As histórias, os testemunhos e a própria narrativa deste livro têm o condão de abaixar o volume das tantas outras vozes de hoje em dia. São palavras certas para todo o que quer nadar contra a maré, escapando aos “anestésicos da ocupação”, como bem diz o autor, e praticando o evangelho contracultural de Cristo. Sua mensagem de graça humaniza e revela uma fé urbana e bem contextualizada que em momento algum se esquece das múltiplas manifestações do Espírito.

CARLOS BEZERRA JR .

Xelotes é um programa que ajuda cada pessoa a encontrar seu destino, isto é, a maneira de viver a partir do design divino peculiar e singular de cada ser humano. Tenho grande alegria em recomendar não apenas o livro, como também o programa, e principalmente Dave Gibbons. É uma honra caminhar ao lado de quem caminha atrás de Jesus.

ED RENÉ K IV I TZ

Xelotes: O desafio de viver

na contramão da normalidade

propõe que você redescubra seu

verdadeiro eu. Dave Gibbons

sugere a releitura atenta dos

evangelhos, de maneira a

confrontar o estilo de vida que

você adota, talvez marcado

pela aceitação passiva da

cultura vigente.

O autor revela a importância de

não se conformar à normalidade

e o convida a revisitar suas

maiores fraquezas, pois é a partir

delas que Deus nos faz pessoas

especiais e incrivelmente úteis

para o próximo. À medida que

permitir que Deus o transforme,

você se tornará o que o autor

denominou Xelote: alguém que

busca verdadeiramente compassar

a batida do seu coração com a

batida do coração de Deus.

DAVE GIBBONS é

pastor da Newsong

Church e mestre em

Teologia pelo Dallas

Theological Seminary.

É fundador da Xealot,

organização voltada

para o desenvolvimento

estratégico de líderes.

Capa: Felipe Marques

Inspira

ção

9 788543 300733

ISBN 978-85-433-0073-3 O desaf io de viver na contramão da normalidade

XE

LO

TE

S

D A V E G I B B O N S

DAVE G

IBBON

S

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X E L O T E s

DAVE GIBBONs

O desafio de viver na contramão da normalidade

Traduzido por Emirson JusTino

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sUMÁRIO

Prefácio 9Apresentação 11introdução: imagine 13

PARTE 1: MENTE

1. Zumbis: o problema da normalidade 232. Chuang Tzu: noções sobre Deus, nós mesmos,

os outros e nosso trabalho 353. sucesso: missão zero 494. Cicatrizes: Abrace a dor 705. mistério: o problema com o uso das palavras 91

PARTE 2: MOVIMENTO

6. obediência: o chamado para morrer 1057. naturalmente sobrenatural: A liberação da beleza 1138. Torne-se pai 128

Conclusão: Diminua 148Epílogo 154notas 158

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PREFÁCIO 

DAVE GIBBONs é um homem de portas abertas. A hospitali-dade é uma de suas mais refinadas características. seu coração acolhedor e amoroso é capaz de perceber com acurada sensibi-lidade o que está por trás dos olhos de quem tem o privilégio de sentar à sua frente.

A primeira vez em que estive com Dave foi numa noite fria em são Paulo, quando sentamos para uma ceia tardia ao final de uma extensa jornada de trabalho. o desejo do encontro nos obri-gou a prolongar o dia e invadir a madrugada. Após poucas pala-vras trocadas, Dave me descreveu como raras pessoas o haviam feito, comentando detalhes que somente os íntimos conhecem.

Essa experiência não é privilégio meu, mas se repete diaria-mente com as pessoas que cultivam um relacionamento com Dave e principalmente com aqueles que fazem parte do programa que ele chama de xelotes, e que você tem a oportunidade de conhecer agora, com a oportuna publicação deste texto pela mundo Cristão.

Como Dave gosta de destacar, xelotes é um programa que ajuda cada pessoa a encontrar seu destino, isto é, a maneira de viver a par-tir do design divino peculiar e singular de cada ser humano. mais que um programa de life coaching, Dave propõe uma aliança de vida, uma parceria na caminhada no discipulado de Jesus. não está baseado em técnicas de mentoria ou testes de personalidade, e não tem uma

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cartilha a ser seguida. Trata-se de relacionamentos de intimidade verdadeira, de longo prazo, para o discernimento do potencial de cada indivíduo e o desenvolvimento de ações de empreendorismo solidário, que transformam pessoas e mudam a sociedade.

Ainda mais impressionante é o fundamento do processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento que faz do xelotes um programa inusitado. A maioria dos processos de coaching sublinha as habilidades, talentos e competências de cada pessoa, os cha-mados pontos fortes. Dave faz um outro caminho, absolutamente coerente com o evangelho: usa as fraquezas, os pecados e os sofri-mentos como porta de entrada para uma profunda experiência com o poder de Deus. Aquilo em nós que os olhos da sociedade enxergam como desvantagem, e que até mesmo nós passamos a acreditar como impedimentos para nossa plena realização, é exata-mente o maior segredo para o que a Bíblia define como sucesso: a vida transformada por Jesus e a fidelidade a uma vocação espiritual.

xelotes é um nome forte. Faz referência aos homens que compunham o grupo de resistência mais radical do judaísmo dos dias de Jesus, homens dispostos a morrer pela causa da liberta-ção de israel, pois a liberdade é um dom sagrado. ser livre para viver o destino/design divino é uma questão de vida ou morte. não foi sem razão que Dave escolheu xelotes para identificar uma nova geração de cristãos que se compromete a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, a sacrificar tudo em razão da pérola de grande valor, a tomar sobre si a própria cruz para colocar os pés na estrada e caminhar com Jesus Cristo.

Tenho grande alegria em recomendar não apenas o livro, como também o programa, e principalmente Dave Gibbons. É uma honra caminhar ao lado de quem caminha atrás de Jesus.

ed René Kivitz

Teólogo, escritor e pastor da igreja Batista de Água Branca

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INTRODUçãOImagine

DUAs perguntas.A primeira é: se as forças malignas do universo montassem

uma estratégia para paralisar a força mais potente da terra, a quem elas atacariam?

Creio que elas atacariam você.Você possui um potencial incrível. É verdade que somos todos

falhos. Podemos ser instáveis. Podemos ter vícios. Podemos ser egocêntricos. Para ser franco, podemos ser bem esquisitos.

Contudo, somos a menina dos olhos de Deus. Você recebeu um favor sobrenatural como herança. Está em sua genética. Você não pode escapar disso. seu destino é ver a beleza fluir por meio de milagres, sonhos e visões. Você faz parte das ondas agitadas que formam a igreja de Deus. Você está vivendo numa das épocas mais eletrizantes da história.

Ao mesmo tempo, há os desafios. Você vive em um mundo onde é difícil escutar. É difícil prestar atenção. É normal concen-trar-se apenas naquilo que se pode ver.

A segunda pergunta é: como essas forças malignas buscam impedir você de cumprir seu destino? A estratégia é dissimulada. o inimigo quer que você acredite estar fazendo algo significativo, quando, na realidade, talvez não esteja fazendo coisa nenhuma.

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Você pode estar praticando uma forma de religião destituída de poder.

Você consegue ouvi-la?1

uma música está tocando em seu coração neste exato momento. Ela tem um ritmo desafiador. Ela provoca rebeldia, aquela sensação interior de que existe algo errado com a maneira como você está vivendo. É um pressentimento bem no seu íntimo, que sussurra: “Você não foi criado para viver uma vida ‘normal’”. Todo mundo à sua volta acha que você se deu bem, mas você sabe que existe algo mais. Você foi criado para viver uma fé ardo-rosa e radical no poder sobrenatural de Deus. Você foi planejado para liberar beleza. o status quo, porém, o induz a um estado hipnótico, quase um transe. As pessoas andam por aí distraídas, cativadas pelo superficial, ignorantes em relação ao que é real, ao que tem valor eterno. Você precisa ficar em pé enquanto as forças gravitacionais o puxam para baixo.

Este livro fala sobre um fluxo anormal de vida, uma rebeldia diante do que é aceito pela cultura popular. Trata de uma rebe-lião santa. um xelote vive de acordo com princípios contrários. um xelote nada contra a maré. oro para que, à medida que faz esta leitura, você sinta a corrente da rebeldia positiva dentro de si. Ela se levanta contra as críticas, não é ofuscada pelos ídolos culturais nem pode ser silenciada pela cantiga de ninar do con-forto. minha esperança é que você se torne contracultural, mas ao mesmo tempo possa adaptar-se à cultura. Essa é uma arte que exige obediência radical à orientação do Espírito santo em sua vida. É uma vida na contramão da normalidade.

não creio que devemos necessariamente rejeitar ou trans-formar a cultura. nosso chamado é para que sigamos junto à

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cultura, cheios de sabedoria, guardando o coração e a mente, em um envolvimento hábil com o mundo em que vivemos. Transfor-mar o coração das pessoas é obra de Deus. nossa missão é sermos amorosos instrumentos de mudança. se Deus desejar, é ele quem mudará a cultura. Contudo, há momentos em que devemos ser positivamente rebeldes, quando a cultura tenta nos moldar de acordo com forças contrárias a Deus.

minha esperança é que, durante a leitura deste mosaico de reflexões, você sinta um entusiasmo, uma agitação, um chamado a um caminho singular para sua vida. o caminho daqueles que seguem Cristo desafia a gravidade da normalidade. É o caminho dos loucos. É um ato de rebelião. Ainda que muitos não o sigam, você é chamado a essa maluca aventura. Você vem de uma linha-gem de tribos imigrantes, de desajustados, de clãs marginaliza-dos, de criativos invisíveis e exploradores desconhecidos. Você faz parte de uma equipe radical de xelotes que Deus tem levantado por todo o mundo.

Desafie a normalidade.

15INTRODUçãO

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PARTE 1

MENTEAs mentes que estão às margens não são mentes marginais.

Anil GuptA

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N e l s o n M a n d e l aN e l s o n M a n d e l a

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PRóXIMA ao litoral da Cidade do Cabo, na África do sul, uma penitenciária desativada chamada ilha robben se coloca entre as montanhas e o mar. Essa é a prisão que um dia abrigou o ativista que se opunha ao apartheid, nelson mandela.

Ainda na época em que a prisão estava ativa, a maioria dos internos era composta de jovens e negros, ou mulatos, tipica-mente mestiços ou de ascendência indiana. os guardas eram jovens e brancos. Para manter os internos ocupados durante as longas horas de cativeiro, os guardas ordenavam que transpor-tassem cascalho de um buraco no chão para outro. Era um traba-lho sem propósito. mandela, apesar de ser vinte anos mais velho que a maioria dos demais prisioneiros, foi forçado a participar diariamente daquele trabalho. mas, enquanto seu corpo estava ocupado com a tarefa inútil, sua mente permanecia livre. nos longos anos em que ficou preso na ilha, mandela transformou a pedreira de calcário em uma instituição de alto aprendizado.

Quando mandela era jovem, missionários metodistas na África do sul lhe acenderam uma paixão no coração. Era a paixão pela liberdade. A educação que recebeu lhe proporcio-nou uma visão radical da graça divina. seu entendimento do poder do perdão cresceu. As coisas que havia estudado quando menino lhe ensinaram um estilo de vida contrário à normalidade. Durante o período passado na ilha robben, mandela transfor-mou sua mente em um portal. A mente desse ativista era toda

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uma região na qual ele poderia explorar ideias revolucionárias. Essa liberdade mental não apenas o ajudou a manter a sanidade por trás das grossas placas de concreto cinzento; ela o ajudou a criar beleza em meio ao confinamento. Enquanto transportavam aquelas pás de cascalho, mandela e seu grupo frequentavam a “escola”. Compartilhava as coisas que havia aprendido em sua educação missionária: shakespeare, as Escrituras, os grandes poe-tas e filósofos, a ancestral sabedoria banta de Umuntu, ngumeutu ngabantu (“somos pessoas por meio de outras pessoas”) e o que ele conhecia da visão de Jesus e de Gandhi sobre a reconciliação. A ilha logo se tornou a universidade da ilha robben. mandela preparou discursos secretos que visavam ensinar aos prisioneiros a necessidade que tinham uns dos outros. Ensinou-lhes que as coisas em comum que possuíam eram mais numerosas que as diferenças que os dividiam. mostrou-lhes que, embora o corpo deles pudesse ser controlado e maltratado por outras pessoas, a mente não podia ser atingida.

se a mente permanece livre, sejam quais forem as circunstân-cias, podemos viver em liberdade.

A maior parte da literatura de sabedoria que encontramos na Bíblia foi escrita por um homem chamado salomão. o rei salo-mão escreveu centenas de provérbios, ditados curtos que resu-mem verdades atemporais. Em um deles salomão diz esta frase simples: “Porque, como [o homem] imagina em sua alma, assim ele é” (Pv 23.7, rA).

nossos pensamentos determinam como vivemos. Ações e sen-timentos surgem de convicções. Todos nós provavelmente passa-remos por experiências que nos levarão a um estado de exaustão

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física, emocional ou espiritual. uma catástrofe inesperada pode levar ao colapso pessoal. Em tempos desafiadores, porém, mentes disciplinadas desafiam a conformidade a uma cultura de descon-tentamento. A mente é o veículo que nos capacita a transcender a opressão.

semana após semana, vemos provas disso em eventos espor-tivos. A partida de basquete está para terminar, restam apenas alguns segundos. um jogador está no garrafão, na área do lance livre. suas veias pulsam com intensidade, o sangue corre por elas vigorosamente. ouve-se o som de buzinas. Torcedores do time adversário balançam os braços, tentando distraí-lo. mesmo depois de muito treino, ele repentinamente perde a confiança. E erra o arremesso.

mas o atleta de elite conhece o segredo da vitória. Ele vive em outra realidade. Bloqueia as altas vozes que vêm da multidão. sabe como jogar em estado “alfa”, um espaço protegido de con-centração mental. Para vencer a batalha na quadra de basquete, ele primeiro vence a batalha na própria mente.

Esse foco é a arte de aproveitar a oportunidade. É silenciar as vozes que nos amedrontam. A voz de Deus assume, e nos deixa-mos levar. Fazemos aquilo que Deus nos está chamando a fazer, a despeito da adversidade.

A vida está cheia de oportunidades para colocarmos em prática o chamado de Deus. A maneira como desenvolvemos a mente nos prepara para as aventuras divinas. Existe uma maneira de pensar, ligada ao status quo, que leva à distração. E existe uma maneira contrária, que conduz à vida. Esse cami-nho, talvez, não resulte numa vida de fartura material. na ver-dade, leva à alegria. o segredo para experimentar essa alegria é aprender a desafiar a atração gravitacional dos valores de nossa

21MENTE

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cultura. Enquanto cumprem o desafio, a mente dos xelotes vai se tornando mais sábia.

na carta aos romanos, no novo Testamento, o apóstolo Paulo esboça um tratado doutrinário sobre a graça de Deus. Perto da conclusão de seu ensinamento, ele suplica aos leitores que vivam como pessoas movidas pela graça:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofe-

reçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto

racional de vocês. não se amoldem ao padrão deste mundo, mas

transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capa-

zes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita von-

tade de Deus.

romanos 12.1-2

A vida plena de graça é uma vida que se opõe, uma rebelião positiva, a vida de uma pessoa que não se amolda “ao padrão deste mundo”. E isso acontece “pela renovação da sua mente”.

na Parte 1 deste livro, examinaremos verdades que moldam a mente do xelote. são meditações que produzem sabedoria. não se propõem a ser um conjunto completo de crenças, mas sim um importante ponto de partida. Vida e paz se originam dessas cadências fundamentais da mente. As verdades essenciais e con-testadoras a seguir foram remixadas a fim de formar uma nova onda de xelotes.

“A mentalidade do Espírito é vida e paz.”Romanos 8.6

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1

ZUMBIsO problema da normalidade

IMAGINE que estamos caminhando por uma rua arborizada de um bairro de classe média. Paramos para espiar pelas janelas das casas. olhamos para dentro e o que vemos? na maioria dos lares, a cena é a mesma: a família reunida em torno de um televisor de tela plana, sem conversar, os olhos fixos no aparelho. Cada clã é embalado em uma letargia inconsciente. Transformamo-nos em uma sociedade que trata o tédio com remédios. Estamos distraí-dos. Estamos adormecidos.

suponha que caminhemos até uma escola local. Ali, encon-tramos jovens entediados até a medula. Para gerar entusiasmo na vida, os mais novos recorrem aos video games. os de mais idade se voltam para o álcool e para as drogas sintéticas, em troca de uma excitação barata. Em pouco tempo, porém, as baterias se descarregam, e a excitação desaparece. o entrete-nimento e a busca pelo prazer levam a um pesadelo de vícios, prisões, rupturas de relacionamento e justificativas. Logo, esses jovens se tornam parte da multidão de “zumbis”, os mortos-vivos presos a um ciclo de consumo. o clamor dessas almas segue insatisfeito.

Agora, caminhemos pelos prédios comerciais, onde os “bem--sucedidos” passam o tempo. Aqui também vemos pessoas enfa-dadas. milhões delas estão se sentindo presas pela natureza previsível de sua vida diária. É a mesma rotina todos os dias. Elas

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se automedicam mantendo-se ocupadas, olhando de uma tela para outra. Projetam uma ilusão de produtividade. Fora do escri-tório, isolam a mente aumentando o volume do som do carro.

Essa é a normalidade. Essa é a vida que a maioria de nós vive. É o caminho natural.

E essa é a maneira socialmente aceitável de viver. Escolhemos o caminho de menor resistência para seguir com a multidão. E, como parte dessa mesma multidão, bebemos nossos falsos elixires a fim de atenuar a realidade.

A normalidade é uma armadilha sedutora da qual podemos nos tornar presas fáceis se não estivermos vigilantes. nosso pen-samento inicial não é “Quero ser normal quando crescer”. A maioria de nós começa a vida com sonhos e ambições. Temos esperanças que nos foram inspiradas por pais e professores, mentores e treinadores. Então, o “Vamos mudar o mundo” se transforma em “Preciso aguentar até o fim do dia”. Ainda que

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pouco a pouco, a vida normal nos hipnotiza. somos capturados pelas distrações. Engolimos as ilusões de decadência. receosos de assumir riscos, deixamos que outros nos nutram. o normal se torna nosso estilo padrão. Aprisionados na rotina, olhos semiabertos. A lembrança de que fomos criados para algo além nos foge da memória. mas cada um de nós tem seu destino. Certa vez, Jesus disse que poucos encontrarão esse destino, esse caminho estreito. não é a estrada larga e bem iluminada que muitos escolhem. É um caminho não natural, a estrada menos percorrida.

O quE é NORMAl?

Quando olhamos para a vida normal, ela não faz muito sentido. Quem é normal...

• Faz as coisas porque acha que deve fazer.• segue a rotina como um sonâmbulo.• Vive esperando o fim de semana.• Fala sobre o futuro e vive no passado.• Trata as pessoas como meios para alcançar seus objetivos.• Tem uma imagem que não condiz com a pessoa que sabe

que é.• Alimenta seu senso de valor próprio com títulos, bens e

realizações.• Anseia por intimidade, mas poucas pessoas o conhecem

de fato.• nunca tem o suficiente.

A vida está cheia de ruídos. Estamos cercados de pessoas e de entretenimento sem fim. Temos pouca conexão real com a vida. Criamos ilusões. Como a monotonia de um trabalho repetitivo,

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a vida assume um estado estático que extingue o fogo de nosso coração. Esse é o sonho ocidental. Cheio de promessas reluzentes, é, em última análise, uma vida destituída de significado ou de propósito eterno. E não são apenas os atraídos pela cultura oci-dental que seguem por esse caminho. Esse é o caminho comum trilhado pela raça humana, o fluxo usual que leva à destruição.

Tem de haver algo mais.

Todos sabemos que pessoas não voam. não somos pássaros. não temos asas. Estamos sujeitos às restrições da gravidade: ela nos mantém no chão. E isso é bom. A gravidade nos dá um senso de estabilidade e segurança. Podemos depender dela, cientes de que tudo o que sobe tem de descer.

mas e se acontecesse algo — uma coisa incomum — que nos permitisse desafiar a gravidade? E se os seres humanos criassem asas? E se pudéssemos voar, escapando da força gravitacional da terra?

seria algo sem precedentes.Fenomenal.sobrenatural.Pessoas excêntricas me atraem. Alguns as chamariam de

incomuns. Eu as chamo de fascinantes. Elas estão em outra sin-tonia. não estão preocupadas com a opinião popular. Pessoas fora do normal provocam uma explosão de sabor em um mundo insosso. Adicionam cores a uma paleta branca e preta. iluminam espaços que, não fossem elas, permaneceriam nas sombras. E é exatamente isso que Jesus queria de seus discípulos. Ele descreveu seus seguidores como sal da terra e luz do mundo. Jesus sabia que eles adicionavam tempero a um mundo sem gosto. Esses rebeldes

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Karis

Gib

bons

refletem a luz de Deus nas trevas da normalidade. A boa notícia é que ninguém está desqualificado para viver essa vida extraor-dinária. Qualquer pessoa pode se tornar um rebelde que se opõe àquilo que é normal. não importa qual a sua história nem de que cidade você vem.

meu amigo tem uma camiseta que traz a frase “it’s okay to Like math” [Tudo bem gostar de matemática]. isso é um verda-deiro convite para sair de qualquer buraco em que estivermos nos escondendo. simplesmente seja você mesmo! não há problema em ser esquisito.

Aceite sua peculiaridade. É ela que faz de você uma pessoa única.

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recentemente, tive a oportunidade de conversar com ralph Winter sobre a importância de ser alguém fora do normal. Fiquei pensando: como deve ocorrer o desenvolvimento de um hábito de não normalidade? Winter é o produtor da trilogia de sucesso X-Men. As histórias em quadrinhos originais e os filmes de Holly-wood contam a história de super-heróis que foram rejeitados pelo mundo. o “X” no nome desses personagens é uma referência ao fato de possuírem um “gene X”, que os humanos normais não possuem. A anormalidade confere habilidades extraordinárias a esses mutantes. Considerados aberrações pelas pessoas comuns, os X-men são tratados com suspeita, zombaria e ódio.

no entanto, a mutação que os torna diferentes das pessoas comuns se mostra um dom maravilhoso. um dos principais mutantes, o Professor Xavier, cria um refúgio em sua mansão, em

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Westchester, no estado de nova York, para desenvolver os dons desses seres incomuns em benefício de toda a humanidade. no fim das contas, são as próprias caraterísticas anormais que fazem os X-men salvarem a humanidade — inúmeras vezes. A não nor-malidade é um superpoder que pode mudar o mundo.

Enquanto eu conversava com ralph sobre o enredo dos filmes, chegamos os dois à mesma conclusão: trata-se de uma história que guarda semelhanças com a nossa experiência real. Conversamos sobre a necessidade de um refúgio similar àquele criado pelo Professor Xavier, um lugar onde os que vivem à mar-gem — os “mutantes” e os anormais de nossa cultura — possam encontrar um porto seguro, um local onde seus dons e suas ideias sejam nutridos, um santuário onde as anormalidades sejam vistas como meio para transformar o mundo.

muitos anos atrás, dei início à xelote [em inglês, xealot], uma organização planejada para atuar como um programa de desenvolvimento humano para “operações especiais”. A xelote prepara e apoia, em nível mundial, o destino especial de líderes que não se ajustam à normalidade. Escolhi o nome xelote porque estava pensando no termo “zelote”, ou seja, uma pessoa apaixo-nada por uma ideia ou uma causa. o zelote é alguém disposto a morrer por aquilo em que acredita. Escrevi com X em vez de Z, em alusão à letra grega chi (X), uma abreviatura de Cristo. os xelotes creem que, mediante o poder de Jesus Cristo, homens e mulheres comuns podem desenvolver habilidades “sobre--humanas” para mudar o mundo. os líderes xelotes são apren-dizes apaixonados e comprometidos com o avanço da causa de Cristo. Do ponto de vista social, são gravemente falhos. não são super-heróis normais, escolhidos dentre um círculo reduzido dos melhores e mais brilhantes. Em geral, estão nos lugares obscuros de nosso mundo. são desajustados, com um destino sobrenatural.

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Vivemos em um mundo que se sente confortável com os este-reótipos. organizamos as pessoas em caixas separadas de acordo com a etnia, a situação econômica, a aparência e o nível educa-cional. Aqueles que satisfazem nosso padrão de normalidade são aceitos. Atendem nossas expectativas. Ganham nossa aprovação. mas, se percebermos qualquer indicação de deformidade, de falta de capital, de má aparência ou de um passado questionável, nós os rotulamos como aberrações, inaptos e até mesmo alienados.

Quando olhamos para Jesus, descobrimos que ele não se encaixava no molde normal. Ele veio de uma cidade de má repu-tação: “nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?”, perguntou certa vez um incrédulo (Jo 1.46). Jesus surgiu das margens. E havia, em sua árvore genealógica, algumas mulheres problemá-ticas: uma adúltera chamada Bate-seba, uma viúva estrangeira, rute, e uma prostituta de nome raabe. Além de tudo isso, o pró-prio nascimento de Jesus foi marcado por fofocas e rumores, uma vez que ele nasceu de uma adolescente virgem. Jesus não estava dentro dos padrões aceitos pela cultura.

Contudo, foi esse mesmo passado duvidoso que se tornou a conexão de Jesus com a humanidade. As pessoas se identificam com sua dor. sua vida é um lembrete de que Deus está nas mar-gens. Ele abraça a vergonha de nossa história pecaminosa e a trans-forma em algo bom. Aqueles que se acham sobrecarregados pelo peso dos erros ou da falta de credenciais da normalidade descobrem nova esperança em Jesus. É o próprio Cristo quem dá o exemplo.

AbERRAçõEs

Todos nós temos talentos. Costumo dizer que nossos dons singu-lares, aqueles que nos tornam livres para sermos usados por Deus

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da maneira mais poderosa, são as nossas fraquezas. o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas.

Com muita frequência, porém, tentamos ocultar essas fraque-zas. Para nós, trata-se de anormalidades que ninguém deveria conhecer. Cobrimos as partes de nossa vida que parecem esquisi-tas, excêntricas ou fora do padrão. Escondemos justamente aquilo que nos torna lindamente singulares. Por outro lado, gostamos de exibir nossos pontos fortes. não medimos esforços para provar que somos tão bons quanto qualquer pessoa. realçamos as coi-sas que nos fazem aceitáveis aos olhos do mundo. Exageramos as coisas que as pessoas normais aplaudem. Ficamos especialistas em criar fachadas. Desenvolvemos o hábito de projetar imagens infladas de nós mesmos.

Que desperdício de tempo!As pessoas normais passam a vida andando no chão, mas

Deus nos chama a desafiar a gravidade. se é anormal ter asas, que assim seja. Eu preferiria voar a caminhar. As Escrituras nos dizem que “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. isso vem do senhoR, e é algo maravilhoso para nós” (sl 118.22-23). Exatamente aquilo que as pessoas julgavam desqualificar Jesus como alguém enviado por Deus acabou se revelando a razão de seu sucesso. o que parecia fracasso aos olhos do mundo foi, na verdade, sucesso aos olhos do Pai celestial.

Você já ouviu pessoas dizendo, especialmente depois de um dia muito ruim, coisas como:

“isso sempre acontece comigo.”“Bem quando estava a caminho daquela entrevista de

emprego, o pneu fura. isso sempre acontece comigo.”“Acabei de perder a consulta e agora preciso esperar outras

cinco semanas. isso sempre acontece comigo.”

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Ao fazer qualquer tipo de declaração, as pessoas exageram, sugerindo que a vida é uma sequência infindável de azar, fra-cassos e erros. mas penso que essa frase reflete com precisão a história da vida de Jesus e a história de vida de muitos heróis da fé cristã. Ao longo de toda a Bíblia, o enredo da história do povo de Deus envolve fracasso e sofrimento intenso. Deus raramente escolhe o bem-sucedido ou o capacitado. Ele parece optar pela última pessoa que alguém escolheria para seu time.1

Em vez de escolher os que são brilhantes aos olhos do mundo, Deus escolhe aqueles que o mundo considera tolos — as aber-rações e os mutantes — com o propósito de envergonhar os que pensam ser sábios (1Co 1.27). Deus pode usar qualquer pessoa, mas, quando ele escolhe nos usar, em geral não são nossos pontos fortes e talentos que nos tornam úteis para os propósitos divinos.

são as nossas fraquezas.As nossas anormalidades.As coisas que nos fazem diferentes nos conectam com a maior

parte do mundo.E as coisas que nos fazem desajustados nos concedem o dom

de voar.

sEMENTEs MuTANTEs

norm ozawa é um americano de origem japonesa, de uma humil-dade incrível. Bronzeado, musculoso e atarracado, norm é cheio de vida. seu trabalho é plantar sementes e cultivar plantas. Por anos, tem cuidado de seus viveiros nos vales férteis do sul da Califórnia.

norm lida com milhares de sementes e cuida delas com amor. Ele diz que, de vez em quando, aparece uma semente

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mutante, diferente das outras. Essa semente é indistinguível até que se transforma em planta. segundo ele, essa planta mutante que se forma é extremamente valiosa. Quando encon-tra uma, a separa das demais. Depois, encarrega uma equipe de tentar reproduzi-la. Por quê? Porque a mutação é a maneira de a natureza preparar essa família de sementes para os desafios de seu ambiente em transformação. É o presente da natureza e de Deus para nós.

Parei para pensar em norm e em suas sementes e percebi que Jesus também é como um mutante. Ele é singular, embora seja comum. no início dos tempos, uma semente foi plantada por intermédio da descendência de Adão e de sua família. Pouco depois, porém, o ambiente mudou. A terra esfriou, o céu escureceu e a pecaminosidade humana produziu um mundo caído. Foi pre-ciso que outra semente nascesse a fim de que a raça humana pudesse sobreviver nessas novas condições.

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Jesus é essa semente. Ele é a semente mutante original. Ele é a conexão com a vida. As Escrituras nos dizem que nele não havia nada fisicamente atraente. Jesus não teria atraído nossa atenção.

Existe valor imensurável em um tipo diferente de semente.Você se sente incomum? Fora do normal? Acredita ser como

um mutante? Bem, você está em boa companhia. Existe uma razão para que seja assim. o destino que você tem a cumprir é tudo, menos comum. Deus está usando você para promover vida.

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