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1 SOLUÇÕES PARA O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM – PA Jaqueline Maria Soares (1) Engenheira Sanitarista pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA.Bolsista do CT-HIDRO/CNPq. Mary Lucy Mendes Guimarães Valente Engenheira Civil pela UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido – PDTU. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA. Valdinei Mendes da Silva Engenheiro Sanitarista pela UFPA. Mestrando em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA. Frederico da Cunha Mendes Engenheiro Civil pela UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Professor da área de Meio Ambiente do Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA. Marise Teles Condurú Bibliotecária pela UFPA. Mestre em Ciência da Informação pela UFPA. Pesquisadora do Sub- coordenadora de Informação Ambiental do Núcleo de Meio Ambiente - NUMA/UFPA. José Almir Rodrigues Pereira Engenheiro Sanitarista pela UFPA. Mestre em Recursos Hídricos pela Universidade Federal do Paraíba - UFPB. Doutor em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP. Professor Adjunto do Departamento de Hidráulica e Saneamento e do Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará – UFPA. Coordenador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA Endereço (1) : Conjunto COHAB Travessa n-6 nº 119. Bairro Icoaraci – Belém- Pa- CEP: 66.815-420 – Brasil – Tel (91) 227-2695 e-mail: [email protected] RESUMO O objetivo do trabalho foi a proposta de alternativas para a universalização do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) na Região Metropolitana de Belém (RMB), formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará e que, de acordo com o IBGE (2002), apresenta população da ordem de 1.800.000 habitantes. Inicialmente foi realizada a caracterização social, econômica e ambiental dos municípios da RMB, sendo, então, diagnosticada as condições das unidades componentes dos 37 setores existentes de abastecimento de água. Depois foram estudados o crescimento da população e do consumo de água para o período de 2005 a 2025. A atividade seguinte foi a divisão da área da RMB em 10 zonas, totalizando 78 setores de abastecimento de água. Finalmente, foram elaboradas 4 (quatro) alternativas de abastecimento de água, sendo, também, estimado o custo de implantação e definidas as prioridades de cada alternativa. A Alternativa II apresentou o menor custo (R$ 562.976.136,00), sendo baseada na ampliação do abastecimento por manancial superficial. PALAVRAS-CHAVE: Plano Diretor, Região Metropolitana de Belém (RMB), Sistema de Abastecimento de Água.

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SOLUÇÕES PARA O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM – PA

Jaqueline Maria Soares (1)

Engenheira Sanitarista pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA.Bolsista do CT-HIDRO/CNPq. Mary Lucy Mendes Guimarães Valente Engenheira Civil pela UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido – PDTU. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA. Valdinei Mendes da Silva Engenheiro Sanitarista pela UFPA. Mestrando em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA. Frederico da Cunha Mendes Engenheiro Civil pela UFPA. Mestre em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFPA. Professor da área de Meio Ambiente do Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA. Marise Teles Condurú Bibliotecária pela UFPA. Mestre em Ciência da Informação pela UFPA. Pesquisadora do Sub-coordenadora de Informação Ambiental do Núcleo de Meio Ambiente - NUMA/UFPA. José Almir Rodrigues Pereira Engenheiro Sanitarista pela UFPA. Mestre em Recursos Hídricos pela Universidade Federal do Paraíba - UFPB. Doutor em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP. Professor Adjunto do Departamento de Hidráulica e Saneamento e do Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará – UFPA. Coordenador do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento – GPHS/UFPA Endereço(1): Conjunto COHAB Travessa n-6 nº 119. Bairro Icoaraci – Belém- Pa- CEP: 66.815-420 – Brasil – Tel (91) 227-2695 e-mail: [email protected]

RESUMO

O objetivo do trabalho foi a proposta de alternativas para a universalização do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) na Região Metropolitana de Belém (RMB), formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará e que, de acordo com o IBGE (2002), apresenta população da ordem de 1.800.000 habitantes. Inicialmente foi realizada a caracterização social, econômica e ambiental dos municípios da RMB, sendo, então, diagnosticada as condições das unidades componentes dos 37 setores existentes de abastecimento de água. Depois foram estudados o crescimento da população e do consumo de água para o período de 2005 a 2025. A atividade seguinte foi a divisão da área da RMB em 10 zonas, totalizando 78 setores de abastecimento de água. Finalmente, foram elaboradas 4 (quatro) alternativas de abastecimento de água, sendo, também, estimado o custo de implantação e definidas as prioridades de cada alternativa. A Alternativa II apresentou o menor custo (R$ 562.976.136,00), sendo baseada na ampliação do abastecimento por manancial superficial. PALAVRAS-CHAVE: Plano Diretor, Região Metropolitana de Belém (RMB), Sistema de Abastecimento de Água.

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INTRODUÇÃO

No Artigo nº 88 da Constituição Federal de 1988 é citado que municípios brasileiros com mais de 20.000 habitantes devem ter Plano Diretor, nos quais são apresentadas propostas para implantação de melhorias em diversos setores da infra-estrutura urbana. O Plano Diretor Urbano de uma cidade, geralmente institucionalizado na forma de lei, é um documento que norteia as macro-estruturas das políticas setoriais, como o do sistema de abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário, sistema viário etc. (BRASIL, 1988). O Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água (PDSAA) é o instrumento de apoio à elaboração de projetos e à execução de obras direcionadas para a melhoria e/ou ampliação do abastecimento público de água. Além de traçar diretrizes para ampliação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) de forma integrada, o PDSAA respalda a solicitação do Poder Público no aporte de recursos junto aos órgãos financiadores, devendo considerar os aspectos físicos, ambientais e sócioeconômicos, que são relevantes para garantir o atendimento da demanda dos municípios, a compatibilização com o SAA existente e a disponibilidade financeira das concessionárias/prefeituras do serviço de abastecimento de água. Atualmente, o atendimento com abastecimento de água na Região Metropolitana de Belém (RMB) é de, aproximadamente, 90% da população. Entretanto, ainda existem áreas com precariedade (bairros com intermitência no abastecimento, vazões e pressões inadequadas etc.) e áreas não atendidas pelo sistema de abastecimento de água da concessionária ou prefeitura local (conjuntos habitacionais com soluções próprias de abastecimento e ocupações desordenadas). A produção, o tratamento e a distribuição de água para atender população de, aproximadamente, 1.800.000 habitantes da RMB são realizados pela Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), que gerencia e operacionaliza o sistema de abastecimento de água de maior parte do município de Belém e nos municípios de Ananindeua e Marituba; pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém (SAAEB), que atua nos distritos de Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro e em áreas peri-urbanas do município de Belém; e pelas Prefeituras de Santa Bárbara do Pará e de Benevides, que são responsáveis pelo abastecimento de água de seus respectivos municípios. Quanto à produção de água da RMB são utilizados mananciais subterrâneos pela COSANPA, SAAEB e pelas Prefeituras dos Municípios de Santa Bárbara do Pará e Benevides, resultando em grande número de sistemas isolados, que atendem comunidades menores em áreas periféricas. A água produzida pela COSANPA é proveniente dos lagos Água Preta (10.550.000 m³) e Bolonha (2.100.000 m³), localizados na Área de Proteção Ambiental (APA), abastecendo cerca de 80% da população da RMB. A água bruta é captada no rio Guamá, armazenada no lago Água Preta e encaminhada ao lago Bolonha por meio de um canal cuja vazão é de 13 m³/seg. A água do lago Bolonha é recalcada por 2 estações elevatórias de água bruta (Bolonha e Utinga) para 3 Estações de Tratamento de Água (ETA) (Bolonha, São Braz e 5º Setor). A ETA Bolonha é a maior em volume de água tratada, operando, atualmente, com capacidade de 3,36 m³/s, sendo prevista sua duplicação para agosto de 2005. A água produzida nesta Estação é distribuída em 9 setores de abastecimento da zona central de Belém e em 8 setores da zona de expansão, em Ananindeua. Com o objetivo de ampliar o índice de abastecimento de água de Belém, a COSANPA desenvolveu, em 1980, o “Projeto Belém 2000”, em 1987, o “Programa de Recuperação das Baixadas de Belém (PROJETO UNA)” e em 1993, o “Programa de Saneamento para Populações de Baixa Renda (PROSANEAR)”. Vale ressaltar que a produção para abastecimento da população da RMB não tem sido suficiente, considerando o significativo aumento das populações urbanas nas três últimas décadas, o baixo investimento pelo Poder Público ocorrido no setor saneamento e a implementação de projetos setoriais voltados à expansão do SAA na RMB.

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Assim , pesquisadores do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento (GPHS), da Universidade Federal do Pará (UFPA), elaboraram o PDSAA para a RMB, com objetivo de planejar ações destinadas a universalização desse serviço que é considerado vital para a população, tendo a colaboração dos técnicos da COSANPA. Foram realizadas, portanto, estudos para aproveitamento da infra-estrutura instalada, recuperação e ampliação das unidades existentes e a implementação de novas unidades de captação, adução e recalque de água tratada, reservação e redes de distribuição. O Plano Diretor de Abastecimento de Água para RMB foi estruturado para atender a demanda de água para os próximos 25 anos (2005 a 2025), sendo estabelecidas propostas específicas para cada área, contemplando variáveis sociais, técnicas, econômicas e ambientais, de acordo com o planejamento geral das atividades de ampliação/expansão das unidades do SAA na RMB.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado na Região Metropolitana de Belém, formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará, conforme mostrado na Mapa 1.

Mapa 1 – Região Metropolitana de Belém. Fonte: Companhia de Habitação do Pará (2003).

Na Tabela 1 são apresentados o número de habitantes e área dos municípios que compõem a RMB.

Tabela 1 – População e área dos municípios da RMB.

Setor População (hab) Área Total (km²) Belém 1.280.614 51.569,30

Ananindeua 393.569 191,40 Marituba 74.429 111,09

Benevides 35.546 177,70 Santa Bárbara 11.378 276,16

Total 1.795.536 52.325,65

Santa Bárbara do Pará

Belém

Ananindeua

Marituba

Benevides

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Pesquisadores do GPHS/UFPA e técnicos da COSANPA realizaram o trabalho em 6 etapas, sendo:

Etapa 1 - Caracterização da RMB Etapa 2 – Diagnóstico do SAA da RMB Etapa 3 – Divisão em Zonas e Setores de Abastecimento de Água Etapa 4 – Projeção Populacional Etapa 5 – Cálculo da Demanda de Água Etapa 6 – Elaboração de Proposta de Alternativas

Etapa 1 - Caracterização da RMB A partir da sistematização das informações dos aspectos geo-ambientais, sócio-econômicos e urbanos da RMB, foram elaboradas planilhas e mapas temáticos para caracterização da área de estudo. As informações necessárias para realização de tais atividades foram obtidas em órgãos das esferas federal, estadual e municipal, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Companhia de Pesquisas Minerais (CPRM), a Companhia de Habitação do Estado do Pará (COHAB) e as Prefeituras dos Municípios de Benevides e Santa Bárbara do Pará. Etapa 2 – Diagnóstico do sistema de abastecimento de água da RMB Foram realizadas análises da atual situação das unidades que compõem os sistemas de abastecimento de água das áreas urbanas da RMB, com informações obtidas na COSANPA, no SAAEB e nas Prefeituras de Benevides e Santa Bárbara do Pará. Também foram realizadas visitas técnicas para levantamento e registro de informações dos mananciais (superficiais e subterrâneos) e das unidades de captação, adução, tratamento, elevação, reservação e distribuição do SAA existentes na RMB. Etapa 3 – Divisão em Zonas e Setores de Abastecimento de Água A partir da análise de informações topográficas, imagens de satélite, visitas in loco e agrupamento dos setores censitários do IBGE 2000, a área urbana da RMB foi dividida em setores e zonas de abastecimento de água definidas. Em algumas áreas foram aproveitados setores existentes, permanecendo alguns com limites inalterados e outros foram agrupados para atendimento de outras áreas Etapa 4 – Projeção Populacional Com dados da população de referência apresentada pelo IBGE para o ano de 2000 e informações da Diretoria Comercial da COSANPA como número de domicílios atendidos pela empresa, foi realizada a estimativa da população nos setores de abastecimento de água para 2004, ano base deste trabalho. Vale ressaltar que o cruzamento de informações referentes a população estimada pelo IBGE e fornecidas pela COSANPA contribui para maior segurança dos dados a serem utilizados na projeção de população. 1993 Os índices de crescimento adotados para a projeção populacional foram definidos a partir de estudos estatísticos e da análise de estudos populacionais realizados até o momento da elaboração deste trabalho, como o Planos Diretores Urbanos das décadas de 1980 e 1990 e o Estudo de Viabilidade Econômica de Projetos para o Melhoramento do Sistema de Transporte da Região Metropolitana de Belém a partir do qual foram adotadas taxas de crescimento demográfico de 2,65% e 2,54% para os períodos 2005-2010 e 2011-2025, respectivamente, sendo, então, considerado o crescimento geométrico da população com as taxas utilizadas.

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Etapa 5 – Cálculo da Demanda de Água A partir dos das informações sistematizadas nas etapas anteriores, o cálculo da demanda de água foi realizado por zona e setor de abastecimento, sendo o resultado da soma entre os consumos domésticos, comerciais, industriais e públicos, além das perdas de água estimadas para os setores de abastecimento. A partir de estudos de valores praticados na COSANPA, a cota per capita utilizada foi de 250 l/hab.dia Etapa 6 – Elaboração de Proposta de Alternativas As propostas foram apresentadas como resultado dos estudos de implantação, ampliação e/ou melhorias nas unidades de captação, adução, tratamento, reservação e distribuição, sendo analisados aspectos técnico, econômico, social e ambiental das alternativas estudadas. Também foi proposta relação de prioridades por zona de abastecimento, elaborado cronograma de implantação de atividades e determinado o custo da expansão/implantação das unidades dos sistemas de abastecimento previstos para a RMB até o ano de 2025.

RESULTADOS

Etapa 1 - Caracterização da RMB Na RMB foi identificada população residente em invasões totalizando 174.305 habitantes, sendo 84.448 em Ananindeua e 89.857 em Belém. No Mapa 2 são apresentadas áreas de invasão e os limites dos setores censitários do IBGE 2000.

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Mapa 2 – Áreas de invasão da RMB e limites censitários do IBGE 2000.

Etapa 2 – Diagnóstico do SAA da RMB O diagnóstico dos sistemas de produção (manancial superficial e manancial subterrâneo), tratamento, elevação, reservação, distribuição e setores de abastecimento de água possibilitou o conhecimento da disposição e características do sistema, identificação de áreas com deficiência de abastecimento e áreas não contempladas com sistema público de abastecimento. No Mapa 3 são indicadas áreas abastecidas pela COSANPA e SAAEB.

Mapa 3 – Áreas contempladas com sistemas de abastecimento público na RMB.

No Quadro 1 são apresentados setores de abastecimento de água distribuídos segundo tipo de manancial de abastecimento.

Município Setores Manancial Belém Área Central 09 Superficial

03 Superficial Belém Área de Expansão 13 Subterrâneo 06 Superficial Ananindeua 05 Subterrâneo

Marituba 01 Subterrâneo Benevides - Subterrâneo

Santa Bárbara - Subterrâneo

Quadro 1 – Sistema de produção e distribuição de água superficial na RMB.

No Esquema1 é apresentado o sistema de elevação, reservação e distribuição de um dos setores de abastecimento de água diagnosticados.

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Esquema 1 – Sistema de elevação, reservação e distribuição. Etapa 3 – Divisão em Zonas e Setores de Abastecimento de Água A área da RMB foi dividida em 10 (dez) zonas subdivididas em 78 setores de abastecimento de água como é apresentado no Quadro 2. Essas áreas correspondem a parcela urbana da RMB apresentada no Censo do IBGE 2000.

Zona Setores Município 1- Central 10 Belém 2- Aeroporto 09 Belém 3- Augusto Montenegro 07 Belém 4- Icoaraci 09 Belém 5- Outeiro 05 Belém 6- Mosqueiro 05 Belém 7- BR-316 18 Ananindeua/Marituba 8- Norte-Sul 08 Ananindeua/Marituba 9- Benevides 04 Benevides 10- Santa Bárbara 03 Santa Bárbara Total 78 -

Quadro 2 – Divisão das zonas de abastecimento de água.

No Mapa 4 podem ser observadas as 10 zonas de abastecimento de água estabelecidas no trabalho, enquanto no Mapa 5, os 78 setores.

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Mapa 4 – Divisão em zonas de abastecimento de água.

Mapa 5 – Divisão em setores de abastecimento de água.

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Etapa 4 – Projeção Populacional Com a aplicação das taxas de crescimento demográfico na população base foi possível avaliar o incremento populacional a cada ano, ao longo do período de abrangência do planejamento. Na Tabela 2 são apresentados valores da projeção populacional nos anos de 2004, 2005, 2010 e 2025.

Tabela 2 - valores referentes a projeção de demanda nos anos de 2004, 2005, 2010 e 2025.

Zona População 2004

(hab) População 2005(hab)

População 2010 (hab)

População 2025 (hab)

1- Central 397.036 407.557 464.498 1.598.898 2- Aeroporto 99.280 101.911 116.149 225.936 3- Augusto Montenegro 257.581 264.407 301.348 439.003 4- Icoaraci 20.667 21.215 24.178 271.217 5- Outeiro 938.139 963.000 1.097.542 37.320 6- Mosqueiro 159.134 163.351 186.173 49.463 7- BR-316 29.022 29.791 33.953 676.680 8- Norte-Sul 21.897 22.477 25.618 169.205 9- Benevides 132.566 136.079 155.091 35.223 10- Santa Bárbara 4.388 4.504 5.133 7.478 Total 2.059.710 2.114.293 2.409.683 3.510.424

Etapa 5 – Cálculo da Demanda de Água O cálculo da demanda de água realizado a partir de dados da população e de parâmetros hidráulicos estabelecidos na metodologia, possibilitou a verificação das demandas de água na zonas e setores de abastecimento, sendo na Tabela 3 apresentados valores de demanda nos anos de 2004, 2005, 2010 e 2025.

Tabela 3 - valores referentes a projeção de demanda nos anos de 2004, 2005, 2010 e 2025.

2004 2005 2010 2025

Zona Vazão (m³/d) Vazão (m³/d) Vazão (m³/d) Vazão (m³/d) 1- Central 119.111 122.267 139.349 479.669 2- Aeroporto 29.784 30.573 34.845 67.781 3- Augusto Montenegro 77.274 79.322 90.404

131.701

4- Icoaraci 6.200 6.365 7.253 81.365 5- Outeiro 281.442 288.900 329.263 11.196 6- Mosqueiro 47.740 49.005 55.852 14.839 7- BR-316 8.707 8.937 10.186 203.004 8- Norte-Sul 6.569 6.743 7.685 50.762 9- Benevides 39.770 40.824 46.527 10.567 10- Santa Bárbara 1.316 1.351 1.540 2.243 Total 617.913 634.288 722.905 1.053.127

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Etapa 6 – Elaboração de Proposta de Alternativas As alternativas foram desenvolvidas a partir dos dados consolidados nas etapas anteriores, dando origem às propostas de implantação, ampliação e melhoria das unidades de captação, adução, tratamento, elevação e distribuição de água do sistema de abastecimento de água da RMB, sendo considerada a vida útil das unidades existentes, bem como possíveis recuperações e ampliações. Assim, para o sistema de abastecimento de água da RMB foram propostas 4 alternativas para o abastecimento da população até o ano de 2025, conforme descrito a seguir: Alternativa I – Aumento progressivo da área atendida com água subterrânea até o ano de 2025 e limitação com água superficial (ETA’s Bolonha, 5º Setor e São Braz). Nesta alternativa, o abastecimento, a partir de manancial superficial, será reduzido progressivamente e se limitará a zona central, a qual coincide com a área central do município de Belém que demandará cerca 479.669 m³/dia no ano de 2025. No Mapa 6 é mostrada situação do abastecimento da RMB no ano de 2025.

Mapa 6 – Proposta para abastecimento de água na RMB no ano de 2025 (Alternativa I) Alternativa II – O abastecimento, a partir de manancial superficial, receberá incremento e atenderá as zonas Central, zona BR-316, zona Augusto Montenegro e parte da zona Aeroporto. Para tanto, serão ampliadas as unidades do sistema Bolonha, passando de 276.480 para 578.880 m3/dia (2ª etapa - 2007) e para 881.280 m3/dia (3ª etapa - 2013); desativação das ETAs 5º Setor e São Braz no ano 2013. No Mapa 7 é ilustrada situação do abastecimento da RMB para o último ano do plano.

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Mapa 7 – Proposta para abastecimento de água na RMB no ano de 2025 (Alternativa II) Alternativa III – Ampliação das unidades do sistema Bolonha, passando de 276.480 para 578.880 m3/dia (2ª etapa -2007) e para 881.280 m3/dia (3ª etapa - 2017); desativação das ETAs 5º Setor e São Braz no ano 2007; aumento progressivo da área atendida com água superficial até o ano de 2025 (zona Central, zona BR-316, zona Augusto Montenegro e parte da zona Aeroporto); e atendimento com água subterrânea nas demais zonas. No Mapa 8 é mostrada situação do abastecimento da RMB no ano de 2025, conforme Alternativa III.

Mapa 8 – Proposta para abastecimento de água na RMB no ano de 2025 (Alternativa III)

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Alternativa IV – Implantação do Sistema Marituba (578.880 m3/dia) no ano de 2013; ampliação das unidades do sistema Bolonha, passando de 276.480 para 578.880 m3/dia (2007); desativação das ETAs 5º Setor e São Braz, no ano de 2007; aumento progressivo da área atendida com água superficial até o ano de 2025 (zona Central, zona BR-316, e parte da zona Aeroporto); e atendimento com água subterrânea nas demais zonas. Tanto na Alternativa IV quanto nas demais, as zonas não contempladas com abastecimento de manancial superficial provenientes dos lagos Água Preta, Bolonha ou Marituba, são abastecidos por manancial subterrâneo utilizando poços tubulares profundos com vazão da ordem de 250 m³/h. A espacialização das condições de abastecimento da Alternativa IV é apresentada no Mapa 9.

Mapa 9 – Proposta para abastecimento de água na RMB no ano de 2025 (Alternativa IV) Considerando valores praticados pela COSANPA na execução de obras de abastecimento de água foi possível a determinação dos custo da expansão/implantação das unidades dos sistemas de abastecimento para a RMB até o ano de 2025, por zona e por alternativa, conforme Tabela 4.

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Tabela 4 - Custos das quatro alternativas propostas

Sistema/Zona População

(hab) Alternativa I Alternativa II Alternativa III Alternativa IV

Sistema Bolonha - 49.000.000 49.000.000 49.000.000 49.000.000

Sistema Marituba - - - - 41.000.000,0

0

Zona Central 1.598.898 13.721.949 13.721.949 13.721.949 13.721.949

Zona Augusto

Montenegro 439.003 244.751.787 119.805.308 208.810.024 244.751.787

Zona BR-316 676.680 178.157.151 194.800.155 209.220.463 284.940.434

Zona Aeroporto 225.936 58.715.578 18.735.474 19.335.474 18.735.474

Zona Norte-Sul 169.205 48.184.312 48.184.312 48.184.312 48.184.312

Zona Icoaraci 271.217 72.968.518 72.968.518 72.968.518 72.968.518

Zona Outeiro 37.320 13.164.630 13.164.630 13.164.630 13.164.630

Zona Mosqueiro 49.463 16.189.835 16.189.835 16.189.835 16.189.835

Zona Benevides 35.223 11.669.979 11.669.979 11.669.979 11.669.979

Zona Santa Bárbara 7.478 4.735.976 4.735.976 4.735.976 4.735.976

Total 3.510.424 711.259.714 562.976.136 667.001.160 819.062.894

CONCLUSÕES

Com o trabalho foi verificado que a confiabilidade das informações é essencial para o desenvolvimento das alternativas, pois a previsão da demanda e o estabelecimento dos limites dos sistemas de abastecimento de água são diretamente relacionados com o crescimento populacional e com a espacialização apresentada nos mapas, respectivamente. Outro fator relevante é o aproveitamento de unidades existentes na nova proposta do sistema de abastecimento de água, o que depende de compatibilização técnica e otimização dos recursos a serem aplicados para utilização da alternativa estudada. A Alternativa II foi a mais viável economicamente, com custo total de R$ 562.976.136, sendo a diferença em relação às alternativas I, III e IV de R$ 148.283.578, R$ 104.025.024 e R$ 256.086.758, respectivamente, indicando que estudos dessa natureza devem ser realizados com base nos aspectos técnicos, sociais e ambientais, porém sempre observando a viabilidade econômico-financeira. Contudo, é importante ressaltar que é o conjunto de informações que permite a melhor escolha da alternativa, o mesmo ocorrendo na definição das prioridades nos diferentes níveis, ou seja, na definição dos projetos e obras que devem ser priorizados para as zonas de abastecimento e para os setores de abastecimento destas. Vale ressaltar que a variável política não foi comentada no trabalho, apesar da mesma ter relevância na implementação de ações na área de saneamento, as quais, normalmente, são dependentes de liberação de recursos do orçamento (federal, estadual, municipal) ou de empréstimos/financiamentos que precisam de autorização do poder executivo e, em alguns casos, do poder legislativo. É oportuno observar que propostas básicas das 4 (quatro) alternativas já estão sendo adotadas pela COSANPA, comprovando a importância desse tipo de atividade para o planejamento e operação de empresas desse tipo. No caso em questão, a COSANPA já iniciou o processo para obtenção dos recursos necessários para a duplicação da 2a etapa da Estação de Tratamento de

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Água do Bolonha (ETA Bolonha), o que é comum às alternativas estudadas, sendo o prazo diferenciado nas alternativas I, II, III e IV. Também é oportuno citar que o trabalho serve de ferramenta para o planejamento operacional, já que estabelece reduções gradativas do percentual de perdas no sistema de abastecimento, o que também já vem sendo utilizado em programas específicos e na rotina operacional da COSANPA. AGRADECIMENTOS

À Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) e ao Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Pará (GPHS / UFPA). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. COMPANHIA DE HABITAÇÃO DO PARÁ. [Bases de dados]. [Belém], 2003. 1 CD-ROM 3. COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ. Plano Diretor do Sistema de Esgotos

Sanitários da Região Metropolitana de Belém: memorial descritivo. Belém, 1987. v. 2. 4. COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ. Coordenadoria de Projetos e Obras. Belém, [2003] 5. COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ. Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de

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características da população e dos domicílios (resultados do universo). Rio de Janeiro, 2001.