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Sua Magestade A Rainha

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Sua MagestadeA

Rainha

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Sumário

NOTAS DO AUTOR, 7

PALAVRAS DO MÉDIUM, 9

O ENCONTRO COM A MINHA VERDADE, 13

A TRANSIÇÃO, 15

1 O NOVO MUNDO, 19

2 A GRANDE ALMA, 45

3 SAMSARA, 77

4 A PRIMEIRA EXCURSÃO, 109

5 O SHOW, 139

6 AS DUAS RAINHAS, 171

7 O NOVO WOODSTOCK, 193

8 EU QUERO VIVER PARA SEMPRE, 215

O ASTERÓIDE, 237

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PALAVRAS DO MÉDIUM

Certa noite em desdobramento, fui levado a de-terminado local do espaço na companhia de um orientador. Não costumo perguntar detalhes sobre

os trabalhos a serem desenvolvidos. Confio naqueles que me guiam e me sustentam. Chegando ao local determinado en-contrei apenas um grande salão escuro e uma mesa ilumina-da por um ponto de luz que surgia de mais alto. Sentei-me à mesa e esperei o que poderia acontecer. Mantinha-me cala-do. Surgem, então, à minha frente dois espíritos. Um, com o rosto à mostra, um senhor de bigodes fartos e pontiagudos. Já sentia que o conhecia de algum lugar, mas não conseguia identificar de onde. O outro tinha um clarão na face que me impedia de saber quem era. Olhava meio desconfiado ten-tando visualizar o rosto ou penetrar na mente, mas não con-seguia. O orientador aproximou-me, depositou a mão sobre meu ombro e falou:

– Estamos aqui para concretizarmos o início de um novo projeto. Já anteriormente aceito por todos, mas que, em sua mente consciente, somente agora poderá guardar os registros.

Silenciosamente, permaneci.

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– Digo, de antemão, que precisará de muita ousadia e des-prendimento para realizar tal programação. Foi escolhido por isso.

Alguma coisa me fez tremer por dentro. Quando o espí-rito guia diz que nós fomos escolhidos por termos ousadia e desprendimento é porque vem chumbo grosso pela frente. Mantive-me calado.

– Este é Sir Arthur, o novo escritor que, pelas suas mãos e mente, escreverá o novo livro. Repito que já o conhe-ce e que as conexões mentais já foram estabelecidas. Ao retornar ao corpo, poderá lembrar de toda a conversa e, quando for permitido, começará a escrever por ele.

O senhor balançou a cabeça em sinal de cumprimento. Pisquei o olho para ele e pensei:

– Muita pompa esse encontro. Não sei não!

Após breve pausa, meu olhar se fixou no outro ser que estava sentado à minha frente. Aos poucos, a névoa que encobria seu rosto foi se dissipando e pude observar quem era. Arregalei meus olhos e, assustado, saí do silêncio perguntando:

– Mas, esse é o cantor?

– Sim, ele mesmo!

– Como assim, gente?

Comecei a tremer de nervoso e a gaguejar sem conseguir produzir frase correta.

– Mantenha a calma!

Espírito superior sempre pede isso, mas a calma estava a léguas de distância de mim.

– Tem medo? – perguntou o artista.

– Medo não, pavor!

– Pavor de quê?

– Como de quê? Qualquer um ficaria. Estou diante de você e ainda me pergunta se estou apavorado?

– Eu sou um espírito como outro qualquer.

Não adianta conversar com certos espíritos. Eles têm sem-pre uma resposta pronta. Decidi me calar.

– Como quem cala consente, está resolvido.

Não é tarefa das mais fáceis psicografar um livro. Mais árduo ainda é estar vinculado à mente de espíritos que são símbolos. Sorri, chorei, torci, reclamei, vibrei. O livro está aí. Não tenho preocupação em saber se as pessoas irão acre-ditar ou não. Eu sei bem o que vivi, experimentei e passei. Fiquem na companhia dele. Eternamente gravado em meu coração.

Fábio Figueiredo

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A GRANDE ALMA

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Tinham se passado duas semanas desde o meu des-pertamento para a nova realidade. O tempo aqui é diferente, eu diria estranho, pois, realmente, o que

determina a duração é a nossa própria mente. Tinha vezes que ficava deitado olhando a paisagem exuberante, receben-do o calor e a vibração dos raios solares, parecia uma eter-nidade, entregue às bênçãos do momento, mas, da mesma forma, sentia que o dia era curto, cheio de afazeres, mesmo sem sair do quarto, recebia diariamente as visitas de Deva, Diya e Arun, os meus fiéis escudeiros que ministravam tera-pias estranhas, mas que produziam enorme bemestar. Estava fortalecido e confiante, de vez em quando, cantava sozinho, soltava minha voz como forma de tratamento, dançava, ima-ginava estar tocando e que havia uma multidão de pessoas me assistindo. Foi exatamente em um desses momentos que senti alguém entrar e me pegar no flagra.

– Olha só, que maravilha! Já posso até dizer que está recu-perado e pronto para retornar aos palcos e ao mundo do show business espiritual – disse Deva sorrindo e se dire-cionando para abraçar-me.

– Imagina, que isso! Ainda preciso treinar muito para recu-perar meu estado saudável. Apenas estou fazendo o que mais amo: cantar.

– Então, cante, cante muito. Essa é a melhor forma de se re-cuperar. Fazendo o que a gente ama, nossa mente e nosso coração se inundam de felicidade e positividade. Essa é a maior terapia.

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capítulo 2 - a grande alma 4948 sua magestade, a rainha

– Realmente, sinto falta. Nem sei se isso que vou falar é positivo, mas tenho muita falta da multidão, das trocas de amor, dos aplausos, das luzes inundando meu rosto, do som alto a percorrer meu corpo e me movimentar sem ter limites ou regras. Fantasiar-me, sim, fantasiar-me do que quiser e chegar aos corações das pessoas, levar alegria e música.

– Que maravilha isso tudo! Saiba que fico muito feliz em ouvi-lo e saber que continua a sentir esse dom divino pulsar em você.

– Veja que maluquice a minha! Estava aqui cantando em alto e bom som e, olhando essa natureza maravilhosa, senti apenas vontade de agradecer. Cantei para ninguém, mas soltei a voz para a beleza da paisagem.

– Quem falou que cantou para ninguém?

Franzi a testa em sinal de perplexidade e por não estar entendendo bem o que Deva dizia.

– Como assim? Eu cantei para saudar a natureza, esse local, que, por mais que esteja confinado aqui e não saber ao certo nem onde estou ou o que está além dessas estranhas paredes mutantes, pois tenho muito a agradecer. E essa foi a forma que encontrei, mas, em nenhum momento, obser-vei ou percebi a presença de alguém, aliás, nem você me deu a honra do seu digníssimo acompanhamento.

– Pois então, saiba você que muitos de nós ouvimos o seu canto. Aliás, posso afirmar que muitos puderam perce-ber a sua voz chegando por mecanismos diversos e que sua voz atingiu uma área extensa dentro de nossa cidade. Obedecendo, é claro, as permissões para tal.

– Então, eu cantei para pessoas sem nem ver quem eram? – perguntei – Loucura, loucura, loucura!

– Acho que este mundo aqui vai te enlouquecer ainda mais meu irmão! – Deva soltou uma ruidosa gargalhada e con-tinuou: – Mas agora venho lhe trazer algumas novidades.

– Adoro novidades! – falei com o olhar apreensivo e ávido para ouvir o que seria.

– Primeiro, que você conseguiu autorização para poder sair do quarto e conhecer a região que o abrigou. Segundo, que eu mesma serei sua cicerone e lhe contarei alguns fatos interessantes sobre esta cidade.

– Hummm, cidade? Então estamos em alguma cidade? Interessante!

– Terceiro, que há um ser que o espera em determinado local neste exato momento, portanto, vamos já encontrá-lo. – A amiga estava exultante e expressava sua alegria com o brilho no olhar.

Estremeci. Algo aconteceu em mim que me paralisou mo-mentaneamente. Não sabia definir bem o que era essa sensa-ção estranha. Quem estava a minha espera? Algum familiar, amigo, sei lá! Um frio percorria meu corpo e confesso que senti medo. Deva, percebendo a minha reação silenciosa, pe-gou em minha mão e falou:

– Não tenha medo, todos passam por essa sensação, eu diria apreensão. O que vou encontrar? Este quarto se tornou seu refúgio, sua fortaleza, seu mundo, mas agora é ne-cessário seguir e encontrar outros caminhos. Você é um vitorioso e quantas estradas percorreu para chegar aon-de chegou? Traga essa coragem de volta, seja audacioso,

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50 sua magestade, a rainha capítulo 2 - a grande alma 51

ousado e busque essa força que você tem, mas que está adormecida pelos últimos processos dolorosos. Vamos, me dê o braço e sigamos. Chegou o momento de sua pri-meira libertação. A porta se abriu e, por incrível proces-so que não sei explicar, vislumbrei um grande corredor, semelhante aos que existem em grandes hospitais, com muitos seres indo e vindo, trabalhando ou ocupados em seus afazeres, mas o que mais me causou perplexidade foi observar que, ao lado do meu quarto, havia, em ambos os lados, outros quartos conjugados.

– Meu Deus, mas como assim? Cadê a natureza, as matas, o sol, a paisagem? O que eu vejo aqui são quartos unidos e separados por paredes normais, mas como assim? Como se processa essa transformação?

Estava boquiaberto e sem acreditar no que estava ven-do. Qual seria essa mágica maravilhosa que fazia com que as paredes de meu quarto se abrissem diretamente para a natureza?

– Como disse antes, isso não é mágica, mas tecnologia astral, especialmente preparada para atender às necessidades de readaptação daqueles que aqui chegam. Mas vamos se-guir, há muitas coisas para você aprender e conhecer e te-mos um encontro marcado. – puxou-me Deva pelo braço.

Encontramos Diya e Arun que me abraçaram efusivamente e partimos para o local onde estava marcado o compromisso.

– Estamos no Templo Vishuddha que posso traduzir como o templo da purificação. Aqui se encontram seres que se comprometeram com a divulgação, comunicação, fala, oratória, artistas que se expressam através do aparelho fonador, políticos e cantores. Não vou entrar em detalhes

neste momento, mas prometo explicar assim que tiver possibilidade. Por agora, não sairemos aqui do templo, vamos para o Jardim Náda. Alguém o espera por lá. – dis-se Deva apertando o passo.

O local impressionava pela beleza e grandiosidade. Obras de arte com motivos indianos pareciam ter vida própria e davam ao ambiente um ar de sublimidade. Chegamos a um enorme jardim. Árvores, vegetação, flores, objetos, chafari-zes e um grande lago de forma retangular centrado por uma enorme escultura translúcida em formato de flor de muitas pétalas abertas que absorvia as forças do sol e espalhava por todo local. Estava inebriado pela paisagem, tinha viajado o mundo, mas, em muitas poucas vezes, posso ter sentido algo tão impactante. Seguimos por mais um pedaço, muitos seres passavam por mim e me cumprimentavam afetuosamente. Sentia-me acolhido e resguardado. Por um momento, Deva parou, olhou-me, segurou minhas mãos e falou:

– Prepare-se, não se assuste e sinta essa presença em seu espírito. Terá uma grande surpresa, mas entenderá o mo-tivo. Não encare como privilégio, mas como necessidade, a luz só chega para quem está no escuro e ainda não se acostumou a viver nela. Aproveite esse momento e abra seu coração. – Deva apontou para determinado local e continuou – Ali está o ser que o acompanhou nos últimos momentos de sua vida terrena e conseguiu autorização para trazer você para cá. Vá abraçá-lo e conhecê-lo.

Em frente ao lago, em determinado canto, um pequeni-no homem estava de costas para nós. Franzino, pequenino, vestindo uma espécie de fralda ou tanga encimado por um xale de aspecto simples, parecia estar em outro local, não se movimentava, lembrava mais uma estátua naquele local

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mágico. Algo me atraía até ele. Não conseguia me conter. Um ímã ou poderosa força fazia-me movimentar. Meus pés não estavam sob meu comando, senti uma enorme vonta-de de fugir, mas impossível, não conseguia. Uma vergonha absurda se apossou de mim, lágrimas brotavam em meus olhos e não conseguia achar explicação. Apenas seguia em direção a ele. Ao me aproximar, continuou de costas, ouvi sua voz, um murmúrio, parecia um canto divino expressa-do em uma frase:

– Estava esperando você, meu filho!

Ele se virou e algo se quebrou em mim. Uma tempestade, um furacão, um vulcão, um choque. Não sei explicar o que foi esse momento. Era ...

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O ASTEROIDE

Sou mesmo um asteroide. Uma luz, uma centelha, uma força. Uma energia que risca os céus, a terra e os corações de todos. Hoje eu sei que sou luz e for-

ça, mas tive que derramar lágrimas, fugir de mim, esconder minhas misérias, deixar marcas profundas no solo de meu espírito. Estou lá à frente, mas sei o que fui lá atrás e vivo o aqui e o agora. Sou uma mistura de possibilidades, uma grande celebração à vida, sou uma evolução constante. Serei lembrado, sou lembrado e me lembro diariamente, todo o tempo, que eu sou a pessoa mais importante do universo e devo acreditar e crer em mim. Quanto tempo permaneci ne-gando a minha presença? Quanto tempo fugi, pensando em me encontrar e, de fato, estava me distanciando da verdade? Restou-me a presença de mim mesmo, no escuro da solidão, na prisão de minhas próprias incertezas, nas sombras de mi-nhas fugas. Hoje eu sou um asteroide e quero ser um plane-ta. Quero ser muito mais do que sou, porque eu posso, eu devo e eu permito. Siga-me se for capaz, pois eu já fui.

Até breve!