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Maio Edição nº14 Distribuição gratuita com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente. SPEDM acolhe 19º Congresso Europeu de Endocrinologia Dr. Francisco Carrilho – Presidente da SPEDM Dr. Jácome de Castro – Vice-Presidente da SPEDM e Presidente do LOC

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Maio Edição nº14 Distribuição gratuita com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente.

SPEDM acolhe 19º Congresso Europeu de Endocrinologia

Dr. Francisco Carrilho – Presidente da SPEDM Dr. Jácome de Castro – Vice-Presidente da SPEDM e Presidente do LOC

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Editorial2

Mai2017

Este ranking estabelece compara-ções entre os sistemas de saúde de 35 países, a partir de estatísticas pú-blicas, das informações fornecidas pelas organizações de doentes e de investigação independente. É da res-ponsabilidade da Health Consumer Powerhouse, organização sueca com a qual o estado português cola-bora desde 2009 para a elaboração deste estudo.

Os critérios para as classificações passam por seis diferentes catego-rias: direitos dos doentes e informa-ção; acessibilidade; resultados; diver-sidade e abrangência de serviços; prevenção de doenças e consumos nocivos; disponibilidade de produtos farmacêuticos. Nos mil pontos pos-síveis, Portugal obteve um total de 763.

O cômputo geral entre estes crité-rios levou o país a ultrapassar o Rei-no Unido (no 15º lugar) e a vizinha Espanha (na 18ª posição). No ran-king, a Holanda volta a ser o país com a melhor classificação, obtendo 927 pontos em mil possíveis. Logo a seguir estão a Suíça (904 pontos) e

atrás da França). Assinala-se, igual-mente, o 10º lugar na avaliação sobre a relação custo-benefício en-tre os gastos com saúde e os seus resultados, sendo a relação parti-cularmente positiva nos casos da sobrevivência ao cancro, da morta-lidade por doenças cardiovascula-res e da mortalidade infantil.

Por outro lado, onde estamos pior classificados é na acessibilidade, no-meadamente pela má perceção dos doentes sobre os tempos de espera, e na diversidade e abrangência dos serviços prestados. Aspetos concre-tos em que o estudo recomenda que o país mais invista são as melhorias na taxa de cesarianas, no acesso a cuidados de saúde oral (somos o se-gundo pior classificado, atrás da Le-tónia), nos tempos de espera para diagnóstico em situações não-agu-das, no acesso direto a consultas com médicos especialistas e no com-bate à prevalência de infeções hospi-talares por Sptaphylococcus aureus resistente aos antibióticos mais co-muns (segundo pior lugar, a seguir à Roménia).

a Noruega (865). Em posições inver-sas, encontram-se a Roménia, com 497, Montenegro (518) e a Bulgária (526).

Atendendo à realidade observada nos 35 países, as conclusões retira-das pela organização do estudo apontam para uma melhoria dos sis-temas de saúde europeus. Sublinha--se o facto de ser a primeira vez que dois países (Holanda e Suíça) trans-cendem os 900 pontos em mil, con-tudo, os responsáveis pela elabora-ção do ranking chamam a atenção para uma grande desigualdade que se mantém entre os melhores classi-ficados e os piores.

Em relação ao caso concreto de Portugal, os parâmetros onde o país registou melhores pontuações foram a garantia dos direitos dos doentes, os resultados dos trata-mentos e também a prevenção. Aspetos que se destacam de forma positiva no nosso sistema foram a queda na mortalidade por enfarte, a boa taxa de vacinação e o rácio de cirurgias às cataratas entre a população idosa (estamos apenas

Pela primeira vez Portugal ultrapassa Reino Unido e Espanha no ranking da Euro Health Consumer, ficando colocado na 14ª posição. Um progresso face ao ano anterior, em que tinha aparecido no 20º lugar.

SNS bem posicionado em ranking internacional

Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda • Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 • Fax: 22 502 39 08 • Site: www.perspetivas.pt • Email: [email protected] • Gestores de Processos Jornalísticos: José Ferreira e Nuno Sintrão • Periodicidade: Mensal • Distribui-ção: Gratuita com o Jornal “Público” • Depósito Legal: 408479/16 • Preço Unitário: 4€ / Assinatura Anual: 44€ (11 números)

Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins sem autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos do suplemento e o editor não se responsabiliza pelas inserções com erros ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes.

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20-23 May 2017 - Lisbon, Portugal19th European Congress of Endocrinology

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Saúde Congresso Europeu de Endocrinologia4

Mai2017

Local Organising Committee (LOC) João de Castro, MD, Col, MC. (Chair) (Lisbon)Duarte Pignatelli, MD, PhD. (Porto)Jorge Dores, MD, (Porto)José Silva Nunes, MD, PhD. (Lisbon)Leonor Gomes, MD, PhD. (Coimbra)Mafalda Marcelino, MD, Maj, MC (Lis-bon)Maria João Oliveira, MD. (Porto)Mário Mascarenhas, MD. PhD. (Lisbon)Miguel Melo, MD, PhD. (Coimbra)

Pre-Congress events Antecedendo o Congresso Europeu de Endocrinologia, a SPEDM patrocina a realização de um Curso de Ecografia da Tiróide que terá a direcção da Dra. Maria João Oliveira e para o qual estão inscritos profissionais de todos os países da Europa.

Programme Organising Committee (POC) Bulent Yildiz (Turkey) Chair, Programme Organising Committee (POC)Guillaume Assié (France) Co-chair, Pro-gramme Organising Committee (POC)Riccarda Granata (Italy) Co-chair, Pro-gramme Organising Committee (POC)João Jácome de Castro (Portugal) Co--chair, Programme Organising Commit-tee (LOC)Carlo Acerini (UK)Richard Bergman (USA)Charlotte Bevan (UK)Heike Biebermann (Germany)Evi Diamanti-Kandarakis (Greece)Andrea Giustina (Italy)Tatjana IsailovicGregory Kaltsas (Greece)Beata Kos-Kudla (Poland)Cesar Luiz Boguszewski (Brazil)Djuro Macut (Serbia)Rod Mitchell (UK)Barbara Obermayer-Pietsch (Austria)Pedro Oliveira (Portugal)Robin Peeters (The Netherlands)Duarte Pignatelli (Portugal)Matti Poutanen (Finland)Manuel Puig (Spain)

Simpósios do Congresso Europeu de Endocrinologia Domingo, 21 de maio

(10:30 – 12:00) – Clinical Updates in Hypoparathyrodism – Evolving diagnostics in adrenal and neuroendocrine tumours – From the pituitary to the periphery – Second Joint Global Symposium on Obesity – The many dimensions of the chil-

dhood globesity problem – Eyes session(15:30 – 17:00) – Treatment of hypothyroidism: What have we learned? – Crosstalk between bone & other organ(ism)s – Predictors of therapeutic response in functioning pituitary tumours – Novel type 2 diabetes treatment: Beyond glycaemic control – The challenges of Male Fertility

Segunda-feira, 22 de maio

(10:30 – 12:00) – New roles for Nuclear Receptors – New developments in grave’s orbitopathy – Challenging pituitary diseases – Searching for the cause and approach in ectopic hormone syndromes – Metabolic surgery: Mechanisms to clinical results(15:30 – 17:00) – What endocrinologists should know about the genomics of endocrine tumors – Hyperandrogenism: Challenges in clinical management – How to incorporate the new guidelines for thyroid cancer in my clinical practice – Beta cell replacement and plasticity

Terça-feira, 23 de maio

(10:00 – 11:30) – Environmental influences on endocrine systems – Rare bone diseases – Endo Oncology: prolactin, GH and metabolic hormones in oncology pathogenesis – Pharmacological solutions – HPA axis regulation during a woman’s life: Impacto n metabolic outcomes(15:00 – 16:30) – Tissue specific defects in thyroid hormone action – Vitamin D beyond bone – Sleep, love and reproduction – Novel predictors of diabetes – Moving away from old-fashioned steroidogenesis: What are the clinical implica-

tions?

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SaúdeCongresso Europeu de Endocrinologia 5

Mai2017

Portugal organiza o maior Congresso Europeu de Endocrinologia Em 2017 a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e

Diabetes recebe o Congresso Europeu de Endocrinolo-gia “o que constitui uma honra para a SPEDM, para os endocrinologistas portugueses, para a Medicina Por-tuguesa e para Portugal”, sublinha o presidente da So-

ciedade Portuguesa de Endocrinologia, Dr. Francisco Carrilho.

Espera-se uma presença alargada de participantes, sendo o número de profissionais inscritos (mais de 4.000) e o número de

comunicações científicas superior a todos os anteriores Congressos. O Congresso Europeu de Endocrinologia vai decorrer de 20 a 23 de maio no Centro de Congressos de Lisboa, e apresenta um programa muito variado que inclui as principais áreas da Endocrinologia, nomeadamente, a Diabetes, as doenças da Tiróide e Paratiróide, do Hipotálamo e da Hipófise, do Pâncreas, da Suprarrenal, assim como vários outros te-mas associados à atividade hormonal “que é bastante mais vasta que a acima citada, quan-do centrada apenas nas glândulas mais clássicas”. “A Endocrinologia é hoje uma especialidade com uma intervenção muito vasta seja na clínica seja e investigação. As doenças em que os endocrinologistas são os médicos de referência são muito frequentes e complexas. Ao mesmo tempo há uma intensa ativi-

dade de investigação clínica e fundamental envolvendo as hormonas mais clássicas, mas também novas hormonas e novos peptídeos com ação hormonal, localizados pra-ticamente em todos os órgãos o que dá uma relevância muito grande ao estudo das hormonas e da Endocrinologia e a sua associação com múltiplas doenças de outras es-pecialidades médicas e cirúrgicas”, informa o Dr. Francisco Carrilho. Refira-se que este evento vai contar com uma participação significativa da Endocrinologia portuguesa, “seja através da apresentação de trabalhos, que será muito vasta, fruto de es-ta ser hoje uma especialidade muito ativa com um número importante de médicos a fazer a especialidade”. O presidente da SPEDM realça que “temos Serviços nos principais hos-pitais do país que mantêm uma atividade assistencial e uma atividade científica importan-te, facto que permite que tenham sido submetidos para apresentação no Congresso Euro-peu um número elevado de trabalhos científicos”. Anfitriã deste evento, a SPEDM, na figura do seu presidente Francisco Carrilho declara: “Os nossos votos são para que o Congresso decorra da melhor forma possível, resultando numa troca de conhecimentos científicos muito importante entre todos os endocrinologis-tas europeus e que reforce a Endocrinologia europeia. Que aproveitemos também este mo-mento, enquanto endocrinologistas portugueses, para reforçar laços com colegas e com centros de Endocrinologia europeus para continuarmos a fazer de uma forma avançada o nosso trabalho assistencial, mas também científico”.

Este ano não terá lugar o Congresso Portu-guês de Endocrinologia, mas decorrerá a 19 e 20 de maio, a 68ª Reunião Anual da SPEDM. Este evento vai incluir pela primeira vez na sua história um simpósio conjunto com a So-ciedade Brasileira de Endocrinologia e Diabe-tes (SBED), sendo objetivo da organização portuguesa que este simpósio seja repetido em reuniões posteriores.

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Saúde Conselho Europeu de Medicina Legal6

Mai2017

Sempre que um tribunal é confronta-do com problemas que envolvem a apli-cação de Ciência — em que esta pode, por exemplo, ajudar a descobrir ou a es-clarecer as circunstâncias de determina-do evento — é chamada a intervenção das Ciências Forenses. Área que integra múltiplos segmentos do saber. Podem considerar-se, por exemplo, como ciên-cias forenses a informática (informática forense) ou a psicologia (psicologia fo-rense), quando aplicadas na resolução de questões jurídicas e de problemas pa-ra os indivíduos e para sociedade. No que concerne à Medicina esta assume a designação de Medicina Forense ou de Medicina Legal, esta mais nos países la-tinos e francófonos.

Com uma vasta carreira internacio-nal nas áreas que envolvem o conheci-

Conselho Europeu de Medicina Legal

O Conselho Europeu de Medicina Legal trata de todos os assuntos rela-cionados com a atividade científica, educacional e profissional no âmbito da Medicina Legal a nível europeu, tendo como objetivo mor a promo-ção da harmonização dos procedi-mentos médico-legais nos 28 países que integram o espaço europeu, as-sim como nos designados países ob-servadores — ou seja, países que não estando na União Europeia, são candidatos a estados membros, ou aqueles que integram a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) — e procuram estar e atuar em con-sonância com as práticas do espaço europeu. Estes países não tendo di-reito a voto na ação do Conselho marcam presença nas suas reuniões.

Em maio próximo este Conselho reúne em Portugal, com o apoio do Centro de Estudos de Pós-Gradua-ção em Medicina Legal, numa reu-nião em que serão discutidas novas normativas de procedimentos peri-ciais. Recentemente, foram publica-dos pelo Conselho linhas de orienta-ção sobre a participação do médico no exame da cena de morte, sobre a acreditação de serviços de patologia forense ou sobre o programa de for-mação especializada em Medicina Legal, entre outros. Harmonizar os procedimentos é objetivo fundamen-tal “para que todos trabalhem de acordo com as mesmas regras”, re-fere o presidente.

Outro dos objetivos passa pela “harmonização do ensino da Medici-na Legal a nível universitário pré e pós-graduado”. Falamos de reco-mendações sobre as temáticas a abordar nas disciplinas de Medicina Legal nas Faculdades de Medicina — “sem prejuízo da autonomia univer-sitária”, salienta o nosso interlocu-

tor; “bem como dos cursos de pós--graduação que o Conselho Europeu recomenda que sejam concretiza-dos”, e de práticas que “uniformi-zem a formação dos especialistas em Medicina Legal no contexto do espa-ço europeu”.

O nosso interlocutor salienta que “ainda hoje se denota uma grande as-simetria na formação de especialistas” a nível europeu. Explica-nos que entre os 28 Estados que integram a EU, “a Medicina Legal se restringe em al-guns, às autópsias, como é o caso de Inglaterra; noutros, como Portugal, a Medicina Legal é muito mais abran-gente, integrando os exames periciais em cadáveres, mas sobretudo em vi-vos, que são, aliás, a maioria dos exa-mes, e incorporando ainda a genética e a toxicologia forenses”. Contraria-mente às outras especialidades médi-cas, que estão muito mais próximas nos seus conteúdos e formação espe-cializada, a Medicina Legal, fruto da sua estreita ligação às regras jurídicas de cada país, regista ainda uma enor-me variabilidade. Tal condiciona mes-mo o seu enquadramento. Em França, por exemplo, está integrada no Minis-tério da Saúde, sendo um serviço hos-pitalar como qualquer outro. Noutros países, como é o caso da Suíça, está sobretudo inserida no Ministério da Educação, estando “os serviços médi-co-legais nas universidades e os tribu-nais solicitam a estas a realização das perícias”. Noutros ainda, como Portu-gal, está sob a tutela do Ministério da Justiça; e outros há ainda que têm uma multiplicidade de serviços peri-ciais, como por exemplo a Alemanha, onde existem institutos médico-legais municipais, regionais, estatais, univer-sitários… Os contextos de atuação e as regras são ainda muito variáveis, sendo por isso um dos objetivos do Conselho Europeu de Medicina Legal trabalhar para a harmonização nos vá-

mento científico da Medicina na sua aplicabilidade à causa forense — facto que lhe mereceu a atribuição do Dou-glas Lucas Medal 2014, a mais presti-giada distinção no domínio da Medici-na Legal e Ciências Forenses — o Prof. Dr. Duarte Nuno Vieira preside atualmente ao Conselho Europeu de Medicina Legal; ao Conselho Consul-tivo Forense do Procurador do Tribu-nal Penal Internacional; à Rede Ibero--americana de Instituições de Medici-na Legal e Ciências Forenses (rede que agrupa 22 países de língua oficial portuguesa e espanhola da Europa e da América Central, da América do Sul e das Caraíbas), a par de outros cargos reputados de dimensão inter-nacional nos quais intervém com regu-laridade.

Qualquer área das Ciências Forenses tem como propósito a aplicação de conhecimentos e metodologias científicas na resolução de questões jurídicas e de problemas para os indivíduos e para a sociedade. Sobre este vasto campo, falámos com o Prof. Dr. Duarte Nuno Vieira, atual presidente do Conselho Europeu de Medicina Legal.

“Uma boa Justiça só existe se se fundamentar numa boa Ciência”

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SaúdeConselho Europeu de Medicina Legal 7

Mai2017

fundamentar numa boa ciência. Como decidir fundamentadamente sobre uma questão de paternidade sem o au-xílio da ciência que permite analisar o ADN dos indivíduos? Como decidir re-lativamente a um crime se não for com base nas evidências e em tudo aquilo que a ciência nos pode propor-cionar? A ciência permite muito mais exatidão e fundamentação científica para a decisão judicial” .

O Conselho Europeu intervem com opiniões periciais em casos par-ticularmente mediáticos, que susci-tam dúvidas aos tribunais. Nem tudo nas ciências forenses é preto ou branco, existem zonas cinzentas, há aspetos que suscitam dúvidas, sobre-tudo em áreas onde não existem exames objetivos e que vivem da in-terpretação pericial. A psiquiatria fo-rense, por exemplo, é uma das áreas onde muitas vezes os tribunais se confrontam com opiniões divergen-tes. E o Conselho Europeu tem pro-

rios âmbitos: atuação pericial; forma-ção; internato de especialidade; e pro-moção de intercâmbio em termos de investigação científica”. Todos estes temas serão debatidos já no dia 12 deste mês de maio na reunião do Con-selho Europeu de Medicina Legal que se realiza em Lisboa.

Esta será a última reunião presidi-da pelo português que termina a sua presidência em setembro desde ano, por atingir o limite máximo de man-datos. Em setembro próximo, no de-curso de Conferência do Báltico que se realiza em Talin, na Estónia, nos dias 20 a 22, decorrerá a eleição do próximo presidente do Conselho Eu-ropeu de Medicina Legal.

Medicina Legal: EvoluçãoA Medicina Legal e as Ciências Fo-

renses estão em contínua evolução. Qualquer update tecnológico ou científico que ocorra em determina-da área do conhecimento, reflete-se de imediato nas Ciências Forenses e, inevitavelmente, na Medicina Legal. “Se existir um progresso no âmbito da informática, naturalmente há um novo potencial em termos de investi-gação informática. Se se verificar um progresso em termos de enge-nharia mecânica, isso reflete-se em termos da peritagem forense, por exemplo, na reconstituição de aci-dentes”. O nosso interlocutor foca a nossa atenção num cenário de aci-dente de viação com testemunhas

porcionado algumas opiniões peri-ciais que ajudam na tomada de deci-são, como entidade independente, imparcial, envolvendo peritos da maior craveira em todo o espaço eu-ropeu.

A contribuição da Medicina Legal pode permanecer válida mesmo quando surge anos ou décadas de-pois de um determinado evento. Aplica-se muitas vezes a Medicina Legal na resolução de crimes do pas-sado. “Obviamente que já não vão ter o mesmo impacto jurídico, tendo até por vezes os factos já prescrito, mas são ainda assim fundamentais para o conhecimento da realidade, do que verdadeiramente aconteceu”. “Uma das áreas que tem ganho par-ticular significado dentro da Medici-na Legal é a chamada Medicina Le-gal Humanitária ou Ciências Foren-ses Humanitárias, aplicada nomea-damente em contextos envolvendo a violação de direitos humanos”, ex-plica-nos o Prof. Duarte Nuno Viei-ra. Fala da investigação de situações de tortura e maus tratos, de trata-mentos cruéis, desumanos ou degra-dantes, etc… “são alguns deles cri-mes que, nos termos da lei interna-cional, nunca prescrevem, e que mesmo tendo ocorrido há décadas pode a Medicina Legal ser chamada a intervir”. Obviamente quanto mais precocemente for realizada uma pe-rícia melhor: “Em Medicina Legal e em Ciências Forenses o tempo que passa é a verdade que foge”. Quan-to mais o tempo passa mais verdade se perde, o que não significa que anos, décadas ou até séculos depois não se possam tirar conclusões im-portantes.

oculares. “Uma área onde frequente-mente se falta à verdade nos tribunais é a dos acidentes de viação. As teste-munhas vislumbram apenas segun-dos do acontecimento, incorpora-ram apenas uma parte da realidade e gerando um contexto que muitas ve-zes não corresponde á realidade. Fe-lizmente, existem hoje em dia for-mas científicas para reconstituir, com muita proximidade, como é que um determinado acidente ocorreu a partir dos vestígios que ficam no lo-cal, da análise dos danos nos veícu-los, das lesões observadas nas víti-mas, etc… É hoje possível saber, com muita proximidade, como é que um acidente se deu ou pelo menos saber o que não pode ter acontecido e ver se algumas das versões que es-tão a ser contadas são compatíveis, ou não, com aquilo que pode ter acontecido”. Por isso, acrescenta, “costumo dizer que uma boa Justiça só é verdadeiramente possível se se

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Saúde Congresso Português de Cardiologia8

Mai2017

50 pessoas em palco”. Já o concurso de pintura agregou 57 obras dedica-das ao coração da autoria de muitos profissionais, bem como o concurso de Fotografia que premiou imagem in-titulada «Coração, meu coração». Um congresso recheado, ainda, de mo-mentos de intervenção musical educa-tiva feita pelos alunos da Escola Supe-rior de Jazz que, “fora do programa do evento lecionaram aos participan-tes sobre a ciência da arte, porque também há ciência na composição e na escolha de como se contrói um te-ma”.

O feedback positivo evidenciado pe-los participantes estende-se, ainda, à indústria farmacêutica que, segundo Mário Oliveira, ficou “muito satisfeita pela organização do congresso e pela interação estabelecida com os con-gressistas”.

Assumindo o papel da principal montra da Cardiologia a nível nacional e das inovações que revolucionam a especialidade, o CPC2017 contou com meio milhar de apresentações de trabalhos científicos. “Um volume muito apreciável tendo em conta o nosso país”, salienta o cardiologista,

que considera ser este “o grande be-nefício e conteúdo do Congresso”.

A presença de mais de 40 peritos internacionais, personalidades des-tacadas nas mais diversas áreas, que trouxeram novidades, propor-cionando momentos de discussão e criação de laços de trabalho, (net-working) que permitem a definição de trabalhos e projetos futuros en-tre colegas e possibilitam a oportu-nidade de estágios para os jovens especialistas. “Os dois momentos que destaco são a partilha e discus-são dos resultados, fruto da investi-gação do que se faz em Portugal, e a possibilidade de termos acesso aos resultados daquilo que os peri-tos trouxeram de mais inovador, não só estrangeiros como nacio-nais. Este ano celebram-se os 20 anos de experiência da ablação da fibrilhação auricular por via percu-tânea, baseada no isolamento das veias pulmonares, que, de modo pioneiro, começou por ser feito no nosso país. A comemoração deste momento trouxe ao nosso Con-gresso os mais destacados especia-listas na matéria, pessoas que con-

espaço pioneiro dedicado à investiga-ção em tecnologias cardiovasculares. Investigadores, académicos e profis-sionais da Informática candidataram--se com projetos que pudessem revo-lucionar, de alguma forma, a área car-diovascular. “Houve um projeto ven-cedor, premiado sob o ponto de vista do que eram os off topics das várias áreas de intervenção em Cardiologia e Cirurgia Cardíaca, que proporcionou muitos aspetos inovadores para a dis-cussão daquilo que se está a fazer, nes-te momento, em termos de tecnologia de ponta”, elucida Mário Oliveira.

Além do seu teor científico e clínico, a grande aposta desta edição na ver-tente de arte e cultura verificou-se também, segundo o cardiologista, “uma prova superada, logo na abertu-ra do evento com um concerto fantás-tico feito exclusivamente por médicos e estudantes de Medicina com mais de

Decorreu no final do passado mês de abril o Congresso Português de Cardiologia que reuniu cerca de 2600 congressistas. Mário Oliveira, presidente da Comissão Organizadora, revela ao Perspetivas as dinâmicas vividas neste amplo fórum de debate centrado nas patologias afetas ao coração. Para além do teor científico, a edição CPC2017 integrou uma relevante componente cultural.

O maior congresso a nível nacional surge repleto de inovações

De 22 a 25 de abril, a Herdade dos Salgados, no Algarve, acolheu o Con-gresso Português de Cardiologia (CPC) que configura o ponto de en-contro por excelência de todos os pro-fissionais envolvidos nesta área. Numa dimensão única, o evento atingiu o pi-co de 2600 congressistas, facto que confere a este congresso o maior a ní-vel nacional - oito salas ativas em si-multâneo, distribuídas por quatro pi-sos, permitindo a livre circulação dos participantes sem áreas de conflito..

Mário Oliveira, presidente da Co-missão Organizadora, faz um balanço muito positivo e enriquecedor desta experiência, que “elevou o CPC a um patamar de grande relevância por conciliar um elevado número de parti-cipantes num programa de excelência repleto de ações inovadoras, que su-plantaram as expetativas”. A primeira edição do Cardio Arena conferiu um

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SaúdeCongresso Português de Cardiologia 9

Mai2017

com o chef Henrique Sá Pessoa a cozinhar ao vivo uma refeição com-pleta 100% baseada na alimentação do Mediterrâneo, em que usou azei-te, legumes, saladas, peixe, vinho e vinagre, ao mesmo tempo que foi trocando impressões com os nossos especialistas”.

A II Corrida do Coração, aberta à população algarvia e à Associação de Atletismo do Algarve, contou com centenas de participantes que acabaram por visitar também a Feira da Saúde – iniciativas que decorre-ram em simultâneo. “Organizada por enfermeiros, nutricionistas e téc-nicos de Cardiopneumologia a Feira da Saúde permitiu realizar um ras-treio de fatores de risco envolvendo a tensão arterial, o perímetro abdo-minal, o índice de massa corporal, a glicémia e os níveis de colesterol das pessoas da comunidade que lá se deslocaram”.

Antes do início do Congresso Por-tuguês de Cardiologia, realizou-se o Mass Training, que consistiu numa

tribuíram para modificar a técnica ao longo destas duas décadas, acei-tando o desafio de escrever e pu-blicar um artigo científico na Revis-ta Portuguesa de Cardiologia, o or-gão oficial da Sociedade Portugue-sa de Cardiologia”, assevera Mário Oliveira.

A ligação com congéneres interna-cionais estendeu-se ainda na reunião realizada com a Federação das Socie-dades de Cardiologia de Língua Portu-guesa na abordagem da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares, contribuindo para que estes países possam desenvolver estruturas funcionais eficazes nestas vertentes.

Caráter MultidisciplinarMuitas sessões confirmaram a mul-

tidisciplinaridade do CPC2017, cor-respondendo ao atual contexto hospi-talar. ““Foi uma experiência muito positiva, que se deve repetir e amplifi-car, pois é preciso explorar esta dinâ-mica do melhor relacionamento dos hospitais com a Medicina Geral e Fa-miliar. Os fóruns foram um sucesso e insistimos para que houvesse sessões com outras especialidades com as quais trabalhamos diariamente, como é o caso da Pneumologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Cardíaca, Cuidados Intensivos, Nefrologia. Todas estas áreas tiveram espaços próprios de apresentação e discussão, permitindo aprofundar laços estruturais de traba-

experiência com jovens das escolas da região, realizado no âmbito da campanha «Eu amo viver». “Partici-param cerca de 220 alunos e profes-sores que, com um grupo de forma-dores do INEM, se dedicaram à aprendizagem de técnicas de supor-te básico de vida que, na minha opi-nião, confere á iniciativa um impor-tante ato de cidadania”, evidencia Mário Oliveira, que demonstra uma elevada satisfação na aprovação da obrigatoriedade da aprendizagem de técnicas de suporte básico de vida para obtenção da carta de condu-ção.

Em jeito de conclusão da conversa com o Perspetivas, o presidente da Comissão Organizadora do CPC2017 realça “os esforços e con-tributos de todos aqueles que torna-ram possível a realização de um Congresso desta dimensão, que se revelou um sucesso e se afirmou co-mo uma referência a nível nacional, elevando as expetativas para a pró-xima edição”.

lho entre a Cardiologia e as diferentes especialidades para que no futuro es-se património seja transferido em be-nefício dos doentes”, elucida Mário Oliveira.

Além disso, são vários os projetos levados a cabo, atualmente, pelos profissionais de Enfermagem, nomea-damente na área da insuficiência car-díaca, considerada como uma das grandes epidemias do século XXI. “O papel dos enfermeiros é muito impor-tante nestas visitas clínicas que se rea-lizam nos Hospitais de Dia e nos pro-gramas de reabilitação, de telemedici-na e de assistência ao domicílio. To-dos estes projetos foram debatidos com os enfermeiros no Congresso, que contou com a presença de um grupo de Barcelona, que trouxe o res-ponsável por um projeto de sucesso de apoio domiciliário e hospitalar a doentes com insuficiência cardíaca, partilhando toda a sua experiência com os nossos profissionais de saú-de”, revela.

Intervenções lúdicas e pedagógicas

O CPC2017 integrou também uma vertente lúdica de consciencialização e informação sobre algumas doenças do foro cardiológico, que se revelaram pedagógicas e enriquecedoras no con-texto em que se inseriram.

Segundo Mário Oliveira, a expe-riência dedicada à dieta mediterrâni-ca foi “verdadeiramente original

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Saúde Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular10

Mai2017

Atualmente presidida por José Da-niel Menezes, a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) é uma entidade médica de carácter científico, formativo e de di-vulgação profissional, que tem como objetivo essencial o progresso da es-pecialidade a nível nacional e a inter-nacionalização. Múltiplas são as ações desenvolvidas pela Sociedade; desde o seu Congresso Anual a cur-sos temáticos, às atividades formati-vas realizadas junto dos internos da es-pecialidade e de outros profissionais de saúde, às campanhas de rastreio de patologias vasculares prevalentes, le-vadas a cabo junto da população em geral.

Por ser um mono especialidade com reconhecimento autónomo pela Ordem dos Médicos “apenas” há 30 anos, o público ainda não conhece

prioridade da atual direção da SPA-CV, que pretende que estes “corres-pondam a áreas com particularida-des específicas dentro da Angiologia e Cirurgia Vascular, e sirvam como promotores do desenvolvimento, qualidade e educação dentro do seu âmbito” – os seis existentes são: Bio-logia Vascular, Acessos Vasculares e Transplantação, Pé Diabético, Mal-formações Vasculares e Cirurgia Vascular Pediátrica, Ética e Investi-gação Clínica e da Imagiologia Vas-cular.

Para atestar da qualidade da forma-ção na especialidade referiu ”os nos-sos jovens Angiologistas e Cirurgiões Vasculares têm demonstrado excelen-tes resultados no exame Europeu para obtenção do título “Fellow do Euro-pean Board of Surgery Qualification in Vascular Surgery”, ficando habitual-mente entre os primeiros classificados e não tendo havido até hoje qualquer reprovação.

Como um dos fundadores e atual responsável máximo, José Daniel Menezes projeta os próximos anos da SPACV e da especialidade “na união de todos os especialistas á vol-ta da Sociedade, na formação contí-nua, na promoção da inovação, na divulgação dos nossos temas e na in-ternacionalização da Sociedade e dos seus sócios”. Salienta a determi-nação em criar Registos Nacionais de Cirurgia Vascular, por patologias e procedimentos, no sentido da pro-moção da qualidade assistencial e apoio á investigação. Por fim “last but no least” quer apostar firmemen-te na Revista da Sociedade “ a nossa joia da coroa”- disse- na busca da obtenção para ela de“ factor de im-pacto”.

XVII Congresso SPACV

Frederico Bastos Gonçalves, espe-cialista do CHLH (Hospital de Santa Marta) e Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, ocupa atualmente o cargo de secretário-geral da sociedade, “uma função altamente recompensadora e intelectualmente estimulante” em acu-mulação a uma prática clínica assis-tencial e académica a tempo inteiro, segundo nos conta.

Tem a seu cargo a organização do XVII Congresso Anual da SPACV – 15 a 17 de junho, em Évora – que repre-senta o espaço natural de convergência daqueles que tratam ou promovem o tratamento dos doentes vasculares. “Te-remos, como é habitual, uma especial atenção para a produção científica na-cional através de sessões de comunica-ções livres e posters. Os melhores traba-lhos apresentados serão distinguidos, valorizando assim a melhor ciência e in-vestigação clínica na doença vascular. Teremos ainda sessões dedicadas a dife-rentes patologias, contando com as pa-lestras de alguns dos maiores peritos na-cionais e internacionais. Como comple-mento ao programa principal, serão oferecidos cursos que abordarão temas de interesse para os participantes, des-tacando-se um curso dedicado à proble-mática da exposição à radiação ionizan-te, um curso dedicado à aprendizagem de bioestatística aplicada a investigação clínica e um curso para revisores da re-vista Angiologia e Cirurgia Vascular, além de iniciativas paralelamente desen-volvidas pelos patrocinadores do Con-

de forma clara, o âmbito da sua in-tervenção clínica, confundindo-a com o nome de Cardiovascular. “A Angiologia é a ciência médica que diagnostica e trata as doenças da cir-culação, isto é, das artérias das veias e linfáticos de todo o organismo” e por isso vai para além da Cardiovas-cular, tendo pontos de contacto na-turais com Cardiologia, Medicina In-terna, Neurologia e Nefrologia Ci-rurgia Cardíaca e Geral entre outras ”, revela José Daniel Menezes, evi-denciando que a especialidade não está presente em todas as regiões de Portugal – Alentejo e Algarve não têm serviços da especialidade.

Em entrevista ao Perspetivas, o atual presidente da SPACV relata a impor-tância da criação, no seu mandato, do Núcleo de Ética e Investigação Clínica – a par com a criação do Núcleo das Mal-formações Vasculares e Cirurgia Vascu-lar Pediátrica. Com estes são agora seis os Núcleos da Sociedade. “É necessário formar os jovens médicos e futuros es-pecialistas, com os processos da investi-gação científica de topo, para que pos-sam desenvolver e acompanhar e ava-liar corretamente os seus planos, ou de uma forma mais corrente, a validade dos artigos científicos publicados, sepa-rando-os como “o trigo do joio”. A Éti-ca cada vez mais associada à Investiga-ção Científica é o pilar estruturante do Núcleo.

A dinamização da atividade dos Núcleos é estabelecida como uma

A Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV), presidida por José Daniel Menezes, tem revelado uma dinâmica progressiva na representação da especialidade a nível nacional e internacional, através de atividades científicas e formativas em várias áreas, designadamente na doença do Pé Diabético.

Promover a excelência no tratamento das patologias vasculares

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Saúde Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular 11

Mai2017

risco cardiovasculares (hipertensão ar-terial, colesterol alto e o tabagismo), dos fatores causais e o tratamento lo-cal da ferida, estando este dependente da identificação da causa. “Se for a is-quemia por presença de DAOP, a re-vascularização cirúrgica ou endovascu-lar será necessária e urgente, pois constitui um fator de risco elevado pa-ra amputação e afeta mais de metade dos doentes com Pé Diabético, confe-rindo-lhes um prognóstico pior do que aqueles que só têm neuropatia. Daí a importância da integração da Cirurgia Vascular nas equipas multidisciplina-res, que a nível hospitalar se exigem para tratar estes doentes, para reduzir drasticamente as complicações e no-meadamente a taxa de amputações”, assevera Joana Martins, indicando que a região sul do país evidencia uma taxa superior ao dobro das amputa-ções no norte.

Desta forma, o Núcleo de Pé Diabé-tico tem como principal objetivo a di-vulgação de informação sobre a doen-ça e a formação de profissionais de

gresso”, revela Frederico Bastos Gon-çalves, que nos adianta a realização de uma ação de sensibilização e rastreio junto da população, que terá como pon-to alto uma prova desportiva que terá lu-gar no dia 15 de Junho pelas 18h30, no centro da cidade de Évora.

Pé Diabético

O Núcleo de Pé Diabético (PD), coor-denado por Joana Martins, foi formado com o intuito de criar uma maior dinâ-mica de investigação, debate e divulga-ção desta patologia vascular, essencial perante o aumento da Diabetes Mellitus e dos internamentos por Pé Diabético. A última publicação do Observatório Nacional da Diabetes (OND) estima que, em 2015, mais de um milhão de portu-gueses com idades entre os 20 e os 79 anos tinham diagnóstico de Diabetes. O Pé Diabético é uma das complicações mais graves e representa a principal causa de amputações não traumáticas dos membros inferiores.

“Esta patologia leva à formação de úlceras ou feridas nos pés por diversos mecanismos que muitas vezes se so-mam e levam a uma dificuldade variá-vel na cicatrização, podendo nos ca-sos mais extremos levar a amputação de dedos ou mesmo do membro infe-rior. Existem dois mecanismos princi-pais, a neuropatia que torna os pés in-sensíveis e deformados e a isquemia provocada pela Doença Arterial Peri-férica (DAOP) que diminui a irrigação do pé e influencia negativamente a ca-pacidade de cicatrização. Aqui é fun-damental o papel do cirurgião vascu-

saúde nesta área. “O grande interesse do presidente da SPACV, José Daniel Menezes, nesta área tem-me ajudado muito nestes objetivos, fundamentais para a prevenção da doença e para a referenciação atempada, fatores de-terminantes no salvamento de mem-bros. Estamos a elaborar conteúdos informativos sobre prevenção, classifi-cação do risco e infeção, tratamento e orientações sobre referenciação para Cirurgia Vascular em forma de panfle-tos para serem distribuídos a profissio-nais de saúde por todo o país. Além disso, a SPACV tem tido um papel formativo muito importante nos inter-nos da especialidade através da orga-nização de cursos relativos a diferen-tes áreas. O curso que estamos a or-ganizar, neste momento, chama-se «Pé Diabético, com conceitos para além da revascularização» e tem o ob-jetivo de formar os internos da nossa especialidade em todas as áreas de in-tervenção para melhorarem os seus conhecimentos sobre a complexidade da doença”, conclui Joana Martins.

lar, tanto no diagnóstico como no tra-tamento da doença arterial periférica, recorrendo quando necessário e pos-sível a cirurgias de reconstrução arte-rial de forma a promover um maior afluxo de sangue e a cicatrização das feridas, evitando as amputações”, ex-plica Joana Martins, atual coordena-dora do núcleo.

Embora seja verdade em todas as doenças, a prevenção asume pri-mordial importância no Pé Diabético e, por isso, há uma série de procedi-mentos que podem ser tomados pa-ra evitar o aparecimento de feridas. Nesta fase, o papel do médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) é fundamental na avaliação periódica do pé e na educação do doente e seus familiares nos cuidados a ter: lavar e hidratar os pés diariamente tendo atenção especial para secar bem os espaços entre os dedos; as unhas devem ser limadas regular-mente e não cortadas; andar sempre com calçado fechado após verificar que não têm nada no seu interior; as meias não devem ter costuras nem elásticos e devem ser, de preferên-cia, de fibras naturais; os sapatos de-vem ser um número acima e devem ser apertados com cordões ou vel-cro; e as fontes de calor (aquecedo-res, lareiras e botijas de água quente) devem ser evitadas – “A melhor for-ma de prevenir é tão simples quanto olhar para os pés todos os dias”.

Não obstante, segundo a especialista “a sensibilidade do pé está em causa constantemente e, por isso, é necessá-rio estar também alerta para os sinto-mas de neuropatia e arteriopatia/isque-mia, como a sensação de formigueiro ou picadelas e dor na barriga da perna com o esforço da marcha, que podem preceder o aparecimento de feridas, embora o mais frequente seja o apareci-mento de lesões sem aviso prévio”. Po-rém, quando surgem, o utente “deve de imediato consultar um médico”. Inicial-mente pode ser o de MGF, que o deve encaminhar de imediato para um cirur-gião vascular, quando existe suspeita de doença arterial periférica, pois “é impe-rativo não adiar a observação de uma ferida no pé de um diabético”.

O tratamento inclui o controlo da Diabetes, a correcção dos fatores de

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Uma especialidade complexa e com múltiplas vertentes como a Gastrentero-logia tornou possível a transformação de várias reuniões específicas numa Sema-na Digestiva, que configura atualmente o ponto de encontro por excelência de to-dos os profissionais envolvidos na pre-venção, diagnóstico e tratamento das doenças do aparelho digestivo.

Rui Tato Marinho é o presidente da Comissão Organizadora da edição de 2017, que abarca um processo elabora-do em conjunto com a Sociedade Portu-guesa de Gastrenterologia (SPG), Socie-dade Portuguesa de Endoscopia Digesti-va (SPED), Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) e as Secções Especializadas da SPG e, em entrevista ao Perspetivas, apresenta-nos o evento que coordena: “A Semana Digestiva corresponde ao congresso nacional da especialidade, que constitui um amplo fórum do trabalho científico de várias so-ciedades no âmbito das doenças do apa-

nica que se vive nos dias de hoje. Desde os profissionais dos cuidados de saúde primários (representam a entrada no Sis-tema Nacional de Saúde) à presença dos enfermeiros, que têm demonstrado um particular “entusiasmo” com a segunda edição da Reunião de Enfermagem inse-rida na Semana Digestiva (Associação Portuguesa de Enfermeiros de Endosco-pia e Gastrenterologia (APEEGAST). Além disso, contamos com a presença de “cerca de 35 laboratórios de indústria farmacêutica, não só de medicamentos, mas também de dispositivos médicos e aparelhos”, afirma Rui Marinho.

Temas em destaqueSegundo o presidente da Semana Di-

gestiva, “o utente hoje em dia é uma pessoa cada vez de maior idade, obeso, frágil, e com muitas doenças (multimor-bilidade)”. A Medicina em geral, e a Gas-trenterologia em particular estão cientes do contexto atual e futuro, e, por isso, os temas que serão abordados na edição deste ano estão, por certo, na ordem do dia.

“As doenças do aparelho digestivo são muito importantes, porque 35% dos cancros são digestivos, que representam cerca de 9% das mortes em Portugal. Um valor elevado, tendo em conta que se trata de doenças evitáveis e tratáveis”, explica Rui Tato Marinho, indicando que a Oncologia Digestiva – Big Five (can-cros do esófago, estômago, pâncreas, fí-gado, cólon e reto) – será um dos temas em destaque entre outros, como o ras-treio do Cancro Colorretal, Doença do Refluxo, Doença Inflamatória Intestinal, Transplantes Hepáticos com a interven-ção de Eduardo Barroso, Hipertensão Portal Não Cirrótica e um curso pré-con-gresso sobre as grandes inovações tec-nológicas da endoscopia chamado “Ima-gem em Endoscopia Digestiva”.

São temáticas com impacto crescente em relação à medida de evolução da so-

ciedade, cada vez mais obesa e envelhe-cida exigindo um gasto elevado no trata-mento destes doentes. Uma questão po-lémica que o gastrenterologista aborda abertamente. “Estamos a gastar dema-siado no fim de vida, a chamada distaná-sia. O número de mortes em Portugal gi-ra em torno dos 108 mil e a grande par-te são mortes expectáveis. O gastrente-rologista lida muito com a doença terminal e com o fim de vida. Apesar de tudo, o especialista enfatiza a evolução da especialidade no nosso país, que con-sidera estar muito desenvolvida, nomea-damente na “rápida aplicação das novi-dades nesta área, quer de medicamentos novos, quer das novas tecnologias – os big data, inteligência artificial, deep lear-ning, aparelhos de reconhecimento de padrões, internet sem fios ou colheita de dados digitais – que permitem encami-nhar a Medicina na descoberta de curas”.

A presença de congéneres internacio-nais está também garantida e configura um fator de partilha de experiências em contextos distintos e uma excelente oportunidade para atualização científica e criação de uma network profissional e pessoal. “Antigamente, os estrangeiros vinham cá ensinar, mas hoje em dia tra-ta-se de partilhar experiências. Temos muitos contactos no exterior, muitos jo-vens portugueses especialistas em Gas-trenterologia, nomeadamente no Japão, Estados Unidos e Brasil. Acabamos tam-bém por aprender uns com os outros e é uma oportunidade para ouvir os me-lhores. Por outro lado, também serve para mostrar os trabalhos científicos que foram feitos ao longo deste último ano nas mais diversas áreas”, refere o presi-dente da Semana Digestiva, que contará então com a presença de dirigentes da Federação Brasileira de Gastrenterolo-gia, da Organização Pan-Americana de Endoscopia, da Sociedade Interamerica-na de Gastrenterologia, da Sociedade Espanhola de Patologia Digestiva, União

relho digestivo, que será apresentado a cerca de 700 profissionais de saúde”.

O lema “Inovar, Formar para melhor Cuidar” coloca a pessoa com problemas do foro digestivo no centro do sistema, promovendo o debate sobre as inova-ções mais recentes de tecnologias, pro-cessos de trabalho e medicamentos que revolucionaram o tratamento de várias doenças e a formação dos participantes, quer através de cursos, demonstrações práticas e teóricas ou até partilha de ex-periências informais – curso pós-gradua-do “Passado, Presente e Futuro da En-doscopia Digestiva” e o curso “Gastrodi-gest 2017” dedicado aos especialistas da Medicina Geral e Familiar – com o in-tuito de providenciar uma atualização so-bre as entidades mais frequentes e rele-vantes da população portuguesa.

A extensão do aparelho digestivo e a integração de profissionais de saúde de várias áreas confere um caráter multidis-ciplinar ao congresso, que acaba por corresponder ao contexto da prática clí-

Sob o lema “Inovar, Formar, para melhor cuidar”, a Semana Digestiva representa o principal congresso científico nacional na área da Gastrenterologia, proporciona um amplo fórum de discussão sobre as doenças do aparelho digestivo. A edição deste ano decorre de 7 a 10 de junho no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira.

Um olhar aprofundado sobre a Gastrenterologia portuguesa

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é apaixonante, porque permite ver a Gastrenterologia com outros olhos, de forma ampla mas também ao pequeno detalhe Conhecer de perto o que a Gas-trenterologia portuguesa está a fazer, o que os médicos mais jovens, assim como a própria indústria farmacêutica tem si-do uma experiência enriquecedora a vá-rios níveis. Estou expectável relativa-mente aos resultados, pois tivemos cerca de 500 trabalhos submetidos para serem apresentados o que demonstra bem a vi-talidade das nossas sociedades científi-cas.

A informação sobre a Semana Diges-tiva 2017 será objeto de atualização per-manente através do site www.semanadi-gestiva.pt, com o apoio da empresa LPM, criado especificamente para o efeito, que promete ser um veículo ino-

Europeia de Gastrenterologia, e de mé-dicos angolanos e moçambicanos. Con-tamos também com a presença de asso-ciações que representam as pessoas com doença celíaca (Associação Portu-guesa de Celíacos), hepatites víricas (SOS Hepatites), doença inflamatória in-testinal (Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino), doen-ças raras (Raríssimas).

“O propósito é continuar a abrir a So-ciedade Portuguesa de Gastrenterologia para o mundo”, assegura Rui Marinho.

Na perspetiva de promover um me-lhor cuidado aos doentes, mas também de garantir a segurança do serviço pres-tado. “Apesar de os médicos e apare-lhos serem cada vez melhores, não são infalíveis e o erro pode acontecer a qual-quer altura como em outras áreas”, refe-

vador e eficaz de comunicação com a comunidade da Gastrenterologia portu-guesa. Um evento de grandes dimen-sões, que decorre de 7 a 10 de junho no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira. Rui Tato Marinho deixa o convite: “Venham viver a Semana Di-gestiva”.

re. Neste sentido, a Comissão Organiza-dora da edição de 2017 da Semana Di-gestiva convidou um comandante da TAP, tendo em conta que a aviação é a atividade humana mais segura – trans-missão de técnicas e conhecimentos dos pilotos. Além disso, estará também pre-sente uma jurista para orientar o que se deve fazer para evitar erros e como pro-ceder quando acontece uma complica-ção – “Queremos ser mais seguros e melhores”.

Na posição de presidente da Comis-são Organizadora do congresso, o gas-trenterologista Rui Tato Marinho tem contactado com profissionais reconheci-dos de diferentes especialidades e áreas e o mesmo assume que esta tem sido uma oportunidade única e enriquecedo-ra. “Uma organização de algo deste tipo

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30%População

Refluxo Gastro Esofágico

20%População

Obstipação Crónica

mil15 a 20

pessoas

Doença Inflamatória Intestinal (Doença de Crohn e Colite Ulcerosa)

Doenças do Fígado

CirroseCancro Hepático

ÁlcoolHepatite B e C (150 mil pessoas)

Esteatose (gordura)

EndoscopiaColonoscopia

CPRE (pâncreas e vias biliares)Cápsula Endoscópica

EcoendoscopiaEcografia Digestiva/Estudos Funcionais

Exames realizados pelo Gastrenterologista

O APARELHO DIGESTIVOO GASTRENTEROLOGISTA

Somos 500Gastrenterologistas

em Portugal

Esófago

10%População

Síndrome do Intestino Irritável

SINTOMASDor Abdominal,

Obstipação, Diarreia

30%Portugueses

vão ter doença do Aparelho

Digestivo

Mortepor hora

Cancro Digestivo1 1

2

3

4

Fígado95%

Cólon e Reto45%

Estômago70%

Pâncreas>95%

CANCROS DO APARELHO DIGESTIVO

MORTALIDADE AO FIM DE 5 ANOS

~ 10% DA MORTALIDADE EM PORTUGAL

!5

Esófago85%

3 das 10 doenças que mais matam são do Aparelho Digestivo

CANCRO DO CÓLONCANCRO DO ESTÔMAGO

CIRROSE + CANCRO DO FÍGADO

EstômagoFígado

VesículaVias biliares

PâncreasIntestino delgado

RetoÂnus

Intestino grosso (cólon)

www.semanadigestiva.pt

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Saúde Grupo de Investigação do Cancro Digestivo14

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Atualmente presidido por Hélder Man-sinho, o Grupo de Investigação do Can-cro Digestivo (GICD) visa promover a in-vestigação científica e clínica, atividades de formação em várias dimensões e de caráter multidisciplinar, isto é, envolven-do todas as especialidades e profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento de doentes oncológicos do tubo digestivo, a promoção de boas práticas e a informa-ção junto da população.

De entre as patologias oncológicas do tubo digestivo, o cancro do pâncreas é, a nível mundial, a quarta causa de morte por cancro. Neste sentido, Hélder Man-sinho afirma que este assume um caráter preocupante, “devido aos sintomas si-lenciosos, levando a um diagnóstico tar-dio e, praticamente, irreversível da doen-ça”.

“A biologia destes tumores é comple-xa, com um microambiente que tem um

momento, existem 252 ensaios referen-tes ao cancro do pâncreas contra 1070 no cancro da mama”. Hélder Mansinho alerta para “a necessidade de um aper-feiçoamento organizacional a nível na-cional e europeu, envolvendo cuidado-res, associações de doentes e outros pro-fissionais, de modo a ser possível cons-ciencializar o poder político e as autoridades de saúde para a definição de planos nacionais, centros de referência e verbas para investigação, não só no que se refere à investigação básica, mas tam-bém no que respeita à possibilidade de deteção precoce, viabilizando-se planos transversais aos diversos países euro-peus de facilitação da mobilidade e aces-so dos doentes aos diferentes ensaios clí-nicos disponíveis, tornando-se exequível esbater as desigualdades de acesso às te-rapêuticas disponíveis que se verificam entre os diferentes países”.

Tendo por base esta linha ideológica, o GICD está, neste momento, envolvido no Pancreatic Cancer Europe (PCE) que reúne um conjunto de especialistas euro-peus, que com o suporte da indústria tem desenvolvido iniciativas e campa-nhas pelo impacto que esta patologia oncológica tem evidenciado na mortali-dade a nível europeu e mundial. “O GICD está muito envolvido e tem como objetivo estabelecer uma base de dados em Portugal que integre a base de dados do PCE, já em fase de implementação. Isto possibilitará analisar e estudar, den-tro de cada país europeu, as assimetrias que existem quer nos tempos de diag-

nóstico, nos prognósticos, nos trata-mentos e nos impactos na sobrevivên-cia”, refere Hélder Mansinho.

2nd Porto Precision Oncology Meeting

Este fórum de debate pretende fazer a junção dos conhecimentos que resulta-ram da investigação científica básica e da investigação clínica, de modo a permitir um tratamento o mais personalizado e correto possível. Lúcio Lara Santos, se-cretário-geral do GICD e membro da or-ganização segunda edição do encontro, afirma que a Oncologia de Precisão “visa promover o diagnóstico precoce, encon-trar novos alvos terapêuticos para desen-volver novos medicamentos e técnicas de tratamento eficazes que aumentem a so-brevivência com menos eventos adversos e que sejam adequados ao doente em causa, garantindo a qualidade de vida”. A reunião do presente ano realiza-se no Ins-tituto de Patologia e Imunologia Molecu-lar da Universidade do Porto (IPATI-MUP), no dia 19 de maio, e reunirá “in-vestigadores nacionais e estrangeiros que participam e partilham o conhecimento novo, inovador, comprovado e publicado e as experiências vividas na aplicação desses conhecimentos”.

A Oncologia portuguesa globalmente é célere no tratamento dos doentes, prima por boas práticas e no rápido acesso aos medicamentos aprovados”. Segundo Lú-cio Lara Santos, “a investigação clínica em Oncologia deveria ter um lugar rele-vante na nossa prática diária. Porém, isto não ocorre de forma evidente no nosso país. A concorrência com outros países da mesma dimensão oncológica que Por-tugal mas com aparente melhor organi-zação na área da investigação clínica, com trabalho publicado e reconhecido pelos pares e mesmo pela indústria far-macêutica, leva a que o nosso país seja,

papel decisivo no crescimento e resistên-cia à terapêutica. O crescimento silen-cioso, sem sintomas identificáveis ou inespecíficos, até uma fase tardia da doença, levam a que, na altura do diag-nóstico, somente 20% sejam operáveis. O tratamento do cancro do pâncreas metastizado, com as melhores terapêuti-cas atuais, confere aos doentes media-nas de sobrevivência de 11 meses. Os fatores de risco mais comuns são a dia-betes, o tabaco, a obesidade e a pan-creatite crónica. Para além destes, exis-tem agregações familiares da doença, encontrando-se ainda identificados sín-dromes genéticos associados ao cancro do pâncreas”, revela o presidente do grupo de investigação.

Por conseguinte, urge um trabalho de divulgação desta doença e dos seus pos-síveis sinais de alarme junto da popula-ção e dos médicos de família, mas tam-bém um maior investimento e trabalho de investigação no espaço nacional e eu-ropeu. “A melhoria da sobrevivência es-tá diretamente ligada ao volume de re-cursos despendidos em investigação e o carcinoma do pâncreas, apesar de ser um dos tumores com mais alta mortali-dade, tem um nível de investimento fran-camente inferior aos restantes. Neste

A investigação científica e clínica no diagnóstico e tratamento do cancro do pâncreasO Grupo de Investigação do Cancro Digestivo foi criado em 1988 com o principal objetivo de promover a investigação e a promoção das boas práticas nas patologias oncológicas do tubo digestivo. Como uma das principais causas de morte a nível mundial, o cancro do pâncreas será o tema central do 2nd Porto Precision Oncology Meeting, que decorre no dia 19 de maio no IPATIMUP.

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SaúdeGrupo de Investigação do Cancro Digestivo 15

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progressão, liberta células na circula-ção sanguínea. “Há cada vez mais evi-dência de que essas células podem ser detetadas. Se conseguirmos detetar estas células e conseguir perceber as suas características e funções, pode-mos desenhar ou antecipar terapêuti-cas. Uma área que está a ser desen-volvida por um grupo de investigação no IPO-Porto”.

No final do dia 19 de maio, será lançado, com o patrocínio do GICD, o livro sobre o Cancro do Pâncreas, que reúne os conhecimentos e opi-niões de vários oncologistas portu-gueses. Esta publicação está direcio-nada para os profissionais de saúde interessados e envolvidos na patolo-gia oncológica do pâncreas, nomea-damente oncologistas, enfermeiros e médicos de família.

muitas vezes, injustamente preterido nos ensaios clínicos de fase dois e três. Os en-saios de fase I (entrada de medicamentos novos no homem) são ainda em número reduzido em Portugal, mas estamos a criar condições objetivas para alterar este quadro. Por exemplo no presente mo-mento está em curso um ensaio de Fase I e com um medicamento anti-oncológico Português”. Deste modo, os objetivos do evento Precision Oncology são promover mais ensaios, dar a conhecer as experiên-cias e os especialistas portugueses, difun-dir o contacto com congéneres interna-cionais e estabelecer parcerias com gru-pos de investigação semelhantes, como ocorre por exemplo na Espanha”, assu-me.

Este ano, o cancro do Pâncreas assume o papel de destaque nos debates o que, no final, se concretizará na elaboração de um documento de conclusões, recomen-dações ou consensos que traduzam orien-tações úteis para a prática clínica diária.

O pâncreas é um órgão constituído por vários tipos de células, as quais têm fun-ções muito importantes para o nosso or-ganismo. Este órgão complexo regula o nível do açúcar no sangue através da pro-dução da insulina. A perda de função das células pancreáticas, que produzem insu-lina, leva à Diabetes Mellitus. Para além desta função endócrina, o pâncreas tem também a função exócrina, isto é, segre-ga o suco pancreático que intervém na di-gestão dos alimentos. As diferentes célu-las que constituem o pâncreas podem malignizar. As células envolvidas na fun-ção exócrina do órgão são aquelas que mais frequentemente malignizam sendo responsáveis pelo adenocarcinoma do pâncreas. O registo oncológico nacional

O 2nd Porto Precision Oncology Mee-ting assume-se, assim, como jornada de trabalho, de discussão entre os investiga-dores, direcionada para as pessoas envol-vidas nesta dimensão da patologia onco-lógica do pâncreas. Segundo Lúcio Lara Santos, “o objetivo é tornar estas discus-sões participadas e promover o contacto entre os investigadores e os clínicos para que passe a mensagem, pois uma das principais razões para o insucesso na in-vestigação em Oncologia tem sido a difí-cil comunicação entre a linguagem utiliza-da por parte de quem vê e trata o doente e a linguagem de quem investiga a doen-ça, a interdisciplinaridade na solução dos problemas é, nesta área, como em outras a chave do sucessso. Os alunos de Medi-cina, investigadores e profissionais de saúde interessados estão convidados a participar no evento.

estima que são diagnosticados anualmen-te, em Portugal, cerca de 1000 novos ca-sos de cancro do pâncreas. “Infelizmen-te, este cancro é diagnosticado muitas ve-zes numa fase tardia, isto é, quando exis-te doença avançada impedindo que o tratamento seja de carácter curativo. Em mais de 80% dos casos, na data do diag-nóstico, o cancro é metastizado ou local-mente avançado. É caraterístico desta neoplasia um padrão de crescimento rá-pido, disseminação vascular precoce, en-volvimento de gânglios linfáticos regio-nais, e metástases para os órgãos distan-tes (fígado, peritoneu, pulmões). O can-cro do pâncreas também pode invadir os órgãos circundantes por contiguidade, conduzindo a nesse estádio a sobrevivên-cia limitada se não tratados de forma ade-quada”, indica o médico da Clínica de Pa-tologia Digestiva do IPO-Porto.

Por conseguinte, o Precision Oncology propõe-se a refletir sobre esta patologia complexa e as técnicas que visem a pos-sibilidade de um diagnóstico mais preco-ce e um tratamento mais eficaz. Neste sentido, o estudo do genoma do doente e do estroma do tumor torna-se uma opor-tunidade no tratamento terapêutico. A sessão Genomic Analysis: identifying the molecular subtypes of the pancreatic can-cer visa “debater os subtipos moleculares que podem ser sensíveis a determinados medicamentos e resistentes a outros, possibilitando um conhecimento a priori, que pode ser traduzido numa prática clí-nica adequada e personalizada às respeti-vas características do doente e tumor”.

A Imunoestimulação com Interstitial Laser Thermotherapy é um ensaio re-cente, a decorrer no IPO-Porto (em conjunto com três países europeus), em que se “utiliza um laser que ao destruir células tumorais, expõe molé-culas específicas. O sistema imunitá-rio ao reconhecer, que libertam as moléculas que têm dentro, o sistema imunitário ao reconhecer aquelas mo-léculas como estranhas pode ativar-se com o objetivo de as destruir, ajudan-do a controlar a doença. Os promoto-res e investigadores vão falar sobre o assunto e apresentar alguns resulta-dos e conclusões”, revela o especialis-ta. Além disso, destaque para a ses-são CTC in advanced patients: me-thods of detection and pratical impli-cations. O tumor, na fase de

Se, de forma persistente, manifestar dois ou mais destes sintomas que não sejam frequentes em si, deverá ser observado pelo seu médico assistente

porque estes sintomas podem apontar para cancro do pâncreas.

Aparecimento de diabetes de início recente não associada a aumento ponderal

Icterícia

Dor na colunadorsal

Dorabdominal

Depressão

Perda de pesoinexplicável

Náuseas

Trombosevenosaprofunda

Alterações noshábitosintestinais:esteatorreia

Alterações noshábitosintestinais:diarreia

Conheça os10 sinais

de alerta

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Saúde Cardiology GaiaMeeting16

Mai2017

Este evento científico promovido pe-la equipa de trabalho do Serviço de Cardiologia do CHVNG/E, liderada pelo Dr. Vasco Ribeiro, foi motivado pela comemoração, a 1 de abril de 2017, dos 25 anos do Laboratório de Hemodinâmica do Serviço de Cardio-logia do Hospital de Gaia. Sob o mote “Share, Update, Innovate”, o “Car-diology GaiaMeeting” visou sobretudo

plas posições da cadeia de avaliação e referenciação dos doentes. Não só aqueles que tratam os doentes, como os que os referenciam, de modo a que possam, em conjunto, obter um trata-mento mais diferenciado, com as téc-nicas mais evoluídas no tratamento da doença cardíaca. Algumas dessas téc-nicas atingem uma referência nacio-nal, sendo capazes de ter um impacto muito elevado, salvando doentes e melhorando claramente a sua qualida-de de vida.

Este evento contou também com a presença de respeitados especialistas internacionais que trouxeram o seu contributo quer na área da Cardiologia de Intervenção como na área da Arrit-mologia, num espaço de discussão do mais elevado nível científico.

A tónica da discussão centrou-se naquilo que são aspetos essenciais para a prevenção da doença cardía-ca e para a melhoria da qualidade do tratamento e, sobretudo, “assertar os pormenores necessários por for-ma a que consigamos que a popula-ção que servimos tenha a máxima qualidade dos métodos de tratamen-to e, naturalmente, uma maior e me-lhor vida do ponto de vista da sua saúde cardiovascular”, realça o Dr. José Ribeiro, responsável pelo La-boratório de Ecocardiografia.

No decorrer deste evento, foram apresentados os dados estatísticos de técnicas de tratamento aplicadas pela HeartTeam e que fazem do Serviço de Cardiologia do CHVNG/E o espaço com maior experiência a nível nacio-nal, seja no tratamento das doenças cardíacas valvulares, com a técnica TAVI ou a Mitralign aplicada à válvula tricúspide, quer ao nível da Arritmolo-gia com a ablação de arritmias cardía-cas, técnicas que fazem deste Serviço um Centro de Referência.

Destaca-se ainda a apresentação de uma nova tecnologia de Ecocar-diografia Tridimensional em tempo real, obtida com dispositivos intra-cardíacos. Uma experiência inova-dora com dispositivos protótipo, ain-da em fase de investigação, com imagens obtidas pela primeira vez em seres humanos.

O “Cardiology GaiaMeeting” reve-lou-se assim um fórum de discussão altamente proveitoso que permitiu elevar o patamar de conhecimento dos participantes. “É nosso objetivo que os profissionais de Cardiologia de todo o país encontrem no CHVNG/E um espaço para tratar e avaliar problemas cardiovasculares, através da experiência da Heart-Team e do elevado nível tecnológico de todo o Serviço”, conclui.

o encontro científico entre os vários profissionais, sendo especialmente di-rigido aos referenciadores deste Servi-ço que foi recentemente reconhecido pela legislação nacional como um Centro de Referência no tratamento da doença cardíaca estrutural.

Procurou-se com este motivo come-morativo reunir num mesmo espaço os profissionais envolvidos nas múlti-

O “Cardiology GaiaMeeting 2017” decorreu nos passados dias 31 de março e 1 de abril, reunindo mais de 380 participantes, num espaço privilegiado da cidade Invicta, a Alfândega do Porto, um dos melhores centros de congressos da Europa.

A Cardiologia numa discussão de elevado nível científico

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SaúdeServiço de Cardiologia B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 17

Mai2017

Formado nos Hospitais da Universi-dade de Coimbra, o nosso interlocutor é assistente graduado sénior, especia-lista em Cardiologia, e Professor Cate-drático, regente da cadeira de Cardio-logia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Falamos do Prof. Dr. Lino Gonçalves, diretor do Serviço de Cardiologia B do CHUC, Centro de Referência na área de Car-diologia de Intervenção Estrutural. An-tes de falarmos da dinâmica do Servi-ço que lidera é importante conhecer um pouco do percurso do nosso en-trevistado.

Ao longo dos anos o trabalho desen-volvido pelo Prof. Dr. Lino Gonçalves leva-o a colaborar com vários organis-mos dentro do contexto europeu, no foro da educação médica. Tudo come-

da Cardiologia. Este projeto de eleva-da complexidade foi iniciado em 2012, assegurando o treino e a har-monização dos atos médicos nos vá-rios países europeus. Esta prática é de grande importância dado permitir a li-vre circulação dos médicos, assim co-mo dos doentes que veem assim asse-gurada a qualidade dos cuidados de saúde em todo o espaço europeu. Se toda a Cardiologia — geral e suas sub--especialidades — já está a utilizar a plataforma no âmbito da educação e do treino dos seus médicos, também a enfermagem se prepara para benefi-ciar desta plataforma para o treino da enfermagem a nível europeu.

Este percurso, muito centrado na educação médica, foi coroado com o convite para assumir a presidência de um conselho europeu de educação e acreditação da Cardiologia e do sub--organismo SACC, que virá substituir a EBAC em termos de acreditação da educação. “Uma colaboração entre a ESC e a UEMS que vai permitir esta-belecer os standards da educação, acreditação, certificação e re-certifica-ção, com um forte impacto na Cardio-logia à escala global”, explica-nos.

Em Portugal este percurso não pas-sa despercebido entre os pares, tendo sido nomeado editor principal da Re-vista Portuguesa de Cardiologia, “po-sição de elevada responsabilidade” que o Prof. Dr. Lino Gonçalves assu-me com orgulho. “A RPC é o orgão científico da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a montra do que melhor se faz no nosso país em termos cientí-ficos. Sendo uma revista de caráter in-ternacional, recebemos perto de 400 artigos anuais oriundos de todo o mundo, não só da Europa, como do Brasil, China, Índia, EUA, Rússia, en-tre outros países”. Este ano, a RPC “prepara-se para atingir um fator de

impacto superior a 1 o que será um fato histórico”.

Tendo em consideração a dimensão do nosso país, a Cardiologia portu-guesa tem uma posição de destaque a nível europeu. O referido comprova--se não só com o elevado número de cardiologistas portugueses que estão envolvidos nas atividades da ESC co-mo também pelo elevado volume de trabalhos aceites no Congresso Euro-peu de Cardiologia, “facto que diz muito da qualidade da nossa investiga-ção apesar de todas as condicionantes a que estamos sujeitos”, realça.

Serviço de Cardiologia B do CHUCO Serviço de Cardiologia B do

CHUC é desde longa data um Centro reconhecido pela sua competência e diferenciação na área da Cardiologia de Intervenção, mérito que o Prof. Dr. Lino Gonçalves atribui em grande par-te ao seu antecessor, o Dr. Leitão Mar-ques, que impulsionou a criação do Laboratório de Hemodinâmica, em 1996, primando pela qualidade do trabalho e do tratamento dos doentes.

Quando assumiu a direção do Servi-ço, há pouco mais de três anos, o nos-so interlocutor encontrou o centro com um nível de diferenciação assina-lável, tendo sido nomeado, em 2016, centro de referência na área de car-diologia de intervenção estrutural. Es-ta nomeação influenciou toda a pers-petiva futura, estando a decorrer o processo de instalação de uma sala hí-brida, no bloco operatório do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, dirigido pelo Prof. Dr. Manuel Antunes. Esse espaço vai permitir à equipa de profis-sionais do Serviço de Cardiologia B ir ainda mais longe, e iniciar um progra-ma de implantação de válvulas por via percutânea que permitirá dar resposta

çou há cerca de dezasseis anos, pri-meiro na secção de Cardiologia da União Europeia dos Médicos Especia-listas, tendo passado depois de mem-bro a diretor da EBAC (organismo res-ponsável pela avaliação da qualidade e da independência das ações de forma-ção a nível da Cardiologia europeia). De seguida, foi conselheiro da direção da European Society of Cardiology (ESC) e posteriormente membro do Comité de Educação desta mesma so-ciedade, onde se mantém até aos dias de hoje.

Entre inúmeras tarefas dentro da Sociedade Europeia, o Prof. Dr. Lino Gonçalves foi responsável por um projeto pioneiro a nível mundial, o ESC E-Learning (ESCeL), uma plata-forma que junta a educação e o treino

O Serviço de Cardiologia B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra merece o nosso destaque pela sua ação inovadora e proativa na prestação de maiores e melhores cuidados de saúde à população da região Centro. Atividades como a Telemedicina, a Telemonitorização e a relação profícua com os profissionais de Medicina Geral e Familiar são práticas comuns deste Serviço liderado pelo Prof. Dr. Lino Gonçalves.

“A Medicina Geral e Familiar tem um papel fundamental no diagnóstico dos problemas cardiovasculares”

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Saúde Serviço de Cardiologia B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra18

Mai2017

o aval ao projeto, permitindo assim que possamos dar a resposta que a população necessita nesta área tão importante da Medicina Cardiovascu-lar que é a Reabilitação Cardiovascu-lar”. Este projeto apresenta a grande vantagem de servir e integrar os inte-resses e os esforços de cinco Serviços do CHUC (Cardiologia A, Cardiologia B, Pneumologia A, Pneumologia B e Medicina Física/Reabilitação).

Telemedicina e Telemonitorização Com o objetivo de chegar mais per-

to da população e dos profissionais de Medicina Geral e Familiar (MGF), o Serviço de Cardiologia B do CHUC iniciou em fevereiro deste ano consul-tas por Telemedicina.

O projeto piloto no âmbito da Car-diologia foi iniciado pelo Prof. Dr. Li-no Gonçalves há oito anos em parce-ria com os Centros de Saúde de Vila Nova de Poiares, Pampilhosa da Serra e Góis, algo que impressionou o nos-so interlocutor pelas suas mais-valias: a possibilidade de a população ter acesso a um especialista de cardiolo-gia no seu Centro de Saúde; a rapidez da avaliação e referenciação se neces-sário; a poupança de recursos econó-micos, evitando a deslocação de doen-tes; a valorização da ação do Centro de Saúde aos olhos da população lo-cal; assim como a participação e for-mação ativa da MGF, através da dis-cussão de casos clínicos com o espe-cialista.

Agora na direção do Serviço de Car-diologia B do CHUC, o especialista assumiu como um dos objetivos do seu plano de ação o desenvolvimento da Telemedicina. “Considero que po-derá resolver inúmeros problemas… não só a sobrecarga assistencial que temos, sendo que cerca de 60 a 70% dos doentes não necessitam de se des-locar a consulta no Hospital Central, mas também em termos de articula-ção com os Cuidados de Saúde Primá-rios”. A interação entre os interve-nientes e a visualização dos exames através do computador apresenta-se uma mais-valia enorme para o Servi-ço. Tendo iniciado a fase piloto em fe-vereiro em colaboração com os Cen-tros de Saúde localizados em Condei-

aos cerca de dois milhões de habitan-tes da região Centro do país. Falamos de cidadãos que, neste momento, ne-cessitam de se deslocar ao Porto ou a Lisboa para serem alvo de tratamento adequado.

Com o intuito de oferecer mais e melhores condições à população que atende e aos profissionais de saúde que acolhe, o Serviço obteve aprova-ção da administração do CHUC para efetuar a renovação da ala de Enfer-maria e dos meios complementares de diagnóstico de modo a uniformizar a excelência das instalações.

A par da capacidade de resposta às necessidades da população enquanto centro de referência, ambiciona-se o reforço do papel do Serviço em ter-mos internacionais.

De notar que nos últimos anos o Serviço de Cardiologia B do CHUC tem assumido a missão de formar ou-tros especialistas que se deslocam ao CHUC-HG com a pretensão de apren-derem algumas das técnicas aí utiliza-das, nomeadamente, o eco intracar-díaco que tem suscitado muito interes-se por parte de especialistas interna-cionais. “Gostaríamos de continuar nessa senda como Centro com visibili-dade em termos internacionais”, real-ça o diretor.

Já a anterior direção do Serviço pre-zava por manter uma estreita relação com os países de língua oficial portu-guesa, realidade que se mantém na atualidade: “Temos tido a oportunida-de de dar formação a colegas dos PALOP. Em 2016 formaram-se no

xa, Soure e Montemor-o-Velho, o ob-jetivo passa por, paulatinamente, alargar este projeto a outras localida-des com o apoio de mais especialistas do Serviço. “Acompanhar as pessoas o mais perto possível do conforto da sua área de residência, chegando-se mais rapidamente a uma decisão tem um impacto positivo inegável”.

A Telemonitorização surge no Servi-ço de Cardiologia B do CHUC em co-laboração com os Serviços do Centro Hospitalar de São João, Hospital de Santa Cruz, Hospital de Évora e Hos-pital de Faro. O projeto desenvolvido propõe-se fazer a monitorização à dis-tância de doentes que foram alvo de internamento hospitalar por insufi-ciência cardíaca ou por enfarte agudo do miocárdio. Este projeto-piloto vai permitir que, em doentes seleciona-dos, seja instalado em sua casa uma série de dispositivos eletrónicos que vão avaliar vários parâmetros vitais: frequência cardíaca; pressão arterial; saturação do oxigénio; nível de água no organismo; eletrocardiograma, etc. sinais que são depois transferidos para uma central que faz uma primei-ra triagem, verificando se existem in-dicadores anormais. Caso estes se ve-rifiquem um cardiologista irá intervir direcionando o doente para o Centro de Saúde onde o profissional de MGF estará preparado para tomar as medi-das necessárias. Só em casos que fu-jam à capacidade da ação local o doente será reencaminhado para o Hospital. “Está é uma tecnologia mui-to importante, porque permite detetar os doentes logo no início da descom-pensação evitando assim internamen-tos hospitalares prolongados e todas as complicações associadas. É muito vantajoso se pudermos atuar precoce-mente. Esta tecnologia seguramente poderá ter muito interesse permitindo mais uma vez uma articulação entre o Serviço Central, o Centro de Saúde e o doente na sua residência”.

É notória a importância que este Centro de Referência atribui à colabo-ração com a MGF e a proximidade com a população. Tanto mais que o Serviço de Cardiologia B do CHUC tem agendada uma iniciativa de for-mação pós-graduada intimamente re-lacionada com a MGF. A primeira edi-

Serviço a primeira cardiologista de São Tomé e Príncipe, o primeiro car-diologista cabo verdiense a implantar um pacemaker em Cabo Verde, estan-do neste momento em formação dois jovens especialistas de Angola e de Moçambique”. Refira-se que a abertu-ra do Serviço de Cardiologia em São Tomé e Príncipe foi da responsabilida-de do Serviço de Cardiologia B do CHUC em colaboração com a ONG “Cadeia de Esperança”. Também Ti-mor Leste solicitou apoio nesta área. O reconhecimento do terreno por parte de profissionais portugueses em Timor e a formação de médicos timo-renses em Portugal serão passos a dar nos próximos anos.

Defensor acérrimo do trabalho de equipa o diretor de Serviço realça que a união que se verifica no Serviço de Cardiologia B do CHUC tem-lhe per-mitido chegar a um patamar de exce-lência. Realidade reforçada com a passagem do Prof. Dr. Lino Gonçal-ves pela presidência do comité de Educação da Associação Europeia de Cardiologia de Intervenção, assim co-mo, enquanto membro, do Dr. Marco Costa (coordenador da Unidade de In-tervenção Cardiovascular - UNIC) e, neste momento, da Enfermeira Salo-mé Coelho que integra a direção do grupo de Enfermagem e Cardiologia de Intervenção Europeia, assim como a direção do grupo de Enfermagem Geral da Sociedade Europeia. Nesse sentido, “a internacionalização do Serviço é um objetivo estratégico já conseguido, mas que pretendemos consolidar”, reforça.

Reabilitação CardiopulmonarA falta de um programa ativo no

Centro do país leva a que os dois mi-lhões de habitantes da região não te-nham acesso a reabilitação cardiopul-monar “uma indicação de Classe 1A (máxima) de impacto positivo na mor-talidade dos doentes”. Tendo cons-ciência disso, o Serviço de Cardiologia B do CHUC decidiu apresentar um projeto que submeteu a avaliação do (anterior) Conselho de Administração do CHUC, o qual foi aprovado na ge-neralidade. “Aguardamos apenas que o novo Conselho de Administração dê

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SaúdeServiço de Cardiologia B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 19

Mai2017

que o programa prolonga-se por mais quatro anos.

Laboratório de HemodinâmicaCom 21 anos de história, o labora-

tório de hemodinâmica coordenado pelo Dr. Marco Costa dedica-se à in-tervenção coronária e não coronária destacando-se como espaço de refe-rência a nível nacional.

Atualmente designada de UNIC - Unidade de Intervenção Cardiovascu-lar este é um espaço partilhado por várias especialidades dentro do univer-so do CHUC. Se a Cardiologia realiza intervenções percutâneas, a Nefrolo-gia, por exemplo, beneficia ao poder efetuar a dilatação das fistulas de diáli-se.

Apetrechado com equipamento de ponta e apoiado por uma equipa alta-mente especializada, a inovação e a procura de novos tratamentos que be-neficiem o doente, diminuindo o tem-po de recuperação das intervenções, tem sido prática reconhecida interna-cionalmente.

Nos últimos anos, têm-se destacado áreas como a Intervenção Carotídea, sendo que esta equipa efetua Angio-plastia Carotídea com colocação de stent há cerca de duas décadas. “Tra-tamos o doente cirúrgico no mesmo dia. Por exemplo, fazemos a interven-ção carotídea e no próprio dia é reali-zada a cirurgia cardíaca. Temos uma taxa de sucesso elevadíssima, algo que muito me satisfaz enquanto coordena-dor desta Unidade”, salienta o Dr. Marco Costa. De salientar também o encerramento dos leaks periprotési-cos, que tem como grande referencia-dor o Prof. Dr. Manuel Antunes.

ção vai decorrer este mês, nos dias 19 e 20, em Coimbra, preenchendo uma lacuna que existia na região Centro no que concerne à atualização da MGF na área das doenças cardiovasculares. Num espaço inteiramente dedicado aos profissionais de MGF, “num diálo-go muito direto e franco”, o debate de temas escolhidos pelos médicos de fa-mília e a análise de casos clínicos vai incutir um carácter prático muito forte a esta reunião que pretende abranger toda a MGF a nível nacional.

Coimbra Unida pelo CoraçãoDando vida a mais um projeto que

incluiu no seu plano de ação, o Prof. Dr. Lino Gonçalves, a par da valoriza-ção da proximidade com a MGF, en-tende como prioritária a ligação direta com a população, fazendo com que o Serviço saltasse para além das suas fronteiras físicas. Com o apoio da Enf.ª Filipa Homem, em 2016, foi or-ganizado com sucesso o evento “Coimbra Unida pelo Coração”. Sete postos de trabalho foram colocados em pontos estratégicos da cidade de Coimbra, com o apoio de cerca de 100 profissionais de Saúde que intera-giram com a população. No balanço final foram avaliadas cerca de 300 pessoas sob o ponto de vista do risco cardiovascular, sendo detetado que 30% desses indivíduos apresentam ris-co cardiovascular elevado ou muito elevado. Este ano esta iniciativa vai decorrer no dia 20 de maio e vai con-tar com o apoio de mais de 100 pro-fissionais que voluntariamente se dis-ponibilizaram para estar nos diferen-tes postos de trabalho na tentativa de ultrapassar o número de pessoas ava-liadas no ano transato.

EnsinoInserido num Hospital-Escola o Ser-

viço de Cardiologia B do CHUC tem longa tradição e a assumida responsa-bilidade de assegurar um ensino pré--graduado, ministrando aulas práticas de Cardiologia no seu quotidiano.

Para além disso, o diretor de Serviço realça que, anualmente, chegam ao Serviço médicos de vários países com a intenção de aprender com a equipa

Mais recentemente, iniciou-se o en-cerramento percutâneo do apêndice auricular, em doentes que não podem fazer anticoagulação — “a primeira li-nha de tratamento aplicada aos doen-tes com fibrilhação auricular é a anti-coagulação, de modo a evitar o AVC cardioembólico”. Atualmente, a técni-ca de referência praticada na Unidade é o encerramento do apêndice auricu-lar esquerdo guiado por ecografia in-tracardíaca, sendo o Serviço de Car-diologia Centro de Formação Euro-peu. Este procedimento bastante com-plexo demora cerca de uma hora, permanecendo o doente acordado e colaborante, não sendo necessário efetuar ecocardiografia transesofágica sob anestesia. “Desta forma, conse-guimos oferecer um procedimento mais simples com uma taxa de suces-so bastante elevada”, salienta o coor-denador.

Também na área da aterectomia ro-tacional das lesões coronárias calcifi-cadas a UNIC é Centro de Treino na-cional, sendo ambição que a breve tre-cho venha a ter reconhecimento inter-nacional.

Em 2016 foram realizadas 850 in-tervenções percutâneas (Angioplas-tias) e cerca de 400 intervenções não coronárias. Grande parte destas inter-venções são realizadas por via radial o que se reflete num recobro de curta duração.

de Cardiologia B do CHUC. Em 2016 foram recebidos 15 alunos internacio-nais de Medicina, mais três alunos suecos que centraram a sua ação uni-camente na investigação. A receção destes estudantes assume relevante importância aos olhos da direção do Serviço.

Paralelamente decorre a formação pós-graduada dos internos de Cardio-logia, bem como de outras especiali-dades. Em 2016 o Serviço acolheu 28 internos, sendo sete deles de MGF.

Investigação e PTCSRT-HarvardO Prof. Dr. Lino Gonçalves assume

como fundamental a investigação num Serviço universitário como este que lhe estamos a apresentar. No Serviço de Cardiologia B do CHUC a investi-gação envolve, essencialmente, duas grandes áreas: a investigação clínica (que conta com apoio de staff profis-sional na Unidade de Investigação Clí-nica); e a investigação translacional básica em ligação com várias Faculda-des da Universidade de Coimbra.

Co-diretor nacional em parceria com a Prof.ª Emília Monteiro da Uni-versidade Nova de Lisboa, o nosso in-terlocutor fala-nos do PTCSRT-Har-vard, iniciativa da Faculdade de Medi-cina de Harvard em parceria com o Governo Português. Este é um proje-to de formação “de elevadíssima qua-lidade na área da investigação clínica”. Altamente exigente, o curso tem a du-ração de dois anos período em que se realizam oito workshops presenciais com professores de Harvard. Entre os workshops decorrem aulas online e a elaboração de trabalhos numa dinâmi-ca de enorme rigor. “É absolutamente notável o nível que os alunos alcan-çam ao fim de dois anos. Ficam capa-citados para fazer investigação clínica de nível mundial”. Num processo mui-to competitivo 30 vagas são ocupadas por jovens médicos altamente compe-tentes. “O facto de estarmos a formar todos os anos 30 jovens com esta di-ferenciação, provenientes de diferen-tes especialidades e de vários hospitais do país, vai ter seguramente um im-pacto extremamente positivo na Me-dicina portuguesa”. Em quatro anos formaram-se 120 especialistas, sendo

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Saúde Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra20

Mai2017

É cada vez mais frequente a notícia através dos meios de comunicação so-cial de que alguém foi internado numa “Unidade de Cuidados Intensivos”, se-ja na sequência de um acidente de via-ção grave, seja por doença aguda ou agravamento de uma já diagnosticada. A sigla “Cuidados Intensivos” é sinóni-mo de área hospitalar onde podem ser tratados os doentes muito graves, mas excetuando os que lá trabalham ou pa-ra os que tiveram a amarga experiên-cia de um familiar ou amigo internado em tais circunstâncias, o “mundo” da Medicina Intensiva é relativamente desconhecido. Não bastam as cenas cinematográficas nem as reporta-gens pontuais mostrando normal-mente alguns aparelhos ou ecrãns de monitores, nem tão pouco as histó-rias pontuais que deram origem à noticia.

Apesar do trabalho contínuo, 24 so-bre 24 horas, das inúmeras decisões terapêuticas, de ser aplicado o “estado da arte” anunciado nas publicações científicas, da sustentação das funções

E se é verdade que uma percenta-gem significativa pode voltar ao seu lu-gar na sociedade, em cerca de 30% não é possível ultrapassar as lesões de-finitivas que tornam incompatíveis com a vida.

Existe ainda uma pequena percenta-gem que pode evoluir para estado de vida vegetativa persistente ou ainda para um estado de “fim-de-vida” onde as lesões continuam a piorar apesar de toda a terapêutica.

Informação aos familiaresDo que já foi dito decorre que a in-

formação aos familiares é pilar funda-mental para o bom entendimento en-tre estes e a equipa que trata o doen-te. Apesar do acompanhamento, du-rante o tempo de visita, dos elementos de enfermagem, cabe ao médico, des-de o primeiro momento da admissão, dar uma informação assim que possí-vel.

Pode não ser possível, e normal-mente não é, dar uma informação exata sobre a real gravidade e prog-nóstico, mas estas devem ser atualiza-das no decorrer dos dias, de tal modo que aos familiares seja percetível a boa ou má evolução e prognóstico.

Neste diálogo com os familiares existem capítulos muito importantes e não totalmente resolvidos que têm de ser tratados com todo o cuidado. Um deles é o consentimento informado, tema mais do que conhecido. Contu-do a representação legal do doente in-consciente não está legislada (lembre-mos que a esmagadora maioria dos doentes admitidos em Medicina Inten-siva já estão inconscientes no momen-to da admissão pelas lesões sofridas ou pela sedação como medida tera-pêutica). O previsto no RENTEV é apenas uma situação muito específica.

Da formação à prática clínicaUma das palavras que melhor pode

caracterizar todo o trabalho em Medi-

cina Intensiva – da formação à prática clínica – é a palavra “multidisciplinar”. O princípio mais elementar da prática nesta área da medicina altamente es-pecífica, é nunca perder de vista o doente (o ser humano) como um todo em que é absolutamente necessário manter o equilíbrio possível entre to-dos os departamentos da fisiologia hu-mana.

Quando digo “altamente específica” não exclui, bem pelo contrário, as mais diversas e conhecidas especiali-dades, médicas ou cirúrgicas, para in-tervirem especificamente nas respeti-vas áreas. Contudo, cabe ao intensi-vista manter o equilíbrio entre todas as intervenções.

No início, como creio ter acontecido com todas as áreas do conhecimento humano, a aprendizagem era artesa-nal (do mestre para o aluno, à beira do doente) e era assim nos anos setenta, arriscando um futuro sem carreira de-finida, só porque se gostava. E assim arriscaram Júlio Gonçalves, Armindo Rebelo, Janeiro da Costa, e mais tar-de outros que hoje formam o “qua-dro” atualmente existente, sempre dentro de um vazio legal que só muito recentemente foi solucionado (2016).

Quando não existiam “protocolos” ou “guidelines”, com uma monitoriza-ção muito reduzida, era obrigatório, a cada momento, verificarmos se o efei-to terapêutico desejado se verificava, ou se tínhamos que ir além do que era o parco conhecimento da época – re-firo-me por exemplo às doses de atro-pina nos intoxicados por pesticidas.

Com frequência se ia aos serviços europeus mais conhecidos para “im-portar com segurança tecnologias que aqui ainda não eram da prática co-mum, como por exemplo a introdu-ção do cateter de Swan-Ganz para o estudo hemodinâmico, novos modos de ventilação artificial (jet ventilation), a HDFVVC (hemodiafiltração venove-nosa contínua – substituição da função

vitais por meios artificiais, na aplica-ção rigorosa de novos fármacos, se as lesões são de tal modo graves, não há “milagre” que possa evitar um desfe-cho fatal.

A luta contra a “doença” que se ins-tala no corpo de um ser humano (por-que é disso que se trata), alterando o normal funcionamento fisiológico e obrigando este a reagir, por vezes, de modo descontrolado, é complexa não só porque os mecanismos da causa (infeção, trauma, alteração metabóli-ca, etc.) são complexos, como a capa-cidade de reagir à agressão pode ser muito diferente entre os seres huma-nos. É claramente uma atividade mul-tidisciplinar.

Por muito sofisticada que possa ser a monitorização hoje ao nosso alcan-ce, nada pode substituir o trabalho, à cabeceira do doente, da equipa de en-fermagem no rigor de diferentes tipos de terapêutica, do conforto, do moni-torizar sinais clínicos de uma enorme importância, do contacto com os fa-miliares.

Qual o papel do intensivista na dinâmica hospitalar? Realidade longe dos olhos da maioria de nós, procuramos junto do Prof. Dr. Jorge Pimentel, através da sua vasta experiência e visão assertiva, uma contextualização do trabalho da Medicina Intensiva.

Serviço de Medicina Intensiva – a “Tenda dos Milagres”? Claro que não!

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SaúdeServiço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra 21

Mai2017

Neste capítulo tenho que sublinhar a colaboração dos serviços farmacêuti-cos já que as bolsas de alimentação parentérica para os doentes interna-dos no SMI, são feitas à medida da prescrição diária e tendo em conta a restante medicação.

Um dos temas que mais tem sido apresentado à sociedade nos últimos anos é o do cuidado com a correta uti-lização dos antibióticos, no sentido de este ser um ponto importante para o controlo da infeção, visto no seu senti-do mais lato.

Ora a utilização de antibióticos num Serviço de Medicina Intensiva é um capítulo importante nas indicações precisas, no tipo de administração, nas doses a utilizar e, tendo ainda em conta, que o doente grave, com as suas desregulações dos normais meca-nismos da fisiologia, tem um compor-tamento que é preciso ser estudado para se entrar em linha de conta na respetiva prescrição.

Este trabalho, entre outros, tem sido feito pelo Dr. João Pedro Baptista, atualmente em estreita colaboração com a equipa do hospital de Brisbane (Austrália).

Os registos e as Bases de DadosO “Processo Clínico” é o local onde

ficam registados todos os factos rela-cionados com o estado de saúde de qualquer doente, como é sabido. De igual modo, hoje, todos sabemos que a “informação” é absolutamente es-sencial para qualquer raciocínio que tenha de ser fundamentado e, ainda mais: que a qualidade da informação obtida depende mais da qualidade da informação registada do que do amon-

renal, mas de modo contínuo, 24 ho-ras), a prevenção da trombose venosa profunda, a alimentação deste tipo de doentes por via parentérica, a preocu-pação do controlo da infeção.

Um dos passos mais decisivos para a formação foi a publicação em 1982 da Portaria 1223-A que regulamenta-va a existência dos “Ciclos de Estudos Especiais”, representando uma espé-cie de suplemento de conhecimentos em áreas específicas. Com base nesta legislação é proposto e criado o pri-meiro CEE em Coimbra por publica-ção do Despacho 276/89.

Na Ordem dos Médicos percorreu--se um caminho longo da “sub-espe-cialidade” até à Especialidade Primária que se iniciou este ano.

As carreiras médicas tornaram-se uma realidade. Os respetivos Colégios das Especialidades organizaram os currículos obrigatórios, das quais dez exigem um período de estágio em Me-dicina Intensiva que pode variar de três a nove meses, e outras em que, não sendo obrigatório deixam a esco-lha de um período de três meses, o que demonstra a importância desta área.

Quanto aos novos estagiários desta especialidade que iniciaram este ano um novo tipo de formação, haverá uma monitorização estreita do que for acontecendo.

Todos os internos e respetivos tuto-res desenvolvem um trabalho contí-nuo de aprendizagem não só segundo os mais modernos métodos e conteú-dos programáticos, mas também no seguimento diário dos doentes.

A preocupação do ensino não era só a de criar novos intensivistas. Para Carrington da Costa havia uma neces-sidade de dar a conhecer aos jovens estudantes de Medicina a importância da Medicina Intensiva, e que tivemos a oportunidade de verificar, na região Centro, quando esses jovens médicos iam para o “Serviço médico à perife-ria”. Estes jovens tinham a porta aber-ta do serviço e em 1992 inicia-se o ensino da Medicina Intensiva incluída no “Plano de Estudos da Faculdade de Medicina de Coimbra”, inicialmente integrada na Cadeira de Medicina In-terna. Finalmente em 2008 é criada a “Unidade Curricular”.

toado de dados que, só por si, valem pouco.

Nos dias de hoje, todos sabemos da importância deste tipo de registos e dos programas, cada vez mais sofisti-cados, que são de extraordinária utili-dade, tanto mais que os registos de um doente sob tratamento em Medici-na Intensiva, ligado a uma monitoriza-ção sofisticada tem um elevado núme-ro de registos, por rotina.

Desde 1994 que existiu um registo informático, tendo por base um pro-grama executado em DBase e feito por um dos médicos de então do Ser-viço, Dr. Vitor Fernandes, há alguns anos atualizado por uma das grandes companhias de software e que está prestes a ser substituído por um pro-grama recente no SMI do HUC. Cabe aqui referir que no SMI do Hospital Geral foi implementado um sistema de processo clínico informatizado des-de 2001, tornando-se, dentro da área hospitalar, o primeiro Serviço sem processo físico de papel.

Talvez não tenhamos feito tudo do que nos era solicitado nos diversos aspe-tos da vida ativa de um intensivista. Es-tou certo que os vindouros farão melhor porque iniciarão a sua atividade profis-sional com um conhecimento e organi-zação que lhes dão esse avanço.

Mas não posso deixar de dizer que o nosso principal objetivo, o de tratar os doentes graves, foi sempre integral-mente cumprido.

Ao longo dos anos fomos forman-do, os intensivistas que nos era permi-tido pelas condições existentes, que nem sempre eram favoráveis, mas sempre de acordo com os mais recen-tes avanços nomeadamente das gran-des Sociedades, nomeadamente da Europeia (ESICM) e da Norte Ameri-cana (SCCM).

Atualmente, o desenvolvimento na área da “Simulação Médica” veio criar condições de aprendizagem absoluta-mente extraordinárias, e já em utiliza-ção a cargo do Prof. Paulo Martins.

InvestigaçãoÉ habitual caracterizarmos a “mis-

são” de qualquer área hospitalar em função de três pilares: assistência, for-mação e investigação.

Para existir investigação tem que existir um quadro sólido de pessoal, sabendo nós que ao longo dos anos até para a assistência clínica o número de intensivistas era, e continua a ser, deficitário; material para estudar exis-te de sobra e, finalmente, condições técnicas e financeiras, que cada vez são mais exigentes.

Os estudos epidemiológicos são um instrumento valioso para a perceção da realidade que queremos estudar. Estivemos envolvidos em bastantes desses estudos quer a nível nacional (SACIUCI, sobre sépsis) quer a nível internacional (ALIVE da Sociedade Europeia), entre outros.

Ao longo dos anos o trabalho de in-vestigação desenvolvido teve sempre por objetivo estudar problemas postos pela nossa realidade.

Nos anos 70 e 80 o nosso país tinha uma das maiores estatísticas euro-peias de intoxicações suicidas por pes-ticidas organofosforados, o que levou a que estudássemos os seus efeitos de-letérios no miocardio (cardiotoxicida-de) neste tipo de doentes.

A alimentação dos doentes graves tem sido, ao longo dos anos, motivo para uma investigação continuada nos vários capítulos que lhe dizem respei-to, desde o volume, composição quí-mica, carga energética, para citar ape-nas alguns. Tem sido, de há muito, uma área de investigação, na qual se doutorou, o Prof. Paulo Martins.

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Saúde Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho22

Mai2017

Apresentamos-lhe um Serviço de Urgência Geral que compreende o Serviço de Urgência, propriamente di-to, e a Unidade de Emergência Médi-ca (emergência pré-hospitalar e emer-gência intra-hospitalar).

No CHVNG/E a emergência intra--hospitalar, que compreende a sala de emergência e toda a emergência in-terna, estava em tempos adstrita ao Serviço de Anestesiologia, passando, desde 2014, a estar sob a égide do Serviço de Urgência Geral.

No que concerne à emergência pré--hospitalar, recuámos no tempo para falar do Sistema Integrado de Emer-gência Médica que teve o seu início em Portugal em 1981 e, na região Norte, começou com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CO-

je, outros hospitais iniciaram esta prá-tica, cuja ação pioneira na região Nor-te está atribuída ao Hospital de Gaia.

Garantir a operacionalidade do so-corro pré-hospitalar é da responsabili-dade do Serviço de Urgência. O des-pacho 10319/2014 determinou exa-tamente a estrutura do Sistema Inte-grado de Emergência Médica nas suas várias vertentes — ao nível da respon-sabilidade hospitalar, o Serviço de Ur-gência do CHVNG/E assumiu o nível de Serviço de Urgência Polivalente — mencionando sempre a interface com a vertente pré-hospitalar. Este despa-cho procurou relacionar uma integra-ção cada vez mais estreita entre o sis-tema pré-hospitalar e o hospitalar de Urgência, indo ao encontro de um Sistema Integrado de Emergência Mé-dica. “Faz todo o sentido que toda a emergência faça parte de um Serviço de Urgência à semelhança do que

acontece no CHVNG/E”, realça a di-retora de Serviço.

Neste despacho foi ainda definida uma rede de referenciação genérica, com redes de referenciação mais es-pecíficas, nomeadamente no âmbito das vias verdes. “As vias verdes são circuitos facilitados para determinado doente com determinada patologia. No Serviço de Urgência do CHVNG/E existem as quatro vias verdes standard — AVC; Coronária; Sépsis; Trauma — e como a implementação das vias verdes deve ser continuada e intensifi-cada, foram implementadas mais duas vias verdes: a via verde da fratura do fémur proximal do idoso, que nasceu em outubro de 2015, e visa prestar uma atenção especial ao doente com mais de 65 anos e com fratura proxi-mal do fêmur; mais recentemente, em 2016, foi implementada a via verde do reimplante, prestando uma aten-

DU) em janeiro de 1991. O CODU, então localizado num terreno próximo da Unidade I do CHVNG/E, abrangia uma população de cerca de um mi-lhão e duzentos mil habitantes, sendo o único existente na região Norte. “Nesse ano, a medicalização do socor-ro da emergência pré-hospitalar ficou limitada à área de atendimento e tria-gem. Em 1995, arranca no Hospital de Gaia a medicalização no terreno com a primeira Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER)”, recorda a Dra. Fátima Lima.

O funcionamento desta atividade na emergência pré-hospitalar foi fruto de um protocolo assinado entre o INEM e o CHVNG/E e, desde então, teve início o socorro medicalizado no terre-no. Naturalmente, até aos dias de ho-

Com o intuito de perceber a realidade do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNG/E), o Perspetivas encetou um profícuo diálogo com a Dra. Fátima Lima, assistente graduada sénior de Anestesiologia, e diretora do Serviço de Urgência Geral e da Unidade de Emergência Médica do CHVNG/E, desde março de 2014.

Serviço de Urgência Polivalente com Centro de Trauma

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SaúdeServiço de Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho 23

Mai2017

noutras instituições hospitalares, dimi-nuindo assim a sua disponibilidade pa-ra o serviço na VMER. Quando isto acontece o Serviço de Urgência, na pessoa da Responsável da viatura mé-dica, deve alertar de imediato o CO-DU para que todas as situações que necessitem de uma intervenção ime-diata no local sejam desviadas para outra VMER da região Norte. “Duran-te o mês de abril a situação não voltou a verificar-se”, esclarece a Dra. Fátima Lima.

Novo Serviço de UrgênciaSendo a falta de espaço um proble-

ma assumido e perfeitamente deteta-do pela administração do CHVNG/E, a grande expetativa do Serviço de Ur-gência passa por, a curto prazo, dis-por de novas instalações para o Servi-ço de Urgência Geral e para Unidade de Emergência Médica, que contem-pla o Serviço de Urgência Geral e to-das as unidades de doente crítico ine-rentes. Na nova unidade teremos tam-

ção integral ao doente vítima de am-putação traumática desde o seu hospi-tal de origem até ao Serviço de Urgên-cia do CHVNG/E”. A especialista as-sume a preocupação do Serviço de Urgência que lidera em criar circuitos de Urgência facilitados que prestem um apoio de maior qualidade eficiên-cia aos doentes que ali chegam.

O despacho 10438/2016 atribuiu a classificação de Serviço de Urgência Polivalente com Centro de Trauma ao CHVNG/E.

No que concerne aos Recursos Hu-manos do Serviço, a nossa interlocu-tora fala-nos de um modelo” misto”: “Temos um pequeno grupo de médi-cos de Medicina Geral e Familiar que estão adstritos apenas ao Serviço de Urgência, 80% dos quais tem mais de 50 anos. O grande staff corresponde a médicos que colaboram com este Serviço, mas integram outros e aqui vêm apenas desenvolver a sua ativida-de de Urgência. A gestão da equipa por parte do diretor de Serviço revela--se assim altamente complexa. A polí-tica de recrutamento de profissionais no âmbito da Urgência apresenta um elevado grau de dificuldade, dado que é preciso ter um talento, uma motiva-ção e uma preparação muito especiais para estar num Serviço de Urgência”, refere. Este é um problema assumido pela direção que ambiciona ver resol-vido a curto prazo.

Atendendo uma população direta de 350 mil cidadãos, indireta de 700 mil, sendo que, contando com a área de Cirurgia Cardiotorácica e Áreas de Referenciação, nomeadamente a Ci-rurgia Plástica Reconstrutiva, o núme-ro ascende a um milhão e duzentos mil doentes. “Até dezembro de 2016 a afluência diária ao Serviço de Urgên-cia (Urgência Geral de Adultos, Ur-gência Pediátrica, Urgência de Obste-trícia – Unidade II) rondou os 500 a 600 utentes. A partir dessa data a afluência apresenta-se consideravel-mente mais reduzida, num total de 400 a 500 utentes”, informa-nos a Dra. Fátima Lima.

O Serviço de Urgência Geral do CHVNG/E utiliza a triagem de Man-chester II, sendo a grande fatia de doentes triada de amarelo, seguindo--se as falanges verde e azul. Com vista

bém uma Sala de Emergência com cinco camas, espaço suficiente para tratarmos os nossos doentes emer-gentes. Outra mais-valia que a Dra. Fátima Lima espera ver concretizada a curto prazo é a nova Unidade de Cuidados Intermédios Polivalente da Urgência que contemplará 12 camas, com dois isolamentos, permitindo o internamento de doentes que preci-sam de uma vigilância e de uma moni-torização mais apertada no espaço do Serviço de Urgência. “Tudo isto pre-tendemos ver concretizado na segun-da fase das obras da nova unidade hospitalar”, conclui.

a sensibilizar a população para que se dirijam ao Hospital apenas em casos de efetiva urgência, o Serviço de Ur-gência do CHVNG/E esteve presente em reuniões com vários Centros de Saúde, “numa articulação muito favo-rável”. O objetivo passou por, sempre que um doente fosse triado de verde ou azul, o enfermeiro triador explicar--lhe-ia quanto tempo ele iria demorar até ser atendido, de acordo com a prioridade da triagem de Manchester, colocando a alternativa de este se diri-gir a um Centro de Saúde, devidamen-te referenciado pelo Hospital. Porém, poucos foram os utentes que aceita-ram mobilizar-se e serem atendidos pelos cuidados de saúde primários.

Emergência pré-hospitalar e VMER

Como Serviço de Urgência Poliva-lente com Centro de Trauma o CHVNG/E tem que dispor de uma Viatura Médica de Emergência e Rea-nimação (VMER), com base hospita-lar, sendo o seu acionamento da ex-clusiva responsabilidade do CODU.

No âmbito da Emergência pré-hos-pitalar e da operacionalidade da VMER, a diretora de Serviço esclarece as dificuldades de gestão existentes e que, por vezes, interferem com o bom funcionamento da VMER. O Serviço de Urgência do CHVNG/E “tem tido alguma dificuldade na elaboração das escalas médicas, porque apesar de ter-mos, à data da nossa conversa, uma escala de 20 médicos e 21 enfermei-ros, não existe uma equipa de profis-sionais ”dedicada” apenas ao socorro pré-hospitalar. Oriundos de várias es-pecialidades fazem um curso de for-mação, ministrado pelo INEM, que os habilita para o trabalho na VMER e uma vez aptos, iniciam a sua atividade em horas libertas da sua formação principal que é o internato, facto que condiciona muito a sua disponibilida-de”. Estas questões, que fogem ao controlo da direção do Serviço de Ur-gência, manifestaram-se de forma ne-gativa no passado mês de março, com algumas falhas na escala, em virtude de alguns médicos terem sido coloca-dos ao abrigo de Concurso Nacional

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Saúde Isabel do Carmo – Endocrinologista24

Mai2017

A nossa entrevistada desenvolveu uma longa carreira no Serviço Nacio-nal de Saúde, durante a qual foi, inclu-sivamente, diretora do Serviço de En-docrinologia do Hospital de Santa Ma-ria. Atualmente, divide o seu trabalho entre a colaboração com o SAMS e a atividade do seu consultório particular, na Avenida 5 de Outubro. Presta con-sultas relacionadas com patologias da Hipófise, da Tiróide, da Glândula Su-prarrenal, do Pâncreas, dos Ovários e dos Testículos, assim como observa uma grande quantidade de casos de obesidade. No seu consultório, conta também com a presença de dois orto-pedistas, uma dermatologista, uma cardiologista, uma alergologista e um especialista em Medicina do Trabalho. Colegas que, como diz, mantêm con-sigo uma permanente troca de im-pressões sobre diferentes casos, dada a relação muitas vezes existente entre as patologias destas áreas e problemas de natureza endócrina.

informação. No campo da alimentação em concreto, as pessoas deverão ter cuidado na seleção das informações porque, de facto, há modas alimentares que prejudicam”. Pegando num exem-plo particular, “a moda das sementes poderá ser positiva por ter alguma fibra e algumas serem antioxidantes, no en-tanto, se uma pessoa tiver um cólon irri-tável não as deve comer, o que significa que a moda não pode ser extensível a toda a gente”.

No seu entender, os padrões de con-sumo alimentar – e doenças associadas como a obesidade e a diabetes – de-vem ser objeto de forte atenção em matéria de medidas de saúde pública. “Tem que haver um plano de ação política”, diz. Refletindo sobre a ali-mentação na sociedade contemporâ-nea, diz-nos que “estas doenças co-mo a obesidade e a diabetes são doenças que, ao mesmo tempo, tra-duzem uma melhoria da situação das populações porque significa que pas-saram a ter acesso à comida. Em Portugal, nos anos 80 e 90, assisti-mos a um forte incremento dos ní-veis de obesidade. Houve um maior acesso à comida, mas acontece que não foi a melhor alimentação, até por-que geralmente os alimentos mais ba-ratos são hipercalóricos”. A este res-peito, chama a atenção para “um gran-de confronto que existe com a indústria agroalimentar”, sublinhando que “aqui-lo que é bom para a indústria agroali-mentar é o que se pode vender bem e, no entanto, pode ser prejudicial à saú-de”. Um exemplo: quem produz paco-tes de batatas fritas quer vender o mais possivel. “E não lhes falta nada para se-rem prejudiciais - muito sal, muita gor-dura e muitas calorias”. É nessa perspe-tiva que vê como “um bom avanço” a tomada de medidas como a retirada de alimentos hipercalóricos das máquinas de venda automática ou a tributação dos refrigerantes e bebidas açucaradas.

Progressos significativos na Endocrinologia

Numa outra direção, o nosso diálo-go atravessou o panorama que Isabel do Carmo nos descreve acerca desta especialidade. Considera que foi das “que mais têm evoluído em termos da própria compreensão da fisiopatolo-gia das doenças”. Recuando ao mo-mento da sua formação, relata que, à época, “a Endocrinologia estava redu-zida ao que se pensava serem apenas os órgãos endócrinos (a Hipófise, a Tiróide, o Pâncreas, os Glândulas Su-prarrenais, os Ovários e os Testículos). Sabíamos que realmente havia hor-monas que eram libertadas por esses órgãos e quais os seus efeitos mas es-se era um terreno muito restrito”.

Nas décadas de 60 e 70, começou-se a perceber “que havia hormonas que até aí não se tinham doseado mas que ti-nham uma importância enorme, até maior do que a que nós estávamos a atri-buir às tradicionais”. Ultimamente, já na viragem para o século XXI, viu-se que “há hormonas por todo o corpo, haven-do hormonas segregadas pelo coração, pelos intestinos, pela gordura, etc”.

Houve também aquilo que diz ter si-do “o grande boom epidemiológico da obesidade e da diabetes, resultando daí a nossa perspetiva de olharmos para estas doenças não como simples coisas mecânicas. Tanto na sua géne-se como nas suas consequências, a obesidade envolve muitos mecanis-mos complexos da Endocrinologia e, portanto, a esse nível tem havido um grande salto na sua compreensão. Não houve tantos avanços terapêuti-cos para a obesidade como para a dia-betes, mas em termos da compreen-são da sua complexidade tem havido de facto um enorme avanço”, conclui.

Paralelamente à sua atividade assis-tencial, o seu saber como médica tem sido aplicado na publicação de nume-rosas obras. Esta sua produção debru-ça-se especialmente sobre a proble-mática dos hábitos alimentares e, en-tre vários exemplos, pode evidenciar--se o livro “Saber Emagrecer”, de 2002. Este foi um best-seller, ao qual se seguiram outros títulos subjacentes ao propósito de “desmontar algumas ideias pré-concebidas que as pessoas têm e continuam a ter”. Acrescentan-do, “há uns anos que não escrevo um livro sobre estas questões mas já deci-di que vou voltar a fazê-lo”.

Afinal de contas, a desinformação é um fenómeno que persiste, quiçá com tendência para se agravar: “As modas a nível alimentar são terríveis. Criam-se mitos, falsos conceitos e ideias e é ne-cessário desmontar isso. Não há dúvida de que a Internet produziu conhecimen-to, dado que as pessoas hoje têm muita informação, mas há também muita falsa

Isabel do Carmo é endocrinologista e uma das principais especialistas nacionais em comportamento alimentar. Parte da sua intervenção pública tem estado relacionada com o combate ao que diz serem “mitos e falsas ideias” que se popularizam no âmbito da nutrição.

“Há modas alimentares que prejudicam”

www.isabeldocarmo.pt

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Maio Edição nº14 Distribuição gratuita com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente.

Ser uma referência no ensino superior

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IPS PresidênciaII

Mai2017

Desenvolver um ensino de qualidade, valorizando as pessoas e transferir o co-nhecimento para a sociedade, da re-gião, do país e do mundo, apoiado na investigação aplicada, na inovação e nas parcerias são os princípios na génese do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).

Nos primeiros anos após a Revolução de Abril, surge, em 1979 precisamente, com a Escola Superior de Tecnologia e a Escola Superior de Educação. Na dé-cada de 90 funda-se a Escola Superior de Ciências Empresariais e a Escola Su-perior de Tecnologia do Barreiro. A criação da Escola Superior de Saúde, em 2000, conclui o conjunto das cinco unidades orgânicas de ensino e investi-gação que constituem hoje o IPS. Esta fase, segundo Pedro Dominguinhos, re-presenta “a construção do património relevante que levou à afirmação de uma instituição cuja missão fundamental é contribuir para o desenvolvimento re-gional com uma formação a um nível mais profissionalizante, permitindo que

quer regionais quer nacionais. “As insti-tuições de ensino superior em geral, e o Politécnico de Setúbal em particular, têm uma outra exigência da sociedade que vai para além da formação e qualifi-cação dos estudantes e da prática de in-vestigação. Nos últimos anos é mais evi-dente uma terceira dimensão das insti-tuições de ensino superior para que te-nham um contributo significativo na transmissão e democratização do co-nhecimento, na coesão territorial e na capacidade de alavancar as estratégias de especialização dos territórios”, expli-ca o presidente do IPS.

A recente mudança de paradigma exi-ge mais e melhor por parte das institui-ções de ensino superior e o plano estra-tégico de desenvolvimento do IPS pro-cura dar resposta a esta nova exigência de fazer diferente. Um projeto que en-volve, assim, toda a comunidade acadé-mica e comunidade externa em torno da visão de afirmar o Politécnico de Se-túbal como uma referência no ensino superior, promovendo “a responsabili-dade, a excelência e a inovação como valores essenciais da sua atuação”.

Uma forte aposta prende-se com um ensino de aprendizagem de qualidade reconhecida. Em curso está a candidatu-ra para a certificação do Sistema Inte-grado de Gestão e de Garantia da Qua-lidade (SIGGQ) que tem como principal objetivo a implementação de práticas e procedimentos que garantam que as ati-vidades com impacto na qualidade de-corram de forma otimizada. Além disso, o IPS apresenta uma política de qualida-de perfeitamente definida, pois baseia as suas decisões em factos através da medição de diversos indicadores. “Quem não mede, não percebe se está a fazer bem ou mal. Temos uma bateria de indicadores (mais de 100), dos quais extraímos o nosso desempenho e iden-tificamos os problemas para atuar com as soluções adequadas. Esta questão da qualidade evidencia-se pelo reconheci-

mento, pelos níveis de sucesso ou insu-cesso — redução da taxa de abandono escolar de 20% para 15,5%; aumento da taxa de sobrevivência das licenciatu-ras de 50% para 72,2%; conclusão das licenciaturas em n e n+1 anos de 67% para 78%. Os resultados evidenciados resultam de um conjunto de programas que temos vindo a desenvolver com me-todologias pedagógicas mais ativas que coloquem o estudante no centro do pro-cesso educativo. Ainda neste domínio, a terceira grandeza de indicadores pren-de-se com a inserção profissional em que monitorizamos através do IEFP e de inquéritos próprios e os dados são cla-ros: somos o segundo politécnico públi-co do país com a taxa de desemprego mais reduzida”, refere Pedro Domingui-nhos sobre o trabalho significativo que tem vindo a ser desenvolvido em articu-lação com as escolas e com a respetiva pró-presidência no que concerne à pro-moção do sucesso académico, apostan-do cada vez mais em processos eficazes “para que os estudantes aprendam mais, desenvolvendo as competências necessárias no mercado de trabalho”.

Sinergias de coesão entre as unidades orgânicas

“Cada escola tem a sua história, pos-sui a sua cultura organizacional. Nestes últimos anos, houve uma preocupação muito forte de criar uma maior coesão, pois era indicado como um desafio a que o IPS tinha de responder, criando uma maior harmonia identitária através do espírito de cooperação e interdisci-plinaridade entre as unidades orgâni-cas”.

Segundo Pedro Dominguinhos, “a di-versidade de escolas é a maior riqueza do Politécnico de Setúbal face aos no-vos desafios de uma sociedade alicerça-da no conhecimento”. A existência de áreas do conhecimento diversificadas e mesmo na própria escola haver diversi-dade nas suas formações é uma oportu-nidade significativa para o IPS, na co--criação de conhecimento e desenvolvi-mento de projetos, especialmente atra-vés das sinergias e da capacidade de cooperação entre as diferentes áreas científicas. Um exemplo elucidativo des-ta questão são os mecanismos de inteli-

técnicos superiores pudessem exercer as suas funções e ingressar no mercado de trabalho o mais rápido possível, res-pondendo às necessidades da região”.

Com o Processo de Bolonha, o Poli-técnico de Setúbal alarga as suas áreas de atuação e competências, alcançando uma maior proximidade com a região. A alteração profunda nas exigências de habilitações para o exercício da docên-cia resulta no aumento significativo de massa crítica. “Uma mais-valia funda-mental até no que diz respeito à acredi-tação dos cursos e das formações, per-mitindo um equilíbrio do sistema educa-tivo”, esclarece o atual presidente.

Após estas duas fases de crescimento e envolvimento internos e externos e detentor de uma visão mais clara dos desafios e exigências do futuro, Pedro Dominguinhos encetou um plano estra-tégico que tem elencado um conjunto de ações e medidas inovadoras na afir-mação da notoriedade, credibilidade e do reconhecimento junto dos distintos atores empresariais, organizacionais,

Ser uma referência no ensino superior e um verdadeiro impulsionador do desenvolvimento científico, tecnológico, económico e sociocultural da região são ambições intrínsecas na identidade do Instituto Politécnico de Setúbal. Pedro Dominguinhos, presidente do IPS, tem implementado um plano estratégico que desenvolve um conjunto de ações e medidas inovadoras que conferem credibilidade ao Instituto.

“Um politécnico coeso e parceiro da região”

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EnsinoPresidência III

Mai2017

“Há cerca de dois anos, a minha vida mudou por completo no momento em que decidi vir para Se-túbal como estudante Erasmus.

A instituição que me acolheu por um período de dez meses foi o IPS. Durante esse período, desen-volvi-me num ambiente diferente, longe da minha família, com pessoas de diferentes países, estudan-do numa língua que não era a espanhola.

Felizmente, graças a esta experiência, abri a mi-nha mente, aprendi duas novas línguas (português e inglês), fiz muitos amigos de culturas diferentes e melhorei muito academicamente. Por todos estes

motivos, e porque adorei Portugal em geral e Setúbal em particular, decidi que tinha de voltar à minha «nova casa».

Assim, consegui um estágio Erasmus para fazer um projeto no IPS, que me permitirá desenvolver e melhorar as competências académicas adquiri-das durante os anos anteriores. O Erasmus é uma experiência inesquecível, que recomendo a todos os estudantes, sendo que gostaria de agradecer ao IPS a oportunidade de voltar à minha cidade adotiva.”

Luis Pedraza del Cerro, Estudante da Universidade Politécnica de Madrid em mobilidade no Instituto Politécnico de Setúbal

Estreita ligação às forças locais“A relação entre o IPS e as empresas

e demais organizações da região onde estamos inseridos faz parte do nosso ADN”, enfatiza Pedro Dominguinhos. Ser um instituto politécnico pressupõe, à partida, uma estreita ligação e intera-ção com as forças locais e regionais.

Muitas das relações fazem-se dos con-tactos pessoais dos docentes – por um lado está o desafio de incentivar essas re-lações e, por outro, ter a capacidade de as institucionalizar em medidas, progra-mas e ações concretas. Nas várias esco-las que constituem o IPS são vários os projetos que envolvem empresas, insti-tuições e entidades com um importante impacto regional e que resultam de um trabalho de longa duração no desenvol-vimento de conhecimento com a retri-buição dos resultados à comunidade.

“Criamos confiança e credibilidade e assumimos o nosso papel como motor do desenvolvimento da região. Estamos no território há muito tempo e desen-volvemos uma cooperação sustentada com os parceiros. Um trabalho diário, que se desenvolve à medida que nos en-volvemos nas experiências e relações. É fundamental que as empresas estejam informadas sobre o que somos capazes de fazer e, por isso, estamos a criar um portfólio de competências do IPS”, indi-

ca Pedro Dominguinhos, evidenciando a voz e ação interventivas em termos lo-cais, mas que cada vez mais se acentua no âmbito nacional e internacional.

A comunidade IPSO Instituto Politécnico de Setúbal, co-

mo instituição do ensino superior, é um centro de criação, transmissão e difusão da ciência, tecnologia e cultura, que in-tervém diretamente no desenvolvimen-to da região envolvente e na valorização dos recursos humanos. Como entidade, cabe-lhe, naturalmente, legítimas inten-ções e aspirações para o futuro, cuja ex-plicitação pode ser um instrumento de motivação e inspiração para a sua co-munidade.

Em três palavras, Pedro Domingui-nhos caracteriza a comunidade que lide-ra, desde 2014, como “envolvida, em-penhada e inclusiva”. Além disso, o pre-sidente desta institução de ensino supe-rior assume que “há um compromisso de toda a comunidade IPS com os mais elevados padrões de qualidade intelec-tuais e éticos, no ensino e na aprendiza-gem, na formação e na investigação, na prestação de serviços e na conduta em todas as atividades, com particular rele-vância no desenvolvimento e impacto positivo na vida dos estudantes”.

gência artificial que estão a ser desenvol-vidos para, nos próximos dez anos, ler artigos científicos. Este é um projeto que requer linguística, ótica, informática, psicologia, isto é, um conjunto de ciên-cias agregadas para que se chegue ao resultado final.

Existe, por isso, uma vontade de in-crementar a cooperação entre as esco-las e aproveitar as sinergias existentes. Além disso, tem havido um esforço dos trabalhadores não docentes para a valo-rização e coesão criadas entre a comuni-dade. O programa Desenvolver+ per-mite o desenvolvimento dos recursos

humanos e a criação de uma cultura or-ganizacional mais coesa através do de-senvolvimento de competências, do re-conhecimento do mérito, da promoção do bem-estar e da participação ativa nas diversas atividades. “Em cada um destes eixos de atuação há uma preocupação de construir sinergias e participação ati-va num conjunto de atividades. A última iniciativa organizada neste sentido foi o Be the voice IPS, onde trabalhadores das diversas unidades orgânicas e dos serviços centrais criaram um hino para o instituto e apresentaram uma capaci-dade clara de construir grupo”, refere o presidente.

A estratégia delineada para as cres-centes sinergias entre as cinco unida-des orgânicas concretiza-se também ao nível dos docentes com a criação de Centros de Investigação (alguns in-terdisciplinares) e na submissão de projetos de investigação de diferentes áreas científicas. A recente criação dos centros (cinco aprovados) veio também desenvolver a investigação que está, hoje, a formar massa crítica (doutorados e especialistas) e a criar uma profissionalização da gestão da investigação com estruturas profissio-nais que apoiam a candidatura a pro-jetos, altamente exigente e competiti-va.

O IPS tem uma larga experiência na participa-ção em projetos europeus, na área da energia, com um forte apoio de diferentes estruturas do Instituto.

Desde 1996, o IPS colaborou em 12 projetos europeus que envolveram um valor total de cerca de 38,6 milhões de euros, com uma contribuição para o IPS próximo de 1 milhão de euros, sendo neste momento a entidade coordenadora de um projeto H2020. Com estas participações o IPS teve a oportunidade de colaborar com mais de 130 entidades europeias de ensino superior, cen-

tros de investigação, grandes empresas e PMEs. Estas atividades têm também permitido ao IPS participar nos mais recen-

tes desenvolvimentos científicos e tecnológicos, possibilitando ao corpo do-cente desenvolver atividades de I&D e transferir conhecimento aos estu-dantes e às empresas portuguesas. Foram criadas várias bolsas de investi-gação, na sua maioria utlizadas por antigos estudantes do IPS, que dessa forma recebem uma formação avançada em investigação científica.

Prof. Doutor Luís Coelho, Docente do Instituto Politécnico de Setúbal

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IPS Escola Superior de Tecnologia de SetúbalIV

Mai2017

A Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (ESTSetúbal) estabelece pon-tes para o futuro ministrando um ensi-no prático sustentado nas novas tec-nologias. A aposta numa formação prática com forte componente labora-torial resulta numa adaptação eficaz dos diplomados às exigências da reali-dade profissional, traduzidas numa ta-xa de empregabilidade acima de 93%.

Formalmente criada em 1979, a ESTSetúbal constitui a primeira unida-de orgânica do IPS. Nuno Pereira, atual diretor, relata a evolução da Es-cola ao longo dos anos. “Sentindo o pulso ao desenvolvimento das diferen-tes áreas, a ESTSetúbal foi continua-mente ajustando a oferta formativa, disponibilizando atualmente oito cur-sos de licenciatura, quatro mestrados e quinze cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP), para além de cursos de pós-graduação e de curta duração. Dos quinze CTeSP aprova-dos pela DGES, seis deles para funcio-nar igualmente em instalações de ins-tituições parceiras localizadas em Si-nes, Ponte de Sor e Lisboa. Estes cur-

ra motorização elétrica dos tuk-tuk e do sistema de controlo de carregamento das baterias, existindo veículos transfor-mados a circular em Lisboa e no Algar-ve; pela Ambicare para o desenvolvi-mento de um equipamento eletrónico de controlo, segurança e transmissão de dados de um sistema de desumidificação em contínuo de transformadores elétri-cos de potência”, refere o diretor Nuno Pereira.

Projetos de InvestigaçãoO corpo docente da ESTSetúbal é

constituído por 61,5% de doutores e especialistas, subindo essa percenta-gem para os 84,4% se só forem con-siderados os docentes de carreira. A capacidade para desenvolver proje-tos de investigação e desenvolvimento é elevada, comprovado pelo número de projetos em que os docentes estão envolvidos, quer sejam coordenados pelo IPS, quer por instituições parcei-ras ou mesmo pelos centros de inves-tigação a que pertencem. Os docentes participam e coordenam projetos eu-ropeus e nacionais, de que é um bom exemplo o projeto “Thermal Energy

Storage Systems for Energy Efficient Buildings” (TESSe2b), um projeto eu-ropeu H2020 coordenado por um do-cente da ESTSetúbal. A ESTSetúbal possui dois centros de investigação e prestação de serviços, que incluem membros de várias áreas disciplinares de forma a potenciar o desenvolvi-mento dos projetos.

Segundo Nuno Pereira, “é primor-dial trabalhar com as empresas en-quanto parceiras em projetos de in-vestigação, desenvolvimento e inova-ção, sendo estas parcerias fundamen-tais para o desenvolvimento da região e de um tecido económico e produtivo mais moderno e competitivo”. Neste sentido, a ESTSetúbal pretende conti-nuar a trabalhar com as empresas da região, com o intuito de desenvolver uma investigação baseada nas necessi-dades reais do seu tecido empresarial, de potenciar a transferência de conhe-cimento e de manter a contínua ade-quação dos conteúdos curriculares dos cursos às necessidades reais das em-presas.

DesafiosA constante evolução tecnológica das

áreas de conhecimento da ESTSetúbal exige uma atualização permanente por parte do corpo docente, assim como dos equipamentos laboratoriais disponi-bilizados aos estudantes, o que financei-ramente representa um grande desafio. “Manter-nos na crista da onda em ter-mos tecnológicos e formativos é um es-forço contínuo, mas de extrema impor-tância para nos assumirmos como insti-tuição de ensino reconhecida e para manter a elevada taxa de empregabili-dade dos diplomados. Quando uma em-presa nos reporta que uma área de co-nhecimento devia ser reforçada, a esco-la tem de reagir a essa informação, quer através da adaptação dos conteúdos programáticos e da formação do corpo docente, quer através da aquisição de novos equipamentos”, considera Nuno Pereira, “um exemplo é o recém-criado mestrado em Engenharia de Software, que vai ser oferecido pela primeira vez no próximo ano letivo e que surgiu, jus-tamente, de necessidades identificadas por empresas de informática”.

sos permitem aproximar estas ofertas formativas dos locais onde residem os estudantes e das instalações das em-presas”, refere Nuno Pereira.

Transversal a toda a oferta formati-va está o caráter prático do ensino, consolidado na componente laborato-rial, tão característico do ensino poli-técnico. Neste sentido, a ESTSetúbal tem ao dispor dos estudantes e docen-tes 53 áreas laboratoriais equipadas para as necessidades das várias forma-ções. “Este é um fator de diferencia-ção que facilita a resposta eficaz às ne-cessidades e desafios das empresas e que se traduz na rápida integração profissional dos diplomados”, afirma Nuno Pereira, salientando que, neste sentido, também os estágios curricula-res conferem um importante elemen-to de ligação à realidade das profis-sões. “O contacto persistente quer dos docentes, quer do gabinete de in-tegração profissional permite a con-cretização de protocolos com empre-sas e instituições da região, que asse-guram os estágios dos estudantes e a realização de prestações de serviços especializados para responder a desa-fios tecnológicos e necessidades de desenvolvimento e inovação nas mais diversas áreas”, afirma.

São vários os desafios lançados pelas empresas. “Como exemplos identifico: o desafio lançado pela Lauak Portugal, de participarmos no desenvolvimento e construção de uma máquina de cravar e ensaiar rótulas de componentes do cockpit do avião A350 da Airbus e que já está certificada pelo construtor euro-peu de aviões; pela Transvetra, para realizar o projeto de transformação pa-

Aliando o conhecimento científico ao tecnológico, a Escola Superior de Tecnologia de Setúbal desenvolve investigação, presta serviços especializados e forma diplomados em cursos de Engenharia e Tecnologia, para responder às necessidades das empresas.

“O empenho em manter as nossas formações alinhadas com as necessidades das empresas é contínuo”

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IPSEscola Superior de Educação V

Mai2017

“Uma escola envolvida e aberta ao saber”

A Escola Superior de Educação (ESE), a segunda unidade orgânica do IPS por ordem cronológica, surge em 1985 destinada à formação inicial e contínua de educadores de infância e de professores do 1º ciclo do ensino básico, intervindo continuamente no processo da profissionalização em ser-viço e da formação contínua de educa-dores de infância e professores dos en-sinos Básico e Secundário.

Em termos de oferta formativa, ao longo dos anos, esta tem vindo a adap-tar-se às necessidades geradas pelas mudanças no sistema educativo. Além disso, fatores como a necessidade de responder às expetativas de formação dos jovens da região de Setúbal, o de-senvolvimento de competências ao ní-vel do seu corpo docente em diferentes domínios, a quebra demográfica e a re-cessão na procura dos cursos de for-mação de professores conduziu a ESE num processo progressivo de viragem para outras áreas científico-profissio-nais.

Atualmente, a ESE dispõe de cinco li-cenciaturas – Educação Básica, Comu-nicação Social, Tradução e Interpreta-ção de Língua Gestual Portuguesa, Desporto e Animação e Intervenção

sequentemente, novas oportunidades de formação. “Temos vindo a reequi-par o nosso espaço com novo software e com novos equipamentos nos estú-dios de gravação e no Laboratório de Desporto. Neste momento, a Escola tem também um Centro de Competên-cias TIC que tem por missão realizar formação de professores nesta área e apoiar projetos das escolas. É este Cen-tro que desenvolve o Projeto EduS-cratch, que tem feito grande dinamiza-ção, na região e no país, da utilização educativa da linguagem de programa-ção Scratch. De referir também que a nossa biblioteca tem sido alvo de inves-timentos, pois apostamos fortemente na cultura dos nossos estudantes, que têm acesso a várias publicações nas respetivas áreas”, afirma a diretora.

A dinâmica organizacional permite à ESE, enquanto instituição de ensino e formação de jovens para o futuro, res-ponder às crescentes exigências das entidades empregadoras que reque-rem, cada vez mais, profissionais capa-citados e multifacetados. Neste sentido, a Escola Superior de Educação do IPS tem como um pilar de atuação a pro-moção da cultura. “Criámos uma ini-ciativa denominada «Os mundos em que vivemos». Nela procuramos trazer à Escola um conjunto de iniciativas – conferências, filmes, debates, comuni-dades de leitura - com uma periodicida-de semanal – sempre à 5ª feira - sobre assuntos que configuram o mundo em que vivemos, promovendo a reflexão dos estudantes sobre várias temáticas não abordadas tradicionalmente nas unidades curriculares”, refere.

Investigação ao serviço da comunidade local e internacional

Ângela Lemos dirige uma escola en-volvida em vários projetos de investiga-ção, com impacto na comunidade lo-cal, mas também além-fronteiras.

Ao abrigo do Programa Erasmus+ KA2, a ESE está envolvida em três pro-jetos. Um deles - o “Too young to fail” (2Young2Fail) sobre práticas de combate ao abandono escolar precoce e de pro-moção do sucesso académico - acabou de fechar o dossier e foi desenvolvido em parceria entre Espanha, Itália, Holanda, Inglaterra e Portugal. Outro é o “Empo-wering E-Portfolio Process” que tem co-mo finalidade promover o desenvolvi-mento de boas práticas no ensino supe-rior, estimulando a cooperação e a parti-lha entre docentes e investigadores de diversos países europeus. E um terceiro, “FinKit”, dirige-se à população mais ido-sa e concentra-se em ações para melho-rar o nível de literacia financeira.

Entre muitos outros projetos de ordem científica e social, destaca-se o Projeto de Formação de Formadores de Profes-sores Primários em Angola que preten-de contribuir para a melhoria da qualida-de e eficácia do ensino primário, na aquisição e no reforço das competências técnicas e pedagógicas. “Este programa é realizado em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Ministério da Educação de Angola e financiado pelo Banco Mundial. Nos próximos três anos, apoiará as estruturas angolanas na disse-minação da formação contínua e terá impacto sobre 18 mil professores ango-lanos”, refere a diretora Ângela Lemos, que garante ainda a “intervenção social e educativa da Escola junto de institui-ções de solidariedade social”.

Os projetos de investigação transcen-dem e desafiam a ESE de uma forma be-néfica para o seu crescimento e evolu-ção. A educadora de infância e atual dire-tora pretende construir “uma escola de todos, com todos e para todos, aberta ao saber científico”. A promoção de uma comunidade envolvida requer a “partici-pação ativa dos estudantes e o empenho dos docentes e não docentes para a cria-ção de uma escola desperta em relação à comunidade e ao mundo e com uma for-mação humanista, virada para os novos conhecimentos”.

Sociocultural e cinco mestrados nas áreas de Educação Pré-Escolar, Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, Matemá-tica e Ciências Naturais, Português e História e Geografia de Portugal.

No âmbito das pós-graduações são três as ofertas: Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor, Adminis-tração e Gestão Escolar (em associação com a ESCE/IPS) e, pela primeira vez no próximo ano letivo, Supervisão Pe-dagógica e Formação de Formadores. Já os cursos CTeSP são uma realidade nova nesta escola. “Estamos a termi-nar este ano a primeira edição destes cursos que formam técnicos profissio-nais em Serviço Familiar e Comunitá-rio e em Produção Audiovisual. No próximo ano estará disponível o curso de Desportos de Natureza. As expetati-vas são altas e acreditamos que vamos ter bastante procura, visto que estamos numa zona de influência em termos tu-rísticos e privilegiada para a prática deste tipo de desportos”, revela Ânge-la Lemos, atual diretora, que considera este curso “uma mais-valia para a re-gião e para a formação dos estudan-tes”.

Ter em conta a procura e as necessi-dades das várias áreas é um dos fatores que proporciona uma forte ligação às instituições locais. A proatividade do corpo docente tem dinamizado a ESE na procura de novos mercados e, con-

A génese da Escola Superior de Educação tem como base a formação inicial e contínua de professores, que mais tarde se alargou a outras áreas como a Comunicação Social, o Desporto, a Animação Sociocultural e a Língua Gestual Portuguesa.

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IPS Escola Superior de Ciências EmpresariaisVI

Mai2017

“Uma Escola orientada para o futuro dos estudantes e das empresas”

A Escola Superior de Ciências Empre-sariais (ESCE) surge em 1994 com a mis-são de “ensinar, investigar e prestar servi-ços na área das Ciências Empresariais, com os mais elevados níveis éticos e de qualidade, contribuindo, em parceria com a comunidade, para a promoção do desenvolvimento do país, em geral, e da região de Setúbal, em particular”.

Boguslawa Sardinha não esconde o or-gulho que sente em dirigir uma Escola que “aposta fortemente numa estratégia de diferenciação orientada para o futuro dos estudantes e das empresas e para uma dimensão significativa a nível inter-nacional”.

Percorridos 23 anos de existência, a ESCE evoluiu de forma sustentada, apre-sentando uma oferta formativa completa que garante áreas diversificadas no 1º e 2º ciclos do ensino superior. Atualmente, o plano curricular disponibiliza cinco li-cenciaturas – Contabilidade e Finanças, Gestão de Recursos Humanos, Marke-ting, Gestão da Distribuição e da Logísti-ca e Gestão de Sistemas de Informação – e seis mestrados – Contabilidade e Finan-ças, Gestão Estratégica de Recursos Hu-manos, Ciências Empresariais (Gestão de PME e Gestão da Logística), Segurança e Higiene no Trabalho, Gestão e Sistemas de Informação e Gestão de Marketing.

os anos muitos estudantes estrangeiros, com 175 registados em janeiro deste ano. “Este curso é um sinal distintivo da nossa Escola que aposta na internacio-nalização e na mobilidade dos estudan-tes. Combinando teoria e prática em-presarial, o programa deste curso for-nece aos estudantes estrangeiros um ní-vel elevado de competência científica, técnica, profissional, cultural e huma-na”, esclarece Boguslawa Sardinha.

Dois anos mais tarde, em 2009, foi criada a International Business Week Network, da qual a ESCE foi uma das fundadoras, que promove programas intensivos com a duração de uma sema-na, onde num ambiente internacional os estudantes são desafiados a resolver problemas de áreas distintas subjacen-tes às Ciências Empresariais. “A nossa Business Week, organizada todos os anos em outubro, é dedicada ao em-preendedorismo. Nesta semana procu-ramos envolver não só os nossos estu-dantes, docentes dos parceiros interna-cionais, mas também empresas e insti-tuições nacionais. Esta iniciativa representa uma oportunidade interes-sante para os nossos estudantes que convivem e aprendem num ambiente multicultural”, refere.

Simulação EmpresarialSegundo a diretora Boguslawa Sardi-

nha, “o dinamismo e envolvimento entre os docentes e os estudantes reflete-se na qualidade de ensino e da aprendizagem” que caracteriza a cultura pedagógica da ESCE. Os estágios representam uma «porta de entrada» para o mercado de tra-balho e há mais de 20 anos que os estu-dantes de Ciências Empresariais têm a oportunidade de os realizar com grande sucesso, sendo igualmente valorizados de forma positiva por parte das empresas.

No entanto, a ESCE abre uma exceção na obrigatoriedade de estágio no curso de Contabilidade e Finanças. “Sendo um projeto iniciado pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Uni-versidade de Aveiro, ao qual a ESCE ade-riu no ano letivo de 2002/2003, a Simu-lação Empresarial é hoje um projeto in-ternacional que envolve oito escolas de ensino superior, sete em Portugal e uma em Moçambique. O seu funcionamento tem por base empresas virtuais, de um mercado simulado, com as características e obrigações das empresas no mercado real, sendo cada uma gerida por dois es-tudantes, que desenvolvem tarefas a nível comercial, contabilístico, financeiro e fis-cal utilizando, entre outras, uma platafor-ma de “e-learning”, internet e “softwa-res” diversos. A Simulação Empresarial tem uma carga horária semanal obrigató-ria de 15 horas e, face ao trabalho nela desenvolvido, a Ordem dos Contabilistas Certificados reconhece a unidade curricu-lar como equivalentes a um estágio pro-fissional”.

A adaptação e execução de práticas inovadoras está, assim, presente a vá-rios níveis no plano curricular da Escola Superior de Ciências Empresariais do IPS, onde Boguslawa Sardinha consi-dera haver ainda muitos desafios a su-perar no futuro, nomeadamente a con-solidação de parcerias com as empre-sas e instituições locais e com o desen-volvimento de projetos de investigação prática.

“De acordo com as oportunidades do mercado, a ESCE está a investir na for-mação pós-graduada que permite aos estudantes continuar a sua formação superior e valorizar as suas competên-cias académicas”, indica a diretora. Exemplo disso é a pós-graduação de Gestão e Administração de Escolas, acreditada pelo Conselho Cientifico Pe-dagógico da Formação Contínua, parti-cularmente importante para os docen-tes do ensino secundário que assumem cargos de administração nas escolas. Outro exemplo foi a criação da pós--graduação em Gestão e Marketing Tu-rístico como reposta ao crescente in-vestimento no turismo na zona de Setú-bal. No sentido de responder ao desafio da mudança proposto à Administração Pública pelo novo normativo contabilís-tico, a ESCE criou também o curso de pós-graduação em Contabilidade Públi-ca habilitando os seus formandos de competências na área da contabilidade e da gestão financeira pública.

No âmbito dos CTeSP, o curso de Apoio à Gestão de Organizações So-ciais surge após se verificar que “existe uma grande necessidade de apoio nas áreas de gestão para as pessoas que ge-rem estas instituições, maioritariamen-te através de voluntariado” e o curso na área da Logística que funciona com duas turmas (Setúbal e Sines) e “resul-tou de um pedido das empresas da re-gião que necessitam cada vez mais de técnicos nesta área, preparados para as exigências do mercado”.

InternacionalizaçãoA dimensão internacional tem pautado

a evolução da Escola Superior de Ciên-cias Empresariais do IPS.

Desde 2007, a ESCE tem um Módu-lo Internacional que tem atraído todos

O objetivo da Escola Superior de Ciências Empresariais é formar profissionais flexíveis e dinâmicos que aliem conhecimentos gerais de Gestão com especialização em distintos domínios empresariais.

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IPSEscola Superior de Tecnologia do Barreiro VII

Mai2017

Em 1999, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) alarga o campus com a fundação da Escola Superior de Tecno-logia do Barreiro (ESTBarreiro) com o objetivo de fomentar as áreas de Cons-trução e Engenharia Civil, Engenharia Química e, mais tarde, a Biotecnologia.

Pedro Salvado Ferreira, atual diretor da ESTBarreiro, afirma que a escola surgiu “numa altura produtiva da cons-trução civil nesta zona geográfica (Sei-xal, Barreiro, Moita, Montijo, Alco-chete e Almada) e, por isso, veio dina-mizar uma área que carecia destes profissionais para o desenvolvimento da região. Para além disso, a área de Engenharia Química está também aqui enraizada com a existência de um conjunto de indústrias com necessida-de de recrutar técnicos diplomados nas áreas dos processos de Engenha-ria Química e Biológica”.

A evolução ao longo dos 18 anos de existência tem sido pautada por um acompanhamento consciente das ne-cessidades do mercado e da região pa-ra as áreas em que contribui com a formação de profissionais capazes de responder às atuais exigências e aos desafios futuros.

Leitura das necessidades locaisNo âmbito dos Cursos Técnicos Su-

periores Profissionais (CTeSP) são quatro os cursos disponíveis: Condu-ção e Acompanhamento de Obras, Reabilitação Energética e Conserva-ção do Edificado, Tecnologias e Labo-ratório Químico e Biológico e Topo-grafia e Sistemas de Informação.

“Estes quatro cursos surgiram de discussão conjunta com as entidades empregadoras da região, o que revela a proximidade que estabelecemos com a zona envolvente. É um eixo fundamental, pois além de ser um en-sino prático e de grande apoio labora-torial, é um complemento para re-gião. Não queremos estar aqui instala-dos de forma isolada, por isso, conso-lidamos parcerias e contactos próximos com as instituições para um desenvolvimento mútuo”, afirma Pe-dro Salvado Ferreira, indicando ainda que esta relação próxima com as insti-tuições locais “permitiu criar oportuni-dades de estágio no plano de estudos, o que fez com que necessariamente houvesse um benefício mútuo, exigin-do da nossa parte um constante con-tacto com estas entidades. No caso

dos CTeSP a evidência é mais relevan-te pois foram as instituições que nos ajudaram a formar o plano de estudos dos cursos ao fornecer contributos so-bre as áreas e unidades curriculares que deveriam ser abordadas nos res-petivos cursos”.

Neste sentido, a ESTBarreiro tem celebrado vários protocolos através da prestação de serviços mais especializados junto da indús-tria química e biológica e das câ-maras municipais na área de con-servação e reabilitação do edifica-do. “Desempenhamos um papel in-terventivo, pois para além de participarmos em todos os fóruns de desenvolvimento local e empre-gabilidade jovem, atuamos junto das escolas secundárias nos vários concelhos. Nos eventos quer de âmbito empreendedor para o de-senvolvimento económico da re-gião, quer de âmbito mais lúdico e de cariz social, a ESTBarreiro faz um esforço para estar presente e participar ativamente”, refere o atual diretor da Escola.

DesafiosO edifício da ESTBarreiro, premia-

do em termos arquitetónicos, oferece funcionalidades a toda a comunidade educativa, respondendo eficientemen-te às necessidades especificas do ensi-no/aprendizagem com a disponibiliza-ção de laboratórios especializados nas diferentes áreas integradas nesta uni-dade orgânica.

Com a evidência de excelentes condições físicas, os principais desa-fios prendem-se com o desenvolvi-mento de conteúdos e processos pe-dagógicos eficientes. Diretor da Es-cola Superior de Tecnologia do Bar-reiro, desde 2014, Pedro Salvado Ferreira considera que os estímulos futuros são “a consolidação e capta-ção de mais estudantes, a criação de metodologias de ensino e aprendiza-gem inovadoras, a criação de condi-ções para os docentes desenvolve-rem projetos de investigação e pres-tações de serviços especializados e a consolidação do papel interventivo junto da comunidade”.

Com a diversificação da oferta inicial “O que fizemos foi adaptar-nos. O cur-so de Química foi descontinuado, mas logo disponibilizamos cursos muito liga-dos a esta área. O curso de Biotecnolo-gia tem sido um sucesso e todos os anos tem preenchido as vagas no concurso nacional de acesso. Este ano letivo co-meçou a funcionar o curso de Bioinfor-mática, aglomerando áreas do conheci-mento de várias escolas do IPS – Biotec-nologia da ESTBarreiro, a Informática da ESTSetúbal, a Biologia da Escola Su-perior de Saúde e a Gestão e Sistemas de Informação da vertente de Ciências Empresariais. Também lançámos uma formação no âmbito das Tecnologias do Petróleo, um curso que é constituído por dois ramos, um muito ligado a En-genharia Química na parte de refinação e o outro na vertente da Prospeção e Geotecnia (estudo dos solos, das rochas) muito ligado à área de Construção e En-genharia Civil”, refere o diretor Pedro Salvado Ferreira.

Ao nível dos mestrados, a ESTBarrei-ro dispõe do Mestrado em Engenharia Civil em colaboração com a Universida-de do Algarve — um curso proposto pe-las duas instituições, onde decorre, per-mitindo uma grande partilha tanto de recursos como de estudantes; do Mes-trado em Conservação e Reabilitação do Edificado tem vindo a dar resposta a licenciados de diferentes áreas (Gestão da Construção Civil, Arquitetura e Ur-banismo) e a satisfazer uma necessidade do mercado, por ser uma área em gran-de expansão neste momento; e do Mes-trado em Engenharia Biológica e Quí-mica, permitindo a continuação dos es-tudos dos licenciados em Biotecnologia e Bioinformática.

A Escola Superior de Tecnologia do Barreiro procura formar profissionais capazes de responder às necessidades reais nas áreas da Construção Civil, Química e Biotecnologia, fortemente enraizadas na região norte de Setúbal.

“Queremos dar resposta aos desafios lançados pelas entidades empregadoras da região”

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+ 24haNÚMERO DE ESCOLAS

5NÚMERO DE ESTUDANTES

5695NÚMERO DE DOCENTES

577NÚMERO DE CURSOS

82CTESP (24) | LICENCIATURAS (26)

MESTRADOS (22) | PÓS GRADUAÇÕES (10)

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃOO QUE INVESTIGAMOS Argamassas e betões produzidos com resíduos e/ou subprodutos industriais e com materiais de baixo custo com o objetivo de desenvolver novos materiais com desempenho e durabilidade melhoradas, no garante da qualidade e longevidade das construções.

PORQUE INVESTIGAMOS Projetam-se, produzem-se e caracterizam-se novos materiais e processos de construção de custo controlado e elevado desempenho. Representa um importante desafio de I&D+i para a comunidade de engenharia e para a indústria de construção.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS Faz-se no Instituto Politécnico de Setúbal e em colaboração com Centros de Investigação, no âmbito dos cursos

de mestrado em Engenharia Civil e em Conservação e Reabilitação do Edificado, para a comunidade, em geral, e para o setor da Construção Civil, em particular.

MOBILIDADE ELÉTRICAO QUE INVESTIGAMOS Desenvolvimento e consultoria de sistemas elétricos e eletrónicos dedicados à mobilidade elétrica.

PORQUE INVESTIGAMOS A mobilidade elétrica é uma das áreas estratégicas do Instituto Politécnico de Setúbal, contando com uma equipa experiente no desenvolvimento de sistemas eletrónicos e elétricos.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS Na área da mobilidade elétrica o IPS tem colaborado com várias empresas da região, das quais se destacam a TRANSVETRA, a MEDITOR e a ZEMARKS. O IPS colabora ainda em atividades de divulgação da mobilidade elétrica com vários construtores de veículos.

VOCOLOGIA DO FADOO QUE INVESTIGAMOS 104 fadistas e 40 juízes (fadistas, professores de canto, terapeutas da fala e público em geral) participaram no projeto inovador e pioneiro “Vocologia do fado” com o objetivo de traçar o perfil acústico e áudio-percetivo da voz do Fado.

PORQUE INVESTIGAMOS O Laboratório de Voz do Instituto Politécnico de Setúbal tem como objetivo investigar a produção e perceção da voz humana falada e cantada com aplicação a nível pedagógico, clínico e científico nos domínios da prevenção, habilitação e reabilitação vocal.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS O Laboratório de Voz tem colaborado com o Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro em projetos financiados pela Fundação Calouste Gulbenkian e FCT, envolvendo professores de canto e cantores, profissionais de saúde e investigadores.

TESSe2B ARMAZENAMENTO INTELIGENTE DE ENERGIA

O QUE INVESTIGAMOS Projeto financiados pela Comissão Europeia através do programa H2020 com o objetivo de desenvolver um sistema altamente eficiente, envolvendo energias renováveis e destinado a ser implementado em casas de habitação permitindo aumentar o conforto humano e diminuindo os gastos de energia.

PORQUE INVESTIGAMOS O Instituto Politécnico de Setúbal tem uma vasta experiência na coordenação e desenvolvimento de projetos, nacionais e internacionais, na área da eficiência energética. Neste programa H2020 é a instituição coordenadora, existindo, neste momento, apenas 4 projetos europeus coordenados por entidades portuguesas na área da energia.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS O projeto é desenvolvido por um consórcio de 10 parceiros de 8 países, constituído por 6 instituições de ensino superior, 2 empresas, 1 centro de investigação científica e 1 associação de energia.

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NÚMERO DE ESTUDANTES ESTRANGEIROS

506NÚMERO DE PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS E TÉCNICAS

497NÚMERO DE PROJETOS EUROPEUS EM CURSO

7TAXA DE EMPREGABILIDADE

91,9%PRÉMIO COTEC

VENCEDOR DO CONCURSO NACIONAL “VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E

FOMENTO DO EMPREENDEDORISMO 2013”

SIMULAÇÃO EM AERONÁUTICAO QUE INVESTIGAMOS Na aeronáutica é comum recorrer-se a simuladores para o treino do voo, manutenção, gestão, entre outros. O Instituto Politécnico de Setúbal tem participado em projetos de simuladores ao nível da mecânica (desenho, construção) e ao nível da eletrónica (sistemas e comunicação de dados).

PORQUE INVESTIGAMOS Na região de Setúbal e Alentejo a indústria aeronáutica é importante sendo uma área estratégica no IPS. A experiência adquirida e consolidada permitiu que o IPS seja reconhecido como uma referência na simulação em aeronáutica (mecânica e eletrónica).

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS Na área da simulação em aeronáutica o Instituto Politécnico de Setúbal tem colaborado com várias empresas: Empordef TI, MEDITOR e VAS. Como exemplo, refere-se o simulador da aeronave Epsilon TB-30 desenvolvido para a Força Aérea Portuguesa e localizado na Base Aérea 1, Sintra.

LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE MOVIMENTO HUMANOO QUE INVESTIGAMOS Com recurso à investigação aplicada e experimental, modelação e simulação músculo-esquelética, estabelecem-se medidas quantitativas de elevado rigor que são depois aplicadas no estudo da efetividade de tratamentos e na otimização da função.

PORQUE INVESTIGAMOS Porque os atuais recursos laboratoriais e humanos do Laboratório de Análise de Movimento Humano do Instituto Politécnico de Setúbal estão direcionados para responder a necessidades clínicas e de investigação relacionadas com a análise e otimização do movimento e da função.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS Faz-se em parceria com outras instituições de ensino superior nacionais e internacionais, empresas, centros de investigação e clínicas. O output é dirigido à comunidade científica, académica e clínica.PROJETO EDUSCRATCH UTILIZAÇÃO EDUCATIVA

DA LINGUAGEM SCRATCH

O QUE INVESTIGAMOS O projeto EduScratch promove a divulgação, a formação e a partilha de conhecimentos acerca do ambiente gráfico de programação Scratch, criado no MIT e tem imensas potencialidades no âmbito da utilização das TIC em contexto educativo.

PORQUE INVESTIGAMOS “Imagina, programa, partilha” é o lema do Scratch, que promove um ensino em que os alunos se envolvem de modo mais ativo e participativo no desenvolvimento de projetos, aprendendo não só a programar, mas também outros conteúdos de diversas áreas do saber.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS Os destinatários principais são os alunos, com o apoio a projetos das escolas, e através da formação de professores, que desde 2011 tem vindo a ser realizada em diversas regiões do país, e que utilizarão o Scratch nas atividades letivas ou em clubes de programação. O EduScratch está no Projeto de Iniciação à Programação no 1.º Ciclo da Educação Básica.

LOGISTICSLAB LABORATÓRIO DE LOGÍSTICA DO IPS

O QUE INVESTIGAMOS O “LogisticsLab” é um espaço destinado à reflexão sobre problemas e desafios logísticos, quer empresariais, nos diversos setores de atividade, nomeadamente portuário, transportes, operadores logísticos, automóvel, metalúrgico e centros de distribuição.

PORQUE INVESTIGAMOSA ideia de criação do “LogisticsLab” surgiu da necessidade de fomentar um ensino baseado no saber-fazer intensificando a interação com o tecido empresarial da região. A integração de sistemas de informação nas operações é uma realidade e o laboratório possibilita, assim, aos estudantes o contato real com as melhores práticas existentes nas organizações para que possam ser profissionais com sucesso.

COMO E PARA QUEM INVESTIGAMOS O laboratório é um local para fomentar as sinergias entre a Academia, Proponentes de Tecnologia e Utilizadores de Tecnologia.

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IPS Escola Superior de SaúdeX

Mai2017

“Somos uma escola aberta à comunidade local e internacional”

Criada em 2000, a ESS forma profis-sionais de saúde através de uma educa-ção focada no humanismo e no desen-volvimento científico, técnico e ético, potenciando a ligação à comunidade lo-cal e internacional. Temos a decorrer, três licenciaturas: Enfermagem, Fisiote-rapia e Terapia da Fala e, três mestra-dos: Enfermagem, ao nível das sete áreas de especialização preconizadas pela OE (associação com UE, IPB, IPP e IPCB), Enfermagem Perioperatória, e Fisioterapia (associação com a UNL) acreditado pela IFOMPT. Todos os cur-sos acreditados pela A3ES.

A ESS disponibiliza, ainda, dois cursos de pós-graduação, um de Enfermagem no Trabalho e outro de Saúde Sexual e Reprodutiva – Mutilação Genital Femi-nina, que visa capacitar os profissionais de saúde, e outros,  para intervenção nesta área (Protocolo entre a CIG - en-tidade financiadora, a DGS e a APF).

Os cursos de pós-licenciatura em Enfermagem Médica-Cirúrgica e Saú-de Mental Psiquiátrica também a de-correr, comunicam com os respetivos mestrados da área. Além disso, a ESS realiza ainda cursos breves sobre te-mas atuais, como a Saúde Ambiental, relevantes para estudantes e profissio-nais de saúde.

Alice Ruivo, atual diretora, revela que foram submetidos para acreditação

são atividades como a Semana da Voz, Conferências Internacionais, Ci-clo de Debates, Ouvindo os Idosos, Perfil de Saúde do Concelho, Open Day, Formação em Suporte Básico de Vida, entre outras.

A nossa relação com a comunidade estabelece-se a um elevado nível. Temos cerca de 200 protocolos com diferentes instituições. Os parceiros procuram-nos e solicitam a nossa colaboração. Procu-ramos também de forma proativa incluir nos planos de estudos a abordagem dos temas que correspondem às necessida-des da comunidade.

InvestigaçãoA ESS assume-se como um centro

promotor do conhecimento e inova-ção no desenvolvimento de projetos de investigação/intervenção com a comunidade nacional e internacional. No último ano estiveram a decorrer vários projetos de investigação/ação, dos quais 9 internacionais, sendo 2 fi-nanciados pelo programa Erasmus+. Participámos também em 3 candida-turas ao Programa de Modernização dos Politécnicos e tivemos recente-mente a criação do nosso Centro de Investigação (Centro Interdisciplinar de Investigação Aplicada em Saúde).

InternacionalizaçãoA internacionalização é uma linha

estratégica que tem conduzido a atua-ção da nossa Escola. Um fator rele-vante tem sido o trabalho em rede com parceiros e congéneres interna-cionais. “Participamos em três con-sórcios. Desde 2002, estamos presen-tes no COHEHRE, consórcio europeu na área da saúde e reabilitação. Mais tarde aderimos também à rede BUSI-NET e recentemente aderimos à nova Rede Académica em Ciências da Saú-de dos países da CPLP.

Relevante para a aposta neste ei-xo estratégico tem sido o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Inter-nacionalização. “Somos a escola com os maiores níveis de interna-cionalização do IPS. Além da mo-bilidade de docentes, trabalhadores não docentes e estudantes (inco-ming e outgoing), procuramos de-senvolver oportunidades de inter-nacionalização alternativas, susten-táveis e mais acessíveis aos nossos estudantes. Organizamos progra-mas internacionais intensivos de curta duração, que reúnem estu-dantes e docentes de vários países para trabalharem e refletirem so-bre temas específicos. Além destas iniciativas, procuramos também criar formas alternativas de promo-ver a internacionalização, nomea-damente recorrendo aos recursos online, com a colaboração de do-centes de outros países em aulas via Skype”, afirma Alice Ruivo.

No final dizer ainda que estamos, neste momento, a trabalhar num projeto para a construção de novas instalações, por forma a alargar o espaço disponível para toda a comu-nidade académica. Em síntese acre-ditamos que os Valores que nos ca-racterizam (Humanismo, Qualidade, Inovação, Distinção, Profissionalis-mo e Excelência) e nos trouxeram até aos dias de hoje nos vão conti-nuar a guiar rumo ao futuro.

“dois cursos que permitirão alargar e di-ferenciar as áreas do conhecimento mi-nistradas na ESS, nomeadamente uma Licenciatura em Acupuntura e um Mes-trado na área de Intervenção Precoce na Criança (em associação com a UE e com IPB e IPP)”.

A vertente pedagógica das ciências da saúde exige, logo à partida, uma alter-nância de aprendizagem teórica e práti-ca clínica em contextos reais. Os estu-dantes adquirem e desenvolvem desta forma conhecimentos e competências, recorrendo a metodologias de ensino ativas. A importância dos laboratórios especializados nas três áreas, com ma-nequins de alta fidelidade e com equipa-mentos tecnologicamente avançados são essenciais neste processo.

Parcerias e ações locaisOs estágios e as práticas clínicas dos

cursos da ESS são realizados em con-texto hospitalar em diferentes tipolo-gias de serviços, em cuidados de saúde primários e em instituições do conce-lho e do distrito (lares, creches, esco-las, instituições particulares de solida-riedade social, organizações não go-vernamentais e outras).

“Esta relação privilegiada permite uma maior proximidade entre os estu-dantes, os docentes, os educadores/orientadores clínicos e os profissionais das diferentes áreas. A resolução de problemas, a realização de trabalhos de investigação no terreno permite es-tabelecer uma rede de transferência do conhecimento da escola para a co-munidade local, regional e até interna-cional”, afirma a diretora. Neste senti-do, são várias as campanhas levadas a cabo pelos docentes e estudantes com intervenção quer na região, quer no campus de Setúbal – exemplos disso

A Escola Superior de Saúde (ESS), quinta unidade orgânica do IPS, surgiu com o objetivo de ministrar cursos na área da saúde, mantendo uma cultura pedagógica de rigor e qualidade dando resposta às necessidades de formação evidenciadas pelo concelho e distrito nesta área.

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IPSEmpreendedorismo, Investigação e Desenvolvimento IPS XI

Mai2017

“O reconhecimento pela investigação, relação com os parceiros da região e apoio aos empreendedores”

Ao longo dos últimos anos, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) tem focado a sua estratégia no desenvolvimento da investigação, trabalho em rede com par-ceiros nacionais e internacionais, com especial enfoque nos parceiros da re-gião, e no fomento do empreendedoris-mo. A Unidade de Apoio à Inovação, Investigação e Desenvolvimento e Em-preendedorismo (UAII&DE) apresenta--se como a estrutura de mediação, estí-mulo e apoio nas relações entre o IPS e a comunidade envolvente e de promo-ção da investigação e do empreendedo-rismo. O principal objetivo é identificar e promover a transferência de ideias, conhecimento e conceitos novos e ino-vadores para o tecido empresarial, orga-nizações e instituições da região.

Incubadora de ideiasFormalmente inaugurada em feverei-

ro de 2015, a IPStartUp é a estrutura de suporte às ideias empreendedoras que surgem no seio da comunidade IPS, as-sumindo a missão de prestar um acom-panhamento personalizado em todos os processos e desafios subjacentes. “Se-guindo uma lógica de incubação, a IPS-tartUp tem como objetivo apoiar quer na fase inicial de perceber se a ideia tem pernas para andar e na construção e de-senvolvimento da ideia, quer na imple-

Recentemente foram criados cinco Centros de Investigação em diversas áreas, que “garantem as condições es-truturais necessárias para que docentes e estudantes possam desenvolver o seu trabalho científico e de prestação de ser-viços à comunidade”. O Pró-Presidente do IPS salienta o envolvimento e empe-nhamento de todos neste processo refe-rindo que importa sobretudo trabalhar com objetivos bem definidos, mas sem-pre numa lógica em que “primeiro estão as pessoas depois vêm os resultados”. Neste sentido, o IPS tem regulamentado por forma a garantir que os docentes que participam em projetos de investi-gação se possam dedicar de forma efi-caz aos mesmos. Além disso, o IPS tem reforçado a atribuição das bolsas sabáti-cas tendo introduzido recentemente o conceito de bolsas de residência empre-sarial, fomentando, deste modo, a apro-ximação às empresas e outras organiza-ções.

Outro fator fundamental de apoio à investigação é a atribuição anual de uma verba para permitir a participa-ção dos docentes em eventos científi-cos nacionais ou internacionais e pu-blicação em livros e revistas.

Com todas as medidas de incentivo à realização de projetos de investiga-ção, o IPS assume também a impor-tância de reconhecer o esforço e os resultados obtidos. “Pretendemos pre-miar a excelência no caráter técnico--científico e na relação com o meio empresarial e institucional envolven-te”, revela Filipe Cardoso.

“Todos os indicadores apontam para que o IPS agregue, num futuro próxi-mo, um número de projetos muito signi-ficativo”, garante o Pró-Presidente do Instituto, enunciando alguns projetos em que o IPS se encontra envolvido, co-mo, por exemplo, o projeto H2020 «TESSe2b» na área da eficiência ener-gética de edifícios, com um orçamento

global da ordem dos 4.3 milhões de eu-ros, e coordenado pelo IPS. Para além disso, Filipe Cardoso referiu ainda ou-tros projetos em curso e a candidatura a mais de três dezenas de projetos nacio-nais e internacionais onde se incluem as apresentadas no âmbito do Programa de Modernização e Valorização dos Ins-titutos Politécnicos.

Inovação ao serviço da regiãoEm janeiro de 2015, o IPS criou o

Interface Colaborativo para o Desen-volvimento da Península de Setúbal, IN2SET, uma plataforma que assenta numa lógica agregadora de entidades regionais na identificação de oportuni-dades estratégicas, criação de parce-rias e desenvolvimento de projetos. Como refere Filipe Cardoso “esta pla-taforma está organizada em oito gru-pos temáticos que se estendem desde a Mobilidade Urbana Sustentável, Economia Azul e Eficiência Energética e Energias Renováveis até ao Turismo e Envelhecimento Ativo e Qualidade de Vida, passando pelos Setores de Alta e Média-Alta Tecnologia e Servi-ços de Conhecimento Intensivo, Terri-tório e Ambiente e Empreendedoris-mo e Inovação, sempre articulado com as estratégias de desenvolvimen-tos do território e com o propósito fundamental de identificar oportunida-des potenciadoras, que são transferi-das para a região e para os cerca de 40 parceiros atuais, muitos dos quais com capacidade de decisão ao nível do futuro da região”.

Este projeto revela-se assim como uma forma eficaz de estabelecer uma ligação constante, e garantir o alinha-mento estratégico, com os parceiros, que reconhecem “esta colaboração em rede como uma mais-valia mútua para todos e em particular para a re-gião”.

mentação do plano de negócios e de-senvolvimento do projeto”, afirma Fili-pe Cardoso, Pró-Presidente do IPS para a I&D, Inovação e Empreendedorismo.

A IPStartUp conta com uma gestora operacional, que acompanha em per-manência as equipas incubadas facul-tando consultoria especializada e com recurso à rede de mentores do IPS, constituída por docentes especialistas em diversas áreas do conhecimento. Se-gundo Filipe Cardoso, “esta relação in-formal na consultoria leva a que os em-preendedores sejam acompanhados com grande proximidade e eficácia”. Em 2017 foi lançado o projeto-piloto “Consultor Júnior” que surge como uma terceira dimensão de tutoria, em que “estudantes de licenciatura ou mes-trado, prestam apoio às empresas incu-badas”. A IPStartUp envolve, assim, um ecossistema de vários perfis da comuni-dade académica colocados ao serviço dos empreendedores.

O objetivo deste processo de incuba-ção é “garantir que têm bases sólidas para saltar para o mundo exterior e constituir a própria empresa”, refere Filipe Cardoso, mencionando ainda a forte ligação existente entre a IPStartUP e o concurso Poliempreende, onde al-gumas das incubadas deram os seus primeiros passos e obtiveram prémios a nível nacional.

I&D: Investigação e Desenvolvimento

Focado na investigação, o IPS vê nesta dimensão científica uma aposta estratégica, que contribui fortemente para uma maior ligação aos atores da região na construção de dinâmicas produtivas e projetos conjuntos.

A promoção do potencial científico, o trabalho em rede com os parceiros da região e o fomento do empreendedorismo são objetivos estratégicos do IPS reconhecidos pela comunidade.

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IPS Empregabilidade, Internacionalização e Responsabilidade SocialXII

Mai2017

De montante a jusante um rio de iniciativas enriquecedoras

Um dos fatores diferenciadores do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) é a visão universal que caracteriza a sua atuação em conceitos-chave como a empregabilidade, a internacionaliza-ção e a responsabilidade social que contribuem de forma significativa para o reconhecimento externo.

Escolha informada a montanteFernanda Pestana, vice-presidente

do IPS, salienta “a importância do tra-balho desenvolvido numa panorâmica de 360.°, principiando-se a montante, isto é, ainda antes de os estudantes chegarem ao Politécnico de Setúbal”. Uma ação interventiva na sociedade, informando jovens, crianças, pais e professores do secundário sobre a oferta formativa do IPS, a sua atuação na região e o seu contributo para a formação de profissionais qualificados nas várias áreas. Estas iniciativas per-mitem informar os futuros estudantes do ensino superior sobre o que os es-pera, tanto na formação curricular co-mo no exercício das profissões. “É im-portante que os jovens, na hora de de-cidirem o seu futuro, façam escolhas conscientes e informadas de modo a que a probabilidade de sucesso seja maior”, afirma a vice-presidente.

Outro dos objetivos na atuação a montante é incentivar o gosto pelo sa-ber e pela ciência, despertando a

«soft skills». “Criámos o Passaporte para o Emprego, no qual são regista-das as ações frequentadas ao longo do curso e que no final são inscritas no suplemento ao diploma, evidenciando aos potenciais empregadores o perfil diferenciado dos nossos diplomados”.

A Semana da Empregabilidade as-sume um papel de destaque, pois re-presenta uma semana intensiva na li-gação da comunidade académica à comunidade empresarial e institucio-nal e de promoção do emprego. “Expomos os estudantes a situações como estar à mesa com um profis-sional ou empreendedor num am-biente intimista proporcionando uma conversa informal, onde são abordados os desafios, as dificulda-des e as exigências do mercado de trabalho”, explica Fernanda Pesta-na. A última edição contou com a presença de mais de 80 empresas, com 30 sessões de recrutamento, 50 de apresentações de empresas e cir-cularam mais de mil currículos.

Segundo a interveniente, “uma insti-tuição que queira ser competitiva tem de se internacionalizar e o IPS tem consciência da importância desta di-mensão e do caráter diferenciador que representa na entrada no mercado de trabalho dos diplomados”. Desta for-ma, o IPS tem procurado aumentar os números referentes à mobilidade de estudantes, mas também dos trabalha-dores docentes e não-docentes. A ex-posição a ambientes multiculturais e distintos enriquece as competências e cria a oportunidade de “aderir a redes do saber e desenvolver projetos inter-nacionais”. É, também, por isso que realizamos anualmente a Semana In-ternacional, envolvendo toda a comu-nidade académica em atividades diver-sificadas como seminários, work-shops, reuniões de trabalho, sessões de networking, bem como atividades de job shadowing e partilha de boas práticas.

“Para além de formar profissio-nais, temos a consciência da nossa responsabilidade em formar cida-dãos que conheçam a realidade em que se inserem e nela possam inter-vir ativamente. Por isso, procuramos desenvolver, mesmo em contexto das atividades curriculares, iniciati-vas no domínio da responsabilidade social”, indica Fernanda Pestana, realçando a importância de desper-tar a consciência e as competências humanísticas da comunidade acadé-mica, que se envolve em inúmeros projetos de intervenção na comuni-dade externa.

A ligação ALUMNI a jusante

A história e o trabalho não findam com a entrega dos diplomas. O IPS estuda a inserção dos seus graduados no mercado de trabalho. “Onde es-tão? O que pensam do IPS? Qual a evolução da sua carreira? Questões que nos permitam avaliar todo o nos-so desempenho e acompanhar o per-curso que têm realizado nas mais di-versas áreas”, revela a vice-presiden-te. Igualmente relevante é questionar as entidades empregadoras, através da realização de focus group, por exemplo, sobre o desempenho dos nossos diplomados e sobre as caracte-rísticas diferenciadoras que eviden-ciam – “Queremos ter a certeza de que estamos a trabalhar no bom cami-nho”.

A rede alumniIPS, entretanto cria-da, tem como objetivo facilitar o reen-contro alargado de todos os diploma-dos do Politécnico de Setúbal, fomen-tando a sua aproximação às atividades de ensino, de investigação e cultura da instituição, dinamizando iniciativas e maximizando as oportunidades de in-teração. Criamos, igualmente, o Pré-mio Carreira alumniIPS, com o objeti-vo de reconhecer institucionalmente um diplomado que, por mérito pes-soal e profissional, se distinguiu no seu percurso constituindo uma referência para os seus pares e para a comunida-de e cuja primeira edição teve lugar em 2016 com a homenagem pública no Dia do IPS.

curiosidade pelo conhecimento. “O que fazemos nestes casos é levar a ciência aos mais pequenos através da iniciativa Ciência em Movimento. Ou-tras atividades são realizadas no pró-prio Instituto como a Semana da Ciên-cia e Tecnologia, os Dias Abertos e a Academia de Verão – IPStartUp-Week”, conta a interveniente Fernan-da Pestana.

Iniciativas no universo IPS“Formar ótimos profissionais e bons

cidadãos” é o lema de partida para o percurso no ensino superior. O IPS as-sume o compromisso com os seus es-tudantes de fornecer oportunidades únicas e enriquecedoras que contri-buem significativamente para um cur-rículo diferenciador perante as entida-des empregadoras.

Os resultados estão à vista: o Institu-to de Setúbal é o segundo politécnico com maior taxa de empregabilidade no país. São vários os fatores que, se-gundo a vice-presidente, explicam es-te sucesso. “Ter um corpo docente al-tamente qualificado, competente e de-dicado, especializado e com ligações às entidades empregadoras contribui para que os planos curriculares e a sua concretização possam responder às necessidades das empresas, onde os estudantes realizam, também, estágios curriculares que facilitam uma eficien-te integração no mercado de traba-lho”, afirma. Além disso, o IPS tem um Portal de Emprego e uma newslet-ter semanal enviada aos finalistas e di-plomados com ofertas de emprego em várias áreas e leva a cabo um con-junto de iniciativas que visam a pro-moção e o desenvolvimento das com-petências transversais – as conhecidas

Subjacente à atuação do IPS enquanto instituição do ensino superior está um alinhamento estratégico apoiado em diferentes estruturas que visam promover iniciativas no âmbito da empregabilidade, da internacionalização e da responsabilidade social.

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IPSPromoção do Sucesso Académico XIII

Mai2017

“O sucesso académico dos estudantes é uma prioridade”

Fernando Almeida, designado co-mo Pró-presidente para a promoção do sucesso académico, considera-a uma área que se assume como um pilar fundamental para o desenvolvi-mento do IPS na ambição de ser uma instituição de referência no en-sino superior.

frágil da língua portuguesa evidenciado por alguns estudantes dos países lusófo-nos; o «Programa de Apoio aos Estu-dantes Finalistas» é outro exemplo, em que os estudantes abrangidos benefi-ciam de um plano de acompanhamento personalizado, focado nas suas dificul-dades, visando-se a sua aprovação das cadeiras em falta para a conclusão dos respetivos cursos. Além disso, está a ser desenvolvida uma plataforma online de apoio aos estudantes no âmbito dos mé-todos de trabalho e de estudo, devido à necessidade de se “facilitar a transição do secundário para o ensino superior e prevenir as dificuldades relativas às exi-gências do estudo e do trabalho”. No âmbito do combate ao abandono, o IPS montou o «Programa Tornar ao IPS», que “visa o contacto com os ex-estudan-tes por parte dos SAS/IPS, no sentido de identificar os motivos e verificar se há possibilidade de criar mecanismos de su-

porte adicionais revertendo-se a decisão de abandono”.

No que se refere aos professores, as ações desenvolvidas têm como princi-pal foco o desenvolvimento profissio-nal dos professores no sentido da di-vulgação e da adoção de novas peda-gogias e metodologias de ensino: “As ações de divulgação de modelos e de experiências pedagógicas inovadoras são articuladas com ações de forma-ção para os docentes, estando-se a criar uma oferta anual e com um ca-rácter regular de formação pedagógi-ca ministrada pelos docentes da ESE”, afirma o Pró-presidente. O IPS tem ainda uma participação ativa no Con-gresso Nacional de Práticas Pedagógi-cas do Ensino Superior, cuja próxima edição decorrerá em Setúbal, estando a sua organização a cargo do Instituto.

Face ao empenho institucional nesta importante frente de intervenção e de-vido ao trabalho desenvolvido nas es-colas, os indicadores de sucesso aca-démico têm revelado uma sensível melhoria nos últimos anos, o mesmo acontecendo relativamente ao aban-dono.

“A preocupação tem sido estudar e analisar os fatores que explicam o in-sucesso e o abandono escolar e mon-tar estratégias de combate ativo a es-tas duas realidades complexas. São várias as ações desenvolvidas no senti-do da promoção do sucesso académi-co e da prevenção do abandono dos estudantes e que envolvem várias es-truturas orgânicas do Instituto.”, afir-ma Fernando Almeida.

Relativamente aos estudantes, segun-do o Pró-presidente, “as iniciativas vi-sam colmatar as áreas em que sentem maiores dificuldades de aprendizagem”, como a «Oficina de Português para fins académicos», criada pelo domínio mais

A promoção do sucesso académico e a prevenção e redução do abandono dos estudantes são preocupações centrais do IPS, que instituiu uma pró-presidência para atuar de forma adequada nestas duas áreas fundamentais.

O SASaúde disponibiliza também consultas de Psicologia Clínica, Nu-trição, Medicina Chinesa e Desabi-tuação Tabágica, desenvolvendo ain-da outras atividades, como a organi-zação de workshops gratuitos ver-sando temas dentro da sua esfera de atuação.

No âmbito do Desporto, os SAS/IPS oferecem à comunidade a pos-sibilidade de praticar mais de 20 modalidades em instalações pró-prias no campus de Setúbal, acom-panhadas por monitores especiali-zados. “Andamos sempre à procu-ra de ver as tendências nas práticas desportivas nos grandes ginásios do país para, de acordo com as nossas possibilidades, incorporar no nosso Instituto”, conclui An-dreia Godinho Lopes.

Mais vida para além da sala de aula

“Sentimos que é preciso ir mais além e ter uma atitude mais proati-va, criando um conjunto de facilida-des que tornem a vida de todos os estudantes mais confortável, contri-buam para o sucesso académico e

nibiliza contribuem para um ambiente agradável e de saudável convivência e tolerância. “A residência apresenta uma multiculturalidade e uma dinâmi-ca muito interessantes. A Comissão de Residentes integra, por exemplo, estudantes angolanos, que já nos pro-puseram a realização de atividades co-mo festas culturais e concurso de co-midas internacionais”, revela a Admi-nistradora.

O refeitório do IPS foi reestruturado com a criação de um espaço de maior conforto e bem-estar para os estudan-tes, onde podem usufruir da sua refei-ção, disponibilizada em linha ou no bar, ou trazida de casa pelos próprios. Com mobiliário moderno e confortá-vel, este constitui mais um espaço de estudo e convívio disponibilizado à co-munidade IPS.

combatam o abandono escolar. Nes-te sentido, grande parte das nossas receitas são canalizadas para estes apoios transversais a toda a comuni-dade, mas mais direcionadas para os estudantes. Estamos sempre atentos a toda a dinâmica dos estudantes na sua vida social e tentamos transpor-tar esses mecanismos de suporte pa-ra dentro do campus”, refere An-dreia Godinho Lopes, Administrado-ra dos SAS/IPS.

A Residência de Estudantes de San-tiago tem capacidade para alojar 294 estudantes e as facilidades que dispo-

Os Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Setúbal (SAS/IPS) têm como objetivo proporcionar as melhores condições de estudo aos estudantes em geral através da disponibilização de um conjunto de apoios como bolsas de estudo, alojamento, alimentação, saúde e desporto.

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IPS Aprendizagem ao longo da vida e competências digitaisXIV

Mai2017

“O IPS está empenhado na garantia da qualidade das suas formações”

O acelerado ritmo de mutação do modus operandi das organizações encurta-se cada vez mais e torna difícil o trabalho prospetivo das instituições do ensino superior em relação aos processos e metodologias de trabalho e às necessidades e exigências do mer-cado laboral no curto espaço de tem-po. Torna-se, assim, imperativo que o contributo na formação de ativos seja adequado aos requisitos das entidades empregadoras e daqueles que se pre-tendem capacitar para procurar me-lhores empregos. “Apraz registar a proatividade do IPS neste sentido, no contacto com as organizações da re-gião, analisando, discutindo e prepa-rando formações adequadas às suas necessidades. De entre as áreas que mais se destacam pela procura, inse-rem-se as das tecnologias digitais, em que o mercado de trabalho absorve to-dos os graduados. Não sendo suficien-te o número de quadros que forma-mos, o IPS, para além das formações que ministra tem ainda promovido parcerias com o IEFP e outras institui-ções, de forma a melhorar as compe-tências digitais do público da região”, declara João Vinagre, vice-presidente do IPS.

Em 2016/2017 são 589 os estu-dantes (13,5% do universo total) que ingressaram como titulares das provas M23 nos cursos técnicos superiores profissionais, nas licenciaturas e nos mestrados do IPS (considerando nes-tes últimos os licenciados que tinham ingressado por este contingente).

A aposta nos cursos técnicos supe-riores profissionais é muito recente no IPS. Os CTeSP são formações curtas (dois anos) em que o estudante passa o último semestre de formação em contexto de trabalho, colocando à prova as competências adquiridas, confrontando-as com a realidade do mundo laboral. Segundo o vice-presi-dente, “o IPS atraiu 341 estudantes, dis-tribuídos por 15 cursos, número que subiu para 636 em 18 cursos no cor-rente ano letivo. Os cursos foram to-dos construídos envolvendo as organi-zações da região, com as quais foram celebrados protocolos que garantiram que todos os estudantes tivessem asse-gurado o seu local de estágio”.

Com o objetivo de possibilitar um conjunto de formações alinhadas, des-de os CTeSP aos cursos de mestrado, o IPS tem construído os mestrados e pós-graduações numa lógica de ca-deia, possibilitando a continuação de estudos dos licenciados ou o aprofun-damento de conhecimentos. “Importa ainda realçar o papel determinante que as atividades de investigação e de prestação de serviços dos docentes e estudantes desempenham nestas gra-duações”, salienta João Vinagre.

Projeto Atelier DigitalNa atualidade, as tecnologias de in-

formação impuseram-se de tal forma que as empresas que pretendem ter sucesso e aspiram a taxas de cresci-mento significativas têm que estar do-tadas de competências digitais. Ciente do importante papel que desempenha na região em que atua, o IPS aderiu

ao projeto Atelier Digital, uma parce-ria com a Google, que conta com o apoio da Secretaria de Estado da Ciên-cia, Tecnologia e Ensino Superior, do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e da SIC Esperança. “Com o projeto, o Poli-técnico de Setúbal pretende constituir--se como facilitador de formação na área das competências digitais, possibili-tando o crescimento profissional a quem pretenda melhorar as suas com-petências no mundo digital. O curso ca-racteriza-se por uma componente pre-sencial importante e é centrado em fer-ramentas e em temas relevantes na área das novas tecnologias (Marketing Digi-tal, incluindo formação em otimização para motores de pesquisa – SEO; Mar-keting para motores de pesquisa – SEM; Marketing nas redes sociais e mobile, análise de Web e Internacionalização), procurando conciliar teoria e prática. Pretende-se que possibilite uma me-lhor preparação para o ingresso no mercado de trabalho e/ou para a cria-ção do seu próprio negócio”, explica o vice-presidente, que acrescenta ainda que “a formação presencial é comple-mentada com cursos online, de acesso livre, compostos por tutoriais em vídeo e atividades de aplicação de conheci-mentos, em áreas diversas tais como o marketing digital, pesquisa, email, redes sociais, redes display, vídeo, e-commer-ce e web analytics” – no final, os for-mandos obtêm uma certificação reco-nhecida pela IAB Europe.

Porque formação não é só transmis-são de conhecimentos e competên-cias, o IPS está empenhado na de-monstração da garantia de qualidade das suas atividades, com destaque pa-ra a recente candidatura à acreditação do seu sistema de qualidade. “Com es-te importante instrumento o IPS irá dar mais um passo significativo na de-monstração do cumprimento dos ob-jetivos dos cursos que ministra”, con-clui o vice-presidente João Vinagre.

A prospeção e revitalização da ofer-ta formativa do Politécnico de Setúbal face ao novo paradigma laboral assen-ta em quatro domínios distintos: M23, CTeSP, Formação Avançada e Atelier Digital.

O acesso aos cursos do ensino supe-rior, pela via dos Maiores de 23 anos, criado em 2006, tem sido uma porta de entrada nos cursos do IPS muito procurada pela população ativa da re-gião, que nela encontra uma oportuni-dade para adquirir uma formação su-perior e, assim, melhorar a sua qualifi-cação. “Este público constituiu um enorme desafio para o IPS. Não sen-do fácil conciliar trabalho com estu-dos, fazê-lo após vários anos de inter-rupção de estudos ainda o é em maior escala. Ao receber estes estudantes, o objetivo do IPS é conseguir mantê-los com um elevado índice de motivação, procurando fornecer ferramentas que os auxiliem e facilitem a progressão nos estudos. Destaco a disponibiliza-ção de cursos em horários noturnos, caracterizados por uma maior distri-buição temporal das atividades letivas, um fator indispensável quando se pre-tende atrair este tipo de formandos e essa constitui uma marca IPS. Acresce a aposta no reconhecimento e credita-ção de competências dos estudantes, adquiridas em contextos não-formais e informais e saliento ainda a aposta na disponibilização de materiais didáti-cos online, através da plataforma Moodle, que pretendemos que se constitua como mais uma forma de apoio ao estudo autónomo dos estu-dantes”, revela João Vinagre.

Numa sociedade em permanente mudança, as novas tecnologias impuseram um acelerado ritmo de alteração das atividades laborais. Como tal, a importância da aprendizagem ao longo da vida adquire uma relevância extrema, sendo a principal ferramenta para o ajuste às novas realidades. O IPS, enquanto entidade formadora, desempenha um importante papel para satisfazer estas novas necessidades.

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IPSComunidade aberta à região XV

Mai2017

O Grupo comOn, atualmente uma referência no panorama do Marketing em Portugal, é fruto de uma grande concentração de talento motivado e mobili-zado em torno de um propósito de criação de valor para as marcas, começando pelos seus utilizadores.

Atualmente são mais de 80 talentos, os quais em grande parte são oriundos do Instituto Politécnico de Setúbal e das suas Escolas. Esta aposta tem sido vencedora, e é resultado não apenas de uma relação próxima de partilha de conhecimento, mas muito da qualidade das competências técnicas e atitudinais dos diplomados do IPS.

Contudo, a relação da comOn com o IPS não se resume aos seus talentos. Temos investido mutuamente numa cumplicidade de projetos e iniciativas de inovação partilhada que resultam não apenas em conhecimento, mas também em produtos e/ou serviços geradores de valor.

Acreditamos que uma Instituição de Ensino Superior, para cumprir o seu propósito, não se pode esgotar na formação dos seus diplomados, mas investindo tam-bém na prestação de serviços às empresas e ainda incluir os seus contributos, necessidades e atualidade na composição dos seus cursos e de toda a sua oferta for-

mativa. Por estas razões, o Instituto Politécnico de Setúbal é uma referência de sucesso em Portugal para os seus diplomados e também para as empresas. Obrigado por isso. Ricardo Pereira, CEO Grupo comOn

Tenho uma longa e positiva relação com o IPS, data de meados dos anos 90, altura em que pela primeira vez recebi um aluno deste Instituto, da Licencia-tura em Gestão de Recursos Humanos, para efetuar o seu estágio curricular. Foi de tal maneira gratificante que desde essa altura, sistematicamente acom-panhei alunos do IPS nas várias organizações em que trabalhei.

Esta relação aprofundou-se desde que, em 2010, iniciei funções na Alstom em Setúbal, hoje GE. Todos os anos recebemos alunos do IPS que na empresa efetuam o seu estágio curricular nas mais diversas áreas, sendo de assinalar Mecânicas. É de assinalar que em qualquer das Licenciaturas e Mestrados do IPS, já integrámos alunos na nossa organização o que atesta da qualidade do ensino que estes alunos recebem.

Penso que a colaboração entre a empresa a as instituições de ensino é uma relação critica para o sucesso de ambas e, de uma forma geral, para o sucesso das sociedades. É um trabalho conjunto que alia a qualidade de ensino e a preparação académica facultada pelo IPS, ao acompanhamento dado pela empre-sa e ao interesse e pro-atividade demonstrada pelos alunos. Estou certo que esta relação continuará nos próximos anos com frutos para todas as partes.

Pedro Estrela, Contry HR Director, GE Power

A “ HAVI e a Escola “ uma parceria de sucesso . Sendo a HAVI uma empresa de referência no tecido empresarial português e não só, já que a HAVI é uma empresa global , operando no sector da gestão de Cadeias de Abastecimento, somos pois uma empresa onde os recursos humanos desempenham um papel de relevância extrema . Mais, se levarmos em conta que muitas das competências técnicas num passado ainda recente se adquiriam sobretudo pela experiência de anos de trabalho . É este paradigma que a HAVI sempre tentou combater e sobretudo nos últimos anos com um aproximar à Escola, não só potenciando experiências reais de trabalho a alunos, seja através de estágios profissionais seja com o recrutamento de profissionais para as mais diversas áreas da empresa. Outra das grandes áreas de conectividade com a Escola, é o aproveitamento do conhecimento e do desenvolvimento técnico em diversos projectos em que os estudantes se envolvem e trazer esse conhecimento, se possível materializando esses potenciais projectos em realidades de aplicação prática, contribuindo assim para um aproximar da teoria da Escola à sua implementação prática . Com a Escola na globalidade e com o ESCE/IPS em particular e num espírito de uma parceria objectiva, conseguir recursos humanos tecnicamente apetrechados e trazer boas práticas e conhecimento é aquilo que nos move – a interligação Escola / Empresa – é algo em que a HAVI acredita e quererá potenciar ainda mais no futuro. Com o ESCE/IPS temos a certeza de ter uma parceria que nos trouxe e nos trará seguramente estes desígnios que atrás referimos: desenvolvimento, conhecimento e modernidade. A Escola e as Empesas têm cada vez mais que estar voltadas para os mesmos objectivos, aproximar interesses e queremos poder contar com o ESCE/ ISP para esse paradigma.

Carlos Mendonça Managing Director/Gerente

20 Abril de 2017

A Lauak Portugal é uma empresa do grupo francês Lauak localizada em Setúbal e a proximidade ao IPS potenciou uma relação que tem sido benéfica para am-bas as instituições, não só ao nível dos recursos humanos, mas igualmente ao nível da colaboração técnica.

Recentemente, fruto desta colaboração e numa parceria com a Meditor (empresa de um diplomado do IPS que foi incubada no campus do Instituto) foi desen-volvido um equipamento importante para o nosso processo de fabrico que foi certificado pela Airbus, permitindo um ganho de eficiência e uma redução de custos muito significativos para a empresa.

Para contribuir com a nossa perspetiva sobre as necessidades de formação de quadros superiores, foi com prazer que aceitei ser membro externo no Conselho Geral do IPS, o que me permite participar nas decisões da instituição.

Armando Gomes, Diretor-geral da Lauak Portuguesa

Sendo a HAVI uma empresa de referência no tecido empresarial português e não só, já que a HAVI é uma empresa global, operando no setor da gestão de Cadeias de Abastecimento, somos pois uma empresa onde os recursos humanos desempenham um papel de relevância extrema.

Mais, se levarmos em conta que muitas das competências técnicas num passado ainda recente se adquiriam sobretudo pela experiência de anos de trabalho.É este paradigma que a HAVI sempre tentou combater e sobretudo nos últimos anos com um aproximar à Escola, não só potenciando experiências reais

de trabalho a alunos, seja através de estágios profissionais seja com o recrutamento de profissionais para as mais diversas áreas da empresa.Outra das grandes áreas de conetividade com a Escola, é o aproveitamento do conhecimento e do desenvolvimento técnico em diversos projetos em que

os estudantes se envolvem e trazer esse conhecimento, se possível materializando esses potenciais projetos em realidades de aplicação prática, contribuin-do assim para um aproximar da teoria da Escola à sua implementação prática.

Com a Escola na globalidade e com o IPS em particular e num espírito de uma parceria objetiva, conseguir recursos humanos tecnicamente apetrechados e trazer boas práticas e conhecimento é aquilo que nos move – a interligação Escola / Empresa – é algo em que a HAVI acredita e quererá potenciar ainda mais no futuro.

Carlos Mendonça, Managing Director/Gerente da HAVI

A parceria entre o Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social e o IPS é, para além de incontornável, profícua, produtiva e impactante.A Rede Social, enquanto programa que incentiva os organismos do setor público, instituições solidárias e outras entidades a conjugarem esforços para

combater a exclusão, reforçar a coesão social e promover o desenvolvimento local, assume particular destaque na efetivação da parceria existente.As Plataformas Supraconcelhias, órgãos da Rede Social, foram criadas com o objetivo de reforçar a organização dos recursos e a concertação de estraté-

gias supraconcelhias através da articulação dos instrumentos de planeamento locais com as medidas e ações de âmbito nacional.Nesta relação, o Instituto Politécnico de Setúbal assume especial relevância na participação e colaboração nas Plataformas Supraconcelhias de que é

exemplo o envolvimento das várias Escolas Superiores no trabalho de execução de ações do Plano de Desenvolvimento Social, vigente até 2020.O PReSaMe – Projeto de Respostas em Saúde Mental é, também, o espelho de um trabalho colaborativo que envolveu a academia e diferentes atores da

comunidade e assumiu grande relevância no suporte à discussão e tomada de posição na Parceria.No quadro das relações bilaterais entre o ISS, IP e o IPS, o Centro Distrital de Setúbal colabora no IN2SET, respondendo aos desafios dos vários grupos de trabalho, estreitando rela-

ções e potenciando sinergias no território. Parcerias fortes e significativas são os pilares de territórios fortes.Natividade Coelho, Diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Setúbal

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SaúdeDr. Gil Faria 25

Mai2017

Licenciado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o Prof. Dr. Gil Faria realizou o internato em Cirurgia no Centro Hospitalar São João (CHSJ), no Porto, onde começou a dedicar-se à ci-rurgia da obesidade mórbida. Terminada a especialidade em 2012, rumou ao Centro Hospitalar do Porto, onde per-maneceu até março deste ano. Comple-tou o seu doutoramento em Cirurgia Metabólica em 2014, sendo todos os trabalhos elaborados com base na análi-se de doentes operados no CHSJ. Em 2015, completou um mestrado na Uni-versidade de Harvard e ganhou uma bol-sa de estudo da IFSO (Federação Inter-nacional da Cirurgia da Obesidade). Em 2016, foi galardoado com um “fellow-ship” de Cirurgia Minimamente Invasiva em Barcelona, atribuído pela EAES (As-sociação Europeia de Cirurgia Endoscó-

ção de energia. “Temos assim uma pressão seletiva sobre uma série de ge-nes que nos fazem poupar energia. Associadamente ao aumento da inges-tão calórica e à diminuição do gasto (sedentarismo), conduzem a um exce-dente de energia que o organismo vai armazenar. Simultaneamente, temos mecanismos que contrariam ativa-mente a perda de peso. Assim, de ca-da vez que fazemos uma dieta o nosso organismo autoregula-se por forma a evitar perder muito peso. É vantajoso para o organismo poupar energia de modo a enfrentar possíveis períodos de carência”. A conjugação destes fatores, explicados pelo Prof. Dr. Gil Faria, é o grande motivo que conduz ao aumento da obesidade como uma doença civiliza-cional disseminada nas sociedades ditas desenvolvidas.

Perfil do candidato a cirurgiaUma pessoa que se candidata a uma

intervenção cirúrgica necessita de ter al-guns requisitos. O Índice de Massa Cor-poral (IMC) — relação entre o peso e a altura — continua a ser uma referência para os médicos cirurgiões. Uma pes-soa “normal” tem um IMC entre 18 e 25; a partir de 30 considera-se que exis-te obesidade; acima de 35 passa a obe-sidade grau II; a partir de 40 atinge-se o grau III da doença. Terão indicação para cirurgia os indivíduos com uma obesida-de de grau III ou com IMC superior a 35 com doenças associadas que potencial-mente melhoram após a cirurgia, como a diabetes, a dislipidemia, a tensão arte-rial, a apneia do sono, entre outras.

TratamentosOutrora cirurgia inovadora a coloca-

ção da banda gástrica apresenta-se hoje como “um dos grandes inimigos da ci-rurgia da obesidade”. A banda gástrica é uma cirurgia que puramente restringe a

capacidade que a pessoa tem de ingerir alimentos sólidos, não alterando o am-biente hormonal, o metabolismo ou o apetite. Nesse sentido, as pessoas não conseguem comer, mas têm fome. Para além do sofrimento que impõe, estimu-la os mecanismos que o organismo tem para resistir à dieta, levando o indivíduo a procurar alternativas para combater a fome, nomeadamente através da inges-tão de calorias mais líquidas. Ademais, esta cirurgia tem apresentado a médio--longo prazo um elevado grau de com-plicações: “Há muitas pessoas que fo-ram submetidas a esta técnica há mais de 10 anos e hoje em dia padecem de algumas complicações associadas”.

Hoje a cirurgia da obesidade tem um efeito muito mais metabólico. As técni-cas mais comuns são o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve gástri-co). Para além da componente de restri-ção à capacidade que a pessoa tem de se alimentar em grandes volumes, surge a vertente metabólica de alteração das hormonas que são produzidas pelo or-ganismo, o que se reflete a nível central: reduz o apetite, aumenta a saciedade com a ingestão de pequenos volumes e altera a biodisponibilidade da energia do organismo. Ou seja, como a pessoa não tem fome o organismo não sente que está em processo de dieta. Por outro la-do, “teorias ainda não comprovadas, le-vam a crer que o rearranjo intestinal e o facto de os alimentos chegarem ao in-testino mais distal de uma forma não di-gerida, faz com que o organismo não identifique que comeu pouco, conti-nuando a produzir muitas hormonas pa-ra metabolizar a energia, sem reduzir o gasto energético. Estamos assim a po-tenciar o mecanismo da perda de pe-so”.

As pessoas sujeitas a estas interven-ções necessitam de acompanhamento médico para o resto da vida. Nos pri-meiros meses têm restrições à consis-tência dos alimentos que conseguem in-gerir e para o resto da vida seguem um plano alimentar restritivo, mas fazem--no de uma forma mais natural e sem sacrifício.

pica). Atualmente, trabalha no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e cola-bora com o grupo Trofa Saúde (Hospital da Trofa).

Abordando uma doença crónica que para além dos efeitos físicos aflige também os doentes em termos psico-lógicos, o Prof. Dr. Gil Faria apaixo-nou-se por esta área cirúrgica pela ca-pacidade de “mudar, efetivamente, a vi-da das pessoas”.

A obesidade é a grande epidemia do século XXI. Mais de metade da popula-ção portuguesa tem excesso de peso e estima-se que a obesidade afete cerca de um milhão e meio de portugueses. “A luta contra a obesidade revela-se muito difícil e com muito pouco sucesso terapêutico. A cirurgia foi-me apresen-tada há uns anos como uma alternativa altamente eficaz para a obesidade mór-bida, capaz de transformar vidas. Asso-ciado a isso, do ponto de vista científi-co/intelectual apresenta-se um desafio dado que só agora se começam a perce-ber os mecanismos que levam ao suces-so destas técnicas”, explica o nosso in-terlocutor.

Obeso. Porquê?Não existe obesidade sem existir mais

energia ingerida do que aquela que é gasta pelo indivíduo. Devemos entender que esse é um mecanismo de defesa do organismo decorrente da seleção natu-ral. Durante grande parte da história da humanidade, o ser humano esteve ex-posto a ambientes pobres em energia, logo, foram seleccionados os que esta-vam capacitados para otimizar a utiliza-

Epidemia que se manifesta nas sociedades mais evoluídas, a obesidade afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Nos casos mais graves, atinge contornos que só a cirurgia consegue combater. Para perceber melhor as técnicas utilizadas na atualidade e conhecer o perfil do candidato a cirurgia, fomos falar com o Prof. Dr. Gil Faria que, ao longo da sua carreira, já participou em cerca de 300 intervenções cirúrgicas desta índole.

Obesidade, um problema civilizacional, que urge travar

http://www.cirurgiametabolica.pt

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Saúde Augusto Ministro26

Mai2017

A Angiologia e Cirurgia Vascular, como especialidade médica, centra o seu campo de atuação no estudo, diagnóstico e tratamento das doenças do sistema circulatório, para além do coração e do sistema nervoso central, ou seja, as patologias das artérias, veias e linfáticos dos territórios ditos “periféricos”.

Augusto Ministro realizou a sua for-mação médica na Faculdade de Medici-na da Universidade de Lisboa e especia-lizou-se, em 2010, no Hospital de San-ta Maria, em Angiologia e Cirurgia Vas-cular. Atualmente desempenha funções de assistente hospitalar no Serviço de Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Hospital de San-ta Maria, integrando concomitantemen-te a equipa de transplante cirúrgico do mesmo CHLN.

Falar em Angiologia e Cirurgia Vascu-lar em Portugal é falar de um dos seus

volver em qualquer artéria do organis-mo, a sua localização preferencial é a aorta. A aorta é a maior artéria do cor-po distribuindo sangue desde o coração ao resto do corpo. O aneurisma toraco--abdominal é talvez um dos maiores de-safios terapêuticos com que o cirurgião vascular se depara, uma vez que o pro-cesso de dilatação arterial envolve toda a aorta desde o tórax até ao abdómen (desde o coração até aos membros infe-riores). Porém, o aneurisma da aorta ab-dominal (AAA) infra-renal é o mais fre-quente, que se for tratado atempada-mente evita complicações sérias como a trombose conducente a quadros de is-quemia aguda do membro inferior, a ro-tura e a compressão de estruturas adja-centes”, revela o especialista.

O AAA infra-renal é, na maioria dos casos, assintomático. Raramente causa dor abdominal e/ou lombar e, num ter-ço dos casos, a sua primeira manifesta-ção clínica pode ser a rotura. A presen-ça de dor, espontânea ou à palpação é um sintoma desfavorável, que pode es-tar associado à expansão do aneurisma e/ou a fenómenos de fissuração parietal sem rotura franca. Nestas circunstâncias a referenciação ao cirurgião vascular é uma emergência. Para o diagnóstico, “a palpação abdominal é uma manobra crucial, pois a evidência de uma massa pulsátil e expansível no abdómen é qua-se patognomónica da presença de um AAA”, refere Augusto Ministro, acres-centando ainda que “o diagnóstico é fre-quentemente «acidental» no decurso da realização de exames complementares de diagnóstico como um RX ao tórax que mostra um alargamento do medias-tino, uma ecografia abdominal que mos-tra para além de “pedras na vesícula” uma dilatação da aorta ou uma tomo-grafia computadorizada (TAC) que mos-tra a hipertrofia prostática e um aumen-to do diâmetro da aorta que se chegar ao ponto de rotura, situação de extrema

gravidade e que pode culminar na mor-te do doente”.

O tratamento clássico é cirúrgico, em que o seu propósito é realizar a resseção do aneurisma restabelecendo-se a conti-nuidade circulatória com o recurso a próteses vasculares. O objetivo é preve-nir a sua rotura. “Os resultados são bons, duradouros, com um risco cirúrgi-co cada vez menor, graças aos desenvol-vimentos verificados, não só na técnica cirúrgica, mas sobretudo, nos cuidados anestésicos e pós-operatórios em unida-des de cuidados intensivos. O desenvol-vimento da cirurgia endovascular (EVAR) com o aparecimento de endo-próteses de última geração colocadas por cateterismo arterial retrógrado, sob controlo radiológico, e libertadas de mo-do a excluir o saco aneurismático da cir-culação através de duas pequenas inci-sões nas virilhas, tem demonstrado ex-celentes resultados”, assegura o espe-cialista, que considera esta nova técnica revolucionária no tratamento da patolo-gia aneurismática, pois “o tratamento endovascular minimamente invasivo permite que indivíduos septuagenários ou octogenários de maior risco sejam tratados com excelentes resultados, dis-cutindo-se mesmo a necessidade de rea-lizar o pós-operatório precoce em uni-dades diferenciadas

Augusto Ministro afirma que, em Portugal, a relação entre o número de aneurismas da aorta abdominal trata-dos e a população total é das mais bai-xas descritas na literatura. “Este fenó-meno poderá ser justificado pelo défi-ce de diagnóstico ou pela reduzida prevalência da doença na nossa popu-lação. Até à data, nenhum rastreio po-pulacional sistemático foi realizado a nível nacional. O rastreio «A aorta não avisa» descreveu uma prevalência de 2,4% na população avaliada. Se admi-tirmos que a prevalência na popula-ção portuguesa for semelhante à de outros países europeus, poder-se-á admitir que poderá haver cerca de 500 novos casos por ano, com ten-dência a aumentar, consequência do progressivo envelhecimento da popu-lação”, assegura.

pioneiros. João Cid dos Santos “criou” em meados do século XX a endarteriec-tomia arterial, um dos procedimentos cirúrgicos que permitiram o desenvolvi-mento da cirurgia arterial contemporâ-nea. Atualmente existem centros de cui-dados independentes (serviços ou unida-des) de Angiologia e Cirurgia Vascular em quase todas as regiões do país, in-cluindo Açores e Madeira.

Na opinião de Augusto Ministro, “os grandes centros nacionais, localizados em Lisboa, Porto e Coimbra têm desen-volvido competências que os colocam na vanguarda dos mais diferenciados centros de Cirurgia Vascular a nível mundial. Ainda que limitados pelas res-trições económicas, estes centros têm desenvolvido aptidões a nível cirúrgico convencional e endovascular, bem co-mo parcerias com centros de referência a nível europeu, que permitem assegu-rar o futuro dos cuidados vasculares pe-riféricos no país, assim como o contí-nuo papel de Portugal na história da ci-rurgia vascular mundial”.

De entre a multiplicidade de patolo-gias, o especialista aborda os aneuris-mas da aorta abdominal e toraco-abdo-minal. “O termo aneurisma aplica-se sempre que há um aumento irreversível do diâmetro normal das artérias. Carac-teriza-se por uma tumefação mais ou menos volumosa, pulsátil e com expan-são, isto é, uma variação de diâmetro síncrona com a pulsação arterial. A doença aneurismática resulta de uma fraqueza estrutural da parede arterial, e a sua causa mais frequente é a ateroscle-rose, ou doença degenerativa da parede das artérias. Embora se possam desen-

O cirurgião vascular, em virtude da sua formação cirúrgica convencional e endovascular e experiência consolidada no tratamento do Aneurisma da Aorta Abdominal, unifica o tratamento da doença aneurismática. Augusto Ministro revela ao Perspetivas em que consiste esta patologia vascular.

“O tratamento endovascular alterou o paradigma do tratamento do aneurisma da aorta”

www.cirurgiavascular-am.pt

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SaúdeAssociação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares 27

Mai2017

O Farmacêutico Hospitalar (FH) assu-me um papel chave na área da saúde, na gestão da utilização do medicamento no hospital e nos cuidados de saúde pri-mários. A sua presença nas equipas multidisciplinares contribui para a otimi-zação, segurança e efetividade das tera-pêuticas, bem como na promoção do uso racional e adequado do medicamen-to. Nesse sentido, o FH é fulcral no con-trolo da despesa e sustentabilidade do sistema de saúde. O FH enfrenta um grande desafio na avaliação da prática clínica aquando da utilização de medica-mentos inovadores, por comparação com os resultados verificados nos en-saios clínicos, promovendo as melhores práticas em prol dos doentes.

Neste sentido, a Associação Portu-guesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) assume, desde a sua génese, a missão de promover a formação, desen-volvimento e a atualização das compe-tências técnicas e científicas de todos os profissionais da área.

Segundo membros da atual direção, presidida por Catarina da Luz Oliveira, a APFH “tem reforçado as relações ex-ternas com as suas congéneres euro-peias, das quais destacamos a estreita interligação com a congénere espanho-la e brasileira de modo a construir pon-tes e sinergias que contribuam para o progresso da profissão”.

farmacêutico. Todos estes passos da preparação de um medicamento reque-rem sempre uma dupla verificação em todas as fases do processo, desde a vali-dação feita pelo farmacêutico à prescri-ção médica, respetiva patologia, assegu-rando a correta e rigorosa preparação e rotulagem do medicamento para admi-nistração ao doente”, assinala Nuno Vi-laça Marques, farmacêutico hospitalar e atual secretário da associação.

A formação contínua em Oncologia traduz-se na realização de reuniões anuais, por parte da APFH, no intuíto de abordar as práticas associadas a esta temática. A oitava edição da Reunião de Oncologia da APFH realiza-se este mês e representa já um marco para os pro-fissionais que apostam na formação e atualização dos seus conhecimentos de modo a acompanhar a inovação nesta área. “Na edição deste ano serão abor-dadas diferentes patologias oncológicas, nomeadamente a Hemato-Oncologia, a presença do farmacêutico clínico, o im-pacto nas alterações das formulações galénicas na adesão do doente e nos re-sultados clínicos, o valor das formula-ções subcutâneas na prática clínica, car-cinoma na próstata e imunoterapia em Oncologia”, revelam os membros da di-reção, que assinalam a presença de “pa-lestrantes nacionais e internacionais de reconhecido mérito científico”. No final desta reunião realiza-se um debate técni-co e científico no qual se pretende o en-volvimento de todos os participantesno sentido da partilha e aprofundamento do conhecimento profissional.

Ainda no âmbito desta temática, de 22 a 26 de maio, realizam-se dois cur-sos internacionais: «ESOP 11th Master-class in Oncology Pharmacy Pharmacy» e a «3rd ESOP-ESO Advanced Master-

class in Oncology Pharmacy». Desde 2007, a APFH marca presença nas re-uniões da Associação Europeia de Farmacêuticos e Oncologia. Segundo Ana Margarida Freitas, “é uma honra sermos anfitriões destas reuniões e de-monstra o nosso empenho na forma-ção e desenvolvimento profissional dos nossos associados, sendo aliás o nosso grande objetivo promover e permitir que os farmacêuticos hospita-lares portugueses tenham acesso a es-tas formações internacionais”. O cur-so “Masterclass in Oncology Phar-macy” divide-se em formação i) “Basic and Intermediate” destinada a farma-cêuticos com pouca experiência na área da Oncologia e tem como princi-pal objetivo formar nas áreas da mani-pulação e guidelines internacionais; ii) “Advanced Master Class” que consti-tui uma continuação da formação anterior,destinada a profissionais com maior experiência na área, sendo um curso mais dedicado à terapêutica far-macológica de diferentes tumores, com discussão de casos clínicos.

Nuno Vilaça Marques considera que “há cada vez mais farmacêuticos com necessidade de especialização nesta área, quer pela prevalência da patolo-gia, quer pelo aumento do número de hospitais em que se efetuam estes trata-mentos. Atualmente é cada vez maior a relevância de formação e atualização nesta área, uma vez que o farmacêutico hospitalar integra as equipas multidisci-plinares de decisão terapêutica.”.

Nesse sentido, este evento constitui um momento de partilha de conheci-mentos e experiências entre farmacêuti-cos portugueses e estrangeiros (prove-nientes de 14 países) presentes na for-mação.

No seu dia-a-dia, o FH desempenha uma multiplicidade de atividades em di-versas áreas de acordo com as valências clínicas do hospital onde exerce a sua profissão. “Somos reconhecidos na equipa de saúde, no entanto é necessá-rio uma maior proximidade ao doente no exercício da maioria das nossas fun-ções. O farmacêutico assegura o circui-to seguro do medicamento em todos os hospitais portugueses e garante que o doente recebe o medicamento certo no momento certo”, revela Ana Margarida Freitas, vogal da Direção da APFH.

Entre as várias atividades desenvolvi-das, a Oncologia representa uma das áreas mais relevantes pela sensibilidade e responsabilidade associada. “A ativi-dade do farmacêutico nesta área pauta--se por critérios objetivos e orientados para a segurança do doente. Todos os medicamentos antineoplásicos são con-siderados de alerta máximo, o que signi-fica que um erro pode originar danos graves e irreversíveis. Estes medicamen-tos são preparados na farmácia hospita-lar, com condições técnicas específicas e rigorosas, sob total responsabilidade do

A Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) comemorou os seus 25 anos em 2015 e tem desde a sua génese como missão promover a formação, o desenvolvimento e a atualização das competências técnicas e científicas de todos os Farmacêuticos Hospitalares.

O crescente desafio do farmacêutico hospitalar em Oncologia

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Saúde Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde28

Mai2017

Católico ou não, qualquer enfermei-ro ou profissional de saúde pode asso-ciar-se e participar ativamente na ACEPS desde que esteja disposto a adotar, discutir, analisar e integrar na sua vida profissional e pessoal os valo-res humanos e éticos subjacentes.

“A nossa associação preocupa-se, acima de tudo, com a manutenção, re-flexão e adaptação de um quadro de valores essenciais que se afirmam tam-bém no Cristianismo. Todas as nossas atividades são de reflexão sobre a éti-ca das práticas e os valores associa-dos. O nosso foco fundamental não é

bom técnico e boa pessoa. Há três componentes na Enfermagem: o sa-ber, o saber fazer e o saber ser. O sa-ber vem nos livros, o saber fazer é executar corretamente os cuidados e o saber ser é a dimensão dos valores en-quanto entidade ética. O nosso objeti-vo é manter acesa esta ideia”, afirma João Paulo Nunes.

A transmissão da filosofia da ACEPS abrange um caráter nacional, pois em quase todas as regiões do país existem grupos de associados que atuam local-mente consoante as realidades em que estão inseridos. São desenvolvidos co-

lóquios, reuniões e reflexões sobre os problemas que vão sentindo na vida quotidiana. Além disso, a revista Ser-vir representa um importante elemen-to de ligação e transmissão de conhe-cimentos. “Qualquer pessoa pode pu-blicar artigos honestos, sérios e que correspondam a uma melhor prática científica. É mais uma forma de dizer que, independentemente de ser uma associação católica, aquilo que produ-zimos é para todos, pois qualquer pro-fissional pode ler a revista Servir, que transmite conhecimento completa-mente técnico e científico que nada tem a ver com a opção religiosa. Te-mos um corpo de revisores editoriais para que nada deixe de passar por um filtro, para que seja a mais moderna ciência”, explica o atual presidente da associação.

Para fomentar a ligação entre os associados de todo o país, os grupos coordenadores regionais e a direção nacional, são realizadas duas assem-bleias anuais e um encontro religio-so no mês de outubro, em Fátima. “É a única iniciativa de ordem reli-giosa de âmbito nacional. Desenvol-vemos iniciativas de ordem cultural como visitas de estudo, visitas a ins-tituições e até viagens ao estrangei-ro. Tudo isto para manter os sócios também com alguma atividade”, as-severa João Paulo Nunes, indicando que a ACEPS está atualmente a de-senvolver uma campanha local con-certada na divulgação da organiza-ção que dirige. O objetivo é apelar para que mais enfermeiros e profis-sionais de saúde se associem por forma a “constituir um maior con-junto de pessoas para refletir sobre

exclusivamente a questão das técnicas e competências dos profissionais, mas os valores que são entidades intempo-rais”, assume João Paulo Nunes, atual presidente da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde (ACEPS).

Num contexto em que a sociedade atravessa uma clara crise de princípios humanísticos e éticos em todas as di-mensões, os valores são elementos configurativos dos indivíduos, espe-cialmente fundamentais nos que têm como profissão os cuidados de saúde. “Um bom enfermeiro é aquele que é

O conflito de valores presente na sociedade urge um conjunto de questões reflexivas. A Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde (ACEPS) promove a sintonia dos valores essenciais da profissão com o intuito de preservar as boas práticas nos cuidados de saúde.

A reflexão dos valores éticos e humanísticos nos cuidados de saúde

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SaúdeAssociação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde 29

Mai2017

dos os tratamentos até ao limite em que ponho em causa a sua existên-cia”, induz João Paulo Nunes à refle-xão, rejeitando manipulações políti-cas, ideológicas e religiosas. Neste contexto, a ACEPS luta para que não só os profissionais de saúde, mas também os indivíduos da socie-dade pensem e formem a sua pró-pria opinião.

Para o enfermeiro, é importante in-vestir, acima de tudo, na qualidade de vida dos doentes. Na hora de um diag-nóstico fatal, cabe aos enfermeiros en-volver a estrutura familiar e, em con-junto, decidir o melhor procedimento na revelação ao doente, respeitando-o na sua fragilidade. “Tranquilizar pode ser uma série de medidas e não ape-nas dar o medicamento para que o pa-ciente terminal tenha uma paragem cardíaca”, explica.

Os novos desafios da ACEPSNo cargo de presidente, João Pau-

lo Nunes encontrou uma associação com determinadas desorganizações em termos estruturais e de funciona-mento, sobre as quais tem imple-mentado medidas sólidas que permi-tam uma atuação cada vez mais efi-

as questões da saúde e os valores as-sociados”.

Neste sentido, a reunião de enfer-meiros reformados e recém-licencia-dos na mesma associação permite o cruzamento de experiências e conhe-cimentos da mesma profissão, porém em contextos distintos. Mercedes Ola-zabal, enfermeira reformada e mem-bro da atual direção, dá o seu testemu-nho: “Os jovens hoje em dia estão muito preocupados, à partida, com onde vão trabalhar. Algo que na En-fermagem não acontecia. Os hospitais quando recrutam profissionais procu-ram pessoas integrais que, além de bons técnicos, tenham uma capacida-de de reflexão ética e humana”.

Desta forma, no entender da ACEPS, um enfermeiro com estas carcterísticas terá uma mais-valia acrescentada sobre os restantes cole-gas de profissão. “Ao incutirmos aos enfermeiros esta reflexão ética esta-mos a contribuir para o seu sucesso profissional. Temos uma matriz de for-mação técnica correta, mas temos também uma forma de estar que cor-responde aos valores cristãos como a justiça, a verdade, a autenticidade, o rigor técnico e a consideração pelo so-frimento do outro”, explica João Pau-lo Nunes, que é também professor na Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias (uma insti-tuição de ensino em sintonia com a fi-losofia da ACEPS). “Os nossos alunos assim que terminam o curso, todos têm emprego. A empregabilidade é,

caz junto dos associados. Além dis-so, é clara a aposta na modernização da ACEPS com a elaboração de um site profissional que funcionará co-mo um instrumento de comunica-ção. “Estamos também em processo de criar a revista Servir em versão online, que passará a ser financiada pelos autores e não pelos leitores”.

“Esta comunicação para o exterior vem também ajudar a manter a asso-ciação viva para o futuro, permitin-do o reconhecimento desta profissão que não é muito visível e destacada na sociedade. Investimos também na revitalização dos núcleos que se en-contravam menos dinâmicos. Esta-mos também a divulgar a ACEPS junto das Escolas de Enfermagem, porque os estudantes saem do meio académico e encontram-se sozinhos no mercado de trabalho. O associati-vismo pode fazer a diferença hoje em dia. Baixámos o valor da quota anual para 20 euros, com um des-conto em publicações na revista. Um investimento que recuperam ra-pidamente, pois o nosso objetivo não é ganhar dinheiro, mas dinami-zar a associação e a sua missão”, as-severa o presidente João Paulo Nu-nes.

no prazo de três meses, de 100%. O ensino e a incorporação dos valores na técnica é, sem dúvida, uma mais--valia não só para os doentes, mas também para os profissionais que veem o seu corpo curricular profis-sional valorizado”, indica o docente que procura a manutenção e refle-xão dos valores para que os alunos e os profissionais de hoje em dia pos-sam apreender a evolução histórica da Enfermagem e discutir as novas realidades com temas tão delicados como a eutanásia, o aborto e a trans-missão de órgãos.

Reflexão atual: a dignidade da vida

Na ordem do dia na sociedade por-tuguesa está a legração da eutanásia, que despoleta uma discussão acesa por parte de vários atores políticos, sociais e hospitalares.

“Ninguém pode dizer que a digni-dade na morte está associada à sua antecipação. Só quem tratou de pes-soas em fim de vida reconhece a ver-dadeira questão em causa. O que é a dignidade? É a pessoa não ser sujei-ta a tratamentos dissertados? É a pessoa ter as condições que a vida lhe pode dar sem qualquer crítica? É a pessoa estar a fazer o seu caminho segundo as suas vontades? O doente tem o direito de querer morrer, não o condeno por ter essa vontade, mas eu tambem tenho a minha posição e não concordar e, por isso, faço to-

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SaúdeAssociação Portuguesa de Enfermeiros 31

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João Fernandes, presidente da APE, diz-nos que estes são objetivos que “vêm desde a criação da própria associação e que se têm mantido ao longo destes 49 anos de existência”. A sua concretização passa pela re-gularidade com que são promovidas diferentes iniciativas, como “as in-tervenções da Associação junto dos enfermeiros, reuniões que vamos fa-zendo e seminários e encontros de caráter científico que vamos organi-zando, sempre no sentido de apri-morar a qualidade do desempenho dos enfermeiros”.

A melhoria desta qualidade cruza--se sempre com a importância dada ao conhecimento, daí que haja tam-bém “uma aposta forte da Associa-ção na investigação e na promoção dos estudos feitos pelos enfermei-ros”. A esse nível, e como projeto que está já assente para os próxi-mos tempos, a APE vai retomar o lançamento da sua revista “Enfer-magem”, a qual vem sendo uma pla-

rer num espaço temporal alargado, assim como com a criação de um es-paço museológico com muita docu-mentação. Temos todo um espólio documental relativo à representação da enfermagem portuguesa nas or-ganizações internacionais desde 1969, especialmente a nível do Conselho Internacional de Enfer-meiros”.

Essa presença internacional da APE tem sido também uma das suas principais vocações ao longo da sua história. Questionado sobre os mais importantes factos que preenche-ram este meio século, João Fernan-des começa por dizer que “a Asso-ciação nasce a partir de um grupo de enfermeiros que sentiu essa ne-cessidade de que houvesse essa re-presentação internacional”. Re-cuando aos seus antecedentes, con-ta que já em 1958 se haviam inicia-do “reuniões algo clandestinas à época, em que se preparava a cria-ção de uma associação que se preo-cupasse com as questões da forma-ção contínua dos enfermeiros, da criação de um estatuto profissional para a classe e também da represen-tação no exterior”.

Após um trabalho de dez anos, foi finalmente criada a então Associa-

ção das Enfermeiras e dos Enfer-meiros Portugueses, em 11 de janei-ro de 1968, que veio a ser admitida como membro do Conselho Interna-cional de Enfermeiros no ano se-guinte, no dia 29 de junho. Durante o tempo compreendido entre estas datas e a atualidade, “a APE teve um papel muito importante, espe-cialmente nos trinta anos que ante-cederam o aparecimento da Ordem dos Enfermeiros, em 1998. Nessa altura, foi sempre um parceiro do Ministério da Saúde – que tutelava o ensino da Enfermagem – no que respeitava à discussão dos assuntos relacionados com a formação dos enfermeiros ou com a criação de es-pecialidades. Para além disso, esti-vemos entre as organizações que prepararam o primeiro Congresso Nacional de Enfermagem, em 1973, onde se debateram muitas das coi-sas que viriam a ser conquistadas quase 30 anos depois, tais como a integração da Enfermagem no Siste-ma Educativo Nacional ou como a própria criação de uma Ordem”.

Retomando a referência às rela-ções internacionais que a APE tem mantido, João Fernandes considera ainda que, “se hoje a enfermagem portuguesa tem um bom crédito no estrangeiro, isso deve-se, obviamen-te, à própria prática e desempenho dos enfermeiros mas também ao trabalho que tem sido feito nestas reuniões internacionais”.

taforma relevante de publicação desses estudos.

Uma outra vertente do seu papel é a que diz respeito à história da en-fermagem, como nos explica João Fernandes: “A Associação está a comemorar o cinquentenário com um conjunto de cerimónias a decor-

A Associação Portuguesa de Enfermeiros (APE) está a pouco tempo de completar meio século de existência. Um período ao longo do qual tem primado pelo contributo para a dignificação da classe, pela melhoria da qualidade da prestação de cuidados e pela colaboração com outras entidades nacionais e internacionais.

Ao serviço dos enfermeiros

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Saúde Borges de Sousa32

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Com a democracia implantada, Portugal foi acolhido pelas organiza-ções internacionais e viu abertas as portas para se integrar na União Eu-ropeia, o que veio trazer uma aber-tura e um maior conhecimento em várias áreas sociais incluindo as Te-rapêuticas Não Convencionais, até porque muitas destas terapêuticas já eram usadas em muitos países da Europa.

É neste contexto de liberdade de associação e de expressão que apa-recem as primeiras associações de naturopatia, de acupuntura, de ho-meopatia e escolas para o ensino destas Terapêuticas Não Convencio-nais, proliferando diversos cursos tais como: Naturopatia, Acupunctu-ra e Homeopatia.

Eram estas as Terapêuticas Não Convencionais conhecidas em Por-

mas na área da saúde com diversos acontecimentos e situações que fo-ram denominados por “crise de saú-de em Portugal”, além de condicio-nalismos complexos, de natureza cultural, social e económica da épo-ca.

Portugal ao implantar a democra-cia não estava preparado para esse fluxo populacional, não tinha estru-turas para acolher esta avalanche de pessoas e com mais o agravamento de envelhecimento da sociedade portuguesa, o que criou um maior consumo em cuidados de saúde, aos quais os serviços de saúde não de-ram resposta.

A crise que Portugal atravessou durante décadas pode ser vista, em primeiro lugar pelo atraso do desen-volvimento da saúde em Portugal, em segundo lugar pelo fruto ou efei-to do crescimento repentino da po-pulação e, em terceiro, pelas desi-gualdades sociais e que se prolonga-ram por muitos anos, ainda com a agravante de que indicadores demo-gráficos demonstravam que a popu-lação portuguesa estava a envelhe-cer.

A saúde em Portugal encontrava--se em crise, a própria Maria de Be-lém, Ministra da Saúde da época, concordou que teria de se fazer al-guma coisa para alterar a situação da saúde em Portugal.

Com a falta de recursos na saúde instalou-se um mercado al-ternativo em saúde com o enorme aumento de procura de consultas e tratamentos, a todos os níveis, por-que o Serviço Nacional de Saúde não correspondia de forma adequa-

da, obrigando assim a uma volumo-sa lista de espera e a uma degrada-ção da qualidade dos serviços de saúde. Com este problema, onde a procura era maior do que a oferta e o preço, o mediador e regulador desse mercado, muitas pessoas passaram a dedicar-se à prática destas terapêuticas não convencio-nais, uma vez que os cuidados de saúde tinham grande procura, e, como não eram legisladas, consti-tuiu um aumento de profissionais e por conseguinte também um au-mento de utentes destas terapêuti-cas

Tudo isto originou mudanças que foram ocorrendo em Portugal, o que permitiu a tolerância das Tera-pêuticas Não Convencionais, pois elas trouxeram mais ofertas em cui-dados de saúde, com vantagens so-ciais e económicas, o que contribuiu para que a sociedade portuguesa pudesse beneficiar dessas terapêuti-cas e tornasse possível uma maior abertura nacional de prestação de cuidados de saúde.

Acresce também o facto das Te-rapêuticas Não Convencionais se-rem utilizadas em muitos países da União Europeia, bem como nou-tros países fora da comunidade, que contribuiu para que, habitual-mente, os consumidores de cuida-dos de saúde pudessem usufruir dessas terapêuticas sem qualquer dificuldade em Portugal. Originou--se assim, um custo do «bem-estar» que flutuava no mercado mediante a procura, motivando a uma gran-de expansão das Terapêuticas Não Convencionais.

tugal Continental na década de 70 e que eram denominadas por Medici-nas Alternativas.

Estava-se numa época de transi-ção para a democracia e Portugal sem estruturas para essa implemen-tação democrática, originando pro-blemas socioeconómicos em todas as áreas e com especial relevância nas áreas da Saúde e da Segurança Social.

Ao refletirmos sobre os principais aspetos do desenvolvimento e regu-lamentação das Terapêuticas Não Convencionais, foi fácil identificar as razões que levaram os portugue-ses à procura destas terapêuticas em alternativa à medicina convencio-nal, para se poder entender o de-senvolvimento e consequentemente a importância dessas terapêuticas para a sua regulamentação.

Enumeramos alguns aspetos que Portugal passou após a revolução do 25 de Abril e que tiveram impor-tância vital para o desenvolvimento e propagação das Terapêuticas Não Convencionais e são:

A crise da saúde em Portugal - motivada pelo grande aumento po-pulacional, de mais de meio milhão de pessoas que retornaram das ex--colónias portuguesas, provocando um surgimento de novos paradig-

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, Portugal passou por um período conturbado com grande instabilidade social e política, pois estava a iniciar um período de desenvolvimento político-social, começando a haver liberdade de expressão, de manifestação, de reunião e de associação, que difundiram propostas e ideias novas para a concretização da democracia em Portugal.

Terapêuticas não convencionaisRazões do desenvolvimento e regulamentação em Portugal

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SaúdeBorges de Sousa 33

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Todos estes fatores foram signifi-cativos na determinação do nível da saúde e na implementação destas te-rapêuticas.

Neste contexto, e tendo em vista um grande crescimento no uso das Tera-pêuticas Não Convencionais no merca-do português nos últimos 40 anos, hou-

A este bem foi conferida utilidade porque o seu consumo proporciona-va saúde e bem-estar. Assim o con-sumidor, pagando, procurava esse bem numa entidade que oferecesse condições de eficácia no mercado de saúde privado.

Deste modo, estas terapêuticas propagaram-se por todo o território nacional como se verificou pelo grande desenvolvimento nos centros urbanos, com lojas de produtos na-turais, loja de produtos dietéticos, ervanárias, alimentação macrobióti-ca, etc., sendo um dos principais fa-tores que favoreceu a maior utiliza-ção destas terapêuticas não conven-cionais à população e preencheu uma condição essencial nos tempos que ocorriam na época, que era a falta de reposta dos Serviços de Saú-de em recursos de saúde à popula-ção portuguesa.

Isto deu origem a um aumento ex-ponencial de terapeutas não con-vencionais que formaram grupos de medicina natural.

Estabeleceram-se escolas e grupos associativos que iniciaram o proces-so de autorregulamentação na ten-tativa de aumentar a sua legitimida-de, isto é, deu-se início a um proces-so de profissionalização.

ve necessidade de regulamentar estas terapêuticas pelo Ministério da Saúde e do Ensino Superior, conforme Leis aprovadas em Parlamento, assim co-mo. avaliar os seus profissionais para o exercício destas terapêuticas, avaliação efetuada pela ACSS - Administração Central do Sistema de Saúde, passan-do-lhes cédulas profissionais para cada uma dessas Terapêuticas excepto para a Homeopatia e para a Medicina Tradi-cional Chinesa.

Esta regulamentação veio trazer à sociedade portuguesa maiores benefí-cios com uma maior abertura nacio-nal de prestação de cuidados de saú-de, atenuando assim carências que desencadearam efeitos anacrónicos entre as diferentes realidades sociais. Presentemente estes profissionais das Terapêuticas Não Convencionais es-tão isentos de IVA, o que veio sedi-mentar mais estas terapêuticas no en-quadramento da saúde em Portugal.

Portugal é, a partir do ano 2016, o país europeu com maior número de Terapêuticas Não Convencionais, regula-mentadas, quando o sistema de cuidados de saúde de Portu-gal é caraterizado, atualmente, como o 9º melhor da Europa e o 12º melhor do Mundo

Esta institucionalização legitimou as Terapêuticas Não Convencionais, assina-lando um marco fundamen-tal para a sua implementa-ção e regulamentação em Portugal.

Esta cerimónia, presidida pelo Presidente do Conselho Diretivo da ACSS, Prof. Dr. Rui Santos Ivo, contou com a solenidade do Sr. Secretário de Estado da Saúde, Dr. Manuel Teixeira, e com a presença do Diretor-Geral dos Serviços de Saúde, Dr. Francisco George, assim como a presença do Presidente do Conselho Consultivo das Terapêuticas Não Convencionais, Dr. Pedro Ribeiro da Silva, e da Equipa de Terapêuticas Não Convencionais da ACSS - Dr. Alberto Matias e Dr. Nuno Leitão.

fonte: - Presidente do Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, Marta Temido - Audição na Comissão de Saúde - 21 de Dezembro no Assembleia da República

Cédula definitiva

Cédula provisória

Aguarda elementos adicionais

Não atribuição cédula

Avaliaçãoperitos

Total

Acupuntura 276 487 400 161 17 1.341

Osteopatia 176 363 237 170 13 959

Naturopatia 97 221 206 65 28 617

Fitoterapia 120 176 118 44 4 462

Quiropraxia 6 2 19 2 2 31

Total 675 1.249 980 442 64 3.410

ResultadosTotal de avaliações realizadas

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Ensino ISCAP34

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A génese do ISCAP — Instituto Supe-rior de Contabilidade e Administração do Porto remonta a 1886, quando o Ins-tituto Industrial e Comercial do Porto foi fundado, pelo então ministro Emídio Na-varro, lançando assim as bases teóricas da organização do ensino industrial e co-mercial em Portugal.

Na década de 30 do século passado, com a cisão daquele Instituto, cria-se o Instituto Industrial do Porto e o Instituto Comercial do Porto. Assim continuam até ao 25 de Abril, altura em que surgem o Instituto Superior de Engenharia e o Instituto Superior de Contabilidade e Ad-ministração, integrados, em 1989, no Instituto Politécnico do Porto (P.POR-TO).

Esta é uma Escola que apresenta, des-de logo, cursos tradicionais como são os casos da Contabilidade e Administração, da Assessoria e Tradução, anteriormen-

Olímpio Castilho realça que o IS-CAP, partilhando da visão do P.POR-TO, sempre demonstrou grande aber-tura e capacidade de perceção da ne-cessidade de formação em novas áreas: “Todos os novos cursos têm si-do criados pela efetiva consciência de que o mercado está à procura dessas formações”. Uma das últimas novida-des apresentadas foi o curso de Criati-vidade e Inovação Empresarial, “pro-vavelmente o primeiro joint degree que há em Portugal ao nível do 1º Ci-clo”. Esta formação resulta da parceria internacional com instituições de ensi-no superior da Estónia e da Lituânia e abriu em Portugal no ano transato re-cebendo uma forte procura por parte dos estudantes logo que anunciado.

Sendo este um Instituto que assume na sua denominação as áreas da Contabili-dade e da Administração, hoje o seu âm-bito é verdadeiramente abrangente e in-tegrador. O seu cluster centra-se nas Ciências Empresariais, embora entendi-das num sentido amplo, englobando tu-do aquilo que às organizações diz respei-to.

Assim, inserido numa cidade que tem conquistado elevada projeção mundial, integrado num Instituto Politécnico que abre as suas portas ao mundo, o ISCAP iniciou este ano um mestrado lecionado em inglês o Intercultural Studies for Busi-ness, “precisamente para captar público de outras nacionalidades”. Entendendo que a internacionalização é o caminho da Instituição, o Prof. Olímpio Castilho realça que, “nunca deixando, em primei-ra linha, de olhar para as necessidades do país não podemos, naturalmente, fu-gir à realidade de um mundo cada vez mais global”.

Este mestrado veio juntar-se aos res-tantes onze já existentes, ou seja, aos mestrados em Assessoria de Administra-

ção, Auditoria, Contabilidade e Finan-ças, Empreendedorismo e Internaciona-lização, Finanças Empresariais, Gestão e Desenvolvimento de Recursos Huma-nos, Gestão das Organizações (em con-junto com a APNOR), Informação Em-presarial, Marketing Digital, Logística (em conjunto com a APNOR) e Tradu-ção e Interpretação Especializadas.

TeSPNaturalmente, a relação com o meio

empresarial existe desde a génese desta Instituição de ensino politécnico e vai sendo reforçada regularmente através de protocolos, designadamente com as-sociações empresariais, como é o caso da Associação Empresarial de Portugal.

OsTeSP são cursos que surgiram um pouco envoltos em polémica, facto que não facilitou a sua implementação no seio do P.PORTO. No caso particular do ISCAP foi seguida uma estratégia de es-perar pela solicitação exterior e só de-pois avançar para a criação dos cursos. “Na medida em que as empresas, as or-ganizações, ou a sociedade em geral nos dizem que existe carência de formação a este nível em alguma área, vamos dando respostas à medida”.

Pós-graduaçõesJá no âmbito das pós-graduações, o

ISCAP tem procurado identificar as ne-cessidades do mercado e a partir daí im-plementar cursos devidamente ajusta-dos, como sejam a pós graduação em Inovação e Comunicação Digital, Tradu-ção Assistida por Computador, Gestão de Sistemas de Informação Empresa-riais, Informática e Gestão aplicadas à Saúde, Instrumentos de Gestão para a Competitividade Empresarial, Estudos Culturais Russos e Gestão do Patrimó-nio Imobiliário. Ministrando formações deste nível há relativamente pouco tem-po, o Presidente do ISCAP considera que estão reunidas todas as condições para aumentar a procura, tornando-se uma oferta regular da escola.

Escola do mundoO ISCAP, através do P.PORTO, in-

tegra a rede internacional ACINNET

te designado por Correspondente de Línguas Estrangeiras, e do Comércio In-ternacional, sucedâneo do curso de Aduaneiro.

Fruto das mudanças e solicitações do mercado, ao longo do tempo a Escola foi desenvolvendo e ampliando a sua oferta formativa com a criação de um quarto curso, em Marketing, ao qual se seguiram Comunicação Empresarial e Gestão de Atividades Turísticas – hoje sediado no polo de Vila do Conde por força da reformulação da oferta formati-va do P.PORTO e da criação da Escola Superior de Hotelaria e Turismo em Vi-la do Conde; em contrapartida, o IS-CAP recebeu nas palavras do seu Presi-dente “cursos muito interessantes, no-meadamente Recursos Humanos e Ciências e Tecnologias da Documenta-ção e Informação, ministrados anterior-mente no polo de Vila do Conde”.

Numa dinâmica de abertura e diálogo com o mercado, o ISCAP tem conquistado elevada reputação internacional através das suas práticas de ensino assentes na qualidade.

“Só com mais formação é que as pessoas poderão preparar-se para os desafios vindouros”

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EnsinoISCAP 35

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de estágios e para a ocupação de postos de trabalho.

No âmbito e desta ligação foram criados os prémios Alumni que pre-meiam um antigo estudante de quatro gerações distintas: Platina, Ouro, Prata e Bronze, são as categorias de-signadas em função do ano em que foi obtido o diploma. O primeiro pré-mio da geração platina foi atribuído, no ano letivo 2014/15, ao Dr. Carlos Costa, Governador do Banco de Por-tugal e, em novembro passado, ao Dr. Fernando Gomes, Presidente da Fede-ração Portuguesa de Futebol, ambos antigos estudantes do Instituto Comer-cial do Porto.

Por via da ação da Profª Diana Aguiar Vieira este ano o ISCAP vai acolher a 2nd ICARe Alumni, uma conferência internacional que se reali-za pela segunda vez no ISCAP já nos dias 11 e 12 deste mês de maio, e que

— Academic International Network, juntamente com um conjunto de insti-tuições de ensino superior de países da América Latina e de Espanha. Esta re-de tem como um dos seus principais objetivos a criação de um Conselho Empresarial. Esta visão é inovadora dado que se pretende potenciar a liga-ção das empresas, que se inicia dentro das portas do Instituto, com outras en-tidades no exterior. “A nossa lógica passa por chamar aqui as empresas e, juntamente com os nossos parceiros da América Latina, nomeadamente do Brasil, da Argentina, do Chile, da Bolí-via e da Colômbia, colocar empresas portuguesas em contacto com empre-sas desses países e vice-versa”.

Evidentemente, devemos distinguir em todas estas ações aquilo que o Prof. Olímpio Castilho designa como “os três pilares do ensino superior: for-mação, investigação e prestação de serviços ao exterior”. Os estudantes têm iniciado o seu percurso nesta dinâ-mica internacional através da forma-ção, frequentando programas de mo-bilidade income e outcome: “Somos provavelmente no âmbito do P.POR-TO a Instituição que mais alunos rece-be”. Já há muito se verifica uma mobi-lidade de âmbito europeu, mas, mais recentemente, a Escola tem procurado incrementar essa mobilidade com paí-ses como o Brasil, assim como com os restantes parceiros da ACINNET. “Se no contexto europeu existem apoios fi-nanceiros, os apoios para os progra-mas intercontinentais são menores pe-lo que temos alocado alguns recursos por considerarmos que esta ligação é muito importante, aumentando assim os números desta mobilidade”. Estes alunos começam agora a ser integra-dos no âmbito dos programas de in-vestigação existentes para que tenham também a alternativa de seguir o seu percurso por essa via profissional.

InvestigaçãoFalando em investigação, no presente

ano letivo o ISCAP optou por fundir os centros de investigação que detinha – “de facto excedentários para a nossa di-mensão e para possibilitar a criação de massa crítica”. Assim sendo, a fusão de três dos quatro centros existentes deu

conta com participantes provenientes de mais de 25 países.

Mensagem finalA localização na cidade Invicta, cada

vez mais acessível e presente na rota de turistas, empresários, estudantes e investigadores, a par da reputação e da imagem de qualidade da Escola são um conjunto de fatores que acabam por potenciar o atual sucesso desta Instituição que, com 4200 alunos, não ambiciona crescer em termos quantita-tivos, mas sim qualitativos.

Em final de conversa o Prof. Olímpio Castilho deixa uma mensagem: “Os jovens devem acreditar no nosso país, no nosso ensino e com base nisso ter esperança naquilo que o futuro pode trazer”. Contrariando o pensamento que assolou a mente dos jovens portu-gueses quando pensavam no seu futu-ro em termos académicos, o Presiden-te sublinha que “só com mais forma-ção é que as pessoas poderão prepa-rar-se para os desafios vindouros. O que está em crise é a mão-de-obra não qualificada, essa sim tenderá a de-saparecer”.

origem ao Centro de Estudos Organiza-cionais e Sociais do Politécnico do Porto (CEOS), persistindo o Centro de Estudos Interculturais (CEI), com uma forte liga-ção à Universidade Nova de Lisboa.

Estes centros procuram desenvolver projetos no âmbito dos diversos cursos. O CEI segue há longa data uma linha centrada na Interculturalidade, “tema que na atualidade tem um crescente im-pacto e muito interesse para todos e tem sido fortemente desenvolvida com a rea-lização de várias conferências que abor-dam a temática”.

O CEOS, criado em janeiro, acolhe três ramos de investigação e “está neste momento a instalar-se e a criar a sua própria atividade, sendo que beneficia naturalmente do trabalho dos centros que lhe deram origem”.

AlumniNo âmbito do P.PORTO, o ISCAP

criou uma plataforma que visa acompa-nhar mais facilmente o percurso dos ex--alunos da Instituição. A rede Alumni procura assim manter a ligação dos anti-gos alunos com a Escola, restabelecendo um vínculo de ligação com eles e até, no caso dos mais jovens, prestar um serviço de orientação e aconselhamento na ges-tão de carreira.

Sinal do mérito destas ações e da liga-ção do ISCAP aos ex-alunos é a efetiva procura por parte de empresários, ex--estudantes da Instituição, de jovens que ali estudam para reforçar as suas equi-pas, abrindo as portas para a realização

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Ensino Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra36

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Durante a ditadura setembrista de Passos Manuel, o decreto de 5 de de-zembro de 1836 fundiu as Faculdades de Leis e de Cânones, criando a Facul-dade de Direito da Universidade de Coimbra. Até então, “a Faculdade de Cânones era a mais concorrida da Uni-versidade. No entanto, a Revolução Li-beral impôs o propósito de desvalorizar o ensino do Direito Canónico e Ecle-siástico, em prol da valorização do es-tudo do Direito Pátrio”. Com efeito, “o Direito português ganha espaço e rele-vância com esta Reforma, transfor-mando-se no objeto exclusivo dos três últimos anos do curso, desdobrando-se em Direito Público, Civil, Comercial e Criminal”, contextualiza o diretor da Instituição, Rui de Figueiredo Marcos.

renses, numa vertente que possibilita aos alunos atingir maior nível de espe-cialização. Ainda nesta linha de conti-nuidade, a valorização e o enriqueci-mento do corpo docente são pedras--chave na dinâmica desta Instituição se-cular, facto que se manifesta no volume de doutoramentos dos assistentes que se apresentam a provas. A abertura de concursos para a progressão da carrei-ra académica dos professores “preten-de que o corpo docente se valorize e mantenha o nível de exigência que a Faculdade nos tem habituado”, realça o professor catedrático.

A Faculdade de Direito de Coim-bra, na sua linha ancestral, tem culti-vado uma cidadania de prestígio e “defende-a como se a si própria se defendesse”. É com esse nível de exi-gência imposto nas provas académi-cas, que o Prof. Doutor Rui de Figuei-redo Marcos espera “conservar, se-não elevar, o nível de prestígio cientí-fico da Faculdade”. “Creio que o melhor elogio que se pode fazer a uma geração é estar à altura das ge-rações precedentes. E como o nome que recebemos é de uma cotação ele-vadíssima, temos por obrigação man-tê-lo se não for, realmente, possível suplantá-lo – algo de difícil alcance, dado o nível já atingido pela nossa Faculdade. Aliás, devo dizer que este nível de exigência é acompanhado pela própria política reitoral. Uma vez que o Prof. Doutor João Gabriel Monteiro de Carvalho e Silva preten-de que a nossa Universidade tenha um prestígio global, os elementos que compõem os júris de concursos têm um nível de exigência extraordinário. Verdadeiramente, creio que avaliar é distinguir. Só quem tem mérito o sa-be reconhecer, onde quer que ele es-teja. Isso não é apenas uma garantia de Justiça, mas também de transpa-rência nesses mesmos concursos, porquanto os próprios avaliados aca-

tam de uma forma muito mais pacífi-ca as decisões e graduações de um jú-ri de elevadíssima categoria, como pretende – e bem – o nosso Reitor”.

Do ponto de vista pedagógico estas ondas de progressão e valorização “só podem trazer a breve trecho uma maré de alegrias para a Faculdade de Direito de Coimbra”.

Dando continuidade aos feitos do passado, assentes numa dinâmica crescente das relações internacionais da Faculdade, têm decorrido cursos solicitados por estrangeiros em diver-sas áreas científicas, a par da presen-ça maciça de estudantes internacio-nais. Um reconhecimento que não se mede apenas através da mobilidade dos estudantes, mas que se vê e se mede pela intensa procura por parte de professores estrangeiros que ali pretendem realizar as suas missões de investigação, acompanhados por professores da FDUC e com a ajuda da preciosa biblioteca da Faculdade. “Neste último ano e meio, tivemos 61 professores estrangeiros de 14 nacionalidades. Além disso, um outro critério de reconhecimento prende-se com a vinda de delegações ilustres que procuram estabelecer intercâm-bios. Só este ano, acolhemos grandes delegações de várias instituições jurí-dicas – brasileiras, alemãs, húngaras. Tivemos, no passado mês, a ilustríssi-ma visita de uma delegação da China presidida pelo Presidente do Supre-mo Tribunal Popular da República da China, acompanhado por um con-junto de presidentes de tribunais su-periores das mais diversas províncias chinesas, que contou com a presença do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça português, Conselhei-ro António Silva Henriques Gaspar”. É a prova efetiva do aprofundar de inúmeras relações nomeadamente com a China e, mais recentemente, com Timor Leste.

Na condição de diretor reincidente, o Prof. Doutor Rui de Figueiredo Marcos propõe-se, no próximo ano letivo, de-senvolver a sua ação diretiva em vários campos, dos pontos de vista científico e pedagógico. Um trajeto que assenta na continuidade e consolidação firme da licenciatura em Administração Pú-blico-Privada e na entrada em funcio-namento do novo mestrado em Admi-nistração Público-Privada que mereceu a total aprovação por parte da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esta política vai ter continuidade com a realização, pelos docentes da Faculdade de Direito, de vários doutoramentos nessa área. Nes-se mesmo plano, vai ser modernizado o mestrado em Ciências Jurídico-Fo-

Estivemos na primeira Universidade portuguesa, uma das mais antigas do mundo. A imponência do edifício é apenas comparável com o Saber da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, uma referência de âmbito global na formação e na produção de conhecimento científico. Falamos da Escola que formou “todos os atuais presidentes dos Tribunais Supremos portugueses, incluindo o Tribunal Constitucional, e o Provedor de Justiça”.

Coimbra, a cidade do estudo e da investigação do Direito em Portugal

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Civil português. O nosso entrevistado recorda que “o Código Civil português é, essencialmente, uma obra da lavra da Faculdade de Direito de Coimbra e tem merecido comemorações nacio-nais”. Não deixando passar em claro tão prestigiante data, a FDUC realizou, em novembro passado, a comemora-ção do cinquentenário do Código Ci-vil português, presidida pelo Presi-dente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. A comissão comemorativa foi presidida pelo Prof. Doutor Rui de Alarcão, antigo Reitor, que também colaborou na criação do Código, na qualidade de “membro dessa comis-são ilustríssima de professores da Fa-culdade de Direito de Coimbra que prepararam, durante mais de 20 anos, o Código, que recebeu uma única grande reforma, em 1977”. Comemorando, já em 2017, os 40 anos dessa Reforma, o Presidente da República condecorou, com a Grã--Cruz da Ordem do Infante D. Henri-

NovidadesA poucas semanas da inauguração

das obras profundas de que foi alvo, o renovado Colégio da Trindade virá a acolher o Curso de Jurisprudência, que se destina a dotar os seus alunos de uma formação mais próxima da vida prática. Esse espaço irá ser sede quer da Casa da Jurisprudência, quer do Ins-tituto Jurídico, o rosto da investigação jurídica da Faculdade, cuja liderança pertence ao Prof. Doutor Moura Ra-mos, “timoneiro seguro e prestigioso de um espaço que tem tido uma ativi-dade intensa em múltiplas áreas e ini-ciativas”. O diretor valoriza a atividade radiosa da Faculdade: “O Colégio da Trindade tem agora uma nova Trinda-de: aliando a formação prática, a inves-tigação e a jurisprudência. É sob a égi-de da Faculdade de Direito que se faz esta nova ordem trinitária. Assim, de-vemos seguir uma Trindade na Unida-de e a Unidade na Trindade”.

Recuperação de um espaço secular

No que compete a infraestruturas, o Prof. Doutor Rui de Figueiredo Mar-cos vai, neste mandato, apostar na modernização e climatização das sa-las de aula dos Gerais e das salas do Palácio dos Melos, assim como no aformoseamento e no restauro de peças de mobiliário e obras de arte. A recuperação já concluída do Palácio dos Melos permite hoje que as salas, outrora ofuscadas pela passagem do

que, três grandes figuras ligadas à Uni-versidade de Coimbra: o Prof. Doutor Francisco Pereira Coelho, bem como, a título póstumo, a Doutora Maria de Nazareth Lobato Guimarães e o Dou-tor Almeida Santos, ministro da Justiça aquando da revisão.

A Faculdade de Direito, que acaba de completar 180 anos, “é uma velha se-nhora, mas que ainda se alvoroça ao evocar os seus feitos”, acentua o Prof. Doutor Rui de Figueiredo Marcos. “Neste sentido comemorativo, 2017 é um ano muito auspicioso. Vamos co-memorar a conquista universal dos 150 anos da abolição da pena de mor-te para crimes civis. Uma insígnia dou-rada do Direito português. A 1 de julho de 1867, sob proposta de Barjona de Freitas, Professor da Faculdade de Di-reito de Coimbra e, à época, ministro da Justiça, Portugal foi o primeiro país que aboliu definitivamente a pena de morte para crimes civis em toda a civi-lização jurídica”.

tempo, apresentem uma beleza pala-ciana. Uma delas, com o nome do Doutor Fernando Aguiar-Branco, Presidente da Fundação Eng. Antó-nio de Almeida, presta tributo a um dos grandes mecenas da Faculdade de Direito e da Universidade de Coimbra. A segunda sala está revestida por es-tantes que acolheram a biblioteca do antigo ministro da Justiça, Dr. Mário Raposo. Já a terceira sala recebeu a bi-blioteca privada do Prof. Doutor Antu-nes Varela, um dos mentores, enquan-to ministro da Justiça, do atual Código

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Situada num campus de enorme va-lor paisagístico e patrimonial, na Fá-brica da Pólvora de Barcarena, em Oeiras, iniciou a sua atividade em 1996, com licenciaturas nas áreas do Ambiente e do Território, das TIC, das Ciências Empresariais e, em 2001, foi criada a Escola Superior de Saúde Atlântica. Desde então, esta Universi-dade tem alargado os seus interesses científicos e consolidou as suas verten-tes de ensino e investigação.

Com a entrada em 2014 da empre-sa Carbures, com sede em Jerez de la Frontera, Espanha, no capital social da E.I.A., a Atlântica cria uma nova área: um pólo tecnológico de desen-volvimento da área das engenharias, nomeadamente de Engenharia de Ma-teriais, Engenharia e Gestão de Siste-mas de Fabrico e da Engenharia Aero-náutica —core business da Carbures.

Atlântica visitaram a Fábrica da Car-bures em Jerez de la Frontera, Espa-nha e organiza-se já a segunda visita para junho à FIDAMC - Fundação pa-ra a Investigação, Desenvolvimento e Aplicação de Materiais Compostos, e à Airbus, Madrid, Espanha.

“Estas visitas de estudo são o pri-meiro passo a dar na relação univer-sidade-empresa que nos caracteriza. Pretendeu-se a dinamização de um diálogo saudável permanente entre professores, investigadores, empre-sários, profissionais e alunos. O diá-logo entre quem se encontra nas universidades e quem tem responsa-bilidades nas empresas deve ser esta-belecido em termos informais e ser dirigido para o concreto, ou seja, pa-ra a resolução de problemas existen-tes ou para a adaptação à empresa de novos conhecimentos que vão sendo desenvolvidos no laboratório e na investigação. Só a transferência de conhecimento entre universidade--empresa e vice-versa permitirá ao mundo da economia transformar e aperfeiçoar os processos de gestão e de produção em curso ou a introdu-ção de novos produtos e novas tec-nologias por parte das empresas”, assume o reitor da instituição. Por tudo isto, os estágios curriculares nas fábricas e laboratórios de investi-gação percorrem as licenciaturas, lo-

go desde o primeiro ano letivo, “um modelo educativo único no panora-ma nacional”.

Como um dos principais objetivos consiste na promoção do desenvolvi-mento de inovação e investigação aplicadas nas áreas de Engenharia em resposta direta às reais necessidades da indústria, em 2016 foi criado o ER-CO - Centro de Engenharia Aplicada - European Research Observatory on Composites, em parceria com a em-presa espanhola Carbures e a FI-DAMC/Airbus. Segundo Carlos Guil-lem, “a indústria aeronáutica e aeroes-pacial é um setor em franco desenvolvi-mento tanto em Portugal e Espanha, como na Europa, pois sabemos que a procura de aeronaves duplicará até 2028 e serão substituídas mais de 14.000 aeronaves por modelos eco-efi-cientes de acordo com as exigências ambientais da comissão europeia”.

No atual panorama económico mundial, este é um dos setores cujas perspetivas de crescimento se man-têm sólidas. Do lado da aeronáutica encomendam-se e fabricam-se cada vez mais aviões. A quantidade de pas-sageiros transportados continua a crescer, assim como as rotas, os aero-portos, o movimento de passageiros e de carga e os serviços de manutenção e reparação. “A formação na área da aeronáutica e da engenharia de mate-

Esta colaboração permite transferir conhecimento da Empresa para a Uni-versidade, numa relação biunívoca, for-mar licenciados, mestres e doutores, fu-turos profissionais com competências realmente úteis à empresa, mas tam-bém permitirá à instituição universitária apoiar a empresa em projetos de inves-tigação e desenvolvimento tecnológico. “Tal permitirá aos alunos aprendizagem e investigação de elevada qualidade, in-tegrada com a realidade das empresas, e desta forma, uma maior empregabili-dade”, afirma o reitor Carlos Guillen.

Distinção na formação em Engenharias

Em janeiro de 2017, alunos e do-centes das licenciaturas de Engenharia de Materiais e de Ciências de Enge-nharia Aeronáutica da Universidade

A entrada da Carbures na Universidade Atlântica, em 2014, gerou alterações muito significativas no seu posicionamento no ensino superior português. Hoje a Atlântica University Higher Institution pretende distinguir-se internacionalmente e ser um valioso instrumento de progresso universitário em Portugal pelo fomento da ligação entre indústria-universidade-investigação.

O fomento da ligação Indústria-Universidade-Investigação

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riais é crucial e garante de empregabilidade. E esta interação entre a Atlântica, a Carbures e a FIDAMC, entre outros stakeholders, possibi-lita a real criação de valor e contribui para uma maior competitividade e sustentabilidade do projeto educativo”, assevera.

Atlântica School of Industry and Business (ASIB)

A ASIB – Atlântica School of Industry and Business nasce como projeto, em 2015, com o objetivo claro de aproximar a universidade da empresa e da indústria, nacional e interna-cional, promovendo o desenvolvimento orga-nizacional sustentável, a inovação e a investi-gação aplicada, a par da internacionalização. Porém, é só no final do ano de 2016 que ga-nha vida e se posiciona no mercado como parceiro estratégico.

Esta escola procura ser diferente de outras escolas de negócios pelas competências que detém na área industrial e na área organiza-cional, mas também pela flexibilidade em se adaptar às pessoas e culturas organizacionais no seu ambiente real, em vez de impor solu-ções universais para as empresas e indústrias globais. Contempla não só atividade de for-mação avançada nos diversos domínios da gestão, da engenharia, dos sistemas e tecnolo-gias de informação e da saúde, mas também a intervenção na área da consultoria junto do meio empresarial e industrial. Esta nova uni-dade de negócio da EIA procura, assim, pro-mover o desenvolvimento do novo pólo tec-nológico na área da Engenharia de Materiais e da Engenharia Aeronáutica; criar novas expe-riências de aprendizagem, adotando conceitos contemporâneos de gestão do conhecimento, formação de executivos e prática, bem como aprendizagem ao longo da vida, adaptados a contextos e necessidades específicas da em-presa e da indústria; ultrapassar as expetativas através de um serviço de excelência, perma-nentemente atualizado face à evolução cons-tante do mercado global e cimentado em ele-vados padrões de qualidade na prestação do serviço ao cliente.

A partir de 2016, a Universidade Atlântica in-corpora a lista de entidades acreditadas pelo programa Portugal 2020 para prestação de ser-viços no âmbito dos Vales, nas tipologias de In-vestigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT), Empreendedorismo, Internacionaliza-ção e Inovação e prepara a candidatura a Vales Indústria 4.0. “O programa visa o reforço da transferência de conhecimento científico da uni-versidade para a empresa, refletindo-se como uma oportunidade de incrementação e domínio de atuação por parte das Pequenas e Médias Empresas (PME´s) e empreendedores nas áreas de Inovação, Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, Empreendedorismo e Internacio-nalização, potenciando a sua competitividade e presença nos mercados nacionais e internacio-nais”, evidencia o reitor da instituição de ensino superior.

Em 2016, o projeto de um site para a ASIB foi colocado em marcha, tendo sido disponibi-lizado online no início do presente ano. “Com uma nova imagem e funcionalidades, bastante mais fácil de navegar, o novo site é dinâmico e inovador. Com o reforço do capital humano e uma estratégia comercial mais agressiva, a ASIB começa a posicionar-se e a ganhar o seu merecido lugar”, refere.

Career RoadMap A Universidade Atlântica promoveu, em

conjunto com a Be Better, uma iniciativa de-signada Career RoadMap para os estudantes, no âmbito das unidades curriculares optativas existentes nos planos de estudo. Propõe-se desenvolver uma série de ações que contri-buam para o fortalecimento da instituição sob a alçada do reitor Carlos Guillén, que conside-ra “esta reestruturação como parte integrante do alargamento da oferta formativa e da apro-ximação da Universidade Atlântica ao mundo do trabalho e à realidade empresarial, através do desenvolvimento das novas soft skills desde o primeiro ano curricular com os estudantes, nomeadamente as competências pessoais – O Meu Perfil, Personal Branding e Personal Sel-ling.

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O Hotel Campanile Setúbal foi inaugurado em março de 1993, tendo sido construído de acordo com os padrões da marca internacional Campanile, que hoje está inserida no grupo Louvre Hotels, o quinto maior grupo hoteleiro a nível mundial. O conceito da marca, e por consequente deste hotel em Setúbal, é proporcionar um alojamento de qualidade a preços acessíveis, tendo como grande fator de dife-renciação a proximidade ao cliente, num ambiente quase familiar.

“Dispomos de 70 quartos, entre os quais, duplos, twins e triplos, in-cluindo quartos familiares e outros adaptados a clientes com mobili-dade reduzida. Todos têm ar condicionado, TV por cabo, bandeja de cortesia com chá e café, bem como WC privativo, com secador de ca-belo e espelho cosmético. Os nossos hóspedes podem usufruir de estacionamento e acesso wifi gratuitos, receção 24 horas, pequeno--almoço bufete e refeições rápidas a qualquer hora do dia”, refere Ri-cardo Jorge, subdiretor do Hotel Campanile em Setúbal.

Entre as características diferenciadoras deste hotel, na cidade de Setúbal, estão “a relação qualidade/preço - considerada uma bandei-ra da companhia; uma equipa competente, sempre disponível e foca-da nas necessidades individuais de cada cliente; a localização privi-legiada, no coração comercial da cidade; e os acessos rápidos ao centro da cidade, bem como às principais autoestradas”.

Setúbal tem para oferecer um pouco de tudo o que um cliente pode procurar, graças à sua ligação ao rio Sado, à Serra da Arrábida, à pe-nínsula de Tróia e também à proximidade com a capital, da qual dista apenas 40km. Setúbal, a única cidade europeia onde se podem obser-var golfinhos no seu habitat natural, é um importante centro de obser-vação de aves migratórias e uma região vínica de excelência, na qual sobressai o incontornável Moscatel.

Este hotel não tem definido um público-alvo concreto, porém, dedi-ca-se especialmente ao segmento de hóspedes “corporate”, pois o conceito de proximidade ao cliente permite merecer a preferência do cliente que se ausenta em trabalho regularmente, regressando sema-na após semana, durante todo o ano, ou numa contínua jornada de trabalho/formação.

“O Hotel Campanile Setúbal é o único da marca em território nacio-nal; dispõe de uma vasta área ajardinada, que contempla esplanada, parque infantil, espaço para festas ao ar livre, área de merendas, zo-nas para a prática de modalidades desportivas, planalto para fotos de grupo e um lago com cascata. É um dos poucos hotéis com distinção em boas práticas de eficiência energética, tendo recebido o selo “Galp-Proenergy” 2015 após o investimento num processo extrema-mente exigente, que reconheceu até à data apenas 30 empresas, entre mais de 900 candidaturas”, assinala a gerência.

Rua das Caravelas 2910-279 Setúbal, 2900-279 Setúbal, Portugal • Tel.: +351 265 720 460 • http://www.campanile-setubal.com.pt/

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Ensino Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento44

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Com mais de 100 anos de existência, a Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento (EPACSB) tem vindo a for-mar gerações de pessoas ligadas à terra e a setores adjacentes. Não se mostrando alheada das alterações e exigências do mercado de trabalho, a EPACSB tem um novo espaço, a Quinta de Fora, recons-truída e adaptada com o apoio do pro-grama financeiro da Câmara Municipal de Santo Tirso. Estas novas instalações vieram suprir uma “lacuna”, conferindo maiores e melhores condições aos cursos de Turismo Ambiental e Rural e aos cur-sos de Restauração — Restaurante/Bar e Cozinha/Pastelaria. Aproveitando as estruturas e equipamentos existentes, es-te ano a EPACSB propôs ao Ministério da Educação (proposta pedagógica já aprovada) o Curso Técnico Vitivinícola e o Curso Técnico de Indústrias Alimenta-res. “Foi com agrado que recebemos a notícia da aprovação destes cursos e ago-ra vamos começar a trabalhar na divulga-ção destes juntos dos estudantes. Estes dois setores de atividade estão em cres-cendo e existe muita procura de técnicos nestas áreas”, refere o diretor da Escola, o Eng.º Carlos Frutuosa.

nentes portões do antigo Mosteiro de São Bento. “Desde há pelo menos 20 anos, temos sido uma Escola muito aberta à população e às empresas. Re-cebemos muitos grupos de pessoas, e, curiosamente, é frequente existirem ex--alunos entre os visitantes. Aliás, em in-quéritos que realizamos aos alunos que frequentam a escola, muitos vieram porque alguém conhecido ou familiar passou por cá e “recomendou a Esco-la”.

Centro de Interpretação Ambiental das Margens do Ave

Desde o início do projeto da Quinta de Fora foi criada uma sala que visa acolher o Centro de Interpretação Ambiental das Margens do Ave. Com a estrutura já pronta, o Eng.º Carlos Frutuosa aguarda uma reunião (já solicitada) com o presi-dente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Dr. Joaquim Couto, para apresen-tar uma proposta — realizada em parce-ria com o Centro Interdisciplinar de In-vestigação Marinha e Ambiental (CI-MAR) — de equipamentos e de funcio-namento para o Centro de Interpretação Ambiental das Margens do Ave. “Esta re-união é fundamental, porque há um in-

vestimento que tem que ser feito em re-cursos humanos e em equipamentos, mas que vai trazer outra dinâmica à “Es-cola” e à nossa cidade. A proposta elabo-rada não se restringe à sala de Interpreta-ção Ambiental das Margens do Ave, in-cluindo os terrenos, os laboratórios, as salas de aula e a vertente agrícola da Es-cola conferindo-lhe uma grande dimen-são. “Será um polo importante para a Escola, mas que irá valorizar muito a ci-dade de Santo Tirso, à semelhança do que aconteceu nos concelhos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Matosinhos e Porto”, reforça o engenheiro.

Se nos últimos anos a EPACSB tem vindo a estar envolvida nos roteiros turís-ticos elaborados pelo município, atraindo aos espaços da Quinta um volume consi-derável de visitantes, durante os fins-de--semana e feriados, o Centro de Interpre-tação Ambiental terá, necessariamente, que estar aberto todos os dias. “Quere-mos criar um Centro dinâmico. Assim, quem nos visitar, desde adultos a crian-ças, pode realizar múltiplas atividades neste Centro que se pretende interativo”, explica o diretor, confiante na colabora-ção da Câmara Municipal de Santo Tirso para o término deste projeto de cariz co-munitário.

A EPACSB direciona assim a sua ação em conformidade com as necessidades do mercado, aproveitando e rentabilizan-do as estruturas que a Escola dispõe. Fa-lamos da estrutura física, a Quinta de Dentro e a (nova) Quinta de Fora, os equipamentos e do corpo docente, com-posto por muitos professores formados nestas áreas, numa conjugação altamen-te valiosa. As necessidades dos alunos, da Escola e das empresas encontram aqui um novo caminho com vista ao su-cesso e à empregabilidade.

O crescimento da EPACSB tem sido constante e a entrada destes cursos vai exigir a reestruturação do esquema de sa-las, “um sinal positivo”, considera o dire-tor: “É sinal de que a Escola está viva, que estamos a trabalhar bem e, natural-mente, todos estes investimentos confe-rem-nos boas perspetivas para o futuro”.

Os atuais 350 alunos que compõe o corpo escolar, podem assim no próximo ano letivo ultrapassar os 400, número este que não inclui os alunos do CTeSP - nível IV em Cuidados Veterinários que a EPACSB partilha com a Escola Superior Agrária de Bragança.

O Centro de Santo Tirso está cada vez mais dinâmico, a atratividade tem--se prolongado para a zona ribeirinha (Rio Ave), e a C.M. Santo Tirso tem vindo a valorizar o trabalho de Institui-ções Centenárias, que muito fizeram pelo desenvolvimento da cidade, como é o caso da EPACSB. O Eng.º Carlos Frutuosa realça que, durante muito tempo, as pessoas da cidade desconhe-ciam o que se fazia para lá dos impo-

A cidade de Santo Tirso acolhe uma das mais reputadas escolas profissionais agrícolas do país. Nas margens do rio Ave, a renovada Quinta de Fora e a Quinta de Dentro, localizada no antigo Mosteiro de São Bento, acolhem um ensino profissional de elevada qualidade, reforçado pela aliança criada entre a inovação e a tradição.

Uma Escola centenária que se reinventa e cativa pelo reconhecimento do seu ensino

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EnsinoEscola Profissional Agrícola Conde de São Bento 45

Maria José Sousa, licenciada em Química, é atualmente diretora do Curso Profissional de Produção Agrá-ria da EPACSB. A reestruturação dos cursos levada a cabo no ano letivo transato fez com que o 2º e 3º anos

mantenham a designação de Curso Profissional de Produção Agrária, en-quanto o 1º ano se apresente como Curso Profissional de Técnico de Agro-pecuária. Este é um curso de vertente agrícola que acolhe a maioria dos estu-dantes da EPACSB, num total de 170 alunos.

Em termos técnicos nos dois primei-ros anos são abordadas as vertentes da produção agrícola (vegetal, animal e transformação de produtos agroali-mentares).

No 1º ano os alunos beneficiam da componente teórico-prática realizada na Escola, usufruindo da exploração agrícola e de todas as instalações e se-

tores de apoio à área da transforma-ção, a adega, a oficina de lacticínios, assim como a unidade de transforma-ção.

No 2º ano os estudantes saem da Es-cola para realizarem três FCT (Forma-ção em Contexto de Trabalho) em ca-da uma das três vertentes do curso. Colocados em formações em contexto de trabalho vão duas semanas para uma exploração da vertente animal, duas semanas da vertente vegetal e, fi-nalmente, duas semanas para uma uni-dade de transformação agroalimentar.

No 3º ano os estudantes devem es-colher uma das três vertentes do curso e, no final do ano letivo, fazem uma

FCT mais alargada, de cerca de dois meses, nessa área.

As parcerias criadas com mais de 100 empresas asseveram que os alu-nos tenham estágio garantido no âm-bito a FCT. Surgem depois alguns con-tactos com empresas que pretendam um trabalho colaborativo que vai além da formação em contexto de trabalho, como por exemplo, a marca de cerve-ja artesanal Sovina.

As saídas profissionais deste curso são múltiplas, sendo estes alunos altamente requisitados por várias empresas. Procu-ra a que a Escola não consegue dar res-posta, dado o volume de carência de téc-nicos qualificados nesta área.

Maria do Rosário Ribeiro, profes-sora de Português, é diretora do Curso Profissional de Restauração desde 2009. Pela primeira vez, no ano letivo 2016/17, o 1º ano apre-

senta-se em duas formações distin-tas: Restaurante/Bar e Cozinha/Pastelaria, enquanto o 2º e 3º anos continuam no curso de Restauração com duas variantes - Cozinha/Pas-telaria e Restaurante/Bar, num total de cerca de 120 alunos.

As saídas profissionais são de Técnico de Restaurante e/ou Bar e Técnico de Cozinha e/ou Pastela-ria. Segundo a diretora, “este é um curso de moda, mas que entendo ser um curso de amor a uma causa. Se não houver amor ao ramo da hotelaria não se consegue ser um bom técnico de restauração”. Sen-

do um curso recente, enquanto Curso Profissional existe desde 2010, este beneficia muito das no-vas instalações localizadas na Quinta de Fora. Esse espaço en-contra-se aberto ao público, uma vez por semana, tornando-se uma mais-valia para os alunos que con-seguem assim colocar em prática a formação dada em contexto de sa-la de aula.

Estes alunos são oriundos, essen-cialmente, do concelho Paços de Ferreira, região onde a EPACSB “está muito bem cotada” como Es-cola de referência. Maria do Rosário

Ribeiro destaca a qualidade e expe-riência dos formadores da vertente prática que “motivam muito os alu-nos, fazendo com que a Escola seja procurada por referência, por ami-gos ou familiares de ex-estudantes”.

As parcerias criadas há vários anos com grandes grupos hoteleiros garantem o FCT de todos os alunos no 2º e 3º anos, sendo que, mais re-centemente, surgem parceiros lo-cais, do concelho de Santo Tirso, que também solicitam alunos para FCT. Porém, neste momento, a pro-cura de técnicos é muito superior à capacidade de resposta da Escola.

Cláudia Cardoso, professora de Biologia e da disciplina de Sanidade e Reprodução de Animais em Cativei-ro, é diretora do Curso Profissional de Tratamento de Animais em Cativeiro um Curso de Educação e Formação

que confere equivalência ao 9º ano de escolaridade.

Os alunos que se inscrevem num curso CEF têm um percurso irregular com (pelo menos) duas retenções até ao 9º ano. Desta forma, o Curso de Educação e Formação de Tratamen-to de Animais em Cativeiro apresen-ta-se altamente apetecível para estes jovens que conseguem concluir o 3º ciclo do ensino básico de uma forma mais prática, através de um curso que equilibra a carga horária em contexto de sala de aula com traba-lhos práticos. Na Secção de Animais em Cativeiro eles aprendem a lidar

com os vários animais que lá se en-contram, desde répteis, a insetos, passando pelos mamíferos, até às aves. Devem cuidar dos animais, lim-pando as suas instalações. Na choca-deira participam na reprodução de galinhas e codornizes.

A professora Cláudia Cardoso assu-me que esta forma mais prática de aprender “brincando” permite que muitos jovens se sintam motivados para continuar os seus estudos, maio-ritariamente, na área da Natureza, continuando estudos no Ensino Pro-fissional da Escola. Falamos no pre-sente ano letivo num total de 17 alu-

nos oriundos de vários concelhos co-mo Braga, Vila do Conde, Vizela, Guimarães e Paços de Ferreira.

No final do curso os alunos reali-zam Estágios em contexto de traba-lho, entre seis a sete semanas, em lojas de animais, centros veteriná-rios, etc. Casos houve de jovens que se mantiveram no centro veterinário auxiliando em tarefas como tosquias e lavagens ou passeio de animais in-ternados.

Entre as parcerias estabelecidas a diretora de curso destaca a colabora-ção contínua com o Zoo de Lourosa e o Zoo da Maia.

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Ensino Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento46

Mai2017

Oferta Formativa

Cursos de Educação e Formação: Tratador de Animais em Cativeiro

Cursos Profissionais Técnicos Nível IV: Agropecuária • Cozinha/Pastelaria • Restaurante/Bar

Técnico de Turismo Ambiental e Rural

Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP): Técnico Superior em Cuidados Veterinários

Largo Abade Pedrosa, nº1 Santo TirsoTel.: 252 808 690/1/2/3/4/5/6/7/8 • http://epacsb.pt/

Novos cursos:

Helena Tomás, formada em Biolo-gia e Geologia, é diretora do Curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural. Este curso, em funcionamen-to há 18 anos, confere aos seus alu-

nos competências técnicas e tecno-lógicas no âmbito do turismo rural e ambiental e, em simultâneo, procura que estes encontrem um espaço pa-ra o seu desenvolvimento e realiza-ção pessoal.

O objetivo geral do curso intenta proporcionar aos jovens uma forma-ção adequada às exigências do turis-mo em particular e ao mundo do tra-balho em geral, através de uma rela-ção harmoniosa entre a vertente teórica e a sua aplicação real no con-texto de formação no trabalho.

Estes estudantes podem assim vir a desenvolver funções em unidades de

turismo em espaço rural; parques de campismo; pousadas de juventude; na receção de hotéis, podendo mes-mo, numa ação empreendedora, criar empresas ligadas ao setor do Turismo Ambiental e Rural.

Com três turmas, uma em cada ano de curso, os cerca de 60 alunos são oriundos fundamentalmente de Paços de Ferreira e de Santo Tirso. A diretora de curso afirma que estes estudantes se sentem realizados: “Pretendemos que eles tenham uma componente prática ativa, procura-mos envolvê-los muito nas atividades que fazemos, desde as visitas de es-

tudo à organização de eventos e en-volvê-los em projetos de cidadania o que acaba por ser uma mais-valia em termos profissionais”.

O leque de 100 instituições parcei-ras nos setores da restauração, hote-laria, turismo da natureza, etc. per-mitem que os estudantes estagiem na área que mais se coaduna com as suas expetativas profissionais. Se, por exemplo, em 2015, cinco alu-nos num total de 20 prosseguiram para o ensino superior, outros enve-redam para o mercado de trabalho ficando, alguns, nas empresas onde realizaram estágio.

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130 anos de História

Instituto Superior de Contabilidade e Administração do PortoRua Jaime Lopes Amorim s/n 4465-004 S. Mamede de Infestae-mail: [email protected] | T: 229050000 | F: 229025899 site institucional: www.iscap.ipp.pt

ISCAP, Escola de referência emCIÊNCIAS EMPRESARIAIS

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