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310 Relatório de Atividades - Trabalho Forçado SOLUÇÕES PARA PREVENIR O ALICIAMENTO DE TRABALHADORES E O TRABALHO FORÇADO E OBRIGATÓRIO

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

SOLUÇÕES PARA PREVENIR O ALICIAMENTODE TRABALHADORES E O TRABALHO

FORÇADO E OBRIGATÓRIO

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

N Intensificar os métodos e as estratégias de trabalho em conjunto entre Ministério Públi-co do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal, Polícia Federal,INCRA, IBAMA, e outras organizações governamentais e não-governamentais.

N Realizar campanha maciça de esclarecimento sobre o que é trabalho forçado/escravo.

N Introduzir o tema na escola fundamental, destacando-se o papel do Ministério da Edu-cação e Cultura.

N Identificar os pontos de aliciamento de pessoal e nestes locais criar e fomentar proje-tos sociais e educativos, além de políticas próprias de emprego.

N Suprir os grupos de combate com equipamentos apropriados para a ação de forma aalcançar os locais denunciados que, via de regra, são de difícil acesso.

N Agilizar o repasse das informações para o INCRA (Portaria 101/ MTE) sobre o usoindevido da propriedade rural, por desrespeito aos direitos sociais, para fins de desapropriação.

N A participação da Polícia Federal não só na proteção dos grupos de fiscalização, masno exercício pleno de suas funções de polícia.

N Encaminhar ao Legislativo proposta de revisão das multas administrativas inseridasnos textos legais e aprovação de leis prevenindo a impunidade.

N Formar banco de dados entre os Ministérios Públicos e os órgãos de governo envol-vidos visando, se necessário, interferir nas linhas de financiamento (SUDAN/FNO) dos infratores.

N Priorização por parte da Fazenda Nacional dos pedidos de inscrição dos infratores nadívida ativa da União.

N Implantar imediatamente o Consórcio de Empregadores Rurais nas áreas críticas que,em razão da sazonalidade e do curto período de duração das atividades, impõem contrataçõestemporárias.

N Utilizar o Contrato de Equipe para a contratação do trabalhador indígena.

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CONSÓRCIO DE EMPREGADORES RURAIS

O Consórcio de Empregadores Rurais consiste em uma sociedade de produtores rurais para ges-tão coletiva de mão-de-obra. Opera-se através da constituição de uma sociedade, através de um termode responsabilidade solidária, na forma do artigo 896 do Código Civil, registrado em cartório, com aidentificação de cada produtor como pessoa física, contendo, necessariamente, a especificação do obje-to (geralmente plantio ou colheita de gêneros agrícolas), tarefas a serem cumpridas, salário e prazo deduração. As partes negociam o valor e a modalidade de salário, garantido o salário-mínimo, seja porhora, dia ou semana trabalhada. A anotação na carteira de trabalho é feita em nome de um dos produtoresseguido da expressão “e outros”, englobando todos os empregadores consorciados, em regime de soli-dariedade, no tocante a verbas trabalhistas e previdenciárias. A prática dá maior segurança aos emprega-dos, caso seja necessária cobrança judicial de seus créditos.

Além disso, deverá ser observada pelo Consórcio de Empregadores Rurais toda a legislação refe-rente à segurança e saúde do trabalhador (Portaria n. 3.067, de 12/4/88, do MTE).

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria n. 1964, em 2/12/99 (DOU, p. 26, seçãoI), de forma a orientar seus Auditores Fiscais quando da fiscalização em propriedades rurais instituídas deforma solidária.

O Consórcio de Empregadores é um instrumento hábil a trazer melhorias para o trabalho no campopois, além de legalizar as relações capital/trabalho no meio rural, é um sistema eficaz na diminuição damigração do trabalhador rural, a qual ocorre muitas vezes através de aliciamento por intermediadores demão-de-obra (“gatos”). A nova prática proporciona maior estabilidade e facilita o controle dos órgãos defiscalização.

Para os produtores rurais há comprovadamente diversas vantagens: a produção fica facilitada,melhor organizada e sem os riscos da ilegalidade, além dos benefícios fiscais porquanto os encargosdiminuem. O Consórcio de Empregadores Rurais terá a seguinte incidência de contribuição previdenciária:

a) sobre a folha de salários: salário educação: 2,5%; Incra: 0,2%;b) sobre a comercialização da produção: receita bruta: 2%; seguro acidente do trabalho: 0,1%;

funda de Previdência Social: 0,1% (Circular INSS n. 056, de 25 de outubro de 1999).

Relativamente à incidência do Imposto de Renda sobre o Consórcio de Empregadores, aplicam-seas regras do Decreto n. 3.000, de 26/3/99, art. 58, sendo que o tratamento contábil deverá ser feitosempre de forma individualizada para cada produtor rural.

O Ministério Público do Trabalho incentiva e recomenda a implantação do Consórcio de Emprega-dores Rurais pois já constatou que os produtores que optam por essa forma de contratação detêm visíveisbenefícios.

Há exemplos bem sucedidos de consórcios rurais nos Estados do Paraná e Minas Gerais, além dointerior do Estado de São Paulo.

O Estado do Paraná, pioneiro na implantação do Consórcio de Empregadores Rurais, vem admi-nistrando a questão de forma satisfatória. Apesar da resistência inicial à idéia posta em prática peloadvogado Mário Campos de Oliveira Júnior que, verificando a dificuldade de contratação direta de tra-

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balhadores rurais na região de Rolândia, pela falta de mão-de-obra local e o curto espaço de tempoexigidos nas culturas, providenciou a criação do primeiro consórcio com a denominação “CelestinoLovato e Outros”. Atualmente o referido consórcio possui cerca de 1.000 (mil) empregados, devidamen-te registrados por prazo determinado. Possui um gerente que tem procuração com amplos poderes admi-nistrativos e financeiros, um departamento contábil informatizado com funcionários que cuidam das ques-tões administrativas de forma bastante hábil, sendo que o trabalhador que procura trabalho sai do escri-tório com a carteira anotada, em cinco minutos.

A satisfação é plena tanto dos trabalhadores, quanto de empregadores. Ambos elencam vantagensque podem ser comprovadas pela redução drástica de reclamatórias trabalhistas – de aproximadamente2.700, hoje não passam de 4 - que, por somar pouca importância pecuniária e por estarem rigorosamen-te de acordo com a lei trabalhista, findam com homologação de acordo judicial.

No Estado de Minas Gerais, em agosto de 1999, o Consórcio de Empregadores Rurais foi insta-lado na região de Paracatu. Depois de conhecerem o sistema paranaense e adaptá-lo às necessidadesregionais, os agricultores locais receberam a proposta com grande entusiasmo. Juntamente com a Asso-ciação Comercial e Industrial de Paracatu – ACIPA, com a Subdelegacia Regional do Trabalho, Coope-rativa Agropecuária da Região de Piratinga e o Sindicato Rural de Unaí, o Ministério Público do Trabalhoespera que a idéia atenda a toda a Região Noroeste do Estado. A exemplo da região de Paracatu, estãoprogramadas reuniões para a implantação do consórcio nas regiões de Patos de Minas, Patrocínio,Uberlândia e Uberaba.

Em 24 de setembro de 1999, realizou-se, em Campinas/SP, reunião pública para a apresentaçãodo Consórcio de Empregadores no Meio Rural, com a presença de representantes do Ministério Públicodo Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Instituto Nacional de Seguridade Social, DelegaciasRegionais do Trabalho, Sindicatos da classe trabalhadora e patronal (FETAESP e FAESP).

Atualmente estão em atividade nos três Estados referidos 31 consórcios (dezessete em MinasGerais; treze em São Paulo e um no Paraná), empregando 15.000 trabalhadores devidamente registrados,e que antes se encontravam na informalidade ou contratados por “gatos”, através de cooperativas fraudu-lentas.

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CONTRATO PARTICULAR DE RESPONSABILIDADE MUTUA,PARA EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL

DA CULTURA DE CANA-DE-AÇÚCAR

Que entre si fazem, como partes justas e contratadas CELESTINO LOVATO e OUTROS,brasileiro, casado, agricultor ficando justo e convencionado sob as cláusulas e condições a seguir, que aspartes contratantes, mutuamente, aceitam e outorgam:

CLÁUSULA PRIMEIRA: Todos os contratantes são produtores rurais, pessoas físicas, e re-solvem em comum acordo constituírem um grupo de pessoas físicas com a finalidade de explora-ção da cultura de cana-de-açúcar, nas atividades de plantio, cultivo e colheita das lavouras, nosdiversos serviços pertinentes à atividade, desde o preparo do solo, até os tratos culturais, corte,carregamento, transporte e demais atividades correlatas à mencionada cultura agrícola.

CLÁUSULA SEGUNDA: Os contratantes, reunidos sob o nome coletivo de CELESTINOLOVATO e Outros , com escritório sito na Rodovia PR 170, Km 02, saída para São Martinho, noMunicípio de Rolândia, Estado do Paraná, outorgam procuração, lavrada no 1° Tabelionato deNotas da Comarca de Rolândia – Cartório Grassano Gouveia, à CELESTINO LOVATO, brasilei-ro, casado, agricultor e a JOSÉ MOACYR GAFFO, brasileiro, casado, contador, para administra-rem o grupo de produtores rurais

Parágrafo Único – Os contratantes autorizam a abertura de contas correntes bancárias, sendo queos cheques serão assinados por CELESTINO LOVATO e JOSÉ MOACYR GAFFO, individual ouconjuntamente.

CLÁUSULA TERCEIRA: Os contratantes lavraram, ainda, Escritura Pública de Responsa-bilidade Mútua, em nome coletivo de CELESTINO LOVATO e Outros, no 1º Tabelionato de Notasda Comarca de Rolândia – Cartório Grassano Gouveia – assumindo a responsabilidade mútuapelos encargos, contribuições, tributos federais, estaduais, municipais, trabalhistas e previdenciários.

CLÁUSULA QUARTA: A exploração da atividade rural da cultura da cana-de-açúcar, dar-se-á nas propriedades rurais próprias dos contratantes, além daquelas que vierem a ser adquiridas,contratadas por arrendamento ou parceria agrícolas, cabendo aos contratantes partilharem o ris-cos, frutos, produtos, lucros e encargos fiscais, trabalhistas e previdenciários, proporcionalmenteao volume de cana-de-açúcar advinda das aludidas propriedades rurais.

Parágrafo Único – Os administradores do grupo de produtores, Srs. CELESTINO LOVATO e JOSÉMOACYR GAFFO, prestarão contas a qualquer dos contratantes, assim que estas lhes forem soli-citadas.

CLÁUSULA QUINTA: Para a exploração da atividade em conjunto, os contratantes pode-rão adquirir, alugar, arrendar ou solicitar a prestação de serviços de veículos, tratores, máquinas eimplementos de terceiros, pessoas físicas ou jurídicas.

CLÁUSULA SEXTA: Para fins de cumprimento do disposto nas legislações fiscal e de impos-to de renda, o resultado da atividade será obtido mediante forma contábil em nome coletivo deCELESTINO LOVATO e Outros, por profissional habilitado, através da escrituração regular emlivros fiscais formalizados de acordo com o previsto na legislação vigente, cuja divisão será a

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mesma especificada na Cláusula Quarta do presente contrato.

CLÁUSULA SÉTIMA: As propriedades rurais dos contratantes permanecem individualiza-das, sendo que os custos agrícolas e sociais, bem como os lucros obtidos em cada propriedade nãose comunicarão com os demais, ficando individualizados.

CLÁUSULA OITAVA: Este contrato terá vigência por prazo indeterminado, passando a vi-gorar a partir de 11.07(JULHO).1997, podendo ser rescindido por vontade de um, ou mais contra-tantes, desde que haja a concordância da maioria mínima de 51% (cinqüenta e um por cento)destes, e mediante a notificação, por escrito com um prazo mínimo de 01 (um) ano de antecedên-cia.

CLÁUSULA NONA: Os contratantes, desde já, autorizam a inclusão de novos produtoresrurais que optarem por integrar o presente grupo, mediante a anuência dos administradores men-cionados no Parágrafo Único, da Cláusula Quarta, o que poderá ocorrer mediante a formalizaçãode termo aditivo, desde que estes concordem, integralmente, com os termos das cláusulas e condi-ções constantes do presente contrato.

CLÁUSULA DÉCIMA: Elegem os contratantes o foro da Comarca de Rolândia, Estado doParaná, como único e competente para se dirimirem quaisquer dúvidas que, porventura, emergi-rem da presente contratação, renunciando a quaisquer outros, por mais privilegiado que sejam.

E, por estarem justos e contratados, bem cientes do aqui contido, firmam o presente contratoem 02 (duas) vias, de igual teor e forma, e para o mesmo efeito na presença de 02 (duas) testemu-nhas instrumentárias, abaixo assinadas e qualificadas, obrigando-se, por si e seus herdeiros e su-cessores ao fiel e integral cumprimento das suas cláusulas e condições.

Rolândia (PR) , 11 de julho de 1997.

Celestino Lovato e Outros

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TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTAPROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO N° 280/96

Às quatorze e trinta horas do dia dez de novembro do ano de mil novecentos e noventa e sete, nasede da Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª Região, com a presença do Procurador Regional doTrabalho, Dr. AMADEU BARRETO AMORIM, compareceu a empresa CELESTINO LOVATO EOUTROS, através de seu representante, SÉRGIO ROBERTO GETTI RODRIGUES, advogado, inscritona OAB/PR 17.919, para na forma do art. 5º, § 6° da Lei 7.347/85 e art. 113 da Lei 8.078/91, firmarcompromisso de ajuste de conduta, nos seguintes termos:

I - OBJETO

Com o propósito de efetivar a predisposição da empresa signatária em solucionar, de formaextrajudiciaI e voluntária as Irregularidades quanto à legislação do trabalho propriamente dita e quanto Alegislação de segurança, higiene e medicina do trabalho nas atividades nas suas propriedades, o objetodeste Instrumento será a assunção, de obrigações de fazer e de não fazer, como abaixo especificado:

1- Continuar fornecendo, gratuitamente, aos trabalhadores da Área agrícola, botinas, perneiras(duas pernas), luvas e chapéus;

2- Tornar obrigatório, através de medidas instrutivas, de conscientização e até mesmo coercitivas,o uso dos EPis fornecidos nos trabalhadores;

3- Continuar fornecendo gratuitamente a todos os trabalhadores da lavoura as ferramentasnecessárias ao desempenho de suas tarefas, principalmente facões e limas;

4- Manter atualizados e devidamente dimensionados o PPRA - Programa de Prevenção deRiscos de Acidentes, o PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e aSESMT - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, em função do grau derisco e do número de empregados, como dispõe subítem 7.3.1, alinea “a”, da NR 07, Portaria3214/78-MTb, c/c artigo 168, da CLT, viabilizando, assim, que os empregados sejam submetidos,na admissão, periodicamente e na demissão, periodicamente e na demissão, a exames médicos quepossam demonstrar as avaliações médicas necessárias;

5- implantar até 30 de abril de 1999 e após, manter constantemente em atuação, devidamentedimensionado, conforme art. 63 da CLT e NRR 3 da Portaria 3067/88, a CIPATR - ComissãoInterna de Prevenção de Acidentes;

6- Até 31 de maio de 1998, providenciar a elaboração dos mapas de riscos no campo, atravésdos cipistas;

7- Manter atualizados os mapas de riscos;

8- Manter a instalação de “tendas sanitárias” no campo, em condições de uso separado para os

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sexos masculino e feminino:9- Manter constantemente, abrigos, ainda que rústicos, nos trabalhos realizados a céu aberto,

capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries;10- observar a Implantação de locais apropriados para a tomada das refeições dos trabalhadores

do campo;11- Continuar fornecendo água potável em recipientes hermeticamente fechados e higiênicos,

em todas as frentes de trabalhos;12- fornecer, até 30 de abril de 1998, meios seguros para o aquecimento de refeições dos

trabalhadores em todas as frentes de serviço, ou fornecer marmitas térmicas aos mesmos;13 - Manter à disposição, nas frentes de trabalho, em perfeitas condições de uso material destinado

à prestiação de primeiros socorros e atendimentos emergenciais dos trabalhadores eventualmenteacidentados ou acometidos de males súbitos (HRR-3);

14- Manter o pagamento da remuneração correspondente no adicional de periculosidade e deinsalubridade, para aqueles trabalhadores que trabalhem em condições de periculosidade e deInsalubridade, em conformidade com os Laudos Periciais existentes;

15- Abster-se de manter trabalhadores com menos de 14 anos prestando serviços em quaisqueráreas, e quanto aos menores entre 14 a 18 anos, abster-se de lhes atribuir atividades insalubres ouperigosas;

16- Abster-se de manter trabalhadores contratados sem o devido registro em livro, ficha ousistema eletrônico competente;

17 - Abster-se de manter documentos de seus empregados assinados em branco;18- Abster-se de permitir ou submeter seus trabalhadores a prorrogação de Jornada normal de

trabalho, além do limite legal de duas horas diárias, sem quaisquer justificativa legal (art.59, CLT) ;19 - Conceder intervalo para repouso ou alimentação de, no mínimo, uma hora e, no máximo

duas horas, em qualquer trabalho contínuo cuja duração seja superior a seis hora;20 - Conceder aos empregados descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas;21- Abster-se de manter trabalhadores em atividade nos dias feriados nacionais e religiosos,

salvo em hlpóteses legalmente previstas, e observadas as formalidades exigidas;22- desde já, abster-se de manter trabalhadores prestando serviços aos domingos, fora das

hipóteses legalmente contempladas;23- Desde já, respeitar o intervalo de 11 horas consecutivas entre duas jornadas de trabalho;24- Desde já, abster-se de prorrogar jornadas de trabalho de seus empregados, em condições

insalubres, sem licença da autoridade competente em matéria de medicina do trabalho (art. 60 daCLTI);

25- Dotar os equipamentos utilizados na movimentação de materiais de condições de segurançae de trabalho, notadamente em relação aos veiculos carregadores de cama, não dotados de cabinede proteção, o que expõe os trabalhadores às intempéries e riscos de acidentes (art. 182. parágrafoúnico, da CLT; c/c sub-item 11.1.3, NR 11 da Portaria 3214/78);

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26- Não permitir o transporte e a movimentação de pessoal em veículos não apropriados e sem ascondições especiais de proteção e segurança.

II - Cumprimento das Obrigações pelas empresas signatárias e multa por inadimplemento

II.1 - O ministério Público do Trabalho, diretamente e/ou através da Delegacia Regional do Trabalho,no Paraná, acompanhará o fiel cumprimento das obrigações decorrentes deste instrumento.

II.2 - As empresas signatárias responderão por multa diária equivalente ao valor de 400(quatrocentas) UFIRs, por obrigação descumprida, a contar da data da assinatura do Termo decompromisso. A multa será reversível ao FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador.

II.3 - A multa ora pactuada, não é substitutiva da obrigação que remanesce à aplicação da mesma.

III - Vigência

O presente compromisso é firmado por prazo indeterminado, ficando assegurado o direito derevisão das cláusulas e condições, em qualquer tempo, através de requerimento do MINISTÉRIOPÚBLICO DO TRABALHO ou DRT ou por proposição das empresas ou do Sindicato dos Trabalhadores.

Estando assim compromissadas, firmam o presente instrumento, na presença do membro doMINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, abaixo identificado, para que produza os seus legais ejurídicos efeitos.

Sérgio Roberto Giatti Rodrigues

Amadeu Barreto AmorimProcurador do Trabalho

João Agostinho de Oliveira FilhoTécnico Processual

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ATA DA REUNIÃO PÚBLICA PARA DISCUSSÃO DO TEMA“CONSÓRCIO DE EMPREGADORES NO MEIO RURAL”

Às dez horas do dia vinte e quatro de setembro de 1999 de um mil novecentos e noventa e nove, naProcuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região, com sede na Avenida Marechal Carmona, 686, VilaJoão Jorge, Campinas/SP, compareceram o Exmo. Procurador Geral do Trabalho Dr. Guilherme MastrichiBasso, Exmo. Procurador-Chefe Dr. Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, Exma. Secretária de Inspeçãodo Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego Dra. Vera Olímpia Gonçalves, o Exmo. Sr. Diretor deArrecadação do INSS Dr. Luiz Alberto Lazinho, o Exmo. Sr. Delegado Regional do Trabalho e Empregoem São Paulo Dir, Antonio Funari Filho e o Exmo. Sr. Delegado Regional do Trabalho e Emprego emMinas Gerais Dr. Wellington Gaia, além de outras autoridades dentre membros do Ministério Público doTrabalho e Ministério do Trabalho e Emprego, bem como representantes da classe trabalhadora e daclasse patronal, cujas presenças ficarão devidamente registradas em livro próprio, para discussão dotema ‘CONSÓRCIO DE EMPREGADORES NO MEIO RURAL”

Os trabalhos foram presididos pelo Exmo. Procurador Geral do Trabalho Dr. Guilherme MastrichiBasso e por determinação deste, conduzidos, pelo Exmo. Procurador-Chefe Dr. Ricardo Tadeu Marquesda Fonseca, que chamou a compor à mesa as autoridades acima nominadas. Após a abertura dos trabalhos,fez uso da palavra, inicialmente, o Exmo. Procurador Geral do Trabalho Dr. Guilherme Mastrichil Baisso.Pronunciaram-se, posteriormente, Exma. Secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalhoe Emprego Dra. Vera Olimpia Gonçalves, o Exmo, Sr. Diretor de Arrecadação do INSS Dir. Luiz AlbertoLazinho, o Exmo, Sr. Delegado Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo Dr. Antonio Funari Filhoe o Exmo. Sr, Delegado Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais Dr. Wellington Gaia.

As explanações dos componentes da mesa realçaram a pertinência da figura do Consórcio deEmpregadores no Meio Rural, com sendo instrumento hábil a trazer melhorias para o trabalho no campo,seja pela legalização das relações laborais no meio rural, seja pela viabilidade de implementação, pelasempresas

Em seguida, fizeram uso da palavra, fazendo as experiências vividas em relação à questão aquienfocada, as seguintes pessoas:

N Ilmo. Dr. Mário Campos de Oliveira Júnior, advogado militante no Estado do Paraná;N Dra. Sônia Toledo, Agente Fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais;N Exmo. Sr. Procurador do Trabalho Dr. Anemar Pereira Amaral, da Procuradoria Regional do

Trabalho da 3ª Região/MG;N Dr. José Oswaldo Junqueira Franco, Diretor da Federação da Agricultura no Estado de São

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

Paulo;N Dr. Júlio Chebabi, advogado e produtor rural;N Sr. Mauro Alves da Silva, Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do

Estado de São Paulo;N Dr. Valquiria Camargo Cordeiro, Subdelegada do Trabalho e Emprego em Sorocaba, SP;N o Exmo. Sr. Procurador do Trabalho Dr. Dimas Moreira da Silva, da Procuradoria Regional

do Trabalho da 15ª Região/MG;N o Exmo. Sr. Procurador do Trabalho Dr. Fábio Messia Vieira, representante da Associação

Nacional da Procuradores do Trabalho;N Sr. Evandro José Morello, Assessor de Política Salarial da Confederação dos Trabalhadores

na Agricultura;N Além de Subdelegados do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo e outros presentes.

Os pronunciamentos ratificaram o entendimento dos componentes da mesa, no sentido de que“Consórcio de Empregadores no Meio Rural” é a melhor solução, no momento, para a problemáticasituação que envolve as relações de trabalho no campo, atualmente maculada pela fraude e pela ilegalidade,que afastam o princípio protetivo do Direto do Trabalho do homem que labora no meio rural. Cientes dasdificuldades que também atingem o setor patronal, o Consórcio de Empregadores, surge como meioviável e eficaz para minimizar o panorama dramático que vêm se firmando no meio rural.

É consensual, outrossim, o entendimento de que a questão não se esgota na implementação dosconsócios de empregadores no meio rural, mas que os canais competentes devem se manter vigilantesquanto aos problemas surgidos no campo e, a exemplo desse evento, devem buscar sempre, através dodiálogo aberto com os setores envolvidos, os instrumentos legais para a resolução da questões que seapresentarem.

Após esclarecimentos técnicos, como ponto culminante do evento, o Exmo. Sr. Diretor deArrecadação do INSS Dr. Luiz Alberto Lazinho, comunicou que no próximo dia 29 de setembro seráeditada norma regulamentar, possibilitando a efetiva implementação do consórcio de empregadores nomeio rural.

Será criada uma comissão de implementação do Consórcio de Empregadores no Estado de SãoPaulo, composta por representantes do M.P.T., M.T.E, INSS, FAESP e FETAESP.

Após debates e considerações dos presentes, os trabalhos foram encerrados pela Presidência damesa.

A audiência, registrada também em sistema audio-visual, encerrou-se às treze horas e quarentaminutos e o presente termo, após ser lido e achado conforme, vai assinado pelos componentes da mesa,

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

pelo que eu, Célio Furlan Pereira, Secretário Regional desta PRT 15ª Região, lavrei-o.

Guilherme Mastrichi BassoProcurador Geral do Trabalho

Ricardo Tadeu Marques da FonsecaProcurador-chefe - PRT 15ª Região

Vera Olímpia GonçalvesSecretária da Inspeção do Trabalho Ministério do Trabalho e Emprego

Luiz Alberto LazinhoDiretor de Arrecadação do INSS

Antonio Funari FilhoDelegado Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo

Wellington GaiaDelegado Regional do Trabalho e Emprego em minas Gerais

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

PORTARIA N° 1.964, DE 01 DE DEZEMBRO DE 1999

O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lheconfere o inciso I do parágrafo único do artigo 87 da Constituição Federal, tendo em vista o disposto noartigo 7° dessa Carta e, ainda, considerando a necessidade de orientação aos Auditores-Fiscais do Trabalhoquanto à fiscalização em propriedades rurais em que haja prestação de trabalho subordinado a um“Condomínio de Empregadores” (ou Pluralidade de Empregadores Rurais”, ou “Registro de Empregadoresem Nome Coletivo de Empregadores” ou “Consórcio de Empregadores Rurais”), resolve:

Art. 1° As Delegacias Regionais do Trabalho deverão dar ampla divulgação ao modelo decontratação rural denominado “Consórcio de Empregadores Rurais”, estimulando, para tanto, o debateentre produtores e trabalhadores rurais, por meio de suas entidades associativas ou sindicais.

Parágrafo único. Para os fins do disposto nesta Portaria, considera-se “Consórcio de EmpregadoresRurais” a união de produtores rurais, pessoas fisicas, com a finalidade única de contratar empregadosrurais.

Art. 2° O Auditor-Fiscal do Trabalho, quando da fiscalização em propriedade rural em que hajaprestação de trabalho a produtores rurais consorciados, procederá a levantamento físico objetivandoidentificar os trabalhadores encontrados em atividade, fazendo distinção entre os empregados diretos doprodutor e aqueles comuns ao grupo consorciado.

Art. 3° Feito o levantamento fisico e tendo o Auditor-Fiscal do Trabalho identificado trabalhadorescontratados por “Consórcio de Empregadores Rurais”, deverá solicitar os seguintes documentos, quedeverão estar centralizados no local de administração do Consórcio:

I - matrícula coletiva - CEI (Cadastro Específico do INSS) - deferida pelo Instituto Nacional doSeguro Social - INSS;

II - -Pacto de solidariedade. consoante previsto no art. 896 do Código Civil, devidamenteregistrado em cartório;

III - documentos relativos à administração do Consórcio, inclusive de outorga de poderes pelosprodutores a um deles ou a um gerente/administrador para contratar e gerir a mão-de-obra a serutilizada nas propriedades integrantes do grupo;

IV - livro, ficha ou sistema eletrônico de registro de empregados;

V - demais documentos necessários à atuação fiscal;

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

§1° O nome especificado na matrícula referida no inciso I deverá constar como empregador no registrodo empregado e em todos os documentos decorrentes do contrato único de prestação de trabalho entrecada trabalhador e os produtores rurais consorciados.§ 2° No pacto de solidariedade, onde os produtores rurais se responsabilizarão solidariamente pelasobrigações trabalhistas e previdenciárias decorrentes da contratação dos trabalhadores comuns, deveráconstar a identificação de todos os consorciados com nome completo, CPF, documento de identidade,matrícula CEI individual endereço e domicílio, além do endereço das propriedades rurais onde ostrabalhadores exercerão atividades.

Art. 4° Constatada a violação de preceito legal pelo “Consórcio de Empregadores Rurais” deveráo Auditor-Fiscal do Trabalho lavrar o competente auto de Infração em nome contido na CEI coletivacitando, ainda, o CPF do produtor que encabeça a matrícula e fazendo constar no corpo desta peça asinformações necessárias à caracterização da prestação de trabalho a produtores consorciados.

§ 1° O Auditor-Fiscal do Trabalho deverá, sempre que possível, juntar ao auto de infração a cópia daCEI coletiva e do pacto de solidariedade, a fim de garantir a perfeita identificação de todos os produtoresrurais.§2° A infração ao art. 41, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho ensejará a lavratura do competenteauto de infração em nome do proprietário ou possuidor da propriedade em que o empregado sem registrofor encontrado em atividade.

Art. 5° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Francisco Dorneles

(Pub. DOU n° 230, de 1/12/99, p. 26, Seção I)

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

CIRCULAR INSS N° 056,DE 25 DE OUTUBRO DE 1999

(retifica a Circular INSS n 053, de 29/09/99)

Considerando a sazonalidade e a eventualidade das tarefas laborais na atividade rural;

Considerando que as dificuldades operacionais das constantes contratações e dispensas dos em-pregados rurais induzem à informalidade;

Considerando que muitas propriedades rurais fazem parte do território de mais de um municipio,sendo impossível, nestes casos, a expedição de matrícula CEI/8 (barra oito) restrita a um único município:

Autorizo a expedição de matrícula CEI/8 (barra oito) para dois ou mais empregadores rurais pes-soas físicas vinculados ao contrato de trabalho (art. 12, V, alínea “a” da Lei 8.212/91), nas seguintescondições:

a) Os empregados ficarão à disposição dos contratantes exclusivamente, em suas propriedadesrurais, vedada a cessão a terceiros;

b) O pedido de matrícula será assinado por todos os empregadores;

c) As propriedades rurais vinculadas ao contrato de trablho deverão se situar em um mesmomunicípio ou em municípios limítrofes;

d) Identificação de cada empregador e da propriedade rural, bem como a respectiva matrículaCEI para recolhimento das contribuições sobre a comercialização da produção prevista no artigo25, I, II e parágrafo 2 da Lei n 8.212/91;

e) A matrícula é exclusiva para recolhimento das contribuições previdenciárias sobre remunera-ção previstas no artigo 20 (empregado) da Lei n 8.212/91;

f) Deverão ser cadastrados no sistema todos os empregadores rurais pessoas físicas vinculadosao contrato de trabalho;

g) Registrar o endereço onde toda a documentação estará disponível à fiscalização;

h) consignar no Campo “NOME” do Cadastro de Matrícula o primeiro empregador relaciona-do, seguido da expressão “E OUTROS”.

Luiz Alberto Lazinho - Diretor de Arrecadação

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

A PREVENÇÃO DA EXPLORAÇÃO DOTRABALHADOR INDÍGENA ATRAVÉS DO

CONTRATO DE EQUIPE

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Pelo presente instrumento de Contrato de Equipe, por tempo determinado, que entre si celebramde um lado como EMPREGADORA __, neste ato representada por __, e do outro lado como EMPRE-GADOS, os indígenas devidamente relacionados e qualificados em lista anexa, parte integrante desteinstrumento, devidamente assinada por cada um deles, supervisionados pelo Cacique (Capitão) __, epelo líder de turma __, portador da Carteira de Identidade RG nº __, e Carteira de Trabalho e Previdên-cia Social nº __, série __, ficam justos e contratados em conformidade com a Lei nº 6.001/73,complementada pelas disposições legais existentes na Consolidação das Leis do Trabalho e legislaçãoesparsa, observadas as seguintes condições específicas:

1. A EMPREGADORA contrata através deste instrumento, mão-de-obra indígena para o plantio,corte e tratos culturais da cana-de-açúcar, nas áreas próprias ou arrendadas, bem como em qualqueroutra propriedade que venha a explorar tal tipo de atividade, seja a título de arrendamento ou a qualqueroutro, durante o prazo de vigência do presente CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EMEQUIPE, realizada pelo prazo máximo de 60 dias, de modo a favorecer a continuidade da vida comuni-tária nas aldeias, nos termos do art. 16, § 1º, da Lei 6.001/73. presente CONTRATO DE PRESTAÇÃODE SERVIÇOS EM EQUIPE é firmado com a devida anuência dos trabalhadores indígenas, e fiscaliza-do pelo Ministério Público do Trabalho, com características especiais, conforme previsto no art. 16,§ 1º,da Lei nº 6.001/73, ressalvados os direitos constitucionais.

2. A equipe contratada como EMPREGADA, é composta por no máximo 50 trabalhadores,somados ao líder da equipe, ao cozinheiro e seu assistente.

§ 1º - O líder da equipe receberá no mínimo o salário normativo da categoria, acrescido de um percentualde 8% sobre a produção da equipe.

§ 2º - O cozinheiro e o assistente receberão o salário fixo correspondente a R$ 169,40 (cento e sessentae nove reais e quarenta centavos) cada um, sem nenhum ganho sobre a produtividade da equipe, ressal-vados os acréscimos de horas extraordinárias eventualmente laboradas.

3. Na hipótese do trabalhador indígena, parte integrante da equipe contratada, abandonar o servi-ço antes do término do contrato, será substituído por outro, à critério do líder da equipe, sem prejuízopara a empresa e sem qualquer desconto a este título, do substituído.

Parágrafo Único – O líder da equipe ficará responsável pela CTPS de todos os trabalhadores indígenasde sua turma, comprometendo-se a entrega-las no final do contrato para a devida baixa, e nos casos desubstituição acima previstos.

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

4. A EMPREGADORA garantirá aos trabalhadores indígenas, que percebem remuneração variá-vel por produção, renda mínima, nunca inferior ao salário normativo da categoria, hoje equivalente a169,40 (cento e sessenta e nove reais e quarenta centavos).

5. O pagamento dos salários dos trabalhadores indígenas será feito individualmente, em moedacorrente, mediante recibo, discriminando-se as parcelas salariais e descontos, sendo vedado descontospara parcelas in natura.

§ 1º - A EMPREGADORA descontará mensalmente, de cada trabalhador indígena, a título de alimenta-ção, um percentual correspondente a 25% do salário mínimo vigente no País, subsidiando os demaisvalores gastos com a alimentação dos mesmos.

§ 2º - A EMPREGADORA fornecerá os mantimentos em quantidade suficiente para a realização de trêsrefeições por dia.

6. Os vencimentos serão apurados mensalmente, ficando estabelecido porém, que o pagamento daprodutividade somente se dará no final do contrato, no prazo máximo de 48 horas após o vencimento docontrato.

Parágrafo Único – O atraso no pagamento acima estipulado acarretará multa prevista no art. 477 da CLT.

7. A EMPREGADORA fornecerá e manterá em condições de uso os Equipamentos de ProteçãoIndividual (EPI) adequado ao risco da atividade, exigindo e fiscalizando sua correta utilização, bem comocumprirá a legislação pertinente à segurança e medicina do trabalho.

Parágrafo Único - Os trabalhadores indígenas não poderão, em hipótese alguma, trabalhar ou manuseardefensivos agrícolas ou produtos tóxicos.

8. A EMPREGADORA manterá os alojamentos dos trabalhadores indígenas em condições deconforto, higiene e segurança, conforme NR 24.

9. A EMPREGADORA manterá regularmente no local de trabalho e nos alojamentos dos indíge-nas, uma caixa de primeiros socorros, sob supervisão de pessoa capacitada.

10. A empresa acordante providenciará que os trabalhadores contratados façam exame médicoadmissional, de acordo com a NR 7.

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

11. A realização de sucessivos Contratos de Prestação de Serviços em Equipe, não caracterizarácontinuidade de vínculo empregatício, uma vez que os mesmos serão firmados pelo prazo máximo de 60dias, alternadamente, visando aos índios a manutenção de sua vida social, costumes e tradições, nostermos da Lei nº 6.001/73 e art. 231 da Constituição Federal.

12. A EMPREGADORA efetuará o pagamento de uma taxa comunitária revertida à aldeia deorigem dos trabalhadores, num percentual de 10% sobre o valor do adiantamento concedido, sendo que50% deste valor a empresa pagará e os 50% serão efetuados com desconto a este título da remuneraçãodos indígenas, desde que devidamente autorizada por escrito.

13. O Presente Contrato de Prestação de Serviços em Equipe é celebrado com anotações naCarteira de Trabalho dos indígenas.

14. A EMPREGADORA não sujeitará os trabalhadores indígenas através deste contratados, ajornada superior a legal, e na ocorrência eventual de trabalho em jornada suplementar, remunerará aostrabalhadores indígenas, respeitando a legislação pertinente à duração do trabalho, conforme previsto naConstituição Federal.

15. A EMPREGADORA não fornecerá, seja a título gratuito ou oneroso, bebidas alcoólicas aostrabalhadores indígenas, durante o expediente ou fora dele.

16. A EMPREGADORA transportará trabalhadores indígenas em veículos adequados ao trans-porte de pessoas, mantendo o sistema de transporte em ônibus, sem qualquer ônus a este título ao traba-lhador indígena.

17. Não haverá por parte da EMPREGADORA nenhuma forma de tratamento discriminatória aostrabalhadores indígenas, ficando assegurado aos mesmos, o respeito à organização social, costumes,crenças e tradições, respeitado o direito de cidadania e as características específicas de cada etnia indíge-na, conforme prescrito no art. 231 da Constituição Federal.

E, estando assim justos e contratados, firmam o presente instrumento, na presença de testemunhasabaixo identificadas, para que produza seus legais e jurídicos efeitos.

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CARTA DE CAMPO GRANDE

Este documento representa as conclusões extraídas das palestras e debates ocorridos durante oSeminário A Questão Indígena: Trabalho, Terra e Perspectivas, realizado nos dias 24 e 25 deagosto de 2000.

As nações indígenas, no Brasil, estão divididas em várias etnias que se diferenciam entre si porculturas, línguas, hábitos sociais e organização econômica. Entretanto, todos esses povos têm em comumuma história de exploração econômica, exclusão social, discriminação e pobreza.

No plano das normas internacionais, com a superação da Convenção 107 pela Convenção 169 daOrganização Internacional do Trabalho, a comunidade juslaboralista mundial substituiu a políticaintegracionista com relação ao indígena pela necessidade de respeito à sua singularidade étnico-social,permitindo a este um desenvolvimento auto-sustentável.

No âmbito nacional, a Constituição Federal de 1988 representa uma verdadeira clivagem no tratodas questões indígenas, na esteira da tendência internacional, na medida em que reconheceu a autodeter-minação dos povos indígenas, no tocante à sua organização social, costumes, línguas, crenças, tradiçõese os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Todavia, a legislação infraconstitucionalé anacrônica, não atendendo mais às necessidades prementes do atual momento social.

Dessa forma, urge que os órgãos competentes dêem efetividade aos princípios constitucionais einternacionais pertinentes, oportunizando a participação de todos os envolvidos, visando diminuir o hiatoexistente entre a realidade e a norma.

No setor trabalhista, há o caso de Mato Grosso do Sul, em que, após anos de amplas discussõese reuniões entre diversos órgãos governamentais e não-governamentais, chegou-se ao denominado “Pac-to Social”, o qual, a partir da firme atuação do Ministério Público do Trabalho, implicou a efetivação domodelo de “contrato de equipe”, que é a modalidade contratual mais adequada à realidade vivida pelosíndios que laboram nas usinas do Estado de Mato Grosso do Sul.

Pelo que se vê, quando se comemoram os 500 anos do descobrimento do território sobre o qual seerigiu a sociedade brasileira, não podemos nos esquecer das sociedades dos povos tribais que aquiexistiam desde tempos imemoriais.

A Terra, para o nativo, possui uma importância de tal magnitude que perder o seu habitat, acarretaa extinção da própria nação indígena. Esta estreita ligação é de difícil percepção e compreensão pelasociedade não-indígena. Para o índio, terra representa a vida e esta é o bem mais valioso do ser humano,o qual deve prevalecer sobre o direito de propriedade.

Neste diapasão, a inclusão de recursos no orçamento da União para demarcação de terras indíge-nas torna-se crucial, ainda que a mera demarcação não seja o ideal. Assim, a drástica diminuição dosrecursos orçamentários para este fim, que ocorreu entre os orçamentos de 1999 e 2000, é extremamenteprejudicial.

Conforme expuseram os palestrantes, debatedores e organizadores, as soluções para as questõesindígenas passam, necessariamente, pela realização de um novo encontro dos envolvidos nesta questão(um provável seminário), desta feita com a participação dos índios, para se buscar subsídios ao projeto delei do novo estatuto do índio, em trâmite no Congresso Nacional, pelas gestões para ratificação da

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Relatório de Atividades - Trabalho Forçado

Convenção 169 da OIT e, ainda, pelos estudos de possibilidades práticas e jurídicas dos sindicatosentabularem acordos, convenções coletivas e ajuizar dissídios coletivos, nos quais as especificidades dotrabalhador indígena possam ser contempladas.

Neste momento histórico é preciso que a sociedade brasileira, pois esta é uma responsabilidadesocial não apenas dos empresários, encontre outras alternativas, além das acima referidas, para que osmilhares de índios existentes no Brasil tenham relações sociais mais humanas e justas, nestas incluídas asrelativas à terra, ao trabalho e à cultura.

CAMPO GRANDE (MS), 25 DE AGOSTO DE 2.000