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Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13/7/1990) ....................................................................................................................... 3 SUMÁRIO Estatuto da Criança e do Adolescente MTE

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Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13/7/1990) .......................................................................................................................3

SUMÁRIO

Estatuto da Criança e do Adolescente

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTESérgio Bautzer

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Conceitos

1. Criança: é a pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos.

2. Adolescente: é a pessoa que tem entre 12 anos de idade completos e 18 anos de idade incompletos.

3. Jovem Adulto: é a pessoa que tem entre 18 anos completos de idade e 21 anos de idade incompletos. Excepcionalmente o ECA se aplica ao jovem adulto.

Medidas Previstas no ECASegundo a CF, os menores são considerados penalmente

inimputáveis, e assim a criança e o adolescente cometem ato infracional análogo ao crime e ou à contravenção.

Em razão de sua conduta, a criança e o adolescente recebem medidas previstas no ECA.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescen-te, é correto afi rmar que são idên cas as medidas legais previstas para os atos infracionais pra cados por crianças e adolescentes.

Dos Direitos Individuais do Adolescente Infrator

Nenhum adolescente será privado de sua liberdade se-não em fl agrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judi ciária competente.

Caso haja a privação da liberdade do adolescente fora das hipóteses legais, restará confi gurado o crime previsto no art. 230 ECA, que assim está disposto:

Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo a sua apreensão sem estar em fl agrante de ato infracional ou inexis ndo ordem escrita da autoridade judiciária competente:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Seguindo o que rege o art. 5º, LXIV, da Cons tuição Fe-deral dispõe o parágrafo único do art.106 do ECA que o ado-lescente tem direito à iden fi cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Cumpre ressaltar que o Conselho Tutelar é órgão per-manente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, defi nidos no ECA.

Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela co-munidade local para mandato de três anos, permi da uma recondução.

As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados 1) por ação ou omissão da sociedade ou do Estado ou 2) por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável.

Assim não é preciso que a criança e o adolescente pra- quem necessariamente um ato infracional para receber a

medida específi ca de proteção, basta estar em uma situação de risco ou irregular.

Lembrando que se considera ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

MedidasPrevistas no

ECA

MedidasEspecíficas deProteção (3)

Aplicada à criançaautora de ato

infracional

Adolescente autor deato infracional

Criança ou Adolescenteem situação de riscoou irregular (menor

abandonado)

Ao adolescente infrator.(1)

Excepcionalmente,ao jovem adulto.

Medidas Socio-educativas –Aplicadas :(2)

(1) A criança não recebe medida socioeduca va apenas específi ca de proteção.(2) Súmula nº 108 do STJ: a aplicação de medidas socioeduca vas ao adolescente, pela prá ca de ato infracional, é da

competência exclusiva do juiz.(3) O Conselho Tutelar pode aplicar as medidas específi cas de proteção, exceto a colocação em família subs tuta, pois

exige procedimento judicial. São modalidades de colocação em família subs tuta os procedimentos de: a) Guarda b) Adoção c) Tutela

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Ainda, a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão imediatamente comu-nicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Se o Delegado de Polícia deixar de comunicar a apreensão do adolescente ao Juiz competente e à família do apreendido ou ao responsável, haverá a confi guração do crime previsto no art. 231 do ECA:

Deixar a autoridade policial responsável pela apre-ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Internação ProvisóriaA internação que ocorre antes da sentença, chamada

de internação provisória, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

A decisão que determinar a internação provisória deverá ser fundamentada e basear-se em indícios sufi cientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade impe-riosa da medida.

Como já foi dito, existem duas hipóteses em que é pos-sível a privação da liberdade de um menor infrator:

1ª) Por fl agrante de ato infracional.2ª) Por ordem judicial, em cumprimento a mandado de

busca e apreensão.Assim o menor fi cará provisoriamente internado até a

aplicação da medida socioeduca va de internação.O prazo é contado da apreensão do menor até a prolação

da sentença de internação:

Prazo máximo: 45 dias

Flagrante de ato infracional ou or-dem judicial

.................................. Sentença de Internação

Recentemente o Guardião da CF foi provocado a se ma-nifestar sobre o excesso de prazo na internação provisória:

(...) A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Habeas Corpus (HC nº 102.057) impe-trado pela Defensoria Pública da União (DPU), sob alegação de que o acusado, menor de idade à época dos fatos, encontra-se internado por período superior aos 45 dias permi dos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A decisão foi unânime.

O art. 183, do ECA, prevê que o prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, es-tando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias. Os ministros entenderam que tal prazo diz respeito à conclusão do procedimento de apuração do ato infracional e à sentença de mérito, quando o adolescente está internado provisoriamente. En-tretanto, a Turma concluiu que, uma vez proferida a sentença de mérito, fi ca prejudicada a alegação de excesso de prazo da internação provisória.

O Caso

Conforme o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o adolescente não trabalha e não estuda. Passou a vender drogas no próprio local onde explorava um bar. Man nha no depósito 19 pedras de crack, dois

revólveres calibre 38, ambos municiados, em con-dições de funcionamento e sem autorização legal.Houve uma série de recursos contra a internação pro-visória do menor, mas em nenhum deles a defesa teve sucesso. No presente Habeas Corpus, a DPU ques- ona decisão do Superior Tribunal de Jus ça (STJ).

O Ministério Público do estado do Rio Grande do Sul ofereceu representação contra o menor, pela prá ca de atos infracionais equivalentes ao disposto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 (tráfi co de entorpecentes) e no art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei do Desarmamento – Lei nº 10.826/2003 – (portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de iden fi cação raspado, suprimido ou adulterado).

Indeferimento

O relator considerou que a decisão do STJ de não co-nhecimento do recurso “não veicula nenhuma ilegali-dade fl agrante, nem abuso de poder ou qualquer te-ratologia”. Segundo ele, uma vez proferida a sentença de mérito determinando a medida socioeduca va de internação fi ca prejudicada a alegação do excesso de prazo da medida imposta provisoriamente.O ministro Ricardo Lewandowski lembrou que, no caso, já foi proferida a sentença pelo juízo de primeiro grau e, conforme parecer da Procuradoria Geral da República (PGR), o recurso de apelação interposto pela defesa foi julgado, sendo man da a decisão que determinou o cumprimento da internação.

Ademais, verifi ca-se que a digna magistrada do Juiza-do da Infância e da Juventude da Comarca de Gravataí no Rio Grande do Sul, ao proferir a sentença bem fundamentou a necessidade do paciente,

disse o relator. Conforme esta decisão, os atos infra-cionais de tráfi co de drogas e posse de arma de fogo de uso restrito são de natureza grave. Além disso, segundo o Juizado da Infância e da Juventude

o adolescente não demonstra crí ca frente à gravida-de das condutas, tanto que procura atribuir a autoria a uma terceira pessoa, bem como não aceita limites, como menciona sua mãe.

O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento de aplicação de medida socioeducativa, estando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Iden fi cação Criminal do Menor InfratorSegundo o art. 109 do Estatuto da Criança e do Ado-

lescente, salvo se houver dúvida fundada, o adolescente civilmente iden fi cado não será subme do à iden fi cação obrigatória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de comparação.

Assim o adolescente infrator não pode ser subme do à iden fi cação criminal, salvo se houver dúvida fundada em relação a sua iden dade.

Medidas de ProteçãoAs medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplica-

das isolada ou cumula vamente, bem como subs tuídas a qualquer tempo.

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Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne-cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Princípios que Regem a Aplicação das Medidas Especí-fi cas de Proteção

São eles:1) condição da criança e do adolescente como sujeitos de

direitos: crianças e adolescentes são os tulares dos direitos previstos nesta e em outras leis, bem como na Cons tuição Federal.

2) proteção integral e prioritária: a interpretação e apli-cação de toda e qualquer norma con da nesta lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são tulares.

3) responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efe vação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes pelo ECA e pela Cons tuição Federal, salvo nos casos expressamente ressalvados, é de responsabilidade pri-mária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por en dades não governamentais.

4) interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da conside-ração que for devida a outros interesses legí mos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto.

5) privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela in midade, direito à imagem e reserva da sua vida privada.

6) intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida.

7) intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e ins tuições cuja ação seja indispensável à efe va promoção dos direitos e à pro-teção da criança e do adolescente.

8) proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada.

9) responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente.

10) prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva-lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em família subs tuta.

11) obrigatoriedade da informação: a criança e o adoles-cente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capaci-dade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos mo vos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa.

12) oi va obrigatória e par cipação: a criança e o adoles-cente, em separado ou na companhia dos pais, de respon-sável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a par cipar nos atos e na defi nição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 do Eca.

Medidas de Proteção em EspécieSão elas:1) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante

termo de responsabilidade;

2) orientação, apoio e acompanhamento temporários;3) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimen-

to ofi cial de ensino fundamental;4) inclusão em programa comunitário ou ofi cial de auxílio

à família, à criança e ao adolescente;5) requisição de tratamento médico, psicológico ou psi-

quiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;6) inclusão em programa ofi cial ou comunitário de auxílio,

orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;7) acolhimento ins tucional;8) inclusão em programa de acolhimento familiar;9) colocação em família subs tuta.O acolhimento ins tucional e o acolhimento familiar são

medidas provisórias e excepcionais, u lizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família subs tuta, não implican-do privação de liberdade.

Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de ví mas de violência ou abuso sexual e de ou-tras providências, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da auto-ridade judiciária e importará na defl agração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legí mo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.

Cumpre ressaltar que crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às ins tuições que executam programas de acolhimento ins tucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:

1) sua iden fi cação e a qualifi cação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;

2) o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência;

3) os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda;

4) os mo vos da re rada ou da não reintegração ao convívio familiar.

Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento ins tucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família subs tuta, observadas as regras e princípios do ECA.

O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respec vo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adoles-cente e a oi va dos pais ou do responsável.

Constarão do plano individual, dentre outros:1) os resultados da avaliação interdisciplinar;2) os compromissos assumidos pelos pais ou respon-

sável; e3) a previsão das a vidades a serem desenvolvidas com

a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou res-ponsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família subs tuta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.

O acolhimento familiar ou ins tucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que iden fi cada a necessidade, a família de origem será

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incluída em programas ofi ciais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e es mulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.

Verifi cada a possibilidade de reintegração familiar, o res-ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou ins tu-cional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.

Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas ofi ciais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a des-crição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da en dade ou responsáveis pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência familiar, para a des tuição do poder familiar, ou des tuição de tutela ou guarda.

Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de des tuição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.

O juiz manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e ins tucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família subs tuta.

Terão acesso ao cadastro mencionado o Ministério Públi-co, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Ado-lescente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de polí cas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.

As medidas de proteção em comento serão acompanha-das da regularização do registro civil.

Verifi cada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autori-dade judiciária.

Os registros e cer dões necessários à regularização de que trata este ar go são isentos de multas, custas e emolu-mentos, gozando de absoluta prioridade.

Caso ainda não definida a questão da paternidade, será defl agrado procedimento específi co des nado a sua averiguação, conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992. É dispensável o ajuizamento de ação de inves gação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encami-nhada para adoção.

Do Acesso à Jus çaÉ garan do o acesso de toda criança ou adolescente à

Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judici-ário, por qualquer de seus órgãos.

A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, por meio de defensor público ou advo-gado nomeado.

Sobre o tema em comento, decidiu o STJ, conforme no -cia veiculada no site www.stj.gov.br em 17/6/2009:

[...] Processo contra menor sem advogado deve ser anulado desde a apresentação.Ausência de advogado em audiência de menor viola os princípios do contraditório e da ampla defesa, devendo a nulidade do processo ser decretada desde a audiência de apresentação. A observação foi feita pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Jus ça, ao conceder Habeas Corpus para decretar a nuli-dade em processo contra menor acusado de crime equiparado ao de porte de substância entorpecente para consumo.Após a decisão que inseriu o menor em medida so-cioeduca va de prestação de serviços à comunidade, pelo período de 30 dias, a defesa apelou, alegando nulidade da audiência de apresentação, por ausência de defensor, violando os princípios do contraditório e da ampla defesa. O Tribunal de Jus ça de Minas Gerais (TJ-MG), no entanto, negou provimento à apelação.No Habeas Corpus com pedido de liminar dirigido ao STJ, a defesa requereu que fosse decretada a nulidade do processo desde a audiência de apresentação e de todos os atos subsequentes. Em parecer enviado ao STJ, o Ministério Público Federal manifestou-se em favor da concessão da ordem.

A Quinta Turma concedeu o Habeas Corpus para anular a audiência de apresentação e todos os atos subsequentes, para que sejam renovados com a presença de defesa técnica. “O direito de defesa e do contraditório, consagrados na legislação [...] é irre-nunciável”, observou o relator, ao conceder a ordem.O ministro destacou que é vedado ao Poder Judici-ário negar ao acusado o direito de ser assis do por defensor, porquanto as garan as cons tucionais e processuais visam ao interesse público na condução do processo segundo as regras do devido processo legal.“Violados os princípios constitucionais relativos ao devido processo legal e à ampla defesa, não há como negar o constrangimento ilegal imposto ao adolescente, decorrente da aplicação da medida so-cioeduca va de prestação de serviços à comunidade, deixando-se de observar o disposto nos arts. 111, III e IV, e 184, parágrafo 1º, da Lei nº 8.069/1990”, concluiu Arnaldo Esteves”.

A 6ª Turma do STJ decidiu:

ECA. IMPRESCINDIBILIDADE. ADVOGADO.A paciente, em tese, teria pra cado ato infracional análogo ao delito de injúria ao desferir ofensas contra sua sogra e a questão em debate no writ trata da ne-cessidade de assistência de advogado na audiência de apresentação (art. 126 e seguintes do ECA). No caso dos autos, tanto a adolescente quanto sua genitora concordaram, na audiência de apresentação, com a imediata aplicação da medida socioeduca va sem processo. Para a Min. Relatora, acompanhada por unanimidade, a preliminar audiência de remissão, nos moldes do art. 179 do ECA, implica possível constrição de direitos, assim se deve submeter aos preceitos do devido processo legal, a fi m de assegurar a ampla defesa ao adolescente, o que pressupõe, também, a defesa técnica. Daí ser imperioso que a adolescente faça-se acompanhar por advogado. Ob-serva não serem poucos os argumentos contrários à

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imprescindibilidade do advogado na apresentação do adolescente, entretanto, o próprio ECA no art. 111, III, e no art. 141, § 1º, fornece esses subsídios. Ademais, aponta que pode, na audiência, exis r consequên-cia, como na espécie, em que houve aplicação de sanção análoga à pena de prestação de serviços à comunidade. Diante do exposto, a Turma concedeu a ordem para anular o processo e, por consequência, reconheceu a prescrição do ato infracional imputado à paciente. HC nº 67.826-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/6/2009.

As ações judiciais da competência da Jus ça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, res-salvada a hipótese de li gância de má-fé.

Sobre o conforme veiculado no site www.stj.gov.br de-cidiu o STJ: “(...) Isenção de custas prevista no ECA não se estende às outras partes do processo”.

A isenção de custas e emolumentos prevista no Esta-tuto da Criança e do Adolescente visa garan r as con-dições necessárias para o acesso à Jus ça de crianças e adolescentes como autores ou réus em ações movidas perante Varas da Infância e da Juventude, não alcançando outras partes que eventualmente par cipem das demandas. A conclusão é da Primeira Turma do Superior Tribunal de Jus ça (STJ), ao negar provimento ao recurso especial da Companhia 9 de Entretenimentos Ltda., do Rio de Janeiro.O processo teve início com a lavratura de autos de infração contra a Cia. 9 pelo comissário do juizado de menores no Juízo da Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso da comarca de Cabo Frio--RJ. Segundo o comissário, a empresa infringiu o disposto no art. 258 da Lei nº 8.069/1990, pois foram encontrados no evento Cabofolia, promovido por ela, menores de 16 anos desacompanhados de seus pais ou responsáveis e menores de 14 anos acompanha-dos de seus pais, em desobediência às normas legais.Após examinar o caso, o juiz aplicou multa de 20 salários. Posteriormente, não acolheu o recurso de apelação devido à falta de pagamento das custas ine-rentes ao preparo. Inconformada, a empresa interpôs agravo de instrumento, mas o Tribunal de Jus ça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) negou o pedido, reconhecendo não ter havido o pagamento das custas.

Agravo interposto contra decisão que não co-nheceu do recurso, tendo em vista a ausência de recolhimento das custas inerentes ao seu preparo. Hipótese de deserção,

diz um trecho da decisão. Embargos de declaração foram interpostos, mas rejeitados.No recurso especial dirigido ao STJ, a empresa alegou que o entendimento do tribunal carioca ofende o disposto nos arts. 198 da Lei nº 8.069/1990 e art. 519 do Código de Processo Civil. Afi rmou, ainda, que foi orientada pelo setor encarregado do TJ-RJ a não efetuar o recolhimento de custas.A Primeira Turma negou provimento ao recurso especial, destacando que a Corte, no julgamento de hipóteses parecidas, já fi rmou entendimento sobre o assunto.

A isenção de custas e emolumentos prevista na Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)

deferida às crianças e adolescentes, na qualidade de autoras ou rés, nas demandas ajuizadas perante a Jus ça da Infância e Juventude, não é extensível aos demais sujeitos processuais, que, eventualmente fi -gurem no feito, ra fi cou o ministro Luiz Fux, ao votar.Ao negar o pedido, a Turma concordou que a Lei visa proteger as crianças e adolescentes em seus inte-resses na Jus ça, impossibilitando a extensão desse bene cio legal à pessoa jurídica de direito privado.

Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores de 18 anos assis dos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.

A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual.

É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e admi-nistra vos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.

Qu alquer no cia a respeito do fato não poderá iden fi car a criança ou adolescente, vedando-se fotografi a, referência a nome, apelido, fi liação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.

O descumprimento do disposto acima confi gura a prá- ca de infração administra va prevista no art. 247 do ECA,

senão vejamos:

Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administra vo ou judicial rela vo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografi a de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refi ra a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permi r sua iden fi cação, direta ou indiretamente.

Medidas Socioeduca vasSegundo a jurisprudência do STJ, a aplicação de medida

socioeduca va ao adolescente pela prá ca de ato infracional é de competência do exclusiva do juiz.

Verifi cada a prá ca de ato infracional, a autoridade com-petente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

1) advertência;2) obrigação de reparar o dano;3) prestação de serviços à comunidade;4) liberdade assis da;5) inserção em regime de semiliberdade;6) internação em estabelecimento educacional;7) qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI do ECA.

A medida socioeduca va aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

As medidas que podem ser aplicadas pela autoridade competente ao adolescente que pra que ato infracional não incluem a prestação de trabalhos forçados.

Os adolescentes portadores de doença ou defi ciência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado as suas condições.

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A imposição das medidas socioeduca vas previstas nos incisos II a VI do art. 112 do ECA pressupõe a existência de provas sufi cientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127 do mesmo diploma.

As medidas socioeduca vas poderão ser aplicadas isola-da ou cumula vamente, bem como subs tuídas a qualquer tempo. Por exemplo

Advertência IsoladamenteAdvertência + Prestação de

Serviços à Comunidade. Cumula vamente.

Internação subs tuída pela semiliberdade.

Subs tuídas a qualquer tempo.

Da AdvertênciaA advertência consis rá em admoestação verbal, que

será reduzida a termo e assinada. Cumpre ressaltar que a advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios sufi cientes da autoria.

Da Obrigação de Reparar o DanoEm se tratando de ato infracional com refl exos patrimo-

niais, o magistrado poderá determinar, se for o caso, que o adolescente res tua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da ví ma.

Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser subs tuída por outra adequada.

Da Prestação de Serviços à ComunidadeA prestação de serviços comunitários consiste na rea-

lização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a en dades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

As tarefas serão atribuídas conforme as ap dões do ado-lescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admi da a prestação de trabalho forçado.

Da Liberdade Assis daA liberdade assis da será adotada sempre que se afi gurar

a medida mais adequada para o fi m de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

A autoridade designará pessoa capacitada para acompa-nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por en dade ou programa de atendimento.

A liberdade assis da será fi xada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revo-gada ou subs tuída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, dentre outros:

1) promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa ofi cial ou comunitário de auxílio e assistência social;

2) supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

3) diligenciar no sen do da profi ssionalização do adoles-cente e de sua inserção no mercado de trabalho;

4) apresentar relatório do caso.

Conforme no cia veiculada no site www.stj.gov.br, o Su-perior Tribunal de Jus ça decidiu que:

Medida aplicada a infrator com problema mental deve ser compa vel com a limitação do menorAdolescente infrator com problema mental deve cumprir medida socioeduca va compa vel com sua limitação. Com esse entendimento, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Jus ça (STJ) concedeu habeas corpus ao menor D.H., que estava internado num estabelecimento educacional do interior paulis ta, por cometer ato infracional equiparado a homicídio.

A decisão do STJ, tomada por unanimidade pelos ministros que integram o colegiado, determina a inserção do adolescente na medida socioeduca va de liberdade assis da, além de recomendar o acom-panhamento ambulatorial psiquiátrico, psicopeda-gógico e familiar do menor. Antes de ser concedida pelo STJ, a ordem de habeas corpus havia sido negada pela primeira e pela segunda instância da Jus ça de São Paulo.

Na ação impetrada no STJ, a defesa de D.H. alegou que ele corria risco de morte e que sua internação em local fechado era ilegal, pois feria o art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A norma estabelece que a medida a ser aplicada ao menor infrator deve levar em conta sua capacidade de cumpri-la, o que, segundo a defesa, não ocorria com D.H., em razão de sua incapacidade mental e impossibilidade de assimilar o regime de internação.

No voto proferido na sessão que julgou a causa no STJ, o relator da ação, ministro Og Fernandes, asseverou que, por apresentar problemas mentais, o adolescente não poderia fi car subme do a uma medida ressocializadora da qual não raria proveito.O ministro ressaltou que a internação imposta ao adolescente possui caráter meramente retribu vo (reprovação pelo mal cometido), destoando dos obje vos previstos no ECA, entre os quais está o de garan r a proteção jurídica a crianças e adolescentes envolvidas em atos infracionais.A liberdade assis da é uma das medidas previstas no ECA que podem ser aplicadas pelo juiz da infân-cia e juventude nos casos de infração come da por adolescente. Ela permite que o menor cumpra a determinação judicial em liberdade junto à família, porém sob o controle do juizado e da comunidade.

Do Regime de SemiliberdadeO regime de semiliberdade pode ser determinado desde

o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de a vidades externas, indepen-dentemente de autorização judicial.

São obrigatórias a escolarização e a profi ssionalização, devendo, sempre que possível, ser u lizados os recursos existentes na comunidade.

A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições rela vas à internação. Assim, a semiliberdade não comporta prazo determinado devendo ser reavaliada a cada 6 meses, não podendo exceder a 3 anos.

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Semiliberdade 3 anos

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Da InternaçãoA internação cons tui medida priva va da liberdade,

sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e res-peito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Princípios que regem as Medidas Socioeduca va Pri-va va de Liberdade

1. Princípio da Excepcionalidade – Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

2. Princípio da Brevidade – as medidas socioeduca vas priva vas de liberdade terão a duração necessária para que o adolescente infrator volte a viver em sociedade.

Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da en dade, salvo expressa determinação judicial em contrário.

A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão funda-mentada, no máximo a cada seis meses.

Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

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Internação 3 anos

A ngido o limite de 3 anos o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liber-dade assis da.

Pode ocorrer a re-gressão, nesse caso,o menor deve serouvido

Internação (no prazomáximo de três anos)

1ª Hipótese:Semiliberdade

2ª Hipótese:Liberdade Assistida

3ª Hipótese:Liberdade

Aplica a Súmulanº 265 do STJ

legislação comum (Código Civil). Por essas razões, o relator negou o pedido de Habeas Corpus, sendo seguido pela maioria dos votos. Vencido o ministro Marco Aurélio, ao entender que o limite para aplica-ção atual do ECA são os 18 anos de idade.

Medida Socioeduca va e Advento da MaioridadeA Turma reafi rmou jurisprudência da Corte no sen do de que o a ngimento da maioridade não impede o cumprimento de medida socioeduca va de semiliber-dade e indeferiu Habeas Corpus em que se pleiteava a ex nção dessa medida aplicada ao paciente que, durante o seu curso, a ngira a maioridade penal. Sustentava a impetração constrangimento ilegal, dado que, como o paciente completara a maiorida-de civil – 18 anos – , e, portanto, alcançara a plena imputabilidade penal, não teria mais legi mação para sofrer a imposição dessa medida socioeduca- va. Asseverou-se, todavia, que, se eventualmente

a medida socioeduca va superar o limite etário dos 18 anos, ela poderá ser executada até os 21 anos de idade, quando a liberação tornar-se-á compulsória. Alguns precedentes citados: HC nº 91.441/RJ (DJU de 29/6/2007, 2ª Turma); HC nº 91490/RJ (DJU de 15/6/2007, 2ª Turma) e HC nº 94.938/RJ (DJE de 3/10/2008).HC nº 96.355/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, 19/5/2009. (HC nº 96.355).

Medida Socioeduca va: Advento da Maioridade e Convívio FamiliarPor reputar indevida a imposição de bom comporta-mento como condição para as a vidades externas e

Súmula nº 265, STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socio-educa va.

A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. O Código Civil de 2002, ao dispor sobre a capacidade civil, não revogou implicitamente o § 5º do art. 121 do ECA.

Senão vejamos a jurisprudência sobre o tema, extraída do site www.s .gov.br:

Maioridade civil e penal não ex ngue medida so-cioeduca vaPor maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Habeas Corpus (HC nº 97539) impetrado pela Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro que pretendia ex nguir a medida socioeduca va de semiliberdade imposta a um menor, à época da infração. Atualmente, ao ter completado 18 anos, ele a ngiu a maioridade civil e penal.De acordo com a decisão do Superior Tribunal de Jus ça (STJ), ques onada no HC, o ministro Carlos Ayres Bri o (relator) afi rmou que para a aplicação das medidas socioeduca vas, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “leva-se em consideração apenas a idade do menor ao tempo do fato, sendo irrelevante a circunstância de a ngir, o adolescente, a maioridade civil ou penal durante o seu cumprimento”.Ele completou ressaltando que a execução da medi-da pode ocorrer até que o autor do ato infracional complete 21 anos. (Meu grifo)Ao fi nal, salientou que o fundamento da decisão é a prevalência da legislação especial (ECA) sobre a

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para as visitas à família, a Turma deferiu, em parte, Habeas Corpus para permi r a paciente inserido no regime de semiliberdade a realização daquelas benesses, sem a imposição de qualquer condiciona-mento pelo Juízo da Vara da Infância e Juventude. Salientou-se que o Estado deve assegurar à criança e ao adolescente o direito à convivência familiar (CF, art. 227, caput) e que o Estatuto da Criança e do Ado-lescente – ECA tem por obje vo a proteção integral do menor, garan ndo sua par cipação na vida fami-liar e comunitária. Consignou-se, ainda, que o art. 120 do ECA permite a realização de a vidades externas, independentemente de autorização judicial, bem como que as restrições a direitos de adolescentes só devem ser aplicadas em casos extremos em decisões fundamentadas. De outro lado, rejeitou-se o pedido de ex nção da medida socioeduca va aplicada ao paciente que, durante seu cumprimento, a ngira a maioridade penal. Asseverou-se que a projeção da medida socioeduca va de semiliberdade para além dos 18 anos decorreria da remissão às disposições legais a nentes à internação. Ademais, aduziu-se que o ECA não determina, em nenhum dos seus precei-tos, o fi m da referida medida quando o adolescente completar 18 anos de idade. HC nº 98518/RJ, rel. Min. Eros Grau, 2ª Turma, 25/5/2010. (HC nº 98518)

Hipóteses de aplicação da medida socioeduca va de internação

A medida socioeduca va de internação deve ser aplica-da quando presente uma das circunstâncias do rol taxa vo previsto no ECA.

De acordo com a jurisprudência do STJ, o adolescente deve pra car três infrações graves para que confi gure a 2ª hipótese.

O prazo de internação na 3ª hipótese não poderá ser superior a três meses.

A internação deverá ser cumprida em en dade exclusiva para adolescentes, em local dis nto daquele des nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição sica e gravidade da infração. É o princípio da individualização da medida socioeduca va.

Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias a vidades pedagógicas.

São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

1) entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;

2) pe cionar diretamente a qualquer autoridade;3) avistar-se reservadamente com seu defensor;4) ser informado de sua situação processual, sempre

que solicitada;5) ser tratado com respeito e dignidade;6) permanecer internado na mesma localidade ou naque-

la mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;7) receber visitas, ao menos, semanalmente;8) corresponder-se com seus familiares e amigos;9) ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio

pessoal;10) habitar alojamento em condições adequadas de

higiene e salubridade;11) receber escolarização e profi ssionalização;12) realizar a vidades culturais, espor vas e de lazer:13) ter acesso aos meios de comunicação social;14) receber assistência religiosa, segundo a sua crença,

e desde que assim o deseje;15) manter a posse de seus objetos pessoais e dispor

de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da en dade;

16) receber, quando de sua desinternação, os documen-tos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.

Em nenhum caso haverá de o interno permanecer in-comunicável.

A autoridade judiciária poderá suspender temporaria-mente a visita, inclusive de pais ou responsável, se exis rem mo vos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos inte-resses do adolescente.

É dever do Estado zelar pela integridade sica e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

Prescrição das medidas socioeduca vasDe acordo com a Súmula nº 338 do STJ, a prescrição

penal é aplicável nas medidas socioeduca vas.

Princípio da Insignifi cância: Ato Infracional e Pres-crição

[...] Por considerar ausente o interesse de agir, a Tur-ma, em votação majoritária, não conheceu de Habeas Corpus em que se pleiteava a incidência do princípio da insignifi cância a menor acusado pela suposta prá- ca de ato infracional equivalente ao delito pifi cado

no art. 155, § 4º, IV, do CP, c/c o art. 14, II, ambos do CP, em decorrência da tenta va de subtração de três calças jeans. Na espécie, o Ministro relator no STJ declarara, em recurso especial, a prescrição da pretensão estatal no tocante à aplicação da medida socioeduca va. Sustentava a impetração, todavia, que o relator do especial não cogitara da possibili-dade de aplicar o princípio da insignifi cância ao caso em tela, apesar de ter sido este ven lado nas razões recursais. Pleiteava, nesse sen do, o reconhecimen-to da falta de picidade da conduta, com base no mencionado princípio, por reputar mais benéfi co ao paciente, registrando que a medida socioeduca va só não ocorrera em virtude da prescrição.

[...] Aduziu-se, inicialmente, não se vislumbrar como outra decisão – que aplicasse o aludido princípio – pudesse ser mais benéfi ca ao paciente, dado que o reconhecimento da prescrição apagaria todos os efeitos do pretenso ato infracional por ele come do. Assentou-se, assim, que o writ careceria de uma das

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condições da ação, qual seja, o interesse de agir, em face da inu lidade da medida requerida. Salientou--se, ademais, que a questão acerca da aplicação do princípio da insignifi cância sequer fora apreciada pelo relator no tribunal a quo, em razão da ausên-cia de preques onamento. Ressaltou-se, destarte, não caber ao STF o reexame dos requisitos de ad-missibilidade de recurso interposto nas instâncias inferiores. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que conhecia do Habeas Corpus por entender que a confi guração do crime de bagatela – que levaria à absolvição pela a picidade – mostrar-se-ia, nas circunstâncias, mais favorável do que a conclusão quanto à prescrição da pretensão puni va. Quanto ao não enfretamento da matéria pelo STJ, asseverava que este poderia, ante o contexto, conceder a ordem de o cio, desde que se convencesse estar diante de uma ilegalidade passível de repercu r na liberdade de ir e vir do paciente.HC nº 96.631/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, 20/10/2009. (HC nº 96.631)

Além da prescrição penal, o princípio da insignifi cância também é aplicado às medidas socioeduca vas. Sobre o tema decidiu o STF, conforme no cia veiculada no site www.s .gov.br:

Princípio da Insignificância e Aplicação em Ato Infracional [...] Em face da peculiaridade do caso, a Turma inde-feriu Habeas Corpus no qual se pleiteava a aplicação do princípio da insignificância a menor acusado pela prá ca de ato infracional equiparado ao delito pifi cado no art. 155, § 4º, IV do CP, consistente

na subtração de uma ovelha no valor de R$ 90,00 (noventa reais). Na espécie, magistrada de primeira instância rejeitara a inicial da representação com base no citado princípio, tendo tal decisão, entretanto, sido cassada pelo tribunal local e man da pelo STJ. Sustentava a impetração que a lesão econômica sofrida pela ví ma seria insignifi cante, tomando-se por base o patrimônio desta, além de ressaltar que não houvera ameaça ou violência contra a pessoa.

[...]Preliminarmente, observou-se que esta Turma já reconhecera a possibilidade de incidência do princí-pio da insignifi cância em se tratando de ato pra ca-do por menor (HC nº 96.520/RS, 1ª Turma, DJE de 24/4/2009). Na presente situação, assinalou-se que não se encontraria maior difi culdade em considerar sa sfeitos os requisitos necessários à confi guração do delito de bagatela, quais sejam, conduta minimamen-te ofensiva, ausência de peri culosidade do agente, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica inexpressiva. Mencionou-se, por outro lado, que o adolescente registraria anteceden-tes pela prá ca de outros atos infracionais, tendo sofrido medida socioeduca va, além de ser usuário de substâncias entorpecentes. Tendo em conta o caráter educa vo, protetor das medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, asseve-rou-se que não pareceria desarrazoado o que fora decidido pela Corte de origem, ou seja, a aplicação de medida consistente na liberdade assis da, pelo prazo de seis meses – mínimo previsto pelo art. 188 do ECA – , além de sua inclusão em programa ofi cial

ou comunitário de combate à dependência química (ECA, art. 101, VI).HC nº 98.381/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, 20/10/2009. (HC nº 98.381)

O STJ tem entendimento no mesmo sen do, conforme se vê em no cia veiculada no site www.stj.gov.br , em 2/9/2009:

[...] Quinta Turma aplica princípio da insignifi cância no ECA para ex nguir processo.É possível o reconhecimento do princípio da insignifi -cância nas condutas regidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Com esse entendimento, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Jus ça (STJ) não conheceu do recurso especial em favor do menor M.C., mas concedeu de o cio (reconheceu o direito) o Habeas Corpus para aplicar a tese e ex nguir o pro-cesso por crime de furto contra o jovem acusado de levar três barras de chocolate de um supermercado, avaliadas em R$ 12,00.A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul recorreu ao STJ contra a decisão do Tribunal de Jus ça daquele estado que manteve o andamento do processo contra o menor por crime de furto. Os defensores alegaram violação de vários ar gos do ECA (arts. 103, 114, 121, 122 e 152) e também do Código Penal, sustentando a possibilidade de aplicação do princípio da insigni-fi cância aos procedimentos de inves gação de atos infracionais envolvendo menores.Ao analisar o pedido, o relator do recurso, ministro Arnaldo Esteves Lima, entendeu que nele faltaram os requisitos legais necessários para o conhecimento do recurso especial (ausência de preques onamento dos disposi vos de lei dos por violados). Porém, ressaltou que já existe um precedente, de sua própria relatoria, que reconhece a possibilidade de aplicar o princípio da insignifi cância nas condutas regidas pelo ECA.A subtração de três barras de chocolate avaliadas em R$12,30 por dois adolescentes, embora se amolde à defi nição jurídica do crime de furto, não ultrapas-sa o exame da picidade material, mostrando-se desproporcional a sanção penal, uma vez que a ofensividade das condutas se mostrou mínima; não houve nenhuma periculosidade social da ação; a reprovabilidade dos comportamentos foi de grau reduzidíssimo e a lesão ao bem jurídico se revelou inexpressiva, concluiu, sendo acompanhado pelos demais ministros da Turma.

Art. 109, CP:

Pena:Até 1 anoDe 1 a 2 anosDe 2 a 4 anosDe 4 a 8 anosDe 8 a 12 anos> 12 anos

Prescreve em:3 anos4 anos8 anos

12 anos16 anos20 anos

Internação:Não pode exceder três anos.Adolescente/Jovem AdultoArt. 115, CP: aplica-se a metade do prazo pres-cricional previsto no Código Penal.

RemissãoNão se pode confundir a remição da Lei de Execução

Penal com a remissão prevista no ECA.A remissão pode ser concedida tanto pelo juiz como pelo

promotor de Jus ça.

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A remissão, como forma de ex nção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do proce-dimento, antes da sentença.

Recentemente, a 2ª Turma do STF, entendeu que é im-prescindível a manifestação do Órgão do Ministério Público antes da concessão da remissão pelo juiz, senão vejamos:

Remissão e Necessidade de Oitiva do Ministério Público

É imprescindível a manifestação do Ministério Públi-co para a concessão, pelo magistrado, de remissão ex n va em procedimento judicial de apuração de ato infracional. Com base nessa orientação, a Turma indeferiu habeas corpus no qual se sustentava a possibilidade de outorga desse bene cio ao paciente sem a prévia oi va do parquet. Asseverou-se que tal ausência implicaria nulidade do ato, conforme pre-

ceituam os arts. 186, § 1º, e 204, do ECA (“Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou respon-sável, a autoridade judiciária procederá à oi va dos mesmos, podendo solicitar opinião de profi ssional qualifi cado. § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. ... Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Pú-blico acarreta a nulidade do feito, que será declarada de o cio pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado”). HC nº 96.659/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 28/9/2010. (HC nº 96.659)

Nos termos da Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – o Ministério Público poderá conceder a remissão, antes de iniciado o procedimento judicial, como forma de exclusão do processo.

Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a AdolescenteO adolescente apreendido por força de ordem judicial

será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. Já o adolescente apreendido em fl agrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.

Havendo repar ção policial especializada para atendi-mento de adolescente e em se tratando de ato infracional pra cado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repar ção especializada, que, após as providências neces-sárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repar ção policial própria.

Em caso de fl agrante de ato infracional come do median-te violência ou grave ameaça contra a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto deverá:

1) lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

2) apreender o produto e os instrumentos da infração;3) requisitar os exames ou perícias necessários à com-

provação da materialidade e autoria da infração.Nas demais hipóteses de fl agrante, a lavratura do auto

poderá ser subs tuída por bole m de ocorrência circuns-tanciada.

Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de

A aplicação de medida socioeduca va cumulada com remissão não enseja necessariamente o reconhecimento da autoria e da materialidade do ato infracional.

A remissão não implica necessariamente o reconheci-mento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação. Assim, é possível cumular remissão com medida socioedu-ca va.

Assim, são possíveis as seguintes hipóteses:

Remissão + advertênciaRemissão + prestação de serviços comunitários

Remissão + reparação do danoRemissão + liberdade assis da

Exceção: não é possível cumular a remissão com inter-nação ou semiliberdade.

(1) O recurso cabível contra o ato judicial que concede remissão é a apelação quando houver ex nção do processo, no prazo de dez dias.

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sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia ú l imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garan a de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Em caso de não liberação, a autoridade policial encami-nhará, desde logo, o adolescente ao representante do Minis-tério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou bole m de ocorrência.

Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à en dade de atendimen-to, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

Nas localidades onde não houver en dade de atendimen-to, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repar ção policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da des nada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial enca-minhará imediatamente ao representante do Ministério Pú-blico cópia do auto de apreensão ou bole m de ocorrência.

Se, afastada a hipótese de fl agrante, houver indícios de par cipação de adolescente na prá ca de ato infracional, a au-toridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das inves gações e demais documentos.

O adolescente a quem se atribua autoria de ato in-fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar mento fechado de veículo policial, em condições atentatórias a sua dignidade, ou que impliquem risco a sua integridade sica ou mental, sob pena de responsabilidade.

Apresentado o adolescente, o representante do Minis-tério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole m de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e infor-malmente a sua oi va e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, ví ma e testemunhas.

Segundo a jurisprudência do STJ, deverá o menor estar acompanhado de seus pais ou responsável, ao ser ouvido informalmente pelo membro do Ministério Público. É as-segurado ao adolescente infrator o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público no fi cará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

O representante do Ministério Público poderá:I – promover o arquivamento dos autos;II – conceder a remissão;III – representar à autoridade judiciária para aplicação

de medida socioeduca va.

Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os au-tos serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.

Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.

Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Jus ça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ra fi cará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.

Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Pú-blico não promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeduca va que se afi gurar a mais adequada.

A representação será oferecida por pe ção, que conterá o breve resumo dos fatos e a classifi cação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela auto-ridade judiciária.

Encaminha osautos ao PGJ

Se os pais ou responsável não forem localizados, a auto-ridade judiciária dará curador especial ao adolescente.

Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici-ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efe va apresentação.

Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da no fi cação dos pais ou responsável.

A representação, que equivale à denúncia no processo penal, independe de prova pré-cons tuída da autoria e materialidade.

Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação provisória.

O adolescente e seus pais ou responsável serão cien fi -cados do teor da representação, e no fi cados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado.

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A internação, decretada ou man da pela autoridade judi-ciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

Inexistindo na comarca entidade para que o menor cumpra a medida socioeduca va, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.

Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repar ção policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.

Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oi va dos mesmos, po-dendo solicitar opinião de profi ssional qualifi cado.

Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.

Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verifi cando que o adolescente não possui advogado cons tuído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em con nuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.

O advogado cons tuído ou o defensor nomea do, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.

Na audiência em con nuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofi ssional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da auto-ridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

Se o adolescente, devidamente no fi cado, não com-parecer, injus fi cadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coerci va. Não há no procedimento citação por edital e também não haverá suspensão da prescrição.

A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:

1) estar provada a inexistência do fato;2) não haver prova da existência do fato;3) não cons tuir o fato ato infracional;4) não exis r prova de ter o adolescente concorrido para

o ato infracional.

Caso ocorra uma das hipóteses mencionadas, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.

A in mação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semiliberdade será feita ao adolescente e ao seu defensor. Quando não for encontrado o adolescente, seus pais ou responsável serão in mados, sem prejuízo do defensor.

Sendo outra a medida aplicada, a in mação far-se-á unicamente na pessoa do defensor. Recaindo a in mação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

Não há necessidade de se aguardar o trânsito em julgado da sentença que aplicou a medida socioeduca va para que o menor comece a cumpri-la, senão vejamos o que STJ decidiu:

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. CUMPRIMENTO. TRÂN-SITO EM JULGADO

No Habeas Corpus preventivo, pretendia-se que o cumprimento de eventual medida socioeduca-

va a ser imposta pelo juízo fosse iniciada após o trânsito em julgado da sentença. Quanto a isso, a jurisprudência que se formou em torno da in-terpretação do art. 198, VI, do ECA (revogado pela Lei nº 12.012/2009) fi rmou-se no sen do de que a sentença que insere o adolescente na medida socioeduca va possui apenas o efeito devolu vo, o que não obsta o imediato cumprimento da medi-da aplicada, salvo quando há possibilidade de dano irreparável ou de di cil reparação, caso em que o apelo também é recebido no efeito suspensivo. No caso dos autos, não há como aferir a legalidade dessa eventual medida. Daí que não há coação ou ameaça concreta de lesão à liberdade de locomoção do pa-ciente a afastar seu interesse de agir, imprescindível ao conhecimento da impetração ora em grau de recurso. Precedentes citados: RHC nº 21.380-RS, 5ª Turma, DJe 2/2/2009; HC nº82.813-MG, 5ª Turma, DJ 1º/10/2007, e HC nº 54.633-SP, 5ª Turma, DJe 26/5/2008. RHC nº 26.386-PI, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, julgado em 18/5/2010.

PROCESSO PENAL X ECA

A 2ª Turma do STF decidiu que o princípio da iden dade sica do juiz não se aplica ao procedimento de aplicação de

medida socioeduca va previsto no ECA:

ECA: rito e princípio da iden dade sica do juizA 2ª Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus no qual se pugnava pelo reco-nhecimento de nulidade da decisão que impusera a menor o cumprimento de medida socioeduca va de semiliberdade, pela prá ca de ato infracional equiparado ao crime de roubo circunstanciado em concurso de agentes. A defesa alegava que, no rito em questão, não teria sido observado o disposto no art. 399, § 2º, do CPP (“Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a in mação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. ... § 2 O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.”). Sustentava, também, não haver fundamentação idônea para a aplicação da referida medida. Aduziu-se, inicialmente, que o princípio da iden dade sica do juiz não se aplicaria ao procedimento previsto no ECA, uma vez que esse diploma possuiria rito processual próprio e fraciona-do, diverso do procedimento comum determinado pelo CPP. A seguir, reputou-se que o recorrente teria come do ato infracional caracterizado pela violência e grave ameaça à pessoa, de modo que estaria devi-damente jus fi cada a aplicação da medida socioedu-ca va imposta. RHC nº 105.198/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 23/11/2010. (RHC nº 105.198)

Processo penal ECADenúncia ou queixa crime Representação

Ação penal pública ou privada Ação socioeduca vaPena ou medida de segurança Medida socioeduca va

Maior Menor infrator ou jovem adulto

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CRIMES PREVISTOS NO ECA

Ação Penal

Os crimes previstos no Estatuto da Criança e do Ado-lescente – ECA são de ação penal pública incondicionada.

ANÁLISE DO ART. 228Dispõe o art. 228 do ECA:

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o di-rigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das a vidades desen-volvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.

Sujeito a vo: trata-se de crime próprio – somente pode pra car esse crime o “encarregado de serviço” ou o “dirigen-te” de “estabelecimento de atenção à saúde da gestante”.1

Sujeito passivo: a gestante ou parturiente.2

Conduta: trata-se de crime omissivo. A conduta vem complementada pelo disposto no art. 10.3

Elemento subje vo: dolo e culpa.4

Consumação: com a mera omissão.5

Tenta va: não se admite, por tratar-se de crime omissivo.6

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 229Rege o art. 229 da Lei nº 8.069/1990:

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden fi car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.

Sujeito a vo: trata-se de crime próprio. Na primeira mo-dalidade de conduta, podem ser agentes do crime o médico, o enfermeiro ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde da gestante. Na segunda modalidade de conduta, somente pode ser agente do crime o médico que deixa de providenciar os exames referidos no art. 10.7

Sujeito passivo: o neonato e a parturiente.8

Conduta: trata-se de crime omissivo. A conduta vem complementada pelo art. 10.9

Elemento subje vo: dolo e culpa.10

Consumação: com a mera omissão.11

Tenta va: não se admite, por tratar-se de crime omis-sivo.12

1 ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação Penal Especial. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 44.

2 Ibidem, p.44.3 Ibidem, p.44.4 Ibidem, p.44.5 Ibidem, p.44.6 Ibidem, p.44.7 Ibidem, p.44.8 Ibidem, p 44.9 Ibidem, p. 45.10 Ibidem, p. 45.11 Ibidem, p. 45.12 Ibidem, p. 45.

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 230Rege o art. 230 da Lei nº 8.069/1990:

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em fl agrante de ato infracional ou inexis ndo ordem escrita da autoridade judiciária competente:Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formali-dades legais.

Sujeito a vo: qualquer pessoa, independentemente da qualidade de autoridade.13

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.14 Caso o sujeito passivo seja maior, que tenha sido preso sem ordem judicial ou sem estar em fl agrante delito, haverá crime de abuso de autoridade.

Conduta: privar a criança ou o adolescente de sua liber-dade, mediante apreensão: a) sem estar em fl agrante de ato infracional; b) inexis ndo ordem escrita da autoridade judiciária competente; c) sem observância das formalidades legais. A respeito: art. 106.15

Elemento subje vo: dolo.16

Consumação: com a privação de liberdade da criança ou do adolescente.17

Tenta va: admite-se.18

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 231Dispõe o art. 231 do ECA:

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imedia-ta comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Sujeito a vo: trata-se de crime próprio. Somente pode ser sujeito a vo a autoridade policial.19

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.20 Caso a Autoridade Policial deixe de comunicar a prisão do maior ao juiz competente ou de observar as formalidades legais inerentes ao fl agrante, haverá crime de abuso de autoridade, previsto na Lei nº 4.898/1965.

Conduta: trata-se de crime omissivo. A respeito: art. 107.21

Elemento subje vo: dolo.22

Consumação: com a mera omissão.23

Tenta va: não se admite, por tratar-se de crime omissivo.24

Medidas despenalizadoras: O delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

13 Ibidem, p. 45.14 Ibidem, p. 45.15 Ibidem, p. 45.16 Ibidem, p. 45.17 Ibidem, p. 45.18 Ibidem, p. 45.19 Ibidem, p. 45.20 Ibidem, p. 45.21 Ibidem, p. 45.22 Ibidem, p. 45.23 Ibidem, p. 45.24 Ibidem, p. 45.

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ANÁLISE DO ART. 232Rege o art. 232 da lei em estudo:

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Sujeito a vo: qualquer pessoa que exercer, a qualquer tulo, autoridade, guarda ou vigilância sobre a criança ou o ado-

lescente (pai, mãe, tutor, curador, guardiões, empregadas etc.).25

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.26

Conduta: submeter (sujeitar, subordinar) a vexame ou a constrangimento.27

Elemento subje vo: o dolo.28

Consumação: com a efe va submissão da criança ou do adolescente a vexame ou a constrangimento.29

Tenta va: admite-se.30

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 234Dispõe o art. 234 do ECA:

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Sujeito a vo: trata-se de crime próprio. Somente pode ser agente desse crime o delegado de polícia ou o juiz de direito. Alguns autores admitem também como sujeito a vo o promotor de jus ça.31

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.32

Conduta: trata-se de crime omissivo. A autoridade competente abstém-se, sem justa causa, de liberar imedia-tamente a criança ou o adolescente ilegalmente apreendido. Arts. 107, parágrafo único (para o juiz de direito), e 174, (para o delegado de polícia). 33

Elemento subje vo: dolo.34

Consumação: com a mera omissão na liberação, sem justa causa.35

Tenta va: tratando-se de crime omissivo, não se admite a tenta va.36

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 235Rege o art. 235 do ECA:

Art. 235. Descumprir, injus fi cadamente, prazo fi xado nesta Lei em bene cio de adolescente privado de liberdade:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Sujeito a vo: trata-se de crime próprio. Agente do crime será sempre o juiz de direito, o promotor de jus ça ou o delegado de polícia.37

25 Ibidem, p. 46.26 Ibidem, p. 46.27 Ibidem, p. 46.28 Ibidem, p. 46.29 Ibidem, p. 46.30 Ibidem, p. 46.31 Ibidem, p. 46.32 Ibidem, p. 46.33 Ibidem, p. 46.34 Ibidem, p. 46.35 Ibidem, p. 46.36 Ibidem, p. 46.37 Ibidem, p. 46.

Sujeito passivo: o adolescente.38

Conduta: vem representada pelo verbo “descumprir”. O não cumprimento dos prazos estabelecidos pelo ECA deno-ta omissão. Deve o prazo ter sido estabelecido em bene cio do adolescente privado de liberdade.39

Elemento subje vo: dolo – vontade deliberada de des-cumprir o prazo.40

Consumação: com o efe vo descumprimento do prazo.41

Tenta va: por se tratar de crime omissivo, não se admite a tenta va.42

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 236Rege o art. 236 da lei em estudo:

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen-tante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Sujeito a vo: qualquer pessoa.43

Sujeito passivo: autoridade judiciária, membro do Con-selho Tutelar e representante do Ministério Público, desde que no exercício de função prevista no ECA.44

Conduta: representada pelos verbos “impedir” (obsta-culizar) ou “embaraçar” (difi cultar, atrapalhar) a ação das autoridades nominadas.45

Elemento subje vo: dolo.46

Consumação: com o efe vo impedimento ou embaraço à ação das autoridades.

Tenta va: admite-se.47

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 237Rege o art. 237 do ECA:

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fi m de colocação em lar subs tuto:Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa.

Sujeito a vo: qualquer pessoa, inclusive o pai ou a mãe, se des tuídos do pátrio poder.48

Sujeito passivo: a pessoa que tem a criança ou o adoles-cente sob sua guarda, em virtude de lei ou ordem judicial.49

Conduta: vem representada pelo verbo “subtrair”, indi-cando que a criança ou o adolescente devem ser re rados da esfera de vigilância daquele que detenha sua guarda, em virtude de lei ou ordem judicial. Deve haver a fi nalidade de colocação em lar subs tuto. Se inexis r esta úl ma, poderá confi gurar-se o crime do art. 249 do Código Penal.50

Elemento subje vo: dolo.51

Consumação: trata-se de crime formal, que se consuma com a mera subtração da criança ou do adolescente com

38 Ibidem, p. 46.39 Ibidem, p. 47.40 Ibidem, p. 47.41 Ibidem, p. 47.42 Ibidem, p. 47.43 Ibidem, p. 47.44 Ibidem, p. 47.45 Ibidem, p. 47.46 Ibidem, p. 47.47 Ibidem, p. 47.48 Ibidem, p. 47.49 Ibidem, p. 47.50 Ibidem, p. 47.51 Ibidem, p. 47.

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o fi m de colocação em lar subs tuto, sendo irrelevante, portanto, à consumação do delito a efe va ocorrência desta úl ma providência.52

Tenta va: admite-se.53

ANÁLISE DO ART. 238Dispõe o art. 238 da lei em estudo:

Art. 238. Prometer ou efe var a entrega de fi lho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efe va a paga ou recompensa.

Sujeito a vo: no caput, trata-se de crime próprio. Podem ser agentes do delito os pais, tutores e também os guardiões judicialmente nomeados (arts. 28 a 35 do ECA). No parágrafo único, sujeito a vo pode ser qualquer pessoa que oferece ou efe va a paga ou recompensa.54

Sujeito passivo: fi lhos, pupilos ou mentores postos sob guarda.55

Conduta: vem representada pelos verbos “prometer” e “efe var”, referindo-se à entrega do fi lho ou pupilo a tercei-ro. Deve, necessariamente, haver a contrapar da: paga ou recompensa No parágrafo único, pune-se a conduta daquele que “oferece” ou “efe va” a paga ou recompensa.56

Elemento subje vo: dolo.57

Consumação: com a promessa ou efe va entrega. Na modalidade do parágrafo único, com a promessa ou efe va paga da promessa ou recompensa.58

Tenta va: admite-se, nas modalidades de conduta, “efe -var” a entrega (caput) e “efe var” a paga (parágrafo único).59

Medidas despenalizadoras: É um delito que admite apenas a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 239Rege o art. 239 do ECA:

Art. 239. Promo ver ou auxiliar a efe vação de ato des nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fi to de obter lucro:Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa.Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

Sujeito a vo: qualquer pessoa.60

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.61

Conduta: vem representada pelos verbos “promover” e “auxiliar”. Promover indica atuação direta do sujeito a vo, enquanto auxiliar indica a par cipação de terceira pessoa. O ato deve ser “des nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior, com inobservância das formalidades legais ou com o fi to de obter lucro. A doutrina entende que houve revogação do art. 245, § 2º, do Código Penal.62

52 Ibidem, p. 47.53 Ibidem, p. 47.54 Ibidem, p. 48.55 Ibidem, p. 48.56 Ibidem, p. 48.57 Ibidem, p. 48.58 Ibidem, p. 48.59 Ibidem, p. 48.60 Ibidem, p. 48.61 Ibidem, p. 48.62 Ibidem, p. 48.

Elemento subje vo: dolo.63

Consumação: com a promoção ou auxílio à prá ca do ato, independentemente do efe vo envio da criança ou do adolescente para o exterior ou da obtenção de lucro. Trata--se de crime formal.64

Tenta va: admite-se, já que o iter criminis é fracionável.65

Figura qualifi cada: se houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de 6 a 8 anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência (parágrafo único introduzido pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003).66

Competência: da Jus ça Federal. “Compete à Jus ça Federal processar e julgar delito de tráfi co internacional de crianças (Decreto Legislativo nº 28/1990, Decreto nº 99.710/1990 c.c art. 109, V, da CF)” (RSTJ, 77/280).67

ANÁLISE DO ART. 240Rege o art. 240 da Lei em tes lha:

Art. 240. Produ zir, reproduzir, dirigir, fotografar, fi lmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfi ca, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a par cipação de criança ou adolescente nas cenas refe-ridas no caput deste ar go, ou ainda quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre-texto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-sanguíneo ou afi m até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da ví ma ou de quem, a qualquer outro tulo, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consen mento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Segundo os ensinamentos do Mestre Ricardo Andreucci:Sujeito a vo: qualquer pessoa. De acordo com a parte fi nal

do § 1º, pode ser sujeito a vo também qualquer pessoa que contracene com criança ou adolescente em cena de sexo explí-cito ou pornográfi ca. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o sujeito a vo es ver nas condições estabelecidas pelo § 2 º.68

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.69

Conduta: vem representada pelos verbos “produzir”, “reproduzir”, “dirigir”, “fotografar”, “fi lmar”, “registrar”, “agenciar”, “facilitar”, “recrutar”, “coagir”, “intermediar” e “contracenar”. O produtor, em regra, é aquele que fi nancia a representação ou película, a a vidade fotográfi ca ou outro meio visual. Diretor é o responsável pelo desenvolvimento dos trabalhos. Pretendeu o legislador que não houvesse qual-quer po de registro, por qualquer meio, de cena pornográfi -ca ou de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente.70

63 Ibidem, p. 48.64 Ibidem, p. 48.65 Ibidem, p. 48.66 Ibidem, p. 48.67 Ibidem, p. 49.68 Ibidem, p. 49.69 Ibidem, p. 49.70 Ibidem, p. 49.

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Cenas de sexo explícito ou pornográfi co: estabelece o art. 241-E que, para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compre-ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais.71

Elemento subje vo: dolo.72

Consumação: ocorre no momento em que a criança ou o adolescente é u lizado como par cipante da cena de sexo explícito ou pornográfi ca. Na conduta de “contracenar”, a consumação ocorre com a atuação do ator com a criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfi ca. Trata-se de crime formal, uma vez que a consumação se ope-ra independentemente de qualquer resultado naturalís co, ou seja, sem necessidade de que a cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente seja u liza-da, de qualquer modo, ou divulgada, por qualquer meio.73

Tenta va: admite-se.74

Causa de aumento de pena: a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o agente cometer o crime nas hipóteses do § 2º do ar go.75

ANÁLISE DO ART. 241Rege a art. 241 da Lei nº 8.069/1990:

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografi a, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Vale a pena trazer à colação os ensinamentos do Profes-sor Ricardo Andreucci:

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.76

Conduta: vem representada pelos verbos “vender” e “expor” à venda fotografi a, vídeo ou registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente.77

Cenas de sexo explícito ou pornográfi cas: estabelece o art. 241-E que, para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compre-ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais.78

Elemento subje vo: dolo.79

Consumação: com os atos “vender” e “expor” à venda “fotografia, vídeo ou outro registro contendo as cenas proibidas.80

Tenta va: admite-se.81

ANÁLISE DO ART. 241-ARege o art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 241-A. Oferecer , trocar, disponibilizar, transmi r, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informá ca ou

71 Ibidem, p. 49.72 Ibidem, p. 49.73 Ibidem, p. 49.74 Ibidem, p. 49.75 Ibidem, p. 49.76 Ibidem, p. 50.77 Ibidem, p. 50.78 Ibidem, p. 50.79 Ibidem, p. 50.80 Ibidem, p. 50.81 Ibidem, p. 50.

telemá co, fotografi a, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e mul-ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – assegura os meios ou serviços para o armazena-mento das fotografi as, cenas ou imagens de que trata o caput deste ar go; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografi as, cenas ou imagens de que trata o caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º As condutas pifi cadas nos incisos I e II do § 1º deste ar go são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, ofi cialmente no fi cado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

O Mestre Ricardo Andreucci nos ensina:Sujeito a vo: qualquer pessoa.82

Sujeito passivo: a criança e o adolescente.83

Conduta: vem representada pelos verbos “oferecer”, “trocar”, “disponibilizar”, “transmi r”, “distribuir”, “publicar”, “divulgar” e “assegurar”, prevista como fi gura equiparada no § 1º, refere-se aos meios ou serviços para o armazenamen-to das fotografi as, cenas ou imagens proibidas, ou ainda, ao acesso por rede de computadores.84

Condição obje va de punibilidade: estabelece o § 2º como condição obje va de punibilidade das fi guras pre-vistas pelo § 1º, I e II, a nega va do responsável legal pela prestação do serviço (de armazenamento ou de acesso), após ofi cialmente no fi cado, em desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito.85

Objeto material: é composto pelas fotografi as, vídeos ou outros registros que contenham cenas de sexo explícito ou pornográfi cas envolvendo criança ou adolescente.86

Cenas de sexo explícito ou pornográfi cas: estabelece o art. 241-E que, para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compre-ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais.87

Elemento subje vo: é o dolo.88

Consumação: ocorre com a efe va prá ca das condutas incriminadas, independentemente de qualquer resultado naturalís co. Trata-se de crime formal.89

Tenta va: admite-se.90

ANÁLISE DO ART. 241-BRege o art. 241-A da Lei nº 8.069/1990:

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografi a, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

82 Ibidem, p. 50.83 Ibidem, p. 50.84 Ibidem, p. 50.85 Ibidem, p. 51.86 Ibidem, p. 51.87 Ibidem, p. 51.88 Ibidem, p. 51.89 Ibidem, p. 51.90 Ibidem, p. 51.

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Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quan dade o material a que se refere o caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamen-to tem a fi nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quan-do a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – agente público no exercício de suas funções; (In-cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – membro de en dade, legalmente cons tuída, que inclua, entre suas fi nalidades ins tucionais, o rece-bimento, o processamento e o encaminhamento de no cia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material rela vo à no cia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste ar go deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Para Andreucci:Sujeito a vo: qualquer pessoa.91

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.92

Conduta: vem representada pelos verbos “adquirir”, “possuir” ou “armazenar”. Com relação a posse ou armaze-namento, não há crime quando a conduta se dá nas hipóteses elencadas no § 2º.93

Objeto material: é composto pelas fotografi as, vídeos ou outros registros que contenham cenas de sexo explícito ou pornográfi cas envolvendo criança ou adolescente.94

Cenas de sexo explícito ou pornográfi cas: estabelece o art. 241-E que, para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compre-ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais.95

Elemento subje vo: é o dolo.96

Consumação: ocorre com a efe va prá ca das condutas incriminadas, independentemente de qualquer resultado naturalís co. Trata-se de crime formal.97

Tenta va: admite-se.98

Causa de diminuição de pena: a pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços), de acordo com o disposto no § 1º, se de pequena quan dade o material adquirido, possuído ou armazenado.99

Finalidade de comunicar às autoridades competentes: se o armazenamento ou posse do material proibido ver como fi nalidade a comunicação às autoridades competentes acerca das condutas proibidas, não haverá crime. Nesse caso, entretanto, o agente terá de se inserir em uma das categorias elencadas nos incisos I, II e III do § 2º.100

91 Ibidem, p. 51.92 Ibidem, p. 51.93 Ibidem, p. 51.94 Ibidem, p. 51.95 Ibidem, p. 52.96 Ibidem, p. 52.97 Ibidem, p. 52.98 Ibidem, p. 52.99 Ibidem, p. 52.100 Ibidem, p. 52.

Sigilo: na hipótese do item acima, segundo dispõe o § 3º, as pessoas inseridas nas categorias elencadas nos incisos I, II e III do § 2º deverão manter sob sigilo o material proibido.101

ANÁLISE DO ART. 241-CRege a norma em comento:

Art. 241-C. Simular a par cipação de criança ou ado-lescente em cena de sexo explícito ou pornográfi ca por meio de adulteração, montagem ou modifi cação de fotografi a, vídeo ou qualquer outra forma de repre-sentação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e mul-ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Segundo os ensinamentos de Andreucci:Sujeito a vo: qualquer pessoa.102

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.103

Conduta: vem representada pelo verbo “simular”. No parágrafo único, também estão previstas as condutas “ven-der”, “expor à venda”, “disponibilizar”, “distribuir”, “publicar”, “divulgar”, “adquirir”, “possuir” ou “armazenar”.104

Objeto material: é composto pelas fotografi as, vídeos ou outros registros, adulterados, montados ou modifi cados, que contenham cenas de sexo explícito ou pornográfi cas envolvendo criança ou adolescente.105

Cenas de sexo explícito ou pornográfi cas: estabelece o art. 241-E que, para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compre-ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais.106

Elemento subje vo: é o dolo.107

Consumação: ocorre com a efe va prá ca das condutas incriminadas, independentemente de qualquer resultado naturalís co. Trata-se de crime formal.108

Tenta va: admite-se.109

ANÁLISE DO ART. 241-DDispõe o art. 241-D do ECA:

Art. 241-D. Aliciar, assediar, ins gar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fi m de com ela pra car ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfi ca com o fi m de com ela pra car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – pra ca as condutas descritas no caput deste ar -go com o fi m de induzir criança a se exibir de forma

101 Ibidem, p. 52.102 Ibidem, p. 52.103 Ibidem, p. 52.104 Ibidem, p. 52.105 Ibidem, p. 52.106 Ibidem, p. 52.107 Ibidem, p. 52.108 Ibidem, p. 52.109 Ibidem, p. 52.

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pornográfi ca ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Ricardo Andreucci tece os seguintes comentários sobre o crime em comento:

Sujeito a vo: qualquer pessoa.110

Sujeito passivo: a criança. Nesse disposi vo, o legislador não se referiu a “adolescente” como fez nos ar gos anteriores.111

Conduta: vem representada pelos verbos “aliciar”, “as-sediar”, “ins gar” e “constranger”. No parágrafo único, ainda estão previstas as condutas “facilitar” e “induzir”. Nas condutas do caput do ar go, deve haver a fi nalidade específi ca do agen-te de pra car ato libidinoso com a criança, o mesmo ocorrendo com as fi guras do parágrafo único, I. Já na fi gura do parágrafo único, II, a fi nalidade do agente deve ser de induzir a criança a se exibir de forma pornográfi ca ou sexualmente explícita.112

Elemento subje vo: é o dolo. Tanto no caput quanto no parágrafo único deve haver elemento subje vo específi co, consistente na fi nalidade de pra car com a criança ato libi-dinoso ou de induzi-la a se exibir de forma pornográfi ca ou sexualmente explícita. 113

Consumação: ocorre com a efe va prá ca das condutas incriminadas, independentemente de qualquer resultado naturalís co. Trata-se de crime formal.114

Tenta va: admite-se.115

ANÁLISE DO ART. 241-ERege o art. 241-E da Lei nº 8.069/1990:

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fi ns primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Ricardo Andreucci nos ensina que:

Nesse disposi vo, o legislador defi niu o que se deve entender como cena de sexo explícito ou pornográ-fi ca, expressão que compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição de órgãos genitais para fi ns primordialmente sexuais.116

ANÁLISE DO ART. 242Rege o art. 2 42 do ECA:

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adoles-cente arma, munição ou explosivo:Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)

Sujeito a vo: qualquer pessoa.117

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.118

Conduta: vem representada pelos verbos “vender”, “for-necer” e “entregar”, a tulo oneroso ou gratuito. O objeto material é arma, munição ou explosivo.119 Sustento que o 110 Ibidem, p. 53.111 Ibidem, p. 53.112 Ibidem, p. 53.113 Ibidem, p. 53.114 Ibidem, p. 53.115 Ibidem, p. 53.116 Ibidem, p. 53.117 Ibidem, p. 54.118 Ibidem, p. 54.119 Ibidem, p. 54.

delito em estudo foi parcialmente revogado pelo inciso V do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, subsis ndo ainda apenas em relação às chamadas “armas brancas” (canivetes, facas, adagas, punhais etc.).

Elemento subje vo: dolo.120

Consumação: ocorre com a efe va venda, fornecimento ou entrega, de qualquer forma, a tulo oneroso ou gratuito.121

Tenta va: admite-se.122

Pena: conforme alteração introduzida pela Lei nº 10.764/2003, a pena passou a ser de reclusão de 3 a 6 anos.123

ANÁLISE DO ART. 243Rege o art. 24 3 da Lei em estudo:

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência sica ou psíquica, ainda que por u lização indevida:Pena – detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-ta, se o fato não cons tui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)

Sujeito a vo: qualquer pessoa.124

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.125

Conduta: vem caracterizada pelos verbos “vender”, “for-necer”, “ministrar” e “entregar”. Não haverá crime se ocorrer justa causa para a prá ca da conduta. O objeto material do crime é representado por produtos cujos componentes podem causar dependência sica ou psíquica, ainda que por u lização indevida (“cola de sapateiro”, acetona, éter, esmalte de unha, bebida alcoólica etc.). Se for entorpecente, haverá o crime do art. 33 da Lei nº 11.343/2006.126

Elemento subje vo: dolo.127

Consumação: ocorre com a efe va prá ca de uma das modalidades de conduta.128

Tenta va: admite-se.129

Pena: conforme alteração introduzida pela Lei nº 10.764/2003, a pena passou a ser de detenção de 2 a 4 anos, se o fato não cons tuir crime mais grave.130

JURISPRUDÊNCIAA Sexta Turma decidiu que a venda de bebida alcoólica

para menores de 18 anos confi gura a contravenção penal prevista no inciso I do art. 63 da Lei das Contravenções Penais. Vejamos:

VENDA. ÁLCOOL. ADOLESCENTES.A venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos é pica e encontra correspondência no art. 63, I, da Lei de Contravenções Penais. No caso, a errônea ca-pitulação dos fatos no art. 243 do ECA não jus fi ca o trancamento da ação penal; como consabido, o agen-te defende-se dos fatos, e não de sua capitulação jurídica. Com esse entendimento, a Turma acolheu o parecer do MPF e concedeu a ordem de o cio para alterar a capitulação dos fatos. Precedentes citados: RHC nº 20.618-MG, DJe 6/9/2010; HC nº 89.696-SP, DJe 23/8/2010; HC nº 113.896-PR, DJe 16/11/2010,

120 Ibidem, p. 54.121 Ibidem, p. 54.122 Ibidem, p. 54.123 Ibidem, p. 54.124 Ibidem, p. 54.125 Ibidem, p. 54.126 Ibidem, p. 54.127 Ibidem, p. 54.128 Ibidem, p. 54.129 Ibidem, p. 54.130 Ibidem, p. 54.

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e Ag nº 1.275.948-PR, DJe 6/4/2010. RHC nº 28.689-RJ, Relator Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 5/5/2011.

ANÁLISE DO ART. 244Dispõe o art. 244 do ECA:

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou ado-lescente fogos de estampido ou de ar cio, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano sico em caso de u lização indevida:Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Sujeito a vo: qualquer pessoa.131

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.132

Conduta: vem representada pelos verbos “vender”, “fornecer” e “entregar”. O fornecimento pode dar-se a tulo oneroso ou gratuito. A entrega pode ser de qualquer forma. O objeto material é cons tuído por fogos de estampido ou de ar cios. A lei excetua os fogos de estampido ou de ar cio que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provo-car qualquer dano sico em caso de u lização indevida.133

Elemento subje vo: dolo.134

Consumação: com a efe va venda, fornecimento ou entrega. Trata-se de crime de perigo abstrato, pois a lei não condiciona a ocorrência do ilícito à demonstração o perigo a que deve ser exposta a criança ou o adolescente.135

Tenta va: admite-se.136

Medidas despenalizadoras: o delito em comento admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

ANÁLISE DO ART. 244-ARege o art. 24 4-A do ECA:

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi nidos no caput do art. 2º desta Lei, à pros- tuição ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei

nº 9.975, de 23/6/2000)Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifi que a submissão de criança ou adolescente às prá cas referidas no caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)§ 2º Cons tui efeito obrigatório da condenação a cas-sação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)

Sujeito a vo: qualquer pessoa.137

Sujeito passivo: a criança ou o adolescente.138

Conduta: vem representada pelo verbo “submeter” (sujeitar, subjugar). A criança e o adolescente devem ser subme dos à pros tuição (relações sexuais por dinheiro) ou à exploração sexual (de qualquer natureza).139

Elemento subje vo: dolo.140

Consumação: com a efe va submissão da criança ou adolescente à pros tuição ou à exploração sexual.141

131 Ibidem, p. 55.132 Ibidem, p. 55.133 Ibidem, p. 55.134 Ibidem, p. 55.135 Ibidem, p. 55.136 Ibidem, p. 55.137 Ibidem, p. 55.138 Ibidem, p. 55.139 Ibidem, p. 55.140 Ibidem, p. 55.141 Ibidem, p. 55.

Tenta va: admite-se.142

Figura equiparada: estabelece o § 1º que incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifi que a submissão de criança ou adolescente à pros tuição ou à exploração sexual.143

Efeito da condenação: cons tui efeito obrigatório da condenação, segundo dispõe o § 2º, a cassação da licença de localização ou de funcionamento do estabelecimento.144

A Questão da Revogação do art. 244-A

A norma em comento foi revogada com o advento da Lei nº 12.015/2009, que dispõe sobre os crimes contra a digni-dade sexual. Foi incluído, então, no Código Penal, o crime de favorecimento da pros tuição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável, vejamos:

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atr air à pros tuição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou de-fi ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, facilitá-la, impedir ou difi cultar que a abandone.Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.

Como o art. 218-B trata do mesmo assunto disposto no art. 244-A do ECA, é possível se afi rmar que este foi total-mente revogado, não mais subsis ndo.

ANÁLISE DO ART. 244-BA Lei nº 2.252 dispunha sobre o crime de corrupção de

menores em seu art. 1º:

Cons tui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela pra cando, infração penal ou induzindo-a a pra cá-la.

O po penal da lei ora em questão cuidava tão exclu-sivamente da inclusão do adolescente no campo da crimi-nalidade.

A Lei nº 2.252/1954 – Corrupção de Menores – para fi ns de aplicação de pena, equiparava a conduta de quem facilita a corrupção, com a de quem corrompe pessoa me-nor de dezoito anos, com ela pra cando infração penal ou induzindo-a a pra cá-la.

A Lei nº 12.015/2009 revogou a Lei nº 2.252/1954, sendo que o crime de corrupção de menores foi inserido no Estatuto da Criança e do Adolescente, que passou a vigorar acrescido do seguinte ar go:

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele pra cando infração penal ou induzindo-o a pra cá-la:Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste ar go quem pra ca as condutas ali pifi cadas u lizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da Internet.§ 2º As penas previstas no caput deste ar go são aumentadas de um terço no caso de a infração co-me da ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.

142 Ibidem, p. 55.143 Ibidem, p. 55.144 Ibidem, p. 55.

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Nota-se que se o crime pra cado em coautoria com o menor for hediondo ou equiparado, a pena será aumentada de um terço.

Todavia, é sabido que também existe o crime de cor-rupção de menores no Código Penal. Qual a diferença entre o crime de corrupção de menores que era previsto na Lei nº 2.252/1954, atualmente previsto no art. 244-B do ECA e o do art. 218 do CP?

Com a Lei nº 12.015/2009, o po penal previsto no art. 218 do Código Penal passou a ter a seguinte redação:

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a sa sfazer a lascívia de outrem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.Parágrafo único.

Sa sfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A. Pra car, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjun-ção carnal ou outro ato libidinoso, a fi m de sa sfazer lascívia própria ou de outrem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Favorecimento da pros tuição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à pros tuição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou de-fi ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, facilitá-la, impedir ou difi cultar que a abandone:Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.§ 1º Se o crime é pra cado com o fi m de obter van-tagem econômica, aplica-se também multa.§ 2º Incorre nas mesmas penas:I – quem pra ca conjunção carnal ou outro ato libi-dinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste ar go;II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifi quem as prá cas referidas no caput deste ar go.§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, cons tui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

O caput do disposi vo supra tem como obje vidade jurídica a proteção da dignidade sexual do menor, evitando a corrupção sexual do menor. Já o crime de corrupção de menores previsto no ECA tem como objeto jurídico evitar que o menor seja corrompido moralmente.

A diferença essencial entre o crime de corrupção moral de menores e o art. 218 do Código Penal está no objeto jurí-dico tutelado, uma vez que este pune aquele que corrompe o menor na seara sexual, patrocinando a depravação precoce do jovem, ao passo que, no primeiro, o objeto jurídico tute-lado pelo delito de corrupção de menores é a proteção da moralidade do menor e visa a coibir a prá ca de delitos em que existe sua exploração.

Desta forma, muito embora os delitos tenham a mesma nomenclatura, eles não se confundem.

Classifi cação do Crime Previsto no art. 244-B do Eca

(4) Trata-se de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode pra car tal crime.

(5) Sujeito passivo – o menor de 18 anos e a cole vidade.(6) De forma livre, podendo ser come do de qualquer

forma.(7) Comissivo.(8) Instantâneo.(9) Unissubje vo, podendo ser come do por uma pessoa.(10) Plurissubsistente.(11) Admite tenta va, embora de di cil confi guração.

O problema surge ao se indagar se o delito se consumaria mesmo se o menor, ao tempo do crime, já era corrompido. Seria um crime material, de perigo ou formal?

Para os professores Guilherme de Souza Nucci (2008, p. 215) e José Geraldo da Silva (2008, p. 564), trata-se de um Delito Material, pois depende da ocorrência de efe vo prejuízo para o menor de 18 anos.

Nucci (2008, p. 215) diz que:

[...] não comete o crime previsto neste ar go o maior de 18 anos que pra ca crime ou contraven-ção na companhia do menor já corrompido, isto é, acostumado à prá ca de atos infracionais. O obje vo do po penal é evitar que ocorra a deturpação na formação da personalidade do menor de 18 anos. Se este já é corrompido, considera-se crime impossível qualquer atuação do maior, nos termos do art. 17 do CPB. (Grifo nosso)

Waldir Abreu (1995, p. 41) afi rma que

o texto legal incrimina tanto corromper quanto facilitar a corrupção; só esta facilitação é sufi ciente e se verifi ca não só quando o maior realiza conduta criminosa com o menor, ainda não corrompido, como também quando apenas empresta colabora-ção à ação infratora da inicia va do mesmo inim-putável, pois assim estará a facilitar sua corrupção, aumentando-lhe a efi cácia e experiência na vida tão diversifi cada do crime.

Assim,

o reconhecimento deste crime não depende de pro-va de efe va corrupção, pois esta é presumida pela potencialidade do ato, hábil a pelo menos facilitá-la, embora só posteriormente se exteriorize em fatos concretos, por es mulo ou inspiração daqueles que o menor foi induzido a pra car ou assis r.145

Na hipótese, há resultado, qual seja a probabilidade da corrupção. Lógico, a extensão do evento pode ser maior, compreendendo também a atração, o es- mulo e o fornecimento de meios para a execução

mostrar-se efi caz. O delinquente não ganha carta de crédito aberta para atrair menores porque, antes, o adolescente incursionara no caminho do crime.146

De fato,

exigências adicionais para a pifi cação são extralegais e até esbarram no velho brocardo commodissimum est, id accipi, quo res de qua agitur, magis valeat quam pereat (Prefi ra-se a inteligência dos textos que torne viável o seu obje vo, ao invés da que os reduz à inu lidade) .147

145 ABREU, Waldir. A Corrupção Penal Infanto-Juvenil. Forense: São Paulo, 1995.146 Recurso Especial nº 182471. Uf: Pr. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.147 Resp. nº 197.762/Pr.

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Nosso entendimento caminha é no sen do de que se trata de um Delito Formal, uma vez que o delito de corrupção de menores prescinde da efe va corrupção do menor, bastando, para a sua confi guração, a prova de par cipação do inimpu-tável em crime juntamente com agente maior de 18 anos.

A Suprema Corte no HC nº 92.014/SP, rel. orig. Ministro Ricardo Lewandowski, rel. p/ o acórdão Ministro Menezes Direito, 1ª Turma, 2/9/2008 se posicionou no sen do de se tratar de delito formal, vejamos:

INFORMATIVO STF nº 518

A Turma, por maioria, indeferiu Habeas Corpus no qual condenado pela prá ca dos delitos de roubo qualificado em concurso material com o de cor-rupção de menores (CP, art. 157, § 2º, I e II, c/c Lei nº 2.252/1954, art. 1º) pretendia anular sua conde-nação rela vamente ao aludido crime de corrupção de menores. A impetração sustentava a ausência de comprovação da materialidade deli va quanto a tal crime, ao argumento de que não teria sido evidenciada, documentalmente, a menoridade da ví ma, constando apenas mera informação da mãe do menor nesse sen do. Considerou-se que, tanto no acórdão proferido pelo STJ quanto no prolatado pelo tribunal de origem, fi cara assentada a par cipação de um menor e, em se tratando de crime formal, estaria correto o entendimento fi xado no acórdão impugnado de que o objeto jurídico tutelado pelo po em questão é a proteção da moralidade do

menor e que esse po penal visa coibir a prá ca de delitos em que existe a exploração daquele. Assim, prescindível a prova da efe va corrupção do menor. Vencido o Min. Ricardo Lewandowski, relator, que, por reputar incabível, no caso, o debate sobre a natureza do delito, cingindo-se a questão à prova da menoridade, para ele não demonstrada, concedia a ordem para anular a decisão no tocante ao crime de corrupção de menores e restabelecia a pena fi xada nas instâncias ordinárias.HC nº 92.014/SP, rel. orig. Ministro Ricardo Lewan-dowski, rel. p/ o acórdão Ministro Menezes Direito, 1ª Turma, 2/9/2008. (HC nº 92.014)

O Supremo Tribunal Federal, no Informa vo nº 529:

HC nº 92.014-SPRELATOR P/ O ACÓRDÃO: MINISTRO MENEZES DIREITOEMENTAHabeas Corpus. Penal. Paciente condenado pelos cri-mes de roubo (art. 157 do Código Penal) e corrupção de menor (art. 1º da Lei nº 2.252/1954). Menoridade assentada nas instâncias ordinárias. Crime formal. Simples par cipação do menor. Confi guração. 1. Asinstâncias ordinárias assentaram a par cipação de um menor no roubo pra cado pelo paciente. Por-tanto, não cabe a esta Suprema Corte discu r sobre a menoridade já afi rmada. 2. Para a confi guração do crime de corrupção de menor, previsto no art. 1º da Lei nº 2.252/1954, é desnecessária a comprovação da efe va corrupção da ví ma por se tratar de crime formal que tem como objeto jurídico a ser protegido a moralidade dos menores. 3. Habeas Corpus denegado.

No mesmo sen do:

Corrupção de Menores e Crime Formal

Para a confi guração do crime de corrupção de menor (Lei nº 2.252/1954, art. 1º) é desnecessária a com-provação da efe va corrupção da ví ma, por se tratar de crime formal, que tem como objeto jurídico a ser protegido a moralidade dos menores. Ao aplicar esta orientação, a Turma indeferiu Habeas Corpus em que acusado pela prá ca dos crimes descritos no art. 213 c/c o art. 226, I, ambos do CP e no art. 1º da Lei nº 2.252/1954 pleiteava a absolvição quanto ao crime de corrupção de menores, sob o argumento de que não fora demonstrada a chamada idoneidade moral anterior da ví ma menor, prova esta imprescindível para a caracterização da picidade do delito. Aduziu--se, conforme ressaltado pelo Ministério Público, que o fato de ter o menor, em concurso com um agente maior, pra cado fato criminoso, demonstraria, se-não o ingresso em universo prejudicial ao seu sadio desenvolvimento, ao menos sua manutenção nele, o que, de igual modo, seria passível de recrimina-ção. Nesse sen do, acrescentou-se que, es vesse já maculado ou não o caráter do menor, o crime de corrupção de menores se perfaria, porquanto, ainda assim, estaria a conduta do agente maior a reforçar, no menor, sua tendência infracional anteriormente adquirida. Precedente citado: HC nº 92.014/SP (DJE de 21/11/2008). HC nº 97.197/PR, Relator Minis-tro Joaquim Barbosa, 2ª Turma, 27/10/2009. (HC nº 97.197)

Já o Superior Tribunal de Jus ça, conforme nos mostra o Informa vo nº 393, se posicionou de forma divergente, afi rmando se tratar de crime de perigo, vejamos:

A Turma denegou a ordem por considerar, no caso, de rigor a condenação do paciente pela prá ca do crime de corrupção de menores previsto no art. 1º da Lei nº 2.252/1954, que é de perigo, sendo des-cipienda, portanto, a demonstração de efe va e posterior corrupção penal do menor. No caso dos autos, não fi cou demonstrado conforme consigna-do no acórdão recorrido, que o menor par cipante da conduta delituosa vesse passagens pelo juízo da infância e da juventude pela prática de atos infracionais ou, ainda, que tenha sido o mentor do crime de roubo. Observa o Ministro Relator, quanto à anterior inocência moral do menor, que essa se presume iuris tantum (não iuris et de iure) como pressuposto fá co do po. Explica que quem já foi corrompido logicamente não pode ser ví ma de corrupção, todavia não é possível que o réu adulto tenha a seu favor a presunção de inocência e o menor envolvido tenha contra si uma presunção oposta. Precedentes citados: REsp. nº 852.716-PR, DJ 19/3/2007; REsp. nº 853.350-PR, DJ nº 18/12/2006, eREsp. nº 822.977-RJ, DJ 30/10/2006. HC nº 128.267-DF, Relator Ministro Felix Fischer, 5ª Turma, julgado em 5/5/2009.

Elemento Subje voDolo. Não há previsão da modalidade culposa no po

penal do art. 244-B do ECA.

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§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste ar go quem pra ca as condutas ali pifi cadas u lizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da Internet.§ 2º As penas previstas no caput deste ar go são aumentadas de um terço no caso de a infração co-me da ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.

Nota-se que se o crime pra cado em coautoria com o menor for hediondo ou equiparado, a pena será aumentada de um terço.

Todavia, é sabido que também existe o crime de cor-rupção de menores no Código Penal. Qual a diferença entre o crime de corrupção de menores que era previsto na Lei nº 2.252/1954, atualmente previsto no art. 244-B do ECA e o do art. 218 do CP?

Com a Lei nº 12.015/2009, o po penal previsto no art. 218 do Código Penal passou a ter a seguinte redação:

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a sa sfazer a lascívia de outrem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.Parágrafo único.

Sa sfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A. Pra car, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjun-ção carnal ou outro ato libidinoso, a fi m de sa sfazer lascívia própria ou de outrem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Favorecimento da pros tuição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à pros tuição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou de-fi ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, facilitá-la, impedir ou difi cultar que a abandone:Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.§ 1º Se o crime é pra cado com o fi m de obter van-tagem econômica, aplica-se também multa.§ 2º Incorre nas mesmas penas:I – quem pra ca conjunção carnal ou outro ato libi-dinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste ar go;II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifi quem as prá cas referidas no caput deste ar go.§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, cons tui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

O caput do disposi vo supra tem como obje vidade jurídica a proteção da dignidade sexual do menor, evitando a corrupção sexual do mesmo. Já o crime de corrupção de menores previsto no ECA tem objeto jurídico evitar que o menor seja corrompido moralmente.

A diferença essencial entre o crime de corrupção moral de menores e o art. 218 do Código Penal está no objeto jurí-dico tutelado, uma vez que este pune aquele que corrompe o menor na seara sexual, patrocinando a depravação precoce do jovem, ao passo que no primeiro o objeto jurídico tute-lado pelo delito de corrupção de menores é a proteção da

Obje vidade Jurídica do Crime Previsto no art. 244-B do ECA

Evitar que o menor seja exposto ao “es mulo de ingresso ou permanência na criminalidade”.148

Ação PenalO crime de corrupção moral de menores previsto no ECA

é de ação penal pública incondicionada.

Crime ImpossívelSe o menor à época do crime já era corrompido moral-

mente, há que se falar em crime impossível, não respondendo o adulto pela prá ca do crime previsto no art. 244-B do ECA.

Nós defendemos a não consumação do delito quando já havia prova da perversão do menor149, mas há quem susten-te que há o crime, pois “acentuar, concre zar, consolidar a corrupção, corrupção é”.150

Ora,

a corrupção vai se consolidando na medida em que alguém busca a colaboração do menor para a prá ca do ilícito penal. Não há limites estanques. Enseja gra-duação. A repe ção da conduta delituosa vai, pouco a pouco, corroendo a personalidade. O po penal se faz presente, assim, também quando o jovem é atraído, mais uma vez, para o campo da delinquência. Não há perfeita igualdade com o crime do mencionado art. 218 do Código Penal, onde há vozes que excluem a criminalidade se a ví ma es ver integrada na prá ca da vida sexual. Importante: o objeto jurídico é outro. Na Lei nº 2.252/1954, busca-se impedir o es mulo de ingresso, ou permanência na criminalidade.151

ANÁLISE DO ART. 244-BA Lei nº 2.252 dispunha sobre o crime de corrupção de

menores em seu art. 1º:

Cons tui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela pra cando, infração penal ou induzindo-a a pra cá-la.

O po penal da lei ora em questão cuidava tão exclusiva-mente da inclusão do adolescente no campo da criminalidade.

A Lei nº 2.252/1954 – Corrupção de Menores – , para fi ns de aplicação de pena, equiparava a conduta de quem facilita a corrupção, com a de quem corrompe pessoa me-nor de dezoito anos, com ela pra cando infração penal ou induzindo-a a pra cá-la.

A Lei nº 12.015/2009 revogou a Lei nº 2.252/1954, sendo que o crime de corrupção de menores foi inserido no Estatuto da Criança e do Adolescente, que passou a vigorar acrescido do seguinte ar go:

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele pra cando infração penal ou induzindo-o a pra cá-la:Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

148 Recurso Especial nº 182.471. UF: PR. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.149 Neste sen do: Apelação Criminal nº 27.289, de Imbituba – Relator: Des. Márcio

Ba sta; Apelação Criminal nº 99.001783-4, de Mafra. Relator: Des. Genésio Nolli; JC nº 58/418; RT nº 533/321; TJSP – RJTJSP nº 73/324; TRF 4ª R. – ACR nº 98.04.04693-8 – RS – 1ª T. – Relator Juiz Fábio Bi encourt da Rosa – DJU 20/5/1998; TJRJ – EI nº 4/97 – Reg. nº 130.498 – Cód. 97.054.00004 – Cabo Frio – S.Crim. – Relatora Juíza Telma Musse Diuana – J. 26/11/1997; E TJRJ – ACR nº 2.565/98 – (Reg. 040699) – 1ª C.Crim. – Relator Des. Oscar Silvares – J. 3/3/1999.

150 Recurso Especial nº 182.471. Uf: Pr. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.151 Idem.

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moralidade do menor e visa a coibir a prá ca de delitos em que existe sua exploração.

Desta forma, muito embora os delitos tenham a mesma nomenclatura, os mesmos não se confundem.

Classifi cação do Crime Previsto no Art. 244-B do ECA

(4) Trata-se de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode pra car tal crime.

(5) Sujeito passivo – o menor de 18 anos e a cole vi-dade.

(6) De forma livre, podendo ser come do de qualquer forma.

(7) Comissivo.(8) Instantâneo.(9) Unissubje vo, podendo ser come do por uma

pessoa.(10) Plurissubsistente.(11) Admite tenta va, embora de di cil confi guração.

O problema surge ao se indagar se o delito se consumaria mesmo se o menor, ao tempo do crime, já era corrompido. Seria um crime material, de perigo ou formal?

Para os professores Guilherme de Souza Nucci (2008, p. 215) e José Geraldo da Silva (2008, p. 564), trata-se de um Delito Material, pois depende da ocorrência de efe vo prejuízo para o menor de 18 anos.

Nucci diz que:

[...] não comete o crime previsto neste ar go o maior de 18 anos que pra ca crime ou contraven-ção na companhia do menor já corrompido, isto é, acostumado à prá ca de atos infracionais. O obje vo do po penal é evitar que ocorra a deturpação na formação da personalidade do menor de 18 anos. Se este já é corrompido, considera-se crime impossível qualquer atuação do maior, nos termos do art. 17 do CPB. (Grifo nosso)

Waldir Abreu (1995, p. 41) afi rma que

o texto legal incrimina tanto corromper quanto facilitar a corrupção; só esta facilitação é sufi ciente e se verifi ca não só quando o maior realiza conduta criminosa com o menor, ainda não corrompido, como também quando apenas empresta colabora-ção à ação infratora da inicia va do mesmo inim-putável, pois assim estará a facilitar sua corrupção, aumentando-lhe a efi cácia e experiência na vida tão diversifi cada do crime.

Assim,

o reconhecimento deste crime não depende de pro-va de efe va corrupção, pois esta é presumida pela potencialidade do ato, hábil a pelo menos facilitá-la, embora só posteriormente se exteriorize em fatos concretos, por es mulo ou inspiração daqueles que o menor foi induzido a pra car ou assis r152.Na hipótese, há resultado, qual seja, a probabilidade da corrupção. Lógico, a extensão do evento pode ser maior, compreendendo também a atração, o es- mulo e o fornecimento de meios para a execução

mostrar-se efi caz. O delinquente não ganha carta de crédito aberta para atrair menores porque, antes, o adolescente incursionara no caminho do crime153.

152 TJ-RJ – Apelação Criminal 1.710/1996 – Reg. Em 11/12/1997 – São Gonçalo – Primeira Câmara Criminal – Por Maioria – Des. Paulo Gomes da Silva Filho – Julg: 23/9/1997.

153 Recurso Especial nº 182471. Uf: Pr. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.

De fato,

exigências adicionais para a pifi cação são extralegais e até esbarram no velho brocardo commodissimum est, id accipi, quo res de qua agitur, magis valeat quam pereat (Prefi ra-se a inteligência dos textos que torne viável o seu obje vo, ao invés da que os reduz à inu lidade)154.

Nosso entendimento caminha é que se trata de Delito Formal, uma vez que o delito de corrupção de menores prescinde da efe va corrupção do menor, bastando, para a sua confi guração, a prova de par cipação do inimputável em crime juntamente com agente maior de 18 anos.

A Suprema Corte no HC nº 92.014/SP, rel. orig. Min. Ri-cardo Lewandowski, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 1ª Turma, 2/9/2008 se posicionou no sen do de se tratar de delito FORMAL, vejamos:

INFORMATIVO STF Nº 518A Turma, por maioria, indeferiu Habeas Corpus no qual condenado pela prá ca dos delitos de roubo qualifi cado em concurso material com o de corrup-ção de menores (CP, art. 157, § 2º, I e II, c/c Lei nº 2.252/1954, art. 1º) pretendia anular sua condena-ção rela vamente ao aludido crime de corrupção de menores. A impetração sustentava a ausência de comprovação da materialidade deli va quanto a tal crime, ao argumento de que não teria sido evidenciada, documentalmente, a menoridade da ví ma, constando apenas mera informação da mãe do menor nesse sen do. Considerou-se que, tanto no acórdão proferido pelo STJ quanto no prolatado pelo tribunal de origem, fi cara assentada a par cipação de um menor e, em se tratando de crime formal, estaria correto o entendimento fi xado no acórdão impugnado de que o objeto jurídico tutelado pelo po em questão é a proteção da moralidade do

menor e que esse po penal visa coibir a prá ca de delitos em que existe a exploração daquele. Assim, prescindível a prova da efe va corrupção do menor. Vencido o Min. Ricardo Lewandowski, relator, que, por reputar incabível, no caso, o debate sobre a natureza do delito, cingindo-se a questão à prova da menoridade, para ele não demonstrada, concedia a ordem para anular a decisão no tocante ao crime de corrupção de menores e restabelecia a pena fi xada nas instâncias ordinárias.HC nº 92.014/SP, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 1ª Turma, 2/9/2008. (HC nº 92.014)

O Supremo Tribunal Federal no Informa vo nº 529:

HC nº 92.014-SPRELATOR P/ O ACÓRDÃO: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAHabeas Corpus. Penal. Paciente condenado pelos cri-mes de roubo (art. 157 do Código Penal) e corrupção de menor (art. 1º da Lei nº 2.252/1954). Menoridade assentada nas instâncias ordinárias. Crime formal. Simples par cipação do menor. Confi guração. 1. As instâncias ordinárias assentaram a par cipação de um menor no roubo pra cado pelo paciente. Por-tanto, não cabe a esta Suprema Corte discu r sobre a menoridade já afi rmada. 2. Para a confi guração do crime de corrupção de menor, previsto no art. 1º da

154 Resp. nº 197.762/Pr.

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Lei nº 2.252/1954, é desnecessária a comprovação da efe va corrupção da ví ma por se tratar de crime formal que tem como objeto jurídico a ser protegido a moralidade dos menores. 3. Habeas Corpus denegado.

No mesmo sen do:

Corrupção de Menores e Crime Formal

Para a confi guração do crime de corrupção de menor (Lei nº 2.252/1954, art. 1º) é desnecessária a com-provação da efe va corrupção da ví ma, por se tratar de crime formal, que tem como objeto jurídico a ser protegido a moralidade dos menores. Ao aplicar esta orientação, a Turma indeferiu Habeas Corpus em que acusado pela prá ca dos crimes descritos no art. 213 c/c o art. 226, I, ambos do CP e no art. 1º da Lei nº 2.252/1954 pleiteava a absolvição quanto ao crime de corrupção de menores, sob o argumento de que não fora demonstrada a chamada idoneidade moral anterior da ví ma menor, prova esta imprescindível para a caracterização da picidade do delito. Aduziu--se, conforme ressaltado pelo Ministério Público, que o fato de ter o menor, em concurso com um agente maior, pra cado fato criminoso, demonstraria, se-não o ingresso em universo prejudicial ao seu sadio desenvolvimento, ao menos sua manutenção nele, o que, de igual modo, seria passível de recrimina-ção. Nesse sen do, acrescentou-se que, es vesse já maculado ou não o caráter do menor, o crime de corrupção de menores se perfaria, porquanto, ainda assim, estaria a conduta do agente maior a reforçar, no menor, sua tendência infracional anteriormente adquirida. Precedente citado: HC nº 92.014/SP (DJE de 21/11/2008). HC nº 97.197/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, 2ª Turma, 27/10/2009. (HC nº 97.197)

Já o Superior Tribunal de Jus ça, conforme nos mostra o Informa vo nº 393, se posicionou de forma divergente, afi rmando se tratar de crime de perigo vejamos:

A Turma denegou a ordem por considerar, no caso, de rigor a condenação do paciente pela prá ca do crime de corrupção de menores previsto no art. 1º da Lei nº 2.252/1954, que é de perigo, sendo descipienda, portanto, a demonstração de efe va e posterior corrupção penal do menor. No caso dos autos, não fi cou demonstrado conforme consignado no acórdão recorrido, que o menor par cipante da conduta de-lituosa vesse passagens pelo juízo da infância e da juventude pela prá ca de atos infracionais ou, ainda, que tenha sido o mentor do crime de roubo. Observa o Min. Relator, quanto à anterior inocência moral do menor, que essa se presume iuris tantum (não iuris et de iure) como pressuposto fá co do po. Explica que quem já foi corrompido logicamente não pode ser ví- ma de corrupção, todavia não é possível que o réu

adulto tenha a seu favor a presunção de inocência e o menor envolvido tenha contra si uma presunção oposta. Precedentes citados: REsp. nº 852.716-PR, DJ 19/3/2007; REsp. nº 853.350-PR, DJ nº 18/12/2006, e REsp. nº 822.977-RJ, DJ 30/10/2006. HC nº 128.267-DF, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, julgado em 5/5/2009.

Elemento Subje voDolo. Não há previsão da modalidade culposa no po

penal do art. 244-B do ECA.

Obje vidade Jurídica do Crime Previsto no art. 244-B do ECA

Evitar que o menor seja exposto ao “es mulo de ingresso ou permanência na criminalidade” 155.

Ação PenalO crime de corrupção moral de menores previsto no ECA

é de ação penal pública incondicionada.

Crime ImpossívelSe o menor à época do crime já era corrompido moral-

mente há que se falar em crime impossível, não respondendo o adulto pela prá ca do crime previsto no art. 244-B do ECA.

Nós defendemos a não consumação do delito quando já havia prova da perversão do menor156, mas há quem susten-te que há o crime, pois “acentuar, concre zar, consolidar a corrupção, corrupção é” 157.

Ora,

a corrupção vai se consolidando na medida em que alguém busca a colaboração do menor para a prá ca do ilícito penal. Não há limites estanques. Enseja graduação. A repe ção da conduta delituosa vai, pouco a pouco, corroendo a personalidade. O po penal se faz presente, assim, também quando o jovem é atraído, mais uma vez, para o campo da delinquência. Não há perfeita igualdade com o crime do mencionado art. 218 do Código Penal, onde há vozes que excluem a criminalidade se a ví ma es ver integrada na prá ca da vida sexual. Importante: o objeto jurídico é outro. Na Lei nº 2.252/1954 busca--se impedir o es mulo de ingresso, ou permanência na criminalidade 158.

REFERÊNCIAS

ABREU, Waldir. A Corrupção Penal Infanto-Juvenil. Forense: São Paulo, 1995.

ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 3. ed. Rev. Atual. e ampl . São Paulo. Revista dos Tribunais, 2008.

SILVA, José Geraldo da. Leis Especiais Anotadas. 10. ed. Campinas: Millennium , 2008.

155 Recurso Especial nº 182.471. UF: PR. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.156 Neste sen do: Apelação Criminal nº 27.289, de Imbituba – Relator: Des. Márcio

Ba sta; Apelação Criminal nº 99.001783-4, de Mafra. Relator: Des. Genésio Nolli; JC nº 58/418; RT nº 533/321; TJSP – RJTJSP nº 73/324; TRF 4ª R. – ACR nº 98.04.04693-8 – RS – 1ª T. – Rel. Juiz Fábio Bi encourt da Rosa – DJU 20/5/1998; TJRJ – EI nº 4/97 – Reg. nº 130.498 – Cód. 97.054.00004 – Cabo Frio – S.Crim. – Relª Juíza Telma Musse Diuana – J. 26/11/1997; E TJRJ – ACR nº 2.565/98 – (Reg. 040699) – 1ª C.Crim. – Rel. Des. Oscar Silvares – J. 3/3/1999.

157 Recurso Especial nº 182.471. Uf: Pr. Julgado em 20/4/1999. Sexta Turma.158 Idem.

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EXERCÍCIOS

Ce spe/OAB – Nacional/2008.1

1. Acerca do procedimento de apuração do ato infracio-nal e de execução das medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assinale a opção correta.a) Será competente o juiz da infância e juventude do

lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão e con nência, inclusive nos casos de con-curso com a jurisdição comum.

b) A execução da medida de proteção poderá ser delegada à autoridade competente do lugar onde residem os pais da criança, desde que situado no mesmo estado da Federação do juízo processante.

c) A remissão, como forma de ex nção ou suspensão do processo, pode ser aplicada em qualquer fase do procedimento ou depois de proferida a sentença.

d) A representação do Ministério Público no que se refere à proposta de instauração de procedimento para aplicação de medida socioeduca va independe de prova pré-cons tuída de autoria e materialidade.

2. Com relação às infrações administra vas e aos crimes pra cados contra crianças e adolescentes, assinale a opção correta de acordo com o ECA.a) O agente que submete criança ou adolescente sob

sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento comete infração administra va.

b) O professor ou responsável por estabelecimento de ensino que deixa de comunicar à autoridade com-petente os casos de que tenha conhecimento e que envolvam suspeita de maus-tratos contra criança ou adolescente pra ca crime.

c) O agente que produz ou dirige representação tele-visiva ou cinematográfi ca u lizando-se de criança ou adolescente em cena pornográfi ca ou de sexo explícito pra ca crime, que deve ser objeto de ação penal pública incondicionada.

d) O médico ou enfermeiro que deixa de iden fi car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, pra ca crime, que só admite a modalidade dolosa e deve ser processado mediante ação penal pública condicionada à representação.

Cespe/OAB – Nacional/2008.2

3. Os irmãos Léo, com 18 anos de idade, Lúcio, com 17 anos de idade, e Lino, com 11 anos de idade, roubaram dinheiro do caixa de uma padaria. Com base nessa situação hipoté ca, é correto afi rmar quea) Lúcio e Lino pra caram ato infracional e responderão

a procedimento junto à Vara da Infância e Juventude, podendo ser aplicada, para ambos, medida socioe-duca va de internação.

b) Léo não será processado criminalmente por sua conduta, visto que os demais autores do fato são menores de idade e, nesse caso, as condições de caráter pessoal se comunicam.

c) Léo, Lino e Lúcio serão processados criminalmente pelos seus atos, caso fi que demonstrado que todos

quiseram pra car o fato e possuíam plena capaci-dade de entender o caráter ilícito dele.

d) Lúcio poderá, excepcionalmente, fi car subme do à medida socioeduca va de internação até completar 21 anos, idade em que a liberação será compulsória.

4. Acerca dos direitos individuais previstos no ECA, assi-nale a opção correta.a) Nenhum adolescente será privado de sua liberdade,

senão em fl agrante de ato infracional, por determi-nação judicial, ou para averiguação, por ordem de autoridade policial.

b) A internação antes da sentença, ocorrida durante o procedimento de apuração do ato infracional, não tem prazo máximo preestabelecido, contudo o juiz deve jus fi car a demora excessiva, sob pena de constrangimento ilegal.

c) Excetuando-se as hipóteses de dúvida fundamen-tada, o adolescente civilmente identificado não será subme do à iden fi cação compulsória pelos órgãos ofi ciais.

d) A internação antes da sentença, ao contrário do que ocorre com a prisão cautelar prevista no processo penal, dispensa fundamentação em face das pe-culiaridades do procedimento de apuração do ato infracional e das condições especiais de desenvol-vimento do adolescente.

5. Com relação ao procedimento de apuração do ato infracional, assinale a opção correta de acordo com o que dispõe o ECA.a) Cabe recurso em sen do estrito da decisão que

aplica medida socioeduca va, sendo possível o juízo de retratação.

b) No recurso de apelação, antes de determinar a re-messa dos autos à instância superior, o juiz poderá reformar a decisão proferida.

c) Na ausência de advogado cons tuído, para resguar-dar o sigilo quanto à conduta do infrator, não se admite a nomeação de defensor ad hoc.

d) A outorga de mandato é indispensável caso o defensor seja cons tuído ou nomeado, sendo a formalidade necessária em face das peculiaridades do procedimento.

Cespe/OAB – Nacional/2008.3

6. À luz do ECA, assinale a opção correta.a) A internação cons tui medida priva va de liberdade

e, dada essa condição, não é permi da ao adoles-cente interno a realização de a vidades externas, como trabalho e estudo.

b) A medida de internação poderá ser aplicada, ainda que haja outra medida adequada, se o MP assim requerer.

c) Poderá ser decretada a incomunicabilidade do adolescente, a critério da autoridade competente, quando ele pra car atos reiterados de indisciplina.

d) Em caso de internação, a autoridade judiciária po-derá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se exis rem mo vos sérios e fundados de prejudicialidade aos interesses do adolescente.

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7. Acerca do ECA, assinale a opção correta.a) Nos casos de ato infracional, a competência jurisdi-

cional, em regra, será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável pelo adolescente.

b) O adolescente a quem se atribua autoria de ato in-fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar mento fechado de veículo policial, sob pena de responsabilidade.

c) A representação feita pelo MP em face de adolescen-te dependerá de prova pré-cons tuída da autoria e materialidade do ato infracional.

d) O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente, para oi va e qualifi cação.

Cespe/OAB-Nacional/2009-1

8. Com relação às disposições do ECA acerca da coloca-ção da criança e do adolescente em família subs tuta, assinale a opção correta.a) A colocação da criança em família subs tuta, na mo-

dalidade de adoção, cons tui medida excepcional, preferindo-se que ela seja criada e educada no seio saudável de sua família natural.

b) A guarda des na-se a regularizar a posse de fato e, uma vez deferida pelo juiz, não pode ser posterior-mente revogada.

c) Somente a adoção cons tui forma de colocação da criança em família subs tuta.

d) O guardião não pode incluir a criança que esteja sob sua guarda como benefi ciária de seu sistema previ-denciário visto que a guarda não confere à criança condição de dependente do guardião.

9. Acerca da medida socioeduca va de internação, pre-vista no ECA, assinale a opção correta.a) Comprovada a autoria e materialidade de ato infra-

cional considerado hediondo, tal como o tráfi co de entorpecentes, ao adolescente infrator deve, ne-cessariamente, ser aplicada medida socioeduca va de internação.

b) O adolescente que a nge os 18 anos de idade deve ser compulsoriamente liberado da medida socio-educa va de internação em razão do alcance da maioridade penal.

c) No processo para apuração de ato infracional de ado-lescente, não se exige defesa técnica por advogado.

d) A medida socioeduca va de internação não com-porta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 6 meses.

Cespe/OAB-Nacional/2009-2

10. Considerando o ECA, assinale a opção correta.a) Entre as medidas socioeduca vas que podem ser

aplicadas ao adolescente, estão a prestação de ser-viços à comunidade e a subs tuição de internação em estabelecimento educacional por multa.

b) A medida aplicada por força de remissão não pode ser revista judicialmente, sob pena de ofensa à coisa julgada.

c) Na interpretação do ECA, devem ser considerados os fi ns sociais a que o estatuto se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e cole vos, bem como a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

d) O adolescente civilmente iden fi cado não pode ser subme do à iden fi cação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, nem mesmo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

11. No que se refere ao direito à convivência familiar e comunitária, assinale a opção correta com base no ECA.a) O pátrio poder não poderá ser exercido, simultanea-

mente, pelo pai e pela mãe. Em caso de discordância quanto a quem caberá tularizá-lo, a ambos será facultado o direito de recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.

b) Na ausência dos pais, o pátrio poder poderá ser delegado, nessa ordem: ao irmão mais velho, desde que já tenha alcançado a maioridade, ao o paterno ou ao avô paterno. Na ausência de qualquer um desses, o pátrio poder poderá, excepcionalmente, ser delegado à avó materna.

c) Toda criança ou adolescente tem direito à educação no seio da sua família e, excepcionalmente, em família subs tuta, assegurada a par cipação efe va da mãe biológica no convívio diário com o edu-cando, em ambiente livre da presença de pessoas discriminadas.

d) Os fi lhos, havidos, ou não, da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi ca-ções, proibidas quaisquer designações discriminató-rias rela vas à fi liação.

Cespe/OAB-Nacional/2009-3

12. Em relação às medidas socioeduca vas previstas no ECA, assinale a opção correta.a) A advertência somente pode ser aplicada se houver

provas sufi cientes da autoria e da materialidade da infração.

b) As medidas socioeduca vas de semiliberdade e de internação por prazo indeterminado não podem ser incluídas na remissão, sendo admissível sua aplica-ção somente após a instrução processual em sede de sentença de mérito.

c) A obrigação de reparar o dano à ví ma não cons tui medida socioeduca va.

d) A medida socioeduca va de prestação de serviços à comunidade pode ser aplicada pelo prazo de até um ano.

13. Assinale a opção correta conforme as disposições do ECA.a) Inclui-se, entre as medidas aplicáveis aos pais ou

responsável do menor, o encaminhamento a trata-mento psicológico ou psiquiátrico.

b) O prazo máximo previsto para a medida de inter-nação é de três anos, devendo ser prefi xado pelo magistrado na sentença.

c) Não havendo arquivamento dos autos ou concessão de remissão, o membro do MP procederá à apresen-tação de denúncia contra o adolescente.

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d) As eleições para o conselho tutelar, órgão com poderes jurisdicionais, são organizadas em âmbito municipal.

Julgue os itens.14. De acordo com a doutrina jurídica da proteção integral

adotada pelo ECA, as crianças e os adolescentes são tulares de direitos e não, objetos passivos. (Cespe/

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região/2010)15. É dever da família, da comunidade, da sociedade em

geral e do Poder Público assegurar a efe vação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-vência familiar e comunitária. Essa afi rma va encontra fundamento nos princípios da prioridade absoluta e proteção integral. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/2010)

16. As entidades que desenvolvam programas de aco-lhimento familiar ou ins tucional deverão adotar ao princípio da par cipação na vida da comunidade local. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 74)

17. Cons tui um requisito para a concessão de pedido de colocação em família subs tuta, a apresentação da declaração sobre a existência de bens e rendimentos do requerente. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurí-dico/2010/Questão 80)

18. Nas hipóteses em que a des tuição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar cons tuir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família subs tuta, não será necessário o procedimento con-traditório. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídi-co/2010/Questão 80)

19. O consen mento dos tulares do poder familiar presta-do por escrito terá validade, mesmo que não ra fi cado em audiência. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurí-dico/2010/Questão 80)

20. O consen mento é retratável e somente terá valor se for dado após o nascimento da criança. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 80)

21. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à en dade por este responsável no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 80)

22. No processo de perda do poder familiar, a citação de-verá ser feita pessoalmente; a contestação ocorrerá no prazo de dez dias e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 78)

23. A Lei nº 12.010/2009, conhecida como Lei Nacional de Adoção, introduziu no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente o conceito de família extensa ou am-

pliada. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pú-blica do Estado de São Paulo/ Defensor Público/2010/Questão 64)

24. A idade mínima para adotar é a de 25 anos, depen-dendo do estado civil do adotante. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 73)

25. Somente poderá haver a adoção desde que haja dife-rença de 18 anos entre adotante e adotado. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 73)

26. Poderá haver adoção por procuração. (Vunesp/Mi-nistério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 73)

27. Poderão adotar os ascendentes e os irmãos do adotan-do. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/–2010/Questão 73)

28. Não há vedação que colaterais adotem, de forma que o pode adotar o sobrinho. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 73)

29. O trabalho educa vo descrito no ECA é a vidade laboral em que as exigências pedagógicas referentes ao desen-volvimento pessoal e social das crianças e adolescentes prevalecem sobre o aspecto produ vo. (Cespe/Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região/Juiz do Trabalho Subs tuto II/2010/Questão 78)

30. De acordo com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, na formação técnico-profi ssional do aprendiz, devem ser observadas a garan a de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular, a a vidade compa vel com o desenvolvimento do adolescente e o horário especial para o exercício das a vidades. (Cespe/Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região/Juiz do Trabalho Subs tuto II/2010/Questão 80)

31. Para que um adolescente se torne aprendiz é obrigatória sua inscrição em programa de aprendizagem, que pode ser ministrado por escolas técnicas de educação ou por en dades sem fi ns lucra vos, que tenham por obje vo a assistência ao adolescente e a educação profi ssional, desde que estejam registradas no conselho municipal dos direitos da criança e do adolescente. (Cespe/Tribu-nal Regional do Trabalho da 1ª Região/Juiz do Trabalho Subs tuto I/2010/Questão 28)

32. Dentre as diretrizes da polí ca de atendimento expressa-mente indicadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 88) temos a manutenção de fundos nacional, esta-duais e municipais vinculados aos respec vos conselhos dos direitos da criança e do adolescente. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Pau-lo/Defensor Público/2010/Questão 57)

33. Segundo prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, quando uma criança pra ca ato infracional fi ca sujeita à aplicação de medidas específi cas de proteção de direitos pelo Conselho Tutelar ou Poder Judiciário, con-forme o caso. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010/Questão 61)

34. As medidas de proteção deverão ser aplicadas cumula- vamente e subs tuídas a qualquer tempo. (Vunesp/

Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 75)

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35. Na aplicação das medidas de proteção, levar-se-ão em conta as necessidades sicas e psicológicas da criança e do adolescente. (Vunesp/Ministério Público do Esta-do de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 75)

36. O acolhimento ins tucional e o acolhimento familiar são medidas de proteção provisórias e excepcionais, não implicando privação de liberdade. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 75)

37. As medidas de proteção serão acompanhadas da re-gularização do registro civil, isento de custas, multas e emolumentos. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurí-dico/2010/Questão 75)

38. No procedimento de apuração de ato infracional, se o adolescente, devidamente no fi cado, não comparecer, injus fi cadamente, à audiência de apresentação, a au-toridade judiciária deverá designar nova data, deter-minando sua condução coerci va. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 76)

39. As medidas socioeduca vas de prestação de serviços à comunidade e liberdade assis da, dentro da atual Polí ca Nacional de Assistência Social (PNAS), estão alocadas ou ar culadas com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) como serviço de proteção social especial de média complexidade. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010/Questão 62)

40. Prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente medida de perda da guarda dentre aquelas per nentes aos pais ou responsável. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010/Questão 58)

41. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de sete membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de dois anos. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 76)

42. O Conselho Tutelar é o órgão autônomo, jurisdicional, encarregado pelo Estado de zelar pelos direitos da criança e do adolescente. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assis-tente Jurídico/2010/Questão 76)

43. O exercício efe vo da função de conselheiro não se cons tui em serviço público, não havendo impedi-mento de servir no mesmo Conselho marido e mulher. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 76)

44. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei federal e realizado sob a responsabilidade e anuência do Ministério Público. (Vu-nesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010/Questão 76)

45. O Conselho Tutelar tem a atribuição de encaminhar ao Ministério Público no cia de fato que cons tua infração administra va ou penal contra os direitos da criança ou do adolescente. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurí-dico/2010/Questão 76)

46. De acordo com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, compete ao Ministério Público requisitar informações e documentos a par culares e ins tuições privadas. (Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídi-co/2010/Questão 79)

47. Adolescente de 16 anos é apreendido em fl agrante pela prá ca de homicídio. Segundo dispõe a lei vigente, se fi car demonstrado que o adolescente é portador de doença ou defi ciência mental, ele receberá tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010/Questão 59)

48. Adolescentes são fl agrados, às 23h30m, consumindo bebida alcoólica num bar. Situações desse po segun-do jurisprudência dominante do STJ, não sujeitam os donos e/ou funcionários do estabelecimento ao crime do art. 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência sica ou psíquica, ainda que por u lização indevida os quais podem ser processados, contudo, pela prá ca da contravenção penal de servir bebida alcoólica a menores de 18 anos (art. 63 da Lei das Contravenções Penais). (FCC-Fundação Carlos Chagas/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010/Questão 60)

49. Segundo o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adoles-cente, entre os produtos e serviços de venda proibida à criança ou ao adolescente, não se incluem jogos eletrô-nicos violentos. (Fundep-Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa/Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais/Cadete-BM/2010/Questão 28)

GABARITO

1. d2. c3. d4. c5. b6. d7. b8. a9. d10. c11. d12. b13. a14. V15. V16. V17. F18. F19. F20. V21. F22. V23. V24. F25. F

26. F27. F28. V29. V30. V31. V32. V33. V34. F35. F36. V37. V38. V39. V40. V 41. F42. F43. F44. F45. V46. V47. V48. V49. V

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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres-so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegu-rando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportuni-dades e facilidades, a fi m de lhes facultar o desenvolvimento sico, mental, moral, espiritual e social, em condições de

liberdade e de dignidade.Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade

em geral e do poder público assegurar, com absoluta prio-ridade, a efe vação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssio-nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garan a de prioridade compreende:a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer

circunstâncias;b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou

de relevância pública;c) preferência na formulação e na execução das polí cas

sociais públicas;d) des nação p rivilegiada de recursos públicos nas áreas

relacionadas com a proteção à infância e à juventude.Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de

qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fi ns sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e cole vos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

TÍTULO IIDOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO IDo Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efe vação de polí cas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específi cos, ob edecendo-se aos princípios de regionalização e hierar-quização do Sistema.

§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.

§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, in-clusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º A assistência referida no § 4º deste ar go deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus fi lhos para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 9º O poder público, as ins tuições e os emprega-dores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos fi lhos de mães subme das a medida priva va de liberdade.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e par culares, são obrigados a:

I – manter registro das a vidades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II – iden fi car o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas norma zadas pela autoridade administra va competente;

III – proceder a exames visando ao diagnós co e terapêu- ca de anormalidades no metabolismo do recém-nascido,

bem como prestar orientação aos pais;IV – fornecer declaração de nascimento onde constem

necessariamente as intercorrências do parto e do desenvol-vimento do neonato;

V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-nato a permanência junto à mãe.

Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garan do o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)

§ 1º A criança e o adolescente portadores de defi ciência receberão atendimento especializado.

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gra tuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigato-riamente comunicados ao Conselho Tutelar da respec va localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus fi lhos para adoção serão obrigato-riamente encaminhadas à Jus ça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-mas de assistênc ia médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infan l, e campanhas de educação sanitária para pais, edu-cadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das cr ianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

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CAPÍTULO IIDo Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda-de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garan dos na Cons tuição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreend e os seguintes aspectos:

I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços co-munitários, ressalvadas as restrições legais;

II – opinião e expressão;III – crença e culto religioso;IV – brincar, pra car esportes e diver r-se;V – par cipar da vida familiar e comunitária, sem dis-

criminação;VI – par cipar da vida polí ca, na forma da lei;VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade

da integridade sica, psíquica e moral da criança e do adoles-cente, abrangendo a preservação da imagem, da iden dade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento de-sumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

CAPÍTULO IIIDo Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Seção IDisposições Gerais

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmen-te, em família subs tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

§ 1º Toda criança ou adolescente que es ver inserido em programa de acolhimento familiar ou ins tucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofi ssional ou mul dis-ciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família subs tuta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento ins tucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fun-damentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º A manutenção ou reintegração de criança ou ado-lescente à sua família terá preferência em relação a qual-quer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 10 1 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 20. Os fi lhos, havidos ou não da relação do casamen-to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi cações, proibidas quaisquer designações discriminatórias rela vas à fi liação.

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em

caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária compe-tente para a solução da divergência. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos fi lhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não cons tui mo vo sufi ciente para a perda ou a suspensão do poder familiar. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Não exis ndo outro mo vo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será man do em sua família de origem, a qual deverá obri-gatoriamente ser incluída em programas ofi ciais de auxílio.

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injus fi cado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Seção IIDa Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou a mpliada aquela que se estende para além da unidade pais e fi lhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afi nidade e afe vidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 26. Os fi lhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da fi liação.

Parág rafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do fi lho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de fi liação é direito personalíssimo, indisponível e imprescri vel, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Jus ça.

Seção IIIDa Família Subs tuta

Subseção IDisposições Gerais

Art. 28. A colocaç ão em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da cr iança ou adolescente, nos termos desta Lei.

§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofi ssional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão so-bre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamen-te considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consen mento, colhido em audiên-cia. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afi nidade ou de afe vidade, a fi m de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família subs tuta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que jus fi que plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompi-mento defi ni vo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família subs tuta será precedida de sua preparação grada va e acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter-profi ssional a serviço da Jus ça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – que sejam consideradas e respeitadas sua iden dade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas ins tuições, desde que não sejam incompa veis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Cons tuição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – a intervenção e oi va de representantes do órgão federal responsável pela polí ca indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, pe-rante a equipe interprofi ssional ou mul disciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 29. Não se deferirá colocação em família subs tuta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompa bilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família subs tuta não admi rá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a en dades governamentais ou não governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família subs tuta estrangeira cons tui medida excepcional, somente admissível na mo-dalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fi elmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

Subseção IIDa Guarda

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência mate-rial, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º A guarda des na-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prá ca de atos determinados.

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condi-ção de dependente, para todos os fi ns e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferi-

mento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específi ca, a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 34. O poder público es mulará, por meio de assis-tência jurídica, incen vos fi scais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento ins tucional, observado, em qualquer caso, o caráter tempo-rário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.0 10, de 2009)

§ 2º Na hipótese do § 1º deste ar go a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, obser-vado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Subseção IIIDa Tutela

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único . O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autên co, conforme pr evisto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido des nado ao controle judicial do ato, observando o procedimento pre-visto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de úl ma vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 38. Aplica-se à des tuição da tutela o disposto no art. 24.

Subseção IVDa Adoção

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.

§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da crianç a ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedi do, salvo se já es ver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

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Art. 41. A adoção atribui a condição de fi lho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o fi lho do outro, mantêm-se os vínculos de fi liação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respec vos parentes.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.01 0, de 2009)

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.

§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 1 2.010, de 2009)

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons-tância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afi nidade e afe vidade com aquele não detentor da guarda, que jus fi quem a excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º Nos casos do § 4º deste ar go, desde que demonstra-do efe vo bene cio ao adotando, será assegurada a guarda compar lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em mo vos legí mos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consen mento dos pais ou do representante legal do adotando.

§ 1º O consen mento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido des tuídos do poder familiar. (Expressão subs- tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consen mento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivên-cia com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autori-dade judiciária fi xar, observadas as peculiaridades do caso.

§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já es ver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo sufi ciente para que seja possível avaliar a conveniência da cons tuição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cum-prido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofi ssional a serviço da Jus ça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res-ponsáveis pela execução da polí ca de garan a do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 47. O vínculo da adoção cons tui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá cer dão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.

§ 2º O mandado judicial, que ser arquivado, cancelar o registro original do adotado.

§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas cer dões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modifi ca-ção do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º Caso a modifi cação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oi va do adotando, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 7º A adoção produz seus efeitos a par r do trânsito em julgado da sentença cons tu va, exceto na hipótese prevista no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroa va à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 8º O processo rela vo à adoção assim como outros a ele relacionados serão man dos em arquivo, admi ndo-se seu armazenamento em microfi lme ou por outros meios, garan da a sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder poder familiar dos pais naturais. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comar-ca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas inte-ressadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.

§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não sa sfazer os requisitos legais, ou verifi cada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.

§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orienta-do pela equipe técnica da Jus ça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência f amiliar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3º deste ar go incluirá o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou ins tucional em

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condições de serem adotados, a ser realizado sob a orienta-ção, supervisão e avaliação da equipe técnica da Jus ça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência familiar. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º Serão criados e implementados cadas tros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º Haverá cadastros dis ntos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5º deste ar go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e ado-lescentes em condições de serem adotados que não veram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que veram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º deste ar go, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasi-leira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, man do pela Jus ça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º deste ar go, não for encontrado interes-sado com residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessa-do em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fi scalizadas pelo Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afi nidade e afe vida-de; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fi xação de laços de afi nidade e afe vidade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste ar go, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora

do Brasil, conforme previsto no Ar go 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Rela va à Proteção das Crian-ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legisla vo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – que a colocação em família subs tuta é a solução ade-quada ao caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família subs tuta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofi s-sional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferên-cia aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de ado-ção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52. A adoção internaci onal observará o procedimen-to previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitu-al; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emi rá um relatório que contenha informações sobre a iden dade, a capacidade jurídica e adequação dos solici-tantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os mo vos que os animam e sua ap dão para assumir uma adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofi ssional habilitada e cópia auten cada da legislação per nente, acompanhada da respec va prova de vigência; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

V – os documentos em língua estrangeira serão devida-mente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramenta-do; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

VI – a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigên-cias e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

VII – verifi cada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compa bilidade da legislação estrangei-ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos

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postulantes à medida dos requisitos obje vos e subje vos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será ex-pedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

VIII – de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autori-dade Central Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacio-nal sejam intermediados por organismos credenciados. (In-cluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à ado-ção internacional, com posterior comunicação às Autorida-des Centrais Estaduais e publicação nos órgãos ofi ciais de imprensa e em sí o próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Somente será admissível o credenciamento de orga-nismos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – sejam oriundos de países que ra fi caram a Con-venção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde es verem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção inter-nacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – sa sfi zerem as condições de integridade moral, competência profi ssional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respec vos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – forem qualifi cados por seus padrões é cos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção inter-nacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autori-dade Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – perseguir unicamente fi ns não lucra vos, nas condi-ções e dentro dos limites fi xados pelas autoridades compe-tentes do país onde es verem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi ca-das e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Bra-sileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – estar subme dos à supervisão das autoridades competentes do país onde es verem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação fi nanceira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das a vidades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será enca-minhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

V – enviar relatório pós-ado vo semestral para a Autori-dade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos.

O envio do relatório será man do até a juntada de cópia auten cada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

VI – tomar as medidas necessárias para garan r que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasi-leira cópia da cer dão de registro de nascimento estrangeira e do cer fi cado de nacionalidade tão logo lhes sejam conce-didos. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4º deste ar go pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou es-trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser con-cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respec vo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que con-cedeu a adoção internacional, não será permi da a saída do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju-diciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, cons-tando, obrigatoriamente, as caracterís cas da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia auten cada da decisão e cer dão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos cre-denciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma en dade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domi-ciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com diri-gentes de programas de acolhimento ins tucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administra vo fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas sicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescen-

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te e estarão sujeitos às deliberações do respec vo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ra fi cante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legis-lação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea c do Ar go 17 da referida Convenção, será automa -camente recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea c do Ar go 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Jus ça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ra fi cante da Convenção de Haia, uma vez reingres-sado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Jus ça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que ver processado o pe-dido de habilitação dos pais ado vos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Cer fi cado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta-mente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1º deste ar go, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

CAPÍTULO IVDo Direito à Educação, à Cultura,

ao Esporte e ao Lazer

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualifi cação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – direito de ser respeitado por seus educadores;III – direito de contestar critérios avalia vos, podendo

recorrer às instâncias escolares superiores;IV – direito de organização e par cipação em en dades

estudan s;V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua

residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como par cipar da defi nição das propostas educacionais.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não veram acesso na idade própria;

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III – atendimento educacional especializado aos porta-dores de defi ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui-sa e da criação ar s ca, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às con-dições do adolescente trabalhador;

VII – atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subje vo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus fi lhos ou pupilos na rede regular de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:

I – maus-tratos envolvendo seus alunos;II – reiteração de faltas injus fi cadas e de evasão escolar,

esgotados os recursos escolares;III – elevados níveis de repetência.Art. 57. O poder público es mulará pesquisas, experi-

ências e novas propostas rela vas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didá ca e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, ar s cos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garan ndo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es mularão e facilitarão a des nação de recursos e espaços para programações culturais, espor vas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

CAPÍTULO VDo Direito à Profi ssionalização e

à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Cons tuição Federal)

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técni-co-profi ssional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profi ssional obedecerá aos seguintes princípios:

I – garan a de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

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II – a vidade compa vel com o desenvolvimento do adolescente;

III – horário especial para o exercício das a vidades.Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é

assegurada bolsa de aprendizagem.Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze

anos, são ass egurados os direitos trabalhistas e previden-ciários.

Art. 66. Ao adolescente portador de defi ciência é asse-gurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assis do em en dade governamental ou não governamental, é vedado trabalho:

I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

II – perigoso, insalubre ou penoso;III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao

seu desenvolvimento sico, psíquico, moral e social;IV – realizado em horários e locais que não permitam a

frequência à escola.Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho

educa vo, sob responsabilidade de en dade governamental ou não governamental sem fi ns lucra vos, deverá assegurar ao adolescente que dele par cipe condições de capacitação para o exercício de a vidade regular remunerada.

§ 1º Entende-se por trabalho educa vo a a vidade la-boral em que as exigências pedagógicas rela vas ao desen-volvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produ vo.

§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-balho efetuado ou a par cipação na venda dos produtos de seu trabalho não desfi gura o caráter educa vo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profi ssionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:

I – respeito à condição peculiar de pessoa em desen-volvimento;

II – capacitação profi ssional adequada ao mercado de trabalho.

TÍTULO IIIDA PREVENÇÃO

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 71 . A criança e o adolescente têm direito a infor-mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-portará em responsabilidade da pessoa sica ou jurídica, nos termos desta Lei.

CAPÍTULO IIDa Prevenção Especial

Seção IDa informação, Cultura, Lazer,

Esportes, Diversões e Espetáculos

Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando

sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se re-comendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.

Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-petáculos públicos deverão afi xar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi cada no cer fi cado de classifi cação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diver-sões e espetáculos públicos classifi cados como adequados à sua faixa etária.

Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibi-rão, no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas com fi nalidades educa vas, ar s cas, culturais e informa vas.

Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classifi cação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcioná-rios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fi tas de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classifi cação atribuída pelo órgão competente.

Parágrafo único. As fi tas a que alude este ar go deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se des nam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material im-próprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.

Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográfi cas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

Art. 79. As revistas e publicações des nadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografi as, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores é cos e sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex-plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realize apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permi da a entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afi xando aviso para orientação do público.

Seção IIDos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:

I – armas, munições e explosivos;II – bebidas alcoólicas;III – produtos cujos componentes possam causar depen-

dência sica ou psíquica ainda que por u lização indevida;IV – fogos de estampido e de ar cio, exceto aqueles que

pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano sico em caso de u lização indevida;

V – revistas e publicações a que alude o art. 7 8;VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-

lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

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Seção IIIDa Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou respon-sável, sem expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:a) tratar-se de comarca con gua à da residência da

criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;

b) a criança es ver acompanhada:1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,

comprovado documentalmente o parentesco;2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,

mãe ou responsável.§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais

ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a auto-

rização é dispensável, se a criança ou adolescente:I – es ver acompanhado de ambos os pais ou respon-

sável;II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-

pressamente pelo outro através de documento com fi rma reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-nhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

PARTE ESPECIAL

TÍTULO IDA POLÍTICA DE ATENDIMENTO

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 86. A polí ca de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto ar culado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Art. 87. São linhas de ação da polí ca de atendimento: I – polí cas sociais básicas;II – polí cas e programas de assistência social, em caráter

suple vo, para aqueles que deles necessitem;III – serviços especiais de prevenção e atendimento mé-

dico e psicossocial às ví mas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

IV – serviço de iden fi cação e localização de pais, res-ponsável, crianças e adolescentes desapa recidos;

V – proteção jurídico-social por en dades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

VI – polí ca s e programas des nados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garan r o efe vo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VII – campanhas de es mulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especifi camente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades espe cífi cas de saúde ou com defi ciências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 88. São diretrizes da polí ca de atendimento: I – municipalização do atendimento;II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional

dos direitos da criança e do adolescente, órgãos delibera vos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada

a par cipação popular paritária por meio de organizações representa vas, segundo leis federal, estaduais e municipais;

III – criação e manutenção de programas específi cos, observada a descentralização polí co-administra va;

IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e muni-cipais vinculados aos respec vos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;

V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Mi-nistério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;

VI – integração operacional de órgãos do Judiciário, Mi-nistério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das polí cas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou ins tucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar compro-vadamente inviável, sua colocação em família subs tuta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

VII – mobilização da opinião pública para a indispe nsável par cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

CAPÍTULO IIDas En dades de Atendimento

Seção IDisposições Gerais

Art. 90. As en dades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e socioeduca vos des nados a crianças e adolescentes, em regime de:

I – orientação e apoio sócio-familiar;II – apoio socioeduca vo em meio aberto;III – colocação familiar;IV – acolhimento ins tucional; (Redação dada pela Lei

nº 12.010, de 2009)V – liberdade assis da;VI – semiliberdade; VII – internação.§ 1º As en dades governamentais e não governamentais

deverão proceder à inscrição de seus programas, especifi -cando os regimes de atendimento, na forma defi nida neste ar go, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Os recursos des nados à implementação e manuten-ção dos programas relacionados neste ar go serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarrega-dos das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dent re outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Cons tuição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, cons tuindo-se critérios

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para renovação da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – o efe vo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como às resoluções rela vas à modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – a qualidade e efi ciência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Jus ça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – em se tratando de programas de acolhimento ins tu-cional ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família subs tuta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 91. As en dades não governamentais somente po-derão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respec va localidade.

§ 1º Será negado o registro à en dade que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

a) não ofereça instalações sicas em condições adequa-das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;

b) não apresente plano de trabalho compa vel com os princípios desta Lei;

c) esteja irregularmente cons tuída;d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e

deliberações rela vas à modalidade de atendimento pres-tado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1º deste ar go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 92. As en dades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou ins tucional deverão ad otar os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – integração em família subs tuta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – atendimento personalizado e em pequenos grupos;IV – desenvolvimento de a vidades em regime de co-

educação;V – não desmembramento de grupos de irmãos;VI – evitar, sempre que possível, a transferência para

outras en dades de crianças e adolescentes abrigados;VII – par cipação na vida da comunidade loc al;VIII – preparação grada va para o desligamento;IX – par cipação de pessoas da comunidade no processo

educa vo.§ 1º O dirigente de en dade que desenvolve programa

de acolhimento ins tucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Os dirigentes de en dades que desenvolvem pro-gramas de acolhimento familiar ou ins tucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fi ns da reavalia-

ção prevista no § 1º do art. 19 desta Lei. (Incluí do pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes Execu vo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per-manente qualifi cação dos profi ssionais que atuam direta ou indiretamente em programas de acolhimento ins tucional e des nados à colocação familiar de crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, es mularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º As en dades que desenvolvem programas de aco-lhimento familiar ou ins tucional somente poderão receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos prin-cípios, exigências e fi nalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de en dade que desenvolva programas de acolhi-mento familiar ou ins tucional é causa de sua des tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade adminis-tra va, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 93. As en dades que mantenham programa de aco-lhimento ins tucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia deter-minação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas ne-cessárias para promover a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, ins tucional ou a família subs tuta, observado o disposto no § 2º do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 94. As en dades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras:

I – observar os direitos e garan as de que são tulares os adolescentes;

II – não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;

III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;

IV – preservar a iden dade e oferecer ambiente de res-peito e dignidade ao adolescente;

V – diligenciar no sen do do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares;

VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o reata-mento dos vínculos familiares;

VII – oferecer instalações sicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;

VIII – oferecer vestuário e alimentação sufi cientes e ade-quados à faixa etária dos adolescentes atendidos;

IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontoló-gicos e farmacêu cos;

X – propiciar escolarização e profi ssionalização;XI – propiciar a vidades culturais, espor vas e de lazer;

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XII – propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-rem, de acordo com suas crenças;

XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo

máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à au-toridade competente;

XV – informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;

XVI – comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portadores de molés as infecto-con-tagiosas;

XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;

XVIII – manter programas des nados ao apoio e acom-panhamento de egressos;

XIX – providenciar os documentos necessários ao exer-cício da cidadania àqueles que não os verem;

XX – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus perten-ces e demais dados que possibilitem sua iden fi cação e a individualização do atendimento.

§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constan-tes deste ar go às en dades que mantêm programas de acolhimento ins tucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este ar go as en dades u lizarão preferencialmente os recursos da comunidade.

Seção IIDa Fiscalização das En dades

Art. 95. As en dades governamentais e não governamen-tais referidas no art. 90 serão fi scalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às en dades de atendi-mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:

I – às en dades governamentais:a) advertência;b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento defi ni vo de seus dirigentes;d) fechamento de unidade ou interdição de programa.II – às en dades não  governamentais:a) advertência;b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas

públicas;c) interdição de unidades ou suspensão de programa;d) cassação do registro.§ 1º Em caso de reiteradas infrações come das por

en dades de atendimento, que coloquem em risco os di-reitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das a vidades ou dissolução da en dade. (Reda-ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as orga-nizações não governamentais responderão pelos danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores das a vidades de proteção específi ca. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

TÍTULO IIDAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;III – em razão de sua conduta.

CAPÍTULO IIDas Medidas Específi cas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumula vamente, bem como subs tuí-das a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aq uelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e co-munitários.

Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os tulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Cons tuição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – proteção integral e prioritária: a interpretaçã o e aplicação de toda e qualquer norma con da nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são tulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – responsabilidade primária e solidária do poder pú-blico: a plena efe vação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Cons tuição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por en dades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legí mos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

V – privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela in midade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VI – intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VII – intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-cida exclusivamente pelas autoridades e ins tuições cuja ação seja indispensável à efe va promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VIII – proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

IX – responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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X – prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva-lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua integração em família subs tuta; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

XI – obrigatoriedade da informação: a criança e o adoles-cente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capaci-dade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos mo vos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

XII – oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a par cipar nos atos e na defi nição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o dis-posto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 101. Verifi cada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;III – matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci-

mento ofi cial de ensino fundamental;IV – inclusão em programa comunitário ou ofi cial de

auxílio à família, à criança e ao adolescente;V – requisição de tratamento médico, psicológico ou

psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;VI – inclusão em programa ofi cial ou comunitário de

auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;VII – acolhimento ins tucional; (Redação dada pela Lei

nº 12.010, de 2009)VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar; (Re-

dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)IX – colocação em família subs tuta. (Incluído pela Lei

nº 12.010, de 2009)§ 1º O acolhimento ins tucional e o acolhimento fa-

miliar são medidas provisórias e excepcionais, u lizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família subs tuta, não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de ví mas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na defl agração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legí mo interesse, de procedimento judicial conten-cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento ins tucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outro s: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – sua iden fi cação e a qualifi cação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – os mo vos da re rada ou da não reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a en dade responsável pelo programa de acolhimento ins tucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família subs tuta, observadas as regras e princípios desta Lei. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º O plano individual será elaborado sob a responsabi-lidade da equipe técnica do respec vo programa de atendi-mento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oi va dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – os compromissos assumidos pelos pais ou responsá-vel; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – a previsão das a vidades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família subs tuta, sob direta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 7º O acolhimento familiar ou ins tucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que iden fi cada a necessidade, a família de origem será incluída em programas ofi ciais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e es mulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 8º Verifi cada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou ins tucional fará imediata comunicação à autoridade judi-ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reintegra-ção da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas ofi ciais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado rela-tório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da en dade ou responsáveis pela execução da polí ca municipal de ga-ran a do direito à convivência familiar, para a des tuição do poder familiar, ou des tuição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de des tuição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras provi-dências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atua-lizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de aco-lhimento familiar e ins tucional sob sua responsabilidade,

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com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família subs tuta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescen-te e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de polí cas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capí-tulo serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Verifi cada a inexistência de registro anterior, o as-sento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

§ 2º Os registros e cer dões necessários à regularização de que trata este ar go são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

§ 3º Caso ainda não defi nida a paternidade, será defl a-grado procedimento específi co des nado à sua averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste ar go, é dis-pensável o ajuizamento de ação de inves gação de paterni-dade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

TÍTULO IIIDA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-siderada a idade do adolescente à data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional pra cado por criança corres-ponderão as medidas previstas no art. 101.

CAPÍTULO IIDos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liber-dade senão em fl agrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à iden fi cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incon nen comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios sufi cientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente iden fi cado não será subme do a iden fi cação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

CAPÍTULO IIIDas Garan as Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liber-dade sem o devido processo legal.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garan as:

I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

II – igualdade na relação processual, podendo confron-tar-se com ví mas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

III – defesa técnica por advogado;IV – assistência judiciária gratuita e integral aos necessi-

tados, na forma da lei;V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade

competente;VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou res-

ponsável em qualquer fase do procedimento.

CAPÍTULO IVDas Medidas Socioeduca vas

Seção IDisposições Gerais

Art. 112. Verifi cada a prá ca de ato infracional, a autori-dade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I – advertência;II – obrigação de reparar o dano;III – prestação de serviços à comunidade;IV – liberdade assis da;V – inserção em regime de semiliberdade;VI – internação em estabelecimento educacional;VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a

sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretex to algum, será admi da a prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi ciência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas sufi cien-tes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sem-pre que houver prova da materialidade e indícios sufi cientes da autoria.

Seção IIDa Advertência

Art. 115. A advertência consis rá em admoestação ver-bal, que será reduzida a termo e assinada.

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Seção IIIDa Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com refl exos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente res tua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da ví ma.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser subs tuída por outra adequada.

Seção IVDa Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a en dades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as ap dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domin-gos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção VDa Liberdade Assis da

Art. 118. A liberdade assis da será adotada sempre que se afi gurar a medida mais adequada para o fi m de acompa-nhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por en dade ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assis da será fi xada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou subs tuída por outra medida, ouvido o orien-tador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a super-visão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa ofi cial ou comunitário de auxílio e assistência social;

II – supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

III – diligenciar no sen do da profi ssionalização do ado-lescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

IV – apresentar relatório do caso.

Seção VIDo Regime de Semiliberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determina-do desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de a vidades externas, independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profi ssionaliza-ção, devendo, sempre que possível, ser u lizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplican-do-se, no que couber, as disposições rela vas à internação.

Seção VIIDa Internação

Art. 121. A internação cons tui medida priva va da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionali-

dade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvol-vimento.

§ 1º Será permi da a realização de a vidades externas, a critério da equipe técnica da en dade, salvo expressa determinação judicial em contrário.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de-vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter-nação excederá a três anos.

§ 4º A ngido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assis da.

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será prece-dida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I – tratar-se de ato infracional come do mediante grave ameaça ou violência a pessoa;

II – por reiteração no come mento de outras infrações graves;

III – por descumprimento reiterado e injus fi cável da medida anteriormente imposta.

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste ar go não poderá ser superior a três meses.

§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em en dade exclusiva para adolescentes, em local dis nto daquele des -nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição sica e gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu-sive provisória, serão obrigatórias a vidades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber-dade, entre outros, os seguintes:

I – entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;

II – pe cionar diretamente a qualquer autoridade;III – avistar-se reservadamente com seu defensor;IV – ser informado de sua situação processual, sempre

que solicitada;V – ser tratado com respeito e dignidade;VI – permanecer internado na mesma localidade ou na-

quela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;VII – receber visitas, ao menos, semanalmente;VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio

pessoal;X – habitar alojamento em condições adequadas de

higiene e salubridade;XI – receber escolarização e profi ssionalização;XII – realizar a vidades culturais, espor vas e de lazer:XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença,

e desde que assim o deseje;XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor

de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da en dade;

XVI – receber, quando de sua desinternação, os docu-mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempo-

rariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se exis rem mo vos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

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Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade sica e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade-quadas de contenção e segurança.

CAPÍTULO VDa Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor par cipação no ato infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou ex nção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir even-tualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão po-derá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

TÍTULO IVDAS MEDIDAS PERTINENTES AOS

PAIS OU RESPONSÁVEL

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:I – encaminhamento a programa ofi cial ou comunitário

de proteção à família;II – inclusão em programa ofi cial ou comunitário de au-

xílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-

quiátrico;IV – encaminhamento a cursos ou programas de orien-

tação;V – obrigação de matricular o fi lho ou pupilo e acompa-

nhar sua frequência e aproveitamento escolar;VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente

a tratamento especializado;VII – advertência;VIII – perda da guarda;IX – des tuição da tutela;X – suspensão ou des tuição do poder familiar. (Expres-

são subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas

nos incisos IX e X deste ar go, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

Art. 130. Verifi cada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a auto-ridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.

TÍTULO VDO CONSELHO TUTELAR

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autô-nomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, defi nidos nesta Lei.

Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permi- da uma recondução. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de

12/10/1991)Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho

Tu telar, serão exigidos os seguintes requisitos:I – reconhecida idoneidade moral;II – idade superior a vinte e um anos;III – residir no município.Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário

de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar.

Art. 135. O exercício efe vo da função de conselheiro cons tuirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento defi ni vo.

CAPÍTULO IIDas Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses

previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplican-do as medidas previstas no art. 129, I a VII;

III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injus fi cado de suas deliberações.

IV – encaminhar ao Ministério Público no cia de fato que cons tua infração administra va ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

VII – expedir no fi cações;VIII – requisitar cer dões de nascimento e de óbito de

criança ou adolescente quando necessário;IX – assessorar o Poder Execu vo local na elaboração da

proposta orçamentária para planos e programas de atendi-mento dos direitos da criança e do adolescente;

X – representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Cons tuição Federal;

XI – representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após es-gotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incon nen o fato ao Ministé-rio Público, prestando-lhe informações sobre os mo vos de tal entendimento e as providências tomadas para a orien-tação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legí mo interesse.

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CAPÍTULO IIIDa Competência

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com-petência constante do art. 147.

CAPÍTULO IVDa Escolha dos Conselheiros

Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fi scalização do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12/10/19 91)

CAPÍTULO VDos Impedimentos

Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, o e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.

Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselhei-ro, na forma deste ar go, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Jus ça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

TÍTULO VIDO ACESSO À JUSTIÇA

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 141. É garan do o acesso de toda criança ou adoles-cente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.

§ 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.

§ 2º As ações judiciais da competência da Jus ça da In-fância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de li gância de má-fé.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão represen-tados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assis dos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual.

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administra vos que di gam respeito a crianças e adolescen-tes a que se atribua autoria de ato infracional.

Parágrafo único. Qualquer no cia a respeito do fato não poderá iden fi car a criança ou adolescente, vedando-se fotografi a, referência a nome, apelido, fi liação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Re-dação dada pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)

Art. 144. A expedição de cópia ou cer dão de atos a que se refere o ar go anterior somente será deferida pela auto-ridade judiciária competente, se demonstrado o interesse e jus fi cada a fi nalidade.

CAPÍTULO IIDa Jus ça da Infância e da Juventude

Seção IDisposições Gerais

Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

Seção IIDo Juiz

Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de organização judiciária local.

Art. 147. A competência será determinada:I – pelo domicílio dos pais ou responsável;II – pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente,

à falta dos pais ou responsável.§ 1º Nos casos de ato infracional, será competente a au-

toridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, con nência e prevenção.

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à au-toridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a en dade que abrigar a criança ou adolescente.

§ 3º Em caso de infração come da através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que a nja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença efi cácia para todas as transmisso-ras ou retransmissoras do respec vo estado.

Art. 148. A Jus ça da Infância e da Juventude é compe-tente para:

I – conhecer de representações promovidas pelo Minis-tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;

II – conceder a remissão, como forma de suspensão ou ex nção do processo;

III – conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;IV – conhecer de ações civis fundadas em interesses

individuais, difusos ou cole vos afetos à criança e ao ado-lescente, observado o disposto no art. 209;

V – conhecer de ações decorrentes de irregularidades em en dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

VI – aplicar penalidades administra vas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;

VII – conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado-lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Jus ça da Infância e da Juventude para o fi m de:

a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;b) conhecer de ações de des tuição do pátrio poder

poder familiar, perda ou modifi cação da tutela ou guarda; (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

c) suprir a capacidade ou o consen mento para o ca-samento;

d) conhecer de pedidos baseados em disc ordância pater-na ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;

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f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de ou tros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;

g) conhecer de ações de alimentos;h) determinar o cancelamento, a re fi cação e o supri-

mento dos registros de nascimento e óbito.Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,

através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:I – a entrada e permanência de criança ou adolescente,

desacompanhado dos pais ou responsável, em:a) estádio, ginásio e campo despor vo;b) bailes ou promoções dançantes;c) boate ou congêneres;d) casa que explore comercialmente diversões eletrô-

nicas;e) estúdios cinematográfi cos, de teatro, rádio e televisã o.II – a par cipação de criança e adolescente em:a) espetáculos públicos e seus ensaios;b) certames de beleza.§ 1º Para os fi ns do disposto neste ar go, a autoridade

judiciária levará em conta, dentre out ros fatores:a) os princípios desta Lei;b) as peculiaridades locais;c) a existência de instalações adequadas;d) o po de frequência habitual ao local;e) a adequação do ambiente a eventual par cipação ou

frequência de crianças e adolescentes;f) a natureza do espetáculo.§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar go

deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as deter-minações de caráter geral.

Seção IIIDos Serviços Auxiliares

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofi ssional, des nada a assessorar a Jus ça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofi ssional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver tra-balhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.

CAPÍTULO IIIDos Procedimentos

Seção IDisposições Gerais

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual per nente.

Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabi-lidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá inves gar os fatos e ordenar de o cio as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.

Pa rágrafo único. O disposto neste ar go não se aplica para o fi m de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de origem e em outros procedimentos necessa-riamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

Seção IIDa Perda e da Suspensão do Pá trio Poder Poder Familiar

(Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legí mo interesse. ( Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 156. A pe ção inicial indicará:I – a autoridade judiciária a que for dirigida;II – o nome, o estado civil, a profi ssão e a residência

do requerente e do requerido, dispensada a qualifi cação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público;

III – a exposição sumária do fato e o pedido;IV – as provas que serão produzidas, oferecendo, desde

logo, o rol de testemunhas e documentos.Art. 157. Havendo mo vo grave, poderá a autoridade ju-

diciária, ouvi do o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento defi ni vo da causa, fi cando a criança ou adolescente confi a-do a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.

Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a citação pessoal.

Art. 159. Se o requerido não ver possibilidade de cons- tuir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua

família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomea-do da vo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a par r da in mação do despacho de nomeação.

Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repar ção ou órgão público a apre-sentação de documento que interesse à causa, de o cio ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.

Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo.

§ 1º A autoridade judiciária, de o cio ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofi ssional ou mul disciplinar, bem como a oi va de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou des tuição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Có-digo Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indí-genas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profi ssional ou mul disciplinar referida no § 1º deste ar go, de representantes do órgão federal responsável pela polí ca indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º Se o pedido importar em modifi cação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oi va da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-

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volvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º É obrigatória a oi va dos pais sempre que esses fo-rem iden fi cados e es verem em local conhecido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.

§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis-tério Público, ou de o cio, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofi ssional.

§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Pú-blico, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audi-ência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.

Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-mento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do re-gistro de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Seção IIIDa Des tuição da Tutela

Art. 164. Na des tuição da tutela, observar-se-á o proce-dimento para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.

Seção IVDa Colocação em Família Subs tuta

Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família subs tuta:

I – qualifi cação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;

II – indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi cando se tem ou não parente vivo;

III – qualifi cação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos;

IV – indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respec va cer dão;

V – declaração sobre a existência de bens, direit os ou rendimentos rela vos à criança ou ao adolescente.

Parágrafo único. Em se tratando de adoção, obser-var-se-ão também os requisitos específi cos.

Art. 166. Se os pais forem falecidos, verem sido des tu-ídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família subs tuta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em pe ção assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se por termo as declara-ções. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º O consen mento dos tulares do poder familiar será precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela

equipe interprofi ssional da Jus ça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º O consen mento dos tulares do poder familiar será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garan da a livre manifestação de vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 4º O consen mento prestado por escrito não terá validade se não for ra fi cado na audiência a que se refere o § 3º deste ar go. (Incluído pela Lei nº 12.0 10, de 2009)

§ 5º O consen mento é retratável até a data da publi-cação da sentença cons tu va da adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6º O consen mento somente terá valor se for dado após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 7º A família subs tuta receberá a devida orientação por intermédio de equipe técnica interprofi ssional a serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos téc-nicos responsáveis pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 167. A autoridade judiciária, de o cio ou a requeri-mento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofi ssional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência.

Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisó-ria ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsa-bilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

Art. 169. Nas hipóteses em que a des tuição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar cons tuir pressu-posto lógico da medida principal de colocação em família subs tuta, será observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão subs -tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. A perda ou a modifi cação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o disposto no art. 35.

Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o con do no art. 47.

Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à en da-de por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Seção VDa Apuração de Ato Infracional

Atribuído a Adolescente

Art. 171. O adolescente apreendido por força de or-dem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em fl agrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.

Parágrafo único. Havendo repar ção policial especiali-zada para atendimento de adolescente e em se tratando de

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ato infracional pra cado em coautoria com maior, prevale-cerá a atribuição da repar ção especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repar ção policial própria.

Art. 173. Em caso de fl agrante de ato infracional come -do mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autorida-de policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:

I – lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

II – apreender o produto e os instrumentos da infração;III – requisitar os exames ou perícias necessários à com-

provação da materialidade e autoria da infração.Parágrafo único. Nas demais hipóteses de fl agrante,

a lavratura do auto poderá ser subs tuída por bole m de ocorrência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá-vel, o adolescente será prontamente liberado pela autorida-de policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia ú l imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garan a de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou bole m de ocorrência.

§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au-toridade policial encaminhará o adolescente à en dade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Nas localidades onde não houver en dade de aten-dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repar ção policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da des nada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou bole m de ocorrência.

Art. 177. Se, afastada a hipótese de fl agrante, houver indícios de par cipação de adolescente na prá ca de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao represen-tante do Ministério Público relatório das inves gações e demais documentos.

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar mento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade sica ou mental, sob pena de responsabilidade.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole m de ocorrência ou relatório policial, de-vidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oi va e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, ví ma e testemunhas.

Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-sentante do Ministério Público no fi cará os pais ou respon-sável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o ar go anterior, o representante do Ministério Público poderá:

I – promover o arquivamento dos autos;II – conceder a remissão;

III – representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educa va.

Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con-cedida a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.

§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au-toridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumpri-mento da medida.

§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Jus ça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ra fi cará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.

Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Mi-nistério Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeduca va que se afi gurar a mais adequada.

§ 1º A representação será oferecida por pe ção, que conterá o breve resumo dos fatos e a classifi cação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po-dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.

§ 2º A representação independe de prova pré-cons tuída da autoria e materialidade.

Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-clusão do procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi-ciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cien fi cados do teor da representação, e no fi cados a com-parecer à audiência, acompanhados de advogado.

§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.

§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-nando o sobrestamento do feito, até a efe va apresentação.

§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da no fi cação dos pais ou responsável.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabe-lecimento prisional.

§ 1º Inexis ndo na comarca en dade com as carac-terís cas defi nidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.

§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-cente aguardará sua remoção em repar ção policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apro-priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.

Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res-ponsável, a autoridade judiciária procederá à oi va dos mes-mos, podendo solicitar opinião de profi ssional qualifi cado.

§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.

§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verifi cando que o adolescente não possui advogado cons tuído, nomeará defensor, designando,

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desde logo, audiência em con nuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.

§ 3º O advogado cons tuído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.

§ 4º Na audiência em con nuação, ouvidas as testemu-nhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpri-das as diligências e juntado o relatório da equipe interprofi s-sional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

Art. 187. Se o adolescente, devidamente no fi cado, não comparecer, injus fi cadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coerci va.

Art. 188. A remissão, como forma de ex nção ou sus-pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:

I – estar provada a inexistência do fato;II – não haver prova da existência do fato;III – não cons tuir o fato ato infracional;IV – não exis r prova de ter o adolescente concorrido

para o ato infracional.Parágrafo único. Na hipótese deste ar go, estando o

adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.

Art. 190. A in mação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semiliberdade será feita:

I – ao adolescente e ao seu defensor;II – quando não for encontrado o adolescente, a seus

pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a in mação far-se-á

unicamente na pessoa do defensor.§ 2º Recaindo a in mação na pessoa do adolescente, de-

verá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

Seção VIDa Apuração de Irregularidades em

En dade de Atendimento

Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em en dade governamental e não governamental terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.

Parágrafo único. Havendo mo vo grave, poderá a au-toridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente da en dade, mediante decisão fundamentada.

Art. 192. O dirigente da en dade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne-cessário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, in mando as partes.

§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações fi nais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou defi -ni vo de dirigente de en dade governamental, a autoridade judiciária ofi ciará à autoridade administra va imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a subs tuição.

§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fi xar prazo para a remoção das irregulari-

dades verifi cadas. Sa sfeitas as exigências, o processo será ex nto, sem julgamento de mérito.

§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da en dade ou programa de atendimento.

Seção VIIDa Apuração de Infração Administra va às

Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administra va por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elabora-do por servidor efe vo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.

§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, especifi cando-se a natureza e as circunstâncias da infração.

§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, cer fi cando-se, em caso contrário, dos mo vos do retardamento.

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresen-tação de defesa, contado da data da in mação, que será feita:

I – pelo autuante, no próprio auto, quando este for la-vrado na presença do requerido;

II – por ofi cial de jus ça ou funcionário legalmente habi-litado, que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando cer dão;

III – por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal;

IV – por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen-tante legal.

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.

Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformidade do ar go anterior, ou, sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.

Seção VIIIDa Habilitação de Pretendentes à Adoção

(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão pe ção inicial na qual conste: (Incluído pela L ei nº 12.010, de 2009)

I – qualifi cação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)III – cópias auten cadas de cer dão de nascimento ou

casamento, ou declaração rela va ao período de união es-tável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – cópias da cédula de iden dade e inscrição no Cadas-tro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

V – comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VI – atestados de sanidade sica e mental; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

VII – cer dão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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VIII – cer dão nega va de distribuição cível. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

I – apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofi ssional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

II – requerer a designação de audiência para oi va dos postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

III – requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofi ssional a serviço da Jus ça da Infância e da Juven-tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou mater-nidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º É obrigatória a par cipação dos postulantes em programa oferecido pela Jus ça da Infância e da Juventude preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convi-vência familiar, que inclua preparação psicológica, orientação e es mulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específi cas de saúde ou com defi ciências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa obri-gatória da preparação referida no § 1º deste ar go incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de aco-lhimento familiar ou ins tucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Jus ça da Infância e da Juven-tude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento familiar ou ins tucional e pela execução da polí ca municipal de garan a do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-D. Cer fi cada nos autos a conclusão da par -cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au-toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul-gamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determi-nará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do ado-tando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º A recusa sistemá ca na adoção das crianças ou ado-lescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

CAPÍTULO IVDos Recursos

Art. 198. Nos procedimentos afetos à Jus ça da Infância e da Juventude fi ca adotado o sistema recursal do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações posteriores, com as seguintes adaptações:

I – os recursos serão interpostos independentemente de preparo;

II – em todos os recursos, salvo o de agravo de instru-mento e de embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de dez dias;III – os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;

IV – (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)V – (Revogado pela L ei nº 12.010, de 2009)VI; (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)VII – antes de determinar a remessa dos autos à supe-

rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;

VIII – man da a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da in mação.

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de apelação.

Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito devolu vo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irrepa-rável ou de di cil reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-B. A sentença que des tuir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fi ca sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolu vo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de des tuição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, fi cando vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, con-tado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. O Ministério Público será in mado da data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces-sário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração de procedimento para apuração de responsabi-lidades se constatar o descumprimento das providências e do prazo previstos nos ar gos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

CAPÍTULO VDo Ministério Público

Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da respec va lei orgânica.

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Art. 201. Compete ao Ministério Público:I – conceder a remissão como forma de exclusão do

processo;II – promover e acompanhar os procedimentos rela vos

às infrações atribuídas a adolescentes;III – promover e acompanhar as ações de alimentos e os

procedimentos de suspensão e des tuição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como ofi ciar em todos os demais procedimentos da com-petência da Jus ça da Infância e da Juventude; (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

IV – promover, de o cio ou por solicitação dos interes-sados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;

V – promover o inquérito civil e a ação civil públic a para a proteção dos interesses individuais, difusos ou cole vos rela vos à infância e à adolescência, inclusive os defi nidos no art. 220, § 3º inciso II, da Cons tuição Federal;

VI – instaurar procedimentos administra vos e, para instruí-los:

a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injus- fi cado, requisitar condução coerci va, inclusive pela polícia

civil ou militar;b) requisitar informações, exames, perícias e documentos

de autoridades municipais, estaduais e federais, da adminis-tração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências inves gatórias;

c) requisitar informações e documentos a par culares e ins tuições privadas;

VII – instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves- gatórias e determinar a instauração de inquérito policial,

para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;

VIII – zelar pelo efe vo respeito aos direitos e garan as legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

IX – impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;

X – representar ao juízo visando à aplicação de penali-dade por infrações come das contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;

XI – inspecionar as en dades públicas e par culares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administra vas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verifi cadas;

XII – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacio nais e de assis-tência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.

§ 1º A legi mação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste ar go não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Cons tuição e esta Lei.

§ 2º As atribuições constantes deste ar go não excluem outras, desde que compa veis com a fi nalidade do Minis-tério Público.

§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se en-contre criança ou adolescente.

§ 4º O representante do Ministério Público será respon-sável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.

§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:

a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins-taurando o competente procedimento, sob sua presidência;

b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente no fi cados ou acertados;

c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fi xando prazo razoável para sua perfeita adequação.

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 203. A in mação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de o cio pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.

CAPÍTULO VIDo Advogado

Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-ponsável, e qualquer pessoa que tenha legí mo interesse na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o qual será in mado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação ofi cial, respeitado o segredo de jus ça.

Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá- ca de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será

processado sem defensor.§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á

nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, cons tuir outro de sua preferência.

§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamen-to de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear subs- tuto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.

§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido cons tuído, ver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

CAPÍTULO VIIDa Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e

Cole vos

Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:

I – do ensino obrigatório;II – de atendimento educacional especializado aos por-

tadores de defi ciência;III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças

de zero a seis anos de idade;IV – de ensino noturno regular, adequado às condições

do educando;

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V – de programas suplementares de oferta de material didá co-escolar, transporte e assistência à saúde do educan-do do ensino fundamental;

VI – de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele ne-cessitem;

VII – de acesso às ações e serviços de saúde;VIII – de escolarização e profi ssionalização dos adoles-

centes privados de liberdade.IX – de ações, serviços e programas de orientação, apoio

e promoção social de famíl ias e des nados ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º As hipóteses previstas neste ar go não excluem da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou cole vos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Cons tuição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005)

§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após noti-ficação aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e com-panhias de transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identifica-ção do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propos-tas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Jus ça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses cole vos ou difusos, consideram-se legi mados concorren-temente:

I – o Ministério Público;II – a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal

e os territórios;III – as associações legalmente constituídas há pelo

menos um ano e que incluam entre seus fi ns ins tucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia autorização estatutária.

§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.

§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legi mada, o Ministério Público ou outro legi -mado poderá assumir a tularidade a va.

Art. 211. Os órgãos públicos legi mados poderão to-mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual terá efi cácia de tulo execu vo extrajudicial.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações per nentes.

§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de Processo Civil.

§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.

Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específi ca da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prá co equivalente ao do adimple-mento.

§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e haven-do jus fi cado receio de inefi cácia do provimento fi nal, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus fi cação prévia, citando o réu.

§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for sufi ciente ou compa vel com a obrigação, fi xando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida des-de o dia em que se houver confi gurado o descumprimento.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge-rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respec vo município.

§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual inicia va aos demais legi mados.

§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro fi cará depositado em estabelecimento ofi cial de crédito, em conta com correção monetária.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da respon-sabilidade civil e administra va do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia va aos demais legi mados.

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários advoca cios arbitrados na conformi-dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.

Parágrafo único. Em caso de li gância de má-fé, a asso-ciação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a inicia va do Ministério Público, prestan-do-lhe informações sobre fatos que cons tuam objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais verem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 222. Para instruir a pe ção inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as cer dões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.

Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou par cular, cer dões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informa vas, fazendo-o fundamentadamente.

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§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão reme dos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Minis-tério público, poderão as associações legi madas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 4º A promoção de arquivamento será subme da a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu regimento.

§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a pro-moção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.

TÍTULO VIIDOS CRIMES E DAS

INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

CAPÍTULO IDos Crimes

Seção IDisposições Gerais

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes pra cados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes defi nidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao proces-so, as per nentes ao Código de Processo Penal.

Art. 227. Os crimes defi nidos nesta Lei são de ação pú-blica incondicionada

Seção IIDos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigen-te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das a vidades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de

estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden -fi car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber-

dade, procedendo à sua apreensão sem estar em fl agrante de ato infracional ou inexis ndo ordem escrita da autoridade judiciária competente:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro-

cede à apreensão sem observância das formalidades legais.Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela

apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-

municação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua auto-

ridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:Pena – detenção de seis meses a dois anos.Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7/4/1997)Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa

causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Art. 235. Descumprir, injus fi cadamente, prazo fi xado

nesta Lei em bene cio de adolescente privado de liberdade:Pena – detenção de seis meses a dois anos.Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade

judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de

quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fi m de colocação em lar subs tuto:

Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa.Art. 238. Prometer ou efe var a entrega de fi lho ou pupilo

a terceiro, mediante paga ou recompensa:Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece

ou efe va a paga ou recompensa.Art. 239. Promover ou auxiliar a efe vação de ato des-

nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades le gais ou com o fi to de obter lucro:

Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa.Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ame-

aça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena

correspondente à violência.Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, fi lmar

ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfi ca, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 20 08)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a par -cipação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste ar go, ou ainda quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – prevalecendo-se de relações domés cas, de coa-bitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan-guíneo ou afi m até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da ví ma ou de quem, a qualquer outro tulo, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consen mento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografi a, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi r, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive

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por meio de sistema de informá ca ou telemá co, fotografi a, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou porn ográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografi as, cenas ou imagens de que trata o caput deste ar go; (Incluído pela L ei nº 11.829, de 2008)

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografi as, cenas ou imagens de que trata o caput deste ar go.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2º As condutas pifi cadas nos incisos I e II do § 1º deste ar go são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, ofi cialmente no fi cado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografi a, vídeo ou outra forma de registro que con-tenha cena de sexo explícito ou pornográfi ca envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quan dade o material a que se refere o caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – membro de en dade, legalmente cons tuída, que inclua , entre suas fi nalidades ins tucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de no cia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material rela vo à no cia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste ar go deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-C. Simular a par cipação de criança ou adoles-cente em cena de sexo explícito ou pornográfi ca por meio de adulteração, montagem ou modifi cação de fotografi a, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-D. Aliciar, assediar, ins gar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fi m de com ela pra car ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In-cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – facilita ou induz o acesso à criança de material con-tendo cena de sexo explícito ou pornográfi ca com o fi m de com ela pra car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – pra ca as condutas descritas no caput deste ar go com o fi m de induzir criança a se exibir de forma pornográ-fi ca ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfi ca” com-preende qualquer situação que envolva criança ou adoles-cente em a vidades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles-cente para fi ns primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar , de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência sica ou psíquica, ainda que por u lização indevida:

Pena – detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não cons tui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de ar cio, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano sico em caso de u lização indevida:

Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais

defi nidos no caput do art. 2º desta Lei, à pros tuição ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)

Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-

rente ou o responsável p elo local em que se verifi que a submissão de criança ou adolescente às prá cas referidas no caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)

§ 2º Cons tui efeito obrigatório da condenação a cas-sação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele pra c ando infração penal ou induzindo-o a pra cá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste ar go quem pra ca as condutas ali pifi cadas u lizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2º As penas previstas no caput deste ar go são au-mentadas de um terço no caso de a infração come da ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO IIDas Infrações Administra vas

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen-tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade com-petente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confi rmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

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Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 2 46. Impedir o responsável ou funcionário de en -dade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administra vo ou judicial rela vo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial-mente, fotografi a de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeit o ou se refi ra a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a per-mi r sua iden fi cação, direta ou indiretamente.

§ 2º Se o fato for pra cado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste ar go, a autoridade judiciária poderá determinar a apreen-são da publicação. (Expressão declara incons tucional pela ADIN 869-2)

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fi m de regula-rizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço domés co, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independente-mente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deve-res inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão subs tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa-nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009)

Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009)§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de

multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009)

§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será defi ni vamen-te fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009)

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afi xar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especifi cada no cer fi cado de classifi cação:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 253. Anunciar peças teatrais, fi lmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, du-plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi-cidade.

Art. 254. Transmi r, através de rádio ou televisão, es-petáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classifi cação:

Pena – multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da e missora por até dois dias.

Art. 255. Exibir fi lme, trailer, peça, amostra ou congênere classifi cado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admi dos ao espetáculo:

Pena – multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fi ta de pr ogramação em vídeo, em desacordo com a classifi cação atribuída pelo órgão competente:

Pena – multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua par cipação no espetáculo:

Pena – multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providen-ciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida-de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento ins tucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interes-sada em entregar seu fi lho para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa ofi cial ou comunitário des nado à garan a do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste ar go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Disposições Finais e Transitórias

Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da

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polí ca de atendimento fi xadas no art. 88 e ao que estabe-lece o Título V do Livro II.

Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.

Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir do imposto devido, na declaração do Imposto sobre a Renda, o total das doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente – nacional, estaduais ou municipais – devida-mente c omprovadas, obedecidos os limites estabelecidos em Decreto do Presidente da República. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12/10/1991)

I – limite de 10% (dez por cento) da renda bruta para pessoa sica;

II – limite de 5% (cinco por cento) da renda bruta para pessoa jurídica.

§ 1º – (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997)§ 1º-A . Na defi nição das prioridades a serem atendidas

com os recursos captados pelos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar, bem como as regras e princípios re-la vos à garan a do direito à convivência familiar previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente fi xarão critérios de u lização, através de planos de aplicação das doações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incen vo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente, órfãos ou abandonado, na forma do disposto no art. 227, § 3º, VI, da Cons tuição Federal.

§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste ar go. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12/10/1991)

§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fi scalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incen vos fi scais referidos neste ar go. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12/10/1991)

§ 5º A des nação de recursos provenientes dos fundos mencionados neste ar go não desobriga os Entes Federados à previsão, no orçamento dos respec vos órgãos encarrega-dos da execução das polí cas públicas de assistência social, educação e saúde, dos recursos necessários à implemen-tação das ações, serviços e programas de atendimento a crianças, adolescentes e famílias, em respeito ao princípio da prioridade absoluta estabelecido pelo caput do art. 227 da Cons tuição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a en dade.

Parágrafo único. A União fi ca autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os recur-sos referentes aos programas e a vidades previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respec vos níveis.

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judiciária.

Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:

1) Art. 121............................................................§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profi ssão, arte ou o cio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à ví ma, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fl agrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o cri-me é pra cado contra pessoa menor de catorze anos. 2) Art. 129............................................................§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 3) Art. 136............................................................§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra cado contra pessoa menor de catorze anos. 4) Art. 213.............................................................Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: Pena – reclusão de quatro a dez anos. 5) Art. 214.............................................................Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: Pena – reclusão de três a nove anos.

Art. 264. O art. 102 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fi ca acrescido do seguinte item:

Art. 102...............................................................6º) a perda e a suspensão do pátrio poder.

Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráfi cas da União, da administração direta ou indireta, inclusive fundações ins- tuídas e man das pelo poder público federal promoverão

edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das en dades de atendi-mento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.

Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas a vidades e campanhas de divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR Bernardo Cabral

Carlos Chiarelli Antônio Magri

Margarida Procópio