stay tuned! entrevista com ed motta
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Confira entrevista exclusiva do Ed Motta para o Stay Tuned! Exclusividade BlopticalTRANSCRIPT
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STAY TUNED! ENTREVISTA ED MOTTA
Rio de Janeiro, Outubro de 2010. O Bloptical Ed Motta Fan Club entrevistou o Deep Master com exclusividade. Ed fala após um ano do lançamento do cd PIQUENIQUE, conta sobre grandes parcerias, composições e instrumentos. Explica sobre a possibilidade de abrir uma gravadora. E cita a sua lista de grandes músicos.
Ed Motta & Bloptical Staff
Arte: Edna Lopes
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Bloptical: Você fez/fará dois shows distintos em breve, um
instrumental, improvisado e calcado no jazz, outro,
repleto de hits numa casa grande. No palco, qual
emoção é maior: sentir a mágica da música nos
improvisos em cima dos seus temas, ou sentir a
vibração do público cantando junto todos os seus
grandes sucessos (e até os lados B)?
Ed Motta:
Quando gravei Dwitza e Aystelum eu tinha a
euforia e alegria de realizar algo que faz parte do
meu imaginário desde muito tempo e que sempre
ficou atrás da cortina, em segundo plano. Eu
cheguei a renegar minha música de apelo pop, hoje
não penso mais assim, mas continuo entendendo
meus motivos.
Antes mesmo de gravar o PIQUENIQUE,
observando meus hábitos como consumidor de
música, percebi que eram bem mais amplos e
abertos do que estava escolhendo como minha
verdade de vida única.
Bloptical:
Você costuma gravar participações antológicas em
álbuns de outros artistas (como já fez com Paula
Lima, Tita Lobo, Francis Hime, Guinga, Blues
Etilicos, Alcione, Roupa Nova). Há alguma
participação ou colaboração em vista?
Ed Motta:
O compositor Reginaldo Bessa, hoje pouco
conhecido aqui, mas adorado na Europa, me
convidou para participar do novo disco dele. Em
2011, quase certo de fazer alguns shows com
minha mestra Tânia Maria!
“Quando gravei Dwitza e Aystelum eu tinha a euforia e alegria de realizar algo que faz parte do meu imaginário desde muito tempo e que sempre ficou atrás da cortina, em
segundo plano.”
Quadro com a arte de
Edna Lopes para o disco Entre e Ouça.
“Eu cheguei a renegar minha
música de apelo pop, não penso mais assim, mas continuo entendendo meus
motivos.”
“O compositor Reginaldo Bessa,
hoje pouco conhecido aqui mas adorado na Europa, me convidou para participar do novo
disco dele.”
Arte Original da Capa do Entre e
Ouça.
“Eu teria milhares de telecaster, é minha guitarra favorita.”
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Bloptical:
Hoje em dia, qual o seu processo de composição
mais usual: sentar ao piano pra estudar/compor
harmonias que virarão músicas ou deixar a
inspiração 'descer' em momentos inesperados?
Ed Motta:
Eu escuto mais música do que toco ou componho.
Mas como diz o Guinga estou sempre “grávido de
música”, e a bolsa d’agua estoura em qualquer
lugar (risos). Mas sempre com um instrumento, de
preferência o piano, que me soa mais claro e mais
fácil de tocar hoje pra mim.
Não sou pianista, eu amasso banana, mas dá pra
fazer um purê de banana, hahaha!
Bloptical:
Ao compor, você escreve no papel a idéia, o acorde,
o ritmo, ou guarda tudo somente no gravador?
Ed Motta:
Eu guardo num gravador. Até o Entre e Ouça,
meus 22, 23 anos, eu guardava absolutamente
tudo, mas minha vida era só isso o tempo todo.
Bloptical:
Os fãs gostariam de ver um rascunho seu, com
escritos sobre a criação de um tema, Colombina
num papel de pão, Tem espaço na van escrito num
guardanapo, etc...
Ed Motta:
Vou procurar...
“[...]Meu sonho era ouvir uma versão
muzak do Outono No Rio tipo Paul Maurriat, James Last, música de
elevador de antigamente.”
Cheers! com Frapê
de Morango.
“Piquenique apesar do apelo popular foi
mal trabalhado [...]O disco certo na gravadora errada ou no momento errado com certeza[...]mas
a Trama foi a gravadora que mais
compreendeu e respeitou meu trabalho, serei
eternamente grato a esses caras.”
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Bloptical:
Falando nisso, qual foi a sua música composta de
maneira mais estranha/não convencional?
Ed Motta:
Outono No Rio com certeza. Eu estava num hotel-
spa em Teresópolis no Rio e logo que cheguei fui
para um quarto cheio de carpete que para minha
bronquite é um terror, então enquanto conseguiam
outro quarto e trocavam as malas eu peguei o
violão e ela saiu inteira, psicografada!
Eu pensava no Ray Conniff, meu sonho era ouvir
uma versão muzak do Outono No Rio tipo Paul
Mauriat, James Last, música de elevador de
antigamente.
A música de elevador hoje é a mesma da boate, do
motel, do restaurante, da esquina... O mundo se
afunilou.
BlopticaL:
Você já teve a oportunidade de gravar com os mais
variados tipos de teclados, sintetizadores e pianos.
Existem alguns que ainda não usou, mas gostaria?
Ed Motta:
Eu nunca usei um Mellotron de verdade, timbre
lindo! O RMI KC-II que o Sly Stone usava, o Arp
Chroma que é talvez o piano elétrico que originou
os primeiros digitais como DX7.
Os teclados ingleses Synthi usados pelo Brian Eno
na trologia Berlin do David Bowie. Nunca toquei
num teclado da marca EML famoso nos ano 70. A
lista é grande!
Influências Musicais listadas pelo Ed Motta
Bateristas Elvin Jones (jazz)
Bernard Purdie (soul) John Bonham (rock)
Edison Machado (Brasil) Carlton Barrett (reggae)
Baixistas
Chuck Rainey (soul) Paul Jackson (soul-jazz)
Cecil McBee (jazz) James Jamerson (soul)
Willie Weeks (soul)
Guitarristas David T.Walker (soul-
jazz) George Benson (Deus!)
Jeff Beck (rock) Eric Gale (soul-jazz)
Paulinho Guitarra (gênio)
Tecladistas McCoy Tyner (jazz) Onajee Allen Gumbs
(jazz) John Hicks (jazz)
Herbie Hancock (jazz) Stanley Cowell (jazz)
Saxofonistas John Coltrane Joe Henderson Harold Land
Tyrone Washington Pharoah Sanders
Trompetistas Woody Shaw Miles Davis
Marcus Belgrave Tom Harrell Jessé Sadoc
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Bloptical:
Você já tocou com diversas guitarras: Telecaster,
Gibson SG, semi acústica, Danelectro, etc. Mas não
existe foto sua com uma strato. Já usou uma
Fender Stratocaster em alguma música / show?
Qual seu modelo de guitarra preferida?
Ed Motta:
Eu já tive uma strato branca, troquei com Bombom
por um Juno 106 antes de viajar para os EUA. Eu
adoro a strato, usei em Bem Longe (Entre e Ouça)
e também em Vamos Dançar (Conexão Japeri)
Minha forma de tocar, que é mais rítmica, tem uma
zona de conforto grande com a Telecaster, tanto no
timbre como na pegada, pois o braço é mais reto.
Eu teria milhares de telecaster, é minha favorita.
Bloptical:
Há planos em abrir um selo próprio? Pensa em
lançar seu próximo trabalho de maneira
independente? Você possui uma editora própria, a
Dwtiza Music. Isso já facilita o processo de
gravação?
Ed Motta:
No momento não, olha, não tenho vontade de nada
nessa vida que me dê a responsabilidade de ter
funcionários, contas, contabilidades, etc. A conta
bancária agradece mas a arte entristece, perde o
olhar abstracionista fora da realidade que mantenho
numa redoma de cristal.
Existem algumas propostas já sendo estudadas
para o próximo álbum.
Bloptical:
E um CD/DVD ao vivo da turnê Piquenique? Já que
na turnê 20 anos (Chapter 9) não rolou nenhuma
gravação oficial ao vivo, pensa em fazer um
Trombonistas Shigeharu Mukai
Curtis Fuller Frank Rosolino
Dick Griffin Phil Ranelin
Flautistas Paul Horn
Lloyd McNeill Chris Hinze
James Newton Yusef Lateef
Vibrafonistas
Bobby Hutcherson Victor Feldman
Milt Jackson Ricky Kelly Gary Burton
Percussionistas
Pedro “Sorongo” Santos Tito Puente
Mongo Santamaria
Ray Barreto Sue Hadjopolos
Cantoras Jean Carn
Dee Dee Bridgewater Chaka Khan
Sarah Vaughn Mavis Staples
Cantores
Donny Hathaway Stevie Wonder Carl Carlton
Prince Maurice White
Outros intrumentos Alice Coltrane (harpa)
Julius Watkins (trompa) Rufus Harley (gaita de
fole) Michael White (violino)
Bennie Maupin (clarone)
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registro deste disco, ou já está focado no
próximo trabalho autoral?
Ed Motta:
Piquenique, apesar do apelo popular, foi
mal trabalhado, praticamente
abandonado, então é impossível, mesmo
com aquela quantidade de canções com
grandes possibilidades radiofônicas. O
disco certo na gravadora errada ou no
momento errado com certeza... E
sinceramente, apesar disso, nesses 20
anos de carreira, a Trama foi a gravadora
que mais compreendeu e respeitou meu
trabalho, serei eternamente grato a esses
caras.
Bloptical:
Pra terminar a entrevista, uma listinha
básica: como multi-instrumentista, cite 5
de suas influências na guitarra, 5
baixistas espetaculares, 5 magos das
teclas e 5 bateristas formidáveis.
Ed Motta:
Tomei a liberdade de escolher outros
instrumentos ok? Rsrsrs. Eu amo Stevie
Wonder tanto quanto John Coltrane, são
complementares na minha formação
como músico.
Confira a lista completa no box ao
lado.
Expediente:
www.edmotta.com
www.twitter.com/EdMotta
Stay Tuned! é uma publicação do Bloptical Ed Motta
Fan Club
Todos os direitos reservados.
Roteiro e Revisão Final: Marcelo Donati
Edição:
Magnum Freire
Fotos: Manoel “Alexander Pindarov”
Dantas
Consultoria sobre Keyboard: Cristiano Germano
Direção:
Daniel Duarte
www.ed-motta.blogspot.com www.twitter.com/Bloptical
moderaçã[email protected]
Out/2010 Brasil