solos do município de rio branco
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R I O B R A N C O / A C R E
Boletim Tcnico
DIAGNSTICO DOS TIPOS
Dezembro de 2008-n. 001
DE SOLOS DO MUNICPIODE RIO BRANCO-AC.
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Prefeitura Municipal de Rio Branco-AcrePrefeito Raimundo Angelim Vasconcelos
Vice-Prefeito Eduardo Farias
Secretaria Executiva do Programa deZoneamento Econmico, Ambiental, Social e
Cultural de Rio Branco-AC - ZEAS
Secretrio Municipal de Governo - SEGOV
Jos Fernandes do Rgo
Secretrio Municipal de Meio Ambiente- SEMEIA
Arthur Czar Pinheiro Leite
Secretrio Municipal de Agricultura e Floresta-SAFRA
Mrio Jorge da Silva Fadell
Diretor da Fundao Garibaldi Brasil - FGB
Marcos Vincius Simplcio das NevesSecretria Municipal de Planejamento -
SEPLANAntnia Francisca de Oliveira
Secretrio de Estado de Meio Ambiente- SEMA
Eufran Ferreira do Amaral
Chefe Geral do Centro de Pesquisa Agroflo-restal do Acre - Embrapa Acre
Judson Ferreira Valentim
Grupo de Trabalho GT
Coordenadora Geral do Programa ZEASNdia W. Valentim PereiraBiloga M.Sc. Manejo Ambiental
Eixo Recursos NaturaisLcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo M.Sc. Solos
Marconde Maia FerreiraBilogo M.Sc. Ecologia
Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo M.Sc. Fitotecnia
Sonaira Souza da SilvaEngenheira Agrnoma
Neide Daiana Soares de BritoBiloga
Eixo Cultural-polticoWladimyr Sena de Arajo
Antroplogo M.Sc. Antropologia Social
Eixo Scio-econmicoRaimundo Cludio Gomes MacielEconomista Dr. Economia Aplicada
Tcnica AdministrativaNeuza Teresinha BoufleuerBiloga M.Sc. Ecologia
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Editores
Lcio Flvio Zancanela do Carmo
Raimundo Nonato de Souza Moraes
DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
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Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)
Bibliotecria responsvel: Vivyanne Ribeiro das Mercs CRB-11/600
Exemplares desta publicao podem ser obtidos no:Programa ZEAS
Rua Coronel Alexandrino, 301 Bosque
Rio Branco AC CEP: 69909-730Telefones: +55 (68) [email protected]
Tiragem: 350 exemplares
Revisores tcnicos:Marcelo de Oliveira Latuf-SEMA
Judson Ferreira Valentim-EMBRAPA ACREJoo Luiz Lani-UFV-MG
Raimundo Nonato de Souza Moraes-ZEAS-PMRB
Neuza Teresinha Boufleuer-ZEAS-PMRBCorreo ortogrfica e gramatical:
Ana Maria Alves de Oliveira
Designer e diagramao:Thiago Nicheli e Gilberto Lobo
Fotos:GT/ZEAS e Dhrcules Pinheiro
Gerao de mapas:Sonaira Souza da Silva-GT Programa ZEAS
1 edio1 impresso, 2008.
Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em
parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610)
Instituies colaboradorasGovernamentaisSecretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre SEMACentro de Pesquisa Agroflorestal do Acre - EMBRAPA ACRE
Apoio Financeiro
Banco da AmazniaPrefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB
ExecuoPrefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB
Programa de Zoneamento Econmico, Ambiental, Sociale Cultural de Rio Branco-AC (ZEAS).
Boletim Tcnico, n. 001
Carmo, Lcio Flvio Zancanela doDiagnstico dos Tipos de Solos do Municpio de Rio Branco - AC. Lcio Flvio Zancanela
do Carmo, Raimundo Nonato de Souza Moraes (Editores)_ Rio Branco: PMRB, 2008. (BoletimTcnico, 001).
62p.: il.
Programa de Zoneamento Econmico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC, ZEAS.
1. Solo Uso Rio Branco (AC). 2. Mapeamento do solo Rio Branco (AC). I. Ttulo. II. Srie.
III. Moraes, Raimundo Nonato de Souza.CDD.21ed. 333.7311098112
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EDITORES
Lcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo, M.Sc. em Solos e Nutrio de PlantasTcnico do Programa ZEAS-PMRB
Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Fitotecnia
Tcnico do Programa [email protected]
AUTORES
Joo Luiz LaniEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas
Coordenador do Nucleo de Estudos de Planejamento eUso Da Terra-UFV
Consultor Tcnico da PMRB-AC
Eufran Ferreira do AmaralEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas
Secretrio de Estado de Meio Ambiente (SEMA)Pesquisador da Embrapa Acre.
Nilson Gomes BardalesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas
Edson Alves de ArajoEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas
Pesquisador da Secretaria de Estado de Agropecuria,cedido SEMA
Emanuel Ferreira do AmaralEngenheiro Agrnomo, Esp. em Gesto AmbientalConsultor do Programa [email protected]
Lcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo, M.Sc. em Solos e Nutrio de PlantasTcnico do Programa [email protected]
Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em FitotecniaTcnico do Programa [email protected]
Antnio Willian Flores de MeloEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Ecologia deAgroecossistemasCoordenador do Departamento de Mudanas Globais-SEMAConsultor do Programa [email protected]
COLABORADORES
Mrio Jorge da Silva Fadell-SAFRA/PMRBJorge de Souza Rebouas-SAFRA/PMRBMarina Jardim-SAFRA/PMRB
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Perfil de soloFoto: Acervo ZEAS (2008).
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SUMRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACTINTRODUO..............................................................................................................
MATERIAL E MTODOS.................................................................................................
1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO........................................................................
2 PROSPECO DE DADOS E CARTOGRAFIA DOS SOLOS...................................................
3 MTODOS DE ANLISES DE SOLOS.............................................................................
4 CLASSIFICAO DE SOLOS.........................................................................................RESULTADOS E DISCUSSO...........................................................................................
1 CARACTERSTICAS DOS SOLOS...................................................................................
1.1 Legenda de Identificao dos Solos..........................................................................
1.2 Classes de Solos: restries e potenciais...................................................................
1.2 1 Latossolos....................................................................................................
1.2.2 Argissolos.....................................................................................................1.2.3 Luvissolos.....................................................................................................
1.2.4 Plintossolos...................................................................................................
1.2.5 Gleissolos.....................................................................................................
1.2.6 Neossolos.....................................................................................................
CONCLUSES E RECOMENDAES.................................................................................
REFERNCIAS..............................................................................................................
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Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Localizao do municpio de Rio Branco-AC.....
Rede viria e hidrogrca permanente do munic-
pio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000....
Distribuio das ordens de solos (1 nvel cate-
grico) do municpio de Rio Branco-AC, na es-
cala 1:100.000...................................................
Distribuio das subordens de solos (2 nvel
categrico) do municpio de Rio Branco-AC, na
escala 1:100.000...............................................
Perl de Latossolo Vermelho descrito no muni-cpio de Rio Branco-AC.....................................
Perl de Argissolo Vermelho-Amarelo descrito
no municpio de Rio Branco-AC........................
Ambiente de descrio de perl de LuvissoloHplico rtico, com cobertura vegetal de ores-
ta aberta, descrito no municpio de Rio Branco-
AC.....................................................................
Perl de Plintossolo Hplico descrito no munic-
pio de Rio Branco-AC........................................
LISTA DE FIGURAS
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Figura 9
Figura 10
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Perl de Gleissolo Hplico descrito nas mar-
gens do igarap Espalha no municpio de Rio
Branco-AC.........................................................
Perl de Neossolo Flvico descrito nas margens
do rio Acre no municpio de Rio Branco-AC......
Unidades de mapeamento de solos (UM) do
municpio de Rio Branco-AC, na escala de 1:10
0.000.................................................................
Prticas de carter edco................................
Prticas de carter vegetativo...........................
Prticas de carter mecnico............................
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LISTA DE TABELAS
Descrio do perfil de solo.Foto: Acervo ZEAS (2008).
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DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DERIO BRANCO-AC.
Lcio Flvio Zancanela do Carmo
Raimundo Nonato de Souza Moraes
RESUMO: Em uma regio onde predomina a agricultura dederruba e queima, com baixo nvel tecnolgico e com usopredominante da terra com pastagens extensivas, importantea denio de estratgias ecientes de planejamento local deuso da terra, a partir do conhecimento da base pedolgica.
O levantamento e mapeamento dos solos de Rio Brancotiveram como objetivo oferecer informaes tcnicas parao reordenamento das atividades produtivas, principalmenteagropecurias, as de uso sustentvel dos recursos naturaise a conservao e preservao ambiental, desenvolvidasno municpio. Para tanto, as reas heterogneas foramsubdivididas em parcelas mais homogneas, que representama menor variabilidade possvel, em virtude dos parmetros de
classicao e das caractersticas utilizadas para distino dossolos. Assim, foi possvel qualicar, quanticar e espacializaras variaes dos solos e de suas propriedades, bem como ospotenciais e fragilidades de usos nas diferentes classes de solos.No municpio de Rio Branco foram mapeados, em termos deprimeiro nvel categrico pertencente ao primeiro componentedas unidades de mapeamento, seis grandes classes de solos,
em ordem decrescente de expresso territorial, na seguintedistribuio: Argissolos (78,67%), Plintossolos (11,83%),Luvissolos (8,18%), Latossolos (0,76%), Neossolos (0,54%) eGleissolos (0,02%). Nos mais elevados nveis categricos, foramestraticadas 87 unidades de mapeamentos de solos dentro doslimites municipais. Com base nestes resultados foram propostasrecomendaes tcnicas para uso e conservao dos diferentes
tipos de solos de Rio Branco.
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Abertura de trincheira.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).
Termos para indexao:mapeamento dos solos, caracterizaodos solos, manejo do solo, uso da terra, agricultura familiar,conservao do solo.
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DIAGNOSIS OF TIPE SOILS OF RIO BRANCO-AC.
ABSTRACT: In a region were slash-and-burn agriculture with lowtechnology level and land use with extensive cultivated pasturespredominates, it is important to dene efcient strategies for localplanning of land use based on edaphic knowledge. Survey andmapping of the soils of Rio Branco had the objective of providingtechnical information for the reorientation of the productiveactivities, particularly agriculture, sustainable use, conservationand preservation of the natural resources developed in the
County. In order to achieve this goal the heterogeneous areaswere subdivided in more homogeneous plots, which representedthe lowest variability possible based on the parameters ofclassication and the characteristics used to distinguish thesoils. As a result it was possible to to qualify, to quantify andmap the variations and properties of the soils, as well as thepotentials and fragilities for use of the different soil classes. In
the county of Rio Branco it was mapped, in terms of the rstcategory level within the rst component of the mapping units,six great soil classes in decreasing order of territorial expressionin the following distribution: Ultisols (78,67%), Plinthosols(11,83%), Alsols (8,18%), Oxisols (0,76%), Fluvents (0,54%) eEntisols (0,02%). In the higher category levels 87 soil mappingunits were stratied within the County limits. Based on these
results technical recommendations are proposed for land useand conservation of the different soil types of Rio Branco.
Index terms:land use, small-farm agriculture, soil characterization,soil conservation, soil management, soil mapping
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Amostra de solo para anlise.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).
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Perfil de solo.Foto: Acervo ZEAS (2008).
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NTRODUO
O solo um recurso natural importante, pois exerce
funes como reservatrio, reteno e suprimento de guapara as plantas (KARLEN e STOTT, 1994). Toda forma de vida,
animal, vegetal, terrestre ou aqutica, direta ou indiretamente,
relaciona-se com ele. Como suas propriedades variam no tempo
e no espao, torna-se necessrio estratic-lo (MOTA, 1981;
SANTANA, 1983; RESENDE e REZENDE, 1983; RESENDE
et al., 2002) por meio de caractersticas que levem melhorhomogeneidade do ambiente. Entretanto, importante notar
que a estraticao transcende os limites das propriedades
agrcolas ou fronteiras polticas.
Os domnios pedolgicos, quando analisados em
associaes com as categorias superiores, constituem elementos
capazes de fornecer, em maiores nveis de detalhes, informaesimprescindveis sobre o ambiente. Isto foi bem expresso por
BUOL et al. (1997), ao armarem que cada nicho ecolgico da
superfcie terrestre apresenta um solo caracterstico. O ambiente
para as razes e o teor de nutrientes nos solos no pode ser
previsto com segurana por nenhum outro levantamento como
o geolgico, geomorfolgico ou vegetao (KER, 1995).BOUMA (1999) citou que os planejadores municipais
consideram como alternativas de uso da terra, cenrios que
combinem produo agrcola com conservao da natureza e
uso mltiplo da terra. Desta forma,a chave elementar para a
avaliao de terras avaliar o potencial do solo, tendo em vista
a sua aptido agrcola (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995).O agricultor, especialmente o pequeno, h muito separa o
conjunto de sua propriedade em subconjuntos mais homogneos
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ZEAS 17
(SANTANA, 1983; RESENDE e REZENDE, 1983; RESENDE
et al., 2002). Dentro do contexto da agricultura familiar, zonear
manchas de solo um avano para a utilizao adequada e
planejamento de sistemas com diferentes cultivos, dentro de
uma estratgia de conservao de energia e otimizao do
trabalho e recursos (VIVAN, 1998). Conforme ROCHA (2000), o
inventrio dos recursos o primeiro passo para o planejamento
de uma propriedade.
Os estudos pedolgicos envolvendo municpios do
Acre so escassos e poucos so publicados, o que diculta o
planejamento municipal em escala compatvel com a extenso
territorial dos municpios.
Em uma regio onde predomina a agricultura de derruba
e queima, com baixo nvel tecnolgico nos cultivos e com
uso predominante de pastagens extensivas, fundamental a
denio de uma estratgia eciente de planejamento local deuso da terra, a partir do conhecimento da base pedolgica. Isto
possibilitar no s diminuio do desmatamento, mas tambm,
produtividades mais elevadas e menor rotatividade, no momento
em que as reas com maior potencial forem destinadas aos
cultivos a que esto aptas. Isso tambm permitir a melhoria
na qualidade de vida das comunidades possibilitando maiorsustentabilidade na agropecuria desta regio da Amaznia
Ocidental.
O levantamento e mapeamento dos solos do municpio
de Rio Branco tiveram como objetivo geral oferecer subsdios
ao reordenamento das atividades produtivas, principalmente
agropecurias, as de uso sustentvel, conservao epreservao ambiental, e das atividades sociais e culturais
desenvolvidas em Rio Branco.
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Para isto, as reas heterogneas foram subdivididas
em parcelas mais homogneas, que representam a menor
variabilidade possvel, em virtude dos parmetros de classicao
e das caractersticas utilizadas para distino dos solos. Assim,
foi possvel qualicar, quanticar e espacializar as variaes
dos solos e de suas propriedades, bem como os potenciais e
fragilidades de usos nas diferentes classes de solos.
MATERIAL E MTODOS
1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO
O municpio de Rio Branco, capital do estado do Acre,
possui uma rea de 865.800 ha. Segundo o IBGE (2006), o
municpio possui 314.127 habitantes, sendo que 88% desta
populao encontram-se na rea urbana e periurbana e osoutros 12% na zona rural ou orestal. Localiza-se no sudeste
do estado do Acre, sudoeste da Amaznia Ocidental, entre as
coordenadas 6725` e 6925` de longitude oeste e 930` e 1030`
de latitude sul, inserido na Regional do Alto Acre. Corresponde a
5,4% do territrio acreano e limita-se com os municpios de Sena
Madureira, Bujari, Porto Acre, Senador Guiomard, Capixaba,Xapuri e Brasilia (Figura 1).
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ZEAS 19
Figura 1. Localizao do municpio de Rio Branco-Acre.
O municpio de Rio Branco apresenta considervel
inuncia da Cordilheira Andina, condicionando certas
caractersticas naturais distintas em relao ao restante da
Amaznia brasileira. Geologicamente, situa-se sobre sedimentos
sub-andinos, do Grupo Solimes, datados do nal do Tercirio
(Plioceno-Pleistoceno) (CARMO, 2006).
O relevo deste Municpio um pouco diferente dos
demais municpios amaznicos, que em sua maioria assentada em Terras Firmes e Planaltos Baixos. Este se situa
sobre uma topograa constituda de terraos e colinas em
nveis diferenciados. A paisagem ondulada est relacionada
principalmente ao rebaixamento do rio Acre e de seus principais
auentes dentro do Municpio, como o Riozinho do Rola, com
seus leitos apresentando considervel grau de encaixamento.Apresenta variao altimtrica de aproximadamente 200 m,
indo de 120 m na rea urbana onde se encontra o leito maior do
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20 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
rio Acre a 330 m de altitude nas cabeceiras do Riozinho do Rola
no extremo sudoeste do Municpio (CARMO, 2006).
A constituio pedogentica do municpio de Rio Branco
de origem sedimentar, apresentando variaes de solos,
desde os bem desenvolvidos, como os Latossolos, at solos
jovens, como Neossolos Flvicos (RIO BRANCO, 2006). Estes
solos abrigam uma vegetao natural composta basicamente
de orestas, divididas em dois tipos: Tropical Densa e Tropical
Aberta (ACRE, 2006).
O Municpio tem clima do tipo Am, segundo o sistema de
classicao de Kppen, ou seja, quente e mido, possuindo
uma curta estao seca e altos ndices pluviomtricos (GUERRA,
1955; ACRE, 2000; CARMO, 2006). Encontra-se inserido na
bacia do rio Acre, auente da margem direita do Purus. Por
sua vez, possui vrios auentes importantes dentro dos limites
municipais, como o Igarap So Francisco, o maior auente dorio Acre na rea urbana, e o Riozinho do Rola, que apresenta a
maior rea de drenagem dentro de Rio Branco.
Inicialmente, fez-se uma reviso bibliogrca com o
objetivo de obter informaes a respeito da rea de estudo e
levantar pers de solos descritos para a estruturao do banco
de dados. Posteriormente, realizou-se a interpretao das
imagens do sensor SRTM (Shuttle Radar Topography Mission)
de 2002, com pixel de 90 m, do acervo do Ncleo de Estudode Planejamento de Uso da Terra da Universidade Federal de
Viosa-MG (NEPUT), que cobre toda a rea de estudo. Nesta
2 PROSPECO DE DADOS E CARTOGRAFIA DOS
SOLOS
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interpretao foram delineados os padres pedosiogrcos,
em escala de 1:100.000, considerando-se a uniformidade do
relevo, a geologia, a vegetao e a drenagem.
O trabalho de campo constou do levantamento emapeamento dos solos, atravs de progresso em toda a rea
rural do Municpio, por ramais, caminhos e picadas, e por meio
de navegao por rios e igaraps. Os levantamentos foram
realizados em barrancos, por meio de trincheiras e de sondagem
com trado holands. As viagens de campo tiveram como roteiro
a AC 090 (Transacreana), BR 317, BR 364 e principais ramaisque cortam o Municpio (Figura 2). Alm disso, foram utilizadas
duas vias uviais: o rio Acre e o Riozinho do Rola.
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22 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.22
Figura 2. Rede viria e hidrogrca permanente do municpio de RioBranco-AC, na escala 1:100.000.
Em razo da distribuio dos rios e igaraps navegveis e
da rede viria (Figura 2), os trabalhos de campo foram executados
em vrias etapas de forma complementar. Alm disso, estudos
foram realizados em reas piloto, Plos Agroorestais e no
Seringal So Francisco do Espalha, em maior detalhe, de modo
a compreender a formao pedolgica da rea.
Aps as vericaes de campo, foi feita a fotointerpretao
denitiva para ajustes dos limites observados durante os
trabalhos de campo, considerando-se sempre os aspectos
siogrcos e a escala nal do mapa de solos, permitindo,
desse modo, maior segurana e preciso no delineamento dasunidades de mapeamento.
Durante as observaes no campo, foram registradas as
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ZEAS 23ZEAS 23
caractersticas morfolgicas dos pers examinados e coletadas
amostras de solos para anlise em laboratrio, necessrias
para a sua classicao, assim como a descrio relativa ao
meio ambiente. A descrio e coleta de amostras dos pers
representativos das classes de solos foram realizadas em
trincheiras abertas em locais previamente selecionados, cortes
de estrada, barrancos de rios e igaraps.
A descrio detalhada das caractersticas morfolgicas, a
nomenclatura de horizontes e a coleta de amostras de solos foram
baseadas nas normas e denies adotadas pela EMBRAPA(1995) e SANTOS et al. (2005). As cores das amostras de solos
foram determinadas por meio de comparao com a Munsell Soil
Color Charts (MUNSELL COLOR COMPANY, 2000). Os solos
foram classicados segundo os critrios e denies contidos
no Sistema Brasileiro de Classicao de Solos (EMBRAPA,
1989; 1999; 2006).
Aps a anlise dos resultados, realizaram-se alteraes e
revises da legenda preliminar e elaborao da legenda nal de
identicao dos solos, acertos nais no mapeamento, reviso
das descries e interpretao dos resultados analticos dos
pers, redao e organizao do relatrio nal, assim como a
elaborao do mapa de solos na escala de 1:100.000.
3 MTODOS DE ANLISES DE SOLOS
A anlise consistiu em determinaes analticas deamostras de solos coletadas nos pers, em laboratrio de solos
credenciados, segundo os mtodos adotados para levantamento
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24 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
pedolgico (EMBRAPA, 1997). As determinaes analticas
das amostras deformadas foram realizadas na terra na seca
ao ar (TFSA), proveniente do fracionamento subseqente
preparao da amostra para anlise.
As anlises fsicas referem-se determinao da
composio granulomtrica da terra na em disperso com
NaOH, nas fraes areia grossa, areia na, silte e argila.
As anlises qumicas realizadas constaram das seguintes
determinaes: pH em gua, por eletrodo de vidro, em suspenso
na proporo solo-lquido 1:2,5; ctions trocveis, representadospelo clcio e magnsio extrados com KCl e determinados por
absoro atmica; potssio e sdio extrados com HCl 0,05N na
proporo 1:10 e determinados por fotometria de chama; acidez
extravel, incluindo alumnio extrado com KCl N e titulado com
NaOH 0,025N, indicador azul de bromotimol, hidrognio e
alumnio extrado com Ca(OAc)2N a pH 7,0 e titulado com NaOH
0,06N e indicador fenolftalena, sendo o hidrognio calculado por
diferena; fsforo assimilvel extrado com HCl 0,05N + H2SO
4
0,025N e determinado por colorimetria; carbono orgnico por
oxidao via mida com K2Cr
2O
70,4N e titulao pelo Fe(NH
4)
2,
6H2
O 0,1N e indicador difenilamina; nitrognio total por digesto
com mistura cida, difuso e titulao do NH3
com HCl 0,01N;
xido de ferro, alumnio e silcio por ataque da terra na com
H2SO
4. Alm das determinaes fsicas e qumicas, foram
calculadas as seguintes relaes: relao textural B/A; relao
silte/argila; relaes moleculares Ki, Kr e Al2O
3/FeO
3; soma de
bases trocveis (S); capacidade de troca de ctions (CTC e t);saturao por alumnio (m%) e saturao por bases trocveis
(V%).
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ZEAS 25
4 CLASSIFICAO DE SOLOS
Na caracterizao e classicao taxonmica dos solos
foram empregadas caractersticas diferenciais para distinode classes de solos e de unidades de mapeamento adotadas
pela EMBRAPA (2006). Essas caractersticas possibilitaram
a diferenciao em vrios nveis de classes, para efeito
de distribuio geogrca das unidades de mapeamento.
Alm disso, so de grande importncia, porque evidenciam
as caractersticas e propriedades dos solos essenciais interpretao e avaliao de suas potencialidades e limitaes
para utilizao em atividades agrcolas e no agrcolas.
Na rea, as classes de solos foram separadas tendo por
base sua importncia como fonte de recursos para produo
agrcola, sua gnese e caractersticas morfolgicas, fsicas e
qumicas. Cada unidade foi caracterizada por um conjunto de
propriedades mensurveis e observveis, que reetem os efeitos
dos processos formadores dos solos e que so importantes para
prever o comportamento desse recurso, quando submetido ao
uso.
Na classicao dos solos em nvel categrico mais baixo,foram consideradas as seguintes caractersticas: atividade
de argila, lico, altico distrco, tipo de horizonte A, plntico,
abrptico, alm de outras (EMBRAPA, 1989; 1999; 2006).
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26 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
RESULTADOS E DISCUSSO
1 CARACTERSTICAS DOS SOLOS
1.1 Legenda de Identicao dos Solos
Os principais solos do municpio de Rio Branco, em
termos de primeiro nvel categrico (Figura 3) pertencentes ao
primeiro componente das unidades de mapeamento, em ordem
decrescente de expresso territorial, so: Argissolos (78,67%),Plintossolos (11,83%), Luvissolos (8,18%), Latossolos (0,76%),
Neossolos (0,54%) e Gleissolos (0,02%).
Figura 3. Distribuio das ordens de solos (1 nvel categrico) domunicpio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000.
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ZEAS 27
As unidades de mapeamento de solos delimitadas no
municpio de Rio Branco, de acordo com os procedimentos e
critrios utilizados, esto diferenciadas em 87 unidades (Tabela
1), distribudas da seguinte forma: trs unidades tendo como
componente principal o Latossolo Vermelho, abrangendo uma
superfcie de 6.393 ha (0,8% da rea de estudo); cinco unidades
tendo o Argissolo Vermelho como componente principal, com rea
de 22.717 ha (2,7%); 53 unidades tendo o Argissolo Vermelho-
Amarelo como componente principal, compreendendo uma
superfcie de 624.212 ha (73,9%); uma unidade de Argissolo
Amarelo, ocupando 17.546 ha (2,1%); quatro unidades tendo
o Luvissolo Hplico como componente principal, com rea de
69.069 ha (8,2%); oito unidades tendo o Plintossolo Hplico
como componente principal, com rea de 75.487,9 ha (8,9%);
11 unidades tendo o Plintossolo Argilvico como componente
principal, com rea de 24.479,6 ha (2,9%); uma unidade tendoo Gleissolo Hplico como componente principal, com rea de
185 ha (0,02%); e uma unidade tendo o Neossolo Flvico como
componente principal, com rea de 4.594 ha (0,5% da rea de
estudo).
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28 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Tabela 1.
Unidades de mapeamento de solos (UM) do municpio deRio Branco-AC.
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ZEAS 29
Tabela 1. Continuao
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30 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Tabela 1. Continuao
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ZEAS 31
Tabela 1. Continuao
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32 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Tabela 1. Continuao
*A rea foi calculada pelo Sistema de Informaes GeogrcasArcGIS 9.2e considera-se os limites naturais com Sena Madureira, o que no estcontemplado na rea ocial do municpio, citada anteriormente.
Pode-se visualizar a distribuio dos solos no municpio de
Rio Branco (Figura 4) ao se considerar a subordem do Sistema
Brasileiro de Classicao de Solos (EMBRAPA, 2006), onde
ocorre maior diversidade e menores altitudes na regio leste
e maiores altitudes e menor diversidade pedolgica na regio
oeste do Municpio.
Figura 4.
Distribuio das subordens de solos (2 nvel categrico) domunicpio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000.
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ZEAS 33
1.2 Classes de solos: restries e potenciais
1.2.1 Latossolos
No municpio de Rio Branco os Latossolos ocupam
6.393 ha (0,76%). So solos constitudos por material mineral,
apresentando horizonte B latosslico1 imediatamente abaixo de
qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfcie
do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais
que 150 cm de espessura (EMBRAPA, 2006). Foram mapeadosLatossolos Vermelhos que apresentam matiz 2,5YR ou mais
vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B
(inclusive BA) como o perl exposto na Figura 5, e Latossolo
Vermelho-Amarelo, que apresenta cores vermelho-amareladas e
amarelo-avermelhadas.
1 um horizonte mineral subsupercial, cujos constituintes evidenciamavanado estgio de intemperizao, explcita pela alterao quase completados minerais primrios menos resistentes ao intemperismo e/ou de minerais deargila 2:1, seguida de intensa dessilicicao, lixiviao de bases e concentra-
o residual de sesquixidos, argila do tipo 1:1 e minerais primrios resistentesao intemperismo. Em geral, constitudo por quantidades variveis de xidosde ferro e de alumnio, minerais de argila 1:1, quartzo e outros minerais maisresistentes ao intemperismo, podendo haver a predominncia de quaisquerdesses materiais (EMBRAPA, 2006).
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34 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Figura 5.
Estes solos esto localizados em reas de relevo plano a
suave ondulado e so os mais velhos da paisagem; apresentam
uniformidade de cor e textura (proporo de areia, silte e argila)
em profundidade. So distrcos (pobres quimicamente),
profundos e bem drenados, possuem acidez elevada e baixos
teores de clcio, magnsio e potssio associados a baixos
teores de fsforo.
Perl de Latossolo Vermelho descrito no municpio de RioBranco-AC.
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ZEAS 35
Os Latossolos, por suas caractersticas fsicas, suportam
mecanizao intensiva e so aptos para usos que requerem
grandes reas homogneas, como o cultivo de gros ou outros
sistemas de produo agrcolas. A restrio qumica, no que
se refere acidez e aos baixos teores de nutrientes, pode ser
corrigida pela calagem e adubao, respectivamente.
Em 2005, j havia 3.674 ha desmatados nas reas de
Latossolos, correspondendo a 57% da rea ocupada por esses
solos no municpio (RIO BRANCO, 2006). No entanto, essas
reas demandam estudos no sentido dos impactos decorrentesde sua utilizao, por apresentarem caractersticas peculiares
em relao a outros Latossolos j descritos na Amaznia.
ARAJO et al. (2001) indicaram a possibilidade de
problemas relacionados com adensamento e compactao,
caso esses solos venham a ser utilizados com mecanizao
intensiva, devido aos baixos teores de ferro (em geral os solos
acreanos so hipofrricos, ou seja, apresentam teores em sua
maioria < 8% Fe2O
3) e ausncia de gibbsita.
De maneira geral, deve-se realizar a incorporao de
matria orgnica, com prticas de manejo de solos como plantio
de Leguminosas e Plantio Direto, em razo dos baixos teoresencontrados, e evitar que o solo que exposto diretamente s
chuvas, o que condicionaria perdas expressivas por processos
erosivos. Alm disso, o uso de adubos qumicos ou orgnicos
recomendado para o fornecimento dos nutrientes em
quantidades necessrias s plantas e nos solos com acidez
elevada recomenda-se o uso de calagem. O calcrio podetambm suprir as necessidades de clcio e magnsio.
Os Latossolos mapeados no municpio de Rio Branco
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36 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
foram enquadrados nas seguintes classes: Latossolo Vermelho
Distrco tpico, Latossolo Vermelho Distrco argisslico e
Latossolo Vermelho-Amarelo Distrco.
1.2.2 Argissolos
Os Argissolos so constitudos por material mineral, que
tm como caractersticas diferenciais a presena de horizonte
B textural de argila de atividade baixa ou alta conjugada com
saturao por bases baixa ou carter altico. O horizonte B
textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer
tipo de horizonte supercial, exceto o hstico. Contudo, os
Argissolos no apresentam os requisitos estabelecidos para
serem enquadrados nas classes dos Luvissolos, Planossolos,
Plintossolos ou Gleissolos (EMBRAPA, 2006).Estes solos foram estraticados em: Argissolo Vermelho
- solos com matiz 2,5YR ou mais vermelho ou com matiz 5YR e
valores e cromas iguais ou menores que 4, na maior parte dos
primeiros 100 cm do horizonte B; Argissolo Vermelho-Amarelo
(Figura 6) - solos de cores vermelho-amareladas e amarelo-
avermelhadas e Argissolo Amarelo - solos com matiz 7,5YR oumais amarelos na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte
B inclusive BA.
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ZEAS 37
Figura 6. Perl de Argissolo Vermelho-Amarelo descrito no municpiode Rio Branco-AC.
Os Argissolos apresentam drenagem deciente e baixafertilidade natural, em razo do processo de formao e do
material de origem com pequenos estoques de minerais.
O carter alumnico2 (que ocorre como carter restritivo em
85.603,85 ha, ou seja, 10,13% do territrio estudado) e o carter
2 Refere-se condio em que o solo encontra-se em estado dessa-turado e caracterizado por teor de alumnio extravel 4 cmolc
kg-1 de soloassociado atividade de argila < 20 cmol
cc kg-1 de argila, alm de apresen-
tar saturao por alumnio (100 Al+3/S + Al+3) 50% e/ou saturao por bases(V% = 100 S/T) < 50%.
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38 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
altico3 (que ocorre como carter restritivo em 268.319,83 ha, ou
seja, 31,77% do territrio) conferem restries qumicas severas em
razo do excesso de alumnio no complexo de troca e correspondem
a 41,9% da rea do municpio de Rio Branco.
Os Argissolos com carter distrco4, que ocupam 8,6% da rea
do Municpio, possuem menores restries que os licos e alticos,
porm, ainda so baixos os teores de ctions bsicos, requerendo o
uso de adubos e corretivos. Estas reas j possuem 44% do seu total
desmatado, o que permite um redirecionamento de uso por meio de
incentivos de crdito e de outras polticas pblicas.
Em uma escala de possibilidades de uso estas classes
estariam logo aps os Latossolos, sendo necessrio o uso de prticas
conservacionistas em razo de suas caractersticas fsicas (gradiente
textural, relevo, drenagem, dentre outras).
Estas reas so mais indicadas para o cultivo de culturas
perenes com insero de duas ou mais prticas conservacionistas,expostas nas Tabelas 2, 3 e 4.
Tabela 2. Prticas de carter edco.
3 Refere-se condio em que o solo encontra-se dessaturado eapresenta teor de alumnio extravel 4 cmolc
kg-1 de solo, associado ati-vidade de argila 20 cmol
ckg-1 de argila e saturao por alumnio (100 Al+3/S
+ Al+3) 50% e/ou saturao por bases (V% = 100 S/T) < 50%.
4 Solos que apresentam baixa saturao de bases (V
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ZEAS 39
Tabela 3. Prticas de carter vegetativo.
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40 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Tabela 4. Prticas de carter mecnico.
Os Argissolos distrcos que apresentam argila de atividade
alta tm ainda como restrio as caractersticas fsicas que podem
impedir ou ser fator de forte restrio para algumas culturas. Estes
solos ocupam uma extenso de 214.881,3 ha, o que representa
25,44% do territrio em questo, e so muito suscetveis eroso
por estarem muitas vezes associados s condies de relevo mais
movimentado. A presena de carter plntico em alguns Argissolostorna-se um importante indcio de impedimento de drenagem e de
restrio para culturas no adaptadas.
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ZEAS 41
Em estudo na regio leste do Estado do Acre sobre as
alteraes de solos ocorridas em Argissolo Vermelho-Amarelo
Distrco sob diferentes usos, ARAJO et al. (2004) concluram
que a maioria dos nutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) e o carbono
orgnico apresentam baixos teores, estando concentrados nos
primeiros centmetros do solo, tendendo a um incremento com o
tempo de uso, ou seja, na sucesso mata-pastagem. Concluram
ainda, que a matria orgnica do solo est concentrada nos
primeiros centmetros e a densidade do solo foi mais elevada
no ecossistema de pastagem.
Os Argissolos mapeados no municpio de Rio Branco foram
enquadrados nas seguintes classes:
Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico e Argissolo
Vermelho-Amarelo Alumnico tpico, como primeiros
componentes de unidades de mapeamento, ocupam menos de
3% do municpio de Rio Branco e tm como principal restrio
os elevados teores de alumnio trocvel. Embora ocorram
em relevo suave ondulado a ondulado, a principal restrio
qumica que pode ser superada, principalmente, com manejo
de adubao orgnica e o uso de calcrio como complemento.
Os usos indicados vo desde pastagens at cultivos anuais em
consrcio. Podem ser cultivados com espcies perenes com
sistema radicular pivotante, desde que sejam corrigidas as suas
limitaes qumicas.
Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico plntico,
como primeiro componente de unidade de mapeamento, ocupa
menos de 1% do municpio de Rio Branco. Tem como restrio,alm dos teores de alumnio elevados, o carter plntico, que
expressa a ocorrncia de plintita em baixas profundidades,
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42 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
restringindo o desenvolvimento radicular, uma vez que reduz,
signicativamente, a profundidade efetiva. Nesta unidade
devem ser utilizadas espcies com sistema radicular supercial.
Sistemas Agroorestais que utilizem palmeiras teriam maiores
possibilidades de adaptao, assim como sistemas silvipastoris,
com espcies arbreas, gramneas e leguminosas forrageiras
adaptadas.
Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico abrptico
plntico, se distribui por cerca de 500 ha, correspondendo a
0,06% do municpio de Rio Branco. Apresenta fortes restriesmorfolgicas, condicionadas pela presena de plintita em
baixas profundidades e alto gradiente textural, o que contribui,
signicativamente, para aumentar a propenso a processos
erosivos. Esta unidade deve ser utilizada de forma que se possa
manter uma boa cobertura vegetal e com o mnimo de presso
de uso.
Argissolo Vermelho-Amarelo Altico e Argissolo
Vermelho-Amarelo Altico tpico, como primeiros
componentes de unidades de mapeamento, ocupam cerca
de 20% do Municpio. O teor de alumnio trocvel encontra-se
com valores ainda mais altos que os alumnicos. Associada a
esta caracterstica tem-se, tambm, maior atividade de argila,
o que potencializa as restries fsicas para o desenvolvimento
radicular e para o processo de mecanizao destas reas.
Quando estas unidades estiverem presentes recomenda-se o
uso de culturas tolerantes ao excesso de alumnio e/ou correo
deste elemento utilizando-se calcrio dolomtico.Argissolo Vermelho-Amarelo Altico plntico, ocupa
cerca de 1% do municpio de Rio Branco e possui, alm da
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ZEAS 43
restrio qumica, restrio na profundidade efetiva, em razo
da ocorrncia de plintita em baixas profundidades.
Argissolo Vermelho-Amarelo Altico abrptico,
ocupa cerca de 8% da rea do Municpio e representa reasextremamente vulnerveis ao antrpica, uma vez que
possuem predisposio a processos erosivos, em razo do
expressivo gradiente textural entre o horizonte supercial e o
horizonte subsupercial.
Argissolos com carter alumnico ou altico que estiverem
em reas de orestas devem ser indicados preferencialmentepara preservao, com nfase no manejo orestal madeireiro e
no-madeireiro sustentveis. Aqueles que estiverem em reas
desmatadas devem ser objetos de recuperao ambiental,
enfatizando a silvicultura por meio de reorestamentos
econmicos. Vale ressaltar que os dados do cruzamento de
solos e desmatamento revelaram que menos de 20% da rea
ocupada por estas classes esto desmatadas.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco e Argissolo
Vermelho-Amarelo Distrco tpico, ocupam menos de 1%
do municpio de Rio Branco e tm grande potencial de uso
agroorestal, agropecurio e para silvicultura, uma vez que aprincipal restrio qumica, porm, no to acentuada como
aqueles que possuem carter alumnico ou altico.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco plntico,
ocupa cerca de 1% do territrio em questo e possui, alm da
restrio qumica, restries fsica e morfolgica, uma vez que a
ocorrncia de plintita restringe sobremaneira o desenvolvimento
do sistema radicular.
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44 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco alumnico,
ocupa pouco mais de 1% da rea em questo e tem como
restrio severa os teores elevados de alumnio que representam
um fator de reduo da produtividade das culturas, requerendo
prticas especcas de manejo do solo.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco alumnico
plntico, ocupa pouco mais de 1% da rea e apresenta restries
severas de fertilidade associadas ocorrncia de plintita.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco abrptico,
ocorre em cerca de 2% do Municpio e apresenta como restrioprincipal o gradiente textural expressivo que condiciona maiores
riscos de eroso. So solos que podem ser utilizados por
vrios sistemas de explorao, desde sistemas agropecurios
at silviculturais, se forem adotadas prticas adequadas de
manejo.
Argissolo Vermelho-Amarelo Ta, ocupa cerca de 30%
do Municpio e, destes, cerca de 50% so ocupados por solos
com carter plntico, o que lhes confere certo grau de restrio,
uma vez que a argila de atividade alta potencializa a restrio
da profundidade efetiva dada pelo carter plntico. Os outros
50%, que tm somente argila de atividade alta, apresentamrestries fsicas considerveis em razo da capacidade de
expanso e contrao que possuem. So solos que devem ser
utilizados com critrios e demandam manejos especcos para
garantir os estoques de nutrientes adequados e suporte para o
desenvolvimento radicular.
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ZEAS 45
1.2.3 Luvissolos
Os Luvissolos ocupam uma rea de 69.069 ha no
municpio de Rio Branco que, em 2005, j se apresentava com51% de sua cobertura original alterada, representando 35.049
ha.
De acordo com EMBRAPA (2006), os Luvissolos so
constitudos por material mineral, com argila de atividade alta, alta
saturao por bases e horizonte B textural imediatamente abaixo
de horizonte A, podendo ser fraco, moderado, proeminente ouhorizonte E, satisfazendo os seguintes requisitos:
Horizontes plntico, glei e plnico, se presentes, no
satisfazem os critrios para Plintossolos, Gleissolos e
Planossolos, respectivamente; no so coincidentes com
a parte supercial do horizonte B textural;Horizonte glei, se ocorrer, inicia-se aps 50 cm de
profundidade, no coincidindo com a parte supercial do
horizonte B textural.
No municpio de Rio Branco foram mapeados Luvissolos
Hplicos (Figura 7) que constituem solos pouco cromados na
maior parte do horizonte B. Esto normalmente associados
ao relevo mais movimentado e aos solos moderadamente
profundos, conferindo-lhes relativo grau de susceptibilidade
eroso, o que, aliado ao fato de apresentarem drenagem
moderada, restringe seu uso agrcola, apesar da elevada
fertilidade natural. No entanto, esta restrio caracterizadacomo moderada, uma vez que suas caractersticas qumicas
conferem um grande potencial de uso agroorestal.
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46 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Figura 7.
Os Luvissolos mapeados no municpio de Rio Branco
foram enquadrados nas seguintes classes: Luvissolo HplicoPlico abrptico e Luvissolo Hplico rtico tpico.
Ambiente de descrio de perl de Luvissolo Hplico rtico,com cobertura vegetal de oresta aberta, descrito no muni-cpio de Rio Branco-AC.
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ZEAS 47
1.2.4 Plintossolos
Os Plintossolos ocupam 99.968 ha, que correspondem
a 11,8% do municpio de Rio Branco, e 43,8% dessa rea
apresentam alteraes da cobertura orestal original.
So solos de expressiva plintizao, com ou sem
formao de petroplintita. Nestes solos ocorre segregao de
ferro, atuando como agente de cimentao, com capacidade de
consolidao acentuada, com preponderncia e profundidade
de manifestao de atributos evidenciadores da formao deplintita, associado com horizonte diagnstico subsupercial
plntico, concrecionrio ou litoplntico (EMBRAPA, 2006). Os
agricultores denominam o horizonte plntico de tabatinga.
No municpio de Rio Branco foram mapeados Plintossolos
Hplicos (Figura 8), que so solos com horizonte plntico que no
possuem outro carter complementar, e Plintossolos Argilvicos
que possuem horizonte plntico e horizonte textural.
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48 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
Figura 8.
Em razo do impedimento de drenagem relacionado a
esses solos, devido ao baixo desenvolvimento e aos estratos
argilosos horizontalizados, torna-se difcil sua utilizao com
plantas suscetveis ao encharcamento. Nesse caso, as condies
do meio devem ser adaptadas com o cultivo de plantas que
Perl de Plintossolo Hplico descrito no municpio de RioBranco-AC.
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ZEAS 49
apresentam seu sistema radicular pouco profundo.
Nesses ambientes, em ecossistemas de pastagens
extensivas, foi relatada a morte de Brachiaria brizantha cv.
Marandu (VALENTIM et al., 2000a). Para explicar tal fenmeno,VALENTIM et al. (2000b) propuseram o seguinte modelo: (i) o
estabelecimento desta gramnea em solo com alto teor de argila
e sujeito a problemas de drenagem e encharcamento durante o
perodo chuvoso, submete as plantas a condies de estresse
e favorece a proliferao de microorganismos que se tornam
patgenos; (ii) a degradao da pastagem devido ao manejoinadequado causa compactao, eroso e perda de fertilidade
do solo; e (iii) o deslocamento biolgico das espcies de
cigarrinhas-das-pastagens dominantes, em razo de condies
ambientais desfavorveis, promove o incremento populacional
de novas espcies.
Os Plintossolos mapeados no municpio de Rio Branco
foram enquadrados nas seguintes classes: Plintossolo Hplico
Distrco tpico, Plintossolo Argilvico Distrco tpico,
Plintossolo Argilvico Altico abrptico, Plintossolo Argilvico
Altico tpico e Plintossolo Hplico Eutrco tpico.
1.2.5 Gleissolos
Os Gleissolos ocupam uma rea de 185ha que
corresponde a 0,02% do territrio municipal. So extremamente
frgeis, porm, 40% dessa rea j esto alteradas, com retirada
da vegetao natural e substituio por outros usos, comopastagem, por exemplo.
um grupamento de solos com expressiva gleizao,
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50 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
em que a hidromora resultante de processamento de intensa
reduo de compostos de ferro, em presena de matria orgnica,
com ou sem alternncia de oxidao, por efeito de utuao de
nvel do lenol fretico, em condies de regime de excesso
de umidade permanente ou peridico. Nestes solos h uma
preponderncia e profundidade de manifestao de atributos
evidenciadores de gleizao, conjugada caracterizao de
horizonte glei (EMBRAPA, 2006).
Apresentam argilas de alta atividade e teores
considerveis de alumnio trocvel, sem grandes problemas defertilidade. Por serem solos hidromrcos apresentam drenagem
muito deciente, com severa insucincia de oxignio. Portanto,
possuem uso agrcola limitado, alm de ocorrerem em ambientes
prximos s margens de rios e igaraps.
Os Gleissolos mapeados no municpio de Rio Branco
foram enquadrados na seguinte classe: Gleissolo Hplico Ta
Distrco (Figura 9).
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ZEAS 51
Figura 9. Perl de Gleissolo Hplico descrito no municpio de RioBranco-AC.
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52 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
1.2.6 Neossolos
Os Neossolos Flvicos ocupam uma extenso territorial
de 4.594ha que correspondem a 0,54% do municpio de RioBranco. Localizam-se s margens do rio Acre onde 54% de sua
cobertura orestal j foram alteradas (Figura 10).
Em Rio Branco, ao longo do rio Acre, foram identicados
os Neossolos Flvicos que so predominantes nas reas onde
se desenvolve a produo ribeirinha. So solos derivados de
sedimentos aluviais com horizonte A sobre horizonte C constitudo
de camadas estraticadas, sem relao pedogentica entre si,
apresentando pelo menos um dos seguintes requisitos:
Distribuio irregular do contedo de carbono orgnico em
profundidade, dentro de 150cm da superfcie do solo; e
Camadas estraticadas em 25% ou mais do volume do
solo, dentro de 150cm da superfcie do solo.
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ZEAS 53
Figura 10. Perl de Neossolo Flvico descrito no municpio de RioBranco-AC.
SILVA (1993) realizou um diagnstico nas reas
ribeirinhas do rio Acre, no trecho entre Rio Branco e Porto Acre,
cujos resultados demonstraram que estas reas apresentam
bom potencial agrcola, uma vez que no possuem restriesdo ponto de vista fsico e apresentam boa disponibilidade de
gua. A densidade encontrada demonstra a fragilidade do
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54 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.
ecossistema perante sistemas de manejos inadequados,
cando condicionada a altas taxas de eroso. Os teores de
macronutrientes so bem superiores aos observados nos solos
de terra rme, mesmo quando comparados com os solos de
melhor fertilidade que ocorrem no Estado.
Dentre as variveis estudadas, as que revelaram maior
inuncia decorrente das inundaes peridicas pelas quais
passam as reas ribeirinhas foram: fsforo, potssio e o pH,
que tiveram valores mdios bem superiores aos encontrados
nos solos de terra rme.Os Neossolos Flvicos mapeados s margens do rio Acre
so eutrcos, ou seja, possuem alta fertilidade, o que enfatiza
o seu potencial muitas vezes subutilizado.
Esses solos mapeados no municpio de Rio Branco foram
enquadrados na seguinte classe: Neossolo Flvico Ta Eutrcotpico.
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Estudo de solo.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).
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CONCLUSES E RECOMENDAES
Com base nos resultados obtidos neste estudo foi possvel
estabelecer as seguintes concluses e recomendaes:
As concluses e recomendaes de usos agropecurios dos
solos encontrados em Rio Branco so referentes s reas j
desmatadas;
Entre os solos mapeados no municpio de Rio Branco, 88%apresentam restries nas caractersticas qumicas em razo
da baixa fertilidade natural. Em 43% da rea do municpio h
problemas de toxidez de alumnio, muitas vezes associados
baixa profundidade efetiva (2,9%) e drenagem deciente
(11,8%);
A agricultura intensiva pode ser realizada sobre os
Latossolos Vermelhos que esto localizados no extremo
leste, s margens da BR 364 e BR 317, em locais de boa
infra-estrutura de escoamento da produo.
Os cultivos anuais ribeirinhos j so realizados nas margens
do rio Acre numa faixa sedimentar de Neossolo Flvico. Estasreas, alm de uma dinmica social peculiar, tm fertilidade
natural alta e facilidade de acesso pelo rio, o que permite
o uso sustentvel, desde que se considere a legislao
ambiental em vigor;
As culturas permanentes em consrcio ou de forma
individualizada podem ser implantadas em Argissolo
Vermelho, Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco e Argissolo
Amarelo. Em razo do relevo suave ondulado a ondulado
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e das restries qumicas devem ser realizadas prticas
de manejo e conservao de solos para evitar processos
erosivos acelerados e para a reposio de nutrientes e
correo da acidez do solo;
Os Sistemas Agroorestais podem ser cultivados,
preferencialmente, nos Luvissolos e Plintossolos Eutrcos
com culturas adaptadas para as diferentes condies
morfolgicas, uma vez que apresentam fertilidade natural
alta.
Os Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico, Argissolo
Vermelho-Amarelo Altico e Argissolo Vermelho-Amarelo
Ta Distrco devem ser destinados a culturas que sejam
adaptadas baixa disponibilidade de nutrientes e teores altos
de alumnio trocvel com nfase em prticas agroorestais,
em sistemas silvipastoris e sistemas agroorestais
multiestratos;
Os Plintossolo Hplico Distrco, Plintossolo Argilvico
Distrco, Plintossolo Argilvico Altico e o Gleissolo Hplico
devem, prioritariamente, ser destinados preservao ou
uso sustentvel (manejo orestal no-madeireiro) em razo
das suas restries como a baixa permeabilidade e poucaprofundidade efetiva.
Os Argissolos ocupam a maior rea entre a poro j
desmatada do municpio de Rio Branco. Nestes solos as
restries, pela ocorrncia de plintita e pelos nveis de
alumnio trocvel elevados, so considerveis, porm, os
distrcos tm maior potencial para o uso intensivo em razo
do relevo suave ondulado a ondulado;
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Apesar das fortes restries qumicas e morfolgicas
possvel planejar a ocupao e produo nos solos
mapeados, desde que se utilizem prticas conservacionistas
de uso da terra, como os sistemas agroorestais, silvipastoris
e silvicultura, principalmente nas reas mais vulnerveis.
Com base na distribuio dos solos na escala adotada possvel
ainda fazer as seguintes recomendaes:
Realizar um cruzamento da cobertura do solo com o mapa
pedolgico para denir o grau de adequao de uso no
processo de ocupao do municpio de Rio Branco;
Indicar a preservao e uso sustentvel para aqueles
ambientes mais frgeis e prticas de recuperao/
conservao, associadas aos sistemas produtivos, naquelas
reas de maior potencial, permitindo um redirecionamento
do processo de ocupao e consolidao dos usos/sistemas
produtivos j existentes.
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