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“Conheça o projeto Artes Táteis!” Ano II Número 15 Brasília, janeiro/fevereiro de 2009 Élson Ribeiro e Póvoa, Presidente do Sindicato da Construção Civil do DF – SINDUSCON Entrevista exclusiva nas páginas 4, 5 e 6 “O Governo fez a sua parte. Mas os bancos não atenderam a esse pedido. Eles estão entesourados, eles não estão emprestando!” C onforme previmos na edição de no- vembro/dezembro, afinal foi lançado neste janeiro de 2009 o edital de licitação de 63 terrenos no Setor Noroeste (52 lotes para prédios residenciais e 11 para edifí- cios comerciais), isto depois de uma série quase interminável de impedimentos de or- dem judicial que duraram mais de um ano. Na verdade, o desenho para a úl- tima área vazia dentro da zona tombada do DF foi elaborado em 1954 pelo arquiteto Paulo Zimbres, um dos mais conceituados da Capital, que hoje aos 76 anos poderá ver o início da construção do setor que idealizou, com a preocupação de não repe- tir equívocos de projeções anteriores. A propósito, afirmou: - Lúcio Costa dizia que Brasília é um laboratório em que observamos as experiências, aprendemos com elas e avançamos. O projeto do Noroeste foi feito com base em uma assimilação e um aprendizado da cidade. Assim, o Setor Noroeste segue as mesmas diretrizes do Plano Piloto, com prédios de seis andares e comércios locais. Mas desta vez o novo bairro não repetirá o que não deu certo nas primeiras quadras e no Setor Sudoeste. Os edifícios comer- ciais ficarão mais afastados das residên- Sucesso na Licitação do Noroeste O Editor Página 8 cias, para que o vai-e-vem nas lojas não atrapalhe o sossego dos moradores. Para que se tenha uma idéia do in- teresse despertado pela aquisição de lotes do novo bairro brasiliense, basta dizer que os representantes do mercado imobiliário brasiliense compareceram em peso à lici- tação. E já na primeira fase das vendas, 54 das 63 projeções foram vendidas, com a Terracap arrecadando R$ 537 milhões, montante superior ao obtido pela empresa em todo o transcurso de 2008. A próxima venda de lotes do Noroeste Ecovila deve acontecer no final deste mês de fevereiro ou até março, depois que a equipe estatal analisar o comportamento dos licitantes nesta primeira etapa. Para Marco Antônio Demartini, Di- retor Executivo da Lopes Royal, empresa que mais comercializa imóveis no DF, havia uma grande expectativa pela abertura da licitação: “Todas as incorporadoras e con- strutoras estavam esperando ansiosa- mente por esta abertura, já que há uma de- manda reprimida muito grande em Brasília”. E adiantou que a Lopes Royal vai marcar presença na venda de imóveis no Noroeste: - Trabalhamos para 32 das construtoras do Distrito Federal. Página 3 Dra. Andréia Mourão fala sobre busca do Crédito Página 2 e 3 Página 7 Corretagem, Procuração e Rescisão de Contrato Contábil: Alterações na Lei das Sociedades Anônimas Trabalhista: Estabilidade, Justa Causa e outros temas

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Page 1: Sucesso na Licitação do Noroestesampaiopinto.adv.br/pdf/Tribuna15povoa.pdfE adiantou que a Lopes Royal vai marcar presença na venda de imóveis no Noroeste: - Trabalhamos para 32

“Conheça o projeto Artes Táteis!”

Ano II Número 15 Brasília, janeiro/fevereiro de 2009

Élson Ribeiro e Póvoa, Presidente do Sindicato da Construção Civil do DF – SINDUSCON

Entrevista exclusiva nas páginas 4, 5 e 6

“O Governo fez a sua parte. Mas os bancos não atenderam a esse pedido. Eles estão

entesourados, eles não estão emprestando!”

Conforme previmos na edição de no-vembro/dezembro, afi nal foi lançado

neste janeiro de 2009 o edital de licitação de 63 terrenos no Setor Noroeste (52 lotes para prédios residenciais e 11 para edifí-cios comerciais), isto depois de uma série quase interminável de impedimentos de or-dem judicial que duraram mais de um ano. Na verdade, o desenho para a úl-tima área vazia dentro da zona tombada do DF foi elaborado em 1954 pelo arquiteto Paulo Zimbres, um dos mais conceituados da Capital, que hoje aos 76 anos poderá ver o início da construção do setor que idealizou, com a preocupação de não repe-tir equívocos de projeções anteriores. A propósito, afi rmou: - Lúcio Costa dizia que Brasília é um laboratório em que observamos as experiências, aprendemos com elas e avançamos. O projeto do Noroeste foi feito com base em uma assimilação e um aprendizado da cidade. Assim, o Setor Noroeste segue as mesmas diretrizes do Plano Piloto, com prédios de seis andares e comércios locais. Mas desta vez o novo bairro não repetirá o que não deu certo nas primeiras quadras e no Setor Sudoeste. Os edifícios comer-ciais fi carão mais afastados das residên-

Sucesso na Licitação do Noroeste

O EditorPágina 8

cias, para que o vai-e-vem nas lojas não atrapalhe o sossego dos moradores. Para que se tenha uma idéia do in-teresse despertado pela aquisição de lotes do novo bairro brasiliense, basta dizer que os representantes do mercado imobiliário brasiliense compareceram em peso à lici-tação. E já na primeira fase das vendas, 54 das 63 projeções foram vendidas, com a Terracap arrecadando R$ 537 milhões, montante superior ao obtido pela empresa em todo o transcurso de 2008. A próxima venda de lotes do Noroeste Ecovila deve acontecer no fi nal deste mês de fevereiro ou até março, depois que a equipe estatal analisar o comportamento dos licitantes nesta primeira etapa. Para Marco Antônio Demartini, Di-retor Executivo da Lopes Royal, empresa que mais comercializa imóveis no DF, havia uma grande expectativa pela abertura da licitação: “Todas as incorporadoras e con-strutoras estavam esperando ansiosa-mente por esta abertura, já que há uma de-manda reprimida muito grande em Brasília”. E adiantou que a Lopes Royal vai marcar presença na venda de imóveis no Noroeste: - Trabalhamos para 32 das construtoras do Distrito Federal.

Página 3

Dra. Andréia Mourão fala

sobre busca doCrédito

Página 2 e 3

Página 7

Corretagem,Procuração e Rescisão de

Contrato

Contábil: Alterações na Lei

das SociedadesAnônimas

Trabalhista:Estabilidade, Justa Causa e outros temas

Ano II Número 15 Brasília, janeiro/fevereiro de 2009Ano II Número 15 Brasília, janeiro/fevereiro de 2009

Élson Ribeiro e Póvoa, Presidente do Sindicato da Construção Civil do DF – SINDUSCON

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Brasília, janeiro/fevereiro de 2008 2

O nosso ordenamento jurídico, principal-

mente no que se refere à expropriação de bens no processo de execução, ficou por longo tempo imerso em um emara-nhado de procedimentos exaustivos e onerosos à parte credora. A efetiva satisfação do crédito perseguido pelo credor ficava sempre

relegada às manobras que o devedor imprimia ao processo, muitas vezes, com o único fim de tumultuá-lo e impedir o recebimento ou a ex-propriação de bens frente à dívida constituída em seu desfavor. Em decorrência desse panorama pro-cessual, efeitos prejudiciais enfileiravam-se e criavam situações onde, por reiteradas vezes, parecia que estar na condição de devedor era o “melhor negócio”. Assim, viu-se a necessidade premente de se buscar mecanismos outros que possibili-tassem ao credor escapar dos percalços buro-cráticos e do custo elevado da alienação ju-dicial em hasta pública, tudo para o fim de ampliar as possibilidades de sucesso e efe-tividade da expropriação executiva. E, desta forma, significativas alterações foram intro-duzidas em nosso ordenamento, como, por e-xemplo, a penhora on-line; a averbação da cer-tidão de ajuizamento de execução no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto; e, a que reputo como importantíssima, a denomi-nada “Alienação por Iniciativa Particular”. Pois bem, a Lei nº 11.382/2006 intro-duziu o artigo 685-C no Código de Processo Civil, com o escopo de regular esse novo ins-tituto que se insere dentre as espécies de “ex-propriação de bens” no processo de execução por quantia certa contra devedor solvente e, também, na fase de cumprimento de sentença que determinar a obrigação de pagar. A alienação por iniciativa particular vem colocada em segundo lugar na ordem de prefe-rência estabelecida pela lei, estando à frente da própria arrematação. O referido artigo 685-C do CPC estabelece que, não havendo adjudica-ção, cabe ao credor requerer que os bens penho-

Da necessária busca à satisfação do créditorados (móveis ou imóveis) sejam alienados por sua própria iniciativa ou, então, por intermédio de um corretor credenciado junto ao Poder Judi-ciário. Portanto, a condição primeira a possi-bilitar tal procedimento, a pedido do credor e deferimento do juiz, é que não estejam pen-dentes possíveis embargos de executado com atribuição de efeito suspensivo à execução, bem como se verifique a inocorrência de ad-judicação frente ao bem objeto da constrição. Atendidas estas condições, o juiz deferirá o pedido de alienação por iniciativa particular, determinando, de pronto, o prazo em que a alienação pelo próprio credor ou por meio de corretor deverá ser realizada; a forma que se dará publicidade a essa tentativa de expropria-ção; o preço mínimo à alienação; as condições de pagamento e as garantias a serem prestadas pelo adquirente, caso ele não pague à vista; e, se for o caso, a comissão de corretagem. Com efeito, acertado o negócio entre credor e adquirente, essa alienação será for-malizada por termo consubstanciado nos autos do processo, assinado pelo juiz, pelo credor/exequente, pelo, então, adquirente, e, se for o caso, pelo devedor/executado, expedindo-se a carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário ou, se bem móvel, o man-dado de entrega ao adquirente. As principais características inovadoras e essenciais à alienação por iniciativa privada recaem sobre o seguinte: (a) o seu emprego ou utilização independe da concordância do devedor. Evidentemente, o juiz franqueará a oportunidade de manifestação ao devedor, mas o deferimento à realização dessa modalidade expropriatória não fica condicionada à aceita-ção da parte demandada; (b) essa modalidade expropriatória conta com autonomia procedi-mental: não haverá, de regra, a publicação de editais (obrigatórios, no entanto, para a hasta pública, seja leilão ou praça), submetendo-se aos mecanismos de publicidade determinados pelo juiz ou pelo tribunal, em regulamentação, moldáveis ao caso concreto; e, (c) não se veri-fica a obrigação de se realizar um procedimen-to formal de disputa de propostas. No caso da tentativa de alienação de bem imóvel, o credor ou o corretor designado terá a tarefa de en-contrar um adquirente que pague, ao menos, o preço mínimo fixado pelo juiz. Caso consiga obter um valor maior pelo bem, tanto melhor

ARTIGO

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Brasília, janeiro/fevereiro de 2008 3

Jornalista Responsável:Fernando Pinto - Registro profissional nº 5722/11/125-SP

Matrícula no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF: 1.174E-mail: [email protected]

Editor Jurídico:Cláudio Augusto Sampaio Pinto, OAB/DF 14.294.

Colaboradores:Luana de Luna, Carla E. F. Siqueira, Andréia M. Mourão, Olavo P.

Gomes, Leonardo R. Araújo e Bruno Dela Coleta Macedo. Projeto gráfico e Diagramação

Thiago Sarandy - [email protected]: Leonardo Prado

para o credor (amplia as chances da integral satisfação do crédito) e (ou) para o corretor (cuja comissão, de regra, equivale a um per-centual sobre o valor da alienação). É de se esclarecer que essa modalidade expropriatória não se aplica, dentre outras, à execução contra devedor insolvente, porque a lei determina que possível alienação dar-se-á, obrigatoriamente, mediante leilão ou praça. Em derradeiro, parece oportuno asse-verar quanto à constitucionalidade desse novo meio de expropriação executiva, qual seja, a alienação por iniciativa particular, onde ne-nhum problema ou impedimento de ordem constitucional se verifica, na medida em que tal procedimento deverá ocorrer, no mínimo, pelo valor dado ao bem na avaliação e fixado pelo juiz. Ora, se é dado ao credor a faculdade de ele mesmo ficar com o bem, adjudicando-o, nada obsta que ele encontre um terceiro que o adquira, dentro do preço e das condições de-terminadas no processo. Assim, a Alienação por Iniciativa Par-ticular é instituto de direito processual que se afigura em mecanismo de significativa uti-lidade e eficiência à satisfação do crédito per-seguido, mas que, talvez por um certo desco-nhecimento, não vem sendo utilizado por grande parte dos credores. E, desta forma, não pode-mos nos esquecer que a agilidade e a efetividade são pressupostos ao necessário pagamento dos valores perseguidos nos processos de execução por quantia certa contra devedor solvente e, tam-bém, na fase de cumprimento de sentença que determinar a obrigação de pagar.

SP&A Sampaio Pinto Advocacia e Consultoria JurídicaSGAS 902, Ed. Athenas, Bl. “B”, salas 216/217, Brasília -DFCEP: 70390-020 Fone: (61) 3202-7500 Fax: (61) 3202-5500

No final do ano de 2007, o Governo Federal fez profundas alterações na legislação comercial bra-sileira, no que tange aos procedimentos contábeis das empresas, sobretudo para aquelas de capital aberto: lei 11.638. Tal lei alterou a lei 6.404 de 1976, a cha-mada Lei das Sociedades por Ações. Essa medida era esperada há muito, sobretudo pelo vertiginoso cresci-mento no mercado de capitais do país nos últimos qua-tro anos, pelo fluxo de capitais estrangeiros em nossa Bolsa de Valores e pela quantidade de empresas que já têm papéis negociados na Bolsa de Nova York. As principais alterações dizem respeito à ade-quação de nossos procedimentos contábeis aos pa-drões internacionais. Tais mudanças permitirão uma padronização de critérios que facilitará a comparabili-dade das demonstrações contábeis. Hoje a apuração de resultados de uma empresa feita segundo as nor-mas brasileiras, norte-americanas e alemãs, nos dará três resultados absolutamente diferentes. Daí a justifi-cativa da necessidade de padronização. A crítica necessária diz respeito ao desco-nhecimento de causa dos nossos legisladores: a lei foi publicada “a toque de caixa”, introduzindo significati-vas mudanças para vigorarem a partir de 2008, criando uma nova cultura quando sequer nossas faculdades estão aparelhadas para o ensino da disciplina conta-bilidade internacional. Os órgãos técnicos normatiza-dores - Conselho Federal de Contabilidade, Comissão de Valores Mobiliários e Comitê de Pronunciamentos Contábeis - estão tendo uma atuação tímida no que concerne aos procedimentos a serem adotados pelas empresas. Alguns novos procedimentos a serem ado-tados terão grandes reflexos tributários. Para isso, também no apagar das luzes de 2008, o Governo edi-tou medida provisória alterando a lei 11638 e criando - entre outros -, um regime tributário de transição para as empresas tributadas pelo lucro real. Uma alteração significativa para as empre-sas de construção civil que já era objeto de norma do Conselho Federal de Contabilidade e que na prática não era seguida, diz respeito ao reconhecimento das receitas de vendas de imóveis construídos, com a extinção do grupo de resultados de exercícios futuros. A mudança está posta. Os novos critérios, muitos de avaliação pelo valor justo, não dependerão somente dos contadores. Os empresários são chamados a par-ticipar mais.

Andréia Moraes de O. MourãoAssessora Jurídica do SINDUSCON-DF,

Pós-Graduada em Direito Imobiliário, Sócia fundadora da Mourão e Moraes Advogados Associados

[email protected]

TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES

Olavo Pereira Gomes,Contador CRC/DF 4920, Sócio da Paccioli

Cont. Cons. e Inf. S/C Ltda.Professor da Unidade de Brasíl ia

[email protected]

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Brasília, janeiro/fevereiro de 2009 4

“O Governo fez a sua parte. Mas os bancos não atenderam a esse pedido. Eles estão entesourados, eles não estão emprestando!”

Entrevista exclusiva a LUANA de LUNA

Repórter – Como entidade representa-tiva, quais são os principais projetos do SINDUSCON-DF para os em-presários da construção civil?ÉLSON – A nossa entidade tem como finalidade precípua representar as nos-sas empresas nas gestões políticas, tanto junto ao Governo Federal quanto ao Governo Distrital. Essas atribuições nos são dadas através do Estatuto, e nós discutimos vários pontos de inte-resse do nosso associado, como recur-sos para obras, correção de rumos em alguns editais que saem com algumas imperfeições. E também com relação a leis estaduais ou federais que venham a prejudicar o setor. Enfim, a nossa en-tidade tem um leque muito amplo de representação em favor de nossos as-sociados. Nosso lema é atender bem e com presteza aos nossos associados.Repórter – Trata-se, então, de um atendimento bastante diversificado?ÉLSON – Sim. Dentro de nosso Sin-dicato, nós temos Assessorias Trab-alhistas, nós temos um advogado que responde às questões tributárias e, quando necessário, outras questões relacionadas ao setor. Enfim, nós es-tamos cobrindo praticamente todas as demandas que são solicitadas pelos as-sociados ao nosso Sindicato. Repórter - O senhor pode falar um pouco sobre o Programa de Respon-sabilidade Social e Ambiental, lança-do há dois anos pelo SINDUSCON?

Élson Ribeiro e Póvoa, Presidente do Sindicato da Construção Civil do DF – SINDUSCON

Esta afirmação é feita por um conhecido empresário identificado há muito tempo com o mer-cado imobiliário brasiliense. Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, formado em 1973 pela UnB, Élson Povoa exerce atividades no segmento da Indústria da Construção desde a década de 70. É o diretor da Vértice Engenharia e Comércio Ltda, atuando no setor de edificações e obras de arte (pontes, viadutos e outros). Foi eleito para a presidência do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (SINDUSCON-DF) no último pleito de 15 de maio de 2007 com o apoio de 95 por cento dos votos das empresas associadas, o que não se constituiu em nenhuma surpresa já que ele ocupara cargos na Diretoria da importante entidade sindical empresarial desde 1988, inclusive o de Diretor Tesoureiro e cinco vezes o de Vice-Presidente. Mineiro, de Patos de Minas, hoje com 59 anos de idade, o experiente profissional continua atento às oscilações do mercado imobiliário no País diante da crise financeira internacional e afirma que Brasília “é diferenciada com relação aos demais Estados

ÉLSON - Eu gostaria de separar em duas partes: a responsabilidade social; e depois a questão ambiental. Nós te-mos o nosso trabalho social, que é um trabalho muito bonito e que nós temos como contribuição de nossas empre-sas, com 1 por cento do salário bruto que é pago aos nossos empregados. Esse montante é recolhido para uma entidade que é o braço social de nossa empresa: o Serviço Social da Indús-tria, o SECONCI. Com esses recursos, nós atendemos a todos os nossos fun-cionários, aos nossos empregados da obra de construção civil, aos seus de-pendentes e à sociedade de uma forma geral. Temos ainda quase dois milhões de atendimentos médico-odontológico. Além dessa área de saúde, nós temos atendimento no ensino da Informática, inserindo tanto os empregados do setor da indústria e construção, quanto seus dependentes no mundo digital. Temos cursos de segurança no trabalho, in-clusive o de alfabetização, tanto em canteiro de obras quanto fora dele. Já conseguimos alfabetizar mais de sete mil empregados do setor da indústria e construção. E já temos inseridos na Informática, no mundo digital, mais de 22 mil pessoas. Como dá para ver, nós temos um trabalho social muito grande.Repórter – Esse trabalho é extensivo à área de esportes?ÉLSON – Sim, claro. Basta lembrar a

nossa Copa de Futebol, já tradicional. É a Copa Sinduscon de Futebol, que todos os anos é realizada. A próxima será a Sétima Copa. E isso tem trazido uma motivação muito grande para os nossos empregados, já que ela permite uma maior contato do empregado com o empregador, porque num campo de

“Nosso lema é atender bem e com presteza aos nossos

associados”.

PONTO DE VISTA

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“O Governo fez a sua parte. Mas os bancos não atenderam a esse pedido. Eles estão entesourados, eles não estão emprestando!”

Entrevista exclusiva a LUANA de LUNA

Élson Ribeiro e Póvoa, Presidente do Sindicato da Construção Civil do DF – SINDUSCON

futebol todos ali são iguais. Na última Copa, nós tivemos mais de 1.400 pes-soas dentro do nosso estádio assistindo ao jogo de futebol. E tivemos 26 times disputando o campeonato. Todos es-ses times formados por empregados da construção civil, incluindo patrões dos setores da indústria e da construção

brasileiros. Então nós vamos ter um crescimento muito bom, principalmente com a construção do Setor Noroeste, que está aí por causa do poder de compra da nossa população e porque o setor da indústria e da construção civil no DF está tendo um apoio muito grande do Governo local”. Ressalta as inúmeras atividades do Sindicato, inclusive nos planos social e ambiental, desde que tomou posse como Presidente em 1º de julho de 2008. Menciona também a participação positiva do Governo Federal na ajuda efetiva ao segmento empresarial: - “Alguns créditos são concedidos, mas demoram muito para chegar na ponta. E as empresas, quando recorrem a elas, não conseguem obter esses créditos. Precisa haver uma desburocratização dessas ofertas de crédito e fazer com que os bancos cumpram com as determinações governamen-tais. Porque, de sua parte, o Governo Federal já tomou várias medidas corretas, facilitando os trâmites bancários para aumentar o fluxo de ação das empresas através do que chamamos de capital vivo”.

ou então de entidades afins, como o próprio Sinduscon, Crea, Confea, Sin-dicato dos Engenheiros e etc.Repórter - E em relação à parte ambi-ental, o que está sendo feito?ÉLSON - Com relação a esse setor, nós temos trabalhado muito para con-seguir áreas de transbordo, que são áreas que você possa depositar resídu-os sólidos, oriundos do setor de cons-trução, os entulhos, para que se possa transformá-los em agregados, para que possam ser reaproveitados no setor da indústria e construção. E isso com dois objetivos. O primeiro porque nós dare-mos um fim social, porque ele vai de certa forma proporcionar empregos a pessoas que muitas vezes nem renda têm, inserindo-as no nosso setor. E se-gundo em transformar aquele entulho em riqueza, em agregados dos setores da indústria e da construção e que pode ser triturado para ser transformado em areia artificial, transformar em materi-ais para o aterro de rodovias. O SLU já está conseguindo 100 ecopontos, que são pequenos pontos nos quais pode-se colocar esses materiais provi-soriamente, para daí então transportá-los para grandes áreas, onde nós tere-mos os moinhos que transformarão esses materiais. Aí nos vamos ter duas vantagens. A primeira é que a partir do momento que for reaproveitado esse material, retirando-o da natureza, haverá uma maior preservação ambi-

ental. E ao mesmo tempo nós vamos inserir pessoas que estão fora da renda, para que eles tenham um salário digno e para que possam dar um maior status às suas famílias. Assim, você protege o meio ambiente e ao mesmo tempo deixa de jogar nos lixões. Como se sabe, o grande problema do lixão está relacionado aos materiais da indústria e construção.Repórter – Na sua avaliação, o lança-mento do Setor Noroeste é suficiente para garantir o otimismo do mercado financeiro, mesmo diante do atual cenário de incertezas?ÉLSON – Brasília tem uma situação diferenciada com relação ao restante do País, porque no setor imobiliário nós temos como potenciais compradores os funcionários públicos, que têm uma renda acima da média, inclusive esta-bilidade no emprego. Porque o grande problema hoje que nós enfrentamos é a incerteza do emprego amanhã. E 60 por cento dos adquirentes da casa própria, para investimento ou para mo-radia, são dessas pessoas. Além disso, nós temos muitas pessoas da iniciativa privada que compram um imóvel como investimento, porque o imóvel é um investimento seguro, rentável e que, independentemente desse cataclisma, proporciona segurança. Então o Setor Noroeste veio em tempo e à hora. Nós já estamos esperando esse Setor há mais de 15 anos. E já na primeira licita-

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Brasília, janeiro/fevereiro de 20096

ção, 90 por cento dos imóveis foram arrematados. E acreditamos que da-qui a seis meses nós teremos ali um grande canteiro de obras. É o tempo necessário para se fazer os projetos necessários e começarem então efeti-vamente as obras do Setor Noroeste.Repórter – Quais são as medidas do Governo do Distrito Federal que pode-riam incentivar ainda mais o mercado imo-biliário de Brasília?ÉLSON – A primeira delas foi justamente disponibilizar áreas para o setor da indús-tria e construção. Foi feita agora a primeira licitação do Noro-este, mas nós vamos ter ainda várias licitações pela frente. Nós estamos aguardando o Setor Jóquei Clube, que também está sendo trabalhado. Temos o Setor Catetinho, embora tenha uma situação a ser ne-gociada com o meio ambiente, mas é o Setor que virá para atender a classe média mais baixa. Porque o Setor No-roeste atende aos três níveis de classe: a alta-alta, a média e a média-baixa. E o Setor Catetinho virá para completar essa demanda. Quanto ao apoio finan-ceiro, o GDF não tem como disponibi-lizar recursos para a habitação, esses recursos são mesmo da área federal. Então o que tem de ser feito é real-mente disponibilizar as áreas, fazer a licitação dessas áreas, se possível não na base do conta-gotas, mas em um número maior para que esses lotes e projeções saiam com um preço mais compatível com a renda da população. O problema é que o Governo quer obter o maior preço e nós precisamos vender pelo menor preço.Repórter – Como tem sido a comunica-ção entre o SINDUSCON-DF e outras entidades representativas do mercado imobiliário no sentido de acompan-har os projetos de lei do interesse do Sindicato? E de que maneira o SIN-DUSCON-DF acompanha os projetos de lei que estão no Congresso?ÉLTON – Na verdade, nós temos a Federação das Indústrias do Distrito

Federal, a FIBRA, à qual somos liga-dos, que dispõe de um técnico que fica 24 horas na Câmara Legislativa acom-panhando esses projetos. Na Câmara Federal e no Senado, esses projetos são também acompanhados por repre-sentantes nossos da Confederação Na-cional da Indústria (CNI) e da Câmara Brasileira da Indústria e da Construção

(CBIC). Então, anu-almente faz-se um grande encontro que se chama Encontro Legislativo ou Sema-na Legislativa, que é exatamente para dis-cutir quais desses pro-jetos são do interesse do setor e em que grau de importância.

Repórter – Como o senhor vê as parcerias entre as incorporadoras de Brasília e outras empresas que atuam no Sudeste?ÉLTON – Vejo com bons olhos, porque se você não consegue andar sozinho sempre é bom ter alguém para lhe ajudar nessa caminhada. Então, desde a vontade dos dois seja esta, ela vem positivamente porque dá mais fôlego e um maior poder de compra às empresas. A questão é a seguinte: as empresas da área imobiliária estão bem capitalizadas, são empresas que não trazem problemas para o mercado de uma forma geral. E caso elas quei-ram dar um passo maior em determi-nado momento, o melhor mesmo é uma parceria. Essa parceria faz com que essas empresas possam ir um pouco mais longe, com maior rapidez, e é isso o que está acontecendo.Repórter - O SINDUSCON-DF é uma das poucas entidades que proporcio-nam aos seus associados uma efetiva assesoria jurídica nas áreas cível e trabalhista. Qual a importância des-sas assessorias para os associados?ÉLTON – Uma importância muito grande. Mas vamos falar primeiro sobre a demanda trabalhista. Quando você fala que está dando essa as-sessoria às empresas, você há de entender que as grandes empresas não precisam do Sindicato para esta

questão, elas precisam para outras. O Sindicato é muito importante para essas grandes empresas para repre-sentá-las junto ao Governo Federal, junto ao Congresso Nacional ou junto ao Governo Estadual. Mas em relação às áreas trabalhista, cível ou tributária, as grandes empresas já têm apoio jurídico próprio. Agora, para as pequenas empresas ela é importantís-sima, isso porque as pequenas em-presas não têm esses quadros em sua estrutura, então elas têm que recorrer a alguém, no caso ao Sindicato, então elas se sentem amparadas. Quando as pequenas empresas têm alguma dúvida em questões trabalhistas, elas sabem que poderão recorrer ao nosso Sindicato que serão muito bem atendidas. Nós temos excelentes profissionais. O mesmo acontece em relação às áreas cível e tributária. O nosso Sindicato tem plantão todas as terças-feiras para atender a essas em-presas. E quando há alguma demanda fora desse horário, a empresa então é atendida imediatamente no escritório dos profissionais.Repórter - Há alguns anos, o setor construtivo aqui em Brasília era co-mandado principalmente por pionei-ros da época da construção da Capi-tal, e tem sido crescente o número de jovens empresários no ramo, inclusive com participação no SIN-DUSCON. Qual a importância dessa nova geração?ÉLTON – Importantíssima porque é exatamente a renovação que o tempo exige para a preparação dessas pessoas para que amanhã elas possam nos sub-stituir no comando. No meu caso, por exemplo, já substituí alguns pioneiros e eu não sou pioneiro. Com a vida sindical somada ao momento de aprendizagem que vivi nesses anos todos, foi o que me trouxe à Presidência do SINDUSCON-DF. Então esses jovens empresários são bem-vindos. A jovem liderança é im-portante porque eles começam a ter a cultura sindical. E eu até digo que tem muito daquela célebre frase do John Kennedy: “Não perguntem o que o país pode fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelo país”.

“O Governo fez a sua parte. Mas os bancos não...”

“Nós temos aqui o Programa Brasileiro

de Qualidade na Produtividade, implantado em Brasília com o

apoio do Governo do Distrito Federal”

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Brasília, janeiro/fevereiro de 2009 7

“DIREITO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. CON-TRATO DE VERBAL DE CORRETAGEM. COM-PRA DE IMÓVEL. ARTIGOS 722 E 725 DO CÓDI-GO CIVIL. COMISSÃO DEVIDA. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. Nos termos dos artigos 722 e 725, do Código de processo Ci-vil, é devida a comissão ao corretor em razão de contrato de corretagem, que tanto pode ser escrito quanto verbal. A sim-ples comprovação de que houve aproximação útil efetivada é hábil a obrigar o contratante perante o corretor, se realizado o negócio por efeito dos trabalhos deste. Apelação não provida.” (TJDF 20080310009607APC, Relator ANA MARIA DU-ARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, julga-do em 10/12/2008, DJ 18/12/2008 p. 83). O contrato de corretagem, preponderante nas relações imobiliárias, tratado nos artigos 722 e seguintes do Código Civil, é definido como aquele em que uma pessoa, independente de mandato, de prestação de serviços ou de outra relação de de-pendência, obriga-se a obter para outra um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. Dessa forma, uma vez comprovada a participação do cor-retor, no sentido de prestar todas as informações, redundando na celebração de um contrato válido e eficaz, gera o direito à percepção para este de re-muneração, independente de contrato escrito para a prestação de tais serviços. Ressalte-se, igualmente, que o desfazimento do contrato em virtude de arre-pendimento das partes não retira tal direito do cor-retor, uma vez que o seu serviço foi devidamente prestado, sob a égide do art. 725 do Código Civil.

“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMI-DOR. IMÓVEL. PROMESSA DE COMPRA E VEN-DA. DISTRATO. USO DO IMÓVEL E DESPESAS CONTRA-TUAIS. RETENÇÃO DE PARTE DO VAL-OR PAGO. RECURSO IMPROVIDO. A retenção de parte do valor pago pela aquisição de imóvel, livre-mente ajustada em distrato de promessa de com-pra e venda, deve ser vista como indenização pelas despesas e gastos suportados, razão porque seu valor fica adstrito à ponderação da razoabilidade, segundo as circunstâncias do caso. Os promitentes compradores não estão obrigados a aceitar propos-ta de distrato, não havendo que se falar em adesão. Recurso improvido.” (TJDF 20060110189002APC, Relator ESDRAS NEVES, 5ª Turma Cível, julgado em 20/02/2008, DJ 03/03/2008 p. 74) A compra e venda e a rescisão possuem cus-tos consideráveis por parte da Promitente Vendedo-ra que arcou com diversas despesas com o imóvel adquirido, visto que nos contratos de incorporação são feitos vultosos investimentos de natureza com-

ercial (gastos com publicidade, comissões de cor-retagem, etc). Por tais motivos, o ressarcimento integral e atualizado dos valores pagos, tratando com desprezo um negócio jurídico, extirpando-se, pois, a retenção prevista em lei e no contrato, daria guarida ao enriquecimento sem causa, resultando no desequilíbrio entre as partes, em detrimento de empresas que pagam impostos e geram emprego, e em total desrespeito aos contratos livremente en-tabulados.

“APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE CESSÃO DE DIREITOS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. TRANS-FERÊNCIA DE IMÓVEL E RESPONSABILIZA-ÇÃO PELAS DÍVIDAS INCIDENTES SOBRE O BEM. PROCURAÇÃO IN REM SUAM. RENEGO-CIAÇÃO DO OBJETO DA AVENÇA E SUBSTABE-LECIMENTO DO INSTRUMENTO DE MANDATO ORIGINÁRIO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. VERBA HONORÁRIA. ADEQUAÇÃO. A legitimação para a causa decorre do vínculo entre o autor, a preten-são deduzida e o réu, devendo ser examinada em face da relação de sujeição do requerido e do dire-ito invocado pelo postulante. Havendo outorga de poderes sobre imóvel em caráter irrevogável e ir-retratável e subseqüente renegociação do bem pelo outorgado, não mais detém este legitimidade para figurar no pólo passivo de ação de obrigação de fazer objetivando a transferência do financiamento junto à instituição financeira e o pagamento de dívi-das a que não deu causa. - A teor das disposições do art. 20, § 4º, do CPC, impõe-se a redução dos honorários advocatícios. - Recurso parcialmente provido. Unânime.” (TJDFT, 20070710135752APC, Relator OTÁVIO AUGUSTO, 6ª Turma Cível, julgado em 10/12/2008, DJ 18/12/2008 p. 80) É muito comum a negociação de bens i-móveis mediante simples Procuração. Ressalte-se que a procuração outorgada com expresso caráter de irrevogabilidade e irretratabilidade, amplos poderes de transferência e dispensa de prestação de contas, transmite todos os direitos sobre a gestão do imó-vel em questão. Ou seja, a referida procuração não exibe apenas conteúdo de mandato, pois a cláusula de irrevogabilidade e irretratabilidade caracteriza-se como negócio jurídico dispositivo, que implica a efetiva transferência de direitos e de todos os po-deres sobre o bem, no exclusivo interesse do ou-torgado, equiparando-se a uma compra e venda. Dessa forma, o mandatário substitui o mandante para todos os fins.

Comentários de Carla SiqueiraSócia da SP&A Advocacia e Consultoria

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JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

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Brasília, janeiro/fevereiro de 2009

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1) A empresa pode demitir por justa causa um funcionário que goza de es-tabilidade?

MANUAL IMOBILIÁRIO

Sim, sem formalidades extraordinárias para o caso de acidentados do trabalho, gestantes e membros da CIPA. Em relação aos dirigentes sin-dicais (arts. 8º, VIII, da CF e 543, § 3º, da CLT), estáveis decenais (art. 492, da CLT) e diretores de cooperativa de crédito (art. 55 da Lei nº. 5.764/71), a demissão sem justa causa deve ser precedida de um procedimento judicial denominado Inquérito, no qual a empresa deverá comprovar a ocorrên-cia de falta grave. Durante o curso do inquérito, o empregador tem a faculdade de, preventivamente, suspender o empregado.

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Por Cláudio SampaioAdvogado e Consultor Jurídico

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2) Qual a diferença entre responsabi-lidade solidária e responsabilidade sub-sidiária da empresa contratante? Quando as empresas são condenadas soli-dariamente (ex.: grupo econômico), qualquer uma delas pode ser compelida a, indistintamente e sem ordem de preferência, pagar o débito trabalhista de determinado empregado. Na hipótese de con-denação subsidiária, prevista no art. 455 da CLT e no Enunciado 331, IV, do TST, a empresa tomado-ra de serviços terceirizados apenas é obrigada ao pagamento se o subempreiteiro (empresa ou em-pregador individual) não tiver patrimônio suficiente para saldar a dívida.3) O empregador que adquire os equipa-mentos de proteção individual pode evitar condenações por acidente do trabalho? A aquisição dos equipamentos de proteção individual só se mostra eficiente, redundando na mitigação da responsabilidade do empregador ou contratante, quando houver rígida fiscalização para que os obreiros os utilizem sempre e de maneira adequada. Outra recomendação fundamental é que tais equipamentos sejam de boa qualidade e resistência, atendendo aos padrões exigidos pelas Instruções Normativas do Ministério do Trabalho.

4) Qual o prazo para o patrão demitir o empregado por justa causa quando ele comete uma falta grave? Algumas condutas previstas no art. 482 da CLT (exemplos: ato de improbidade, violação de segredo da empresa, ofensas físicas contra o patrão ou superior hi-erárquico), desde que inequivocamente caracterizadas, ensejam a demissão do obreiro por justa causa. Nes-sas hipóteses, não há prazo legal, mas o ideal é que a demissão seja imediata ou, quando forem necessári-as apurações adicionais, nos cinco dias seguintes ao descortinamento da conduta grave. Em matéria de Direito do Trabalho, vige o Princípio da Atualidade da Punição em Relação à Falta, que se aplica também às advertências e suspensões. A não observância de tal re-gra pode caracterizar o perdão tácito do empregador.5) Com quanto tempo se caracteriza o abandono de emprego? O abandono de emprego é um dos atos do empregado que pode ensejar sua demissão por justa causa. Porém, a jurisprudência entende que, para sua configuração, é fundamental a ausência ao posto de trabalho por mais de 30 (trinta) dias e sem que o obreiro tenha apresentado um motivo justo. Para que tal falta grave fique ainda mais nitidamente ca-racterizada, é recomendável que o empregador envie cartas com aviso de recebimento, a partir do primeiro dia de falta injustificada, semanalmente, convocando o funcionário a retomar suas funções. Persistindo a ausência ao final do supracitado trintídio, a empresa deve comunicar a justa causa ao funcionário, com base no art. 482, letra “i”, da CLT, convocando-o a receber as verbas rescisórias devidas, sob pena de consignação em pagamento do valor do TRCT.6) O que é assédio moral no ambiente de trabalho e qual a repercussão disso? É certo que o patrão tem direito ao poder di-retivo e disciplinar, dentro dos limites do respeito e da urbanidade. O abuso desse direito pode redundar no assédio moral, o qual, na definição da doutrinadora Marie-France Hirigoyen se caracteriza pela conduta “que atente, por sua repetição ou sistematização, con-tra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho”. Normalmente, o assédio moral é cometido por patrão ou outro superior hierárquico que insulta e deprecia os empregados, na frente de outros colegas, por meio de ameaças injustas, palavras e escri-tos injuriosos ou difamatórios, intimidações, indução ao descrédito, revistas vexatórias e outras humilhações. O ônus de comprová-lo, em juízo, será sempre do obreiro, o qual deverá demonstrar, ainda, a não-eventualidade de tais abusos. Caso o assédio moral seja provado, a empresa ficará sujeita a condenação, cujo valor será arbitrado a critério do magistrado.