apenas colige passagens bíblicas e patrísticas, sem qualquer originalidade. Neste artigo, apresentar-se-á uma reflexão sobre as motivações para a redacção do texto enquadrado na tradição comentarista carolíngia, para assim mostrar como a sua natureza antológica não pode ser alvo de uma abordagem simples e redutora, uma vez que integra um projecto complexo que se quer afirmar como um novo modo de trabalhar o texto bíblico. Um novo modo que mostrava preocupação com o passado, mas também com a sua transmissão futura. E é justamente assumindo o trabalho exegético como um campo de transmissão e fertilização da leitura, como legado, que na segunda parte se fará uma breve apresentação dos dois Comentários aos Livros dos Reis de Rábano Mauro, iluminados, que integram fundos portugueses. Conclui-se, por fim, com uma observação sobre as relações entre a obra e as circunstâncias políticas coevas do autor, designadamente o período de instabilidade governativa de Luís o Pio. Pretende-se sugerir, na senda de Chevalier- -Royet (2009: 153-154), que Rábano propõe não só a releitura do texto bíblico adaptada ao seu próprio período mas também, e a partir daqui, a constituição de um manual de conduta para o monarca cristão.

Abstract Hrabanus Maurus' Commentary on the Books of Kings, a compilation of reflections on the Books of Kings, was described on several historical occasions as a mere coalition of biblical and Patristic passages without any individual originality. This article aims to reflect on the motivations for the composition of this work within the broader Carolingian tradition of biblical commentaries. It tries therefore to expose how its anthological nature is not subject to any simplistic or reductive approach, since the work is part of a complex and new project of working the biblical text. This new approach revealed not only a profound interest on the past, but also a strong concern over its future textual transmission. It is precisely by dealing with the exegetical work as a reading legacy enriched in each new reception context, that the second section of this article features a brief reflection on the two illuminated Hrabanus’ Commentaries on the Books of Kings part of Portuguese collections. We finally conclude with some observations on the relationship between the work and the prevailing political circumstances of the author, namely the instability period of the Louis the Pious reign. This aims to convey, following Chevalier-Royet (2009: 153- 154), how Hrabanus’ Commentary proposed not only a reinterpretation of the biblical text adapted to his own times, but also the composition of a behavior manual for Christian monarchs.

Um manual ajustado ao soberano cristão

Comentário aos Livros de Reis, de Rábano Mauro

por Maria Coutinho IEM-FCSH/UNL

Ao lado: Lisboa, BNP, Ms. Alc. 333, fl. 6v Foto BNP

10

TEM

A

Scriptura cum legentibus crescit

T omo de empréstimo, como epígrafe, uma frase de Gregório Magno que Tolentino de Mendonça em-prega para expor a potência do trabalho exegético,

uma leitura infinita da Palavra que, como leitura viva, cresce e se multiplica com os que a lêem (Mendonça, 2008: 14). Rábano Mauro (c. 780-856), monge e abade de Fulda e, mais tarde, arcebispo de Mogúncia (Mainz), entre o muito que redigiu, conta também o preceito de exegeta. Escreveu diver-sos comentários a livros bíblicos entre os quais o Comentário aos Livros de Reis (Commentaria in IV Libros Regum ou Expositio in Libros Regum) - assunto que nos ocupa1. Permanece, porém, em relação a este autor, a ideia de que os seus escritos são me-ras compilações esvaziadas de “espírito crítico” e originalidade. Na verdade, tais críticas têm já uma longa tradição e remon-tam à sua própria época, pois tanto Dungal, como Jonas de Orleães, acusam Rábano de acumular apropriações de outros autores nos seus comentários (Chevalier-Royet, 2009: 153). A ser verdade, estaríamos afinal diante de um colector inábil para fecundar a leitura e, desse modo, fazer medrar a Palavra, sabotando a inscrição inicial e malogrando o propósito deste texto. Contudo, bem observadas, estas críticas mais não fazem do que pôr à vista o carácter complexo, mais do que problemá-tico, dos seus comentários bíblicos e, de modo mais geral, da tradição comentarista do período carolíngio. Carácter comple-xo na medida em que a sua natureza antológica não implica falta de originalidade, mas testemunha um projecto concreto e autêntico que, nem por isso e ao contrário do insinuado, silen-cia a voz interpretativa do seu autor. A este propósito, Cheva-lier-Royet identifica nos Comentários aos Livros de Reis carolín-gios um triplo propósito: a recolha da herança patrística, a sua transmissão e uma releitura do texto bíblico adaptada ao seu próprio período: “l’exégète a la volonté de se placer dans une tradition longue, de recueillir et de transmettre ce riche héritage” (Chevalier-Royet, 2009 : 153-154). Numa primeira parte veremos como à recolha pode, então, estar associada uma disposição crítica e reflexiva, que transformará irreversivelmente a leitura do texto Bíbli-co e como Rábano introduz um cunho individual na obra; na segunda daremos conta de uma circunstância dessa mes-ma transmissão a partir de uma breve observação de dois Comentários ao Livro de Reis que integram fundos portugue-ses e, para finalizar, de que modo Rábano relaciona o texto com as circunstâncias políticas suas contemporâneas. Os comentários bíblicos carolíngios, ao coligirem delibe-radamente património exegético disperso e ao congregarem numa só obra significados históricos ou literais, alegóricos, tropológicos, etimológicos, etc. (Chevalier-Royet, 2009: 154), encetam um novo modo de trabalhar o texto bíblico, ou seja uma interpretação holística das Escrituras. Aliás, no prefácio ao Comentário aos Livros de Reis, Rábano detalha o seu procedimento metodológico, que nos serve hoje de guião para outras obras, e alude à índole antológica da obra para reclamar o princípio de acumulação como uma das caracte-rísticas fundamentais (embora não exclusivas) da sua exegese. Este autor pretendia, de facto, compilar material já exis-tente2 e formular linhas de orientação hermenêuticas que permitissem alcançar uma melhor compreensão da Bíblia, ou não fosse, como diz José Mattoso: “um autor dotado de vastos conhecimentos e bom sistematizador do que a tradi-ção lhe legara acerca da interpretação bíblica e da maneira de ler em público.” (Mattoso, 1997: 336). No prefácio, Rábano

lista as fontes que consultou e que convocará para o texto, colocando o nome do autor citado na margem, método que, refere, aprendera com Alcuíno (embora seja Beda quem o inaugura). Acrescenta ainda que adicionará a sua própria visão nalgumas passagens, assinalando-as com M, de Mau-ro. Rábano entendia, pois, que um comentário estritamente literal seria insuficiente e é neste sentido que pondera o uso da patrística em função das suas especificidades:

“S. Jerónimo pela sua explicação literal, Isidoro como gramático, Orígenes pelo sentido alegórico, embora tam-bém recorra a Beda nas interpretações alegóricas. Recorria a Gregório pelo sentido tropológico e finalmente Agostinho pela completa gama de sentidos” (Levy, 2012: 151).

A informação histórica é o seu primeiro passo. Segue-se, depois, a revelação do sentido espiritual das passagens co-mentadas onde destaca o propósito da narração bíblica, quer através da etimologia3, quer do estabelecimento em paralelo de passagens bíblicas - sem jamais perder de vista a continuidade entre o antigo e o novo testamento (Chevalier-Royet, 2010 : 300-301). Uma redacção que integra ainda a transcrição de passagens bíblicas, a reformulação dos versículos, a explicação de termos mais complexos, o esclarecimento do contexto das situações bíblicas e inter-pretações e pareceres de fontes cristãs e judaicas. Preocupa-ções que reflectem além do mais, uma ampla experiência de ensino em Fulda e que porventura respondem às dificulda-des e faltas de aprendizagem dos seus alunos. O Comentário, ao desenvolver-se a partir dos textos pa-trísticos (e sublinhe-se a menção explícita aos autores), recupera a tradição que o precede, inscreve-se nessa mesma tradição, e transmite um legado para a posteridade. Uma “cadeia patrística”, dir-se-ia com Levi, que aplica o termo a este recém-género de comentário carolíngio para designar a sua importância na compreensão do texto exegético prece-dente e subsequente (Levy, 2012: 150). A própria ideia de antologia não desfaz a riqueza da obra, na medida em que uma escolha, sempre subjectiva, é forçosamente tutelada por critérios e estes cunharão indelevelmente o texto. Uma rique-za que não se esgota aqui, visto que não é de somenos impor-tância que à recolecção e labor sobre o património textual dos Padres da Igreja, Rábano tenha resolvido juntar a sua voz. Acresce o facto, subtil mas relevante, de ter recorrido às Quaestiones hebraicae in libros Regum4, de um autor judeu, como fonte. O recurso a um texto e autor tão pouco con-vencionais, ainda que num quadro de renovado interesse pelas fontes judaicas é, de acordo com Saltman, notável. Não que Rábano tenha sido pioneiro no emprego de material ju-daico, veja-se S. Jerónimo, por exemplo, mas considerando que era na patrística que residia a autoridade inquestionável da exegese bíblica, é suficientemente esclarecedor que Rábano, por mote próprio, recorresse a este texto como suporte para algumas das suas interpretações, em particular as literais5. Classificar o Comentário ao Livros de Reis como uma trivial compilação é não só obscurecer um projecto “editorial” rigoro-so e sagaz, mas também limitar uma interpretação profícua da Palavra que despertará a leitura-viva inscrevendo-se como possibilidade na história da exegese. Tanto assim é, que diver-sos comentários carolíngios, entre os quais o Comentário ao Livros de Reis, viriam a ser considerados de referência e servir de fundamento à Glosa ordinaria (Chevalier-Royet, 2009: 157). Uma importância tornada visível também pelas abundantes cópias do manuscrito, de maior expressão numérica entre os finais do século XII e meados da centúria seguinte.

10

INV

ENIR

E

Entre o número significativo de Comentários aos Livros de Reis manuscritos que resistiram até hoje6, aos quais se devem somar os possivelmente desaparecidos e os por iden-tificar, contam-se dois em fundos portugueses: o Alcoba-cense (Alc.) 333, actualmente na Biblioteca Nacional de Portugal e o Santa Cruz 11, na Biblioteca Pública Munici-pal do Porto, que integravam respectivamente a biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e a biblioteca dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra. A presença destes códices não merece surpresa. Desde os finais do século XI até meados do século XIII que a mai-or parte dos fundos monacais dava especial importância aos livros bíblicos e patrísticos. Assim é em Claraval, Pontigny, bem como nas suas filiais e na generalidade das bibliotecas europeias e peninsulares, onde uma parte significativa do fundo é constituída pelas Escrituras, comentários bíblicos e glosas de autores como Bede, Isidoro, Rábano Mauro, etc., por se tratarem de auxiliares indispensáveis para a prática da lectio divina. Sobre esta prática, diz José Mattoso:

“A lectio divina não se pode identificar com o que hoje cha-mamos leitura espiritual, nem sequer com qualquer leitura contemplativa. O seu objecto não era constituído por qual-quer livro edificante, mas pela própria Sagrada Escritura. Se, muitas vezes, os monges da Idade Média incluem nela a leitura de outras obras, estas são exclusivamente as que permitem compreender melhor a palavra de Deus. (...) As-sim, as leituras privadas (...) tinham por fim ajudá-lo [ao leitor] a compreender a Sagrada Escritura; ou melhor, a passar além do sentido histórico-literal, às riquezas dos sentidos alegórico, tropológico e anagógico. Por sua vez, como se depreende desta enumeração, o ‘estudo’ da Bíblia e dos seus quatro sentidos servia para introduzir o leitor na meditação da doutrina católica, para o ajudar na acção, e, sobretudo, no caso dos monges, para lhe abrir as portas da contemplação”. (Mattoso, 1997: 345-346)

A leitura, meditação e oração da e com a Palavra divina fazia-se, pois, com o amparo de textos que assistissem a sua compreensão e reflexão e assim acontece, por maioria de razão, no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e no de Santa Cruz de Coimbra. Com efeito, entre os finais do sécu-lo XII e meados do século XIII, o fundo alcobacense teria entre a Escritura e seus comentários, cerca de sessenta e três obras (14+49) (Nascimento, 1979: 379-382); o Comen-tário ao Livro de Reis de Rábano Mauro, o Alc. 333, seria parte deste conjunto. Como foram estes manuscritos lidos? Ou que leituras cresceram e dimanaram do texto já escrito, após a leitura de Rábano Mauro? Que relação se estabeleceu, quer indivi-dualmente, quer como comunidade, com cada um destes códices, com o seu texto? É difícil, para não dizer impossí-vel, asseverar. Porém, há indícios, vestígios ténues do uso que receberam e que hoje nos informam, embora pouco, sobre os aspectos relevantes para os seus usuários. Desde logo, pelas anotações que ladeiam o texto que permanecem como marcas de um uso regular conforme à prática, ou pela ornamentação, porque tratando-se de uma obra de estudo, e não de uma cópia para oferta régia ou eclesiástica - como terá sido o caso de algumas que circularam ainda em vida do autor -não surpreende que o Comentário não seja, em regra, abundantemente iluminado. O Alc. 333 contém os então designados Quatro Livros de Reis, distribuídos em 159 fólios, organizados em duas colunas. Depois do Prefatio é apresentada uma lista dos capítulos, com o respectivo assunto, embora não numerados. Só uma

inicial de maiores dimensões e profusão decorativa abre o I Livro de Reis e, curiosamente, talvez sugerindo a importân-cia dos livros como conjunto, não se dará especial destaque ao começo dos restantes livros. Fuit uir unus de Ramatha Sophin de monte Effraim..., assim começa o texto (o bíblico, que Rábano cita) com a inicial F que ocupa toda uma coluna do fólio e se desenvolve com motivos vegetalistas, caules e palmetas enroladas. O desenho, contornado a preto, é do-minado pelo azul, vermelho, verde, mas também pelo sépia e preto em apontamentos, provocando um efeito de som-breado. Encontramos vários tons de azul e de verde, por-ventura associados à aplicação de sucessivas camadas de pigmentos e, nalguns dos caules, esta técnica (onde a espes-sura é visivelmente maior) induz uma percepção de volume e de profundidade, designadamente quando há sobreposição de caules. Talvez com o propósito de dotar a composição com vida, o desfecho direito das hastes do F parece, através das volutas da folhagem, simular dois olhos com a “íris” a verde. Iniciais que são, de acordo com Adelaide Miranda, muito comuns no fundo alcobacense:

“Iniciais ornadas com palmetas e caules enrolados. Folhas carnudas e polposas, de cores compactas. Grande sentido da plasticidade. Terminações contidas, ordenando-se com regularidade e afastando-se pouco da forma da le-tra.” (Miranda, 1996: 174, 175, 399).

Um estilo que interpreta tardiamente a “inicial români-ca cujos motivos terão sido uma importação da Borgonha através de Claraval. Com estes manuscritos terá surgido o primeiro estilo alcobacense”7.

11

FIA

T LU

X

Porto, BPMP, Ms. Santa Cruz Coimbra, 11, fl. 46v Foto BPMP

Já as restantes iniciais, ocupando em regra cerca de 2 cm, assinalam não só o começo dos capítulos, mas também e muito certamente passagens consideradas de especial relevância, dado que uma parte considerável dos capítulos está indicada apenas com numeração romana. Será o caso dos capítulos relativos à construção do Templo (hoje em I de Reis, cap. 6), os mais expressivos deste ponto de vista (desde o fl. 77: Domus Dei edificauit rex Salomon...). Vemos, pois, as pequenas iniciais, que alternam entre o azul, o ver-melho, o verde e o castanho, quase sempre com pequenos apontamentos decorativos numa cor contrastante, a desem-penharem uma função essencial à leitura, isto é a destaca-rem o começo de capítulos que se supõem de particular importância (assim identificáveis com maior facilidade) e, conjuntamente, a conferirem ritmo visual ao manuscrito. Outro sinal que porventura importa destacar, visto que denuncia uma preocupação normativa com o texto, é o facto desta numeração se encontrar corrigida em diversos locais e ser, em muitos outros, acompanhada de uma se-gunda numeração, em particular a partir do fl. 1158. Cor-recções que podem ter origem numa alteração da partição do texto, quem sabe se em confronto com outro(s) exem-plar(es) a que o mosteiro terá tido acesso mais tarde. Uma comparação com o manuscrito Santa Cruz 11, onde se encontra quase total correspondência nas iniciais e nos capítulos, permite sugerir a possibilidade da correcção ser posterior, ainda que não muito, uma vez que o exemplar crúzio mantém a primeira numeração sem quaisquer emen-das. O que nos deixa perante duas possibilidades: ou o Alc. 333 é cotejado com outra cópia e corrigido a partir dela, ou sofre uma reestruturação da partição do texto em capítu-los, ligeiramente posterior, que não terá paralelo no Santa Cruz 11. Talvez seja ocasião para dizer que, justificando o porquê de ser presumivelmente pouco posterior, não tendo esta obra ainda recebido estudo filológico contemporâneo (que permitiria, por exemplo, estabelecer uma genealogia dos diversos manuscritos sobreviventes e propor relações de parentesco entre estes), a investigação assenta na impres-são feita por Colvenerius em Colónia, em 1626, depois reto-mada por Migne na Patrologia Latina, e responde a uma organização dos capítulos que se supõe datar do século XIII - a que se regressará adiante. Tal ausência impede que se seja conclusivo não só relativamente à familiaridade tex-tual entre estes e outros códices mas também, analogamen-te, a possíveis reorganizações como a que vemos no Alc. 333. Em todo o caso, a possibilidade deste códice ter sido confrontado com outra cópia sai reforçada pelo facto de haver correcções em iniciais, como no fl. 104 (de U para I), ou no fl. 116v (de R para I), que se mantêm inalteradas no Santa Cruz 11. As passagens bíblicas, se nalguns manuscritos não rece-bem qualquer destacamento ou são assinaladas com subtis marcas à margem, aqui encontram-se sublinhadas a verme-lho, como que para permitir a sua rápida identificação, ou-tro indício de uso. Trechos significativos do Comentário propriamente dito, vêm corresponder na margem sinalética de destaque. E ocasionalmente, quer na margem, quer no intercolúnio, surgem notas, por vezes com a chamada explí-cita de nota e que, pelo seu teor, parecem aludir a ligações ao Novo Testamento9. Mas os indícios mais visíveis do tra-balho exegético sobre esta cópia em particular surgem-nos, finalmente, ao longo de todo o manuscrito a partir da

inscrição marginal dos advérbios hystorice, allegorice, tropo-logice e anagogice, correspondendo, na esteira de Santo Agostinho (e Cassiano) aos sentidos histórico, alegórico, tropológico e anagógico das passagens que acompanham. O manuscrito Santa Cruz 11 apresenta pontos de contacto com o Alcobacense, mas também certas particula-ridades de que se dará notícia. Com 188 fólios (+1), duas colunas a 31 linhas, é mais expressivo do que o seu congé-nere quanto à iluminura. Ao contrário do Alc. 333, a cada começo do Livro de Reis corresponderá uma inicial de mai-ores dimensões. No começo do livro I, a inicial F10 mede a quase extensão de uma coluna. Trata-se de uma inicial zoo-mórfica, com a forma de um animal alado, fantasioso, cria-tura deveras frequente em manuscritos deste período. A haste principal do F é feita com o corpo do animal, tendo uma terminação bastante comum do tipo vegetalista. A primeira haste arredonda e engrossa a letra, pois começa a desenhar-se com o pescoço e prossegue com um caule que lhe brota da boca. Segue enrolando-se sobre si próprio em volta e meia, deixando o interior da volta preenchido com folhagem centrada num só nódulo. As volutas que prendem o enrolamento do caule que sai da embocadura parecem-se a pequenas patas disformes que contribuem para a anima-ção do desenho, embora reforcem a estranheza do animal. De modo a manter o equilíbrio da figura e o reconhecimen-to da letra, é desenhado abaixo do pescoço, como suporte técnico, um conjunto de ornamentos a lembrar uma pluma ou crista tardia. 12

INV

ENIR

E

Porto, BPMP, Ms. Santa Cruz Coimbra, 11, fl. 45 Foto BPMP

13

FIA

T LU

X

De notar, finalmente, a forma como o iluminador joga com o fundo do suporte como outra cor e, deste modo, mul-tiplica as possibilidades de ritmar o desenho, nunca preen-chendo, por isso, a totalidade das porções desenhadas. Aqui, fundo interfere na composição com vigor criativo. Veja-se o caso concreto da cauda, que se alinha como uma espinha dorsal na posição inversa, porque interior, e prossegue no tronco até ao pescoço, onde as “escamas” são pinceladas com soltura de trabalho. Na perspectiva inversa, vemos essas mesmas escamas a crescer e a alongarem-se no corpo do animal, até se tornarem mais esguias no desfecho da asa. Nas “penas” e “escamas” da cauda, a planificação de alter-nância das cores assegura a inexistência de repetições. Mes-mo nas garras, essa preocupação é visível: duas são a sépia claro e as outras duas a sépia escuro. António da Cruz diz sobre este manuscrito que as cores e os motivos são os do-minantes no scriptorium do Mosteiro de Santa Cruz (Cruz, 1964: 106-107). Já no começo do Livro II encontramos um F11 contorna-do a sépia e preenchido com vermelho, verde e azul, em que a estrutura da letra assenta no encaixe de ganchos e recebe nas hastes desfecho em volutas, outra solução muito comum deste período. O Livro III abre com a inicial E, apenas deco-rada no interior com motivos vegetalistas12. Por último, o Livro IV inicia-se com uma inicial maior do que as preceden-tes, P13, embora a tipologia seja a das iniciais menores, isto é desenhada e preenchida a uma só cor, vermelho, com apon-tamentos decorativos a azul, no interior da letra e na haste. Os capítulos recebem iniciais de pequenas dimensões intercalando o vermelho com ornamentação subtil a azul e o inverso e, ocasionalmente, verde com ornamentos ou a azul ou a vermelho. Se é normal que a um manuscrito de estudo não seja atribuído o melhor pergaminho (mais fino e mais branco), nem se invista em ornamentação assídua e exuberante, não significa que não se esteja diante de um trabalho zeloso. De facto, a qualidade do trabalho de ilumi-nura manifesta-se em diversos detalhes, como a competência do desenho, a aplicação dos pigmentos, o cuidado e interesse na alternância de cores e, no caso, o rigor absoluto dessa mesma alternância. Aliás, o trabalho de iluminura é deveras peculiar neste códice e vemos a ornamentação a ganhar fulgor noutros locais do manuscrito, onde já não surge a par do texto. Talvez esse fulgor decorra de uma certa con-dição marginal e da liberdade que lhe pode estar associada. É o caso dos reclames que assinalam o fim de cada caderno, como no final do segundo, onde surge uma figura feminina ligada à letra S, ou, mais adiante, quando do reclame pende um homem com uma perna assente no solo e outra em ân-gulo recto, de cabelo a descoberto e nariz proeminente, que estende as mãos para colher o que parece ser uma canastra com peixe. Ainda que não respondendo exactamente ao objecto deste texto, não poderia passar despercebido que os sinais de uso do Santa Cruz 11 se manifestam também de modo singular pela mão imaginativa de um possível leitor e ilu-minador. O manuscrito é habitado por uma parafernália de desenhos e esboços ao longo das margens, muitos deles visíveis apenas com luz rasante de tão imperceptíveis que são. Falamos de um esboço de mão em sinal de bendição (fl. 15v), de uma criatura híbrida, alada (fl. 16), de um esboço de jumento pouco nítido sem finalização das patas (fl. 20), de um esboço incompleto de Cristo em majestade (fl. 21v), mas também de um desenho de uma cabeça de mulher (fl. 81),

um outro de um homem, em tronco nu, armado de escudo e lança acompanhado de um animal (fl. 88v), de um homem em tronco nu, com perna de pau, armado de escudo e lança, (fl. 91v), entre muitos outros. Uma lista verdadeiramente incompleta, mas suficientemente apetecível para que venha a despertar um estudo de conjunto que incorpore não só os desenhos de carácter religioso, que poderiam tratar-se de estudos (copiados de modelos ou não) para desenhos a in-cluir noutros manuscritos, como também os remanescentes que, com as devidas reservas, parecem sugerir uma carto-grafia visual do universo sociológico com que o seu dese-nhador poderá ter contactado. Retomando a questão que nos tem guiado, a da enume-ração dos sinais visíveis do estabelecimento de uma relação de leitura e uso destes dois códices, importa acrescentar que, à semelhança do Alc. 333, também o exemplar crúzio mostra marcas de manuseamento regular através escureci-mento dos fólios. Porém, se no alcobacense o trabalho exe-gético se dava a ver pelas frequentes notas marginais, sub-linhados e “caldeirões”, no Santa Cruz 11 estes são mais escassos, não há notas a acompanhar o texto e as passagens bíblicas encontram-se sinalizadas apenas com uma breve notação marginal. Procurou-se, a par da questão enunciada, dar conta de alguns dos traços comuns a ambos os códices, preocupação que já havia tomado Adelaide Miranda, que assinala a inesperada ausência de Incipit no começo de cada Livro de Reis:

“O facto dos códices serem em ambos os mosteiros copiados

Porto, BPMP, Ms. Santa Cruz Coimbra, 11, fl. 80 Foto BPMP

num único volume, terem um número de fólios e de linhas escritas semelhantes, assim como as mesmas ausências de Incipit comprova que as cópias tiveram uma origem comum” (Miranda, 1996: 174-175).

A estas considerações pode acrescentar-se que ambos os exemplares em estudo apresentam grandes afinidades tex-tuais14, sendo frequente encontrar as mesmas omissões ou acrescentos face ao texto publicado na Patrologia Latina, a que há pouco se aludiu. E, como vimos, há ainda coincidência na distribuição dos capítulos e correspondência na maioria das iniciais ornadas. Segundo Chevalier-Royet, o Comentário divide-se em quatro livros e, cada livro, em tantos capítulos quantos os dos livros bíblicos. De acordo com este plano, teríamos 31 capítulos para o I Livro, 24 capítulos para o II, 22 capítulos para o terceiro e 25 capítulos para o quarto (Chevalier- -Royet, 2010: 298). No entanto, de acordo com esta mesma autora, Jean-Louis Verstrepen indica que é possível que o Comentário ao Livro de Reis tenha sido reformulado para corresponder a uma distribuição do texto que se difunde a partir do século XIII. Na verdade, é essa mesma outra dis-tribuição que é impressa por Colvenerius e depois retomada por Migne (Chevalier-Royet, 2010: 298). Os exemplares que possuímos em Portugal não correspondem nem a essa reestruturação ocorrida depois de trezentos, nem à actual descrita por Chevalier-Royet. O que parece, finalmente, ir ao encontro das datações propostas para ambos os códices, isto é, finais do século XII, estas alicerçadas na encaderna-ção e na ornamentação15. Será pela mão de Aires do Nascimento, e a propósito de outro códice do fundo alcobacense, que vamos encontrar um pretexto provocador (a provocação assenta no seu desajuste face ao tema aqui tratado) usado em proveito desta breve incursão ao Comentário ao Livro de Reis de Rábano Mauro. Era comum, embora menos em contexto monástico16, as encadernações retratarem a importância dos códices, expri-mirem certas devoções ou asseverarem o luxo dos seus por-tadores (Nascimento-Diogo, 1984: 40).

Em todo o fundo de Alcobaça “apenas o Alc. 398 nos apresenta o primeiro plano recoberto com pequenas placas ornadas de castelos e leões: Trata-se de um dos volumes da chamada ‘Bíblia de Aljubarrota’, que a tra-dição conventual, consignada numa nota deixada no códice, dizia ter sido tomada pelo exército português ao rei de Castela na batalha de Aljubarrota. (...) É porém estranho que o plano escolhido para a ornamentação fosse o primeiro, o que contraria a prática medieval. (...) Além disso, estando integrado num grupo de quatro códices, para três dos quais se pode documentar o ca-rácter primitivo da encadernação, dificilmente se com-preenderia que apenas este tivesse sido beneficiado por uma decoração singularmente estranha. Dos quatro códices, porque haveria de ter sido este o escolhido? Por começar pelo Livro de Reis?” (Nascimento-Diogo, 1984: 39).

A pergunta, que não vê resposta nem pelo seu autor, nem por certo neste texto, é suficientemente estimulante para nos servir como mote para retomar uma ideia há pouco lançada: falamos da possibilidade do Comentário aos Livros de Reis, para além do projecto exegético, se constituir como uma afirmação histórica de um período também ele de consolidação da monarquia e, deste modo, estabelecer um paralelo entre os Reis de Israel e os caro-língios - analogia que pode ter sido explorada a favor de outros monarcas.

Em 823 Rábano Mauro oferece o seu Comentário ao im-perador Luís o Pio com quem mantinha, desde há anos, uma relação próxima17. Com efeito, Rábano era um conse-lheiro considerado e teve um papel assaz interveniente, so-bretudo na segunda parte do seu reinado. De acordo com Chevalier--Royet, uma tal oferta deve ser entendida como simbólica e pensada no quadro das dificuldades políticas que o Imperador atravessava desde o nascimento do quarto fi-lho, Carlos (do um segundo casamento com Judite da Bavie-ra), e que colocava em causa o equilíbrio conseguido através da Ordinatio Imperii, de 817. Luís o Pio vê a sua autoridade contestada pelos filhos no seguimento desta disputa de su-cessão imperial, e chega a ser deposto duas vezes entre 830 e 834. Se, por um lado, a oferta de um manuscrito ao impe-rador simbolizaria o estabelecimento de uma aliança e con-firmação publica da fidelidade de Rábano, junta-se-lhe o teor da obra que trata justamente da implantação da monarquia e das dificuldades de Saúl, David, Salomão..., nomeadamente nas intricadas alianças políticas e familiares que se vão sucessivamente alterando e do seu percurso religioso. E é neste sentido que esta autora sugere, fundada nos propósi-tos que a carta-prefácio a Luís o Pio levantam, não que se possam estabelecer passo a passo correspondências históri-cas com o percurso de Luís o Pio e dos seus descendentes, mas que há uma intenção deliberada de Rábano Mauro em apresentar um tal comentário associado ao quadro das vi-cissitudes da sua governação. Diz no prefácio:

“Il était juste en effet d’offrir à un roi si chrétien et si zélé dans la mise en pratique des préceptes divins, l’histoire des rois de Juda (…) expliquée pour une part non négli-geable au sens spirituel. En effet, puisque votre célèbre sagesse au service de Dieu gouverne le peuple de l’Église racheté par le précieux sang du fils de Dieu et très accou-tumé à proclamer le nom de Dieu, il convient à juste titre à un prince si pieux, c’est-à-dire au guide des membres du véritable roi, le Christ fils unique de Dieu, d’avoir et de pratiquer une façon de gouverner conforme à l’Écriture sainte” (Chevalier-Royet, 2010: 295).

Tendo presente o seu interesse nas leituras alegóricas vemos o passado a ser usado para confirmar a autoridade e a afectação religiosa dessa mesma governação18:

“Cet héritage est adapté et mis au service d’un idéal poli-tique, celui des soverains carolingiens que les exégètes servent fidèlement en les conseillanr er en leur offrant, à travers leurs commentaires, des guides pratiques pour le gouvernement des hommes” (Chevalier-Royet, 2009: 157).

Durante o período carolíngio era frequente as figuras reais do Livro de Reis, depois de instaurada a monarquia, serem recuperadas e associadas aos soberanos, quer para os celebrar, quer para os orientar na sua governação (Alcuíno refere-se amiúde a Carlos Magno como David), com um propósito evidentemente retórico e propagandístico. Além da ligação a figuras bíblias e, por isso, modelares, que reforçariam a legitimidade e popularidade dos soberanos, pare-ce assomar uma profunda consciência do seu próprio tempo, que Rábano consideraria importante no desenrolar da história do homem e da cristandade. Tal consciência sai reforçada se a pensarmos a par do que antes se enunciou, que diz respeito ao projecto textual propriamente dito, o de compendiar e lançar criticamente para o futuro o resultado dessa reunião. Rábano retoma um legado, mostra que este pertence à história e que, como tal, é determinante para pensar o seu presente, mas in-veste-o da relevância do seu contexto, deixando que se torne ele mesmo um objecto histórico a ser retomado adiante.

14

INV

ENIR

E

De modo nenhum se sugere que a este autor ou a qualquer outro que tenha comentado o Livro de Reis pertença a for-mulação do dispositivo que permitirá associar o conteúdo dos livros históricos bíblicos às exigências e desafios da monarquia, ou mesmo da constituição de reinos. É evidente que esse potencial assenta no texto bíblico propriamente dito e não precisa de tutor para o caminho. Daí o recurso ao volume da “Bíblia de Aljubarrota” como assumido pretexto. Em todo o caso, está por investigar o sucesso que a obra pode ter despertado em fundos régios e talvez valha a pena fazê-lo. É que ao projecto está também associada uma fina-lidade, além da escolar antes referida, pedagógica, ou mes-mo parenética. O Comentário constitui-se como um manual de apoio à governação de um monarca cristão:

“En effet, l’exégèse de Raban et d’Angélome de Luxeuil remplit aussi une fonction parénétique: les interprétation développées doivent édifier le fidèle et l’orienter dans son cheminement vers le Salut, en lui offrant des modèles de

comportement. Cette double fonction de l’exégèse, à la fois descriptive et prescriptive, est finalement typique de l’exégèse de Raban qui offre de manière très concrète des catégories pour penser le monde et des modèles de comporte-ment à ses lecteurs-auditeurs” (Chevalier-Royet, 2011: 8).

Assim, e para concluir, como bem nota Chevalier-Royet, o Comentário ao Livro de Reis de Rábano Mauro testemunha, não só, a importância e as características do estudo bíblico e exegético no período carolíngio, onde a exegese representa o coroar da forma-ção intelectual, como contribui, e decisivamente, para o estudo das representações políticas em geral e do soberano, Luís o Pio, em particular. Contudo, confrontar dois códices como o Alc. 333 e o Santa Cruz 11, mesmo que só brevemente, permite ver como a relevância do Comentário não se reduz ao período em que foi redigido, mas permanece e renova-se ao longo dos tempos, quer com os mesmos, quer com outros contributos, fazendo a história da obra em geral e de cada manuscrito em particular. Mais do que a Escritura, toda a palavra cresce com os que a lêem.

15

FIA

T LU

X

1. A título de exemplo: De Clericorum Institutione; Martyrologium, Allegoriae In Universam Sacram Scripturam, De Laudibus Sanctae Crucis, De Universo, Commentaria In Librum Josue, Commentaria In Librum Judicum, Commentaria In Libros IV Regum, Commentaria In Libros Machabaeorum, De computo, etc., sendo que relativamente aos três últimos encontramos exemplares em fundos portugueses.

2. Há na patrística esparsos comentários aos Livros dos Reis mas não um comentário contínuo. O Comentário de Beda ao primei-ro livro de Samuel não era conhecido na época.

3. Recorrendo ao Liber interpretationis Hebraicorum nominum, de S. Jerónimo, como principal fonte.

4. Quaestiones hebraicae in lefibros Regum integra um conjunto de breves interpretações literais de tradição judaica, úteis para apro-fundar o contexto bíblico e foi provavelmente composto em torno de Teodulfo de Orleães. Diz Saltman: “In the 9th and 10th centu-ry MSS., the Quaestiones are attributed to an anonymous Judaeus or Hebraeus or remain completely anonymous. The MSS. from the late 11th century onwards attribute the Quaestiones to Jerome and they are generally to be found amongst various Hieronymian and Pseudo-Hieronymian opuscula. The Gloss, 12th-century exe-getes, and the 13th-century Vulgate Correctoria give further cur-rency to the false attribution to St. Jerome” (Saltman, 1973: 44).

5. No prefácio, depois de enumerar as suas fontes patrísticas, acrescen-ta: "Moreover, I have inserted in a number of places together with the citation (nota) of his name, the opinion of a certain Hebrew of modern times, more than adequately (non ignobiliter) learned in the knowledge of the Law, which he puts forward as the Hebrew tradi-tion on the chapters of this book. Without any intention of forcing him on anybody as an authority, I have simply set down what I have found written, leaving the decision of his authenticity to the judgment of the reader". Repare-se na retórica empregue para relativizar a importância deste autor face às restantes fontes. No entanto, ao longo da obra, Rábano não se inibe de introduzir o texto judaico no mesmo plano da patrística. Gesto surpreendente se se tiver presente que na mesma época e não muito distante de si os judeus estavam sob ataque por Agobardo de Lyon. Porém, ao que parece, Rábano dava cobertura a material agádico em Fulda neste mesmo período (Saltman, 1973: 44-46).

6. Segundo Jean-Louis Verstrepen há 73 manuscritos deste comentário conservados e a glosa ordinaria copiou abundantes passagens, em particular as da autoria de Rábano (Chevalier-Royet, 2010: 297). Célia Chazelle, num assumido work in progress, disponibiliza uma listagem dos manuscritos, embora em número inferior ao dado por Verstrepen: The Manuscript Transmission of Carolingian Biblical Commen-taries, disponível em: http://www.tcnj.edu/~chazelle/carindex.htm.

7. Referindo-se aos Alcs. 151, 177, 231, 239, 333, 336, 341, 342, 347, 358, 427, 431. Os Alcs. 231, 333, 336 e 358 e o Alc.427 e

431, embora relacione de modo mais próximo o Alc. 333 aos Alcs. 336 e 166 (Miranda, 1996: 430).

8. Biblioteca Nacional de Portugal, Alc.333: fl. 115; fl. 117v; fl. 118v; fl. 129 (cap. III e, ao lado, cap. II), etc.

9. A título de exemplo, no fl. 31, De ressurectione...; no fl. 38, De incarna-tione... e De divina sepultura; no fl. 133v, De ressurectione Salvatoris, etc.

10. Veja-se Fig. Santa Cruz 11 fl. 6v. 11. Veja-se Fig. Santa Cruz 11 fl. 45. 12. Veja-se Fig. Santa Cruz 11 fl. 80. 13. Veja-se Fig. Santa Cruz 11 fl. 148. 14. Ressalve-se os casos de assibilação no Santa Cruz 11: o Alc.

333 emprega ‘t’ e o Santa Cruz 11 ‘c’, como em palatcium / palacium ou prudentie / prudencie.

15. Sobre o Alc. 333 veja-se Nascimento-Diogo, 1984: 36 e 84; Miranda, 1996: 174-175; sobre o Santa Cruz 11, veja-se Nascimento-Meirinhos, 1997: 75-77; Meirinhos-Frias-Costa, 2001: 110-111, etc.

16. “As encadernações medievais, e particularmente as de tipo utilitário ou as monásticas, nomeadamente as cistercienses, eram por regra mais sóbrias. Assim acontece no fundo de Alcobaça.” (Nascimento-Diogo, 1984: 40).

17. Entre 800 e 840 são redigidos nada menos do que cinco tratados exegéticos sobre os Livros de Reis, alguns por encomenda directa do próprio imperador Luís o Pio. Foram todos redigidos por figuras próximas da corte que desempenharam cargos eclesiásti-cos estratégicos. Dos cinco, três são “contínuos”: Triginta quaesti-ones super libros Regum, redigido em c. 820 por Cláudio de Turim (PL t. 50 col. 1047-1208; t. 104, col. 623-810); o segundo, de Rábano Mauro, Commentaria in libros Regum, redigido em c. 823 (PL t. 109, col. 9-280) e o terceiro de Angélome de Luxeuil, Enarrationes in quatuor librum Regum, redigido em c. 835 (PL t. 115, col. 247-552) (Chevalier-Royet, 2011: 2). Com efeito, a enco-menda a Rábano Mauro, por Hilduíno, surge pouco depois do imperador ter solicitado a Cláudio de Turim um comentário destes mesmos livros Bíblicos. No entanto, os problemas em torno dos seus escritos tornarão a circulação da obra altamente problemática, o que talvez tenha relações com a entrada em cena de Rábano Mauro. Veja-se (Gorman, 1979: 279-329).

18. Sobre o interesse na significação alegórica, Pierre Monat assinala que no Comentário ao Livro de Rute, Rábano está preocupado com a significação, com aquilo que os versículos podem representar alegoricamente, para além do seu significado literal (Monat, 2009: 15). Na carta-prefácio para Luís o Pio da obra De universo Rábano Mauro diz inclusivamente: “I had recently finished a work about the peculiar properties of words and the mystical significance of things (...) I have thought to arrange them so that a wise reader could find both the historical and the allegorical explanation of each thing in the same place” (Throop, 2009: xv).

124

INV

ENIR

E

ADAM, C. (1984) - Restauration des manuscrits et des livres anciens. Erec: Puteaux. AFONSO, Luís (2012) - O fólio em branco: a iluminura hebraica portuguesa da Idade Média. First International Conference “Jewish Heritage - Science, Culture, Knowledge”. Proceedings. Tomar: Insti-tuto Politécnico de Tomar [publicado em CD]. __________ Ed. (2011) - The Materials of the Image. As Matérias da Imagem. Lisboa: Campo da Comunicação. ANGOTTI, Claire (2007) - Les débuts du Livre des Sentences comme manuel de théologie à l’Université de Paris in Université, Église, Culture. L’Université Catholique au Moyen-Âge. Actes du 4ème Symposium. Katholieke Universiteit Leuven. ANGOTTI, Claire; DELMAS, Sophie (2010) - La théologie sco-lastique. In CEVINS, Marie-Madeleine de, MATZ, Jean-Michel - Structures et dynamiques religieuses dans les societés de l’Occident latin (1179 - 1449). Rennes: Presses Universitaires de Rennes. ANSELMO, Artur (1981) - Origens da Imprensa em Portugal. Lisboa: INCM. ANTUNES, Júlio da Cunha; LAMELAS, Isidro Pereira, Ed. crítica (2007) - Apringio Bispo de Beja: Comentário ao Apocalipse. Lisboa: Alcalá. [texto policopiado] ASCHERI, Mario (2000) - I diritti del Medioevo italiano: secoli XI-XV. Roma: Carocci. AVENOZA, Gemma (2001) - La Biblia de Ajuda y la Megil.lat An-tiochus en romance. Madrid: CSIC, Biblioteca de Filología Hispánica. __________ (2011) - Biblias castellanas medievales. San Millán de la Cogolla: Cilengua, Fundación San Millán de la Cogolla. BENTO XVI (2010) - Exortação Apostólica Verbum Domini. BERT ROEST (2009) - Observant reform in religious orders. In RUBIN, Miri; SIMONS, Walter, Ed. - The Cambridge History of Christianity: Christianity in Western Europe c. 1100-c. 1500. Cambridge--Nova Iorque: Cambridge University Press. Vol. 4, p. 446-457. BERTRAM, Martin (1976) - Aus kanonistischen Handschriften der Periode 1234 bis 1298. In KUTTNER, Stephan, Coord. - Proceedings of the fourth international Congress of Medieval Canon Law. Città del Vaticano: Biblioteca Apostolica Vaticana. Monu-menta Iuris Canonici, Series C, Subsidia 5, p. 27-44. __________ (2010) - Signaturenliste der Handschriften der Dekreta-len Gregors IX. (Liber Extra). Roma. Disponível em http ://www.dhi-roma.it/bertram_extrahss.htlm BÍBLIA Sagrada (2001). Lisboa/Fátima: Difusora Bíblica, Centro Bíblico dos Capuchinhos. BILOTTA, Maria Alessandra (2008) - Un manuscrit de droit canonique toulousain reconstitue: le Decret de Gratien. Art de l’enluminure. Dijon: Edition Faton. N° 24 (Mar.- Abr.- Mai. 2008). __________ (2015) - L’iconographie du travail e la culture de l’alimentation: élaborations figuratives dans la production enluminé liturgique de Émilie-Romagne au XIIe siècle. In FERNANDES, Carla Varela, Coord. - Imagens e Liturgia na Idade Média. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja. p. 109-130. __________ (prelo) - Un manoscritto giuridico miniato tolosano proveniente dalla biblioteca di Jean Jouffroy, cardinale di Albi: il Decreto di Graziano Vat. lat. 2493. In MAFFEI, Paola; VARA-NINI, Gian Maria, Coord. - Studi in onore di Mario Ascheri per il suo 70 compleanno. BOESPFLUG, François; ZALUSKA, Yolanda (1994) - Le dogme trinitaire et l’essor de son iconographie en Occident de l’époque carolingienne au IVe Concile du Latran (1215). Cahiers de civilisa-tion médiévale. A. 37, Nº 147 (Jul.-Set. 1994) p. 181-240 BONNIWELL, William, O.P. (1945) - A History of the Dominican liturgy 1215-1945. New York: Joseph F. Wagner.

BOUSMANNE, Bernard (1997) - Guillaume Wielant ou Willem Vrelant. Miniaturiste à la cour de Bourgogne au XVe siècle. Bruxelles: Bibliothèque royale de Belgique. CAHU, Frédérique (2013) - Un témoin de la production du livre universitaire dans la France du XIIIe siècle: la collection des Décrétales de Grégoire IX. Bibliologia, 35. Turnhout: Brepols. CARDOSO, Paula Freire (2013) - A iluminura de Maria de Ataíde e Isabel Luís no Mosteiro de Jesus de Aveiro (c. 1465-1500) [texto policopiado]. LISBOA: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. CARRUTHERS, Mary (2002) - Le livre de la mémoire. Une étude de la mémoire dans la culture médiévale. Paris: Macula. CASTIÑERAS GONZÁLEZ, Manuel Antonio (1996) - El calen-dario medieval hispano. Textos e imágenes (siglos XI-XIV). Valladolid: Junta de Castilla y León. __________ (2002) - Trabajo, descanso y refrigerio estival: un topos griego en el calendario medieval hispano. Troianalexandrina. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela. Nº 2, p. 75-96. CEPÊDA, Isabel; FERREIRA, Teresa Duarte, Coord. (1994) - Inventário do Património Cultural - Códices Iluminados até 1500. Lisboa: Biblioteca Nacional. CHARBONNEAU-LASSAY, Louis (1940) - Le Bestiaire du Christ. Archè-Milano: Desclée, De Brouwer & Cie. CHERUBINI, Paolo; PRATESI, Alessandro (2010) - Paleografia latina. L'avventura grafica del mondo occidentale. Littera Antiqua, 16. Città del Vaticano: Scuola Vaticana di Paleografia, Diplomatica e Archivistica. CHEVALIER-ROYET, Caroline (2009) - Les commentaires bibliques carolingiens: recueillir et relire l’heritage patristique. In L'autorité de l'écrit au moyen âge: orient-occident (XXXIXe congrès de la SHMESP, Le Caire, 30 avril-5 mai 2008). Paris: Publications de la Sorbonne, p. 153-157. __________ (2010) - Le Commentaire de Raban Maur sur Les Livres des Rois. In Raban Maur et Son Temps. Turnhout: Brepols, p. 293-303. __________ (2011) - Lectures des Livres des Rois à l’époque carolin-gienne [texto policopiado]. Paris: [s.n.]. Tese de Doutoramento em História Medieval apresentada Universidade Paris-Sornonne. Disponível em http://www.paris-sorbonne.fr/IMG/pdf/Position_de_these-15.pdf CHICÓ, Mário Tavares (1968) - A arquitectura gótica em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte. 2ª edição. CINTRA, Luís Filipe Lindley (2009) - Crónica Geral de Espanha de 1344: edição crítica do texto português. Lisboa: Imprensa Nacional- -Casa da Moeda. Vol. I, 2ª edição. CLARKE, M. (2011) - ‘Mediaeval Painters’ Materials and Tech-niques. The Montpellier Liber diversarum arcium. London: Archetype Publications. CONTESSA, Andreina (2008) - Noah’s Ark and the Ark of the Convenant in Spanish and Sephardic medieval manuscripts. In KOGMAN-APPEL, Katrin; MEYER, Mati, Ed. - Between Juda-ism and Christianity. Art Historical Essays in Honor of Elisheva (Elisabeth) Revel-Neher, Leiden/Boston: Brill. p. 171-189. __________ (2004) - Noah’s Ark on the Two Mountains of Ararat: The Iconography of the Cycle of Noah in the Ripol and Roda Bibles. Word&Image. 20/4, p. 257-270. COMET, Georges (1992) - Les calendriers médiévaux, une répré-sentation du monde. Journal des Savants. Paris. Vol. 1, Nº 1, p. 35-98.

Bibliografia

125

FIA

T LU

X

__________ (2005) - Technique et société. Un couple d’insépa-rables. Siècles, Cahiers du CHEC. Clermont-Ferrand: Presses Uni-versitaires Blaise-Pascal. Nº 22, p. 9-22. __________ (2006) - Comment situer e paysan dans le monde crée?. Le Monde et Les Mots. Mélanges Germaine Aujac. Toulouse: Presses Universitaires du Mirail. Nº 72, p. 377-394. CONTRERAS, Juan de (1935) - El arte gótico en España,: arquitectura, escultura, pintura. Barcelona: Labor. COSTA, Mário Júlio de Almeida (1962) - Um jurista em Coimbra, parente de Acúrsio. Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. N° 38, p. 251-256. COUTINHO, Maria (2014) - De computo de Rábano Mauro. O texto e as iluminuras do Santa Cruz 8 e do Alc. 426. Medievalista. Nº 15 (Jan.-Jun. 2014). Disponível em http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA15/coutinho1506.html CRUZ, António (1964) - Santa Cruz de Coimbra na Cultura Portu-guesa na Idade Média. Porto: Emp. Ind. Gráf. do Porto. CUSTÓDIO, Delmira Espada (2010) - A luz da grisalha. Arte, liturgia e história no Livro de Horas dito de D. Leonor (IL 165 da BNP) [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em História da Arte Medieval apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Disponível em http://run.unl.pt/handle/10362/5551. __________ (2013) - Livros de Horas dos séculos XV e XVI de origem flamenga em bibliotecas e instituições portuguesas: calen-dário e iconografia. In D. Álvaro da Costa e a sua descendência, sécs. XV-XVII: poder, arte e devoção. Lisboa: IEM/CHAM/Caminhos Romanos, p. 191-208. DENIS-BOULET (1965) - Les sources de la messe romaine: dès Sacramentaires au missel e au cérémonial. In MARTIMORT - L’Eglise en prière - Introduction à la liturgie. Paris: Desclée. DEPREUX, Philippe (1997) - Prosopographie de l’entourage de Louis le Pieux (781-840). Sigmaringen: Thorbecke. DESWARTE-ROSA, Sylvie (1977) - Les Enluminures de la "Leitura nova": 1504-1552. Étude sur la culture artistique au Portugal au temps de l'humanisme. Paris: Fondation Calouste Gulbienkian, 1977. DEVOTI, Luciana (1999) - Un rompicapo medievale: l'architettura della pagina nei manoscritti e negli incunaboli del codex di Giusti-niano. In BUSONERO, Paola; CASAGRANDE MAZZOLI, Maria Antonietta; DEVOTI, Luciana; ORNATO, Ezio, Coord. - La fabbrica del codice. Materiali per la storia del libro nel tardo Medioevo. I libri di Viella, 14. Roma: Viella. p. 143-206. __________ (2000) - Ipertestualità del commento e strategie di copia: la glossa accursiana al "codex" di Giustiniano. In GOULET-CAZÉ, Marie-Odile, Coord. (2000) - Le Commentaire entre tradi-tion et innovation. Actes du colloque international de l’Institut des traditions textuelles (Paris et Villejuif, 22-25 septembre 1999). Paris: Librairie Philosophique J. Vrin. p. 119-125. DIAS, Isabel de Barros (2003) - Metamorfoses de Babel. A Historio-grafia Ibérica (Sécs. XIII-XIV): Construções e Estratégias Textuais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a Ciência e a Tecnologia. DIAZ Y DIAZ, Manuel Cecilio (1985) - El texto de los beatos. In Los Beatos. Bruselas: Europalia. p. 9-16. DUGGAN, Ead (1997) - The Lorvao transcription of Benedict of Peterborough’s Liber miraculorum Beati Thome: Lisbon, cod. Alco-baça CCXC/143. Scriptorium. N° 51.1, p. 51-68. ELEEN, Luba (1982) - The Illustration of the Pauline Epistles in French and English Bibles of the Twelfth and Thirteenth Centuries. Oxford: Clarendon Press. EPSTEIN, Marc Michael (2011) - The Medieval Haggadah. Art, Narrative and Religious Imagination. Londres: Yale University Press. ERMENGAUD, Matfre (1862) - Le Breviari d’Amor. T. I, Béziers & Paris, [Au Secrétariat de la Société Archéologique & Librairie A. France]. FARELO, Mário (1999) - Les Portugais à l’Université de Paris au Moyen Âge. Aussi une question d’acheminements de ressources.

Memini. Travaux et Documents publiés par la Société des études médié-vales du Québec. N° 5, p. 101-129. __________ (2001-2002) - Os estudantes e mestre portugueses nas escolas de Paris durante o périodo medievo (sécs. XII-XV): elementos de história cultural, eclesiástica e económica para o seu estudo. Lusitania Sacra. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa - CEHR. 2a série, N° 13-14, p. 161-196. __________ (2010) - Les clercs étrangers au Portugal durant la période de la papauté avignonnaise: un aperçu préliminaire. Lusi-tania Sacra. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa - CEHR. 2a série, N° 22, p. 85-147. FERNÁNDEZ, Miguel Pérez (1984) - Los capítulos de Rabbí Elie-zer. Valencia: Institución S. Jerónimo para la Investigación Bíblica. FERREIRA DE ALMEIDA, Carlos A., Coord. (1991) - Aux con-

fins du Moyen Age art portugais XIIe - XVe siècle. Catálogo da expo-sição. Bruxelas: Fondation Europalia International. FRANCO, Anísio, Coord. (1992) - Jerónimos, quatro séculos de pintura. Lisboa: SEC. II Vol. GILBERT, B. et al. (2003) - Analysis of green copper pigments in illuminated manuscripts by micro-Raman spectroscopy. Analyst. Nº128/10, p. 1213-1217. GOEHRING, Margaret (2011) - Exploring the Borders: The Breviary of Eleanor of Portugal. In BLICK, Sarah; GELFAND, Laura, Ed. - Push Me, Pull You: Imaginative, Emotional, Physical, and Spatial Interaction in Late Medieval and Renaissance Art. Leiden: Brill, p. 123-148. GOMES, Saul António (2009) - Manuscritos medievais iluminados e fragmentos. In MAIA, A. E. do Amaral, Coord. - Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. 41-71. GÓMEZ-MORENO, Manuel (1980) - Catálogo Monumental de España, Província de Léon. Léon: Editorial Nebrija. 2ª edição. GORMAN, Michael (1979) - The commentary on Genesis of Claudio of Turin and Biblical Studies under Louis the Pious. Speculum. Vol. 72, Nº 2 (Abr. 1979) p. 279-329. GOUDRIAAN, Koen (2014) - Empowerment through reading, writing and example: the Devotio Moderna. In RUBIN, Miri; SIMONS, Walter, Ed. - The Cambridge History of Christianity: Christianity in Western Europe c. 1100-c. 1500. Cambridge-Nova Iorque: Cambridge University Press. Vol. 4, p. 407-419. GRYSON, Roger, Ed. (2012) - Beati Liebanensis Tractatvs de Apocalipsin. Corpus Christianorum, Series Latina, 107 C. Turnhout: Brepols. GÜNTHER, Jörn (2008) - Masterpieces. Hamburg: Antiquary. GUTWIRTH, Eleazar (1988) - Religión, historia y las Biblias romanceadas. Revista Catalana de Teologia. XIII, 1, p. 115-133. HAMBURGER, Jeffrey (1997) - Nuns as Artists: The Visual Culture of a Medieval Convent. University of California Press. __________ (1998) - The Visual and the Visionary: Art and female spirituality in Late Medieval Germany. New York: Zone Books. HAMEL, Christopher de (1986) - A History of Illuminated Manu-scripts. Oxford: Phaidon. __________ (2002) - La Bible. Histoire du Livre. Paris: Phaidon. HENNESSY, Marlene (2004) - Passion, devotion, penitential reading and the manuscript page. Medieval Studies. Vol. 66, p. 213-252. INVENTÁRIO (1930-1978) - Inventário dos códices alcobacenses. Lisboa: Biblioteca Nacional de Lisboa. INVENTÁRIO (1994) - Inventário dos Códices Iluminados até 1500. Lisboa: SEC/IBNL/IPCM. Vols. 1 e 2. INVENTÁRIO (2004) - Inventário dos Códices Iluminados até 1500 - Distritos Aveiro, Beja, Bragança, Coimbra, Évora, Leiria, Portalegre, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu. Lisboa: SEC/IBNL/IPCM. KLEIN, Peter (2013) - Remarques sur le manuscript bénéventin de Beatus récemment découvert à Genève. Cahiers de Civilisation Médiévale. Vol. 56, p. 3-38. __________ (2004) - Beato de Liébana. La ilustración de los manuscritos de Beato y el Apocalipsis de Lorvão. Valencia: Patrimonio Ediciones. KOGMAN-APPEL, Katrin (2006) - Illuminated Haggadot from Medieval Spain: Biblical Imagery and the Passover Holiday. Pennsylvania: Pennsylvania State University Press.

126

INV

ENIR

E

KREN, Thomas; MCKENDRICK, Scot (2003) - Illuminating the Renaissance: The Triumph of the Flemish Manuscript Painting in Europe. Los Angeles: The J. Paul Getty Museum. KRUS, Luís (1994) - A concepção nobiliárquica do espaço ibérico (1280-1380). Lisboa. LARSEN, R. (2007) - Introduction to damage assessment of parch-ment. In LARSEN. R. - Improved Damage Assessment of Parchment (IDAP), Collection and Sharing of Knowledge (Research Report No 18). Luxembourg: EU-Directorate-General for Research, p. 17-21. LE GOFF, Jacques (1984) - Calendário. In ROMANO, Ruggiero, Ed. - Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Vol. I. __________ (1995) - O nascimento do Purgatório. Lisboa: Editorial Estampa. L’ENGLE, Susan (2012) - Picturing Gregory: The Evolving Imagery of Canon Law. In BERTRAM, Martin; DI PAOLO, Silvia, Coord. - Decretales Pictae. Le miniature nei manoscritti delle Decretali di Gregorio IX (Liber Extra). Atti del colloquio interna-zionale tenuto all’Istituto Storico Germanico (Roma 3 - 4 de março 2010). Roma: Università degli Studi Roma Tre. p. 24-44. LES ENLUMINURES (2011) - Les Enluminures du Louvre. Moyen age et Renaissance. Paris: Museu do Louvre. LEMOS, Ana (2012) - Os Livros de Horas Iluminados do Palácio Nacional de Mafra. Mafra: Instituto de Estudos Medievais da FCS- -UNL/Palácio Nacional de Mafra. LEROQUAIS, Abbé Victor (1927) - Les Livres d’Heures Manuscrits de la Bibliothèque Nationale. Paris. Tomo I. LEVY, Ian Christopher (2012) - Commentaries on the Pauline epistles in the Carolingian Era. In CARTWRIGHT, Steven, Coord. - A Companion to St. Paul in the Middle Ages. Londres: Brill. LIERE, Frans van (2014) - An Introduction to The Medieval Bible. Cambridge: Cambridge University Press. MANE, Perrine (1983) - Calendriers et techniques agricoles: France et Italie. XIIe-XIIIe siècles. Paris: Le Sycomore. MANIACI, Marilena (2002) - «La serva padrona». Interazioni fra testo e glossa sulla pagina del manoscritto. In FERA, Vincenzo; FERRAU, Giacomo; RIZZO, Silvia, Coord. - Talking to the Text. Marginalia from Papyri to Print. Proceedings of a Conference held at Erice, 26 September - 3 October 1998, as the 12th Course of Interna-tional School for the Study of Written Records. Messina: Università degli Studi di Messina. Centro Interdipartimentale di Studi Umanistici. Vol. I, p. 3-35. MARKL, Dagoberto (1983) - Livro de Horas de D. Manuel. Lisboa: Crédito Predial Português/Imprensa Nacional-Casa da Moeda. MATOS, Débora (2011) - The Ms. Parma 1959 in the context of portuguese hebrew illumination [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. MATTOSO, José (1983) - 2.1.2.2 Direito Fuero Juzgo. In A Voz da Terra Ansiando Pelo Mar - Antecedentes dos Descobrimentos, XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura (Convento da Madre de Deus, Lisboa, maio - outubro 1983). Lisboa: Presidência do Conselho de Ministros. p. 119. __________ (1997) - Religião e Cultura na Idade Média portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional da Casa da Moeda. __________ (2002) - Obras Completas. Religião e Cultura na Idade Média portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores. MEIRINHOS, José (2001) - Uma biblioteca medieval aberta à cultura europeia. Nota breve sobre os núcleos da exposição/A Medieval Library opened to European Culture. Brief Note on the Sections of the Exhibition. In MEIRINHOS, José; FRIAS, Agosti-nho Figueiredo; COSTA; Jorge - Santa Cruz de Coimbra: A cultura portuguesa aberta à Europa na Idade Média / The Portuguese Culture Opened to Europe in the Middle Ages. Porto: Biblioteca Pública Mu-nicipal do Porto. MEIRINHOS, José; FRIAS, Agostinho Figueiredo; COSTA; Jorge (2001) - Santa Cruz de Coimbra: A cultura portuguesa aberta à Europa na Idade Média / The Portuguese Culture Opened to Europe in the Middle Ages. Porto: Biblioteca Pública Municipal do Porto.

MELO, M. et al. (2011) - The colour of medieval Portuguese illumination: an interdisciplinary approach. Revista de História da Arte - Medieval Colours: between beauty and meaning. Lisboa. Série W, Nº 1, p. 153-173. __________ (2012) - O que nos dizem os materiais da cor sobre os livros de horas do Palácio Nacional de Mafra? In LEMOS, A. - Os Livros de Horas Iluminados do Palácio Nacional de Mafra. Mafra: Instituto de Estudos Medievais da FCSH-UNL/Palácio Nacional de Mafra. p. 103-115. __________ (2014) - A Spectroscopic Study of Brazilwood Paints in Medieval Books Of Hours. Applied Spectroscopy. Nº 68/4. MENDONÇA, José Tolentino de (2008) - A leitura infinita (Citação de: Gregóire le Grand - Homélies sur Ézéchiel. Paris: Cerf, 1986. I, VII, 8). Lisboa: Assírio e Alvim. METZGER, Thérèse (1977) - Les manuscrits hébreux copiés et décorés à Lisbonne dans les dernières décennies du XVe siècle. Paris: Centre Culturel Portugais. MIRANDA, Maria Adelaide (1996) - A iluminura românica em Santa Cruz de Coimbra e Santa Maria de Alcobaça: subsídios para o estudo da iluminura em Portugal [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Tese de Doutoramento em História da Arte Medieval apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Uni-versidade Nova de Lisboa. __________ (1999a) - Commentarium in Apocalypsin. Beato de Liébana. In A Iluminura em Portugal. Identidade e Influências. Catá-logo da exposição. Lisboa: Biblioteca Nacional. p. 170. __________ Coord. (1999b) - A Iluminura em Portugal. Identidade e Influências. Catálogo da exposição. Lisboa: Biblioteca Nacional. MOITA, Tiago (2013) - A Iluminura Hebraica Portuguesa: estado da questão. Cadernos de História de Arte. Lisboa: Instituto de História da Arte. Nº 1, p. 53-73. MOITEIRO, Gilberto (2013) - As dominicanas de Aveiro (c. 1450- -1525): Memória e identidade de uma comunidade textual [texto poli-copiado]. Lisboa: [s.n.]. Tese de Doutoramento em História, variante de História Medieval apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. MONAT, Pierre, Coord. (2009) - Raban Maur. Claude de Turin. Deux commentaires sur le livre de Ruth. Paris: Les Editions du Cerf. MORALES, Ambrosio (1765) - Viage a los reynos de León, Galicia y Asturias (1591). Madrid: Antonio Marín. __________ (1791) - Crónica General de España. Madrid: Benito Cano. MORREALE, Margherita (1976) - Vernacular Scriptures in Spain. In LAMPE G. H., Ed. - The Cambridge History of the Bible. Cambridge: Cambridge University Press. Vol. 2, p. 465-491. MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa (2005) - La famille d’Ebrard et le clergé de Coimbra au XIIIe et XIVe siècle. In A Igreja e o Clero Português no Contexo Europeu/The Church and the Portu-guese Clergy in the European Contex. Actas do Colóquio Internacional "A Igreja e o clero português no contexto europeu". Estudos de história religiosa, 3. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa. p. 75-91. MURANO, Giovanna (2005) - Opere diffuse per exemplar e pecia. Textes et études du Moyen Âge, 29. Turnhout: Brepols. NASCIMENTO, Aires Augusto do (1992) - Apocalipse de Lorvão. In Nos Confins da Idade Média. Arte portuguesa séculos XII-XV. Porto. p. 96-98. __________ (1993) - Bíblia: Traduções em português. LANCIANI, G.; TAVANI, G. - Dicionário da Literatura Medieval Galega e Por-tuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, p. 88-92. __________ Coord. (2000a) - A Imagem do Tempo. Livros Manus-critos Ocidentais. Museu Calouste Gulbenkian. Catálogo da exposição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. __________ (2000b) - O Comentário ao Apocalipse de Beato de Liébana: entre gramática e escatologia. Evphrosyne: Revista de filología clássica. Nº 28, p. 129-156. __________ (2008) - Mosteiro de Lorvão: A História possível dos seus tempos antigos. In JOSÉ, Fernández Catón, Coord. - Liber Testamentorum coenobii laurbanensis. Volume de estudos. Léon: Cen-tro de estudios e investigación «San Isidoro» - Caja España de Inversiones - Archivo Histórico Diocesano. p. 81-156.

127

FIA

T LU

X

__________ (2010) - Dizer a Bíblia em português, fragmentos de uma história incompleta. In AAVV - A Bíblia e suas edições em Língua Portuguesa. 200.º Aniversário da primeira edição bíblica em português da Sociedade Bíblica (1809-2009). Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas e Sociedade Bíblica de Portugal. p. 7-58. __________ (2011) - Tempos e livros medievos: os antigos códices de Lorvão - do esquecimento à recuperação de tradições. Compos-tellanum. Revista de la Archidiócesis de Santiago de Compostela. LVI, Nº 1-4, p. 729-753. __________ (2012) - Ler contra o tempo: condições dos textos na cul-tura portuguesa (recolha de estudos em Hora de Vésperas). Lisboa: Centro de Estudos Clássicos. 2 Vols. NASCIMENTO, Aires Augusto do; DIOGO, António Dias (1984) - Encadernação Portuguesa Medieval: Alcobaça. Lisboa: Im-prensa Nacional da Casa da Moeda. NASCIMENTO, Aires Augusto; MEIRINHOS, José, Coord. (1997) - Catálogo dos Códices da Livraria de Mão do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra na Biblioteca Municipal do Porto. Porto: Biblioteca Pública Municipal do Porto.

OBERT-PIKETTY, Caroline (1989) - Les lectures et les oeuvres des pensionnaires du collège Saint-Bernard. Jalons pour l'histoire intellectuelle de l'Ordre de Cîteaux à la fin du Moyen Âge. In Cîteaux commentarii citercienses. 40, p. 245-289. OTTOSEN, K. (2007) - The responsories and versicles of the latin office of the dead. Copenhagen: Knud Ottosen. OZILOU, Marc, Introdução, tradução e notas; LOMBARD, Pierre (2012) - Les quatre livres des Sentences. Paris: Editions du Cerf. Premier Livre. PACHT, Otto (1987) - Buchmalerei des Mittelalters. Eine Ein-führung. Trad. ital. consultada: La miniature medievale - Una introduzione. Torino: Bollati Boringhieri Editorie. PANDIELLO FERNÁNDEZ, María (2012) - Estudio iconográfico de algunas representaciones en la Crónica Geral de Espanha de 1344. (Academia das Ciências, M.S.A. 1) [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em História da Arte Medieval apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Uni-versidade Nova de Lisboa. PASTOUREAU, Michel (1947) - Jésus Chez Le Teinturier: Cou-leurs Et Teintures Dans L’Occident Médiéval. Paris: Leopard D’or. PEIXEIRO, Horácio Augusto (1986) - Missais iluminados dos séculos XIV e XV: Contribuição para o estudo da iluminura em Portugal [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em História da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. __________ (1995) - A Iluminura do Missal de Lorvão. Didaskalia. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa. Vol. 25, p. 97-106. __________ (1996) - Um missal iluminado de Santa Cruz. Oceanos: A Luz do mundo. Iluminura Portuguesa Quinhentista. Nº 26 (Abr.-Jun. 1996). __________ (1998) - Um olhar sobre a iluminura do Apocalipse do Lorvão. Tomar. __________ (1999) - A iluminura portuguesa dos séculos XIV e XV. In MIRANDA, Adelaide, Dir. - A iluminura em Portugal - Identidade e influências. Lisboa: Biblioteca Nacional e Ministério da Cultura. PEREIRA, Gabriel V. M. (1910) - Livros Preciosos: notícia de três códices com iluminuras entrados recentemente na Bibliotheca Nacional de Lisboa. Coimbra: Imprensa da Universidade. PEREIRA, Isaías da Rosa (1962-63) - Manuscritos de direito canónico existentes em Portugal. Arquivo Histórico da Madeira. Funchal: Câmara Municipal. N° 12-13, p. 28-41. PEREIRA, Maria Helena da Rocha (1973) - Obras Médicas de Pedro Hispano. Coimbra: Universidade de Coimbra. PICOLLO, M. et al. (2011) - Non-invasive XRF and UV-Vis-NIR reflectance spectroscopic analysis of materials used by Beato Angelico in the manuscript Graduale n. 558. Revista de História da Arte - Medieval Colours: between beauty and meaning. Lisboa. Série W, Nº1, p. 219 - 227. PIDAL, Diego Catalán Menéndez (1971) - Crónica General de España de 1344, preparada por Diego Catalán y Maria Soledad Andrés. Madrid: Gredos.

PRADALIER, Gérard (1982) - Quercinois et autres méridionaux au Portugal à la fin du XIIIe et au XIVe siècle: l’exemple de l’église de Coïmbre. Annales du Midi. Toulouse. Vol. 94, N° 4 (Out.-Dez. 1982) p. 369-386. PRESSOUYRE, Léon (1965) - ‘Marcius cornator’. Note sur un grupe de représentations médiévales du Mois de Mars”. Mélanges d’archéologie et d’histoire. T. 77, p. 395-473. RÉAU, Louis (2008) - Iconografia del arte Cristiano. Iconografia de la Biblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal. Tomo 1, Vol. 2. REYNOLDS, Roger E. (2012) - Apocalypses New: The Recently Discovered Beneventan Illustrated Beatus in Geneva in its South Italian Context. Peregrinations: Journal of Medieval Art and Archi-tecture. Vol. III, Nº 4, p. 1-44. RIBEIRO DOS SANTOS, António (1972) - Memórias da litera-tura sagrada dos judeus portuguezes desde os primeiros tempos da monarquia portuguesa até os fins do século XV. In Memórias de literatura portugueza, publicadas pela Academia Real das Sciencias de Lisboa. 2, p. 236-312. RICCIARDI, P. et al. (2012) - Near Infrared Reflectance Imaging Spectroscopy to Map Paint Binders In Situ on Illuminated Manuscripts. Angewandte Chemie International Edition. Nº 51/23, p. 5607 - 5610. RICCIARDI, P.; PALLIPURATH, A.; ROSE, K. (2013) - ‘It's not easy being green’: a spectroscopic study of green pigments used in illuminated manuscripts. Analytical Methods. Nº 5/16, p. 3763 - 4274. RICHÉ, Pierre; LOBRICHON, Guy, Dir. (1984) - Le Moyen Age et la Bible. Paris: Editions Beauchesne. ROCHA, Jorge da Silva (2007/2008) - L’Image dans le Beatus de Lorvão: Figuration, composition et visualité dans les enluminures du commentaire à l’Apocalypse attribué au scriptorium du monastère de São Mamede de Lorvão - 1189 [texto policopiado]. Bruxelles: [s.n.]. Tese de Doutoramento em História apresentada à Faculté de Philosophie et Lettres, Université Libre de Bruxelles. ROCHA, Frei Manuel da - Index dos livros manuscritos que há no Real Mosteiro de Alcobaça. Biblioteca Nacional de Portugal - Cod. 913, 1723. ROSEMAN, Philipp W. (2007) - The story of a great medieval book. Peter’s Lombards Sentences. Canada: Broadview Press. SALTMAN, Avrom (1973) - Rabanus Maurus and the Pseudo- -Hieronymian “Quaestiones Hebraicae in Libros Regum et Parali-pomenon. The Harvard Theological Review. Vol. 66, Nº 1 (Jan. 1973) p. 43-75. SANTOS, Domingos Maurício (1967) - Mosteiro de Jesus de Aveiro. Lisboa: Diamang, Publicações Culturais. Vol. II. SED-RAJNA, Gabriélle (1970) - Manuscrits Hébreux de Lisbonne: Un atelier de copistes et d’enlumineurs au XVe siècle. Paris: Centre National de Recherche Scientifique. __________ (1988) - Lisbon Bible 1482. Facsímile: British Library Or. 2626. Tel-Aviv / Londres: Nahar-Miska / British Library. SERRA, Maria Teresa Botelho (1998) - Dois Livros de Horas do século XV da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. SOETERMEER, Frank (1985) - Un professeur de l’Université de Salamanque au XIIIe siècle. Guillaume d’Accurse. Anuario de His-toria del Derecho Español. N° 55, p. 753-765. __________ (1997) - Utrumque ius in peciis. Aspetti della produzione libraria a Bologna fra Due e Trecento. Orbis academicus, 4. Milano: Giuffré. SOYER, François (2013) - A perseguição aos judeus e muçulmanos de Portugal. D. Manuel I e o fim da tolerância religiosa (1496-1497). Lisboa: Edições 70. STELLING-MICHAUD, Sven (1963) - Le transport internatio-nal des manuscrits juridiques bolonais entre 1265 et 1320. In Mélanges d'histoire économique et sociale en hommage au professeur Antony Babel à l'occasion de son soixante-quinzième anniversaire. Genève : Impr. de la tribune de Genève. T. I, p. 95-127.

STIRNEMANN, Patricia (1993) - Notice n° 32. Décret de Gratien avec gloses de Barthélemy de Brescia. In Les manuscrits à peintures de la Bibliothèque Municipale d’Avignon XIe - XVIe. Catálogo da exposição. Avinhão: Bibliothèque Municipale Ceccano. STONES, Alison (2005) - Amigotus and his colleagues : a note on script, decoration, and patronage in some south-western French manuscripts c. s1300. In KRESTEN, Otto; LACKNER, Franz, Coord. - Régionalisme et Internationalisme: problèmes de Paléographie et de Codicologie du Moyen Âge. Actes du XVe Colloque du Comité Inter-national de Paléographie Latine (Viena, 13-17 setembro 2005). Viena: Öesterreichischen Akademie der Wissenschaften. p. 235-256. STREET, George (1968) - La Arquitectura gótica en España. Tra-dução Román Loredo. Madrid: Saturnino Gallega. STROLOVITCH, Devon (2005) - Old Portuguese in Hebrew Script: convention, contact and convivência [texto policopiado]. Ithaca: [s.n.]. Tese de Doutoramento apresentada à Faculty of the Graduate School of Cornell University. __________ (2010) - Old Portuguese in Hebrew Script: beyond. O livro de como se fazem as cores. In AFONSO, Luís Urbano, Ed. - The Materials of the Image. As Matérias da Imagem. Lisboa: Campo da Comunicação. SUÁREZ GONZÁLEZ, Ana; WILLIAMS, John (2009) - Frag-mentos de Beatos. Colección Scriptorium, 32. Madrid: Testimonio. SZIRMAI, J. A. (2003) - The Archaeology of Medieval Bookbinding. Aldershot. Hants: Ashgate. TEIXEIRA, Vítor Gomes (2010) - O movimento da Observância franciscana em Portugal, 1392-1517: História, património e cultura de uma experiência de reforma religiosa. Porto- Braga: Centro de Estudos Franciscanos-Editorial Franciscana. THROOP, Priscilla, Coord. (2009) - Hrabanus Maurus. De Uni-verso. Words and their Mystical Significance. Vermont: Ed. autor. Vol. I. TIBÚRCIO, Catarina Martins (2013) - A iluminura do Manuscrito 1 Série Azul da Crónica Geral de Espanha de 1344 da Academia das Ciência de Lisboa: da técnica e do estilo individual ao posicionamento no seu ambiente criador. [texto policopiado]. Lisboa: [s.n.]. Dissertação de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro apresen-tada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. VARANDAS, Angélica (2006) - A cabra e o bode nos bestiários Medievais ingleses. Brathair: Revista de estudos celtas e germânicos. Nº 6 (2) p. 95-116. Disponível em http://ppg.revistas.uema.br/index.php/brathair/about/editorialPolicies#focusAndScope

VERGER, Jacques (1991) - La mobilité étudiante au Moyen Âge. Histoire de l'éducation. Paris: Institut national de la recherche pé-dagogique. N° 50, p. 65-90. VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim (1962) - Portugueses no Estudo de Salamanca, I: (1250- 1550). Coimbra: Imprensa de Coimbra. __________ (1970) - Les Portugais à l’Université de Toulouse (XIIIe-XVIIe siècles). Paris: Centro Cultural Português. __________ (1971) - Les Portugais à l’Université de Montpellier

(XIIe-XVIIe siècles). Paris: Fundacão Calouste Gulbenkian - Centro Cultural Português. VERNET, André (1979) - La bibliothèque de l’abbaye de Clairvaux du XIIe au XVIIIe siècle. Editions CNRS. Vol. I. VILLASEÑOR SEBASTIÁN, Fernando (2009) - Iconografía Marginal en Castilha, 1454-1492. Madrid: CSIC. VILLELA-PETIT, Inês (2007) - Palettes comparées: Quelques réflexions sur les pigments employés par les enlumineurs pari-siens au début du XVe siècle. In HOFMANN, M. ; KÖNIG, E.; ZÖHL, C. - Quand la peinture était dans les livres. Turnhout: Brepols Publishers. Nº 15, p. 383-392. VILLELA-PETIT, I.; GUINEAU, B. (2003) - Le Maître de Bou-cicaut revisité: palette et technique d'un enlumineur parisien au début du XV siècle. Art del'enlumineur. Nº 6, p. 2-33. VITORINO, T. (2012) - A Closer Look at Brazilwood and its Lake Pigments. Monte de Caparica [texto policopiado]. Monte da Ca-parica [s.n.]. Dissertação de Mestrado em Conservação e Restau-ro apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univer-sidade Nova de Lisboa. Disponível em http://hdl.handle.net/10362/10179 WALLERT, A. (2011) - Early Netherlandish manuscript illumi-nation: technical aspects of illuminations in the Rime Bible of Jacob van Maerlant. Revista de História da Arte - Medieval Colours: between beauty and meaning. Lisboa. Série W, Nº 1, p. 183-191. WALLIS, Faith (1999) - Bede. The Reckoning of Time. Liverpool: Liverpool University Press. WILLIAMS, John (1994-2003) - The Illustrated Beatus. A corpus of the illustrations of the Commentary on the Apocalypse. London: Harvey Miller. 5 Vols. WOLFF, Philippe (1962) - Le temps et sa mesure au Moyen Âge. Annales. Économies, Sociétés, Civilisations. Paris: EHESS. 17e année, Nº 6, p. 1141-1145. ZAMPONI, Stefano (1988) - Elisione e sovrapposizione nella littera textualis. Scrittura e civiltà. Firenze: L. Olschki. N° 12, p. 135-176.

128

INV

ENIR

E