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1 ST- Segurança Internacional UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE REMILITARIZAÇÃO DO JAPÃO A PARTIR DA TEORIA NEORREALISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Hugo Gabriel de Souza Leão Machado 1 Resumo: No ano de 1947 o Japão promulgou uma nova Constituição extinguindo as suas forças armadas e dando início a uma política externa pacifista. Assim, a proteção do território japonês ficou a cargo das forças militares norte-americanas, que estavam instaladas no país desde 1945 e assim permanecem até hoje. A aliança militar firmada com os Estados Unidos em 1951 é um importante mecanismo para a defesa do país. Entretanto, com o fim da Guerra Fria o governo japonês tem sofrido diversas pressões para revogar a norma pacifista da Constituição e restabelecer as forças armadas. O objetivo desse artigo é mostrar, através da teoria Neorrealista de Relações Internacionais, como a alteração na estrutura do Sistema Internacional, na década de 1990, implicou em profundas mudanças na balança de poder na Ásia Oriental. E, como a emergência de novas potências militares naquele entorno forçou o Japão a tomar medidas que sinalizam a possível remilitarização. Palavras-chave: Japão; Neorrealismo; Remilitarização 1. Introdução Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o Japão passou por um processo de desmilitarização, fruto da ocupação norte-americana em seu território. Como resultado desse período, uma nova constituição foi promulgada, em 1947, extinguindo as suas forças armadas. Assim, o Japão deu início a uma política externa pacifista voltada para o seu desenvolvimento econômico e aproximação com os países do seu entorno (SCHALLER, 1987; WATANABE, 2011). Durante a Guerra Fria, o Japão viveu um período de grande estabilidade, resultado do Tratado de Cooperação Mútua e Segurança que tinha com os Estados Unidos. Entretanto, o fim do conflito foi marcado por uma alteração na estrutura do sistema internacional, que passou a ser unipolar. Esse evento trouxe importantes mudanças para a balança de poder da região Ásia-Pacífico. A dissolução da União Soviética possibilitou a ascensão de novos atores na arena de poder, que passaram a reivindicar a hegemonia regional (BETTS, 1993). 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais na área de Economia Política Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista CAPES.

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1

ST- Segurança Internacional

UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE REMILITARIZAÇÃO DO JAPÃO A

PARTIR DA TEORIA NEORREALISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Hugo Gabriel de Souza Leão Machado1

Resumo:

No ano de 1947 o Japão promulgou uma nova Constituição extinguindo as suas forças

armadas e dando início a uma política externa pacifista. Assim, a proteção do território

japonês ficou a cargo das forças militares norte-americanas, que estavam instaladas no país

desde 1945 e assim permanecem até hoje. A aliança militar firmada com os Estados Unidos

em 1951 é um importante mecanismo para a defesa do país. Entretanto, com o fim da Guerra

Fria o governo japonês tem sofrido diversas pressões para revogar a norma pacifista da

Constituição e restabelecer as forças armadas. O objetivo desse artigo é mostrar, através da

teoria Neorrealista de Relações Internacionais, como a alteração na estrutura do

Sistema Internacional, na década de 1990, implicou em profundas mudanças na balança de

poder na Ásia Oriental. E, como a emergência de novas potências militares naquele entorno

forçou o Japão a tomar medidas que sinalizam a possível remilitarização.

Palavras-chave: Japão; Neorrealismo; Remilitarização

1. Introdução

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o Japão passou por um processo de

desmilitarização, fruto da ocupação norte-americana em seu território. Como resultado desse

período, uma nova constituição foi promulgada, em 1947, extinguindo as suas forças armadas.

Assim, o Japão deu início a uma política externa pacifista voltada para o seu desenvolvimento

econômico e aproximação com os países do seu entorno (SCHALLER, 1987; WATANABE,

2011).

Durante a Guerra Fria, o Japão viveu um período de grande estabilidade, resultado do

Tratado de Cooperação Mútua e Segurança que tinha com os Estados Unidos. Entretanto, o

fim do conflito foi marcado por uma alteração na estrutura do sistema internacional, que

passou a ser unipolar. Esse evento trouxe importantes mudanças para a balança de poder da

região Ásia-Pacífico. A dissolução da União Soviética possibilitou a ascensão de novos atores

na arena de poder, que passaram a reivindicar a hegemonia regional (BETTS, 1993).

1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais na área de Economia Política

Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista CAPES.

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Segundo a perspectiva Neorrealista, a emergência de um sistema regional multipolar,

onde Estados Unidos, Rússia e China disputam a liderança regional, causou uma grande

instabilidade, uma vez que essa configuração de poder é uma das que mais gera insegurança

(MEARSHEIMER, 2001). Assim, o escalonamento das tensões na região tem fomentado o

debate acerca da remilitarização do Japão (UEHARA, 2003). As mudanças de interpretação

da norma pacifista, contida na Constituição de 1947, sinalizam a tentativa do governo japonês

de revogar essa norma e transformar o país em um Estado normal, com suas forças armadas

próprias (HUGHES, 2015; NISHIDA, 2014).

O artigo está divido da seguinte maneira: a primeira seção dedica-se ao marco teórico,

com o objetivo de retratar a teoria Neorrealista de Relações Internacionais; a segunda seção

traz uma análise da estrutura do Sistema Internacional bipolar, na Guerra Fria e, como ela

favoreceu a postura pacífica japonesa; e, por fim, a terceira seção tem por intuito mostrar

como a mudança na estrutura do Sistema Internacional, no Pós-Guerra Fria, acarretou

mudanças para a balança de poder na região da Ásia-Pacífico. E, como a ascensão de um

Sistema Regional multipolar aumentou a instabilidade regional, fazendo com que o Japão

desse início ao seu processo de remilitarização.

2. A teoria Neorrealista de Relações Internacionais

A teoria Neorrealista surgiu na década de 1970 com a proposta de conferir uma análise

sistêmica para o campo das Relações Internacionais (NYE, 2008). Um dos seus principais

expoentes foi o autor Kenneth Waltz com o livro The Theory of International Politics, de

1979. Nessa obra, o autor tem por objetivo explicar como o comportamento das unidades é

resultado da estrutura sistêmica em que estão inseridas. De acordo com Waltz (1979), o

sistema é definido como um conjunto de unidades em interação que produzem a estrutura, que

ao mesmo tempo em que é formada, compele os Estados a tomar decisões.

O neorrealismo define os Estados como as unidades principais, uma vez que só a partir

da interação deles é possível haver alterações na estrutura do Sistema Internacional. Essa

estrutura é definida a partir de três funções, são elas: o princípio ordenador, que é anarquia,

uma vez que não existe um poder soberano no Sistema Internacional; as características das

unidades e, por fim a distribuição de recursos entre as unidades, que é o que diferencia a

disposição dos Estados dentro do sistema (WALTZ, 1979). Uma mudança na distribuição

dessas capacidades entre os Estados acarreta uma transformação na estrutura do Sistema

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Internacional, uma vez que a ascensão ou o declínio de pólos de poder influencia nas relações

internacionais. Segundo Waltz (1979, p.72):

Na política internacional, como em qualquer sistema de autoajuda, as unidades de

maior capacidade estabelecem o cenário de ação para os outros, bem como para si

mesmas. Na teoria dos sistemas, a estrutura é uma noção generativa; e a estrutura de

um sistema é gerada pelas interações de suas principais partes. As teorias que se

aplicam aos sistemas de auto-ajuda são escritas em termos das principais partes dos

sistemas.2

O principal objetivo dos Estados, segundo a teoria Neorrealista, é a sua sobrevivência.

Isso porque como Waltz (1979) pontua, o sistema em que os Estados estão inseridos é o self-

help, ou auto-ajuda, uma vez que as unidades só podem contar consigo mesmas para garantir

a sua segurança na anarquia. Portanto, a falta de um poder central no Sistema Internacional

compele os Estados a se preocupar com sua própria proteção e, assim, tomar as medidas

necessárias para garanti-lá (WALTZ, 1979; 1988).

A anarquia, de acordo com Mearsheimer (2001), leva os Estados à competição e ao

conflito, pois uma vez que incertos das intenções dos outros, eles adotam medidas para

assegurar a sua proteção. Essa ação poderá levar a insegurança, já que as medidas de

segurança adotadas por um Estado poderão ser interpretadas como uma ameaça por outros,

que farão o mesmo para se proteger, gerando instabilidade no sistema. Essa lógica é descrita

por Herz (1950) como dilema de segurança. Esse conceito é bastante utilizado por teóricos

neorrealistas para explicar como a estrutura anárquica do sistema leva a uma situação de

insegurança. Essa estrutura não somente leva ao conflito, como também, impede a cooperação

entre os países.

Os Estados podem cooperar, embora a cooperação seja por vezes difícil de alcançar

e sempre difícil de manter. Dois fatores inibem a cooperação: as considerações

referentes aos ganhos relativos e o receio de logros. (...) com ganhos relativos cada

lado pondera não apenas o seu próprio ganho individual, mas também como se sairá

em comparação com o outro. Como as grandes potências se preocupam

profundamente com o equilíbrio de poder, o seu pensamento centra-se nos ganhos

relativos quando ponderam cooperar com outros Estados (MEARSHEIMER, 2001,

p.63 e 64)

Há aproximações entre as teorias Realista e Neorrealista, principalmente, com relação

à agenda de estudo voltada para a questão da busca pelo poder entre os Estados dentro de um

sistema anárquico e sobre a importância da balança de poder. Entretanto, importantes

2 Tradução do autor. No original: “In international politics, as in any self-help system, the units of greatest

capability set the scene of action for others as well as for themselves. In systems theory, structure is a generative

notion; and the structure of a system is generated by the interactions of its principal parts. Theories that apply to

self-help systems are written in terms of the systems' principal parts.”

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diferenças de abordagens são percebidas. Segundo Morgenthau (2003), a busca pelo poder é

algo inerente aos Estados, que o fazem seguindo o ímpeto nacional. Já para o Neorrealismo, o

poder não é um fim e, sim, um meio para atingir a finalidade máxima do Estado que é a sua

sobrevivência no Sistema Internacional. Outra diferença importante refere-se às relações de

causa, Waltz (1988) pontua que o realismo analisa os resultados das interações dos Estados

como um movimento unidirecional, como as ações dos Estados gerando a estrutura, já para o

neorrealismo os resultados são consequência da estrutura do sistema, que ao mesmo tempo

em que molda o comportamento dos Estados, é formada a partir das interações dos mesmos.

De acordo com o Neorrealismo, a melhor maneira de caracterizar sistemas, em política

internacional, é através da distribuição de recursos entre os Estados. Para Waltz (1979) os

pólos de poder são definidos a partir dos recursos que são: território, economia, forças

militares e, por fim, a competência, que seria a capacidade de transformar esses meios em

poder. Poder é a capacidade que um Estado tem de influenciar o Sistema Internacional mais

do que ser influenciado por ele (WALTZ, 1988). De acordo com Mearsheimer (2001),

grandes potências são aquelas que possuem a capacidade de transformar poder latente

(população e PIB) em poder tangível (aparato militar). Kytchen (2010), ao abordar a questão

do poder estatal fala sobre a competência dos homens de Estado que, segundo o autor, seria

algo fundamental para efetivar a grande estratégia nacional de política externa. Os meios

militares, políticos, econômicos, assim como, a ideologia, são refletidos em aspectos de poder

na esfera internacional e no modo como os Estados pretendem influenciar outras nações.

Assim, a política externa dos Estados é traçada a partir da melhor utilização dos seus meios

disponíveis (TALIAFERRO, 2009).

De acordo com Waltz (1979), existem dois tipos de sistema: o bipolar e o multipolar. O

bipolar seria o mais estável, uma vez que há um maior grau de confiabilidade entre os dois

pólos. Já o multipolar seria o mais desequilibrado por haver uma maior incerteza nas relações

entre pólos. Measrsheimer (2001) traz uma subdivisão quando trata sobre este último,

dividindo-o em equilibrado e desequilibrado. Segundo o autor, o sistema multipolar

equilibrado é aquele onde as grandes potências possuem capacidades semelhantes, já o

desequilibrado é quando um dos pólos é um potencial Estado hegemônico.

O equilíbrio de poder refere-se a um equilíbrio de todas as capacidades dos Estados,

sendo algo necessário para a manutenção do status quo, uma vez que evita que um Estado

ascenda como hegemônico e altere a estrutura anárquica do sistema. A simetria de poder

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criada por esse equilíbrio confere ao Sistema Internacional uma situação de estabilidade

(WALTZ, 1979). Segundo Waltz (1959) o equilíbrio de poder é a condição fundamental para

a sobrevivência estatal numa condição de anarquia internacional.

Dessa forma, ao analisar a estrutura do Sistema Internacional, a teoria Neorrealista

pretende conferir previsibilidade sobre as ações dos Estados. A disposição das unidades

dentro do Sistema Internacional é de fundamental importância para entender como os Estados

irão agir. E, assim, definir o seu comportamento dentro da estrutura de poder em que estão

inseridos (WALTZ, 1979).

3. A posição do Japão na Guerra Fria

3.1. O processo de desmilitarização e a criação das Forças de Autodefesa

Entre 1945 e 1952, o Japão passou por um processo de ocupação militar norte-

americana. Durante esse período, as autoridades japonesas foram constrangidas a aceitar uma

série de diretrizes políticas que tinham por objetivo a desmilitarização e a redemocratização

do país (SCHALLER, 1987). Como os Estados Unidos e a União Soviética emergiram ao

final da Segunda Guerra como as duas grandes potências do Sistema Internacional, coube a

eles estabelecer a estrutura do sistema em que os outros Estados iriam atuar. Os americanos

tomaram a frente no processo de ocupação do Japão e não permitiram que os soviéticos

participassem, uma vez que alegavam que os rivais possuiam uma grande quantidade de

territórios na região da Ásia-Pacífico, inclusive as ilhas Kurilas que estavam sob domínio

japonês até o final do conflito.

Seguindo as medidas impostas pelos americanos, alguns procedimentos de ordem

política foram empreendidos no país. O principal deles foi a adoção de uma nova constituição

em 1947 e, que ainda está vigor. Ela trouxe transformações que são importantes para entender

o processo de desmilitarização que o país atravessou. A primeira delas foi à redefinição do

poder do Imperador, que a partir daquele momento seria visto apenas como um símbolo

nacional, sem qualquer participação política. A segunda mudança veio com a norma pacifista

contida no capítulo 2 intitulado “Renúncia à guerra” (SCHALLER, 1987; WATANABE,

2011).

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Artigo 9. Aspirando sinceramente a paz mundial baseada na justiça e ordem, o povo

japonês renuncia para sempre o uso da guerra como direito soberano da nação ou a

ameaça e uso da força como meio de se resolver disputas internacionais. Com a

finalidade de cumprir o objetivo do parágrafo anterior, as forças do exército,

marinha e aeronáutica, como qualquer outra força potencial de guerra, jamais será

mantida. O direito a beligerância do Estado não será reconhecido (JAPÃO, 1947). 3

Apesar de ter extinguido as suas forças armadas, o governo japonês sabia que havia

diversas ameaças a segurança do país e, por isso tomou medidas para garantir a proteção do

território nacional (MAKATO, 1977). Segundo Waltz (1988) a estrutura anárquica do Sistema

Internacional obriga os Estados a procurarem formas de se proteger, uma vez que eles estão

inseridos em um sistema de auto-ajuda. Assim, em 1954 o Japão criou as Forças de

Autodefesa (Japan Ground Self-Defense Force – JGSDF - ou Rikujō Jieitai). A concepção

das Forças de Autodefesa esteve alicerçada como ponto central da política de defesa japonesa.

Essa política estava lastreada em três premissas básicas, como aponta Makato (1977, p.345):

“(1) o Japão deveria estar preparado para prevenir agressões direitas e indiretas,

assegurar o abastecimento marítimo e proteger a sua independência e segurança; (2)

o Japão deve permanecer dentro de um sistema de segurança coletiva de um mundo

livre; (3) os planos para defesa do Japão deveriam levar em consideração a

economia japonesa e o pensamento do seu povo”4.

Apesar de ter assinado em 1951, o Tratado de Cooperação Mútua e Segurança com os

Estados Unidos, o Japão estava incerto sobre o comprometimento americano em defender o

seu território naquele momento (SCHALLER, 1987). Waltz (1988) pontua que em alianças

entre parceiros com capacidades desiguais, a parte mais forte da aliança precisa se preocupar

menos sobre a fidelidade do outro, no caso o Japão estava extremamente dependente dos

Estados Unidos que ao qualquer momento poderiam abandonar a aliança.

3.2. A aliança militar com os Estados Unidos

Em 1960, o governo norte-americano promoveu o Mutual Security Assistance (Tratado

de Segurança Mútua), que fortaleceu o tratado de cooperação militar entre os dois países,

colocando o Japão no escopo de dissuasão norte-americano e se comprometendo a fornecer

armas e equipamentos de defesa ao país (PYLE, 2007; WATANABE, 2011). De acordo com

3 Tradução do autor. No original: Article 9. Aspiring sincerely to an international peace based on justice and

order, the Japanese people forever renounce war as a sovereign right of the nation and the threat or use of force

as means of settling international disputes. In order to accomplish the aim of the preceding paragraph, land, sea,

and air forces, as well as other war potential, will never be maintained. The right of belligerency of the state will

not be recognized (CONSTITUTION OF JAPAN, 1947). 4 Tradução do autor. No original: “(1) Japan must be able to prevent both direct and indirect aggresssion, secure

sea-supply lanes, and protect its independence and safety; (2) Japan must remain within the collective security

system of free world; and (3) plans for Japan’s defense must take into consideration the state of the Japanese

economy and the state of mind of the people.”

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Walt (1985) os países tendem a formar dois tipos de alianças: o bandwagoning, que é quando

os países mais fracos se aliam a uma das potências do sistema e, o balanceamento, que é

quando os países se unem com o intuito de equilibrar o poder com a grande potência. No caso,

o Japão optou pelo bandwagoning, uma vez que o país dependia da capacidade de dissuasão

norte-americana para garantir a proteção do seu território.

Os Estados Unidos tinham um grande interesse nessa aliança, o seu objetivo principal

era colocar o Japão como seu principal satélite militar na Ásia Oriental. Mearsheimer (2001)

ao explicar as estratégias para controlar agressores mostra como as grandes potências agem

quando se sentem ameaças pelas ações de terceiros, no caso atuam a tentar equilibrar o

sistema ou atacar o seu rival. Os Estados Unidos assumiram o papel de equilibrador regional,

ao ter a responsabilidade de impedir que a União Soviética perturbasse o equilíbrio da região

e, o fez ao implantar bases militares naquele espaço (LEIFER, 1986). Ao formar a aliança

militar com os norte-americanos, o Japão praticou a delegação, que segundo Mearsheimer

(2001) é quando um Estado transfere a outro o dever de dissuadir ou combater um agressor,

uma vez que não possui poder de dissuasão equiparável com a principal fonte de ameaça.

As estratégias soviéticas e americanas no período traduzem a teoria da balança de

poder, que diz que as grandes potências atuam de modo a manter a estabilidade do sistema e,

para tanto utilizam dos meios disponíveis. Os meios internos são: a economia e a força militar

e os externos são as alianças que podem firmar com outros Estados (WALTZ, 1979).

Waltz (1979) defende que a estrutura de poder bipolar é a mais segura, uma vez que

gera um grau maior de confiabilidade entre as duas grandes potências. Segundo o autor em

um sistema bipolar há uma maior autodependência entre as partes, claridade sobre os perigos

e sobre quem está se enfrentando, o que garante a previsibilidade das suas ações

proporcionando esse sentimento de segurança. Essa estabilidade nas relações entre os Estados

Unidos e a União Soviética favoreceu o Japão, uma vez que contando com a proteção militar

e com ajuda financeira que recebeu do governo americano, o país conseguiu uma rápida

recuperação econômica, sem se envolver em conflitos (MASTANDUNO, 2003).

Durante todo o período da Guerra Fria, o Japão seguiu uma política externa bastante

alinhada à norte-americana, prova disso é a sua aproximação com a China na década de 1970.

Em 1960, por divergências de ordem política, a China se afastou da União Soviética e passou

a atuar como uma potência independente. Esse foi o momento ideal para que os Estados

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Unidos iniciassem uma aproximação (BUZAN; WAEVER, 2003). Seguindo o caminho norte-

americano, o Japão também estreitou os laços com o vizinho asiático e, em 1978, assinou o

Tratado de Cooperação e Paz, dando início a uma nova fase nas relações entre os países

(TOGO, 2015). A lógica do equilíbrio de poder diz que as alianças são formadas quando

Estados se unem para combater uma ameaça em comum (WALTZ, 1979). Nesse caso, a

ameaça comum à segurança do Japão, da União Soviética e da China era a União Soviética.

A estratégia do Japão, no período, era desenvolver uma política externa pacifista. Para

tanto, uma prática recorrente no Japão era a criação de uma agenda baseada no

desenvolvimento econômico e, aproximação com o seu entorno5. Esse plano só foi possível

graças ao suporte militar fornecido pelos Estados Unidos, que transformaram o país no seu

principal satélite militar na região no período da Guerra Fria. Dessa forma, o Japão desfrutou

de um período de grande estabilidade nas suas relações externas tendo a salvaguarda norte-

americana sobre as suas ações (TOGO, 2005).

4. O Fim da Guerra Fria e a remilitarização japonesa

4.1.A balança de poder regional

O fim da Guerra Fria marcou a ascensão do sistema internacional unipolar (BETTS,

1993). O término do conflito provocou a extinção do equilíbrio de poder entre soviéticos e

americanos a nível internacional e, também regional, o que propiciou a mudança na balança

de poder com a ascensão de atores que passaram a disputar a hegemonia da região, são eles: a

China, a Rússia e os Estados Unidos (BETTS, 1993). A emergência desse Sistema Regional

multipolar causou uma grande instabilidade, uma vez que a disputa pelo poder se tornou mais

intensa. De acordo com Waltz (1979) esse é o tipo de sistema que mais tende a gerar

insegurança, uma vez que devido à presença de vários pólos de poder, os perigos estão difusos,

as responsabilidades não estão claras e os interesses estão obscuros, sendo assim, qualquer

erro de cálculo pode resultar em um conflito.

Entretanto, de acordo com Wolforth (1990, p.5): “Para os neorrealistas, a unipolaridade

é a menos estável de todas as estruturas, porque qualquer grande concentração de poder

ameaça outros Estados e os leva a tomar ações para restaurar a balança.”6 Ao falar sobre a

5 Foi assim com a criação das Doutrinas Yoshida, na década de 1950 e, Yoshida, na década de 1970. Ambas

consistiam em planos de governo que visavam o crescimento econômico japonês e, posteriormente, uma

aproximação com os países da sua região (TOGO, 2005). 6 Tradução do autor. No original: “For neorealists, unipolarity is the least stable of all structures because any

great concentration of power threatens other states and causes them to take action to restore a balance”

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instabilidade decorrente da configuração unipolar, Wolforth (1990) se referiu à lógica da

balança de poder, o que para Waltz (1979) é um mecanismo essencial para a manutenção da

estrutura anárquica do Sistema Internacional. Assim, a existência de uma única grande

potência não seria benéfica para o sistema, uma vez que a sobrevivência dos outros atores

estaria ameaçada pela falta de equilíbrio entre dois ou mais Estados (WALTZ, 1979).

Já no cenário internacional, a Guerra do Golfo (1990-1991) trouxe impactos para o

Japão. Os Estados Unidos que eram os líderes do conflito passaram a pressionar os japoneses

para que enviassem tropas. Entretanto, a Constituição Japonesa de 1947 vetava o envio das

Forças de Autodefesa ao exterior. Esse fato gerou um grande desgaste nas relações entre os

dois países e, a possível quebra na aliança militar fomentou o debate sobre a mudança da

norma pacifista japonesa (UEHARA, 2003).

Aqueles que advogam a transformação do Japão em um “Estado Normal” desejam

que o país volte não apenas a desempenhar um papel internacional mais ativo, mas

de liderança, com poderes políticos e militares compatíveis com sua capacidade

econômica. As reivindicações que envolvem a retomada dos direitos e deveres

cabíveis a um Estado Normal, iniciam-se pela remoção das restrições existentes na

Constituição sobre o uso da força militar como instrumento de política externa

(UEHARA, 2003, p.137)

Nesse quadro, o processo de remilitarização japonês responderia não somente a

pressão vinda dos Estados Unidos, como também a sensação de insegurança que surgiu com a

ascensão de uma nova configuração regional de poder. O principal risco à segurança japonesa

é que seus principais rivais na região, China, Rússia e Coreia do Norte, contam com arsenal

nuclear, o que deixa o país em uma situação de extrema dependência do poder militar norte-

americano. Por esse motivo, o Japão não seria considerado uma grande potência no Sistema

Regional, uma vez que o país não transforma o seu poder tangível (população e PIB) em

poder latente (aparato militar), de acordo com a lógica trazida por Mearsheimer (2001).

A tabela abaixo mostra como, até hoje, a falta de um grande aparato militar coloca o

Japão em uma posição desfavorável em relação aos vizinhos, sendo incapaz de alterar a

balança de poder regional (MEARSHEIMER, 2001).

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Poder Latente Poder Tangível

PNB

(em bilhões de

US$)

População

(em milhões)

Contingente

militar

Armas

Nucleares

Estados Unidos 18569,10 324,30 1.492.200 6800

China 11199,15 1374,62 2.333.000 260

Rússia 1283,2 146,50 845.000 7000

Japão 4939,38 126,86 247.150 -

Coreia do Sul 1411,25 50,80 630.000 -

Coreia do Norte 16,12 25,37 1,190.000 15

FONTE: Elaboração própria com dados do Trading Economics - PNB (2016) e População (2016); World Atlas

– Os maiores exércitos do mundo (2017); Ploughshares Fund – Os estoques mundiais de armas nucleares (2016),

a partir da perspectiva traçada por Mearsheimer (2001).

4.2.A redefinição da agenda de defesa japonesa e as modificações na norma

pacifista

O século XXI começou com uma grande provação à aliança militar entre Estados

Unidos e Japão, com o atentado ao território americano em 11 de setembro de 2001. Então o

governo norte-americano passou a pressionar o Japão para que enviasse tropas ao exterior

para ajudar na aliança militar dos dois países. O temor japonês era que houvesse um

esfriamento maior nas relações entre os dois países (MASTANDUNO, 2003).

Em 2003, a Conversação das Seis Partes, que reuniu Japão, Estados Unidos, Rússia,

China, Coreia do Norte e Coreia do Sul com o intuito de frear o aumento do poder nuclear

norte-coreano (TOGO, 2012). A teoria Neorrealista diz que os Estados atuam de forma a

controlar aqueles que ameaçam romper com o equilíbrio de poder, uma vez que a intenção das

unidades é a manutenção do status quo (MEARSHEIMER, 2001). O objetivo dos países era

interromper o aumento do poder norte-coreano que poderia ameaçar o equilíbrio regional.

Qualquer perturbação na aliança militar é prejudicial para os dois lados, para o Japão

custa a proteção do seu território de potenciais ataques e, para os Estados Unidos custa

permitir que a China ascenda a hegemonia regional, visto que muitas vezes ele usa o Japão

para frear o crescimento chinês. Mearsheimer (2001) pontua que todo Estado quando atingi o

patamar de hegemonia regional tenta impedir que outros ascendam à mesma posição. Os

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Estados Unidos são o Estado hegemônico nas Américas e, atuam na Ásia com o objetivo de

impedir uma ascensão chinesa, que poderia vir a alterar a balança de poder do Sistema

Internacional (MEARSHEIMER, 2004).

No início do seu segundo governo, Shinzo Abe (2012-atual) definiu a nova política de

defesa do Japão como um “pacifismo pró-ativo”. Com esse discurso, ele queria garantir ao

governo norte-americano que o objetivo do Japão era desempenhar um papel mais atuante na

aliança militar dos dois países. Os pontos defendidos pelo primeiro-ministro é reafirmar o

compromisso japonês em garantir a segurança regional, assim como, ampliar a sua agenda de

defesa (NISHIDA, 2014).

Abe tem proposto a criação de novos mecanismos para discutir e rever importantes

estratégias para a defesa nacional. Em 2013, por exemplo, foi criado o Conselho Nacional de

Segurança, que tem por finalidade coletar e discutir assuntos referentes ao tema, aumentando

a fonte de informações. E, em 2014 foi aprovado um Novo Programa de Diretrizes de Defesa

Nacional, no qual um dos pontos fundamentais é a perspectiva de aumento dos gastos do país

em defesa. A criação desses mecanismos responde ao aumento da sensação de instabilidade

que o Japão atravessa (AKIYAMA, 2015).

Apesar de ser um país pacífico, o Japão despende uma alta quantia em gastos militares.

Em 2016 foram 46,1 bilhões de US$, fato que o colocou na oitava posição dos que mais

gastam com orçamento de defesa no mundo (SIPRI, 2016). Entretanto, o gasto das grandes

potências da Ásia-Pacífico é bem superior. O que força o Japão a rever o seu orçamento

militar, uma vez que segundo a lógica do dilema de segurança o aumento de gastos militares

de Estados rivais representa uma ameaça a sua segurança (HERZ, 1950).

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Fonte: Elaboração própria com dados do relatório anual do SIPRI (2016)7

Em 2015, foi iniciada a mudança mais expressiva no escopo de atuação das Forças de

Autodefesa. Naquele ano foi lançado o Novo Plano de Diretrizes de Cooperação entre Japão e

Estados Unidos. A intenção do governo japonês, como mencionado anteriormente, era

desenvolver um papel mais ativo na aliança militar dos dois países. Dessa forma, foram

aprovadas duas leis alterando a interpretação da sua norma pacifista. A partir daquele

momento, estava autorizado às Forças de Autodefesa a participação em missões humanitárias

fora da sua região e a outra dizia que o Japão poderia enviar as Forças de Autodefesa para

combater no exterior auxiliando as tropas de países aliados (SUZUKI, 2015).

A garantia da paz do Japão e da sua integridade tem crescido em importância devido

à transformação fundamental do ambiente de segurança nos anos recentes. Isso pode

claramente ser visto na mudança da balança de poder, particularmente na Ásia, com

rápidos avanços em inovações tecnológicas, a proliferação de armas de destruição

em massa, e o crescimento de ataques terroristas em ameaças cibernéticas. A

legislação está visada para acrescentar esses desenvolvimentos (AKIYAMA, 2015).8

A partir da proposição dessas reformas, Abe tem sinalizado a tentativa de recolocar o

Japão como um Estado Normal. Em 2016, o então candidato a presidência dos Estados

Unidos, Donald Trump, propôs a retirada de todas as tropas militares que o país tem na Ásia.

7 Não constam dados sobre o orçamento norte-coreano em defesa nesse relatório. 8 Tradução do autor. No original: “The securing of Japan’s peace and integrity has grown in importance due to

the fundamental transformation of the security environment in recent years. This can clearly be seen in the

shifting balance of power, particularly in Asia, rapid advances in technological innovation, the proliferation of

weapons of mass destruction, and the rise in terrorist attacks and cyber threats. The legislation is aimed at

addressing these developments” (AKIYAMA, 2015)

62%

22%

7%

5% 4%

Gastos com Orçamento Militar na Região Ásia-Pacífico (em bilhões de US$)

Estados Unidos - 611$ China - 215$ Rússia - 69,2$ Japão - 46,1$ Coreia do Sul -36,8$

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Esse fato foi recebido com temor pela classe política japonesa, já que o Japão é altamente

dependente do poder dissuasório das forças armadas americanas. Após a vitória de Trump,

Abe foi o primeiro líder de Estado a viajar aos Estados Unidos para um encontro com o

candidato eleito, mesmo antes de sua posse. Esse fato evidencia a situação de instabilidade

que o Japão está situado (TATSUMI, 2016). Uma vez ameaçada a aliança militar com os

Estados Unidos, o país estaria novamente inserido no sistema de auto-ajuda, traçado por

Waltz (1979). Dessa maneira, o processo de remilitarização seria o caminho mais viável.

5. Conclusão

Durante a Guerra Fria, o Japão teve uma postura passiva no cenário internacional, fruto

da grande dependência da política externa norte-americana. A conjuntura do sistema

internacional, naquele momento, permitiu ao Japão desenvolver uma política externa pacifista

baseada no desenvolvimento econômico e na cooperação regional. O equilíbrio de poder entre

americanos e soviéticos no sistema internacional e regional, conferiu aos japoneses a

possibilidade de desfrutar do poder dissuasório norte-americano, sem a necessidade de se

envolver em conflitos.

Entretanto, a mudança na estrutura internacional, no fim da Guerra Fria, acarretou

profundas alterações na balança regional de poder da Ásia-Pacífico. Esse fator gerou uma

grande instabilidade, o que provocou temor no Japão, uma vez que o país é altamente

dependente da aliança militar que mantém com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, no

cenário extrarregional outros acontecimentos, como a Guerra do Golfo, forçaram o Japão a

repensar a questão da remilitarização.

As pressões da nova configuração de poder no Sistema Regional somadas as que vêm

de Washington tiveram um grande peso para a formulação de leis que versavam sobre a

questão do pacifismo japonês. As medidas aprovadas ao longo do século XXI sinalizam a

tentativa do governo japonês de recolocar o país como uma potência normal, uma vez que o

crescimento das rivalidades regionais ameaça a segurança do Japão.

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