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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 2
2 PRISÕES ........................................................................................................................................................ 2
2.1 Natureza Jurídica ...................................................................................................................... 2
2.2 Multicautelaridade ..................................................................................................................... 2
2.3 Requisitos .................................................................................................................................. 3
2.4 Mudanças realizadas pelo Pacote Anticrime .......................................................................... 4
2.5 Prisão Preventiva ...................................................................................................................... 7
3 LEGISLAÇÃO CITADA............................................................................................................................... 11
4 LISTA DE QUESTÕES ................................................................................................................................ 15
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1 INTRODUÇÃO
Estudo acerca da prisão. Conforme lição do doutrinador Fernando Capez, "prisão é a privação de
liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante
delito". A prisão é um "castigo" imposto pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal, para que este
possa se reabilitar visando restabelecer a ordem jurídica violada. Serão abordados os principais aspectos
relacionados ao instituto.
Ainda, serão abordadas as medidas cautelares diversas da prisão, que foram incluídas no Código de
Processo Penal pela Lei 12.403/2011, baseando-se na legislação italiana e portuguesa, e suas modalidades estão
elencadas no art. 319 do referido Código. Elas são a forma que a legislação encontrou para manter o direito de
liberdade do indivíduo e, ainda assim, garantir o bom andamento do processo penal, como forma mais branda,
de acordo com a adequação ao delito cometido.
2 PRISÕES E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
2.1 Natureza Jurídica
Vale lembrar que a natureza jurídica dessas providências é de medidas cautelares pessoais. Tanto as
prisões como as medidas diversas da prisão atingem diretamente a pessoa, privando ou restringindo a liberdade
do indivíduo. Não se deve confundir as cautelares pessoais com as cautelares probatórias, como, por exemplo,
uma colaboração premiada, interceptação telefônica, pois são medidas que buscam obter provas. Tampouco não
se deve confundir com as cautelares patrimoniais. Portanto, não estamos falando aqui de cautelares probatórias,
tampouco atingir o patrimônio da pessoa.
As prisões e as medidas cautelares diversas atingem diretamente a pessoa para conseguir garantir um
resultado útil da investigação do processo.
2.2 Multicautelaridade
Não se tem mais o que se chamava de “bipolaridade”, pois antigamente havia de um lado a prisão e de
outro a liberdade provisória com ou sem fiança. Atualmente existe uma multiplicidade de medidas cautelares
disponíveis, notadamente a partir de 2011 quando foi ampliado o rol de medidas cautelares pessoais (art. 319,
CPP).
Antes de ser analisado quais são as prisões cautelares e suas mudanças, é importante avaliar
primeiramente o fundamento constitucional hospedado no art. 5º, LXI.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
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LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Já no Código de Processo Penal, na legislação infraconstitucional, portanto, o art. 283 é o que fala das
prisões e teve sua redação alterada pelo Pacote Anticrime.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão
cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
2.3 Requisitos (Pressupostos)
Fumus comissi delicti
É a plausibilidade do direito de punir. Se evidencia quando se mostra com indícios claros que o crime
aconteceu e existe um determinado suspeito. Então possui essa “fumaça” do cometimento do delito.
É representado por 2 elementos:
a) prova da materialidade;
b) indícios de autoria.
Periculum libertatis
O perigo deriva do risco que a liberdade plena do suspeito gera para a persecução penal. O perigo da
liberdade desse indivíduo se evidencia pelas hipóteses de garantia da ordem pública ou econômica,
conveniência da instrução criminal (evitar destruição de provas ou testemunhas ameaçadas), e, por fim,
assegurar a aplicação da lei penal, ou seja, evitar que o imputado fuja, se furte à aplicação da lei.
Confunde-se com as 4 hipóteses do principio da necessidade:
a) garantia da ordem pública;
b) garantia da ordem econômica;
c) conveniência da instrução criminal;
d) assegurar a aplicação da lei penal.
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MEDIDAS CAUTELARES
DIVERSAS DA PRISÃO PRISÃO TEMPORÁRIA PRISÃO EM FLAGRANTE
garantia da ordem pública ou da
ordem econômica (evitar a
prática de infrações penais)
conveniência da instrução
criminal
assegurar a aplicação da lei
penal
imprescindibilidade para
as investigações do
inquérito policial
ausência de residência fixa
ou não fornecimento de
elementos necessários ao
esclarecimento de sua
identidade
necessidade de
interrupção do crime ou
acautelar as provas
Art. 282, I e 312 do CPP Art. 1º da Lei 7.960/89 Art. 302 do CPP
2.4 Mudanças realizadas pelo Pacote Anticrime
O regramento acerca dessas cautelares se inicia no art. 282, CPP, e os incisos I e II não foram alterados.
No referido artigo, se tem justamente os princípios que norteiam a aplicação dessas medidas cautelares, a saber:
Princípio da necessidade: para a aplicação da lei penal ou investigação e instrução criminal, ou ainda
para evitar a prática de novos crimes. Veja que o princípio da necessidade se confunde com as hipóteses
de cabimento das cautelas diversas da prisão.
Princípio da adequação: da medida, gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais
do imputado. Também é possível extrair um terceiro princípio, o da proporcionalidade.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade
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policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz,
ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os
casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em
decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida
excepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar
a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de
forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma
individualizada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
No § 2º supracitado é onde iniciam as alterações de acordo com o Pacote Anticrime. As
medidas cautelares são decretadas pelo juiz, o que já vinha sendo adotado, pois, em regra, é o
magistrado que decreta as cautelares diversas da prisão, sendo que existe a exceção de o Delegado
poder arbitrar fiança no caso de crime com pena máxima até 4 anos.
Mas veja, permanece a regra do juiz decretando, porém, “(...) a requerimento das partes ou,
por representação do Delegado ou por requerimento do Ministério Público”. Inexiste, neste artigo,
a possibilidade de o Juiz decretar medidas cautelares de ofício. Essa é uma medida que vem na linha
de que o Pacote Anticrime almejava, fazer de reafirmar o sistema acusatório. É sabido que o sistema
acusatório, diferentemente do inquisitório em que era permitida a acumulação de funções, presa pela
separação das funções de investigar, acusar, defender e julgar. O Juiz, em sua importante missão
jurisdicional, não deve se imiscuir, interferir na atividade investigativa, tampouco na acusatória.
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Neste sentido a doutrina já criticava e agora a lei prevê que não deve persistir a possibilidade
de o juiz decretar de ofício uma medida cautelar, sem provocação de terceira pessoa.
No caso do § 4º, existem as consequências no caso de descumprimento. Nesta situação o Juiz,
mediante requerimento do MP ou do querelante, não de ofício, poderá substituir a medida imposta
ou impor outro em cumulação, mantendo a primeiramente imposta (a qual havia sido
descumprida). Ou ainda, o Juiz substitui a medida primeiramente decretada por uma prisão
preventiva.
Veja que a prisão é sempre a última das opções, é o último recurso por ser uma medida drástica
de privação da liberdade, não mera restrição.
Quanto ao § 5º, é o Juiz, a pedido ou de ofício, revogando a medida e não decretando outra
em seu lugar. Pode também proceder a substituição, nesse caso seria eliminada a medida inicial e
incluindo uma nova. Ainda, se o juiz tivesse revogado a medida inicialmente e os motivos, as razões
voltarem a acontecer, é possível impor a mesma medida anteriormente imposta/revogada.
A única situação que não ficaria de “bom tom” o juiz agir de ofício, é quando ele substitui
uma medida por outra ou volta a decretar, porque estaria adotando medida gravosa ao investigado,
tendo em vista que ele não pode agir de ofício nesta hipótese.
Quanto ao §6º, não se pode mais aceitar a decisão do juiz de imposição de prisão preventiva
genérica e abstrata, ou seja, termos genéricos sem indicar fundamentadamente o que no caso concreto
justificaria a medida grave. A motivação deve ser no caso concreto de forma pormenorizada. O que
o Pacote Anticrime quer é evitar aquelas decisões “coringa”, aqueles modelos que servem para
decretar prisão de inúmeros de investigados por meio de utilização de expressões genéricas e
abstratas.
Agora, no art. 319, CPP, são estudadas as medidas cautelares diversas da prisão em espécie.
Esse rol permanece o mesmo pois não sofreu alterações pelo Pacote Anticrime.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,
para informar e justificar atividades
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente
ou necessária para a investigação ou instrução;
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V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a
prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a
atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial
IX - monitoração eletrônica.
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste
Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.
Se o juiz quiser decretar uma prisão preventiva, deve ser indicado o motivo de as cautelares diversas não
serem suficientes. Só cabe a prisão preventiva se não for o caso de imposição de uma cautelar diversa da prisão.
2.5 Prisão Preventiva
Ora, o art. 312, CPP permaneceu inalterado, no entanto, o art. 311 sofreu alterações conforme o Pacote
Anticrime.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá
a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Conforme exposto, não se vê mais a possibilidade do Juiz decretar a prisão preventiva de ofício, mesmo
no processo. O Juiz não age de ofício para decretar a prisão preventiva, nem na investigação criminal e nem
mesmo no processo. É mais um dos dispositivos alterados para reafirmar o sistema acusatório.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado.
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§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento
de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art.
282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada
em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução
das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar
pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será
sempre motivada e fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
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§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra
cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão
preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo
para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que
a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias,
mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
A parte final do caput, do art. 312 é que se encontra a novidade (perigo gerado pelo estado de liberdade
do imputado), ou seja, o legislador quis deixar claro que é necessário um perigo gerado pela liberdade do
imputado para que seja decretada a prisão preventiva.
O art. 315, CPP informa que a decisão que decreta, substitui ou denega a prisão preventiva deve ser
fundamentada e a grande novidade deste dispositivo é que ele vai trazer concretamente situações em que se
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verifica ou não, efetivamente essa motivação. Na motivação da preventiva ou qualquer outra medida cautelar,
o Juiz tem que indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos.
3 LEGISLAÇÃO CITADA
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
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requerimento do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. Parágrafo único. O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida pela autoridade competente, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora. Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado, se este for o documento exibido. Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
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Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso. § 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. § 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do
mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida. Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas. Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato. (Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017) Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito. Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável. Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957) III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
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V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Redação dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966) § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) § 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos. Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado original. Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes.
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4 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS
01 (Promotor de Justiça – MPE-CE – CESPE - 2020) De acordo com o Código de Processo Penal, é cabível ao
juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar a
a) pessoa de setenta e cinco anos de idade condenada pela prática do crime de estelionato.
b) gestante condenada pelo crime de furto qualificado, desde que já tenha ultrapassado o sétimo mês de
gravidez.
c) mulher que, condenada pelo crime de roubo, tenha filho de um ano de idade.
d) homem que, condenado pelo crime de corrupção passiva, seja o único responsável pelos cuidados do
seu filho de dez anos de idade.
e) mulher que tenha praticado o crime de abandono de incapaz contra seu filho de cinco anos de idade.
02 (Oficial de Justiça Avaliador – TJ-PA - CESPE – 2020) De acordo com o entendimento do STF, o uso de
algemas
a) é uma excepcionalidade e deve ser justificado previamente, de forma oral ou por escrito .
b) é restrito à prisão penal, sendo inadmissível na prisão cautelar, devido ao princípio da inocência.
c) ensejará responsabilidade disciplinar, civil e penal da autoridade que o determinar, caso seja injustificado.
d) ensejará a anulabilidade da prisão e dos atos subsequentes, caso seja injustificado
e) é lícito somente nas hipóteses de fundado receio de fuga e de perigo à integridade física de terceiros.
03 (Advogado – Autarquia Municipal Gramadotur – FUNDATEC – 2020) De acordo com o Código de
Processo Penal, são medidas cautelares diversas da prisão:
I. Comparecimento periódico em juízo, no prazo de a cada 6 meses e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades.
II. Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, a critério do juiz, deva o indiciado ou
acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações.
III. Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) Apenas II e III.
04 (Defensor Público –DPE-SC – FCC – 2017) Sobre as medidas cautelares diversas da prisão, é correto
afirmar:
a) A medida cautelar de proibição de manter contato com determinada pessoa é vedada a crimes que não estejam
submetidos à Lei Maria da Penha.
b) a verificação da situação econômica do preso para fins de dispensa de fiança deve vir acompanhada de prova
robusta produzida em juízo, mesmo em caso de pessoa assistida pela Defensoria Pública.
c) É vedada a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão de maneira cumulativa, sob pena de violação
ao princípio da proporcionalidade.
d) Se ao receber o auto de prisão em flagrante o juiz verificar de plano que é o caso de aplicação de uma medida
cautelar diversa da prisão, pode dispensar a realização da audiência de custódia, pois o resultado é benéfico ao
investigado.
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e) Em caso de descumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, o Código de Processo Penal prevê
expressamente que a decretação da prisão preventiva só deve ocorrer em último caso.
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GABARITO
01. D
02. C
03. C
04. E