dr. eurico castro alves, diretor do departamento de cirurgia do...

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Dezembro Edição nº10 Distribuição a Nível Nacional com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente. Dr. Eurico Castro Alves, diretor do Departamento de Cirurgia do CHP "O Departamento de Cirurgia superou a sua performance em 2016"

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Dr. Eurico Castro Alves, diretor do Departamento de Cirurgia do CHP

"O Departamento de Cirurgia superou a sua performance em 2016"

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Departamento de Cirurgia – Centro Hospitalar do Porto

Quem nos introduz nesta visita é o Dr. Eurico Castro Alves, médico espe-cialista em Cirurgia Geral, assistente graduado sénior e, desde dezembro de 2015, diretor do Departamento de Ci-rurgia do Centro Hospitalar do Porto (CHP).

Nesta entrevista, levantámos o véu sobre toda a temática que desenvolve-mos em conversa com os profissionais que lideram os Serviços e os Centros de Referência em Oncologia.

O espaço hospitalar tem múltiplas funções, todas elas de similar impor-tância, mas duas, pela sua visibilidade junto da comunidade, contribuem de forma significativa para a imagem ex-

permitindo que, diariamente, os doen-tes sejam tratados com qualidade e se sintam satisfeitos com os cuidados prestados. “A eficiência vs. qualidade deste serviço são fatores que se dili-genciam diariamente em cada ato mé-dico, do mais simples ao mais comple-xo”.

No CHP, trabalha-se com o intuito de garantir que os cidadãos têm acesso aos mais inovadores trata-mentos, beneficiando do que melhor que se pratica na esfera global. “É is-so que os nossos profissionais procu-ram”, garante Dr. Eurico Castro Al-ves. “O doente que é operado no Departamento de Cirurgia do CHP é intervencionado sob a orientação das mais exigentes guide lines mun-diais. Os nossos profissionais estão altamente capacitados para exerce-rem a prática clínica com o acesso ao mesmo nível de tratamentos, sen-do que os doentes têm ao dispor to-da a medicação necessária”, conti-nua.

Grandes áreas de intervenção O Departamento de Cirurgia do

CHP realiza o melhor que o estado da Arte permite nos Serviços que integra: Angiologia e Cirurgia Vascular; Cirur-gia de Ambulatório; Cirurgia Geral; Cirurgia Plástica; Maxilo-Facial e Esto-matologia; e Urologia. Com médicos--cirurgiões empenhados, que procu-ram o conhecimento através da reali-zação de estágios noutros Centros, nacionais e internacionais; participan-do ativamente em congressos da espe-cialidade, onde se fomenta a partilha de saber e a troca de experiências; ou através da colaboração com a vertente de Ensino, aqui o conhecimento apri-mora-se a cada procedimento. “Não somos melhor que os melhores, mas temos que ser iguais e trabalhamos para isso todos os dias”, assevera.

Neste universo a formação que é dada dentro de portas merece gran-de destaque por parte do nosso in-terlocutor: “Formamos cirurgiões. Damos formação aos mais novos de um modo muito empenhado, acau-telando, evidentemente, em todas as circunstâncias, a qualidade do trata-mento e a segurança dos doentes”. Segurança, qualidade e eficácia são os três lemas que regem o funciona-mento do Departamento de Cirurgia do CHP. Com base nisto concede-se formação pré-graduada � integrado num Hospital-Escola, “todo o De-partamento de Cirurgia está forte-mente envolvido no curso de Medici-na que se revela uma mais-valia, por-que envolve toda a equipa na dinâ-mica académica, impulsionando-nos a estar up-to-date em termos de for-mação, algo que naturalmente se re-flete na qualidade do serviço presta-do”.

Dr. Eurico Castro Alves é um pro-fissional que vê no diálogo e na par-tilha de ideias o primeiro passo para o sucesso. “Em maio, realizámos uma reunião que envolveu todo o Departamento de Cirurgia compos-to por mais de 400 pessoas. Aí, pen-sámos no que podemos fazer e para onde queremos ir “. A explicação dos ensejos que conduzem à defini-ção de determinadas metas motiva e gera resultados. Dessa ação foi apontada uma série de objetivos que vieram a ser alcançados praticamen-te na totalidade. “Os profissionais do Departamento de Cirurgia do CHP excederam as expetativas”. É com notório orgulho que o nosso interlo-cutor realça a ação de todos os ele-mentos da equipa que, afirma, “tra-balham com um sentido de compro-misso para com o trabalho e os obje-tivos que têm que ser alcançados, algo que para mim é motivo de gran-de satisfação”.

terna de um Hospital. Falamos do Serviço de Urgência e do Serviço de Cirurgia. Foquemo-nos neste último que contempla em si toda a produção cirúrgica da Unidade, gere listas e tempos de espera para consulta de es-pecialidade e cirurgia, etc.. Neste uni-verso, uma das funções primordiais do Departamento de Cirurgia, que pla-neia todos estes vetores e organiza a dinâmica dos trabalhos, passa por as-severar que tudo funciona harmonio-samente com a garantia da meticulosi-dade de todas as práticas médicas.

A destreza e a ciência do Departa-mento de Cirurgia ganham forma na coordenação de todas estas vertentes,

Nesta edição do Perspetivas, percorremos os corredores do Hospital de Santo António – Centro Hospital do Porto (CHP) por forma a ilustrar a dinâmica, o empenho e o vanguardismo do Departamento de Cirurgia, que tem dado cartas na prática e organização clínicas. Nas próximas páginas, convidamo-lo a perceber o trabalho que, no quotidiano, ali se constrói.

A qualidade e o empenho dos profissionais são passos cruciais para o sucesso

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Serviço de Cirurgia Geral – CHP

Metas e superaçãoNo ano transato, o Ministério da Saú-

de concedeu o título de Centro de Refe-rência Oncológico a quatro grupos de trabalho do CHP, os quais passaremos a apresentar posteriormente (Cancro He-patobilio-Pancreático; Cancro do Reto; Cancro do Testículo; Sarcomas das Par-tes Moles e Ósseas [em parceria com o IPO-Lisboa]). Este é o reconhecimento de uma realidade que foi sendo desen-volvida ao longo das últimas décadas e que, nas palavras do nosso interlocutor, se prende com a elevada qualidade dos profissionais que ali colabora, “pessoas altamente preparadas, treinadas e em-penhadas”. Aliás, o empenho dos pro-fissionais é realçado sobremaneira co-mo o ponto-chave de todo este sucesso.

Simultaneamente, alcançou o 1.º Prémio de Boas Práticas Hospitalares, atribuído no Congresso da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hos-pitalar, com o projeto “Clínica Cirúrgi-ca”. O referido projeto, inovador em território nacional, consiste num mo-delo simples de check-in e check-out dirigido aos utentes. Encaminhados para um espaço denominado Clínica Cirúrgica aguardam, confortavelmen-te, pela autorização de saída ou entra-da no Hospital, sempre acompanha-dos por profissionais de saúde que os orientam e fornecem as recomenda-ções necessárias. Esta fase intermédia aumentou substancialmente a qualida-de de vida dos pacientes, assim como a dos profissionais que convivem num ambiente mais coordenado e estável.

Não podemos deixar de realçar que, no seguimento das boas práticas hos-pitalares, o Hospital de Santo António (Centro Hospitalar do Porto) conquis-

tou, num ranking divulgado este mês, o primeiro lugar entre os grandes hos-pitais públicos portugueses.

2016 foi um ano de superação para o Departamento de Cirurgia e, natural-mente, para todos os profissionais que o integram. Com muita satisfação o Dr. Eurico Castro Alves avança que o De-partamento de Cirurgia melhorou a sua performance em 2016 praticamente em todos os indicadores, verificando-se uma diminuição da lista de espera cirúr-gica a par da diminuição do tempo má-ximo de reposta garantido em todos os serviços (ver caixa).

Entre as inovações apresentadas este ano (2016) pela atual direção, salienta-mos o vanguardismo do Serviço de Ci-rurgia Geral de Ambulatório que, inte-grado no CICA -  Centro Integrado de Cirurgia Ambulatória, aumentou subs-tancialmente a produção cirúrgica do Hospital ao alcançar algo que o médico classifica como “raríssimo em Medici-na”: oferece benefícios ao doente – com menores tempos de internamento – e à instituição de Saúde – que gasta menos recursos com a presença prolongada do doente em regime hospitalar.

Recentemente foi também ampliado o Serviço de Urgência da Cirurgia que por via de uma reorganização funcio-nal passou a usufruir de 500m2 de es-paço de trabalho quando, anterior-mente, se restringia a 70m2.

Liderando uma equipa que apresen-ta enorme qualidade e um empenho incomensurável, o Dr. Eurico Castro Alves exalta que essa qualidade já pre-sente em cada um dos elementos pas-sou a ser direcionada e colocada ao serviço do Departamento e do Centro Hospitalar.

A Unidade de Cirurgia Digestiva tem como Coordenador o Prof. Doutor Jor-ge Santos e foca-se na abordagem clíni-ca do tubo digestivo. Situada no piso 4 do Edifício Dr. Luís de Carvalho ali atuam dois Grupos de trabalho que conquista-ram a recente distinção de Centro de Referência. O Grupo de Cirurgia Esófa-go-Gástrica incorpora o Centro de Refe-rência para a área de Oncologia de Adul-tos - Cancro do Esófago, coordenado pelo Dr. Carlos Nogueira. Este Grupo é, também, responsável pelo Tratamento Cirúrgico da Obesidade. O Grupo de Ci-rurgia Colorretal é sede do Centro de Referência para a área de Oncologia de Adultos - Cancro do Reto, coordenado pela Dra. Marisa Santos.

A Unidade de Cirurgia Extra Digesti-va, coordenada pelo Dr. Vítor Valente, dedica-se à Cirurgia Endócrina, da Pare-de Abdominal e de Tecidos Moles e os seus Cirurgiões integram, ainda, a Equi-pa multidisciplinar da Unidade da Ma-ma, que está sediada no Centro Mater-no-Infantil do Norte e é coordenada pe-lo Dr. José Polónia. Numa parceria cria-da entre os Serviços de Ortopedia, Oncologia Médica e Cirurgia Geral, esta Unidade pertence ao Centro de Refe-rência na área de Oncologia de Adultos - Sarcomas das Partes Moles e Ósseos, coordenada pelo Dr. Pedro Cardoso.

A Unidade de Cirurgia Hépato-biliar e Pancreática – HEBIPA, coordenada

pela Dra. Donzília Sousa Silva, locali-za-se no piso 5 do Edifício Dr. Luís de Carvalho e realiza todas as cirurgias do fígado, das vias biliares e do pâncreas. A HEBIPA Integra em si um Centro de Referência na área de Oncologia de Adultos – Cancro Hepatobilio/Pan-creático, cujo Coordenador é o Dr. Jo-sé Davide. Os Cirurgiões da HEBIPA integram, ainda, os Centros de Refe-rência paras as áreas de Transplante Hepático e de Pâncreas.

O nosso interlocutor considera que es-te esquema organizacional permite criar um espírito de Equipa e um relaciona-mento multidisciplinar que tem como objetivo máximo o tratamento adequado e otimizado de cada doente.

Na sua globalidade o Serviço integra 23 Cirurgiões e 13 Internos de Forma-ção Específica em Cirurgia Geral. Esta Equipa assegura um movimento do Bloco Operatório que ronda os três mil e setecentos doentes operados por ano, garantindo mais de 20 mil consul-tas anuais.

O Serviço de Cirurgia Geral e os Cen-tros de Referência recebem doentes não só da Área Metropolitana do Porto e das suas áreas de referenciação, como tam-bém de múltiplos hospitais do Norte do país, que culminam sempre numa abor-dagem multidisciplinar, único garante de Cuidados de Saúde diferenciados e de excelência.

Diretor do Serviço de Cirurgia Geral, Dr. José Davide fala-nos das três Unidades que o compõem.

A excelência assistencial num Serviço que incorpora quatro Centros de Referência

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Serviço de Urologia – CHP Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular – CHP

Prof. Dr. Avelino Fraga, médico espe-cialista em Urologia, assistente gradua-do sénior, fez o seu percurso académico no ICBAS - Instituto de Ciências Abel Salazar, integrado no Centro Hospitalar do Porto (CHP), tendo realizado depois o Internato no Hospital de Santo Antó-nio - CHP, caraterizando-se por ter sido o primeiro interno a escolher a especia-lidade de Urologia e ter realizado todo o seu percurso neste Serviço, onde hoje é o atual diretor.

Inicialmente denominado de Serviço de Urologia e Venereologia, natural-mente esta Unidade foi acompanhando o “estado da Arte” desenvolvendo-se e modernizando-se, facto que lhe permite oferecer todos os meios técnicos e hu-manos para a realização de toda a práti-ca clínica no âmbito da Urologia e da Andrologia, do adulto e da criança.

Localizado no 8.º piso do Edifício Dr. Luís de Carvalho, as 32 camas existen-tes designadas para o Serviço são sujei-

tas a um forte plano organizacional que visa dar resposta às cerca de duas mil ci-rurgias realizadas anualmente, reflexo de um volume de consultas que ascende às 25 mil. Para dar resposta a este uni-verso de casos a equipa dispõe de 12 médicos especialistas e oito internos.

Com profissionais especializados nas diferentes patologias que afetam o apa-relho genital e urinário masculino - rim, uréter, bexiga, próstata, pénis e testícu-lo, são diversas as doenças que acome-tem os indivíduos que ali acorrem. Po-demos citar os cálculos renais - pedras nos rins e/ou nas vias urinárias; a incon-tinência urinária; as doenças sexual-mente transmissíveis; as infeções do tra-to urinário; os tumores do aparelho uri-nário aqui diagnosticados e tratatos - na vertente adulto e criança. O Prof. Dou-tor Avelino Fraga realça o proeminente trabalho coordenado com o IPO-Porto na patologia neoplásica do testículo, on-de são Centro de Referência. A Oncolo-gia da próstata, da bexiga e do rim, é muito frequente, realizando todo o tipo de tratamento destas importantes pato-logias.

O Serviço colabora ainda com o Cen-tro Materno-Infantil do Norte na proble-mática da infertilidade masculina, sendo de destacável realce a ação desenvolvida na Urologia Pediátrica no âmbito das mal formações genitais masculinas.

Atentos à realidade e aos avanços da técnica, a laparoscopia assume hoje protagonismo na ação cirúrgica deste Serviço por ser uma técnica minima-mente invasiva realizada sob efeito de anestesia que confere maior conforto aos sujeitos intervencionados, nomea-damente no Transplante de Rim e na ci-rurgia da Próstata e da Bexiga”.

O Serviço de Urologia do Hospital de Santo António - CHP é o mais antigo do país, tendo sido criado no ano de 1924 pelo Dr. Óscar Moreno. Este Serviço tem a particularidade de, ao longo dos seus 92 anos de história, ter tido apenas sete diretores, sendo dirigido atualmente pelo nosso interlocutor, o Prof. Doutor Avelino Fraga.

Urologia: a inovação acontece no primeiro Serviço da especialidade em Portugal

O Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santo Antó-nio está organizado para responder aos doentes da sua área de referen-ciação e também prestar uma res-posta igualmente eficaz a todos os pacientes oriundos de outras áreas.

Os doentes com doença varicosa, que durante décadas tiveram difi-culdade em aceder a tratamento no Serviço Nacional de Saúde, “com o programa de cirurgia de ambulató-rio de varizes, que a administração teve a visão de aprovar e promo-ver, permitiu dar uma resposta te-rapêutica em tempo útil a todos os doentes venosos que nos procu-ram”. Convém referenciar a impor-tância que a Consulta Multidiscipli-nar de Pé Diabético tem neste Ser-

viço dado que cerca de 40% dos doentes internados são encami-nhados pela Consulta Aberta de Pé Diabético disponibilizada no Hos-pital.

O  Serviço foi também pioneiro na promoção de toda a atividade de transplantação de órgãos do Hospital de Santo António. Assim os membros do Serviço colabora-ram, ou colaboram, ativamente nos programas de transplantação de rim, rim/pâncreas e fígado, cre-ditados como Centros de Referên-cia Nacional no tratamento destes doentes adultos e pediátricos.

Com um corpo clínico composto por 13 médicos e 23 enfermeiros que mantém uma relação íntima com o ensino pré e pós-graduado, a atividade científica apresenta-se como um fator de diferenciação deste serviço. Os dois elementos doutorados do Serviço, a Dr.ª Ivo-ne Silva e o Dr. Rui Machado, au-mentam a necessidade de investi-gar e publicar com qualidade em revistas nacionais e internacionais. O Serviço tem promovido o desen-volvimento de várias linhas de in-vestigação, com publicação de múl-tiplos artigos e apresentação de co-municações orais e que culmina-ram na obtenção de múltiplos prémios e graus académicos pelos seus elementos.

Ao longo das últimas quatro décadas os serviços médicos prestados nesta área evoluíram de forma categórica. Como refere o Prof. Rui de Almeida, diretor de Serviço e regente da Cadeira de Cirurgia II do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS-UP, “passamos do doente idoso que era submetido a uma cirurgia convencional mais agressiva do ponto de vista fisiológico e que limitava a sua aplicação, para a recente utilização de métodos endovasculares, frequentemente realizados sob anestesia local e com pequeníssima agressão fisiológica, que representa já cerca de 70% do total das intervenções realizadas no Serviço".

Aposta na inovação tecnológica e excelência na formação, investigação e assistência médica

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Serviço de Cirurgia Plástica – CHPServiço de Cirurgia Maxilo-facial/Estomatologia – CHP

Este Serviço atende às necessida-des de uma população heterogénea, sendo que no caso das doenças con-génitas a equipa acompanha pacien-tes desde os zero anos de idade, en-quanto que a vertente oncológica se manisfesta, em maior, número nos indívíduos adultos.

A equipa de Cirurgia Maxilo-facial é composta por quatro elementos, sendo sete os profissionais que in-corporam a vertente da Estomatolo-gia.

Realce-se que este é o único Servi-ço de Cirurgia Maxilo-facial/Estoma-tologia no Norte do país que tem Serviço de Urgência 24 horas por dia ao longo de todo o ano. Neste âmbito são realizadas 20 mil consul-tas e mil cirurgias por ano.

Naturalmente a evolução da téc-nica tem beneficiado altamente a ação dos profissionais de Saúde. “O CHP está na linha da frente

dentro das técnicas maxilo-faciais existentes, o que nos permite reali-zar todos os atos médicos com se-gurança, prezando sempre pela qualidade máxima do atendimento ao doente”, garante o nosso inter-locutor, Dr. Carlos Monteiro, dire-tor de Serviço.

Assente numa visão agregadora, o Serviço de Cirurgia Maxilo-facial/Estomatologia do Centro Hospitalar do Porto tem em curso um projeto que visa oferecer um cuidado alta-mente valorizado no âmbito das mal formações congénitas, “anormalida-des físicas presentes no momento do nascimento”. Falamos a título de exemplo de patologias genéticas co-mo a fenda do palato, o lábio lepori-no e as mal formações genéticas co-mo a vertente craniofacial (síndrome de Crouzon, síndrome de Apert, en-tre outros) que devem ser devida-mente seguidas e corrigidas. Este acompanhamento do crescimento do indivíduo decorre ao longo das duas primeiras décadas de vida, sen-do sujeito a consultas regulares e, no mínimo, a seis intervenções cirúrgi-cas, para além de todo o tratamento ortodôntico que permite que as con-sultas sejam feitas gradualmente res-peitando os objetivos propostos.

Geralmente, na globalidade destes tratamentos, não existe um acompa-nhamento regular de cada processo. Sendo crucial o desenvolvimento de um tratamento assertivo, o Hospital de Santo António – CHP, está foca-do na criação desta cadeia de ação que está a ser implementada de for-ma e prevê uma maior organização deste esquema de tratamentos.

O grande core do Serviço de Cirurgia Maxilo-facial/Estomatologia do CHP prende-se com as vertentes oncológica da cabeça e pescoço, o trauma, as más formações congénitas, a patologia da articulação temporomandibular, a patologia das glândulas salivares, e a patologia oral.

Centro Hospitalar do Porto na linha da frente da cirurgia maxilo-facial

O nosso entrevistado, Dr. Abel Mes-quita, licenciado em Medicina pela Fa-culdade de Medicina do Porto, espe-cializou-se em Cirurgia Plástica e Esté-tica pelo Hospital da Prelada e Hospi-tal de Santo António, tendo complementado a sua formação no Hospital Gea Gonzalez na Cidade do México.

Diretor do Serviço de Cirurgia Plás-tica do Hospital Pediátrico Maria Pia desde 1998 até à data da constituição do Centro Hospitalar do Porto, pas-sou então a dirigir o Serviço de Cirur-gia Plástica do CHP direcionado para adultos e crianças. Consciente da im-portância deste Serviço, presente nu-ma área de referenciação populacio-nal bastante alargada, o nosso interlo-cutor movimentou todos os esforços necessários para ampliar a equipa de cirurgiões que hoje o acompanham e criar o atual Serviço de Cirurgia Plásti-ca do CHP.

Neste espaço onde a evolução da técnica e a formação são pedras basi-lares de toda a prática clínica são pres-

tados os cuidados médico-cirúrgicos necessários a indíviduos desde o nasci-mento até à idade adulta.

Toda a ação do Serviço de Cirurgia Plástica assenta em três grandes veto-res: a Cirurgia Plástica Geral, a Re-construção Mamária, realizada de for-ma articulada com o Serviço de Cirur-gia Geral do Centro Hospitalar do Porto e a Cirurgia Plástica Pediátrica.

Com uma forte tradição no trata-mento da criança, a equipa do Serviço de Cirurgia Plástica lança a ideia para a criação de um projeto mobilizador direcionado para a área pediátrica.“Era fundamental que o CHP apostasse nu-ma Unidade de Queimados Pediátri-ca, inserida no Centro Materno-Infan-til do Norte”, alerta o Dr. Abel Mesqui-ta. No Centro Materno Infantil do Norte existem todas as Especialidades Pediátricas devidamente articuladas entre si e com vasta experiência no tratamento das mais variadas patolo-gias. Este facto aliado à excelência das instalações permitiria um adequado tratamento da criança com queimadu-ras. O especialista lança este desafio que permitiria também um maior con-forto para os pais que poderiam estar presentes ao lado dos seus filhos em processos de tratamento e interna-mento bastante prolongados.

O nosso entrevistado tenciona que o Serviço de Cirurgia Plástica do CHP venha a diferenciar-se cada vez mais e sempre direcionado para a vertente de adulto e criança nas suas múltiplas patologias. São vários os desafios e a aposta passa pelo reforço deste cami-nho, com a premente necessidade de ampliar a equipa médica que dá res-posta a uma vasta atividade assisten-cial clínica e cirúrgica.

Entre os Serviços Hospitalares que integram o Departamento de Cirurgia do Centro Hospitalar do Porto, encontramos o Serviço de Cirurgia Plástica dirigido pelo Dr. Abel Mesquita.

Projetos e metas lançadas com vista à excelência

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Unidade Hepatobilio-Pancreática – Centro Hospitalar do Porto

Em diálogo com o Dr. José Davide, atual coordenador do Centro de Referên-cia na área de Oncologia de Adultos – Cancro Hepatobilio/Pancreático, este ini-cia o seu discurso realçando a importân-cia da visão vanguardista do Prof. Dr. Ruy Branco enquanto Diretor do Departa-mento de Cirurgia: “Por sua iniciativa fo-ram criados três Serviços dedicados que permitiram a assunção de um Grupo de Cirurgia Hepática, Biliar e Pancreática”.

Com o impulso do Dr. Mário Caetano Pereira, os Cirurgiões Hepato-Biliares e Pancreáticos constituíram os alicerces pa-ra a fundação da Transplantação no Hos-pital de Santo António, nomeadamente, do Programa de Transplantação Hepática e do Programa de Transplantação Pan-creática, este último liderado pelo nosso interlocutor, Dr. José Davide.

O Grupo de Cirurgia Hepato-biliar e Pancreática tem dedicado o seu diário, nos últimos 20 anos, de modo sistemáti-co, ao tratamento da patologia de índole cirúrgica no âmbito das doenças que afe-tam as vias biliares, o fígado e o pâncreas. Trabalho imprescindível para que, em 11 de março de 2016, esta equipa tenha al-cançado o reconhecimento como Centro de Referência, detendo um conjunto de critérios, gerais e específicos, indispensá-veis para o efeito.

proativa de interação em prol da comuni-dade.

Na sua globalidade um Centro de Refe-rência resulta da união de esforços de di-versas áreas do saber médico/científico. O Grupo multidisciplinar que dá forma a este Centro de Referência é composto por Especialistas de Cirurgia Geral, Onco-logia Médica, Anestesiologia, Anatomia Patológica, Radiologia, Gastrenterologia, Hepatologia, Infeciologia, Medicina In-tensiva, Imuno-hemoterapia, Nutrição, Genética Médica, recebendo o apoio de todas as restantes Especialidades disponí-veis no CHP sempre que se revele neces-sário.

Sendo indispensável estar na vanguarda de tudo o que de novo se apresenta no âmbito da abordagem e da terapêutica (fármacos, recursos técnicos e tecnológi-cos) preconizadas nestas doenças, o Cen-tro de Referência na área de Oncologia de Adultos – Cancro Hepatobilio/Pan-creático do CHP é exemplo de inovação e constante atualização.

O seu Coordenador alerta a população para a crescente incidência do cancro do pâncreas e das vias biliares, nas últimas duas décadas, sendo o cancro do pân-creas a sexta causa de morte por cancro, no indivíduo adulto, em Portugal, e a quarta, a nível internacional.

A todo o trabalho relatado e consolida-do nos corredores do CHP assiste a ne-cessidade não só de, diariamente, impri-mir este modus operandi, mas essencial-mente a obrigatoriedade de criar uma ge-ração de Profissionais que permita dar continuidade a todo este caminho, absor-vendo as novas formas de estar/tratar que vão surgindo por meio da investiga-ção. Formar com qualidade e com com-petência, possibilitando a continuidade de um esforço de décadas, em prol de um trabalho pioneiro é assim crucial.

O Dr. José Davide termina realçando a abertura do Centro de Referência na área de Oncologia de Adultos – Cancro Hepa-tobilio/Pancreático a todos os Doentes. Nesse sentido, surgem as consultas aber-tas dirigidas a todos os indivíduos que pro-curam o tratamento e o apoio, muitos de-les direcionados por Profissionais de Saú-de que mantêm com o Centro Hospitalar uma estreita relação, que culmina (no âm-bito da doença hépato-biliar e pancreáti-ca) com o encontro da HEBIPA (“HEBI-PA Meeting”), que decorre anualmente, reunindo profissionais de vários países da Europa e do Brasil que “connosco vêm partilhar um conjunto de temáticas e que nos ajudam a manter a progressão e a atualização constantes do estado da arte na abordagem destas entidades”.

DiferenciaçãoA diferenciação dos Profissionais do

Grupo Hepato-biliar e Pancreático, que se dedica ao tratamento da doença onco-lógica do adulto, apresenta-se como um fator imprescindível para a nomeação do Centro de Referência, pois fornece a ex-periência e a desenvoltura necessárias pa-ra a prática de tratamentos mais diferen-ciados, como a cirurgia minimamente in-vasiva. Aliada a esta especialização, acres-ce, ainda, como mais-valia, a experiência em Transplantação Hepática e Pancreáti-ca dos seus atuais Cirurgiões (Dr. José Davide, Dr. Jorge Daniel, Dra. Donzília Sousa Silva, Dr. Paulo Soares e Dr. Antó-nio Canha).

A criação de equipas multidisciplina-res e a cooperação entre especialidades são, também, fundamentais. A Oncolo-gia Médica, dirigida pelo Prof. Doutor António Araújo, partilha os esforços en-vidados diariamente na HEBIPA. No âmbito da Gastrenterologia, “o CHP conta com o apoio da Diretora deste Serviço, a Prof. Doutora Isabel Pedroto, e com o Prof. Doutor Castro Poças, uma figura de referência nacional no universo da endoscopia do tubo digesti-vo”, salienta o Dr. José Davide. Simul-taneamente, o Grupo de Radiologistas, dirigido pelo Dr. Manuel Ribeiro, inte-gra Radiologistas de Intervenção que garantem assistência 24 horas por dia, dos quais destaca “o Dr. Manuel Teixei-ra Gomes”, que comunga a presença neste grupo multidisciplinar”.

No que concerne à Radioterapia, o CHP tem um protocolo de colaboração com o IPO-Porto “indispensável para a concretização do Centro de Referência”. Este conceito de partilha apresenta uma significativa importância na edificação destes Centros de Referência, numa visão

O reconhecimento da Unidade Hepato-biliar e Pancreática (HEBIPA) do Centro Hospitalar do Porto (CHP) como Centro de Referência é o corolário do trabalho e da filosofia introduzidos no quotidiano do Hospital há mais de duas décadas.

Experiência e dedicação ao tratamento do cancro que afeta as vias biliares, o fígado e o pâncreas

Sabia que…O título de Centro de Referência não é definitivo e “deve ser reconhecido e acre-

ditado por uma entidade com credibilidade nacional e internacional, como capaz de proceder a esta atividade”. Nesse sentido, o CHP é um Hospital acreditado por uma instituição internacional, que em 2015 revalidou esse título, sendo um indica-dor positivo para a continuidade do trabalho de sucesso aqui efetuado.

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SaúdeCentro de Referência de Oncologia – Cancro do Reto de Adultos – Centro Hospitalar do Porto 7

Dez2016

A nossa entrevistada, a Dra. Marisa Santos, fala enquanto coordenadora do Centro de Referência de Oncologia – Cancro do Reto de Adultos e cirurgiã colorretal da escola cirúrgica do Hospi-tal de Santo António, realçando em início de conversa as figuras do Dr. Ruy Branco e da Dra. Anabela Rocha “como referências da cirurgia colopro-tológica não só no CHP como no país”.

Recentemente criados, os Centros de Referência têm pouca experiência e im-pacto em termos populacionais, porém no CHP este foi apenas um marco num trabalho que se desenrola há décadas.

O Centro de Referência de Oncologia – Cancro do Reto de Adultos agrega um conjunto de profissionais de várias espe-cialidades (entre os quais oncologistas e cirurgiões dedicados à cirurgia colorre-tal, subespecializados em cancro do re-to), facto que concede à população uma medicina de excelência. Estas equipas multidisciplinares trabalham com vista a “um serviço altamente diferenciado sob o ponto de vista técnico, científico e hu-mano”. Neste âmbito, realce-se a parce-ria com a equipa de Radioterapia do IPO-Porto que participa nas consultas de grupo de oncologia, nas quais se reali-zam os planos terapêuticos de cada doente.

Cancro do reto A coordenadora explica-nos que o

cancro colorretal é “extremamente fre-quente, sendo a segunda causa mais co-mum de cancro a nível dos países mais desenvolvidos nos quais se inclui Portu-gal e diretamente relacionado com o en-

para muitos pacientes. É fundamental que haja uma relação empática e de to-tal confiança entre ambas as partes”, aponta.

Quanto ao doente, a coordenadora considera de premente importância aler-tar a população para “perante os primei-ros sintomas – sangue nas fezes, por ex. – agir, alertando de imediato o seu médi-co de família, caso contrário comprome-te-se a melhor solução terapêutica”.

Dependendo do estadio em que a doença seja detetada, naturalmente a equipa de especialistas elabora um pro-grama de intervenção e tratamento dire-cionado a cada indivíduo. Estamos a fa-lar, no caso de um estadio precoce, da realização de uma remoção endoscópica ou cirúrgica da lesão. Perante uma situa-ção em que se verifique uma neoplasia localmente avançada, o procedimento toma outro rumo, sendo necessária uma estratégia terapêutica multidisciplinar concertada de forma a prestar o melhor tratamento possível. “Todos estes desíg-nios estão devidamente instalados no CHP, o que nos permite oferecer ao doente uma perspetiva e uma qualidade de vida equiparável à existente nos me-lhores centros a nível mundial”, garante a especialista.

O prognóstico da doença depende muito do correto planeamento terapêu-tico, “portanto perante um plano ade-quado a probabilidade de se atingir ele-vadas taxas de sobrevivência é enorme”. Este facto tem maior relevo em cancros do reto localmente avançados que, sen-do sujeitos a uma terapêutica ideal, os-tentam um prognóstico muito bom para uma parte substancial dos casos clínicos, “realidade que beneficia sobremodo o doente e motiva o profissional que o acompanha”. “É altamente estimulante trabalhar esta área, à qual estou, inclusi-ve, a dedicar a minha tese de doutora-mento”, realça Dra. Marisa Santos.

Sendo esta uma patologia altamente prevalente existem várias armas tera-pêuticas que podem ser utilizadas “de

forma eficaz e que apresentam resulta-dos francamente animadores”. Para tal, a evolução das técnicas cirúrgicas e dos fármacos teve um peso considerável. Evidentemente, se a doença for diagnos-ticada num estadio muito avançada, o processo será alvo de maior complexida-de, porém “mesmo para esses casos, neste tipo de cancro, existem soluções que apresentam melhores resultados comparativamente com outras neopla-sias , conseguindo-se (muitas vezes) au-mentar a sobrevivência e a qualidade de vida do doente de uma forma significati-va”.

Investigação e parceriasSão cerca 50 os novos casos de doen-

tes com cancro do reto que, anualmen-te, chegam ao Hospital de Santo Antó-nio. Sendo a investigação um ponto fundamental no desenvolvimento de novas formas de ver e tratar a doença, o Centro de Referência de Oncologia – Cancro do Reto de Adultos produz investigação ativa e marca presença regular em publicações científicas. A nossa entrevistada revela inclusive ter em curso vários projetos e artigos so-bre a problemática do cancro do reto no âmbito do Grupo de Investigação da Patologia e Cirurgia Colorretal da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica/Instituto de Ciências Biomé-dicas Abel Salazar/Universidade do Por-to – UMIB/ICBAS/UP, do qual é a prin-cipal investigadora.

velhecimento celular”. Naturalmente, a prática continuada de um estilo de vida saudável pode ser fator de prevenção para esta patologia, porém não é garan-tia de sucesso. “A realização de uma me-dicina preventiva com o acompanha-mento dos Centros de Saúde, através da informação, da realização atempada dos exames de rastreio colorretal e do aces-so a consultas direcionadas, são funda-mentais para a deteção da doença num estadio precoce”.

Idealmente, na generalidade, todos os indivíduos saudáveis deveriam iniciar o seu programa de rastreio a partir dos 50 anos. O CHP manifesta, na voz da Dra. Marisa Santos, toda a vontade em acom-panhar os doentes que sofram desta pa-tologia. “Este é provavelmente um dos centros hospitalares que mais investe no doente. Estamos à distância de um email ou de um telefonema e se for necessário marcamos consultas em uma semana, não existindo lista de espera significativa para dar início à realização de um plano terapêutico. O nosso diálogo com os profissionais de Medicina Geral e Fami-liar não tem barreiras. Seria contudo ne-cessária a otimização entre a comunica-ção doente/médico, dado que esta é uma área melindrosa e constrangedora

O Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto (CHP) “tem um avanço de 25 anos no que concerne à setorização do Serviço de Cirurgia”, tendo sido o primeiro Hospital português a enveredar por este esquema organizacional que permite a subespecialização dos profissionais em áreas de trabalho. Em março de 2016 este percurso foi reconhecido com a criação dos Centros de Referência.

A importância dos Centros de Referência no Tratamento do Cancro do Reto

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Saúde Centro de Referência de Oncologia – Cancro do Esófago no Adulto – Centro Hospitalar do Porto8

Dez2016

O principal sintoma manifestado pelo doente que padece de neoplasia do esó-fago prende-se com a disfagia ou seja, di-ficuldade em deglutir/engolir. “Este é o sinal mais importante que devemos enal-tecer junto de todos aqueles que não co-nhecem este problema”, realça o Dr. Carlos Nogueira. De seguida surgem a regurgitação e a dor torácica ou abdomi-nal. Quais são os fatores predisponen-tes? Questionámos. O nosso interlocutor expõe a existência de dois grandes tipos de cancro do esófago: “O primeiro surge relacionado com o consumo excessivo de álcool e tabaco e que acompanha em paralelo o carcinoma de cabeça/pesco-ço e o do pulmão. O segundo está, es-sencialmente, ligado à patologia benigna do refluxo gastroesofágico, extremamen-te prevalente na sociedade e que, muitas vezes – com o decorrer dos anos e com a falta de tratamento – aparece sobre a forma de um cancro da transição esofa-gogástrica”.

curtar o período em que, verificados os primeiros sintomas/sinais, o doente en-tra em contacto com o profissional de Medicina Geral e Familiar. “É fundamen-tal que a população esteja atenta à im-preterível necessidade de diminuir este hiato temporal de modo a que a comuni-dade médica possa atuar mais eficaz-mente. Quando isso acontece, consegui-mos avaliar o doente numa fase ainda potencialmente tratável”. O profissional de Medicina Geral e Familiar tem aqui também um papel fundamental enquan-to recetor da informação e elemento que faz um primeiro rastreio ao doente. “A dificuldade em engolir nem sempre está associada à neoplasia do esófago, pode estar relacionado com questões do âmbi-to do sistema nervoso ou patologia da glândula tireóide, por exemplo”. Se o doente recorrer ao seu médico de família rapidamente, o CHP consegue em me-nos de uma semana observar o doente apenas com a suspeita fundamentada de doença. A partir deste momento, desen-cadeia-se uma panóplia de exames com-plementares de diagnóstico, com vista a atingir um diagnóstico definitivo. “Pre-tendemos com esta consulta que os uten-tes com neoplasia esofágica cheguem mais cedo ao nosso conhecimento. Na-turalmente, o volume de consultas será maior, assim como o número de doentes avaliados sem neoplasia, mas dado que a par da patologia oncológica, intervencio-namos muitos doentes com outras malei-tas relacionadas com o esófago, essas pessoas têm assim a possibilidade de se-rem igualmente tratadas”.

Reportando-se à experiência adquirida no passado pelo CHP, o Centro de Refe-rência de Oncologia – Cancro do Esófa-go no Adulto recebe entre 15 a 20 doen-tes por ano com cancro do esófago. Es-tes doentes enquadram-se, em média, na sétima década de vida.

A principal evolução verificada na área da Cirurgia do cancro do esófago relacio-na-se não só com o fulcral suporte dos

especialistas em Anestesiologia, como com as Unidades de Cuidados Intensi-vos. Sob o ponto de vista estritamente ci-rúrgico, a técnica avançou com a cirurgia minimamente invasiva, praticada no CHP, no âmbito do cancro do esófago, desde o início da década. “Neste mo-mento, praticamente, fazemos todas as cirurgias do esófago por via mini invasi-va, o que tem como principal vantagem a diminuição da agressividade cirúrgica”. Quando falamos da cirurgia do esófago, reportamo-nos a intervenções que po-dem envolver em simultâneo o tórax, o abdómen e o pescoço com elevada agressividade cirúrgica. O Dr. Carlos No-gueira realça que “noutros Centros de Referência europeus não é invulgar en-contrarem-se índices de mortalidade na ordem dos 8 a 10%”. Esta é uma inter-venção que apresenta grande mortalida-de dentro da especialidade de cirurgia di-gestiva e morbilidade muito acentuada. Assim, quando falamos de cirurgia mini invasiva, referimo-nos à diminuição da agressão cirúrgica que é o fator “major” da complicação desta intervenção.

Tendo sido fundamental o apoio da ad-ministração para que este processo de candidatura se revelasse frutífero, o CHP é, em específico na neoplasia esofágica, detentor de uma série de mais-valias que se apresentaram fundamentais para o sucesso da Unidade. O Dr. Carlos No-gueira realça a qualidade da equipa cirúr-gica e de enfermagem treinadas para a resolução destas patologias; o ambiente hospitalar que oferece todas as condi-ções ao nível do bloco operatório; a Uni-dade de Cuidados Intensivos capaz de su-portar estes doentes no pós-operatório; o Serviço de Gastroenterologia apto pa-ra suportar o pré e o pós-operatório; o Departamento de Imagiologia com po-tencialidade para resolver todos os pro-blemas que surgem quer no diagnóstico como no pós-operatório. Imperdoável seria esquecer o contributo fundamental exercido pela Radioterapia e pela Onco-logia Médica, especialidades sem as quais não se pode, hoje em dia, encarar o tratamento cientificamente correto, de qualquer neoplasia desta área, já que na maior parte dos doentes portadores de neoplasias do esófago, está em causa um tratamento sequencial ou combinado das diferente modalidades terapêuticas.

Um estudo efetuado no CHP-HSA re-velou que entre o momento em que o doente sente pela primeira vez dificulda-de em engolir e o contacto com o Hospi-tal decorrem entre três a seis meses. Es-sa é uma barreira que o Dr. Carlos No-gueira adjetiva como difícil de contornar. “Conhecidas as dificuldades que a nossa rede de referenciação tem, já este ano conseguimos abrir para a população em geral aquela que designamos de Consul-ta de Referenciação Rápida em Patolo-gia do Esófago. O período que decorre entre o momento em que o Hospital tem contacto com o doente, após a triagem inicial pelo Médico de Família, até à pri-meira consulta hospitalar, é no máximo de uma semana”. Vai inclusive ser posto à disposição do Médico de Família um instrumento para a rápida referenciação do doente para esta consulta através da aplicação informática disponível no SNS (Alert-P1). Feito isto, atualmente, a pro-blemática centra-se na dificuldade em en-

O Hospital de Santo António adquiriu experiência na patologia do tubo digestivo alto, temática que mais tarde difundiu contando sempre com o apoio da classe médica mais interessada. Parte integrante de uma equipa de cirurgiões que se dedica a esta área específica, Dr. Carlos Nogueira foi nomeado coordenador do Centro de Referência de Oncologia – Cancro do Esófago no Adulto.

Neoplasia do Esófago: a importância dos sintomas

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Saúde Centro de Referência de Transplante do Rim em Adultos - Centro Hospitalar do Porto10

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O Programa de Transplante Renal do Hospital de Santo António (HSA) - Centro Hospitalar do Porto (CHP), criado em 1983, efetuou ao longo destes 33 anos de história cerca de 2700 transplantes renais.

Durante os primeiros anos eram realizados apenas transplantes a partir de rim de cadáver, há cerca de 29 anos procedeu-se ao primei-ro transplante de dador vivo. Em 2000, avançou-se para o trans-plante duplo de rim e pâncreas. Es-te percurso foi concretizado atra-vés do esforço de vários elementos da equipa que procuraram forma-ção além-fronteiras, nomeadamen-te em Inglaterra, nos EUA (Min-neapolis), país onde se iniciou a transplantação pancreática, e em Barcelona.

e da nutrição dos doentes insuficien-tes renais ou transplantados, estan-do mais três profissionais em proces-so de doutoramento. Integrado no ICBAS, na Unidade de Investigação UMIB, apresenta produção científica significativa com mais de 200 traba-lhos publicados em revistas interna-cionais.

Atualmente, o HSA tem uma lista de espera que ronda os 600 pacien-tes, tendo sido efetuados, em 2016, 116 transplantes. Segundo o Dr. Castro Henriques, “a lista de espera não tem aumentado, mas tem-se mantido em número altos face ao alargamento dos critérios para trans-plante, que contemplam agora indi-víduos de uma faixa etária superior ou com mais comorbilidades.

Quando um doente se aproxima da fase de insuficiência renal avançada, tem três caminhos possíveis: trans-plante de dador vivo ou cadáver, he-modiálise e diálise peritoneal.

Os critérios se seleção do recetor de rim cadáver estão previstos por lei. A saber: tempo de espera em diálise, idade (crianças têm priorida-de), avaliação de histocompatibilida-de (semelhança entre os genes do dador e recetor), diferenças de idade entre dador e recetor. Os designados de super urgentes, doentes com indi-cação para transplante que não po-dem fazer hemodiálise, nem diálise peritoneal, têm prioridade.

Os tempos de espera para trans-plante rondam no Grupo O ronda os sete anos, no Grupo A três a cinco anos, e nos Grupos AB e B, habi-tualmente, cerca de um ano. Para os doentes hipersensibilizados, doentes com anticorpos, no HSA é possível, recorrendo a métodos de dessensibi-lização, diminuir ou anular os anti-corpos. Também com dessensibilisa-ção é possível o transplante em cer-tos doentes com grupo sanguíneo in-

compatível. “Já fizemos quatro transplantes deste tipo nos últimos dois anos com sucesso”, revela.

Com fácil acesso à consulta, mui-tos dos utentes são encaminhados pelos seus médicos ou técnicos de Saúde, não sendo raros os casos de doentes que tomam a iniciativa de entrar em contacto com o Hospital. Assim são vários os locais de origem dos doentes, dentro e fora de portas (principalmente direcionados para o Transplante Rim/Pâncreas).

“O transplante permite reabilitar para uma vida normal”, é evidente que a toma dos fármacos, a vigilân-cia a par da manutenção de uma vi-da saudável são fatores indispensá-veis. Nos EUA calcula-se que 18% dos rins que se perdem acontecem em pessoas que não aderem à medi-cação. Dr. Castro Henriques realça ainda assim que, em Portugal, a pro-blemática da adesão à terapêutica se coloca principalmente entre as fai-xas etárias mais jovens. Se nos pri-mórdios do Programa a rejeição aguda era elevada, hoje a percenta-gem reduz-se aos 10% ao ano. No entanto, acentua-se a rejeição cróni-ca devido, em muitos doentes, ao in-cumprimento parcial da terapêutica. A rejeição crónica não tem trata-mento atualmente, daí ser funda-mental a vigilância e a toma correta da medicação. Como imunossupri-midos os doentes transplantados têm associadas algumas complica-ções como o maior risco de infeção, neoplasia e risco cardiovascular. É por isso importante a manutenção de uma vida saudável e sem hábitos tabágicos.

Leonídio Dias, nefrologista, é o responsável pelas consultas de dador vivo no âmbito do Centro de Refe-rência de Transplante Renal do Adul-to do CHP. Nesta consulta, o médi-co avaliador nunca participa na ava-

O transplante renal assenta num trabalho multidisciplinar que envolve várias especialidades. O Centro de Referência de Transplante Renal do Adulto do CHP diferencia-se pela constituição de duas equipas de ci-rurgiões - cirurgiões vasculares e urologistas. A existência desta equi-pa, que integra cirurgiões vasculares com elevado “skill” em cirurgia de pequenos vasos, e urologistas espe-cialistas na colheita laparoscópica apresenta-se vantajosa na aborda-gem a estes transplantes com com-plexidade vascular, sendo uma das razões do êxito da atividade pratica-da neste Centro.

Neste momento, a equipa incorpo-ra quatro médicas doutoradas, uma nutricionista doutorada e especiali-zada na investigação do transplante

O Centro de Referência de Transplante do Rim em Adultos responde aos mais exigentes critérios de qualidade, nacional e internacional, para os quais está devidamente certificado. Dr. António Castro Henriques é médico especialista em Nefrologia e responsável pelo Programa de Transplante Renal do CHP, nomeado Centro de Referência em 2016.

Um centro de referência para o transplante renal, rim mais pâncreas e doação renal

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SaúdeCentro de Referência de Transplante do Rim em Adultos - Centro Hospitalar do Porto 11

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sibilização em doentes hipersensibili-zados à espera de um transplante de cadáver, com a colaboração impres-cindível do IPST Norte, oferece ain-da a possibilidade de transplante com rim de dador vivo com incom-patibilidade ABO ou que possuam anticorpos anti-HLA (contra os teci-dos do dador).

O transplante de dador vivo não deve impedir que o transplante com rim de cadáver se desenvolva procu-rando atingir o seu máximo poten-cial.

Em relação ao dador cadáver os órgãos provenientes de morte por trauma, felizmente, têm diminuído, sendo atualmente as colheitas feitas em dadores com causas médicas de

liação ou tratamento do doente que vai receber o rim, para que os pro-blemas do recetor não interferiram na avaliação do dador.

A ação do médico que faz a avalia-ção do dador vivo é também de coor-denação das diversas consultas que intervêm na avaliação cirúrgica (Uro-logia/Cirurgia Vascular, Psiquiatria/Psicologia e Nutrição).

Após esta avaliação entra em ação a EVA - Entidade de Verificação da Admissibilidade da Colheita para Transplante, que é representada por um profissional que, não pertencen-do à equipa de transplante, certifica--se se a pessoa está devidamente es-clarecida e estudada.

“Às vezes ocorrem surpresas neste caminho, vem-se a descobrir patolo-gias e a pessoa não pode seguir pa-ra o ato de doação, sendo encami-nhada para o tratamento das patolo-gias que entretanto foram descober-tas”, esclarece o especialista, Leonídio Dias.

Compete também a este profissio-nal um papel crucial no esclareci-mento sobre os potenciais riscos que os dadores vivos podem vir a ter . “A intervenção cirúrgica não é isenta do risco de morte, que ronda os 0,03% (3 por 1000 casos). Após a doação os dadores mantêm-se numa consul-ta anual de seguimento onde é vigia-da a função renal e são detetados eventuais problemas que possam surgir.

Se comummente pensamos que os dadores vivos têm que ter uma relação direta com o doente, con-vém esclarecer que existem formas previstas na lei portuguesa que permitem que tal não aconteça. Falamos do Transplante Renal Cru-zado. Para que tal ocorra é neces-sário, a título de exemplo, que um par de irmãos incompatíveis avalia-dos num hospital, e outro par in-compatível avaliado noutra unidade hospitalar, perante uma “permuta” de orgãos gerem dois pares com-patíveis. Neste caso a lei prevê a confidencialidade, as colheitas são feitas simultaneamente e os pares não se devem conhecer. A colheita é direcionada para um desconheci-do, mas beneficia um parente ou

morte (acidentes vasculares cere-brais, por exemplo).

Hoje o avanço da técnica permite que se realize a colheita de órgão com dador por paragem cardíaca. Este tipo de intervenção, iniciada no H. S. João, implica o recurso ao ECMO (equipamento que garante a circulação sanguínea extra corporal) cujo CHP já tem adjudicado, preven-do-se, a breve trecho, o início da aplicação dessa técnica.

Sistema da descentralização das consultas

Há quatro anos foi constituída uma comissão para a descentralização das consultas de transplantados, fo-ram elaborados documentos, aguar-da-se a sua concretização, para que os doentes sejam seguidos pelos Ser-viços de Nefrologia da sua área de residência, com apoio das unidades centrais. Destaca-se com grande apreço o trabalho efetuado pelos profissionais que encabeçam a con-sulta de pós-transplante do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Al-to Douro (Vila Real), com mais de 20 anos, ilhas e em Castelo Bran-co. “O sistema da descentralização das consultas é urgente. Temos que olhar pelo supremo interesse do doente e minimizar o transtorno de inúmeras deslocações, incenti-vando também uma prática clínica de proximidade”.

uma pessoa com vínculos de proxi-midade (marido e mulher).

Nestes casos é necessária a inscri-ção no Programa Nacional de Trans-plante Nacional Cruzado e quanto maior for o número de pessoas in-compatíveis (por incompatibilidade do grupo de sangue ABO ou a cha-mada incompatibilidade HLA, ou se-ja, a existência de anticorpos direta-mente dirigidos contra os tecidos do potencial dador) mais eficaz e mais ágil é o encontro de dadores compa-tíveis. Um conjunto de 100 pares in-compatíveis no transplante renal cruzado pode alcançar uma eficácia de 40%. Nem todas as pessoas que entram no Programa têm garantia de ser transplantadas, mas as suas hipóteses aumentam. Com vista à intensificação do grau de sucesso é necessário aumentar o número de pares ativos no programa (atualmen-te cerca de 20) e ponderar a coope-ração com o programa espanhol o que permitiria um conjunto superior a 100 pares.

Em relação à técnica cirúrgica, as últimas 120 nefrectomias foram fei-tas por via laparoscópica o que para além de reduzir o tempo de interna-mento do dador para dois/três dias permite um melhor controle da dor pós-operatória, bem como um retor-no mais precoce à atividade laboral e um melhor resultado estético.

O Programa de Transplante de Da-dor Vivo, alicerçado na experiência adquirida com protocolos de dessen-

Contactos:Fax Unidade de Transplante: 222033189

anapazevedo.gestaodoentes@chporto.min-saude.ptsecretariado.transplantacao@hgsa.min-saude.pt

[email protected]

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Saúde Centro de Referência de Cardiologia de Intervenção Estrutural – Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental12

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Serviço de CardiologiaEm Portugal, o Hospital de Santa Cruz

(HSC) foi pioneiro na introdução de mais de 20 técnicas de intervenção cardiovas-cular, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para um aumento da longevidade dos doentes. Em 2006, o HSC foi integrado no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental conjuntamente com o Hospital de S. Francisco Xavier e com o Hospital de Egas Moniz. Esta integra-

treita, integrada com o Serviço de Cirur-gia Cardíaca. Esta parceria estendeu-se a vários projetos comuns, incluindo a re-cente introdução dos tratamentos valvula-res por via percutânea não cirúrgica, as VAPS. Neste contexto, foi com naturali-dade que surgiu recentemente a proposta de lançamento de um Centro de Respon-sabilidade Integrada de Coração e Vasos do CHLO, que integra os Serviços de Cardiologia, Cardiologia Pediátrica, Ci-rurgia Cardíaca e Cirurgia Vascular. A de-cisão de incorporar estes serviços pren-deu-se com a vontade de promover e di-namizar capacidades e competências das várias unidades, potenciando sinergis-mos, racionalizando meios e maximizan-do a eficiência e a eficácia.

Centro de ReferênciaO corpo clínico do Centro de Interven-

ção Cardiovascular é composto por mais de 50 profissionais altamente qualifica-dos, entre médicos de diferentes especia-lidades, enfermeiros, técnicos de diagnós-tico e de apoio logístico. Esta equipa é apoiada por sistemas de informação de-dicados, especialmente criados para o efeito e dispõe de equipamento diagnós-tico e terapêutico atualizado de elevado desempenho, onde se inclui a aquisição recente de um sistema de ressonância magnética e de tomografia computoriza-da (TAC). Estes sistemas têm por objetivo satisfazer integralmente as necessidades imagiológicas exigidas em procedimen-tos de grande complexidade que são efe-tuados nesta unidade.

No que diz respeito à realização de procedimentos de intervenção cardíaca estrutural (valvulares, etc), pela sua complexidade técnica e pelas múltiplas comorbilidades e gravidade presente nos doentes que delas necessitam, im-plica a conjugação de três fatores: pro-fissionais altamente diferenciados, cola-boração multidisciplinar intensa e uma organização eficiente.

A formação dos profissionais com competências técnicas e clínicas especí-ficas exige uma educação intensa e constante. Em paralelo, destaca-se a colaboração multidisciplinar que envol-ve a Cardiologia Clinica, a Imagiologia Cardíaca, a Anestesiologia, a Cirurgia Cardíaca, Vascular e a Cardiologia Pe-diátrica, naquilo que se designa atual-mente por Heart-Team, paradigma da medicina moderna.

No fundo, o Heart-Team é um conjun-to de competências clinicas diferenciadas que se complementam e potenciam e que para funcionar adequadamente exi-gem uma gestão eficaz dos recursos hu-manos, dos sistemas de gestão de infor-mação, da logística de apoio à decisão cli-nica, à prestação de cuidados e à garan-tia do controlo de qualidade. É este o maior desafio para quem necessita de montar um programa de intervenção es-trutural. Em suma, a atribuição pela tute-la do Centro de Referência para a área da Cardiologia de Intervenção Estrutural, é o reconhecimento das capacidades mani-festadas pelo Centro de Diagnóstico e In-tervenção Cardiovascular do Centro Hos-pitalar de Lisboa Ocidental.

A prioridade do centro nos próximos anos passará pela inovação, respeitando o seu ADN. A inovação pela humaniza-ção dos cuidados prestados, simplifican-do os procedimentos na ótica dos doen-tes, melhorando o acesso e a informação aos utentes e suas famílias.

Válvula mitralOs doentes com doença da válvula mi-

tral têm como principais sintomas o can-saço, dispneia (sensação de falta de ar, sobretudo quando estão deitados) e palpi-tações. Qualquer válvula cardíaca pode ter 2 grandes tipos de problemas: 1) Um aperto, que impõe um obstáculo à passa-gem do sangue, designado estenose; 2) Uma “fuga” (insuficiência ou regurgita-ção) que vai impedir o seu correto encer-

ção conferiu ao HSC uma dimensão que lhe faltava e que necessitava para crescer no panorama nacional. Atualmente apre-senta duas áreas principais de interven-ção: a área cardiovascular e a área renal, qualquer uma delas diferenciando-se no panorama nacional quer em volume de procedimentos, quer em complexidade e inovação.

Desde a sua origem, o Serviço de Car-diologia teve uma colaboração muito es-

O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E foi reconhecido como Centro de Referência de Cardiologia de Intervenção Estrutural. Em conversa com o Dr. Miguel Mendes, diretor do Serviço de Cardiologia, com o Dr. Rui Campante Teles, coordenador do Programa VaP, com o Prof. Dr. Pedro de Araújo Gonçalves, coordenador do Programa MitraClip e com o Dr. Manuel de Sousa Almeida, coordenador da Unidade debateu-se a realidade intrínseca à área cardiovascular.

Centro de Referência de Cardiologia de Intervenção Estrutural

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SaúdeCentro de Referência de Cardiologia de Intervenção Estrutural – Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental 13

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As melhorias produzidas pelos medica-mentos são bastante limitadas e não evi-tam as complicações mais graves provo-cadas pela exaustão cardíaca que, após os primeiros sintomas e nos apertos de alto grau, conduz à morte de metade dos doentes no primeiro ano. Estes casos de EA que necessitam intervenção afetam uma em cada 15 pessoas em Portugal com mais de 80 anos, afetando aproxi-madamente 32 mil pessoas. É uma doen-ça associada ao desgaste e por isso é ca-da vez mais comum nos países desenvol-vidos, devido ao aumento da esperança média de vida.

Com o aumento do número de casos de EA foram surgindo soluções tera-pêuticas que simplificam o tratamento desta patologia altamente incapacitan-te, minimizando o risco para os doentes e acelerando a sua recuperação. O tra-tamento que foi desenvolvido primeiro, há décadas atrás, foi a cirurgia de peito aberto para substituição da válvula aór-tica. Mais recentemente, há menos de uma década, iniciou-se o tratamento minimamente invasivo por cateterismo, que permite reduzir o risco da interven-ção e uma recuperação mais rápida, já

ramento. No caso concreto da válvula mi-tral, a sua estenose dificulta a passagem do sangue da aurícula para o ventrículo e daqui para o corpo, a insuficiência pelo contrário, leva a uma fuga anormal de sangue durante a contração do coração (sístole) para a aurícula esquerda, no sen-tido contrário à normal circulação, provo-cando uma sobrecarga de ambas as cavi-dades que tem que lidar com um volume de sangue superior (sobrecarga de volu-me), que irá conduzir mais tarde à sua di-latação e disfunção progressivas.

Assim sendo, os avanços tecnológicos na Cardiologia de intervenção vieram permitir um elevado número de interven-ções com menor invasão e risco de com-plicações para o doente, realizados por Cardiologistas de Intervenção, que são Cardiologistas com treino específico nes-ta área que é atualmente considerada uma subespecialidade possível de obter após uma certificação específica. Estes procedimentos não são cirurgias nem são realizados no bloco operatório, mas per-mitem mimetizar varias técnicas cirúrgi-cas clássicas, sendo uma alternativa a es-tas. No caso da válvula mitral, os procedi-mentos mais importantes efetuados por Cardiologistas de intervenção são a Val-vuloplastia mitral de balão, que consiste na dilatação da válvula nos casos de este-nose e a Implantação de clip mitral, reali-zada nos doentes com insuficiência ou re-gurgitação mitral. Em ambos os procedi-mentos, o doente tem alta geralmente no dia seguinte à intervenção, podendo gra-dualmente retomar a sua atividade de ro-tina, uma vez que não existe a necessida-de de uma cirurgia de “peito aberto” (as-sociada a maior taxa de complicações e maior tempo de recuperação).

Relativamente aos doentes, no caso da estenose mitral, os doentes candidatos à valvuloplastia mitral de balão são geral-mente mais jovens, com válvulas pouco calcificadas e caso haja sucesso da inter-

que o implante é feito através de um pequeno tubo introduzido por uma ar-téria, habitualmente pela virilha, sem necessidade de parar o coração ou de circulação artificial.

Em casos de alto risco este implante da válvula aórtica percutânea (VAP) é a terapêutica de eleição e tem sofrido um crescimento exponencial em todo o Mundo. O sucesso registado deve-se aos excelentes resultados clínicos, liga-dos à experiência crescente alicerçada numa progressiva miniaturização e fle-xibilização dos dispositivos utilizados. Por exemplo as próteses mais evoluídas permitem um ajuste milimétrico por re-posicionamento e a recaptura e impe-dem as fugas após implantação.

Esta técnica é realizada no Hospital de Santa Cruz desde 2008, sendo o centro pioneiro na abordagem VaP por via tran-sapical (isto é, por via de uma acesso di-recto através de uma pequena incisão cutânea abaixo do mamilo esquerdo) e em acessos combinados, bem como com diversos tipos de próteses biológicas, in-clusivamente para tratar outras válvulas cardíacas degeneradas como a válvula mitral e a tricúspide.

venção poderão ganhar vários anos sem necessitar de viver com uma válvula artifi-cial, obviando assim os riscos inerentes não só à cirurgia, mas também aos da própria válvula artificial. No caso da Insu-ficiência ou regurgitação mitral, os doen-tes candidatos são habitualmente mais graves, com “fugas” importantes e ventrí-culos esquerdos dilatados e considerados como doentes de alto risco cirúrgico, pe-lo que se tenta optar por esta abordagem alternativa. Já os doentes com patologia da válvula mitral considerados inoperá-veis ou de elevado risco cirúrgico são so-bretudo os doentes com Insuficiência ou regurgitação mitral que tem o ventrículo esquerdo já dilatado e/ou com outras doenças associadas que os colocam em elevado risco de não resistirem à agres-são da cirurgia convencional. Felizmente, a evolução tecnológica permitiu a estes doentes, uma alternativa melhor tolerada e que consiste na implantação de 1 ou 2 clips na válvula mitral através de um cate-terismo, levando à diminuição da fuga de sangue para a aurícula esquerda. Os re-sultados nacionais e internacionais com este procedimento têm sido muito pro-missores e aguardam-se com elevada ex-pectativa as evoluções que o futuro nos trará em breve neste campo.

Válvula aórticaEsta válvula pode apresentar altera-

ções, quer por fuga quer por aperto. O caso mais comum é o da estenose aór-tica (EA), ou seja, um estrangulamento que faz com que o sangue passe com dificuldade, provocando cansaço, dor no peito e desmaios. A causa mais fre-quente é degenerativa, provocada pelo desgaste da idade, que leva à calcifica-ção da válvula. Porém, pode haver mau funcionamento devido a febre reumáti-ca, a infeções e também a causas con-génitas.

Centro de Referência de Cardiologia de Intervenção Estrutural

http://www.chlo.min-saude.pt

Gráfico ilustrando a evolução desde 2008, a data de início do programa de válvulas percutâneas no HSC.Há um incremento significativo desde 2014, resultado do aumento do número de doentes atualmente referenciados para esta modalidade terapêutica, traduzindo o aumento da confiança dos cardiologistas nesta nova técnica, fruto dos excelentes resultados obtidos.

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Saúde Hospital Pediátrico – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra14

Dez2016

O estabelecimento de um Centro de Referência é um processo complexo e habitualmente sujeito a um processo de amadurecimento com uma história por detrás. O Centro de Oncologia Pediá-trica do CHUC é um desses exemplos e muito deve ao Dr. Rui Batista, um dos primeiros pediatras do país a dedicar--se à Oncologia Pediátrica. Não foi só um dedicado oncologista pediatra co-mo foi um impulsionador da interdisci-plinaridade e da especial dedicação e diferenciação que as áreas envolvidas no tratamento da criança e adolescente com cancro necessitam.

Um Centro de Oncologia Pediátrica aborda múltiplas doenças em diferen-tes grupos etários ou a mesma doença em diferentes idades exigindo, por isso, uma variedade e complexidade de abordagens terapêuticas que requerem equipas experientes e alargadas, equi-pamentos e tecnologias modernas. A abordagem terapêutica na infância en-

outros Serviços. A existência e expe-riência do Centro de transplante hepá-tico pediátrico garante a qualidade e comodidade na terapêutica de alguns tumores hepáticos assim como a exis-tência do Serviço de Cirurgia cardioto-rácica permite a abordagem de situa-ções neoplásicas de localização ou par-ticularidades complexas, conferindo ao Centro de Oncologia Pediátrica do CHUC competências raras ou mesmo únicas no país.

A doençaOs oncologistas pediatras são fre-

quentemente questionados sobre a “adaptação das crianças e adolescentes aos tratamentos”. Todos sabemos que a vivência e adaptação é naturalmente diferente de acordo com a idade. Os mais pequenos são frequentemente o reflexo da segurança e confiança que os pais manifestam. As educadoras e professoras têm também um papel fun-damental pela sua proximidade e pela vontade de facultar condições o mais semelhante possível à vida anterior à doença e pela noção de continuidade de projectos existentes. Proporcionar um ambiente alegre, integrá-los em jo-gos e brincadeiras é importante para que o desenvolvimento prossiga e que os pais constatem que o riso continua apesar da doença. Os adolescentes são, na opinião da coordenadora, um grupo de doentes muito exigente mas muito gratificante. São incisivos e que-rem conhecer com detalhe a doença e tratamentos. Frequentemente têm al-gum conhecimento sobre células e can-cro e seguramente esse conhecimento torna mais fácil a transmissão das nos-sas informações e facilita a compreen-são da doença. No entanto, também precisam de tempo para integrar o que está a suceder e pensar em algumas es-tratégias que possam minimizar o im-pacto da doença na sua vida.

Quantos aos pais é igualmente fun-damental que entendam a doença, a natureza dos tratamentos, como atuam e que efeitos secundários se podem es-perar. No entanto, não se pode pensar que toda a compreensão se adquira na primeira conversa ou mesmo nos pri-meiros dias. Vários sentimentos emer-gem, por vezes alguma incredibilidade e há que esperar e repetir ou comple-tar informações com tranquilidade. “A partir do momento em que há melhor percepção da doença e terapêutica, tu-do se torna mais simples”, afirma. No entanto é preciso tempo, disponibilida-de e saber ouvir. Atualmente não há desistências ou abandonos.

Apesar da natureza da doença ou por essa razão, os pais reforçam a ne-cessidade de obter o máximo de veraci-dade nas informações que prestadas. Sempre foi sublinhado este aspeto que é essencial na abordagem da doença. Desde início que se deve estabelecer uma relação de grande confiança entre o médico e a família e quanto mais gra-ve é a situação, mais verdadeira e forte a relação deve ser. Ainda assim, a coor-denadora acrescenta que “não vale a pena dizer muito mais do que aquilo que as pessoas podem ouvir e, como tal, é preciso dosear a informação. Por vezes sentimos que já não há mais ca-pacidade de ouvir. Haverá outros dias e outras oportunidades. Por vezes mais tranquilidade ou menos cansaço”.

frenta particularidades que outros gru-pos etários não apresentam como a perturbação no crescimento ou desen-volvimento, colocando o oncologista pediatra perante o equilíbrio muito de-licado entre a necessidade de tratar e simultaneamente preservar o potencial de uma criança.

No processo de elaboração da candi-datura da Oncologia Pediátrica a cen-tro de Referência confirmámos que a envolvência do Hospital era pratica-mente total e que de algum modo, des-de o diagnóstico, tratamento ou às ava-liações subsequentes para vigilância ou minimização de sequelas, todos colabo-ravam. O Centro permite o acesso di-reto a todas as especialidades médicas e cirúrgicas, inclui um Bloco Operató-rio, uma Unidade de Cuidados Intensi-vos e Serviço de imagiologia que possi-bilita radiologia de intervenção e qui-mioterapia supraseletiva em patologia como retinoblastomas, entre múltiplos

O Hospital Pediátrico, incorporado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra E.P.E (CHUC), foi reconhecido como Centro de Referência de Oncologia Pediátrica. Em conversa com a Dra. Alice Carvalho, coordenadora do Centro, são expostas as competências do Serviço.

Centro de Referência de Oncologia Pediátrica

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SaúdeHospital Pediátrico – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 15

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Atualmente, o diagnóstico e prog-nóstico num crescente número de doenças malignas baseia-se em de-talhes moleculares. Este conheci-mento é importante e deve ser transmitido a todos os médicos que observam crianças ou adolescentes, sabendo que perante uma suspeita de doença maligna qualquer atitude cirúrgica dever ser efectuada no Centro de Referência. O diagnósti-co histológico e o estudo molecular são realizados no material de bióp-sia e só o Centro de Referência de-ve assumir a preservação e seleção de exames moleculares a efetuar.

A vigilância pós-terapêutica de uma doença maligna na idade pe-diátrica deve continuar a ser assu-mida pelo Centro de Referência por um período mínimo de 5 anos. Na maioria das doenças malignas é neste período que a taxa de recidiva é maior pelo que também são solici-tados exames mais complexos, al-guns só possíveis nesse Centro. Sa-be-se que “na maioria dos casos o controlo de uma eventual recidiva detetada pelos exames complemen-tares e não por reaparecimento de sintomas, tem prognóstico mais fa-vorável”, indica. Os doentes subme-tidos a terapêutica antineoplásica podem vir a apresentar sequelas, al-gumas devidas à própria doença, outras devidas à terapêutica a que foram submetidas. De entre todos, a criança que teve um tumor do Sis-tema Nervoso Central nos primei-ros anos, apresenta-se particular-mente vulnerável e deve ter um se-guimento multidisciplinar com o ob-jectivo de minimizar sequelas neuro-cognitivas, endócrinas ou sensoriais.

Prevenção, diagnóstico e tratamento

Na infância, a prevenção não se estabelece segundo os mesmos pa-râmetros da idade adulta e a influên-cia de factores externos, ao contrá-rio do adulto, é pouco significativa. Reconhece-se nas crianças que há existência de forte influência genéti-ca mas nem sempre é claramente identificada. No entanto, “desde há alguns anos que se tem acumulado evidência e nos últimos anos, co-nhecimento genético mais profundo sobre a relação entre determinados síndromes e maior probabilidade de aparecimento de cancro”, informa a Dra. Alice Carvalho. O conheci-mento dessa relação é importante para identificar uma população que deverá merecer particular vigilân-cia, estando incluída neste Centro de Referência a Consulta de Risco Oncológico. A coordenadora realça que a prevenção possível baseia-se sobretudo neste controlo efetuado “por parte dos pediatras e geneti-cistas, que ao constatarem a pre-sença de síndromes, crianças ou fa-mílias com determinadas particula-ridades genéticas, as orientam para essa consulta”. A título de exemplo, destaca-se a Neurofibromatose (tipo 1), uma condição pré-maligna facil-mente reconhecida.

Relativamente à suspeita de doença maligna numa criança ou adolescen-te, a articulação entre o Centro de Referência e as Unidades de Saúde é fundamental. “Todos os casos suspei-tos devem ser enviados para o Cen-

Componente humana e os objetivos futuros

Há um esforço conjunto para ten-tar que a doença altere o menos pos-sível os projectos e ambições de pais, crianças e adolescentes. Apesar da doença, as crianças brincam e sor-riem numa sala de actividades como se de um Infantário ou Escola se tra-tasse, há professores que se esforçam para que a aprendizagem continue e mesmo os adolescentes chegam a realizar os seus exames de final de ano escolar no Hospital.

Os palhaços aparecem, às vezes para desespero dos médicos, que precisavam de se concentrar e não de olhar para fatos garridos e botões gi-gantes mas alguém sorriu e valeu a pena. “Essencialmente gostaríamos que a vida decorresse, se possível, o mais próximo da normalidade”, ad-mite.

Para o futuro, espera-se que o Cen-tro de Referência de Oncologia Pe-diátrica possa ser incluído na Rede europeia de Oncologia Pediátrica. “Os profissionais com os quais troca-mos informações e discutimos estra-tégias terapêuticas, já nos incluíram em Grupos europeus de estudo de determinadas neoplasias assim como temos doentes que já foram incluídos em tratamentos nesses Centros”, conta. Apesar de já haver esse con-tacto regular “pensamos que a parti-lha de conhecimentos e o acesso a novas terapêuticas seriam reforçados com a inclusão na Rede Europeia”.

Em suma, a coordenadora do Cen-tro de Referência, exalta “a determi-nação de todos perante a adversidade e acredito que estamos a percorrer novos caminhos com o uso de novas terapêuticas”.

tro, mas se a hipótese de doença ma-ligna não for colocada pelo clínico, pode ocorrer um atraso no diagnósti-co com consequente progressão de doença”, sublinha. É fundamental uma referenciação adequada e atem-pada. Compete ao Centro de Refe-rência não só proporcionar o melhor tratamento mas também colaborar na formação dos médicos que obser-vam crianças e adolescentes e facul-tar toda a possibilidade de discussão de casos que possam corresponder a suspeita de doença oncológica. “Ten-tamos privilegiar o contacto telefóni-co com os médicos dos Hospitais e Centros de Saúde”.

O tratamento depende da idade, diagnóstico, extensão da doença e nos últimos anos depende igualmente das características moleculares do próprio tumor. A Dra. Alice Carvalho enfatiza a “necessidade de uma ade-quada e exaustiva caraterização da doença no diagnóstico, fundamental para o sucesso terapêutico”.

A avaliação inicial tem por objeti-vo diagnosticar, estadiar e adequar o protocolo terapêutico à situação. Os protocolos em uso são maiorita-riamente europeus e baseados nos estudos orientados pela Sociedade Internacional de Oncologia Pediá-trica (SIOP). Os protocolos terapêu-ticos diferem de acordo com a pato-logia, estadiamento, idade e parti-cularidades moleculares. Incluem as clássicas modalidades terapêuticas como cirurgia, quimioterapia e ra-dioterapia em esquemas que depen-dem do tumor e da caracterização inicial referida. Recentemente com os avanços na tumorigénese que permitiu conhecer mecanismos que levam à ativação, crescimento e multiplicação celular desenvolve-ram-se fármacos com ação dirigida a alterações moleculares encontra-das na célula neoplásica, as deno-minadas terapêuticas-alvo. Estão abertas novas perspetivas na abor-dagem terapêutica da doença onco-lógica mas o Centro tem de se man-ter realista quanto à dificuldade em obter sucesso garantido assim como a dificuldade de reproduzir o suces-so laboratorial em sucesso clinico e aumento das taxas de sobrevida.

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Saúde Centro de Referência para o Cancro do Reto em Adultos – Centro Hospitalar do Algarve16

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Centro de Referência para o Cancro do Reto em Adultos

outras unidades de saúde e outros Centros de Referência.

Neste seguimento, o Algarve con-solida-se como uma região que pro-cura estar na vanguarda dos trata-mentos relativos ao Cancro do Reto, à semelhança do que acontece nas restantes regiões do país. Em conso-nância com as premissas descritas, a Dr.ª Irene Furtado refere as “várias participações em estudos clínicos, ou a obrigação do registo em bases eletrónicas, inclusivé no registo de oncologia regional”. No âmbito da formação e investigação destaca-se a colaboração, através de um con-sórcio, entre o Centro Hospitalar do Algarve E.P.E e a Universidade do Algarve através do Centro Académi-co de Investigação e Formação Bio-médica do Algarve

Enquadramento da doença: Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Em Portugal sucedem-se, aproxima-damente, dois mil novos casos de Cancro do Reto por ano. Paralela-mente, é também o segundo cancro mais mortal em ambos os sexos: nas mulheres superado pelo Cancro da

Mama e nos homens pelo Cancro da Próstata. Deste modo “há todo o inte-resse em desenvolver esforços para que a doença seja prevenida, ou diag-nosticada num estadio precoce”, idea-liza a coordenadora.

Relativamente aos sintomas, desta-cam-se “os sintomas gerais como o mal-estar e a fadiga, mas são, sobretu-do, os hábitos intestinais que dão o alerta, nomeadamente com o apareci-mento do sangue nas fezes”, indica. O rastreio tem um papel fundamental, visto que se torna possível tratar as le-sões pré-malignas, denominadas de adenomas. A eficiência, neste proces-so, revela-se primordial: “A popula-ção dos 50 aos 70 anos, de dois em dois anos, deveria fazer a pesquisa de sangue oculto nas fezes. É de extrema importância que os rastreios estejam plenamente organizados para se con-seguir evitar a progressão da doença”, explica.

Após o exame laboratorial de pes-quisa de sangue oculto nas fezes, se-gue-se a colonoscopia. Nesta fase, perante uma panóplia de exames re-correntes aos quais o paciente se submete, o diagnóstico é realizado. Com o estádio da doença determina-do, inicia-se a consulta multidiscipli-

O Centro Hospitalar do Algarve E.P.E foi reconhecido, no presente ano, como um Centro de Referência para o Cancro do Reto em Adultos. Irene Furtado, coordenadora do Centro e diretora do Serviço de Oncologia Médica, explica-nos o processo que conduziu à sua criação e dá-nos a conhecer a realidade da patologia.

Os parâmetros para a formação de Centros de Referência incluem inúme-ras formalidades cujas instituições são obrigadas a cumprir, no intuito de ga-rantir a qualidade necessária para aco-lher os pacientes que recorrem aos tratamentos. Neste sentido, o Centro Hospitalar procurou a autonomia nes-tas áreas e contribuiu com os desen-volvimentos indispensáveis para asse-gurar a candidatura. Os padrões de competência e de sucesso foram ga-rantidos, contudo o certificado não é efetivo, o que obriga à permanência de excelência no decorrer da ativida-de. “É um prestígio para nós, mas principalmente uma segurança para os doentes, na medida em que sabem que estão num sítio que foi avaliado, auditado e que trata de uma forma adequada esta doença”, refere a coor-denadora.

O processo requer a implementa-ção de critérios gerais e específicos

discriminados. Os princípios de qua-lidade dos Centros de Referência re-gem-se pelos pontos do artigo 4.º da Portaria 194/2014: a) Integrar, na sua constituição, equipas multidisci-plinares experientes e altamente qualificadas na sua área de atuação; b) possuir estruturas e equipamentos altamente especializados, que devem estar preferencialmente concentra-dos; c) garantir que os serviços e cui-dados são prestados de acordo com os mais elevados padrões da qualida-de, em conformidade com a evidên-cia clínica disponível e com as nor-mais clínicas nacionais em vigor; d) possuir competências nas áreas de ensino, formação, investigação, constituindo-se como agente de ino-vação, nomeadamente na transfe-rência ao tecido produtivo dos resul-tantes da sua investigação; e) pro-mover os mecanismos necessários para uma articulação eficiente com

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SaúdeCentro de Referência para o Cancro do Reto em Adultos – Centro Hospitalar do Algarve 17

Dez2016

ano de 2015 ascenderam aos 120, tendo sido intervencionados cirurgi-camente cerca de 80%. Os dados demonstram que o CHAlgarve cum-pre o mínimo de 20 novos casos por ano de cirurgia de carcinoma do re-to.

Fatores de diferenciação e perspetivas futuras

O Serviço de Oncologia Médica do CHAlgarve apresenta duas particulari-dades em relação aos Hospitais Ge-rais. A primeira diz respeito à urgên-cia própria, uma vez que “todos os doentes oncológicos se tiverem algum problema podem dirigir-se ao local, que é fora do Serviço de Urgência Ge-ral”. Esta competência é articulada com um internamento próprio de On-cologia Médica. Ambos são o reflexo

nar onde estão presentes as especia-lidades envolvidas: Gastrenterologia, Cirurgia Geral, Oncologia Médica, Radioncologia, Radiologia, Anato-mia Patológica, Nutrição/Dietética, Anestesiologia, Genética e Enferma-gem. A complementaridade permite que o processo de cada paciente se-ja analisado ao detalhe por uma equipa com diversas competências, sendo esta uma fase vital na metodo-logia que incorpora toda a atividade clínica. Segundo a Dr.ª Irene Furta-do “o processo é escrutinado e a de-cisão é partilhada por todos os médi-cos, devido ao facto de haver ques-tões que não são lineares. Posterior-mente, a decisão é escrita no processo clínico”.

O programa de tratamento do Cancro do Reto é composto por três linhas orientadoras: a Cirurgia, a Quimioterapia e a Radioterapia. O doente demonstra condições opera-tórias quando a doença se situa no estádio I e/ou II. Logo após a cirur-gia segue-se a Quimioterapia ou Ra-dioterapia. Nos casos em que o pa-ciente não é sujeito a operação “op-ta-se pela Quimioterapia e Radiote-rapia e no, fim de três ou quatro ciclos, dependendo dos resultados, verifica-se se as circunstâncias per-mitem ou não a intervenção cirúrgi-ca. Em suma o objetivo passa por tornar o tumor operável”. O contex-to proporciona o auxílio da Resso-nância Magnética, um procedimento fundamental devido ao rigor alcan-çado, que permite analisar os casos em que a operação se deve efetuar.

do suporte prestado aos pacientes e da primazia que o Serviço ostenta.

Os doentes que necessitam de trata-mento não são apenas os residentes na região do Algarve. Devido aos pro-tocolos estabelecidos com oncologis-tas no estrangeiro, os pacientes que visitam a região fazem o seu tratamen-to no Centro Hospitalar: “Os estran-geiros utilizam o nosso Sistema de Saúde, mas também já tivemos, no ve-rão do ano passado, alguns portugue-ses do Norte do país que realizaram as suas terapêuticas durante o seu perío-do de férias. Se não fosse a qualidade do Serviço de Oncologia tal nunca se-ria possível”, foca.

Futuramente, um dos objetivos a im-plementar corresponde à “capacidade de conseguir obter mais meios técnicos como o PET-TC, para que os cidadãos não tenham que se deslocar a outra ins-tituição”, afirma. Paralelamente a rela-ção com a Medicina Geral e Familiar é um tópico a melhorar, devido ao défice de comunicação entre as partes. Na se-quência do projeto denominado de “Humanização em Oncologia”, entre o CHAlgarve e a ARS Algarve (Adminis-tração Regional de Saúde), esta proble-mática irá merecer o devido destaque, com o propósito de ser colmatada. Por último, a coordenadora afirma que o número de médicos “deveria ser supe-rior, bem como o número de incenti-vos”. Ainda assim, a finalidade principal continua a ser cumprida, pois na essên-cia do Centro de Referência estão as competências técnicas de excelência e um relacionamento de confiança com os doentes.

Já no estádio IV, o recurso à Qui-mioterapia e Radioterapia é o recur-so plausível a adotar, inicialmente.

O Centro Hospitalar do Algarve comporta os equipamentos e recursos imprescindíveis para possuir o estatu-to de Centro de Referência. A coorde-nadora enumera as valências intrínse-cas ao hospital, ao mencionar “a Res-sonância Magnética, Radioncologia, Colonoscopia, Radiologia de Interven-ção Abdominal, Medicina Nuclear ”. As parcerias com outras instituições estão também presentes: “Na aborda-gem das metástases hepáticas, temos um protocolo com o Hospital Curry Cabral, para a Cirurgia de Resseção, nos doentes em que existe essa indica-ção”, acrescenta.

Em termos estatísticos, na Unida-de de Faro (CHA), os doentes diag-nosticados com Cancro do Reto no

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Saúde Hospital Particular do Algarve18

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Os princípios que regem a especiali-dade de Oncologia sustentam-se no bem-estar do paciente e nos conheci-mentos que permitem tratamentos inovadores. O coordenador da espe-cialidade, Dr. André Oliveira, reconhe-ce que esta premissa determina “a mudança da ideia de fatalidade para um paradigma de cronicidade ou, em vários casos, a própria cura”. Assim, a evolução dos tratamentos disponíveis revela-se fundamental, na medida em que proporcionam melhor qualidade de vida.

A prática da Oncologia consiste nu-ma pluralidade de “saberes e expe-riências” adquiridos por uma equipa multidisciplinar (Cirurgia, Oncologia, Gastroenterologia, Radiologia, Radio-terapia, Senologia, Ginecologia e Pneumologia) que se reúnem regular-mente para consultas de decisão clíni-ca. “A nossa visão passa por melhorar as áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento, bem como sermos o su-porte adequado para as pessoas que vivem com cancro. Tudo isto inserido num contexto que visa providenciar um serviço diferenciado e personaliza-do”, refere o coordenador.

Com a finalidade de detetar previa-mente a doença, o rastreio e o diag-nóstico são essenciais no processo de tratamento. Nesta sequência, o objeti-vo primordial reside na diminuição do tempo entre o aparecimento dos si-nais até a realização do diagnóstico. “A doença pode ser detetada devido ao rastreio ou a sintomas invulgares que apareçam, sendo que a partir da-qui sucede-se o diagnóstico, que que-

2011 e 2015, incide sobre a Mama (38 %), Cólon/Reto (26%), Próstata (10%), Bexiga (7%), Gástrico (3%), Outros (12%). O número de consultas e tratamentos tem também aumenta-do: no ano de 2014 foram feitas 335 consultas e 189 tratamentos, já em 2015 os números ascendem às 378 consultas e 328 tratamentos.

Atualmente, estão em desenvolvi-mento inúmeras ações para dotar o Hospital e o Algarve de métodos de diagnóstico e tratamento que não exis-tiam, entre os quais tecnologia mais sofisticadas na área da Radioterapia. Neste âmbito, salienta-se a parceria com a Quadrantes, um grupo de apoio a este tratamento. Na Oncologia o in-vestimento foca-se na Cirurgia, bem como “na contratação de profissionais

dedicados à patologia oncológica que, embora já colaborassem connosco, estarão presentes de uma forma mais permanente e dedicados ao setor pri-vado”, acrescenta.

Em suma, o investimento no Servi-ço irá refletir-se na qualidade do tra-tamento. No Hospital de Dia o traje-to percorrido caracteriza-se pela so-lidez do atendimento e suporte ao doente oncológico, através de uma equipa estruturada e especializada, onde são disponibilizados os meios necessários, mas as qualidades hu-manas não são esquecidas. O Dr. André Oliveira conclui que esta par-ticularidade está inerente ao suces-so: “As pessoas têm de se sentir apoiadas, pois só assim se desenvol-ve uma relação de confiança”.

remos que seja o mais rápido possí-vel”, elucida o Dr. André Oliveira.

Relativamente ao tratamento, um dos cuidados que o Hospital de Dia assegura são as terapias para o alí-vio dos sintomas, que permitem manter o doente estável e assim ini-ciarem-se os tratamentos na área da Oncologia. Consequentemente, a Cirurgia surge como um recurso es-sencial “quando o tumor ou a neo-plasia se encontra em estadios ini-ciais ou potencialmente ressecáveis após cursos de tratamentos médicos como a Quimioterapia e Radiotera-pia”, considera. Embora o processo possa ser concluído, existem casos onde o tratamento e o controlo da doença são contínuos e, nestas cir-cunstâncias, é importante que a doença seja enquadrada no dia-a-dia do paciente, dentro do possível. “Neste prolongamento da vida, con-seguimos o acesso a medicamentos que dão uma nova esperança e um novo impulso ao controlo da doen-ça”, explica. Um exemplo basilar é o melanoma metastático. A doença, considerada quase fatal, é presente-mente combatida com expetativa de algumas taxas de cura.

O Hospital de Dia disponibiliza seis unidades de tratamento (quatro em ca-deirões de sala aberta e dois quartos individuais) centrando a sua atividade no tratamento clínico de doentes com patologia oncológica e patologia de dor para abranger de forma pluridisci-plinar a doença. Em termos estatísti-cos e perante os pacientes que recor-reram ao hospital realça-se que a loca-lização da doença, entre os anos de

O Hospital Particular do Algarve (HPA) abriu em julho de 2011 o Hospital de Dia que funciona como uma área vital no que diz respeito ao tratamento do cancro. Disponibilizam-se consultas de Oncologia e Hemato-Oncologia, tratamentos médicos de Quimioterapia, terapêuticas dirigidas e, mais recentemente, Imunoterapia.

Superar os desafios oncológicos

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A campanha “Spotlight on Gaucher”é iniciada, desenvolvida e financiada pela Shire:

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PT/C-ANPROM/GCB/16/0030Data de preparação: 20 de Outubro de 2016

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Saúde Centro de Referência de Doenças Lisossomais de Sobrecarga – Hospital Senhora da Oliveira20

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Desde 2013 que o serviço coordena-do por Olga Azevedo foi designado co-mo Centro de Excelência em Doenças Lisossomais de Sobrecarga (DLS). Este reconhecimento teve por base o mérito do Centro no diagnóstico e tratamento das patologias raras que afetam o meta-bolismo dos lisossomas e pela distinta di-nâmica no âmbito da investigação em contexto nacional e internacional. No presente ano, o Centro, numa parceria com o Hospital de Braga, Centro Hospi-talar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ri-cardo Jorge, Associação de doentes Ra-ríssimas e Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, foi classifica-do referência nacional no tratamento destas patologias metabólicas raras, uma vez que assume um papel de relevo a ní-vel internacional no tratamento da doen-ça de Fabry devido a um «efeito funda-dor» na região de Guimarães.

genético e hereditário. A doença de Gaucher é a mais frequente. Todavia, na região de Guimarães predomina a doen-ça de Fabry devido a um «efeito funda-dor» que remonta há 400 anos e que afeta atualmente cerca de 180 indiví-duos de 31 famílias, acompanhados pe-lo Centro de Referência do Hospital da cidade-berço. “A doença de Fabry causa sintomas a nível cardíaco nomeadamen-te a hipertrofia do coração, insuficiência cardíaca, arritmias e bloqueios cardíacos com necessidade de implantação de um pacemaker; surgem também manifesta-ções renais nomeadamente insuficiência renal; manifestações cerebrovasculares como AVC em idade jovem; manifesta-ções do sistema nervoso periférico, na forma de dores intensas nas extremida-des; e ainda manifestações auditivas, oculares e dermatológicas”, esclarece a coordenadora.

O caráter hereditário leva a que gran-de parte das DLS tenha manifestações clínicas logo na infância. No entanto, es-tas doenças têm alterações genéticas parciais que resultam na existência de uma atividade enzimática residual, dan-do assim origem a fenótipos mais ate-nuados. Nestes casos os sintomas sur-gem mais tardiamente, na idade adulta. Fatores que revelam uma dificuldade acrescida no diagnóstico.

São doenças raras, sendo a prevalên-cia de algumas destas doenças menor do que uma em cada 100 mil pessoas. Por isso, é natural que os profissionais de saúde não estejam sensibilizados para estes diagnósticos e, desta forma, asso-ciem os sintomas a patologias mais fre-quentes. Neste sentido, o Centro tem re-unido esforços, apostando na formação

com o objetivo de sensibilizar os profis-sionais de saúde para o diagnóstico pre-coce. “Neste contexto, temos organiza-do sessões de formação para profissio-nais de saúde ligados às DLS, mas tam-bém para os cuidados de saúde primários a fim de que possam identificar os sinais e sintomas de alerta e referenciar os ca-sos suspeitos para o nosso Hospital”, as-severa Olga Azevedo.

Após o diagnóstico segue-se a fase de tratamento que, consoante a doença, poderá consistir em terapia de substitui-ção enzimática, isto é, administrar ao doente a enzima em falta; ou em terapia de redução de substrato, ou seja, terapia que visa diminuir a acumulação dos subs-tratos.

O reconhecido trabalho deste Centro assenta na excelência de um corpo clíni-co multidisciplinar de excelência, assisti-do por profissionais de saúde altamente qualificados. O objetivo é dar uma res-posta integrada a todas as necessidades dos doentes, não só do ponto de vista médico, mas também no aspeto psicoló-gico e social.

No âmbito da investigação, o Centro coordenado por Olga Azevedo assume um papel dinâmico e empreendedor, es-tabelecendo colaborações internacio-nais, nomeadamente com o Instituto de Genética da Universidade de Hambur-go, com o Royal Free Hospital of Lon-don, com vários centros espanhóis e com a Universidade de Versalhes, em Paris. Subjacente a estes projetos está também outro indicador de internacio-nalização. “Somos um Centro de Refe-rência nacional, mas com a possibilida-de, caso a Comissão Europeia aprove, de integrar a Rede de Referenciação Eu-ropeia das Doenças Hereditárias do Me-tabolismo”, destaca. A resposta chega ainda durante o mês de dezembro e, ca-so seja positiva, o Hospital Senhora da Oliveira Guimarães será um dos 69 cen-tros europeus a integrar esta rede de re-ferenciação europeia.

“Há vários motivos que levaram a este reconhecimento. Desde logo a grande atividade assistencial clínica que temos realizado com o acompanhamento de mais de duzentas pessoas com doenças lisossomais de sobrecarga, realizado por uma equipa multidisciplinar constituída por mais de vinte profissionais de saúde centrados no cuidado destes doentes. Por outro lado, toda a atividade de for-mação e investigação que o Centro tem desenvolvido, através de vários projetos de rastreio e de investigação próprios da instituição ou em colaboração com múl-tiplas instituições, universidades ou cen-tros nacionais e internacionais. Temos organizado também várias ações de for-mação dirigidas aos profissionais de saú-de com vista a aumentar a sensibilização para o diagnóstico e tratamento preco-ces destas patologias”, enumera Olga Azevedo, que salienta a importância do site relativo ao Centro de Referência das DLS, criado para informar e sensibilizar a comunidade médica, profissionais de saúde e o público em geral sobre estas patologias raras.

As DLS são distúrbios hereditários do metabolismo dos lisossomas, os organe-los das células onde ocorre a degradação enzimática de vários substratos. Quando há a deficiência de alguma enzima lisos-somal, existe, consequentemente, um compromisso da digestão celular, que le-va à acumulação de substratos nos lisos-somas criando lesão nos tecidos e ór-gãos. Dependendo do tipo de enzima afetada, surgem variadas doenças lisos-somais de sobrecarga com manifesta-ções clínicas distintas. Até ao momento estão identificadas aproximadamente 50 patologias lisossomais com caráter

Olga Azevedo é a coordenadora do Centro de Referência de Doenças Lisossomais de Sobrecarga, patologias raras que afetam o metabolismo celular. O Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães assume-se como o maior centro ibérico e um dos maiores centros europeus no tratamento da doença de Fabry derivado de um «efeito fundador» na região.

Excelência europeia no tratamento das doenças lisossomais

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SaúdeHospital Senhora da Oliveira 21

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No passado dia 25 de setembro, o Hospital Senhora da Oliveira Guimarães celebrou o 25.º aniversário desde a sua edificação no ano de 1991, na Rua dos Cuteleiros, em Creixomil. Uma Institui-ção que se entronca numa larga tradição no setor da saúde, estando, a par de Coimbra, no patamar da cidade com maior história em termos hospitalares.

As suas raízes históricas iniciam-se em finais do Século XVI, altura em que foi instituído o Hospital da Misericórdia de Guimarães. Funcionou neste formato até à Revolução de 1974, altura a partir da qual passou a ser designado de Hos-pital Distrital de Guimarães. No entanto, em meados da década de 80, a capaci-dade do então Hospital estava bloquea-da pelas parcas instalações do Convento dos Capuchos. Assim, surge a necessi-dade de construção de um novo edifício para servir adequadamente a população da região, levando à construção de um edifício devidamente dotado para a pres-tação de cuidados de saúde. Perspeti-

um dos marcos a realçar neste trajeto que conta já um quarto de século. Um passo importante no percurso da Insti-tuição, pois esta colaboração a nível aca-démico pré e pós-graduado tem contri-buído para a crescente formação de pro-fissionais de saúde e para o sucesso co-mo Hospital-Escola, considerando que a prestação de cuidados médicos de quali-dade é indissociável do ensino e da in-vestigação contínua e sustentada na área da Saúde. “Os hospitais que conseguem fixar os profissionais são aqueles que os formam. A ligação com a Universidade do Minho abrange também a área de Engenharia, uma vez que atualmente os hospitais vivem também da inovação de processos. Não importa só o que faze-mos, mas como o fazemos”, ressalva o administrador, assumindo que estes são os elementos que se encontram na base de uma sólida investigação, desenvolvida nos variados serviços da Unidade Hospi-talar.

Um dos serviços em destaque no âm-bito da investigação é o Centro de Exce-lência das Doenças Lisossomais de So-brecarga que tem desenvolvido vários projetos nacionais e internacionais no âmbito do tratamento destas patologias raras do Metabolismo Celular. O Centro tem assumido um papel pioneiro e van-guardista nesta temática e com a possibi-lidade de, até ao final deste ano, integrar

uma Rede de Referenciação Europeia das doenças metabólicas. Uma notável recompensa pelo trabalho desenvolvido no Centro, mas também pela comemo-ração dos 25 anos do Hospital.

“Somos reconhecidos pelo desenvol-vimento em outras grandes especialida-des, nomeadamente na área de Hiper-tensão, através da criação de um centro reconhecido a nível europeu para o tra-tamento desta patologia; na área da Gastrenterologia, muito associada à es-pecialidade de Oncologia, com proces-sos eficientes, levando a que não haja lis-ta de espera e com reconhecimento a ní-vel europeu no âmbito da formação; na área da Cardiologia, através da recente requalificação da Unidade dos Cuidados Intensivos Cardiológicos, equipada com todos os elementos técnicos e tecnológi-cos; e na área Materno-Infantil, com um acompanhamento aprofundado durante a gravidez e, mesmo após o nascimento, na Unidade de Cuidados Intensivos de Neonatologia, tendo à disposição dos pais uma unidade hoteleira – suporte de restauração e estadia – que lhes permite acompanhar a evolução do recém-nasci-do, 24 horas por dia”, expõe Delfim Ro-drigues.

Os 25 anos celebrados são significado de inúmeros cuidados e serviços presta-dos à população. Os números não enga-nam e comprovam a magnitude que o Hospital de Guimarães atingiu ao longo do seu percurso. Quase quatro milhões de consultas realizadas, cerca de três mi-lhões de urgências admitidas e cerca de 560 mil internamentos. Cerca de 83 mil bebés nasceram nesta instituição e a me-ta das 200 mil intervenções cirúrgicas está prestes a ser ultrapassada.

vando um total de 485 camas e dotado de quase todas as valências hospitalares, o Hospital é atualmente constituído por três edifícios: um corpo principal em al-tura com onze pisos, tendo os dois pri-meiros pisos edifícios circundantes fun-cionando como uma espécie de base; o segundo corpo com três pisos, ligado ao edifício principal por uma galeria, e um terceiro corpo, construído mais tarde, dedicado a consulta externa e cirurgia de ambulatório.  

O novo Hospital inaugurava, assim, o seu funcionamento a 25 de setembro de 1991, herdando e prosseguindo um le-gado de referência com mais de 400 anos de história na prestação de cuida-dos de saúde à população. Fernando Al-berto Ribeiro da Silva desempenhou um papel determinante aquando da constru-ção do novo edifício, tendo sido conde-corado com a Ordem de Mérito do In-fante D. Henrique pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua visita ao Hospital de Guimarães no mês passado, no âmbito das comemora-ções.

“Ao longo dos 25 anos, este Hospital tem sido um grande exemplo de afirma-ção inequívoca fundamentalmente no crescimento do seu corpo profissional devido à diferenciação técnica e científi-ca que a Instituição foi desenvolvendo, tornando-se fator de atração para os profissionais das várias especialidades e áreas de saúde”, assevera Delfim Rodri-gues, enaltecendo a importância da ver-tente formativa para a fixação dos cola-boradores na unidade hospitalar vimara-nense.

Neste sentido, a parceria estabelecida com a Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, desde 2004, é

O Hospital da Senhora da Oliveira Guimarães está de parabéns pelos inúmeros cuidados de excelência que tem prestado aos habitantes da região ao longo dos seus 25 anos de existência. Delfim Rodrigues, Presidente do Conselho de Administração, narra o percurso competente, ambicioso e dedicado da Instituição.

25 Anos a cuidar da Saúde em Guimarães

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Saúde Hospital da Horta22

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O Hospital da Horta, EPER locali-za-se na cidade da Horta, na ilha do Faial e é o Hospital de referência de 45 mil habitantes das ilhas do Faial, Pico, São Jorge, Flores e Corvo, sen-do por isso a Unidade Hospitalar mais Ocidental de Portugal e da Euro-pa.

Ao longo de muitos anos, o Hospi-tal da Horta funcionou em diferentes edifícios no espaço da cidade açoria-na e só em 1985 é que passou a con-tar com uma infraestrutura construída de raíz e adequada às suas necessida-des. Desde então, e ao longo destes últimos anos, o Hospital da Horta tem sido objeto de diversas interven-ções de remodelação internas e cons-trução de novos blocos, umas vezes por necessidade de encontrar maior funcionalidade na prestação de servi-ços, outras pela maior oferta de espe-

de insular, para servir, de uma forma ou outra, esta nobre causa, a medici-na”, assevera João Luís Morais, pre-sidente do conselho de administra-ção.

Serviços e valênciasA visão do Hospital da Horta perse-

gue uma perspetiva integrada na pres-tação de cuidados de saúde, assentan-do no seu continuado desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico-científico nas valências que integra, na qualidade da assistência prestada aos utentes e na excelência da gestão clínica, suporta-dos em sistemas de gestão de qualidade certificados.

A atenção centrada no doente refle-te a primazia dada à organização da estrutura assente em quatro grandes áreas: Urgência/Emergência, na qual se inclui a Urgência pré-hospitalar, a Urgência Interna e Externa, a Unida-de de Cuidados Intensivos; o Interna-mento é subdividido na vertente Mé-dica e Cirúrgica, dotado de cinco en-fermarias, sendo que duas são desti-nadas às especialidades de Pediatria e Obstetrícia/Ginecologia; duas salas individuais servem o Centro Cirúrgi-co que realiza cerca de 2500 cirur-gias por ano; e a área de Ambulatório composta pelos serviços de Consulta Externa, Cirurgia do Ambulatório, Meios Complementares de Diagnós-tico e Trapêutica e Hospital de Dia de Adulto e Pediátrico.

Atualmente, o Hospital da Horta, EPER disponibiliza 45 serviços clíni-cos, entre os quais Aditologia, Imu-nohemoterapia, Diálise, Fisioterapia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacio-nal, e Medicina Hiperbárica. Esta últi-ma valência detaca-se não só na pres-tação de cuidados de saúde aos uten-tes, mas também no apoio à ativida-de de mergulho que potencia o turismo da região.

Medicina HiperbáricaA especialidade de Medicina Hiper-

bárica foi introduzida no Hospital da Horta em 1991 com a aquisição de duas câmaras hiperbáricas com ante-câmara que já permitia ir para além do tratamento de acidentes de mer-gulho, a sua original função. Poste-riormente, foi adquirida a presente Unidade, moderna e com oito luga-res, destinada também ao tratamento de doentes críticos com todos os meios médicos ao dispor, incluindo ventilador. De notar que esta é a ter-ceira Unidade portuguesa, a primeira num hospital civil.

“Desde o início, devido à falta de formação nesta área nas Faculdades de Medicina portuguesas, julgamos premente a formação médica e a ne-cessidade de certificação médica para utilizar este equipamento”, refere Luís Quintino Duarte, diretor deste Serviço no Hospital da Horta, que tem revelado ações dinâmicas em re-conhecidas parcerias para contrariar esta tendência. Neste âmbito, reali-zam regularmente formações na área da Medicina Hiperbárica, promoven-do formações para médicos, paramé-dicos e mergulhadores nos Açores e Continente.

A conjugação de esforços da Se-cretaria de Turismo, Secretaria da

cialidades clínicas, mas também pela degradação de parte do edifício após o sismo de 1998. Um crescimento gradual que contava, em 2015, com um total de 38 médicos distribuídos por 21 especialidades residentes, 126 enfermeiros e 33 técnicos num universo de quase 490 colaborado-res.

Assim, após os 30 anos desde a sua inauguração, o Hospital da Horta, apresenta-se hoje como uma institui-ção moderna, dotada em geral de boas instalações. “A assistência aos doentes no Faial, tem já uma longa história que se confunde nos últimos cinco séculos de existência com a própria vida das ilhas servidas por es-ta instituição forjada com tenacidade, dedicação e altruísmo de todos aque-les que aqui viveram em tempos e condições difíceis, fruto desta realida-

É em pleno Oceano Atlântico que o Hospital da Horta, EPER ocupa um lugar de referência na prestação de cuidados de saúde a milhares de açorianos. Nesta instituição destacam-se as valências da Unidade de Medicina Hiperbárica como serviço de apoio também ao turismo da região.

A inovação Hiperbárica no Hospital da Horta

Luís Quintino Duarte, diretor Unidade de Me-dicina Hiperbárica, Hospital da Horta

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cida, bacteriostático, tratando as in-toxicações por monóxido carbono e cianídricos e diminuindo também o volume de eventuais bolhas gaso-sas”, elucida o médico especialista.

A prática clínica diária desta espe-cialidade no Hospiatal da Horta desti-na-se a doentes portadores de doen-ças com má vascularização, feridas crónicas, infeções por anaérobios, má cicatrização, melhoria de alguns

Saúde através do Hospital da Hor-ta, Câmara Municipal, Clube Naval da Horta e médicos interessados no tema, permitiu um “olhar em fren-te” na idoneidade deste equipamen-to. Nesse intuito, foram deslocados dois médicos, Luís Quintino e Or-lando Simas à Universidade de Bar-celona, onde se leciona um mestra-do nesta área. As chegadas poste-riores das especialistas Montserrat Pavon e Paula Costa permitem que o corpo clínico desta Unidade seja um reconhecido grupo de médicos bastante diferenciado e especializa-do na área, resultando numa certifi-cação internacional na prática da Oxigenioterapia Hiperbárica. “Fa-zemos parte do grupo de pioneiros que, na sequência da Unidade de mergulhadores da Marinha Portu-guesa, da Unidade do Hospital da Marinha e do Hospital Pedro Hispa-no, implementou esta terapia em Portugal”, afirma o especialista.

À excelência do corpo clínico, alia--se a colaboração de três operadores certificados para o funcionamento da câmara, seis enfermeiros que acom-panham no interior e exterior o de-correr dos tratamentos e pessoal téc-nico que suporta a estrutura física. “Realçar a colaboração e o incentivo por parte da administração hospita-lar, sem a qual não seria possível ven-cermos as vicititudes desta área da Medicina e do equipamento tão dife-renciado”, enfatiza o diretor da Uni-dade.

Nos Açores, esta Unidade tem si-do fundamental para permitir o atual desenvolvimento e apoio ao mergulho amador e profissional. Si-tuada em pleno Grupo Central, du-rante muitos anos esta era a única nesta região autónoma. Atualmen-te, o panorama apresenta-se bem

pós-operatórios, surdez súbita, em-bolismo gasoso arterial ou venoso. Os resultados são surpreendentes pa-ra quem acompanha a evolução des-tes utentes, que se encontram em si-tuações críticas para as quais a res-posta clínica não foi muito favorável. “A nossa ajuda nem sempre conquis-ta os mais céticos, mas traz sempre benefícios para os utentes que servi-mos”, finaliza Luís Quintino Duarte.

mais extenso com a existência de um parque de três câmaras, nos três grupos insulares: Ponta Delgada e Horta com tratamentos regulares de Hiperbárica e Santa Cruz das Flores para tratamentos de Suba-quática (mergulhadores). “Neste âmbito, temos tratado os acidentes descompressivos que foram surgin-do (cerca de 40), e conseguimos a certificação para realizar os exames médicos para o mergulho profissio-nal e amador, evitando a deslocação destes profissionais ao Continen-te”, explica Luís Quintino Duarte.

Desta feita, a existência desta Câ-mara Hiperbárica é um fator funda-mental e imprescindível para o de-senvolvimento do turismo subaquáti-co, atividade em franca expansão, do mergulho profissional e da futura Es-cola do Mar na cidade da Horta. “No entanto, o mergulho representa ape-nas 2% do conjunto de doentes que tratamos, sendo as áreas médicas as grandes utilizadoras e beneficiadas com esta Unidade”.

O conceito destes tratamentos consiste em respirar Oxigénio puro e outras misturas respiratórias a pressões acima de 1,5Kg (0,5 me-tros) num compartimento onde é possível atingir 6 Kgs (equivalente a 50 metros de profundidade) em vá-rias e diferentes pressões conforme a doença. O Oxigénio difunde-se através da linfa e dos tecidos, e atin-ge áreas do corpo humano em so-frimento onde não chega pela circu-lação normal, com hipóxia tissular geral ou local. “Para além da hipe-roxigenação, é possível concretizar outras ações como estimular a mi-crovascularização, a neocolageniza-ção, a angiogénese, ações antiede-ma, ativando a microcirculação, melhorando a cicatrização, bacteri-

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Saúde Hospital de Fão24

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Em dia de comemoração do seu 416.º aniversário, a Santa Casa da Misericórdia de Fão promoveu uma sessão solene que ficou marcada pe-la apresentação do Certificado de Sistema de Gestão da Qualidade do Hospital de Fão. Segundo o Prove-dor, Celestino Morais, a entrega deste diploma, serve para confirmar que esta é uma “unidade de referên-cia, recomendável a quem procura serviços de saúde. Este objetivo foi alcançado com a indispensável aju-da de beneméritos, colaboradores, profissionais, sem esquecer os uten-tes que confiam nos nossos cuida-dos”.

Realce-se que nos anos de 2013 e 2014, este Hospital – que se orgulha de nunca ter sido nacionalizado – in-vestiu, com arrojo, cerca de milhão e meio de euros em obras de moderni-zação do Bloco Operatório, do Servi-ço de Urgência e na criação de uma

processo de modernização resultou do esforço humano, técnico e finan-ceiro da ‘prata da casa’ sem ajudas externas. Todos trabalhamos ao lon-go de quatro a cinco anos a fim de

conseguirmos esta grandiosa tarefa da implementação do Sistema de Qualidade no Hospital de Fão. Qua-lidade na Saúde é implementar re-gras e procedimentos, racionalizar

nova Unidade de Endoscopia com Se-dação. “Tão importantes investimen-tos, que procuram servir da melhor forma possível os utentes, reconheci-da a importância do atendimento de proximidade, poupando despesas e esforços a quem carece de tais servi-ços, não mereceram um cêntimo de ajuda ou comparticipação. Gastou-se o que tínhamos e não chegou, pelo que recorremos à Banca. Esta certifi-cação traz-nos mais responsabilidades e exigência hoje e no futuro”, enalte-ce o Provedor.

Contando com um quadro de cola-boradores composto por 210 fun-cionários, mais 150 colaboradores, falamos com o diretor clínico, o Dr. Custódio Costa, médico especialista em Otorrinolaringologia, figura pre-sente na Instituição há 25 anos. É com natural orgulho e satisfação que vê a meta da Certificação pela qualidade ser alcançada. “Todo este

Integrado numa Instituição com séculos de História, o Hospital de Fão é uma referência na prestação dos melhores e mais vastos cuidados de saúde. Nesta edição, fomos conhecer este espaço, onde a qualidade é certificada, e estivemos à conversa com o Provedor Celestino Morais, o diretor clínico, Dr. Custódio Costa, o vice-provedor, Norberto Mota e o tesoureiro, Carlos Afonso Novo.

“Acreditação no presente é acreditar no futuro”

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tado”. “O que hoje é legislação vigen-te depressa será alterada. Por outro lado, as regras do jogo, no tocante a Acordos, não são iguais para todos. Há muito que solicitamos acordo com ADSE. Conseguimo-lo apenas com parentes pobres: IASFA, SAD/GNR, SAD/PSP. Há clínicas sem o mínimo de condições, se comparadas com o nosso Hospital, com tal acordo. Ha-verá filhos e enteados na política de saúde? Agora, com o hospital classifi-cado como Unidade com qualidade, que razão invocará o Colégio do Go-verno para recusar a nossa preten-são?”. O Hospital de Fão já fez che-gar este apelo junto da ARS Norte su-gerindo também que, para melhor aproveitamento da capacidade insta-lada, se proceda a um acordo no âm-bito dos exames de Espirometria e Ri-nomanometria computorizada (respe-tivamente, estudo da permeabilidade das vias aéreas inferiores e superio-res). A Instituição propôs também a contratualização com o SNS do trata-mento de Oxigenoterapia Hiperbári-ca (em câmara individual).

Responsável por 210 profissio-nais no quadro, a Instituição solicita “o acesso a prescrição de MCDT’s do Sistema Nacional de Saúde para

meios, definir funções e funcionali-dades, avaliar prestadores, qualificar os seus profissionais e avaliar o seu desempenho; todos estes processos surgem no sentido de dotar a Insti-tuição da capacidade necessária pa-ra dar resposta aos seus utentes através da prestação de serviços de saúde de excelência”, realça o dire-tor clínico.

A acreditação apresenta-se “como moeda forte de referência no merca-do da saúde”, nomeadamente no es-tabelecimento de parcerias ou de contratualização de serviços com as seguradoras, entidades públicas e privadas.

Num mundo em que a tecnologia avança a um ritmo alucinante, a infor-

Medicina no Trabalho, assim como para utentes do Serviço Permanente (aberto 24 horas), especialmente aos fins-de-semana, noite e feriados, quando o Centro de Saúde está fe-chado, não havendo qualquer res-posta de transportes públicos”.

O Hospital de Fão é um exemplo vivo de que a capacidade e a vonta-de de oferecer serviços de saúde de qualidade não está apenas acessível aos grandes grupos económicos, antes exige rigor, trabalho e organi-zação. O esforço de anos de toda a equipa que compõe a Instituição merece ser enaltecido.

Em jeito de conclusão a direção clínica e a administração prometem “não parar na melhoria contínua dos cuidados de saúde prestados no sentido da excelência no modo de servir: esta é a nossa missão!”.

mação está à distância de um click “e na saúde não é exceção”. O diretor clínico alerta: “Exige-se rigor e trans-parência; outras opiniões; o processo clínico é propriedade do utente sendo a Instituição apenas o seu fiel deposi-tário; a qualidade na saúde está assim visivelmente exposta. Nesse sentido, a acreditação no presente é acreditar no futuro. Uma vez implementada e continuada será facilitada a gestão e a resposta às solicitações oficiosas das entidades reguladores e fiscalizado-res”.

No âmbito da saúde, é do entendi-mento do Provedor Celestino Morais “que as Santas Casas cresceram para a além da sua capacidade financeira”. Assim, com vista a atingir o equilíbrio orçamental necessário, “cada mesa administrativa terá de pautar a sua ação pelo rigor, acompanhar a inova-ção de procedimentos na área técnica e de recursos humanos, transforman-do estes em mais-valias, além de atua-lizar e otimizar serviços que são im-portante fonte de receitas”. Sendo que estes proventos, são ainda assim escassos para garantir a sustentabili-dade financeira necessária, o Prove-dor aponta o dedo “às constantes al-terações das regras impostas pelo Es-

Hospital de Fão:• Clínica Geral e Enfermagem

24 horas• Consultas de especialidade• Internamento (Medicina/Cirurgia)• Meios Complementares de Diag-

nóstico • Laboratório de Análises Clínicas• Medicina Física e de Reabilitação

Santa Casa da Misericórdia de Fão:

• Hospital• Lar de 3.ª Idade• Centro de Dia • Creche e Jardim-de-Infância• Apoio Domiciliário• Cantina Social

Ext03002/A

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Desde a sua fundação em junho de 1955, a Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA) tem promovido e acompanhado a evolução da especiali-dade na dinâmica hospitalar. Criada há 61 anos por um grupo de médicos portugueses dedicados primordial-mente à anestesia, logo que reconhe-cida como especialidade autónoma pela Ordem dos Médicos, a SPA lu-tou sempre pela qualidade da forma-ção em na especialidade, organizando e participando em reuniões nacionais e mundiais da especialidade “No início ainda se denominava Anestesia, ligada apenas ao conceito de tirar a dor e a consciência do paciente no ato cirúrgi-co. A evolução para Anestesiologia foi um passo muito importante, pois con-sistiu na valorização do trabalho reali-zado no pré-operatório com avalia-ção, otimização e informação do doente, intraoperatório com manu-tenção das funções vitais e homeosta-

mais dos profissionais desta especialida-de. “Devido às exigências e conheci-mentos médicos, o anestesiologista as-sume um papel vital com as funções que desempenha nas várias áreas da dinâmi-ca hospitalar. Em grande parte das uni-dades hospitalares a Anestesiologia é a responsável pelo departamento da VMER (Viatura Médica de Emergência), que requer uma resposta imediata, com utilização de fármacos de emergência e manuseamento da via aérea. Como o anestesiologista faz isso todos os dias no bloco operatório, é o profissional que tem mais treino prático e capacidade para de forma rápida e segura, actuar na emergência médica com mais eficá-cia”, revela a presidente da Sociedade.

Aliada à evolução da especialidade ao longo das seis décadas de existên-cia, a SPA tem assumido característi-cas pioneiras, dinâmicas e inovadoras, apostando no desenvolvimento da in-vestigação e formação contínua, da credibilização e estabelecimento de re-lações a nível internacional e da apro-ximação à sociedade civil.

Secções e grupos de trabalhoA partir de 2002, com a adaptação

às exigências da anestesiologia mo-derna, a SPA entendeu que deveria proceder à organização em secções de acordo com áreas temáticas em vez das secções por regiões geográficas de Norte, Centro e Sul que se apresenta-vam até então.

Rosário Órfão enumera então os distintos departamentos que com-põem atualmente a SPA: “a Secção de Anestesia Pediátrica pois a Pedia-tria é um grupo etário que requer cui-dados especiais, dado que a criança não é um adulto pequeno e apresenta um conjunto de características muito particulares; a Secção de Anestesiolo-gia Obstétrica, na qual os profissionais desta especialidade permitem que a

mulher possa apreciar todos os mo-mentos da maternidade sem dor; a Secção de Medicina Intensiva; a Sec-ção de Simulação Médica; a Secção de Anestesiologia para Cirurgia de Ambulatório; a Secção da Qualidade e Segurança; a Secção de Internos SI/SPA-PTN; e mais recentemente a Secção de Neuro-Anestesiologia”.

Neste contexto, destaca-se o setor da Qualidade e Segurança como essencial para a credibilização da especialidade, mas sobretudo para o bom exercício da profissão. Garantir que todos os requisi-tos de segurança sejam cumpridos é também uma função do anestesiologis-ta. Atualmente são vários os aspetos que auxiliam o profissional na prática do exercício profissional de uma forma se-gura para si e para o doente.

Além das várias secções temáticas, a SPA sentiu ainda a necessidade de criar grupos de trabalho, designadamente o Grupo de Estudo de Via Aérea Difícil, da Medicina da Dor, de Medicina Perio-peratória, de Patient Blood Manegment e de Analgesia e Sedação.

O grupo de Patient Blood Maneg-ment elaborou, em 2014, um Con-sensus de abordagem Periopertória do doente medicado com anticoagu-lantes em colaboração com outras so-ciedades científicas como a de Cardio-logia, que a SPA disponibiliza para to-dos os profissionais de saúde ou doen-tes, através do seu site, numa App.

Desta forma, a subdivisão em secções e grupos de trabalho de acordo com as diferentes áreas de atuação dos aneste-siologistas permite um conhecimento e desenvolvimento mais profundo de ca-da uma delas, valorizando o trabalho em equipa dentro do organismo e fora dele no contacto com outras especialidades médicas e outras vertentes da Saúde. “O nosso trabalho raramente é exercido isoladamente. Integramos a multidisci-plinaridade que domina o atual contexto médico”, completa a especialista.

sia e ainda na fase de pós-operatório através da vigilância e tratamento pre-coce de complicações e tratamento da dor”, esclarece Rosário Órfão, as-sumindo a crescente valorização da especialidade ao longo dos anos, devi-do à intervenção em várias áreas da dinâmica hospitalar.

Atualmente, o paradigma profissional do anestesiologista não se restringe ape-nas à administração de anestesia e con-trolo durante o ato cirúrgico. A especia-lidade tem vindo a ganhar protagonis-mo através das distintas áreas que inte-gra, entre as quais a Medicina Perioperatória, a Emergência, a Medi-cina Intensiva, com atuação nos cuida-dos intensivos; a Terapêutica da Dor com o tratamento de utentes que so-frem de dor crónica ou aguda; e a Ges-tão Hospitalar, assumindo cargos res-ponsáveis por determinadas Unidades ou Serviços. Uma abrangência transver-sal e multidisciplinar que exige cada vez

A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, presidida por Rosário Órfão, tem revelado um papel dinamizador na progressiva qualificação e credibilização da especialidade. Muitos são os projetos no âmbito da formação com o objetivo de que as novas gerações enfrentem, com sucesso, as mudanças no paradigma profissional.

Consolidar o presente e preparar o futuro da Anestesiologia

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SaúdeSociedade Portuguesa de Anestesiologia 27

Dez2016

foram sempre presença assídua nos congressos internacionais realizados em Lisboa, Porto e Coimbra, ao lon-go dos anos e, rapidamente foram in-troduzidas técnicas provenientes da Europa na prática da especialidade no nosso país.

A colaboração com a Sociedade Euro-peia de Anestesiologia (ESA) criada nos anos 90 tem sido outro dos grandes mo-tores de expansão da especialidade em Portugal. Através da National Anesthe-siologists Societies Comittee (NASC), a SPA integra-se no contexto europeu, estabelecendo contacto com as realida-des da área noutros países e adotando normas e princípios recomendados, no-meadamente a Declaração de Helsín-quia assinada em 2005.

Relação de proximidade com o doente

Um dos aspetos com especial relevo para a SPA concerne à informação e divulgação da Anestesiologia para o

Importância da formação e a aposta nos jovens

A Anestesiologia encontra-se em franca expansão com solicitações crescentes para a intervenção nos atos de diagnóstico e terapêutica médico--cirúrgica. Neste sentido, jovens médi-cos na hora de escolher a sua carreira tendem cada vez mais a ter em conta esta especialidade como opção princi-pal.

Desta forma, a SPA tem apoiado a desenvolvido a formação de novos es-pecialistas para acudir às necessidades, o que exige também um esforço acresci-do de responsabilidade por parte das unidades hospitalares formadoras.

As novas gerações de médicos em geral e de jovens anestesiologistas, em particular, enfrentam um novo para-digma profissional e a direção da So-ciedade, presidida por Rosário Órfão, está atenta à questão desenvolvendo muitas ações neste contexto. “Desde que assumi a direção em 2014, temos organizado várias atividades formati-vas fomentamos a criação da Secção de Internos, a apresentação de traba-lhos e a organização de sessões pelos internos no próximo congresso a ser realizado em Março”, revela a presi-dente da SPA, indicando os cursos de metodologia da investigação e simula-ção como atividades relevantes.

A Simulação é uma ferramenta que nasceu na Europa no contexto da aviação e que se adaptou à Anestesio-logia devido às muitas semelhanças com a profissão dos pilotos — rece-bem muitas informações dos vários parâmetros dos doentes, nomeada-mente a frequência cardíaca, da ten-

cidadão. Há cerca de dois anos que a exposição «Como a Anestesiologia mudou o Mundo» percorre o país e pretende mostrar em que consiste a especialidade, contando a história e os marcos mais importantes e apresen-tando as variadas funções que exer-cem.

A campanha «Vou ser anestesiado» é outra iniciativa com vista à aproxi-mação do doente à especialidade pos-sibilitando o esclarecimento das pes-soas que vão ser submetidas a inter-venções cirúrgicas. Este modo de co-municação com o público permite a desmistificação de muitas questões re-lativas à anestesia. Em cima da mesa está também a iniciativa complemen-tar «Fui anestesiado», que consistirá na recolha e partilha de testemunhos.

Nesta aproximação, a presidente da SPA salienta ainda o papel que o doente tem para o bom exercício do anestesiologista. Qualquer tipo de alergias ou complicações médicas de-vem ser reportadas ao especialista pa-ra que não haja situações críticas du-rante a cirurgia por falta de informa-ção cedida ao anestesiologista. Para que isso não aconteça, foi criado um cartão informativo para cada doente , onde são descritas informações rele-vantes. O documento pertence ao in-divíduo e auxiliará o anestesiologista que o acompanhará num tratamento futuro.

A Sociedade Portuguesa de Aneste-siologia, presidida por Rosário Órfão, tem revelado um papel dinamizador na progressiva qualificação e credibili-zação da especialidade em Portugal e no Mundo.

são arterial, da saturação de oxigénio, da curva de Capnografia, da profundi-dade anestésica, da atividade elétrica cerebral. Com todas estas informa-ções, o anestesiologista assimila e re-laciona-as entre si, integra-as e atua adequadamente. “Estas competências podem ser treinadas na Simulação, daí a importância desta Secção e dos Centros existentes no país na forma-ção dos jovens especialistas e na ma-nutenção das competências dos pro-fissionais mais velhos”, elucida Rosá-rio Órfão alertando para a contínua aprendizagem não apenas na fase de Internato, mas também ao longo de toda a carreira. “Cada vez mais sur-gem novas ferramentas, técnicas e equipamentos e, por isso, é funda-mental que o anestesiologista esteja a par das atualizações”.

No âmbito da formação e enquadra-do no contexto europeu, Portugal re-vela níveis de excelência. Uma con-quista dos anestesiologistas portugue-ses deixada como legado aos jovens profissionais desta especialidade, que podem usufruir de métodos, conheci-mentos e técnicas de reconhecimento internacional. O êxito estende-se à realização do exame para a obtenção do Diploma Europeu de Anestesiolo-gia, no qual dezoito especialistas por-tugueses integram o júri, nos quais se inclui Rosário Órfão. A média de re-sultados dos portugueses que se sub-metem a esta avaliação tem sido supe-rior à média europeia.

Desde os primeiros anos de existên-cia que a organização tem consolida-do uma ligação muito forte à Europa e ao Mundo. Grandes nomes europeus

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Fundada e sediada em Coimbra há vinte e sete anos, a Sociedade Portu-guesa de Senologia (SPS) visa o estu-do e tratamento da patologia mamá-ria, com especial enfoque no cancro da mama. Atualmente sob a presidên-cia de Luís Sá, este organismo apre-senta vários mecanismos de atuação através da realização de reuniões pe-riódicas para atualização de conheci-mento, elaborando protocolos e gui-delines de consenso para avaliação e tratamento do cancro da mama e dan-do oportunidade curricular aos inter-nos de várias especialidades.

Em 2015, Luís Sá assumiu um man-dato de três anos como presidente da SPS e deparou-se com os novos desa-fios que se colocam ao diagnóstico e tratamento dos vários tipos de cancro. Neste sentido, o especialista «arrega-çou as mangas e pôs mãos à obra» pa-ra tentar adaptar a SPS ao momento atual. Alterar os estatutos, referenciar

zou um inquérito a nível nacional e nas XVI Jornadas, realizadas no pas-sado mês de outubro em Braga, foram debatidos os resultados obtidos. Exis-tem, de facto, alguns défices e, por is-so, a Sociedade Portuguesa de Seno-logia realiza no próximo dia 28 de ja-neiro de 2017 uma reunião com to-dos os hospitais que participaram no inquérito e vai tentar definir critérios de referenciação. A reunião terá lugar na nova sede da SPS, partilhada a meias com a Sociedade Portuguesa de Oncologia, que se localiza na Voima-rães Residence da Rua de S. Teotónio, em Coimbra.

Com o espaço físico recentemente inaugurado (setembro de 2016), Luís Sá pretende dar outro ânimo à Socie-dade que dirige através da alteração dos estatutos, que se mantiveram inal-terados desde a sua fundação e que a restringem a apenas aos profissionais de medicina. “Atualmente, o trata-mento do cancro da mama envolve geneticistas, psicólogos, enfermeiros, fisiatras, técnicos de radiologia, radio-terapia e de medicina nuclear, assis-tentes sociais e outros profissionais. Na maioria das sociedades científicas,

estes profissionais fazem parte inte-grante das mesmas e, neste momen-to, por estatuto da SPS, têm de ser ex-cluídos”, aponta o presidente. Outra lacuna apresentada pelos estatutos prende-se com o facto de não existir permissão para que médicos de outras nacionalidades possam aceder e ser membros efetivos da Sociedade. A curto prazo, o projeto de elabora-ção dos novos estatutos deverá estar concluído. A  14 de dezembro reali-zou-se uma reunião para discutir as ideias com todos os membros da dire-ção. Após este debate foi agendada uma Assembleia Geral para a aprova-ção final, que deverá ocorrer ao longo do próximo ano de 2017. Uma medi-da que permitirá englobar todos os profissionais que avaliam e tratam o cancro da mama, que cada vez mais exige um tratamento multidisciplinar, através da colaboração de inúmeros profissionais. Por conseguinte, Luís Sá prevê que a alteração dos estatutos resulte num crescente número de as-sociados, podendo aumentar bastante os atuais 420 sócios.

A internet é uma ferramenta impor-tante de comunicação e partilha de

as unidades de tratamento de cancro da mama, dar formação aos profissio-nais que trabalham na área da senolo-gia e internacionalizar são as medidas principais que se preconizam para a especialidade.

Como linha primária de atuação deste mandato, Luís Sá pretende pro-ceder à referenciação das Unidades de Mama em todo o país. “Hoje em dia tratam-se, em Portugal por ano, cerca de cinco mil novos casos de cancro da mama. Sabemos que há assimetrias na qualidade do tratamento prestado porque alguns hospitais não apresen-tam os níveis qualitativos exigidos e daí que alguns doentes poderão ter a sua sobrevida diminuída por serem tratadas em locais onde não há um de-terminado tipo de know-how”, expli-ca. Tal só significa que no tratamento destas patologias, a experiência revela ser um fator fundamental para uma ta-xa de maior sucesso. “Os estudos científicos demonstram que as institui-ções com mais experiência têm me-lhores taxas de sobrevida. Uma insti-tuição como o IPO de Coimbra, onde trabalho, trata 600 cancros da mama por ano. Ao fim de dez anos, natural-mente, que a experiência que acumu-lamos faz com que aqui algumas doen-tes tenham sobrevidas melhores do que num local onde tratem apenas vinte cancros da mama por ano”, acrescenta Luís Sá, salientando que se as unidades forem referenciadas, ha-verá um aumento da qualidade, mas também vai possibilitar a realização de estudos clínicos randomizados.

No âmbito da criação das Unidades de Referência, a direção da SPS reali-

Luís Sá ocupa o cargo de presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia há cerca de um ano e assume que o objetivo do seu mandato será adaptar a SPS aos novos desafios que o cancro da mama exige. Alterar os estatutos, referenciar unidades de senologia, criar bases sólidas de formação nesta área e internacionalizar são algumas das medidas previstas.

Adaptar a Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS)

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SaúdeSociedade Portuguesa de Senologia 29

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Coimbra aos sábados, durante dois se-mestres”, revela o presidente da SPS, afirmando que esta iniciativa é um im-portante passo para a formação na área da Senologia.

Excelência do serviço públicoJá é quase rotineiro desvalorizar o

setor público em variadas áreas. No entanto, Luís Sá contraria esta ten-dência e assegura que o Sistema Na-cional de Saúde tem revelado padrões de qualidade internacional, nomeada-mente no âmbito da especialidade de Senologia.

“Apresentamos uma taxa de morta-lidade por cancro da mama inferior à média euuropeia e isto deve-se ao tra-balho efetuado nas instituções públi-cas de saúde de Portugal. Algumas destas instituições são reconhecidas internacionalmente, por exemplo, os IPO de Lisboa, Porto e Coimbra (que tratam metade dos novos casos de cancro da mama/ano) são reconheci-dos pela OECI (Organisation of Euro-pean Cancer Institutes) desde 2010. Esta instituição pretende fornecer aos doentes com cancro acesso igual a

conhecimentos entre os profissionais e até com a população geral e nos úl-timos tempos o site esteve pratica-mente desativado. Uma equipa de in-formática está já a trabalhar na nova página de Internet com conteúdos in-formativos e esclarecedores a ser lan-çada brevemente. A dinamização do website possibilita ainda a mobilização dos mais jovens a fim de que colabo-rem regularmente com artigos e outro tipo de conteúdos, enriquecendo-os também a nível curricular.

Parcerias Internacionais e formação

A ligação com parceiros europeus representa um importante passo pa-ra a Senologia em Portugal. Até bem recentemente, a SPS não explorou devidamente os contactos a nível in-ternacional. Algo que Luís Sá pre-tende contornar rapidamente atra-vés da colaboração com as áreas ho-mólogas de outros países. “Estive no Porto, recentemente, com uma dele-gação da Sociedade Espanhola de Senologia e Patologia Mamária (SESPM). O Professor Carlos Vás-quez, presidente da Sociedade caste-lhana já há 20 anos, pretende que a SPS colabore nos seus congressos, permitindo o intercâmbio de conhe-cimentos e informações”, revela o especialista. Além da participação nos congressos, está prevista a cola-boração e divulgação da revista cien-tífica da SESPM, uma ferramenta útil para a especialidade. A disponibili-zação desses conteúdos científicos no site, permite que os sócios ace-dam à revista. Deste encontro, sur-giu ainda a vontade de proceder uma colaboração editorial entre as duas Sociedades. “Os jovens médicos pre-cisam de fazer currículo para além da vertente prática. Precisam de ela-borar artigos científicos com casos clínicos, projetos de investigação ou casos de retro-controlo. Como não temos uma revista científica nem de Oncologia Médica nem de Senologia a nível nacional, esta pareceria seria uma enorme vantagem para esta área”, revela Luís Sá.

Contrastando com as realidades in-ternacionais, como é o caso de Espa-

cuidados de alta qualidade na área do cancro. Por último dizer que todo este trabalho é feito sem qualquer encargo para o doente - a custo zero -.

O número de casos de cancro está a aumentar e também notamos um au-mento da taxa de incidência do cancro da mama e por vezes o serviço nacio-nal de saúde não consegue cumprir com os prazos que seriam ideias para efetuar a avaliação e o tratamento mas vivemos momentos de aperto or-çamental pelos motivos que são sobe-jamente conhecidos. Estes ligeiros atrasos não têm impacto na sobrevida porque o cancro é uma doença pro-longada mas aumentam a ansiedade e o sofrimento dos nossos doentes mas pensamos que é possível melhorar com alterações de alguns procedimen-tos”, esclarece Luís Sá.

Neste sentido, é importante enfati-zar que as instituições públicas estão creditadas e preparadas para respon-der eficazmente ao tratamento do cancro da mama, de tal forma que Portugal, a nível europeu, tem uma ta-xa de mortalidade inferior à média eu-ropeia e todos os anos tem vindo a melhorar as taxas de sobrevida. Tudo isto à custa do trabalho realizado no sistema público, a custo zero.

O mandato de Luís Sá representa, assim, um ponto de adaptação na área da Senologia em Portugal. A vas-ta experiência que adquiriu no trata-mento do cancro da mama, faz com que tenha uma visão própria no exer-cício do cargo de presidente da SPS. Os vários projetos que tem previsto conferem um novo clima para a espe-cialidade em Portugal. Tendo em con-ta que desempenha estas funções no pouco tempo livre que tem, ao acu-mular funções como diretor do Servi-ço de Ginecologia do IPO de Coimbra e como professor na Universidade de Aveiro.

nha, onde existem mestrados e cursos de pós-graduação de Senologia, em Portugal não existe qualquer tipo de ação formativa ou curso específicos na área do cancro da mama. Luís Sá é ginecologista-obstetra, mas há muitos anos que grande parte do seu trabalho se baseia no tratamento do cancro da mama.

No entanto, prevê-se a alteração deste paradigma da formação através da criação de um curso com início em setembro de 2017. “É fundamental que se faça uma formação específica nesta área para que amanhã quem es-tiver à frente das unidades de mama referenciadas com a chancela da SPS possa dizer que frequentou com suces-so esta ação formativa. Estou a traba-lhar com as colegas Rita Sousa e Con-ceição Silva na elaboração do progra-ma básico do curso que decorrerá em

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Centro de Senologia e Ecografia

Fundado pelos médicos radiologistas Dário Cruz e José Meireles e Silva em outubro de 1983 – e, desde 1990, ins-talado na Avenida Calouste Gulbenkian, em Coimbra –, o Centro de Senologia e Ecografia tem trilhado um meritório ca-minho quer pelo seu vanguardismo em termos técnicos e organizacionais, quer pela sua forte vertente humana e social.

Este espaço de saúde desenvolve a sua atividade nas áreas da Imagiologia Mamária, disponibilizando diversas téc-nicas de intervenção; Ecografia geral, em todas as suas vertentes, nomeada-mente da mama, da tiróide, dos tecidos moles e articulares, obstétricas e endo-cavitárias, assim como estudos com Döppler; executando ainda exames de

Portuguesas de Oncologia (1982) e de Senologia (1989).

Embora, sendo altamente reconhe-cido e inevitavelmente associado à imagiologia mamária e à intervenção diagnóstica nessa área, nos princípios da década de 90, o Centro de Senolo-gia e Ecografia alargou a sua atuação para a realização de biópsias da tiroi-de, recolhendo grande experiência na citologia aspirativa das lesões da tiroi-de guiadas por ecografia.

José Leão, médico radiologista e atual diretor clínico, conduz-nos pela realida-de deste espaço. Explica-nos que inte-grou a equipa do IPO de Coimbra em 1988, local onde conheceu Dário Cruz, diretor do Departamento de Radiologia. Aí teve a oportunidade de confrontar-se com uma capacidade organizacional, na época ímpar no panorama nacional, que depois foi transposta para o Centro de Senologia e Ecografia, “onde todos os relatórios estão informatizados desde 1990, assim como a ficha clínica – prin-cipalmente para as doenças da mama – de todas as pacientes”. Este procedi-mento permite que, facilmente, se ace-da ao histórico clínico de cada caso. Desde setembro de 2009 todas as eco-grafias e mamografias estão arquivadas (sistema PACS) num servidor, aparecen-do, instantaneamente, as comparações quando se acede aos exames dos uten-tes. Este sistema é comum em grandes centros hospitalares, sendo raras as clí-nicas privadas que o disponibilizam, no-meadamente na mamografia. “Temos também, desde há muitos anos, imple-mentado um programa de Controlo de Qualidade, por entidade técnica inde-pendente, nomeadamente dos mamó-grafos”, salienta José Leão.

É de realçar que esta aposta na tec-nologia é constante. De tal modo que o Centro de Senologia e Ecografia foi dos primeiros espaços de saúde priva-do a adquirir um Mamógrafo Digital (técnica que substituiu a mamografia

analógica), avançando depois para a Tomossíntese Mamária (também co-nhecida como mamografia digital 3D). São já, há vários anos, realizadas nes-te espaço biópsias guiadas, sendo o único consultório da região Centro que efetua biópsias guiadas por este-reotaxia – procedimento que usa a mamografia para colher amostras de tecido mamário, nomeadamente, mi-crocalcificações. Este sistema calcula as coordenadas (x, y, z) e revela com exatidão o ponto onde se deve colher o tecido para análise histológica. De realçar, que este procedimento tam-bém utiliza a Tomossíntese, melhoran-do a sua precisão.

Se anteriormente se procedia à ma-mografia standard, à qual se sucedia a Tomossíntese, hoje as empresas estão a dar um passo à frente. A Fujifilm es-tá a desenvolver a tecnologia S-View que, com base na imagem captada pe-la Tomossíntese, apresenta outra sin-tetizada, sendo suprimida a necessida-de de efetuar a mamografia tradicio-nal. O Centro tem colaborado com a Fujifilm nesse desenvolvimento. Foi apresentada uma edição melhorada deste sistema que será instalada na Clínica, em 2017, como centro de re-ferência da marca. José Leão acredita que o futuro passa por fornecer a to-das as utentes este exame que oferece “reais benefícios práticos, nomeada-mente nas mamas mais densas e, em particular, no Rastreio e Diagnóstico precoce do Cancro da Mama, aumen-tando a sensibilidade da mamografia e diminuindo os falsos positivos”.

Recentemente, o Centro de Senolo-gia e Ecografia de Coimbra renovou todos os equipamentos de ecografia, com a aquisição de três aparelhos de topo de gama e última geração. Estes ecógrafos permitem realizar elastogra-fias – método de diagnóstico que utili-za um aparelho de ultrassonografia e avalia a rigidez dos órgãos examina-

Osteodensitometria, de  grande impor-tância na avaliação da robustez óssea da mulher em pós-menopausa.

Dário Cruz, impulsionador e um dos fundadores deste projeto, foi dos pri-meiros profissionais em Portugal a de-dicar-se à radiologia mamária. Em co-laboração com o médico Rocha Alves (radioterapeuta do Instituto Português de Oncologia de Coimbra), perspeti-varam um Programa de rastreio popu-lacional do Cancro da Mama, na re-gião Centro, que teve início em 1990. Pelo seu pioneirismo em prol da saú-de da população, Dário Cruz foi con-decorado, em 1990, com o Prémio Nacional de Oncologia, sendo tam-bém sócio fundador das Sociedades

O Centro de Senologia e Ecografia é uma referência no que concerne ao diagnóstico das doenças mamárias. Empresa certificada pelas entidades de saúde, a garantia de um atendimento de qualidade técnico e humano é a imagem de marca e a filosofia incutidas pelos seus precursores.

Vanguardismo no diagnóstico da patologia mamária

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Nov2016

Centro de Senologia e Ecografia

Futuro alicerçado no passadoSão sete os médicos radiologistas

que compõem a equipa do Centro de Senologia e Ecografia de Coimbra. O Centro tem cinco sócios, José Meire-les e Silva, que atualmente apenas faz parte da direção, José Leão, Luís Cruz, Elizabete Pinto e Manuela Gon-çalo, todos médicos radiologistas, e conta, ainda, com a importante cola-boração dos especialistas Artur Costa, Pedro Rabaça e Olga Vaz.

Com um passado reconhecido pelo vanguardismo e inovação, José Leão afirma que a atual direção intenta dar continuidade ao trabalho encetado por Dário Cruz “com a consciência de um trabalho assente na independên-cia, rigor, honestidade e inovação, oferecendo os melhores serviços em benefício da população”.

Todo este trabalho de meritório em-penho e abnegação tem granjeado o re-conhecimento de doentes oriundos des-de Trás-os-Montes até às Ilhas. “É um dos maiores motivos de orgulho para todos os que aqui trabalham” salienta.

Neste espaço, todas as mulheres, que veem realizar exames mamários, são sujeitas a uma consulta de diag-nóstico, sendo realizado um historial dos antecedentes pessoais e familiares e um exame clínico individual, que é correlacionado com os dados da ma-mografia e ecografia, permitindo um diagnóstico mais correcto das situa-ções clínicas.

Em 30 anos de trabalho muito mu-dou nesta área da saúde, em termos

dos –, que no Centro será direcionado para a análise da mama. “Este exame permite ao radiologista decidir, através das características de uma lesão, mais ‘rigída’ em caso de malignidade, se a mesma deve ser submetida a biópsia ou ficar em controlo imagiológico. No fundo, é mais uma ferramenta que aju-da na decisão diagnóstica”, explica.

Este Centro disponibiliza também a realização de galactografias: procedi-mento de diagnóstico mamográfico, em que se introduz um cateter no ma-milo, através do qual é injetado um produto de contraste, para estudar os canais mamários, permitindo o diag-nóstico de pequenas lesões em mulhe-res com corrimento mamilar. “Este exame, que exige conhecimento e tempo, sempre foi disponibilizado pe-lo Centro”, realça José Leão.

tecnológicos e de (in)formação da po-pulação para a necessidade de cuidar de si, nomeadamente no diagnóstico precoce do cancro da mama, que, apesar, dos avanços na terapêutica, o exame mamográfico periódico, é a principal via para diminuir a mortali-dade devida à doença. Embora te-nham surgido alguns trabalhos que põem em causa a validade do ras-treio/diagnóstico precoce, José Leão afirma que nos países com Programas de Rastreio mais antigos, com recur-sos humanos, tecnológicos e organi-zacionais de alta qualidade, onde são fundamentais os registos populacio-nais e oncológicos, como é o caso dos países nórdicos, nomeadamente a Suécia e a Noruega, essa validade nunca foi posta em causa e está pro-vado que com um diagnóstico atem-pado há uma efectiva diminuição da mortalidade por cancro da mama. Em Portugal, nomeadamente na Re-gião Centro, que tem o Programa de Rastreio mais antigo (1990), que abrange, desde o ano 2000, todos os concelhos, apesar de algumas de-ficiências organizacionais, designa-damente nos Registos Oncológicos, já há dados que permitem afirmar uma diminuição da mortalidade por cancro da mama, devida ao diagnósti-co mais precoce.

Realizando entre 40 a 45 mil exa-mes por ano a atual direção do Centro de Senologia e Ecografia pretende dar continuidade ao legado do fundador e homem de boas causas, Dário Cruz.

Dado que a qualidade dos profis-sionais foi, e continua a ser, desde a sua génese a base para o progresso deste projeto iniciado por Dário Cruz, e tendo o Centro um profissio-nal “particularmente especializado na vertente osteoarticular – tecidos moles”, permite que a atual direção esteja a ponderar iniciar, a breve tre-cho, a intervenção terapêutica, co-mo, por exemplo, infiltrações guia-das por ecografia.

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Saúde Núcleo Gastrenterologia dos Hospitais Distritais32

Dez2016

Com o tema “A evolução da Gas-trenterologia: Pontes e Fronteiras”, a XXXI Reunião Anual do Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distri-tais (NGHD) realizou-se nos passados dias 18 e 19 de novembro na «cidade dos Arcebispos». O Serviço da espe-cialidade do Hospital de Braga foi o responsável pela organização e Ra-quel Gonçalves, diretora do mesmo, narra o balanço do evento.

Em termos gerais, como descreve a reunião anual do NGHD de 2016 realizada em Braga e qual o balan-ço que faz da mesma?Foi uma reunião com grande adesão

dos sócios (170 inscritos) com presença de médicos de todas as regiões do país e inclusivamente das ilhas, Madeira e Aço-res. Estiveram presentes colegas de Hospitais não afiliados do NGHD no-meadamente o IPO, o Hospital de San-to António e CHUC, demonstrando que esta é uma organização nacional in-clusiva e que recebe as opiniões de ex-

‘Pontes e Fronteiras da Gastrente-rologia’ era o tema principal desta reunião, promovendo o diálogo e a multidisciplinaridade. Que conclu-sões se retiram através desta inter-ligação com outras especialida-des?Realizaram-se várias mesas redon-

das sobre temas da Gastrenterologia, mas que envolvem muitas outras espe-cialidades, nomeadamente as lesões gástricas pré- malignas e malignas, a Doença Inflamatória Intestinal, o fíga-do gordo não alcoólico (relacionado com síndrome metabólica, que tam-bém inclui obesidade e diabetes bem como doença cardiovascular) e as doenças gastrenterológicas nos extre-mos, ou seja, em idade pediátrica e nos idosos.

A discussão foi muito rica e útil para todos, sendo a principal conclusão que não podemos tratar os doentes de for-

ma isolada, cada um na sua especialida-de, mas sim em conjunto, de forma in-tegrada, com claro benefício para os doentes. Acho que cumprimos o objeti-vo de colocar o foco na multi e interdis-ciplinaridade e deixamos pistas para um diálogo, que queremos que seja fácil e sistemático entre todos os agentes dos cuidados de saúde.

A Reunião Anual do NGHD cen-trou-se, assim, na promoção do diálo-go interdisciplinar. Cada vez mais é es-sencial que as especialidades adotem o atual paradigma com a abordagem ao doente, em que este está no centro e é visto como todo. À medida que a Medicina evolui, aumentam as pontes e diminuem as fronteiras entre as vá-rias especialidades médicas.

A 32ª edição da Reunião Anual terá lugar em Ofir cuja organização está a cargo do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.

perts de outros Hospitais nacionais. Re-cebemos 100 trabalhos, tendo 50 sido apresentados em palestras e a outra metade em forma de cartaz. Foram re-forçados os laços com a congénere fran-cesa ANGH, que marcou presença com uma conferência que mostrou a impor-tância dos médicos gastrenterologistas, nos dias atuais de fluxos migratórios de países subdesenvolvidos, na deteção e tratamento de doenças hepáticas virais.

Para além de gastrenterologistas, que especialistas de outras áreas estiveram presentes e que temas abordaram?Estiveram presentes colegas de Ci-

rurgia Geral, Anatomia Patológica, Medicina Interna, Pediatria, Endocri-nologia, Nutrição e Cardiologia, abor-dando temas relacionados com o tra-tamento das lesões malignas gástricas e de complicações graves da doença inflamatória intestinal. Os colegas de Endocrinologia e Cardiologia enqua-draram nas suas áreas as alterações decorrentes do Síndrome Metabólico que está por detrás da maioria dos ca-sos de Esteato-Hepatite não alcoólica, um tema cada vez mais atual e respon-sável por uma grande proporção de cirroses hepáticas que podem termi-nar em transplante hepático. Foi re-forçada a necessidade de cada vez mais os doentes optarem por estilos de vida saudáveis no que respeita a ali-mentação e combate ao sedentaris-mo. Já o colega de Medicina Interna abordou a temática da paliação na área da Gastrenterologia e a impor-tância desta especialidade no trata-mento das pessoas em fim de vida no que concerne a questões como a ali-mentação.

Na presente edição do Perspetivas, Raquel Gonçalves, diretora do Serviço de Gastrenterologia do Hospital de Braga, faz o balanço da XXXI Reunião Anual do Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais.

As pontes da multidisciplinaridade na Gastrenterologia

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SaúdeClínica Médico Cirúrgica - Dr. Juvenal Sobral 33

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O crescimento gradual da Clínica está associado ao percurso do Dr. Juvenal Sobral. Inicialmente, a fun-cionalidade do local resumia-se à uti-lização de um ecógrafo, sendo que, posteriormente, foram adquiridos novos espaços e novos equipamen-tos. Em paralelo, sucederam-se ins-talações modernizadas, que poten-cializaram a expansão de novas téc-nicas e valências adicionais. A To-mografia Axial Computorizada (TC multidetetores), a Mamografia com digitalização direta, a Ressonância Magnética de alto campo, a 1ª no sector privado em Almada, corres-pondem a uma evolução sustentada do trajeto e à constante preocupa-ção em melhorar, para melhor servir os utentes que nos visitam. Associa-das aos equipamentos, começaram--se a dinamizar várias consultas de especialidade. A expansão e a pro-gressão tecnológica revelam que a essência idealizada nos primórdios

de um percurso positivo, sempre com mais pacientes e um maior número de técnicas. Os cidadãos fidelizados há vários anos são a consequência de um serviço que prima pela excelência e o compromisso, onde se evidencia “a preocupação com as questões relacio-nadas com a inovação e com os equi-pamentos modernos”, salienta. No auxílio aos utentes, a organização e sistematização da Clínica é, desde lo-go, alcançada com a diferenciação das salas de espera, relativas aos exames praticados. A administradora, a Dra. Marta Sobral, realça que “as salas com diferentes cores foi a forma mais fácil de conseguir encaminhar os doentes. A título de exemplo, quem vai fazer uma TAC dirige-se à sala castanha, ou à amarela no caso das ecografias”.

Qualidade dos serviços prestadosNas últimas décadas a evolução da

Medicina, fez-se em consonância

com o avanço da tecnologia e com possibilidade de usufruir de informa-ções e imagens marcadas pelo rigor, definição e detalhe. Um diagnóstico acertado é crucial para a definição de uma determinada disfunção ou doença e um início precoce da tera-pêutica.

No que diz respeito à atividade la-boral, a Clínica Médico-Cirúrgica - Dr. Juvenal Sobral notabiliza-se pela prática de consultas de especialida-de, exames médicos e análises clíni-cas. A multiplicidade de serviços en-volventes é uma particularidade que se enfatiza, visto que, no paradigma atual, as clínicas são normalmente direcionadas para uma determinada área. Conjuntamente, o corpo clíni-co que incorpora este espaço de saú-de constitui-se por profissionais, en-tre técnicos e médicos, de renome e que o dinamizam. É através do equi-líbrio entre a pluralidade de serviços e as competências técnicas dos es-

da Clínica está em conformidade com a atualidade.

Em 2004 foi iniciada a construção das atuais instalações, edificadas de raiz, pelo arquiteto Rui Calmeiro, es-pecializado nesta área. A construção fez-se de acordo com as necessidades previstas: um fator de diferenciação que se constata através da adequação dos espaços às funções, sem adapta-ções. A estrutura foi concebida de acordo com a atividade e os equipa-mentos que se pretendiam colocar em cada compartimento, para o melhor aproveitamento do local. Na ótica do Dr. Jorge Castro, diretor clínico, o ba-lanço positivo está alicerçado numa imagem de qualidade e de modernida-de construída durante décadas, e os grandes investimentos sempre realiza-dos, num quadro de uma permanente insatisfação. No momento em que mais uma vez se procura expandir as diversas áreas, como as instalações e novos equipamentos, há a consciência

A Clínica Médico Cirúrgica - Dr. Juvenal Sobral, sediada em Almada, iniciou a sua atividade no ano de 1983. Dedica-se à prestação de serviços médicos inovadores e de elevada qualidade, nomeadamente consultas de especialidade, exames médicos e análises clínicas. As competências técnicas e humanas dos profissionais são uma referência na área.

Na vanguarda da atividade clínica

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Saúde Clínica Médico Cirúrgica - Dr. Juvenal Sobral34

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do, conjugada com a diversidade de aparelhos que configura o espaço.

Os métodos de diagnóstico por ima-gem encontram-se numa ininterrupta renovação e englobam as tecnologias de última geração. A atualização dos aparelhos tem sido permanente, o que permite fazer comparações com o passado, principalmente no funciona-mento dos mesmos. “Numa ressonân-cia as diferenças são notórias. Uma sequência de imagens demorava 12 minutos e, atualmente, fazem-se em minuto e meio”, recorda. Os estudos bidimensionais começam a ser substi-tuídos pelos tridimensionais. “A ten-dência, nos equipamentos mais recen-tes, é o estudo ser realizado em três di-mensões, e a aquisição dos volumes aumenta a acuidade diagnóstica, por-que não deixa zonas fora do estudo”, exemplifica. Realça-se também a ma-mografia por digitação direta. Neste âmbito, destaca-se o arquivo de exa-mes, denominado por PACS (Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens). Na leitura do Dr. Jorge Cas-tro “ao possuir os exames em arquivo, conseguimos fazer estudos comparati-vos com os que foram já realizados. No caso das mamografias é essencial a presença de todo o historial clínico, sendo que este arquivo garante-nos a excelência no serviço”, considera.

É no Laboratório Clínico que se pro-cessam as análises aos vários produtos

pecialistas, que se repercutem os re-sultados pretendidos.

As consultas de especialidade apre-sentam-se como uma área sempre em desenvolvimento. “Na antiga clínica começaram-se a fazer consultas de Urologia e Cardiologia, mas foi quan-do viemos para cá que, fruto da di-mensão disponível, começámos a pensar em ampliar as especialidades envolvidas”, contextualiza a adminis-tradora. Em suma, o objetivo passa por aumentar a qualidade de soluções para conseguir abranger um número alargado de pacientes.

Já a realização de exames revela-se primordial no seio da atividade. Ao in-

biológicos colhidos ao utente (sangue, urina, fezes, expetoração entre outros) que servem como um importante meio de diagnóstico e monitorização das di-versas patologias. As análises clínicas requerem uma equipa multidisciplinar especialista nas diversas valências (He-matologia, Química Clínica, Imunolo-gia, Microbiologia, Imunoalergologia, etc). A fase pré-analítica caracteriza-se pela preparação do paciente, colheita, transporte e preparação das diversas amostras biológicas. Segue-se a fase analítica, com a determinação e dosea-mento dos diversos parâmetros analíti-

vés de se caracterizar como uma clíni-ca direcionada para uma especialida-de, constata-se uma variedade de pos-sibilidades inerentes. Com exceção da Medicina Nuclear, ali realizam-se to-dos os exames de imagem, ao abran-ger as diferentes tipologias de resso-nância e TAC’s. “Temos uma sala de Radiologia Convencional com digitali-zação capacitada para fazer digesti-vos, três salas de Ecografia, uma de Osteodensitometria, uma de Mamo-grafia com digitalização direta, bem como uma TAC de 16 detetores e uma Ressonância Magnética de alto campo”, enumera o diretor clínico. A performance pretendida é, deste mo-

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parâmetros analíticos, um exemplo é o da contagem de plaquetas efetuadas no hemograma, nos doentes que formam agregados plaquetários é necessário efe-tuar a determinação o mais rapidamen-te possível para evitar falsas trombocito-pénias.

O laboratório ao estar integrado nu-ma clínica tem a capacidade de dar resposta rápida a determinados pedi-dos que os médicos considerem ur-gentes em consulta ou durante a reali-zação de outros exames complemen-tares de diagnóstico tornando-se uma vantagem a clínica ter os vários meios complementares de diagnóstico inter-ligados.

Perspetivas futurasEm termos futuros estão a ser ava-

liadas as possibilidades de aumentar o espaço, com a dinamização de bloco operatório e serviço de urgência. A administradora, Dra. Marta Sobral, clarifica que estes avanços requerem uma apreciação e ponderação que es-tão a ser estudados, ainda que já haja salas preparadas para o bloco. Funcio-nariam segundo a linha orientadora que rege a Clínica e continuariam a promover o nível elevado de exigência que é apresentado pelos utentes.

Paralelamente, salienta-se a capaci-dade para conseguir acompanhar a evolução das tecnologias, uma visão enquadrada com a política de investi-mento que tem sido rigorosamente es-

cos utilizando equipamentos altamente sofisticados que necessitam ser calibra-dos e controlados diariamente. Por últi-mo, a fase pós-analítica onde é efetuada a validação biopatológica dos resulta-dos, terminando com a emissão dos re-latórios.

Uma das inúmeras vantagens do La-boratório pertencer à Clínica prende-se com o facto de ser o único nos conce-lhos de Almada e Seixal. A Dra. Rita Sobral evidencia que “normalmente os postos de colheita só estão disponíveis para colheitas no período da manhã, ao passo que aqui estamos acessíveis para

tipulada. “Nunca estamos satisfeitos e a partir do momento em que sabemos da existência de um equipamento mo-derno tentamos adquiri-lo, dentro do possível. A título de exemplo, já mu-damos de ecógrafos e de TC várias ve-zes para estarmos na vanguarda”, exemplificam.

A relação com os utentes é um parâ-metro basilar que merece especial atenção. As pessoas que usam o servi-ço ao longo dos anos são o exemplo do respeito que os profissionais nu-trem pelos pacientes. “Naturalmente que as queixas estão sempre presen-tes, mas é com elas que tentamos me-lhorar. O respeito está na qualidade daquilo que se faz. O objetivo passa por insistir na necessidade de se ter uma relação mais coloquial, onde a afetividade estará presente”, mencio-na o Dr. Jorge Castro. Já a relação com os colegas é também ela positiva: “Já trabalhei com muitos dos profis-sionais que se encontram connosco. Assim sendo, são escolhidos de acor-do com parâmetros e mais-valias de excelência, onde se insere a confian-ça”, acrescenta. O facto de a Clínica ser mais pequena comparativamente com um hospital, faz com que o laço de proximidade profissional tenha uma dimensão extra. A administrado-ra corrobora a premissa de que o con-tacto entre colegas “favorece o cresci-mento da clínica e as opiniões debati-das entre médicos e técnicos melho-ram o desempenho global”, conclui.

dar resposta a possíveis solicitações de urgência por mais tempo”. Em termos de análises clínicas, o Laboratório res-ponde a quase toda a totalidade da roti-na. Após a colheita temos capacidade para processar rapidamente as amos-tras evitando erros que se prendem com o transporte e demora na execução das mesmas. No caso do espermograma, a colheita só pode ser efetuada no labora-tório central para manter a viabilidade da amostra e o seu correto processa-mento. Outra mais-valia da existência do laboratório central é a execução ime-diatamente após a colheita de alguns

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Qual é o grau de importância da Ci-rurgia Plástica, Reconstrutiva e Esté-tica na sociedade atual?A Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e

Estética é uma especialidade médica que se dedica à reconstrução e melhoria es-tética da face e do corpo. Teve um gran-de impulso e importância durante e após a Primeira Guerra Mundial, na recons-trução de milhares de faces e corpos, de modo a que esses soldados pudessem readquirir uma vida o mais normal possí-vel. Desde então, desenvolveu um enor-me número de técnicas cirúrgicas e de tratamentos minimamente invasivos, que permite que os pacientes sejam ope-rados e tratados em segurança, com re-sultados previsíveis e com o tempo de re-cuperação mais rápido possível. Numa sociedade, como a ocidental, em que a

as pessoas. O mais gratificante, sem dú-vida, é ver a felicidade no rosto dos pa-cientes, com uma redobrada autoestima e autoconfiança. A satisfação dos pa-cientes é extremamente reconfortante para mim.

Quais são as principais particulari-dades da Cirurgia Plástica, Recons-trutiva e Estética no âmbito do ros-to?Houve uma grande evolução na cirur-

gia plástica da face, no sentido de se conseguirem resultados melhores e mais naturais. Para mim, a naturalidade é uma premissa obrigatória. É fundamen-tal olhar para uma face, percebermos o que está menos bem e fazermos um pla-no de tratamento correto, sabendo onde queremos chegar. Digo muitas vezes aos meus pacientes que é como esculpir um face. Quando as unidades estéticas estão em harmonia, com transições suaves, a beleza revela-se. Daí a Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética ser uma ciência muito exigente, mas onde o sentido es-tético é fundamental. Temos uma miría-de de técnicas cirúrgicas, de colocação de gordura na face e de tratamentos de medicina estética, minimamente invasi-vos ...como sejam a colocação de ácido hialurónico, toxina botulínica, etc. Para obter os melhores resultados, muitas ve-zes temos que combinar todas estas téc-nicas, saber o timing correto de cada uma, o que torna a nossa atuação bem mais complexa. Nos últimos 15 anos, passámos de cirurgiões que faziam qua-tro ou cinco cirurgias diferentes na face, para médicos-cirurgiões que têm um enorme número de técnicas mais ou menos invasivas, ao nosso dispor, de for-ma a conseguirmos oferecer bem mais aos nossos pacientes.

Que princípios é que orientam o seu sentido estético?Quando trato a face de alguém, o que

pretendo é um rejuvenescimento e/ou embelezamento natural. O que é que is-

to significa? Significa que não há estig-mas de cirurgia ou outras intervenções; que alguém que não conheça aquela ou aquele paciente não perceba que algo foi feito. Se olharmos para a cara de al-guém e acharmos que tem o rosto esqui-sito… algo falhou na nossa abordagem.

beleza física é exultada e as pessoas tra-balham até cada vez mais tarde, a cirur-gia plástica ganhou uma relevância na nossa sociedade que era impensável há 40 ou 50 anos atrás.

Como encara a profissão e o que é que considera mais gratificante?Fui para medicina com o sonho de um

dia ser cirurgião plástico e, como o so-nho comanda a vida, segui o sonho. À época éramos mil médicos a concorrer às vagas de especialidade e somente existiam três vagas em Cirurgia Plástica. Quando entrei senti uma enorme satisfa-ção. Sempre olhei muito para a cara das pessoas, desde criança, e essa curiosida-de fisionómica foi determinante para de-senvolver um sentido estético aprofun-dado. Aprende-se imenso a olhar para

Contámos com o cirurgião plástico Helder Silvestre, que partilhou connosco as suas ideias acerca da prática desta especialidade.

“Para mim, a naturalidade é uma premissa obrigatória”

Helder Manuel Veríssimo Silvestre, natural de Lisboa, licenciou-se em 1996 em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coim-bra. Após concluir o Internato Geral nos Hospitais da Universidade de Coimbra, iniciou o Internato de Cirur-gia Plástica Reconstrutiva e Estética no Hospital de São José em Lisboa. Durante o internato efectuou múlti-plos estágios e formações fora de Por-tugal, destacando as passagens pela clínica Pitanguy no Rio de Janeiro (o Prof. Ivo Pitanguy foi uma das gran-des referências mundiais da Cirurgia Plástica Estética), e pelo Hospital Pri-vado da Zarzuela, com o Dr. Adolfo Montoya (percursor da cirurgia cra-neo-facial na Península Ibérica e gran-de mestre em rinoplastia).

É membro efectivo da Sociedade In-ternacional de Cirurgia Plástica Estéti-ca. Formador internacional de médi-cos, convidado por múltiplas institui-ções, e em 2014 foi o organizador e coordenador científico do evento in-ternacional “1st Plastic & Aesthetics Estoril Symposium”. É palestrante convidado em diversas conferências internacionais de renome, destacan-do-se o 9º Curso Internacional de Avanços em Cirurgia Plástica Estética em Barcelona, Espanha (2011), o Congresso Internacional para Cirur-giões Plásticos, Dermatologistas e Es-pecialistas em Medicina Estética, F.A.C.E.2F@ce em Cannes, França, com os trabalhos “Facial rejuvenation combining surgical and non surgical techniques to obtain the best result” (2013) e “Combined therapies in fa-cial rejuvenation” (2014).

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SaúdeHelder Silvestre – Cirurgião Plástico 37

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Sob o ponto de vista técnico, o que é que favorece essa naturalidade?Olhando para jovens nos seus 20

anos, vemos como as diferentes unida-des estéticas da face se encaixam de forma a termos beleza e juventude. A partir dos 30 anos temos alterações tí-picas, sabendo o que acontece no pro-cesso de envelhecimento nas terceiras, quartas, quintas décadas de vida. Per-cebendo o que acontece no envelheci-mento, desenvolvemos as estratégias corretas para o combater. Se não per-cebermos o que aconteceu numa face de 60 anos... nunca a iremos tratar com sucesso. É fundamental ver foto-grafias dos pacientes nos seus vintes e trintas anos, de forma a percebermos como envelheceu aquela face. A partir daí, a estratégia de tratamento terá, se-guramente, maiores probabilidades de sucesso.

Hoje em dia há técnicas com um ca-ráter menos invasivo. Como é que nos faz a sua apresentação?Como disse, temos imensas técnicas

ao nosso dispor e em função do que o paciente pretende, tempo de recupe-ração disponível e custos, podemos oferecer uma melhoria importante aos nossos pacientes. As técnicas minima-mente invasivas, há 10 ou 15 anos, pouco mais serviam do que para preencher rugas profundas ou superfi-ciais. Hoje em dia, utilizo-as para mui-to mais do que isso. A denominada medicina estética é uma arma funda-

nar, com mestria, esta parte fundamen-tal no rejuvenescimento facial.

Que balanço é que faz dos progressos que têm ocorrido na especialidade?Os progressos ocorrem a um ritmo

avassalador. Muito do que faço hoje é di-ferente do que fazia há 10 anos. Consi-dero fundamental a participação em congressos, workshops e clínicas em to-do o mundo. É a única forma de estar nesta profissão. A troca de ideias, ver e discutir outra forma de fazer as coisas, sair da nossa zona de conforto, é o que

permite tratar cada vez melhor os nos-sos pacientes. Em  relação ao que se praticava há 20 anos, tratamos pa-cientes muito mais jovens aos primei-ros sinais de envelhecimento, corrigin-do deformidades que nada têm que ver com o envelhecimento. O paradigma mudou… de uma “arte” corretora, na medida do possível, do envelhecimen-to, na larga maioria dos casos, estamos a passar a tratar os nossos pacientes muito mais cedo, prevenindo o envelhe-cimento e/ou melhorando a fisionomia de pessoas ainda jovens.

mental na melhoria de contorno e volu-me facial. Para além disso, usando pro-dutos de elevada qualidade, bioabsorví-veis e bioestimuladores, temos um fan-tástico efeito “lateral”, o estímulo dos tecidos e da pele, que faz com que o re-lógio biológico ande mais devagar: é a verdadeira medicina anti-aging. Duas ir-mãs gémeas, com o mesmo estilo de vi-da, uma faz estes tratamentos e a outra não, e a que não faz envelhece mais ra-pidamente, ou seja, a sobrancelha cai mais, a bochecha cai mais, etc. Conside-ro que o Cirurgião Plástico deve domi-

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Auditoria RCA – Auditores | Assessores | Consultores38

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Orçamento de Estado 2017: repercussões na dinâmica empresarial A RCA, cuja origem remonta a 1980, é uma firma de auditoria, assessoria e consultoria com escritórios em Lisboa, Porto, Luanda e Cidade da Praia. É firma afiliada da Praxity, uma aliança mundial de firmas independentes de auditoria e consultoria, presente em mais de 100 países, com mais de 40.000 técnicos e um volume combinado de negócios superior a 4,5 mil milhões de dólares. A RCA está registada na Ordem dos Revisores Oficiais de Contas e na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O core-business original da RCA é auditoria estatutária (Revisão Oficial de Contas), mas atualmente um volume significativo da sua atividade provem de serviços assessoria administrativa e financeira em regime de outsourcing e de consultoria fiscal. Luís Rosa, Gabriel Alves e Carla Isaac, sócios e Diretora de Consultoria Fiscal da RCA – Auditores | Assessores | Consultores são parte integrante desta equipa.

Quais os aspetos mais relevantes (sejam eles problemáticos ou po-sitivos) do OE2017 no âmbito das empresas e do incentivo ao investimento?Carla Isaac: O Orçamento de Es-

tado (OE) para 2017 não contempla alterações profundas ao atual Códi-go do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (CIRC), o que é um indicador de estabilidade fiscal, que por sua vez constitui um dos ele-mentos determinantes para gerar confiança nos investidores. Ainda assim, introduz alterações ao critério de dedução dos prejuízos fiscais re-portáveis, perdas por imparidade de partes sociais e tributação autónoma sobre os encargos com despesas de representação, ajudas de custo e

de PME no interior, que se traduz na aplicação de uma taxa de IRC de 12,5% aos primeiros 15.000 Euros de matéria coletável, por oposição à atual taxa de 17%.

Assim, para 2017 fica revogada a norma que determina que, na dedu-ção dos prejuízos fiscais apurados nos períodos de tributação anterio-res deveriam ser deduzidos em pri-meiro lugar os apurados há mais tempo. Esta é uma boa notícia para os sujeitos passivos que apresentem prejuízos fiscais nos períodos de tri-butação de 2014, 2015 e 2016, cujo prazo de reporte é mais extenso (12 anos) de que os prejuízos gera-dos em anos anteriores.

As perdas por imparidade e outras correções de valor em partes sociais ou instrumentos de capital próprio, que tenham sido dedutíveis em sede de IRC, considerar-se-ão em 2017 componentes positivas do lucro tri-butável no período de tributação em que ocorra a respetiva transmissão onerosa, desde que seja aplicável o regime de “participation exemption” previsto no artigo 51º-C do Código do IRC.

A tributação autónoma sobre as despesas de representação (10%) e as ajudas de custo e compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador (5%) passa, em 2017, a incidir em sobre os “os encargos efetuados ou suportados” ao invés

dos “encargos dedutíveis”, harmoni-zando esta regra à semelhança da regra de tributação autónoma sobre os encargos com viaturas ligeiras de passageiros que incide sobre a totali-dade dos encargos suportados, quer sejam dedutíveis ou não dedutíveis. De notar ainda que em 2017 os su-jeitos passivos que apenas aufiram rendimentos não sujeitos ou isentos de IRC passam a estar dispensados de efetuar o pagamento especial por conta.

Das alterações no regime de incen-tivos ao investimento destaca-se o beneficio fiscal associado à remune-ração convencional do capital social prevista no artigo 41.º-A do Estatu-to dos Benefícios Fiscais (EBF), cujo o regime passa a ser aplicado à ge-neralidade das sociedades (e não apenas às micro, pequenas ou mé-dias empresas). Este regime passa a ser dedutível, no período relevante e nos 5 períodos de tributação seguin-tes, de uma importância correspon-dente à aplicação, limitada a cada exercício, da taxa de 7% ao montan-te das entradas realizadas até 2.000.000 euros por entregas de di-nheiro ou através da conversão de suprimentos ou de empréstimos de sócios (que tenham sidos realizadas em dinheiro), no âmbito da constitui-ção da empresa ou do aumento do capital social. Atualmente a taxa é de 5%, sem limite quanto ao valor

compensação por utilização de via-tura própria do colaborador, para além de clarificar o coeficiente do re-gime simplificado aplicável sobre os rendimentos derivados da explora-ção de estabelecimentos de aloja-mento local (que passa a ser 0,35%) e excluir do regime de reinvestimen-to previsto no artigo 48º do CIRC as propriedades de investimento.

Quanto às medidas de incentivo ao investimento não há grandes inova-ções, para além do reforço do bene-fício fiscal associado à remuneração convencional do capital social e do incremento do limite de investimen-to elegível no âmbito do RFAI (Regi-me Fiscal de Apoio ao Investimen-to). De notar ainda a introdução de um regime de incentivo à instalação

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AuditoriaRCA – Auditores | Assessores | Consultores 39

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Com as alterações propostas, pre-vê-se que, no caso das empresas, só os proprietários com imóveis de VPT global de 750 mil euros deve-rão ficar a pagar mais em 2017 do que pagam em 2016. No caso de empresas, proprietárias de imóveis com VPT global de 2 milhões de Eu-ros prevê-se inclusive uma poupança fiscal face à substituição da tributa-ção em sede de IS pelo adicional ao IMI.

Já no caso dos contribuintes singu-lares, os proprietários com imóveis de VPT global de 2 milhões de euros vão ficar a pagar mais a título de adi-cional do IMI do que pagavam em IS, o mesmo se verificando para os proprietários cujos imóveis detidos tenham um VPT global de 750 mil Euros.

Relativamente ao Regime Facul-tativo de Reavaliação do Ativo e ao benefício fiscal que o acom-panha, que comentários lhes merecem? O que é que o tecido empresarial pode retirar desta medida?Gabriel Alves: Antes de mais de-

vemos considerar que a medida é imaginativa. Pague hoje e habilite-se a interessantes benefícios futuros poderia ser o mote de qualquer cam-panha empresarial, mas talvez estra-nha de um ponto de vista fiscal.

A existência ou não de benefícios fiscais depende de variáveis futuras. Depende da existência de lucros que permitam a dedução do acréscimo de depreciações resultante da reava-liação e depende da evolução da ta-xa de imposto e da taxa de juro, es-tando estas últimas fora do controlo das empresas. Admitindo que não

das entradas, sendo consideradas como tais apenas as entregas em di-nheiro.

Por último, salienta-se que em 2017 o limite de investimento elegí-vel no âmbito do Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), que beneficia de uma taxa de 25%, pas-sará de 5 para 10 milhões de euros, mantendo-se a taxa de 10% para in-vestimentos superiores àquele limite. Os investimentos realizados no pe-ríodo de tributação que se inicie em ou após 1 de janeiro de 2016 pode-rá beneficiar daquela dedução, desde que não tenham sido já integrados em qualquer um dos períodos.

Que impactos antevêem que o adicional ao IMI possa ter para as empresas?Luís Rosa: Atualmente, os pro-

prietários de imóveis com valor pa-trimonial tributário (VPT) superior a 1 milhão de euros são tributados em sede de Imposto do Selo (IS) sobre a totalidade daquele valor a uma taxa de 1%. No OE 2017, o Governo in-troduziu a substituição desta forma de tributação imobiliária pela criação do adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), com a qual pre-tendia aplicar uma taxa de 0,3% aos contribuintes que detivessem patri-mónio imobiliário (excluindo imóveis industriais e afetos ao turismo) ava-liados em mais de 600 mil euros. No entanto, durante a discussão na es-pecialidade deste diploma, o grupo parlamentar do PS apresentou uma proposta de substituição a este im-posto, excluindo os imóveis afetos ao comércio e serviços e introduzin-do taxas diferentes consoante se tra-te de um contribuinte particular ou

existirão variações significativas nes-tas variáveis, cada entidade, com ba-se nas respetivas estimativas de de-sempenho e no peso e caraterização do ativo suscetível de reavaliação não deixará de analisar o efeito fi-nanceiro da medida, tendo em conta os prazos e as majorações legalmen-te permitidas.

Existe a convicção de que as pe-quenas empresas, por força do pa-gamento antecipado da tributação autónoma, ainda que repartido em três prestações, e da própria rele-vância do seu ativo fixo tangível, em-bora muito já totalmente deprecia-do, não terão a suficiente motivação para aderir à medida. Contrariamen-te, nas empresas de capital intensivo e capacidade financeira a adesão po-de ser encarada como uma interes-sante aplicação financeira. Cada en-tidade será um caso e cada uma fará a sua avaliação. Por isso mesmo o regime é facultativo.

De um ponto de vista da aplicação prática, o diploma introduz alguns equívocos que já deveriam estar sufi-cientemente esclarecidos. No preâm-bulo refere-se o facto de os ativos mensurados ao custo poderem estar subavaliados o que justifica o incenti-vo à sua reavaliação e correspon-dente reforço dos capitais próprios das empresas através da correspon-dente reserva. Tal objetivo não se enquadra nos referenciais contabilís-ticos em vigor, pelo que, salvo me-lhor opinião, a reavaliação e os cor-respondentes benefícios fiscais só são exequíveis no campo estritamen-te fiscal, sendo as correções efetua-das no âmbito da declaração de ren-dimentos e controladas através do dossier fiscal.

de uma empresa e em função do VPT global em causa.

Assim, de acordo com esta pro-posta de alteração, agora aprovada na especialidade, os contribuintes singulares (particulares) vão ficar a pagar uma taxa de 0,7% sobre o VPT global dos imóveis detidos en-tre os 600 mil e 1 milhão de euros e de 1% para o valor que exceda 1 mi-lhão de euros. Já os sujeitos passi-vos, pessoas coletivas (empresas) vão pagar uma taxa de 0,4% sobre a totalidade do VPT dos imóveis deti-dos. Os prédios que sejam proprie-dade de entidades sujeitas a um regi-me fiscal mais favorável, os chama-dos paraísos fiscais, ficam sujeitos a uma taxa de 7,5%.

“O Orçamento de Estado (OE) para 2017 não contempla

alterações profundas ao atual Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (CIRC), o que é um indicador de estabilidade fiscal, que por sua vez constitui um dos elementos determinantes para gerar confiança nos investidores.”

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