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REFORÇAR A AÇÃO POLÍTICA

SERVIR OS AÇORIANOS

Moção global de estratégia

Primeiro subscritor: Duarte Freitas

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Ao Nuno Mendes

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1 - Os Açores hoje

Tivemos eleições legislativas regionais no dia 16 de outubro.

Vencer era grande o desígnio do nosso Partido. Perdemos.

Temos, no entanto, que agradecer a confiança depositada em

nós por quase 30 mil açorianos, cerca de 31 por cento daqueles que

se deslocaram às urnas, e reconhecer o trabalho de centenas e

centenas de militantes que colocaram e colocam sempre os

interesses do Partido acima dos interesses pessoais.

É especialmente promissora a grande adesão do eleitorado

jovem à nossa mensagem, nomeadamente através das redes sociais.

Esta é uma nova realidade que deve ser sublinhada e valorizada

para o futuro.

As eleições decorreram e agora é tempo de reflexão.

O PS ao fim de 20 anos continua no Governo e o PSD na

Oposição.

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Temos, como Partido de alternativa e de poder, de refletir

sobre o que podemos fazer de mais, melhor e diferente para ajudar

os Açorianos, com o projeto social-democrata que defendemos.

Temos o mesmo governo, mas temos também os mesmos 18

mil dependentes do Rendimento Social de Inserção, as mesmas 6

mil pessoas em programas ocupacionais e na precariedade

absoluta, os mesmos 71 por cento de famílias a viver com menos

530 euros por mês, o mesmo insucesso e abandono escolar recorde,

os mesmos 10 mil açorianos à espera de uma cirurgia e as mesmas

dezenas de milhares de pessoas sem médico de família.

Temos a mesma lavoura numa “tempestade perfeita” e as

mesmas pescas a precisarem de um “resgate”.

E temos o turismo a progredir com base na abertura do

espaço aéreo que o governo socialista combateu.

Estamos orgulhosos do programa eleitoral que

apresentámos, construído ao longo de três anos com o contributo

de centenas de açorianos e de todos quantos participaram em

assembleias de ilha do Partido.

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Todos os militantes tiveram oportunidade de dar o seu

contributo e muitos assim o fizeram.

Tivemos, portanto, um programa eleitoral preparado com

antecedência, ouvindo especialistas de fora do Partido, mas

recebendo em especial o contributo de todo, mas todo, o Partido

em todas as ilhas.

O programa de governo que o PSD/Açores apresentou dá

prioridade à Educação como elemento crucial para o

desenvolvimento e evolução sociocultural, através da maior

qualificação dos Açorianos e gerando assim mais oportunidades

para os cidadãos. Sublinha-se também a necessidade de resolução

dos problemas da área da Saúde, que afetam em especial os mais

frágeis e pobres. Dá-se enfase à resolução dos problemas da

Agricultura e das Pescas e coloca-se a qualificação do Turismo

como fator de sustentabilidade para o crescimento atual do setor.

Defende-se a despartidarização e a transparência da Administração

Regional, assim como o reforço da sociedade civil organizada.

Assume-se ainda o papel determinante das empresas e dos

empresários no desenvolvimento sustentado da Região.

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Numa frase, defendemos um governo dos Açores e não uns

Açores do governo.

Mas se estamos seguros no diagnóstico e convictos das

soluções porque é que o Partido e a sociedade açoriana não se

mobilizaram para a mudança?

Durante os muitos contactos que realizámos ao longo de

quatro anos em todas as freguesias da Região e ao trabalho de

proximidade que fizemos, fomos ficando cientes de que havia

descontentamento com o governo. Mas não havia repulsa ou casos

que machucassem em demasia o poder instituído.

Por isso, um resultado que podia ter sido melhor, exigia mais

trabalho de todos, mais união e mais tempo para passar a

mensagem. Basta lembrar que com mais 57 votos no total dos

Açores teríamos mais um deputado eleito pelo Círculo de

Compensação e o PS ficaria com a sua maioria suspensa por apenas

um deputado. Esteve tudo nas nossas mãos.

Por outro lado, a força do Orçamento Regional, o poder

subliminar junto de muitos agentes da sociedade açoriana e o

bloqueio à mensagem alternativa condicionaram a adesão ao

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PSD/Açores. Provavelmente por não serem suficientemente

evidentes os motivos para votar contra o PS ou por não haver

razões suficientemente aliciantes para o voto na alternativa.

Acresce que o poder é cimento e agregador. O maior Partido

da Oposição nos Açores é mais escrutinado do que quem governa.

Tudo isto não iliba a responsabilidade primeira do

presidente do Partido no resultado eleitoral. Nem ilude que não

basta trabalhar muito, nem, como foi generalizadamente

reconhecido, ganhar um debate televisivo ao presidente do governo

para vencer as eleições nos Açores.

Vamos precisar de mais tempo, mais meios, mais união e

mais diálogo para, com humildade e razão, mostrarmos aos

Açorianos que podem contar connosco para fazer das nossas ilhas

um espaço de maior coesão social e territorial. Uns Açores

melhores com a social-democracia.

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2 - O Partido hoje

Nos últimos quatro anos, produzimos um trabalho editado

em livro sobre a reforma do sistema político, que contou com

contributos de várias personalidades açorianas de todos os

quadrantes políticos e de várias gerações.

Nos últimos quatro anos, constituímos um Conselho

Consultivo de Independentes em que centenas de cidadãos deram

ideias consubstanciadas num livro que, em conjunto com os

contributos de todos, mas todos, os militantes que participaram em

assembleias de ilha convocadas especificamente para o efeito, deu

azo ao programa eleitoral que apresentámos aos Açorianos.

Nos últimos quatro anos, angariámos cerca de dois mil

novos militantes.

Nos últimos quatro anos abrimos sedes, pela primeira vez na

história, em todos os concelhos dos Açores.

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Nos últimos quatro anos, renovámos a sede regional,

tornando-a operacional, quer seja para atividades partidárias, quer

seja para atividades cívicas.

Nos últimos quatro anos, comemorámos, em todas as ilhas,

os 40 anos do Partido, homenageando todos os fundadores e

presenteando o Partido para o futuro com as referidas sedes em

todos os concelhos.

Nos últimos quatro anos, editámos um livro sobre a história

do PSD/Açores e abrimos núcleos na Diáspora.

Nos últimos quatro anos, reformulámos o site e apostámos

nas redes sociais do Partido e do presidente do Partido, onde, neste

caso, temos de longe, o maior número de seguidores.

Nos últimos quatro anos, organizámos o Partido de forma a

garantir a eleição e o funcionamento estatutário de todas as

organizações concelhias e de ilha, bem como das estruturas

autónomas dos TSD e da JSD.

Nos últimos quatro anos, criámos a Universidade de Verão

do Partido, em conjunto com a JSD, por onde já passaram cerca de

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100 jovens e por onde continuarão a passar muitos mais, sendo um

legado que vai enriquecer e mudar decisivamente o Partido e a

formação política e cívica de muitos Açorianos.

Nos últimos quatro anos, reestruturámos o Partido, a sua

imagem, os seus serviços e a maneira como comunica e interage

com os militantes e cidadãos.

Nos últimos quatro anos, revimos os estatutos do Partido,

tornando-os mais operacionais e com menor custo financeiro para

o funcionamento dos vários órgãos, sem perder a legitimidade e

representatividade.

Nos últimos quatro anos, renovámos profundamente a ação

política e apostámos na proximidade. O presidente do Partido

esteve, em média, quatro vezes por ano em cada uma das ilhas dos

Açores.

Nos últimos quatro anos, as decisões mais importantes do

Partido foram tomadas por voto secreto e ouvindo os órgãos da

base para o topo.

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3 - A razão de uma candidatura

Há quatro anos, na Moção que apresentei ao XX Congresso,

disse que o trabalho que tínhamos pela frente levava tempo e exigia

paciência.

Manifestei também a vontade de ser Presidente do

PSD/Açores enquanto for esse o entendimento dos militantes e

durar o desafio histórico de criar condições para que o Partido

fundador da Autonomia se identifique de novo com o âmago da

sociedade açoriana, agora no Século XXI.

Sublinhei que não queria apenas ser Presidente do

PSD/Açores por dois ou quatro anos. E que não seria meramente o

calendário eleitoral a balizar a minha ação e a condicionar as

minhas decisões.

Afirmei que, perdendo ou ganhando as eleições regionais de

2016, seria candidato a presidente do PSD/Açores.

Cumpro a minha palavra com convicção e entusiasmo.

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Continuo a acreditar que o Partido precisa de estabilidade.

Aqui estou, portanto, para ouvir e ser ouvido nos locais

próprios e no momento devido.

Apresento-me de novo de cara erguida, com trabalho feito e

reconhecendo que há muito por fazer.

Disponível para discutir os meus erros e corrigir, em

diálogo, o rumo do futuro, oferendo trabalho e humildade e

pedindo humildade e trabalho.

O Partido não pode ser catapulta de ambições, mas não deve

ignorar contributos nem coartar convicções.

O PSD/Açores necessita de fortalecer a sua credibilidade

perante a sociedade açoriana.

A social-democracia foi, é e continuará a ser a força dos

ideais que queremos pôr ao serviço dos Açorianos.

Para isso, quatro palavras devem nortear a nossa ação futura:

Credibilidade, Estabilidade, Humildade e Trabalho.

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É isso, no fundo, que tenho para oferecer ao PSD e aos

Açores.

Com união, diversidade de opinião e sinergia entre gerações,

temos muito para dar aos Açorianos.

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4 - Ação política

Com um poder político assente numa maioria absoluta, cabe

ao PSD/Açores, como maior partido da Oposição e partido de

alternativa de poder, assumir a sua responsabilidade como força de

fiscalização e escrutínio político, bem como de oposição

proponente.

Temos um programa claramente alternativo, quer seja em

termos económicos e sociais, quer seja na conceção de uma

sociedade livre, forte e transparente.

Teremos uma postura de diálogo com todas as forças

políticas e sociais, vincando e consensualizando o caminho

alternativo que queremos sublinhar e fazer vencer ao longo de

quatro anos.

Assumiremos uma oposição responsável.

Não iremos abdicar, em momento algum, do escrutínio e da

fiscalização.

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Mas faremos das nossas propostas e do diálogo uma

referência permanente da nossa atuação.

Só assim respeitaremos os resultados eleitorais e o mandato

que nos foi confiado pelo Povo.

A oposição séria e construtiva e também sinónimo do

respeito que nos merecem os milhares e milhares de açorianos que

viram no nosso partido uma alternativa e que acreditam que há um

caminho diferente para as nossas ilhas.

Vamos apresentar propostas concretas.

Vamos colaborar no encontrar de soluções para o nosso

desenvolvimento e para a coesão territorial, económica e social.

Apresentaremos propostas para os setores que consideramos

prioritários.

Vamos propor a redução da taxa normal do IVA para 16%,

não só para a melhoria da competitividade das empresas,

estimulando o investimento e a criação de emprego, mas também

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para a aumentar o poder de compra das famílias, reduzindo o preço

de produtos essenciais.

Vamos propor a criação de contratos de autonomia para as

escolas, para combater o insucesso escolar.

Vamos insistir na criação de um plano efetivo de combate às

listas de espera cirúrgicas e na deslocação de especialistas às ilhas

sem hospital.

Vamos por à discussão o nosso Programa Gerações, como

contributo para a resolução de um dos flagelos da sociedade

açoriana: o desemprego dos jovens.

Vamos propor um programa de investigação e

desenvolvimento dirigido às industrias de laticínios para o

desenvolvimento de novos produtos, que incorporem as

características únicas do leite açoriano e façam destas um fator da

sua promoção e valorização.

Vamos propor que os pescadores sejam devidamente

compensados pelas perdas de rendimento resultantes da

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necessidade de conter o esforço de pesca e recuperar espécies em

desequilíbrio ecológico.

Vamos propor a criação de um programa de autoconstrução

e autorrecuperação habitacional, que pode ser um forte incentivo à

reabilitação urbana, à inclusão e à construção de uns Açores pelas

mãos de cada um dos Açorianos.

São alguns exemplos das propostas diferentes que temos.

Temos, efetivamente, um modelo sectorial alternativo.

Mas também temos um modelo de sociedade diverso. A

elevada abstenção, que caracterizou o último ato eleitoral, deve

provocar um sobressalto cívico para todos e, desde logo, para o

PSD/Açores.

É preciso inverter esta tendência de desinteresse pela

Democracia, para que a comunidade seja participativa e se torne

mais forte.

Os políticos têm de saber ouvir, têm de perceber que devem

partilhar a iniciativa com a sociedade civil e têm de garantir a

oportunidade de participação a todos os agentes sociais.

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Apresentaremos propostas para que a Concertação Social se

torne verdadeiramente independente e para que o seu presidente

seja eleito com uma maioria qualificada do Parlamento Regional.

Proporemos a criação de um Serviço Regional de Estatística

independente, com um presidente eleito também pelo Parlamento

Regional.

Proporemos ainda a instalação de uma representação dos

Açores em Bruxelas, onde terão assento os representantes da nossa

sociedade civil organizada.

Entendemos que mais sociedade, mais economia e mais

participação serão decisivas para a construção de uns Açores

melhores.

Precisamos, portanto, de reforçar a ação política do Partido.

Este reforço passará por uma Comissão Política Regional

em que terá ainda assento um grupo de porta-vozes que será criado

para o combate político diário.

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O grupo parlamentar no parlamento regional, as comissões

políticas de ilha, as comissões políticas concelhias e as estruturas

autónomas serão chamadas para esta tarefa de escrutínio,

fiscalização, combate e propositura.

A nossa ação política sustentar-se-á no interesse dos Açores,

seguirá a matriz social-democrata, acompanhará o nosso programa

eleitoral e de governo de que muito nos orgulhamos e será

atualizada permanentemente através da auscultação dos cidadãos e

dos militantes, razão pela qual implementaremos um programa de

diálogo regular com as estruturas do partido, através de

assembleias de ilha temáticas, que serão lançadas, regularmente,

pela Comissão Política Regional.

Deste diálogo permanente e estruturado sairão as diretrizes,

da base para o topo, que o Partido seguirá na sua ação política.

No relacionamento com os militantes e com os cidadãos em

geral, incrementaremos ainda mais os meios tradicionais e as novas

tecnologias para comunicação e interação com os cidadãos e os

militantes.

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Criaremos um boletim de distribuição regular por todas as

casas dos Açorianos, em que divulgaremos a nossa ação política e

transmitiremos a nossa visão da situação social e económica dos

Açores.

Para consolidar e enriquecer a nossa ação política, honrando

o legado de todos os que nos antecederam, será criado um Conselho

de Presidentes, funcionando em ligação direta com o presidente do

Partido, em que terão assento todos os ex-presidentes do

PSD/Açores.

Este Conselho enriquecerá toda a ação política do Partido,

fortalecerá uma conceção intergeracional, contribuirá para

consolidar as nossas propostas de reforma do sistema político, para

aferir as nossas propostas sectoriais e para reforçar uma ação diária

de combate político em que todos se revejam.

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5 - Eleições Autárquicas

O próximo grande desafio são as eleições autárquicas de

2017.

Nestas eleições o grande objetivo do PSD/Açores é crescer

em número de juntas de freguesia, câmaras e assembleias

municipais.

Um partido de alternativa de poder, como é o nosso, deve ter

como objetivo liderar a Associação de Municípios da Região

Autónoma dos Açores e a delegação regional da Associação

Nacional de Freguesias.

Como poder mais próximo dos cidadãos, os órgãos

autárquicos devem espelhar aquilo que são os anseios da população

de cada freguesia e de cada município. Nesse sentido, o

PSD/Açores está disponível para analisar, caso a caso, as propostas

dos núcleos de freguesia e dos órgãos concelhios de potenciais

coligações e a integração de independentes, tendo como objetivo

último servir os interesses dos Açorianos de cada uma das nossas

terras.

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Temos aqui e agora uma boa oportunidade para abrirmos as

portas do nosso Partido a todos aqueles que queiram dar o seu

contributo.

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6 - Conclusão

Apesar das dificuldades e antagonismos, a verdade é que o

PSD/Açores continua a merecer a confiança de uma parte

significativa do eleitorado.

No último ato eleitoral, igualámos a menor margem de

diferença para o Partido Socialista vencedor das eleições.

Esta é base da nossa força e o reconhecimento da correção

de caminho que temos de fazer para poder servir os Açorianos no

governo, convictos de que o PSD/Açores é quem interpreta melhor

a idiossincrasia, a solidariedade e o espírito de iniciativa

demonstrado pelos açorianos nas cinco partidas do mundo.

A paixão pela nossa terra e o respeito pelo nosso Partido têm

de suplantar as diferenças de opinião ou de rumo em função de um

bem maior: servir os Açorianos através da social-democracia.

CREDIBILIDADE, ESTABILIDADE, HUMILDADE E

TRABALHO.

Ponta Delgada, 30 de novembro de 2016