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S PACCA L ILIA M ORITZ S CHWARCZ D . PEDRO II , A HISTÓRIA DE UM MONARCA EM QUADRINHOS

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Sp a c c a • L i L i a Mo r i t z Sc h w a r c z

d. pedro ii, a hiStória de uM Monarca eM quadrinhoS

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Copyright do texto © 2013 by Lilia Moritz Schwarcz e SpaccaCopyright das ilustrações © 2013 by Spacca

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Capa

Spacca

Preparação da seção “Extras”

Márcia copoLa

Revisão

ViViane t. MendeS

Marina nogueira

ana Luiza couto

VaLquíria deLLa pozza

Revisão técnica

Érico MeLo

Tratamento de imagem

aMÉrico Freiria

Agradecimentos

Os autores agradecem a André Conti, André Diniz, Ana Maria Tenca, Rafaela Deiab, Mariana Mendes, Helen Nakao e equipe Letrinhas.

As barbas do imperador, 4

Extras

Making of — Estudo de personagens, 118

Escravidão, 120

Cronologia, 124

Guerra do Paraguai: um embate em imagens, 128

Da arte aos quadrinhos, 130

Pensadores e autores, 134

Fotografia, 138

Créditos das imagens, 141

Bibliografia, 142

Biografias, 143

[2014]Todos os direitos desta edição reservados àeditora Schwarcz S.a.

Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — Sp — Brasil Telefone: (11) 3707-3500Fax: (11) 3707-3501www.companhiadasletras.com.br www.blogdacompanhia.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, Sp, Brasil)

Schwarcz, Lilia Moritz e Spacca; As barbas do imperador / Lilia Moritz Schwarcz e

Spacca ; [ilustrações] Spacca. — 1a ed. — São Paulo : Com-panhia das Letras, 2013.

iSbn 978-85-359-2335-3

1. Histórias em quadrinhos I. Spacca. II. Tí tulo.

13-09076 cdd-741.5

Índice para catálogo sistemático:1. Histórias em quadrinhos 741.5

Su m a r io

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Hoje vou contar a história de Aukê.

Mãe, você já tá

cansada de me carregar?

Assim que o menino nasceu, Amcukwéi, com medo, o enterrou...

então você não quer

cuidar de mim, não é?

Quero sim! Eu cuido de você!

Mas a mãe de Amcukwéi desenterrou o neto, lavou-o e deu de mamar.

Sim, sai daí!

uma moça chamada Amcukwéi estava grávida. Um dia, ela ouviu o guincho de um preá.

Mas ela olhou em volta, olhou, e não viu preá algum.

Quiii!!!

Introdução

Quiii!!!

Na terceira vez que ouviu o preá é que ela descobriu de onde vinha o guincho...

Então a criança falou pra ela:

O pequeno Aukê tinha o dom de se transformar em qualquer animal...

...botando medo nos parentes. Então o irmão

de Amcukwéi matou e enterrou Aukê.

Mas no dia seguinte...

Por que vocês me mataram? Eu não vou

fazer nenhum mal!

Outra vez o tio de Aukê o empurrou do alto de um morro...

Aukê é o imperador D.Pedro II,

pai dos brancos.

Mito dos índios Ramkokamekrá- -Canela (Timbiras do Maranhão) recolhido nos anos 1930 pelo antropólogo Curt Nimuendajú.

um dia o tio conseguiu matar e queimar Aukê.

Mas, quando foram ver as cinzas, Aukê tinha virado um homem branco e morava numa fazenda.

Aukê construiu uma casa grande e criou negros da madeira escura de uma árvore, cavalos do pau de bacuri e gado de piquiá.

E chamou Amcukwéi para viver com ele.

...mas Aukê se transformou em folha seca e não morreu.

E aí, a má

sorte se abateu

sobre o grupo.

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Capítulo 1: Órfão da nação

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Três foguetes! É um menino!

rio de Janeiro, madrugada alta de 2 de dezembro de 1825. nasce às duas e meia o príncipe herdeiro de todas as esperanças nacionais, ou ao menos das elites brasileiras...

Graças a Deus! Depois de

quatro filhas, finalmente um varão!

É o primeiro príncipe nascido em solo

brasileiro.

O império está salvo! Já temos um herdeiro.

Coitadinho... tão pequeno

e magrinho... a princesa sofreu

muito...Puxou a mãe,

você viu? Loiro, olhos azuis... um anjinho, um menino Jesus!

O príncipe é o oitavo duque de Bragança,

e ainda traz no sangue a herança dos Bourbons e Habsburgos da Áustria.

VIVA O PRÍNCIPE!

Baseado em pintura de Armand Julien Pallière, c. 1830, MIP.

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Eram muitas as esperanças que

envolviam a criança imperial.

Mas o Império não andava nada bem...

O imperador é um homem de

verdade, peitou os portugueses.

Esta constituição não é digna de mim

e do Brasil!

As províncias do nordeste reagem, e estoura em Pernambuco um movimento republicano, a Confederação do Equador.

no âmbito externo, a situação não era melhor.

Em 1825, d. Pedro I assina um tratado com Portugal, que reconhece a independência em troca de vantagens financeiras.

A desajeitada Guerra da Cisplatina (1825-28) resultou na independência do uruguai, e Brasil e Argentina saíram igualmente derrotados.

A rebelião é sufocada e os líderes do movimento são sumariamente executados.

O imperador anda

arrastando a asa para os portugas.

está de olho no trono

do pai...

REPÚBLICA

DO URUGUAI

Quer unir de novo

o Brasil a Portugal!

frei caneca

Como imperador e defensor perpétuo

do Brasil, dissolvo esta assembleia constituinte

e convoco outra, que trabalhará sobre um projeto que hei de

apresentar.

Artigo 99: “a pessoa do imperador é inviolável e sagrada. Ele não está sujeito a responsabilidade alguma”.

A Constituição de 1824 cria o Poder Moderador, que dá plenos poderes ao monarca de interferir nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

dez dias depois do primeiro aniversário do príncipe Pedro, morre sua mãe, a princesa Leopoldina.

Essa foi a época dos grandes amores de d. Pedro I. no dia de seu aniversário, 12 de outubro, d. Pedro elevou a viscondessa de Santos a marquesa.

Como se não bastasse, pairavam suspeitas sobre a causa da morte da imperatriz. Lenda ou não, o fato é que a

mãe de d. Pedro II sucumbiu a um parto prematuro, o que contribuiu ainda mais para a construção popular da imagem do “mártir da nação”.

Mas esse mesmo voluntarismo do monarca é causa de tensões políticas...

E não deixa passar um rabo

de saia...

VIVA!!!

VIVA!!!

Morreu de

desgosto.

O imperador é um

desalmado, um bruto!

E a descarada da concubina ainda tentou visitá-la no

leito de morte!

“Minha mana! Não vos tornarei a ver (...). Há

quase quatro anos que por amor a um monstro sedutor me vejo reduzida ao estado

da maior escravidão e totalmente esquecida do meu adorado Pedro.

Ultimamente acabou de dar-me a última prova de seu total esquecimento,

maltratando-me na presença daquela mesma que é a causa de todas as minhas desgraças.”(*)

Não abra a cortina...

Faça-se noite!

Dizem que o imperador...

Eu soube que tiveram uma

discussão e...

A imperatriz apareceu mancando

depois desse dia.

Será?

Bas

eado

em

Acl

amaç

ão d

e d.

Ped

ro I,

Jea

n-Ba

ptis

te D

ebre

t.

1822

1823

1824

três anos antes, seu pai, d. Pedro I , havia se transformado no líder da independência política, evitando o desmembramento do país.

(*)

Car

ta d

e Le

opol

dina

à s

ua ir

mã.

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Começam as inúmeras tentativas para a obtenção de uma nova esposa para d. Pedro I.

Após três anos, o monarca finalmente se casa com d. Amélia de Leuchtenberg,

princesa da Baviera, de dezessete anos de idade e cuja beleza, dizem os documentos,

teria sossegado os humores do rei.

E a marquesa?

Viva

d. Pedro II!

Viva o imperador!!

Cadê o papá?... Cadê?...

Papá já vem, está viajando, mas já vem...

cumprimente, imperador... Viva d. Pedro II,

nosso imperador!!!

Viva d. Pedro!

d. maria da glória

d. amélia

d. pedro

Abaixo os portugueses!

É assunto encerrado.

“D. Maria da Glória, filha de d. Pedro I e herdeira legítima do trono, é impedida de assumir a sucessão

por seu tio d. Miguel...”

E nós com isso? Não falei que d. Pedro está de olho

no trono português?

Quatro mil pessoas no

Campo de Santana exigem

a volta do ministério brasileiro.

Não aceito a imposição.

Prefiro abdicar!

tal qual um instrumento colocado no trono pelas mãos das elites, era também por elas destituído.

o monarca partiu, assim, para Portugal, com a firme intenção de recuperar o trono para sua filha, d. Maria da Glória...

...deixando para trás o príncipe d. Pedro, com pouco mais de cinco anos, e as princesas imperiais d. Januária e d. Francisca.

no Brasil, crescem a desconfiança e o desrespeito ao imperador.

os abusos do voluntarismo político de d. Pedro I acabariam por levá-lo à abdicação em 7 de abril de 1831.

Noite das Garrafadas – 13/3/1831.

no entanto, a calmaria seria breve. Em Portugal, já em 1828, tivera início uma grave crise de sucessão do trono.

“o inocente menino imperador, sustentado pelo Amor e Honra dos Brasileiros” (Aurora Fluminense de 18 de julho de 1831)

“o imperador órfão, filho querido da nação” (Correio Paulistano de 26 de outubro de 1832)

na vida dos reis, separações entre pais e filhos representam momentos solenes.

As biografias mais tradicionais destacam frases de efeito da jovem madrasta, d. Amélia:

( *) C

arta

de

d. A

mél

ia p

ara

d. P

edro

II.

“Adeus, querido menino... Delícias da minha

alma, alegria dos meus olhos, filho que meu

coração tinha adotado! Adeus para sempre! ”(*)

“Mães brasileiras, eu vos confio este preciosíssimo penhor da felicidade de vosso país, tão belo e puro como o primogênito do paraíso... Adeus, órfão imperador, vítima da tua grandeza

antes que a saibas conhecer!”(*)

nesta pequena tabaqueira de ouro feita nessa época, d. Pedro I entrega a coroa brasileira ao filho e estende a mão a d. Maria da Glória, futura rainha de Portugal. Em um só gesto, dois reinos.

A cena, retratada por Jean-Baptiste debret, transforma a aclamação do pequeno d. Pedro em um momento idealizado e celebrativo. o ritual dialoga com a aclamação popular que faz do jovem imperador a realização das preces da nação.

Acorde, imperador...

Base

ado

em C

asam

ento

de d

.Ped

ro I

e d. A

mélia

, Jea

n-Ba

ptis

te D

ebre

t.

Baseado em pintura de J. W. Rodrigues.