solo sagrado de guarapiranga comemora 25 anos · 2020. 12. 1. · ano, a revista izunome ofereceu...

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O Solo Sagrado de Guarapiranga está comemorando 25 anos de inauguração e, para celebrar esta data tão importante, durante este ano, a revista Izunome ofereceu aos seus leitores uma série de reportagens especiais sobre este Protótipo do Paraíso Terrestre. Nesta edição especial, vamos revê-las. L ocalizado na região de Parelheiros, Zona Sul da cidade de São Paulo, às margens da represa de Guarapiranga, o Solo Sagrado foi inaugurado em novembro de 1995. Em uma área de 327 mil metros quadrados, foi construído em um ambiente de extrema beleza e tranquili- dade, unindo harmoniosamente a natureza e a criatividade do ser humano. Sua construção teve início em 1991, após um ela- borado projeto que proporcionaria às pessoas um espaço onde elas pudessem entrar em sintonia com a natureza e o belo, e elevar sua espiritualidade. Em meio a uma paisagem encantadora, jardins, praças e lagos, o Templo do Solo Sagrado é estru- turado por 16 pilares e uma torre de 71 metros. O lugar conta com uma infraestrutura para re- ceber milhares de pessoas em cultos ou em ou- tros eventos, bem como espaço para exposições, auditórios, salas para cursos e palestras, e aloja- mento. O Solo Sagrado de Guarapiranga é aberto ao público e, mensalmente, é visitado e admirado por milhares de pessoas, messiânicas ou não. Meishu-Sama (1882-1955), com o objetivo de construir um modelo real de paraíso e tornar evidente que é possível concretizá-lo, concebeu, no Japão, três protótipos do Paraíso nas cidades de Hakone, Atami e Kyoto, com a colaboração dos membros pioneiros. Atualmente, além do Brasil, existe o Solo Sagrado de Saraburi, na Tai- lândia, e ambos foram igualmente erguidos com a ajuda de seus membros, objetivando a expan- são da Luz da Salvação e da Obra Divina em ca- ráter mundial. O Solo Sagrado de Guarapiranga fica localizado à Av. Prof. Hermann Von Ihering, 6567 – Jardim Casa Grande, Parelheiros – São Paulo, SP - Tel.: (11) 5970-1000. O site do Solo Sagrado é: www.solosagrado.org.br Solo Sagrado de Guarapiranga comemora 25 anos EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 1

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  • O Solo Sagrado de Guarapiranga está comemorando 25 anos de inauguração e, para celebrar esta data tão importante, durante este ano, a revista Izunome ofereceu aos seus leitores uma série de reportagens especiais sobre este Protótipo do Paraíso Terrestre. Nesta edição especial, vamos revê-las.

    Localizado na região de Parelheiros, Zona Sul da cidade de São Paulo, às margens da represa de Guarapiranga, o Solo Sagrado foi inaugurado em novembro de 1995. Em uma área de 327 mil metros quadrados, foi construído em um ambiente de extrema beleza e tranquili-dade, unindo harmoniosamente a natureza e a criatividade do ser humano.

    Sua construção teve início em 1991, após um ela-borado projeto que proporcionaria às pessoas um espaço onde elas pudessem entrar em sintonia com a natureza e o belo, e elevar sua espiritualidade.

    Em meio a uma paisagem encantadora, jardins, praças e lagos, o Templo do Solo Sagrado é estru-turado por 16 pilares e uma torre de 71 metros.

    O lugar conta com uma infraestrutura para re-ceber milhares de pessoas em cultos ou em ou-tros eventos, bem como espaço para exposições, auditórios, salas para cursos e palestras, e aloja-mento.

    O Solo Sagrado de Guarapiranga é aberto ao público e, mensalmente, é visitado e admirado por milhares de pessoas, messiânicas ou não.

    Meishu-Sama (1882-1955), com o objetivo de construir um modelo real de paraíso e tornar evidente que é possível concretizá-lo, concebeu, no Japão, três protótipos do Paraíso nas cidades de Hakone, Atami e Kyoto, com a colaboração dos membros pioneiros. Atualmente, além do Brasil, existe o Solo Sagrado de Saraburi, na Tai-lândia, e ambos foram igualmente erguidos com a ajuda de seus membros, objetivando a expan-são da Luz da Salvação e da Obra Divina em ca-ráter mundial.

    O Solo Sagrado de Guarapiranga fica localizado à Av. Prof. Hermann Von Ihering, 6567 – Jardim Casa Grande, Parelheiros – São Paulo, SP - Tel.: (11) 5970-1000.

    O site do Solo Sagrado é: www.solosagrado.org.br

    Solo Sagrado de Guarapiranga comemora 25 anos

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  • 2 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Na década de 1970, a Igreja Messiânica Mundial do Brasil (IMMB) passou de-finitivamente a alcançar os lares bra-sileiros rompendo as barreiras linguísticas e cul-turais que marcaram os anos iniciais de difusão no Brasil quando se desenvolveu, principalmente, entre japoneses e seus descendentes. No senti-mento dos reverendos e ministros da época, já havia o sonho de um dia construir-se, em terras brasileiras, um Solo Sagrado, a exemplo dos pro-tótipos construídos por Meishu-Sama no Japão. Conforme consta no Jornal Messiânico (JM), nº 16 de 10 de janeiro de 1974, no Culto do Natalício de Meishu-Sama de 1973, o então presidente da IMMB, reverendo Noboru Kambe, fez publica-mente o primeiro anúncio de que se tem registro.

    Diante do crescente número de membros e com o objetivo de ampliar o círculo de salvação promovi-do pela Igreja, em 1974, as atividades missionárias eram alicerçadas na diretriz: “Este é o ano de Cons-trução e Expansão. Construindo a convicção pela fé, expandindo o amor para cada um somar mais um!’’

    A formação missionária dos membros e o apro-fundamento da fé ocorriam paralelamente à in-tensificação da construção de sedes próprias para as igrejas, a exemplo da Igreja Brasília, que foi iniciada em 1974 e concluída em 1977.

    Àquela altura, o prédio da Sede Central, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, já dava sinal de estar pequeno para comportar o grande número de fiéis que participava dos cultos e outras atividades.

    Em 25 de setembro de 1974, logo após o retor-no ao Japão da comitiva que acompanhou a Lí-der Espiritual, Itsuki Okada (1927-2013) em sua primeira visita missionária ao Brasil, foi adquirido um terreno com 327.500 m² às margens da repre-sa de Guarapiranga, uma área de mananciais na Zona Sul do município de São Paulo. Na edição de novembro de 1974, o Jornal Messiânico (JM) apre-sentava aos membros matéria sobre a aquisição do terreno com a manchete: “Aqui se erguerá a nova Sede Central”.

    A compra foi concretizada em condições favo-ráveis à época, e o pagamento foi parcelado em 24 prestações mensais, cuja quitação foi também noticiada no Jornal Messiânico de fevereiro de 1977. Neste período, intensificavam-se as dedi-cações de membros de diversas igrejas do Brasil em Guarapiranga, uma vez que a construção da nova Sede Central era parte do objetivo traçado,

    Como tudo começou...

    Capa do JM de novembro de 1974 destaca a aquisição do terreno

    Revmo. Tetsuo Watanabe (1º à esq.) e a direção da IMMB visitam o novo terreno em 25/05/1977

    Aquisição do terreno e os primeiros usos

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    em 1975, pela instituição para a comemoração do centenário de Meishu-Sama, em 1982.

    Neste ínterim, Guarapiranga abrigou outros usos como a realização de festas juninas que, além de possibilitar a confraternização de milha-res de membros e frequentadores, até o início da década seguinte, tinham a finalidade de levantar recursos para as obras de construção da Igreja conforme publicou o JM de julho de 1977.

    Em 11 de agosto de 1979, com a presença de cerca de 42.000 pessoas, foi realizada uma ceri-mônia de purificação do terreno, primeiro ritual religioso celebrado no local, durante a qual o re-presentante da diretoria da Sede Geral do Japão afirmou: “Neste local será erguido o Solo Sagrado do Brasil, que será o centro de difusão da doutri-na Messiânica para o Hemisfério Sul”.

    No início da década de 1980, à medida que se expan-dia a luz do Johrei em territó-rio nacional, a Igreja avançava com a Campanha da Grande Construção, iniciada para a edificação da Igreja Brasília, que teve continuidade com a execução dos projetos do Edifício Mokiti Okada (Sede Central) e da Igreja Regional de São Paulo (atual Igreja Vila Mariana). Essas obras foram preliminares para a concreti-zação do Protótipo do Paraíso Terrestre, em Guarapiranga.

    Sobre o espírito com o qual essas construções deveriam ser desenvolvidas, no culto mensal de março de 1981,

    na Sede Central, o então reverendo Tetsuo Wa-tanabe (1940-2013) enfatizou o espírito de servir, particularmente dos membros de localidades dis-tantes. Estes fiéis não participavam diretamente das obras, tampouco viam as edificações sendo erguidas, uma vez que os projetos eram, à época, desenvolvidos na capital paulista. Eles recebiam grandes milagres por meio das campanhas de construção. O reverendo afirmou: “Quanto maior for a obra, mais precisaremos de dedicação ocul-ta. Para este servir oculto é preciso ter mais amor e profundidade de fé.”

    Nas próximas matérias, você conhecerá as eta-pas seguintes que resultaram na formação da Comissão de Construção, na elaboração dos pri-meiros projetos e na realização da Cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental.

    Na Campanha de Construção, Guarapiranga se torna espaço de confraternização e alegria com as festas juninas e os messiânicos abraçam de coração Guarapiranga

    Cerimônia de purificação do terreno, em 11 de setembro de 1979

  • 4 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    O sonho começa a tomar forma

    Culto Especial é realizado em 15 de setembro de 1985 com a presença de 51.464 pessoas

    Na primeira matéria desta série você conheceu como ocorreu a aquisição do terreno do Solo Sagrado de Guara-piranga e os primeiros usos deste durante a dé-cada de 1970, incluindo o plano de construção de uma nova Sede Central no local.

    Na primeira metade da década de 1980, os pro-jetos passaram por uma fase de gestação e ama-durecimento, com o objetivo de corresponder ao sonho de Meishu-Sama e ao desejo dos mem-bros diante do grandioso e inédito desafio que se apresentava. Nesse período, a instituição concen-trou esforços na construção de Igrejas por todo o País. A Sede da Regional Brasília, inaugurada com a presença da Líder Espiritual em 8 de maio de 1977, abrira a “Campanha de Construção”, que continuou com destaque para a edificação da Igreja Regional de São Paulo (IRESP), inaugurada em 5 de março de 1982; do Edifício Mokiti Okada, em 30 de outubro de 1982, e da Igreja Regional do Rio de Janeiro (IRERJ), em 3 de agosto de 1985.

    O reverendo Hitoshi Nishikawa (1941-2013), que fazia parte do Departamento de Administração da Igreja, em entrevista concedida à Secretaria de Histórico da IMMB, relembrou o desafio financei-

    Autorização da construção

    Terceira líder espiritual, Itsuki Okada

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    O sonho começa a tomar forma

    Culto Especial é realizado em 15 de setembro de 1985 com a presença de 51.464 pessoas

    Altar provisório é construído no Solo Sagrado

    ro que foi a construção do Edifício Mokiti Okada. Segundo ele, à época em que o reverendo Tetsuo Watanabe externou seu sonho de construção do Edifício Mokiti Okada, do orçamento necessário, tinha se apenas 10%, e as igrejas já estavam se esforçando ao máximo nas campanhas de cons-trução e para se manterem.

    Todavia, o sonho de construir e expandir a Obra Divina era o sentimento latente dos messiânicos brasileiros, e o sonho do presidente Tetsuo Wa-tanabe foi abraçado por todos. As três principais obras mencionadas foram concluídas sem contra-tempos até agosto de 1985. Muitas outras sedes próprias foram construídas também na década de 1980: Rio Claro (1984); Campinas (1986); Belo Horizonte (1986); Curitiba (1987); São Luís (1987); Bauru (1988); no bairro do Tatuapé, em São Paulo (1988); Ribeirão Preto (1989), dentre outros.

    Após o Culto do Paraíso de 1985, alguns repre-sentantes dos conselhos deliberativo e fiscal via-jaram em caravana à Sede Geral no Japão para participar das reuniões do Concílio de Renovação da Igreja. Durante os relatórios prestados a Itsuki Okada, Líder Espiritual, e à direção no Japão, o reverendo Pedro Partezan (1924-2011) foi o por-ta-voz dos messiânicos brasileiros e solicitou per-missão para construirmos no Brasil um santuário para cultuar os antepassados.

    Sobre este momento histórico para nossa Igre-ja, o reverendo Tetsuo Watanabe relembrou, no Jornal Messiânico de outubro de 1989: “Em junho de 1985, todos os membros do Conselho Delibe-rativo da IMMB foram ao Solo Sagrado do Japão e lá se encontraram com a Líder Espiritual. O mi-nistro Pedro Partezan, que sempre teve a ideia de obter permissão para a construção do Altar dos Antepassados, ao pedir a autorização à Líder Espiritual, esta respondeu: ‘Precisamos construir não apenas o Templo Sagrado de Guarapiranga e sim o Solo Sagrado do Brasil, que se tornará pon-te para a difusão mundial’. Todos nós levamos um susto, mas ficamos contentes.”

    Para a terceira visita de Itsuki Okada ao Brasil, em setembro de 1985, foi edificado em Guarapi-ranga um altar provisório inspirado no Santuário Komyo do Solo Sagrado de Hakone. Por ocasião dessa viagem missionária, nele foi celebrado o

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    Membros do Conselho Deliberativo se encontram com Itsuki Okada, no Japão

    Construção do Edifício Mokiti Okada, em São Paulo

    são territorial e mistura for-midável de muitos povos do mundo inteiro, é realmente grandiosa. Tomei conheci-mento de que, junto com o Templo, estão com o forte desejo de construir o Templo dos Antepassados. Na Obra Divina, não há nada mais im-portante do que receber a proteção do Mundo Espiritu-al. Será a terra natal dos seus ancestrais, cujas origens se ligam ao mundo inteiro.”

    No dia 17 de setembro, enquanto todos ainda vibra-vam com as emoções do dia 15, Itsuki Okada fez uma visi-ta ao terreno com membros da diretoria da IMMB. Com a

    chegada do anoitecer, ela dirigiu-se para próximo do Altar e de lá, voltada para a represa, avistou um pequeno incêndio que teve início na mata da pequena ilha bem em frente ao local em que estavam. Observando o fogo, Itsuki Okada disse, apontando para cada local com determinação: “Fogo, água, terra. Isto é um kata (modelo) revela-do por Deus. Aqui é a terra escolhida por Meishu--Sama para construir o Solo Sagrado.”

    Definitivamente este foi o ponto de partida para transformar o terreno em Guarapiranga no Pro-tótipo do Paraíso Terrestre no Brasil. Já no ano seguinte, seriam organizadas as primeiras comis-sões de construção.

    Jornal Messiânico

    de maio de 1985 dá

    destaque às novas

    construções

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Culto Especial em comemoração dos 50 anos de fundação da Igreja e dos 30 anos de difusão no Brasil. No dia 15 de setembro de 1985, 51.464 membros do Brasil e de outros países da América Latina lotaram o terreno, ainda inóspito, em um gesto de fé e devoção.

    Em suas palavras, a Líder Espiritual afirmou: “Creio de todo coração que a missão concedida ao Brasil, que tem esplêndido povo, ampla exten-

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    Soa o marteloda dedicação!Formação das Comissões e o Lançamento da Pedra Fundamental

    Na matéria anterior, você conheceu como se desenvol-veu a “Campanha de Constru-ção” no início da década de 1980 até a autorização para construção do Solo Sagrado pela Líder Espiritual, Itsuki Okada, durante a visita mis-sionária de 1985.

    Após o Culto Comemora-tivo de 50 anos de Fundação da Igreja Messiânica Mundial e de 30 anos de Difusão no Brasil realizado no terreno de Guarapiranga, em 1985, fo-ram formadas, no ano seguin-te, em São Paulo e no Rio de Janeiro, comissões de profissionais e técnicos cuja tarefa inicial consistia em estudar os Ensinamentos de Meishu-Sama re-lativos à construção dos Solos Sagrados do Japão.

    A engenheira Evelyna Bloem Souto, messiânica que participou regularmente dos encontros da equipe técnica desde as primeiras reuniões, con-ta que, apesar da longa carreira profissional que incluía trabalhos importantes como o metrô de São Paulo, barragens, aeroportos, todos eram “inexperientes na con-cepção de uma obra de tal porte. Buscávamos a chama que acendesse o entusiasmo de todos, pois é o que ocorre em uma obra de criação, o momento do ‘eureka’. Tínha-mos reuniões todos os fins de semana, algumas acabavam

    depois da meia-noite, inclusi-ve com todos os reverendos.1”

    Paralelamente, a fim de envolver ministros, missioná-rios e membros com Guara-piranga e o Solo Sagrado que se planejava construir, foi providenciado, em 1987, um alojamento com capacidade para atender 42 pessoas. As-sim sendo, pequenos grupos de ministros e membros de todo o País passaram a per-manecer por períodos de cer-ca de uma semana em conta-to com a atmosfera espiritual do local, realizando os cultos

    diários, fazendo dedicações de jardinagem, assis-tindo a palestras e participando de estudos.

    O relato da sra. Irene Passebon Joaquim, publi-cado no Jornal Messiânico de fevereiro de 1988, é a perfeita expressão do sentimento que envolvia cada membro que dedicava em Guarapiranga. “Sinto-me como uma pioneira de Meishu-Sama, quando construía os Solos Sagrados do Japão. É

    assim que passei a me sentir ao chegar a Guarapiranga. Por morar em Tucuruí [PA], sentia o protótipo muito dis-tante, mas agora não, ele está em meu coração.”

    Em relação ao desenvolvi-mento dos trabalhos técni-cos, o Plano Divino evoluía gradualmente com a cons-tituição da equipe dos en-genheiros e arquitetos que

    1. Trecho extraído do livro “Edificação do Solo Sagrado de Guarapiranga”, editado pela Secretaria de Histórico da IMMB (no prelo).

    Revmo. Tetsuo Watanabe dirige-se aos membros durante Culto de Lançamento da Pedra Fundamental

    Membros fazem dedicação no altar provisório de Guarapiranga

    Mesa-redonda durante aprimoramento no Solo Sagrado

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    desenvolveriam os projetos do Solo Sagrado. Foi a engenheira Evelyna que apresentou à diretoria da IMMB importantes profissionais como o enge-nheiro Olinto Dantas e o arquiteto e professor da USP, Sylvio Sawaya.

    Por conhecer bem o ambiente agnóstico da aca-demia, Sawaya teve a iniciativa de realizar inicial-mente um curso de pós-graduação em “Arquite-tura do Sagrado”, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Ao término, 19 alunos apre-sentaram seus trabalhos que, reunidos, compuse-ram uma exposição itinerante que passou, entre fins de 1987 e início de 1988, pelo campus da FAU e pela Sede Central da IMMB e, posteriormente, seguiu para o Solo Sagrado de Atami, no Japão.

    Dos 19 projetos, a Igreja escolheu quatro e con-tratou seus autores: Sylvio de Barros Sawaya, Mar-celo Fragelli, Teru Tamaki e Ubirajara Gilioli. A estes arquitetos foi solicitado apresentar anteprojetos para o templo do Protótipo do Paraíso. Os quatro estudos preliminares foram expostos, inclusive por meio de maquetes, em 30 de setembro de 1988, em uma nova mostra na Sede Central. No início de novembro, os quatro anteprojetos foram levados ao Japão e apresentados à direção da Igreja, que selecionou o projeto de Sylvio Sawaya como o que

    melhor atenderia aos requisitos do tem-plo do Solo Sagrado.

    Com essa aprovação, em 17 de se-tembro de 1989, foi celebrado o Culto de Lançamento da Pedra Fundamental pelo presidente mundial da IMM, Rev-mo. Yasushi Matsumoto, com a presen-ça de 12.000 pessoas no terreno de Gua-rapiranga. Na ocasião, foram plantados uma cerejeira e um ipê, representando o Japão e o Brasil. Segundo o Revmo. Mat-sumoto, tal como essas árvores, a Igreja

    Messiânica deveria desenvolver-se conjuntamen-te, nos dois extremos do globo terrestre.

    Em sua palestra, o presidente Matsumoto falou sobre o objetivo de conclusão da construção do Solo Sagrado no prazo de três anos e convidou os membros a dobrar o número de messiânicos, relacionando a expansão da Igreja no Brasil com a difusão mundial da fé messiânica.

    “Para quem ama o Brasil, construir nesta terra o Solo Sagrado é um empreendimento que repre-senta o maior orgulho. Este Plano Divino é algo que Deus, onipotente e onisciente, havia concebi-do desde o início dos tempos. E, já na criação do mundo, Ele estabeleceu a terra de Guarapiranga como lugar sagrado. E, a cada vez que aqui levan-tarmos o martelo da nossa dedicação, voltados para a concretização do Paraíso Terrestre, este local se encherá de vibração divina, tornando-se o Solo Sagrado para a humanidade.”

    Com o Culto de Lançamento da Pedra Funda-mental, os messiânicos brasileiros ganharam nova e grandiosa missão: construir o protótipo do Paraíso no Brasil como importante passo para a expansão mundial do Johrei e dos Ensinamentos de Meishu-Sama. Guarapiranga seria o Solo Sa-grado do Brasil para a humanidade.

    Revmo. Matsumoto profere palestra no Culto da Pedra Fundamental

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  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    A “arquitetura do sagrado”O primeiro projeto arquitetônico

    Conheceremos detalhes da elaboração do projeto arqui-tetônico do templo e os pri-meiros trabalhos técnicos realizados no terreno de nosso Protótipo do Pa-raíso Terrestre de Guarapiranga.

    A construção de um Solo Sagrado era uma obra inédita, até mesmo para os profissionais envolvidos. Deste modo, o curso de pós-graduação em “Arquitetura do sagrado” da USP soli-citou que um representante da Igreja Messiânica esclarecesse aos alunos os aspectos fundamentais da doutri-na messiânica e o significado da con-cepção do fundador, Meishu-Sama, acerca do Paraíso Terrestre e a construção de seus protótipos. A tarefa coube ao reverendo Léo Rodrigues de Al-meida (1923-1997), as-sessor do gabinete da presidência na época. Segundo o arquiteto e professor Sylvio Sawa-ya, que coordenava o curso, “ele ousou en-frentar o ambiente universitário, muitas vezes avesso às questões mais sutis, mais sagradas. Usando a nossa linguagem que, muitas vezes, desconhece essas coisas, e com maestria soube transmitir a mensagem e o desejo da Igreja Mes-siânica a todo aquele ambiente universitário.”

    A grande contribuição deste curso, porém, vi-ria da sugestão do ministro Mario Cezar Ribeiro de Souza (1954-2011) para que se realizasse a já mencionada exposição dos 19 trabalhos de con-clusão no formato de uma exposição itinerante que passou pela Faculdade de Arquitetura e Ur-banismo da USP e dependências da Igreja Mes-

    siânica no Brasil e no Japão. A apresenta-ção dos trabalhos por seus autores à Comis-são de Construção da IMMB resultou na conversa sobre arqui-tetura, que Sawaya classificou como “das mais agradáveis e pro-

    fundas” das quais pôde participar em sua carreira profissional.

    Após escolhido o melhor projeto, tiveram início os levantamentos topográficos que fundamen-tariam a implantação do projeto arquitetônico do templo e seriam a base para a elaboração do planejamento de paisagismo. Àquela altura, a edi-ficação do templo era a prioridade da Comissão de Construção. O paisagismo e as demais edifica-ções eram projetados como etapas para realiza-ção posterior.

    Do projeto de Sawaya, um dos aspectos prin-cipais era a grande torre sobre o altar de Deus.

    Aspectos do primeiro projeto do templo, que possuía cobertura

  • 10 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    Segundo ele, como elemento vertical, ela promo-veria equilíbrio com o restante do projeto, que era estritamente horizontal. “Esse eixo vertical é chamado tradicionalmente de centro do mundo (axis mundi) e, em todas as culturas, ele represen-ta a ligação do mundo terreno com o céu.” Existia a orientação para que, no solstício de verão do Hemisfério Sul, fenômeno que ocorre em data próxima ao natalício do fundador, a luz solar in-cidisse diretamente através da torre no centro do altar. Por essa razão, além da preocupação com a direção de sua entrada principal, havia atenção especial quanto à posição da torre de 71 metros de altura.

    Após a apreciação do anteprojeto pela direção da Igreja na Sede Geral, no Japão, foram necessá-rias algumas alterações. Uma delas foi justamen-te a direção da entrada principal do templo. Ape-sar desta precisar ser alterada, a nova orientação em nada afetou a posição da torre. Esta alteração, porém, gerava a necessidade de um corte maior no terreno.

    Cerca de 200.000 m³ de terra (40.000 cami-

    nhões) seriam removidos pela terraplenagem para formar uma montanha atrás do altar. O que parecia um ônus, foi interpretado pelo reverendo Hitoshi Nishikawa (1941-2013), então presiden-te da Subcomissão de Difusão, como um ganho, pois passaria a existir a “Montanha Sagrada” para proteger o altar de Deus, dando a impressão de o templo estar encravado na montanha e não no topo do terreno.

    O reverendo Masahito Ono, presidente da Sub-comissão de Construção, comentou a respeito de uma segunda necessidade: “A localização original do Altar da Imagem de Deus foi modificada para que, também em Guarapiranga, ele fique situado em uma edificação à parte, seguindo o exemplo do Templo Messiânico do Solo Sagrado de Atami, a Terra Celestial.”

    À medida que progrediam os estudos, o pro-jeto do templo cresceu em complexidade com a previsão de diversas instalações auxiliares. Segundo relatou à época o arquiteto Sawaya, o templo teria a capacidade para 4.000 pessoas sentadas, 2.800 na plateia e 1.200 no mezanino. Haveria um subsolo com área útil de 7.800 m² para abrigar as atividades de apoio e a infraes-trutura administrativa.

    A primeira fase de sondagens do terreno, rea-lizada no final de março de 1989 objetivou con-firmar a existência e a profundidade de lençóis freáticos e o tipo de solo, bem como definir o tipo ideal de fundação para os edifícios que seriam construídos. Considerado, por exemplo, apenas o anteprojeto de cobertura do templo, foi estima-do que a estrutura de aço somaria 500 toneladas. Contudo, os resultados colhidos nos testes de sondagem foram os mais animadores possíveis, pois as condições do terreno eram ideais.

    No final de 1989, as condições de execução da obra foram reavaliadas pela Comissão de Construção.

    Agosto de 1989, o Revmo. Watanabe e profissionais técnicos visitam Guarapiranga

    À proporção que o projeto era detalhado, iniciou-se a sondagem do terreno

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 11

    Início do reflorestamento no Solo Sagrado de Guarapiranga

    O projeto já estava definido por Meishu-Sama

    Paisagismo e início do reflorestamento

    Na última matéria, você conheceu deta-lhes do primeiro projeto arquitetônico do Templo e os primeiros trabalhos técnicos e de sondagem. Na presente edição, abordaremos o início do trabalho de refloresta-mento e o desenvolvimento do projeto paisagís-tico, bem como a reavaliação da obra em virtude da complexidade da edificação do Templo.

    No decorrer de 1989, à medida que era deta-lhado o projeto do Templo, este crescia em com-plexidade. Por esta razão, em meados do ano, a Comissão de Construção previu que sua inaugu-ração seria adiada. A edição 199 do Jornal Mes-siânico (p. 6) publicou: “Quanto à obra principal – o Templo – definiu-se para 1992 o término do Altar, da Nave e da subnave. Assim, a inaugura-ção, prevista inicialmente para 1991, somente ocorreria no ano seguinte. Isto se deve ao fato de que, quando foi estabelecida a inauguração para 1991, previa-se apenas o Altar e uma cobertura simples para a Nave. Com o desenvolvimento dos estudos, esta construção foi ficando mais comple-

    xa. Daí a necessidade de dispor-se de mais tempo para o término adequado da obra.”

    Em contrapartida, no início de 1990, o reveren-do Tetsuo Watanabe se reuniu com o arquiteto Andrés Tomita, professor da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro, contratado para desenvol-ver o conjunto paisagístico do Solo Sagrado. Ficou definida como diretriz básica de trabalho a cons-trução de jardins da forma mais natural possível e que visasse à vivificação do ecossistema local.

    O arquiteto assim se expressou em entrevista concedida à Secretaria de Histórico da IMMB em 17 de julho de 2004: “Desde pequeno tive forma-ção xintoísta e conheci a Igreja Messiânica Mundial quando fiz a jardinagem da Igreja Rio de Janeiro. Encantou-me bastante esse ritual de reverência e culto aos antepassados. [...] Sinto que fui um co-

    Croquis do projeto paisagístico do arquiteto Andrés Tomita

  • 12 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    adjuvante, um instrumento de algo muito maior do que na época poderia entender. Fui conduzido, guiado, orientado por uma força espiritual impon-derável. Quando conheci o projeto me encantou essa ideia de construir um espaço que contribui com a espiritualidade. Esse sempre foi um sonho

    essa descoberta. As medidas foram fechando, não somente no plano material, mas no numerológico também. Quantas horas à procura dessa essência!”

    O plantio de mudas de arvores frutíferas havia sido iniciado após a cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental para a recomposição da co-bertura vegetal.

    No primeiro semestre de 1990, o plano de re-cuperação da reserva florestal avançava. Messi-ânicos brasileiros eram convidados a enviar se-mentes e mudas para o plantio em Guarapiranga. Em abril, técnicos do Instituto Florestal, Seção de Ecologia Florestal, visitaram o terreno atendendo à assinatura de convênio entre a Igreja e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Eles inspecionaram e acompanharam o andamento da recuperação da reserva florestal, identificaram diversas espécies vegetais da Mata Atlântica e receberam solicitação sobre as espécies arbóreas que poderiam ser se-meadas no reflorestamento da área ciliar (orla).

    No entanto, é com a chegada do arquiteto An-drés Tomita que os jardins do Solo Sagrado de

    Reunião da Comissão de Construção

    meu, só não sabia como concretizá-lo.” Tomita conta que, enquanto buscava estabele-

    cer as linhas gerais do projeto paisagístico, teve um sonho com o Fundador. “Meishu-Sama me entregava umas formas de metal circulares e me dizia: ‘Você vai precisar disso’. As três de tamanhos diferentes flutuavam no ar como pizzas pequena, média e grande. [...] De início, porém, não conse-guia resolver no papel. Mas em meia hora de con-versa com o Sylvio Sawaya, aquilo se transformou em três praças: Terra, Lua [água] e Sol [fogo]”.

    Tal como Sawaya, que projetara o templo, Tomita percebeu que algo misterioso conduzia os traba-lhos. Nesta mesma entrevista concedida à Secre-taria de Histórico, ele afirmou: “Acredito que tudo já estava definido, mas encoberto, definido num plano imponderável e nosso puro empenho era

    Guarapiranga passaram a tomar forma concreta. Em setembro, o anteprojeto paisagístico foi con-cluído e feita a locação topográfica das diversas áreas. O conjunto abrangia uma área de 200.000 m², o que tornava o local o maior jardim particular do País e talvez da América Latina, harmonizando a beleza natural e a criação artística. Três praças principais eram a marca principal do projeto.

    Em outubro, tendo em vista o início imediato do paisagismo, os encarregados das dedicações em Guarapiranga ouviram uma apresentação sobre o conjunto paisagístico e participaram da limpeza do terreno e plantio de árvores. Nessa ocasião, eles ficaram entusiasmados com a par-ticipação do paisagista Tomita, plenamente inte-grado com os encarregados e pronto para res-ponder às dúvidas.

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 13

    Membros em dedicação de plantio de árvore

    Reprodução de matérias do JM sobre o inicio do reflorestamento no Solo Sagrado

    4 Para assistir ao vídeo, acesse: https : / / i zunometv .mess ian ica .org .br /v i -deo?id=415606525

    O conjunto paisagístico foi aprovado pela Co-missão de Construção em dezembro e, nos dias 15 e 16 do mesmo mês, foi iniciada a arborização da orla com o plantio de 283 árvores. A dedica-ção foi realizada por 267 membros das cidades de Campinas, Santo Amaro e Rio Claro, todas locali-zadas no Estado de São Paulo.

    Durante o ano de 1990, a Igreja passou a dar maior ênfase ao trabalho paisagístico. Isso se deveu, parcialmente, a implicações financeiras decorrentes de mudanças na política econômi-

    ca brasileira ocorridas a partir de março daquele ano. Entretanto, houve uma grande motivação de ordem espiritual – o sonho que o reverendíssimo Tetsuo Watanabe teve na véspera do Culto do Iní-cio da Primavera, em fevereiro, no Solo Sagrado de Atami. Este assunto, você conhecerá em nossa próxima matéria.

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    O Revmo. Watanabe orienta um novo caminho para a construção do Solo Sagrado

    A dedicação dos membros e a mudança no projeto

    O tempo de execução da edificação do Templo já havia sido revisto pela Comissão de Construção no final de 1989. Contudo, no ano seguinte, diante do novo cenário econômico no País, as condições finan-ceiras da Igreja para garantir a obra diminuíram significativamente. Há, no entanto, uma motiva-ção que já se processava no plano espiritual, pre-

    cedendo a todo suposto impedimento material à construção.

    Na noite do dia 1º de fevereiro de 1990, na cida-de de Atami, no Japão, o reverendíssimo Tetsuo Watanabe teve um sonho que assim descreveu: “Eu estava num templo orando. Havia uma torre bem alta e pilares imponentes em volta ligados na parte superior por um anel. Realmente, me

    Um sonho capaz de transformar todo o projeto

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Revmo. Watanabe orienta na assembleia de maio de 1990

    Reverendo Léo Rodrigues de Almeida, que associou o templo com o qual o Revmo. Watanabe sonhou à Stonehenge

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 15

    senti em sintonia com a Natureza, pois o teto era o céu e a beleza natural, as paredes. Havia tam-bém uma grande escada que conduzia ao interior do templo.”

    Assim que acordou no dia seguinte, desenhou o templo antes que pudesse esquecer seus de-talhes. Ele conta que logo pensou que aquele se-ria um sinal de Deus e Meishu-Sama, mostrando como deveria ser o templo do Solo Sagrado de Guarapiranga. Àquela altura, o projeto desenvol-vido por Sylvio Sawaya já estava pronto, sendo tomadas as providências junto a empresas para a apresentação de suas propostas de orçamento para execução.

    Em maio, quando o reverendíssimo retorna ao Brasil, reverendos e ministros da Comissão de Construção do Solo Sagrado já demostravam certa preocupação em virtude das decorrências do austero plano econômico adotado pelo gover-

    nentes, o reverendo Léo Rodrigues de Almeida, saiu da sala e retornou trazendo uma fotografia de um templo chamado Stonehenge, considera-do o mais antigo santuário ocidental da humani-dade, localizado na Inglaterra.”

    A grande semelhança percebida pelos presen-tes entre o desenho do presidente Watanabe e as fotos de Stonehenge, da enciclopédia apresen-tada pelo reverendo Léo, desfez todas as resis-tências, fossem às mudanças de projeto em que já aguardavam as propostas de orçamento para execução ou à ideia de construir-se um templo ao ar livre, sem paredes e teto e, por consequência, suscetível às intempéries naturais.

    Anos depois, o próprio arquiteto Sylvio Sawaya relatou à Secretaria de Histórico a proposta apre-sentada pelo reverendíssimo: “O esboço estava muito bem-feito, lembrava as colunatas romanas e, além de simplificar todo o projeto, englobava

    a ideia inicial, gerando pequeno custo e grande benefício”. Com simplicidade e sem vaidade, continuou: “É mais impor-tante você ser o autor de alguma coisa ou ajudar a todo um processo acontecer? Se for um exercício de autoafirmação do artista, o autor é fundamental, mas se for a procura de sentimentos, explicita-ção de valores etc., poder participar do processo é muito mais importante.”

    Naquele mesmo dia, 3 de maio de 1990, ficou definido que seriam criadas novas plantas arquitetônicas para o tem-plo com base no esboço do presidente. Ao mesmo tempo, os projetos executi-vos contratados até então tiveram de ser rescindidos e foram feitos novos proje-

    tos e contratos.A construção, todavia, não parou. Com a tarefa

    de cada membro plantar uma árvore no Solo Sa-grado, teve início uma grande campanha que en-volveu messiânicos de todo o Brasil na execução do paisagismo de Guarapiranga.

    Templo de Stonehenge, Grã-Bretanha

    no federal em março daquele ano. O confisco de aplicações em poupança com o congelamento de saldo afetava o planejamento para as obras. Diante desse cenário, no dia 2 de maio, em reu-nião com a Comissão de Construção, o Revmo. Watanabe lançou um novo desafio: “Cada mem-bro deverá plantar uma árvore em Guarapiranga e acompanhar, no seu crescimento, o crescimen-to da própria fé” – e definiu que, dali em diante, o empenho maior na construção deveria ser o projeto de paisagismo, permitindo aos membros uma participação direta, fundamental para que a força da natureza, aliada ao bom sentimento, ge-rasse energia divina para direcionar os projetos. Na mesma mensagem ele disse: “160 mil árvores em Guarapiranga” – este era o número total de membros na época.

    No dia seguinte, ele apresentou à Comissão de Construção o esboço que havia feito após o so-nho que tivera em fevereiro, no Japão. Ele disse: “Quando mostrei para a comissão de construção, todos ficaram admirados, pois um dos compo-

    Novo projeto do templo é apresentado aos membros no Jornal Messiânico de novembro de 1990

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    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Após a mudança ocorrida no projeto do Templo do Solo Sagrado de Guara-piranga, a partir do sonho do então o presidente da IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe (1940–2013), no início do ano de 1990 e pelas cir-cunstâncias político-econômicas do País que tive-ram impacto sobre a construção, deu-se priorida-de ao projeto de reflorestamento e paisagismo.

    A concretização do Protótipo do Paraíso Terres-

    tre do Brasil fora alicerçada em duas tarefas rece-bidas pelos messiânicos durante a Cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental, em 1989. O reverendo Tetsuo Watanabe enfatizou a missão dos messiânicos brasileiros na difusão mundial do Johrei e dos Ensinamentos de Meishu-Sama. Ele afirmou: “Temos o desejo de, até 1992, so-mar 300 mil membros. Assim sendo, teremos até lá três mil membros que irão realizar a difusão mundial.” Neste sentido, destacou a importância da formação de jovens com esta capacidade, pois “o jovem é o futuro da Igreja” (Jornal Messiânico, nº 206, fev. 1990, p. 4).

    O reverendo Watanabe e os demais pioneiros que, muito jovens, deixaram o Japão para difundir a fé no Brasil, eram exemplos concretos do tra-balho missionário que impulsionou a juventude

    O jovem é o futuro da Igreja

    2º Congresso Internacional de Jovens: estão prontas para serem erguidas as colunas do Solo Sagrado e da difusão mundial

    Os jovens, a construção do Solo Sagrado e a difusão mundial

    Revmo. Tetsuo Watanabe palestra para os jovens

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 17EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 17

    messiânica no período da construção do Solo Sa-grado do Brasil. Com o propósito de promover a formação e aprimoramento espiritual dos jovens, a IMMB promoveu, a partir de 1991, uma série de seminários, que foram destaque no Jornal Messi-ânico na época.

    O “Seminário Nacional de Jovens, que começou este ano em Curitiba (PR), passou por Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), foi encerrado no Rio de Ja-neiro (RJ) nos dias 19 e 20 de outubro. Mais de dois mil jovens, vindos de todo o País, lotaram a Igreja Itabaiana, sob a responsabilidade do Rev. Mitsuaki Manabe. O evento visou à formação do jovem messiânico para o século 21, tendo em vis-ta a difusão mundial e o fortalecimento da chama do ideal de Meishu-Sama: o Paraíso Terrestre” (JM, no 227, nov. 1991, p. 7).

    Aqueles que viveram aquele momento da ex-pansão da Igreja no Brasil puderam partilhar com o reverendo Tetsuo Watanabe seu sonho de difundir mun-dialmente os Ensinamentos de Meishu-Sama. Este foi o tema principal de suas orientações voltadas aos jovens que, ao mes-mo tempo que participavam da construção do Solo Sagrado de Guarapiranga, representavam a possibilidade de ampliação da Obra Divina por outros conti-nentes.

    Em julho de 1992, nos dias 25 e 26, dividindo sua vontade de

    levar o Johrei ao mundo, o reverendo Watanabe orientou os 3.000 jovens presentes ao Seminário Nacional de Líderes Jovens: “Todos querem fazer difusão mundial. Só que se não consigo salvar, primeiramente uma família, um bairro, uma ci-dade, um estado, que dirá um País! Para salvar o mundo é preciso começar salvando uma única pessoa. Tornando-a feliz”! (JM, nº 236, ago. 1992, p. 7).

    Deste modo, a construção dos Solos Sagrados, de Guarapiranga no Brasil e de Kyoto no Japão, possuía, segundo matéria do Jornal Messiânico, “a mesma finalidade: propiciar a difusão mundial da fé messiânica e a formação do elemento hu-mano para a expansão da Luz Divina a todas as nações”. Segundo o jornal, “desde 1991, quando os trabalhos no Solo Sagrado do Brasil foram ace-lerados, a Obra de Meishu-Sama vem ganhando espaço no mundo. Naquele ano foram lançadas, pelas mãos de jovens ministros e membros bra-sileiros, sementes da fé na Bolívia, Uruguai, Ve-nezuela, Chile, Colômbia, Guiana Francesa, Costa Rica e Angola. Isso aconteceu em apenas um ano! Graças à dedicação dos brasileiros na construção de Guarapiranga!” (JM, no. 231, mar. 1992, p. 5).

    Esta tarefa ficou clara para os 50 mil jovens messiânicos dos 30 países que participaram do 2º Congresso Internacional de Jovens realizado em 25 de julho de 1993, em Guarapiranga. Naquele dia, em sua orientação, o reverendo Watanabe destacou a importância dos jovens que, ao longo da história da humanidade, promoveram grandes revoluções, mudanças e importantes invenções e descobertas. Depositou nos jovens messiânicos a responsabilidade de se tornarem pessoas que, alicerçando a fé em Deus e cultivando o amor al-truísta, participassem ativamente da construção de um novo mundo. Ele contagiou os presen-tes com o propósito de concretizarem o Paraíso

    Seminário de Líderes Jovens de 1992 no Anhembi, São Paulo/SP

    Alegria estampada em cada sorriso

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    Capas do Jornal Messiânico enfatizam o 2º Congresso Internacional de Jovens de 1993

    Culto do início da construção do Templo, 30/09/1993

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    Terrestre. “John Len-non afirmou, na letra de ‘Imagine’, não ser o único a sonhar com um mundo de paz, frater-nidade, felicidade. Nos-sa tarefa é tornar esse mundo real. Sonhos? Temos concretizado muitos deles: construir o nosso Solo Sagrado, a própria realização do Congresso, a nossa par-ticipação cada dia mais ativa na difusão mun-dial dos Ensinamentos de Meishu-Sama. E cada nova meta nos dá asas, nos impulsiona rumo a novas conquistas” (JM, no. 248, ago. 1993, p. 3). Em um dos momentos mais emocionantes do evento, em uníssono, todos repetiram inúmeras vezes o lema conclamado pelo reverendo: “Força, ação. Meishu-Sama é união.”

    No dia seguinte, houve um mutirão com a par-ticipação de 2.500 membros de diversas nacio-nalidades. As delegações estrangeiras plantaram 150 árvores de diversas espécies que, hoje, sim-bolizam a importância de Guarapiranga para a fé messiânica no âmbito mundial. Após a dedicação, foi realizada uma grande confraternização com boa comida e música.

    Na oportunidade em que foi realizado o Con-gresso Internacional de Jovens, as obras do Solo

    Sagrado de Guarapi-ranga haviam avançado no plano paisagístico e de edificações auxilia-res como o atual audi-tório 1, o alojamento principal e o refeitório. A construção do Tem-plo, porém, ainda esta-va em fase inicial. Para o evento, fora prepara-do um Altar provisório, no qual a imagem da Luz Divina ficou entro-nizada por apenas três dias. Ao subir a Escada-ria Arco-Íris, já era pos-

    sível deslumbrar-se com as fundações dos pilares e do santuário de Deus, que estavam concluídas. As obras de construção teriam, no entanto, início oficialmente em 30 de setembro de 1993, com a celebração do Culto do Início da Construção do Templo.

    Já havíamos concluído os alicerces não apenas do Solo Sagrado de Guarapiranga, mas da fé dos messiânicos brasileiros para difundir mundial-mente o Johrei. E isso ocorria através de missio-nários e ministros que partiam do local imbuídos do desejo cultivado por nossos pioneiros.

    Para assistir ao vídeo da construção do Solo Sa-grado de Guarapiranga, acesse:ht tps : / / i zunometv .mess ian ica .org .br /v i -deo?id=436872176

    https://izunometv.messianica.org.br/video?id=436872176https://izunometv.messianica.org.br/video?id=436872176

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    Seguindo a diretriz dedicando com as próprias mãos

    Osonho do então presidente da IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe, teve a força de modificar não somente o projeto arquitetônico do templo do Solo Sagrado de Guarapiranga, mas também a vida de muitas pessoas.

    Segundo o Jornal Messiânico, a construção do Solo Sagrado de Guarapiranga era um tesouro para a fé dos messiânicos. “Definida pelo presidente Tetsuo Watanabe como uma oportunidade única na vida missionária, a participação ativa na construção do primeiro Protótipo do Paraíso Terrestre no Ocidente está movimentan-do todos os messiânicos. Além da prática da fé, que vem sendo intensificada em todos os sen-tidos, muita gente está usan-do a criatividade e inventando

    novas formas de divulgar a parentes, amigos e conhecidos, o significado e a importância dessa grande missão que recebemos da Líder Espiritu-al” (JM, nº 200, ago. 1989, p. 7).

    Ainda nessa edição, o Jornal Messiânico desta-cou iniciativas de diversas unidades religiosas do Brasil que, reunindo a comunidade messiânica, objetivavam gerar recursos para a construção do Solo Sagrado de Guarapiranga. Uma delas, mui-

    to interessante, denominou-se “Campanha do Saco de Cimento”. A inciativa da Casa de Difusão São Gon-çalo no Rio de Janeiro consistiu em motivar o maior número de membros a participar da construção do Solo Sagrado por meio de seu sincero donativo. No entanto, “a participação não se faz através da doação de um saco de cimento, propriamente dito, mas da quantia equivalente a um donativo especial”. À época da matéria, havia mais de 400 mem-bros envolvidos na campanha.

    Praticando o donativo e dedicando com as próprias mãos

    A participação ativa dos membros na construção

    Matéria do JM sobre eventos das igrejas pelo Brasil

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    JM destaca os mutirões no Solo Sagrado

    Convite de evento em prol da construção do SSG

    1. Entrevista concedida à Secretaria de Histórico em 2 de julho de 2019.2. JM nº 227, nov.1991, p. 13.

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    O objetivo, po-

    rém, era atingir a doação equi-valente a 64.800 sacos até o ano de 1991.

    Foram iniciativas como esta que mobilizaram muitos membros e frequentadores, criando de-safios e oportunidades para participarem da construção. Foram numerosos os esforços indi-viduais de messiânicos, que, com criatividade, encontravam formas de também materializa-rem a gratidão mesmo em condições financei-ras adversas.

    Esta dedicação sincera transformou o destino de muitas famílias, conforme o ministro pionei-ro Newton de Souza nos relata a participação dos membros dos quais cuidava na época. “Eu era responsável da Igreja Guadalupe no Rio de Janeiro. Havia cinco unidades ligadas a ela. Lá, a campanha foi difícil. Tivemos muitos desafios,

    porque muitas pessoas eram humildes, não ti-nham dinheiro; mas se empenhavam de coração. [...] Com a campanha, houve membros que foram para a rua vender bala no trem; outros venderam sua bicicleta. Era um sentimento! Lembro que, quando inaugurou o Solo Sagrado, vi uma cena que me emociona até hoje. Uma pessoa de nossa igreja estava abraçada aos pilares dizendo: ‘Gra-ças a Deus, meu tijolinho está aqui!’”1

    Esta lembrança está presente também na me-mória da professora de ikebana Iara Teresinha de Souza, membro do Johrei Center Ilha do Governador, Igreja Vila da Penha, no Rio de Ja-neiro: “Uma doação muito inspiradora foi a do donativo do tijolo. Desenhamos uns tijolos no envelope, e foi muito lindo ver a gratidão de to-dos [os membros] ao colocarem seus donati-vos nos mesmos e irem ao Altar para ofertar”.

    Mais agitada que a própria construção em si, que ocorria em Guarapiranga, estavam as igrejas pelo País. São quase infinitos os exemplos encontrados: bazares, bingos, fes-

    tas dançantes, dentre tantas outras iniciativas. Ainda no JM de agosto de 1989, por exemplo, foi noticiado que “a Igreja Regional Brasília (DF) promoveu, no dia 14 de julho, um animado Bingo Dançante, que aconteceu no Clube da Aeronáuti-ca. A renda obtida foi destinada à campanha de construção do Protótipo do Paraíso Terrestre no Brasil. Ao evento, compareceram mais de 1.000 pessoas entre membros, sociedade brasiliense e autoridades ligadas às embaixadas de várias na-ções” (JM nº 200, ago. 1989, p. 7).

    Já a unidade Vila Mariana, em São Paulo/SP, re-alizou, em 12 de outubro de 1991, o 1º Festival das Nações prestigiado com a presença de cerca de oito mil pessoas que se divertiram “com shows musicais, danças folclóricas, sorteios, exposições de ikebana e cerâmica, bingo, mágico e barracas de sete países. A liderança da festa ficava a cargo do responsável da Igreja, reverendo Koji Saka-moto, e a organização, da reverenda Sirlene de Almeida Souza (1936-2004)”2. Este evento passou a marcar o calendário anual de atividades pro-movidas pela Igreja em São Paulo, sempre com o objetivo de contribuir para com a construção do Solo Sagrado.

    Estes eventos eram feitos com sinceridade e fé que ocorriam orações pedindo permissão antes das reuniões de preparação para que tudo fosse realizado com harmonia e respeito à finalidade

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    3. Depoimento concedido por Iara Teresinha de Souza, membro da Igreja Vila da Penha, Johrei Center Ilha do Governador, cidade do Rio de Janeiro.4. JM 237, set 1992, p. 6.5. JM 237, set 1992, p. 7.6. Depoimento de Abílio Alves da Costa, de São José do Rio Preto/SP, no livro “A edificação do Solo Sagrado”, da Secretaria de Histórico da IMMB, no prelo.

    O Festival das Nações que marcou o calendário de atividades da Igreja em São Paulo

    4 Para assistir ao vídeo sobre a primeira etapa da construção do Solo Sagrado de Guarapiranga, acesse:https : / / i zunometv .mess ian ica .org .br /v i -deo?id=445261719

    do evento. O foco não era a festa, mas sim a obra do Solo Sagrado de Guarapiranga. E geralmente no dia subsequente ao evento, era feita nova ora-ção de agradecimento pela missão cumprida3.

    É fundamental notar que, no início de 1990, o País passou por um plano de mudança econômica e que os altos índices de inflação não eram fato-res favoráveis à execução de tão arrojado projeto. No entanto, era graças à sincera gratidão vivida pelos messiânicos que Guarapiranga foi adquirin-do forma e vida, fosse por meio da dedicação mo-netária ou pela dedicação com as próprias mãos, como estava expresso na própria diretriz da Igreja do ano de 1991: “Participar da construção do Solo Sagrado do Brasil, encaminhando novas pessoas e formando membros, praticando o donativo de construção, dedicando com as próprias mãos é o caminho da nossa salvação.”

    A participação dos messiânicos em atividades de reflorestamento e paisagismo ganhou cara nova com a realização de grandes mutirões que reuniram milhares de pessoas em um único dia de atividade. O primeiro deles ocorreu em 16 de julho de 1992 e contou com a participação de mais de 3.000 pessoas, dentre elas o vice-presi-dente da IMMB, reverendo Katsumi Yamamoto (1933-2012), que encerrou o mutirão com uma oração no local onde estava sendo erguido o Templo Messiânico4.

    O ministro Shigueru Akiba (1953 - 2005), um dos entusiastas dos mutirões e da dedicação de plan-tio, comentou na época: “Temos dedicado junto com nossas esposas e filhos com o sentimento voltado para todos os membros a nós ligados e a toda a comunidade messiânica brasileira. Essa é a forma de manifestar nossa gratidão a Deus e Meishu-Sama e a todos os membros pelo con-

    vívio no dia a dia e pela felicidade crescente que isso nos proporciona”5.

    As dedicações marcaram a história de fé de muitos messiânicos e suas famílias, conforme demonstra o depoimento abaixo sobre estes mo-mentos vividos em Guarapiranga.

    “Houve um final de semana em que se realizou um mutirão. Choveu muito. Vieram de Curitiba 22 caminhões com placas de grama São Carlos. Cada dedicante transportava duas placas por vez. Faziam-se duas a três filas que iam do caminhão até o local de plantio. Cerca de quatro dedicantes ficavam sobre o caminhão e iam retirando as pla-cas de grama e entregando à primeira pessoa da fila que estava embaixo.

    Apesar da chuva, todos dedicavam alegres e com muito amor. Próximo do local do plantio, as placas eram empilhadas. Tinha-se o cuidado de não empilhar muito alto, pois corria-se o risco de desmoronar. [...] Após o plantio era espalha-da terra de barranco peneirada sobre as placas. Era molhada com pipa atrelada ao trator, porém como era insuficiente, muitas vezes os dedicantes iam até a represa para apanhar água com baldes para completar a irrigação. Mesmo chovendo in-tensamente, os dedicantes não arredavam pé, continuando a tarefa até o fim”6.

    A alegria, a gratidão e a sinceridade foram plantadas em nosso Solo Sagrado por cada mem-bro que lá dedicou. Esta, certamente, é a força espiritual capaz de transformar a vida dos que lá dedicam.

    https://izunometv.messianica.org.br/video?id=445261719https://izunometv.messianica.org.br/video?id=445261719

  • 22 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

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    Com as “pedras no caminho”, a construção do Protótipo do Paraíso

    Vista panorâmica do Solo Sagrado de Guarapiranga durante a construção, em 1995

    Relembrando o esforço empreendido por ministros, membros e frequentadores de todo o Brasil que dedicaram de corpo e alma na construção do Solo Sagrado de Guara-piranga, não podemos esquecer as centenas de funcionários que, com o suor de seu trabalho, de-positaram em nosso Protótipo do Paraíso o sen-timento de amor e gratidão a Deus e a Meishu--Sama pela permissão de participarem desta construção. Para tanto, vamos conhecer melhor o artístico ofício dos profissionais de paisagismo que participaram, sobretudo, dos trabalhos em pedra como o lago das carpas, os cursos e as que-das d’água.

    Indicado pelo reverendíssimo Tetsuo Watanabe em 1992, o professor paisagista Tsutomu Kasai, da Faculdade de Arquitetura de Shimizu-Japão, veio em maio daquele ano acompanhar de per-to o paisagismo e ficou impressionado com o en-tusiasmo dos dedicantes. Na época, ele disse ao Jornal Messiânico:

    “Me emocionei com a força e energia das pesso-as que querem construir este Solo Sagrado com sua dedicação pessoal. Para tranquilizar o cora-ção e purificar o sentimento das pessoas como

    um Solo Sagrado é preciso uma beleza indescri-tível, um Belo que nasça do coração e isso está plenamente visível aqui. Se eu puder colaborar ficarei feliz.1”

    Pesquisador do autêntico estilo de jardins ja-poneses, ele apresentou uma nova concepção para o trabalho com pedras, cursos e lâminas d’água. Em dezembro de 1993, já estava con-cluída a base da torre principal do templo e, na reunião da Comissão de Construção com o pre-sidente Watanabe, foi estudada, dentre outros projetos, a forma estética mais harmônica do paisagismo em frente ao Templo. Foram apre-sentados três anteprojetos: construção de dois lagos sendo um deles com 1.400 m² e volume de 800.000 L; duas cortinas d’água de 2 m de altura e 60 m de extensão ao final do Caminho do Pa-raíso, e um córrego desta cortina até a marquise 2, escoando 460 m³ de água através de quatro bombas de recalque2.

    Segundo Kasai relatou anos depois: “Para a im-plantação e o início do projeto, o primeiro pro-

    Segunda fase do trabalho paisagístico

    Professor Tsutomu Kasai junto ao reverendíssimo Tetsuo Watanabe

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 23

    blema que me preocupou muito foi a falta de recursos humanos. Não havia pessoal com trei-namento suficiente para desenvolver as técnicas projetadas. Entretanto, com o passar do tempo, esse problema foi sendo solucionado e, para de-senvolver o trabalho, foram aparecendo pessoas que se mostraram muito competentes.”

    Neste grupo de aprendizes de paisagismo, es-tão profissionais como Marcos Luciano Lopes da Silva, ainda hoje funcionário do Solo Sagrado de Guarapiranga. Ele relata seu encanto pelo traba-lho com pedras que conheceu durante uma se-mana de dedicação de que participou no ano de 1994, em Guarapiranga:

    “Aos dezessete anos, após pedir exoneração no serviço público e ainda sem saber o que faria da vida, em fevereiro de 1994, vim para o Solo Sagra-do. Durante uma semana de dedicação que vim

    fazer no Solo, lembro que parava no viaduto e fi-cava olhando a equipe de paisagismo trabalhan-do no Lago das Carpas. Inicialmente fiquei atraído com o guindaste. Para mim, que nunca havia feito trabalho pesado, ver seu movimento erguendo as pedras me encantou. [...] Quando retornei à mi-nha cidade, tive uma conversa com o reverendo Miguel Lopes, que me perguntou o que eu tinha achado da dedicação em Guarapiranga e falou que estava me preparando para o seminário. Eu respondi: ‘O seminário, eu não quero; mas gosta-ria de dedicar no Solo. Quero trabalhar lá’. E ape-sar de na época ser muito franzino, vim para o Solo Sagrado com a certeza de querer trabalhar no grupo do paisagismo.”

    Hoje, pouco mais de vinte e cinco anos após este primeiro contato, Luciano afirma: “Sinto que devo meu desenvolvimento como ser humano a este grupo de 23 paisagistas, assim como meu crescimento espiritual e minha convicção de fé, que ocorreu também nessa época.3”

    E foram os grandes trabalhos com pedras que melhor marcaram os projetos desenvolvidos pe-los profissionais japoneses e sua equipe. Em 22 de março, toneladas delas foram movimentadas para o acabamento dos lagos e cursos d’água, es-forço que mereceu os cumprimentos e o incenti-vo do presidente Watanabe, que solicitou: “Espe-ro que vocês aprendam a unir a arte do homem à beleza da natureza e possam se tornar grandes paisagistas.4”

    Como destacado pelo Jornal Messiânico (edição 258, jun. 1994, p. 8), muitas pedras também vie-ram do “Mutirão das Pedras”, realizado, em 1º de

    Com o trabalho do guindaste, a força e a sensibilidade dos paisagistas, é construído o Lago das Carpas

    1. Jornal Messiânico nº 2342. Jornal Messiânico nº 253 e nº 2543. Depoimento concedido durante o “Encontro de profissionais que trabalharam na Construção do Solo Sagrado de Guarapiranga”, realizado nos dias 20 e 21 de novembro de 2019, pela Secretaria de Histórico e Divisão de Comunicação, TV Izunome e SEDOMM.

    Escolha de material em pedreira em 25/7/1994

  • 24 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Revmo. Watanabe no encontro com equipe de jovens do paisagismo em agosto de 1994

    Inauguração do lago das carpas da rotatória em 24/4/1994

    Com o anel do Templo ainda em construção, mutirão de dedicação em 25/9/1994

    abril, por 250 jovens do Rio de Janeiro. Os dedi-cantes buscaram pedras que foram aplicadas ao lado do mirante do lago da rotatória, como parte do conjunto paisagístico dos Lagos de Carpas. O ministro Marcos Lopes da Silva, à época respon-sável da Casa de Difusão Santa Cruz, coordenou a dedicação e conta como foi:

    “O paisagista Kimura veio ao bairro de Campo Grande no Rio de Janeiro à procura de pedras de rio de tamanho pequeno. A unidade Santa Cruz fez um mutirão e fretou um caminhão de 5 tone-ladas. Ao ver o material, o paisagista Kasai ficou inspirado e solicitou mais pedras. Convidamos as unidades Vila da Penha, Rocha Miranda, Bangu, Jacarepaguá e Guadalupe, pois tinham grupos de jovens bem atuantes e precisávamos reunir desta vez 14 toneladas. Aproveitando um feria-do levamos cinco ônibus e dois caminhões que se dividiram em dois grupos [...]. O material foi descarregado ao lado da unidade de Itaguaí e de-pois transportado a Guarapiranga por outros ca-minhões fretados pelos membros [...]. Com esse

    servir, cresceu em todos a consci-ência da importância de participar da construção e, no culto de maio, todos foram a São Paulo e parti-ciparam do culto mensal da Sede Central para agradecer a permis-são recebida.5”

    O ineditismo do projeto em exe-cução em Guarapiranga trazia à equipe de técnicos vinda do Japão uma preocupação adicional: traba-lhar de modo que os aprendizes brasileiros de paisagismo pudes-sem especializar-se para depois dar continuidade à manutenção do projeto a longo prazo.

    Em depoimento registrado pela Secretaria de Histórico da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, em

    23 de agosto de 2005, o responsável pela equi-pe se expressou sobre estes desafios enfrenta-dos na ocasião: “Todo esse processo foi gerando uma grande mudança em meu próprio interior e acabei passando a achar que essa dificuldade de relacionamento foi a melhor coisa que pode-ria ter acontecido. Digo isso porque era fato que as pessoas não sabiam como trabalhar, mas ao mesmo tempo, também havia nelas uma grande vontade, um desejo ardente de aprender e re-alizar algo. Esse interesse é que facilitou tudo. Os paisagistas aprendizes de Guarapiranga pa-reciam crianças que aprendiam tudo o que era ensinado, como um deserto que absorve toda a água nele jogada. [...] podíamos ver [em todos] uma fisionomia, uma postura e vontade de tra-balhar que normalmente não se vê na sociedade em geral”.

    O Jornal Messiânico, edição 262, publicou de-poimentos de alguns daqueles jovens aprendizes como o que se segue: “Tornei-me membro em 92. Embora tivesse achado a religião interessante,

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 25

    Aspectos da construção dos lagos do espelho dágua

    4. Jornal Messiânico nº 2595. Depoimento no livro “A edificação do Solo Sagrado”, da Secretaria de Histórico da IMMB, no prelo.6. A sigla SEDOMM significa Secretaria de Documentação e Memória Messiânica.

    foi a união do pessoal que mais me tocou, por ser algo difícil de encontrar hoje em dia. Inte-riormente, mudei bastante. Usava drogas, mas consegui superar o problema me concentrando no trabalho e no Servir. Isso me lembra outro ponto em que mudei muito: antes, fazia meu trabalho sem sentimento algum. Hoje, faço tudo com muito amor, visando o benefício das pessoas” (JM, 262, out. 1994, p. 9).

    No encontro de profissionais que trabalha-ram na construção do Solo Sagrado de Guarapi-ranga, realizado nos dias 20 e 21 de novembro de 2019, pela Secretaria de Histórico e Divisão de Comunicação, TV Izunome e SEDOMM6, Sér-gio Francisco de Barros, ainda hoje paisagista em Guarapiranga, recordou um milagre que re-cebeu nesse período da construção. Durante um ano e meio, ele dedicou integralmente em Guara-piranga. Nem sempre dispunha de alojamento e, por vezes, chegou a dormir no carro para, no dia seguinte, ser um dos primeiros a chegar para as atividades. “Nesse período, eu adquiri um carri-nho de pipoca e, todo final de semana, de sexta a domingo, eu vendia pipoca à noite. Esta foi uma graça que me possibilitou servir durante este tempo, pois garantiu meu sustento.

    Certa vez tive um milagre relacionado a esse carrinho. Eu o montava sempre entre 9 e 10 horas da noite em frente a um bar noturno. Era um sá-bado, após a dedicação, e eu passei no Alojamen-to da Colina e acabei adormecendo às 19 horas e só acordei no dia seguinte. Quando voltei para casa, perguntei a meu pai se ele havia ido em meu lugar, pois dividíamos o trabalho. Ele me disse que também havia adormecido e não tinha ido vender pipoca. Fomos então para nosso ponto

    de vendas [...]; ao chegarmos lá, o funcionário do bar falou: ‘Oh, pipoqueiro, vocês têm sorte’. Per-guntei o porquê e ele respondeu: ‘Veja o ponto de ônibus!’ Na noite anterior, um motorista perde-ra o controle, e o veículo tinha passado por cima do ponto, local onde estaríamos. Compreendo que para eles era sorte, mas para mim aquela foi uma grande proteção que recebemos de Deus e Meishu-Sama. Acredito que esta força e proteção que envolviam a mim e a minha família vinham da oportunidade de participar da construção do Solo Sagrado.”

    Com a liberdade que a licença poética permi-te, parafraseando Fernando Pessoa, foram com as “pedras no caminho” que esta equipe se de-dicou à construção, não de um castelo, mas do sagrado Protótipo do Paraíso para a salvação da humanidade. A edificação do templo caminhava para sua conclusão, e a comunidade messiânica preparava-se para o tão esperado momento da inauguração.

  • 26 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Em torno de 4.500 pessoas participam da oração de consagraçãoO grande momento solene da inaugu-ração: 9 de novembro de 1995. Marco histórico para os messiânicos e para

    a Igreja Messiânica Mundial do Brasil. Nesse dia, às 20 horas, foi celebrada a Cerimônia de Entro-nização das Imagens de Deus e Meishu-Sama. Em seguida, foi realizada a Consagração do Santuário dos Antepassados com o assentamento dos es-píritos dos antepassados dos membros brasilei-ros, que materializaram o sonho de assentar os ancestrais em sua morada no Brasil. O ritual foi dirigido pelo então responsável do Gabinete de Liturgia da Sede Geral do Japão, reverendo Hideo Sakakibara1.

    As Imagens de Deus e Meishu-Sama foram tra-zidas do Japão por uma comitiva de ministros ofi-ciantes. A cerimônia se iniciou com o traslado das Imagens pelos dirigentes da Igreja no Brasil lade-ados por oficiantes que vestiam paramentos litúr-gicos japoneses. Na presença de cerca de 4.500 pessoas, as Imagens foram levadas até o Templo por um cortejo de reverendos e ministros, repre-sentantes de todo o Brasil e do exterior, ao longo de um caminho demarcado por tocheiras que ilu-

    Chegou o grande momento: a inauguração do Solo SagradoA Cerimônia de Entronização e os Cultos de Inauguração

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 27

    minavam a noite serena e silenciosa.Envolvidos por uma aura de fé e gratidão, os

    participantes acompanharam os procedimentos litúrgicos e, após a entronização da Imagem de Deus, o Templo foi iluminado. Durante as orações e a cerimônia, os presentes se sentiram envolvi-dos por um clima indescritível e, em seu agrade-cimento, o então presidente da IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe, afirmou:

    “Quero agradecer a todos os messiânicos que se empenharam de corpo e alma para a concre-tização desta obra. Hoje é a partida para uma nova etapa. A hora chegou! Como instru-mentos de Meishu-Sama e como sacerdotes da salvação vamos, a partir de hoje, con-cretizar o sonho de nosso que-rido Mestre Meishu-Sama” (JM, no. 275, nov. / dez. 1995, p. 11).

    Para o Culto de Inaugura-ção, aberto para a comunidade messiânica e a sociedade, era esperado um grande público. Por essa razão, para recepcio-nar membros, frequentadores e familiares com segurança e conforto, foram oficiados três cultos nos dias 11, 15 e 18 de novembro com as participações do presidente mundial da Igreja Messiânica, reverendo Yasushi Matsumoto (1923 – 2002), e do presidente, reverendo Tetsuo Watanabe (1940 – 2013).

    No dia 11, entre os 42.000 participantes, estive-ram presentes autoridades civis e militares, como o governador do Estado e o prefeito da cidade de São Paulo, além de 600 caravanistas de 24 países. Somando-se as frequências dos dias 15 e 18, a participação nos três cultos teve 120.500 pessoas.

    Tamanha emoção e felicidade eram também sentidas pelos antepassados dos messiânicos pela concretização do Solo Sagrado de Guarapi-ranga conforme relata Madalena Melo do Amaral, membro da cidade de Campo Grande/MS:

    “Sendo membro há vinte anos, passei pelo des-tino de, em um ano, perder pai, mãe, marido e uma neta. Durante o período das obras de Gua-rapiranga, esforcei-me ao máximo nas dedica-ções, mas sempre queria saber como estavam meus antepassados. Participei da campanha do donativo especial sem pedir nada para mim, só queria ter a permissão de ir à inauguração. Minha nora, que estava inativa há algum tempo, desper-tou e sentiu vontade de me acompanhar. Pensei muito em meus antepassados durante a viagem e, quando o ônibus ia estacionando na platafor-ma, olhei pela janela e vi meus pais juntinhos, esperando para me recepcionar. Emocionada, fui descer do ônibus e desviei o olhar para o degrau, mas quando olhei de novo, eles haviam sumido. Imediatamente agradeci a mensagem que espe-rava havia dez anos e senti que meus antepassa-dos estavam bem e tendo a permissão de servir à Obra Divina.2”

    Para a realização dos cultos, milhares de de-dicantes, entre membros e frequentadores, se mobilizaram ocultamente. Dentre eles, exemplos

    Revmo. Tetsuo Watanabe realiza ofertório de gratidão

    Oficiantes vindos do Japão celebram a consagração do Santuário dos Antepassados

  • 28 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Revmo. Tetsuo Watanabe contagia os messiânicos com palavras de gratidão e incentivo nos cultos de inauguração

    Obras de arte criadas pelos artistas Manabu Mabe, Kazuo Wakabayashi e Inimá de Paula, inspiradas pelo Solo Sagrado de Guarapiranga

    concretos de altruísmo, como este relato de supe-ração e fé: “Antes de ser messiânico, eu era uma pessoa que só acreditava no que via e fisicamen-te sofro de problemas renais. No dia 17 de no-vembro, estava inscrito para dedicar no grupo do trânsito. Contudo, à tarde, no trabalho, comecei a sentir fortes dores nos rins que, quando come-çavam, duravam várias horas. Voltei para casa no horário normal, mas a cólica renal continuou au-mentando e telefonei para minha esposa dizendo que talvez não conseguisse dedicar. Ela me acal-mou e disse que eu conseguiria. Sozinho, pensei firmemente: ‘Vou sim, isto deve ser um desafio para eu não me desviar do meu objetivo’. Dali em diante, as dores foram amenizando e, no horário marcado, às 21h30, recebi um telefonema do co-lega que me buscaria dizendo que partiríamos só às 22h30, dando-me mais tempo para melhorar. Fomos para Guarapiranga e, quando estávamos fazendo a oração de abertura da dedicação, per-cebi que já não estava sentindo mais nada. Até dei cambalhotas nas brincadeiras do grupo de tão bem que estava.”

    Para esses dedicantes, foi realizado um culto especial de agradecimento no dia 19 de no-vembro, seguido de uma confraternização na Praça da Felicidade com 3.000 partici-pantes.

    Como expressão mais singela do Belo pre-conizado por Meishu-Sama, seria impossí-vel citar a inauguração do Solo Sagrado sem mencionar a brilhante participação do Coral Messiânico, atual coral Mokiti Okada. As ce-rimônias contaram com a harmônica com-posição de 300 vozes de 24 grupos de corais do Brasil.

    Os pintores Manabu Mabe, Kazuo Wa-kabayashi e Inimá de Paula eternizaram a inauguração de nosso Protótipo do Paraíso, com as cores de suas pinceladas. Inspirados

    em fotografias cedidas pela direção da IMMB, eles criaram quadros inspirados nas paisagens do Solo Sagrado do Brasil. As obras originais foram doadas pelos artistas e compõem, hoje, o acervo da Igreja.

    Um último prédio seria edificado em Guarapi-ranga após a inauguração: o Centro Cultural. Com projeto assinado pelo arquiteto Nelson Badra, sua conclusão ocorreu em setembro de 1997, re-servando seu espaço especialmente para a salva-ção por meio do Belo.

    A missão do Solo Sagrado está perfeitamente expressa na saudação que o reverendo Tetsuo Watanabe dirigiu aos messiânicos, na ocasião:

    “Já somos 300 mil missionários e mais de 2 mi-lhões de adeptos que professam a doutrina mes-siânica ou com ela simpatizam. O Santuário que acabamos de inaugurar é fruto desse esforço despojado, sincero e repleto de gratidão de todos os messiânicos brasileiros. Sinto-me muito feliz e orgulhoso de estar aqui para agradecer-lhes do fundo do coração.

    Foram os senhores que edificaram esta obra. Este santuário é a prova concreta da capacidade,

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    Inauguração marca nova fase da Obra Divina no Brasil

    1. JM 275.2. Depoimento registrado no livro “Edificação do Solo Sagrado de Guarapiranga”, Secretaria de Histórico da IMMB.3. John Kennedy foi o 35º presidente dos Estados Unidos (1961 – 1963).

    da energia, da confiança, da disposição e da boa vontade dos messiânicos brasileiros.

    Esta construção não é somente para nós. Queremos dedicá-la ao povo brasileiro, a todas as nações, certos de que aqueles que aqui chegarem reconhecerão que o amor altruísta é a base para a criação de um Mundo Ideal. Queremos continu-ar crescendo e aprimorando para poder servir mais ainda aos outros países, pro-vando ao mundo que a salvação da huma-nidade vai partir do Brasil e das mãos dos brasileiros.

    Adaptando as palavras do presidente John Kennedy3, quero dizer-lhes o seguin-te: ‘Não perguntemos o que os outros países po-derão fazer pelo bem do Brasil, mas sim o que nós, brasileiros, podemos fazer para sermos úteis a todos os países do mundo’” (JM, nº 275, nov. / dez. 1995, p. 3).

    Este espírito altruísta, essência que permeou a dedicação de milhares de pessoas ao longo dos vinte e um anos da construção, da aquisição do terreno à inauguração, é a vida do Solo Sagrado de Guarapiranga.

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    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    A importância do Solo Sagrado de Guarapiranga para a sociedade

    A preservação e recuperação do meio ambiente

    Nesses 25 anos, o Solo Sagrado estende sua importância não apenas aos messiânicos, mas à sociedade em geral, devido, principal-mente, às ações voltadas para o cuidado com o meio ambiente.

    O Solo Sagrado está situado na Zona Sul da cidade de São Paulo, em um lo-cal de grande relevância ambiental, pois está inserido no bioma da Mata Atlântica e às margens da represa Guarapiranga, que dá nome ao Protótipo do Paraíso Terrestre do Brasil.

    Reduzida a menos de 8% de sua área original, a Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados de extinção do mundo e, por isso, é considerado um hotspot, isto é, uma área natural com eleva-do grau de devastação e fragmentação, em que esses fragmentos abrigam espécies raras de ani-mais e plantas, caracterizando-se como área prio-

    ritária para conservação.A preservação e a recuperação da Mata Atlânti-

    ca são de grande importância para os seres huma-nos, uma vez que contribuem diretamente para a melhoria na qualidade de vida da população. Isso se dá, acima de tudo, por intermédio dos serviços prestados pela natureza nessas áreas. Esses ser-viços ecossistêmicos podem ser de fornecimento de alimentos, água e outros recursos naturais.

    Vista da represa que serve ao abastecimento de água de São Paulo

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

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    Há, também, os serviços de regulação do clima, polinização, purificação da água e o controle bio-lógico de pragas e doenças. Os cientistas afirmam que proteger áreas de floresta pode evitar a ocor-rência de novas pandemias como a causada pela Covid-19, por exemplo.

    O Solo Sagrado de Guarapiranga possui mais de 320 mil metros quadrados com significati-va reserva florestal em área de Mata Atlântica e tem o compromisso de preservá-la. Além disso, o local recuperou uma extensa área que estava degradada, quando foram plantados milhares de árvores durante a primeira fase da sua cons-trução. Muitos membros tiveram a oportunidade de participar do plantio conforme se pôde veri-ficar em nossas matérias das edições anteriores da Revista Izunome. “Ao serem iniciadas as obras do Solo Sagrado do Brasil, a área de 327 mil me-tros quadrados tinha apenas 20% de mata. Esse percentual foi aumentado para 50%” (JM, no. 270, jun. 1995, p. 2).

    Segundo o ministro Hiroshi Ota, gestor da Se-cretaria de Agricultura Natural e Paisagismo do Solo Sagrado de Guarapiranga, nos últimos cin-co anos, este trabalho ganhou novamente ênfase tendo sido plantadas 1.415 árvores de espécies como cerejeira, sibipiruna, ipê, quaresmeira, sa-pucaia e mais de 16.500 pés de arbustos e plantas perenes como minimanacá, azaleia, camélia, hor-tênsia, lavanda, lírio, íris, primavera etc.

    Além de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica para a humanidade, o Solo Sagrado tem um cuidado especial com a represa Guarapiranga, que é a segunda maior reserva de água da Região Metropolita-na de São Paulo, responsável pelo abastecimento de cerca

    de cinco milhões de pessoas. As ações de reflo-restamento realizadas pelo Solo Sagrado contem-plaram também a recuperação de nascentes, por meio da mata ciliar, que é a cobertura vegetal às margens de rios, olhos d’água e represas. As ma-tas ciliares permitem aumentar a produção da água e manter sua qualidade.

    Pensando no uso consciente de um recurso natural tão importante como a água, o Solo Sa-grado possui sistemas de captação de água das chuvas nas marquises, refeitórios, alojamentos e na Nave. Além disso, o piso intertravado possui suaves cortes que possibilitam uma melhor dre-nagem do solo e, desse modo, a água das chu-vas é escoada para a represa, por meio da escada hidráulica, que serve também como uma barrei-ra aos resíduos vegetais que escoam por canos subterrâneos. É uma escada de cimento com uma grade para filtrar eventuais detritos e diminuir a velocidade e o impacto sobre a represa, principal-mente quando chove.

    Apesar desta não ter sido, à época, uma exigên-cia para a execução das obras, a Igreja optou pela construção de uma estação elevatória para reco-lher e bombear o esgoto do Solo Sagrado sete quilômetros até integrar a rede pública de sane-amento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

    As ações para evitar a poluição se estendem ainda no tratamento adequado dos resíduos sóli-dos. O Solo Sagrado realiza a coleta seletiva des-de 1995. É feita a triagem desses resíduos que, depois, são comercializados para empresas da

    região, seguindo para a recicla-gem.

    Os resíduos orgânicos do re-feitório são tratados por um sis-tema de biodigestão, tecnologia

    Plantio de árvore por representantes religiosos

    Participantes do seminário “Represa de Guarapiranga: 100 anos em busca de sua harmonia”, realizado em 2006

    Em 4 de junho de 2006, ocorreu o evento “Abraço simbólico na represa de Guarapiranga”

  • 32 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    SECRETARIA DE HISTÓRICO

    Esta matéria é fruto da colaboração da mes-siânica Fabiana Barbi Seleguim. Desde a inauguração em 1995, ela começou a participar das caravanas mensais de limpeza e conserva-ção do Solo Sagrado com os membros do seu Johrei Center.

    “Fazíamos a limpeza dos banheiros, alojamen-tos, orla, pórtico, estacionamento dos ônibus; enfim, onde fosse preciso. Impressionava-me o cuidado que se tinha com a represa de Guara-piranga. Não podíamos deixar nenhum papel-zinho no chão, pois isso poderia poluir a água. Sem contar a separação do lixo e a reciclagem, algo que nunca tinha visto até então. A primeira vez que plantei uma árvore foi no Solo Sagrado, no programa de recuperação das nascentes. Todo esse cuidado com o meio ambiente que aprendi despertou em mim o interesse em tra-balhar na área ambiental.”

    Assim, ela formou-se em sociologia pela Uni-

    camp, em 2002, com ênfase em sociologia am-biental. Depois, fez mestrado em ciência am-biental pela USP e doutorado em ambiente e sociedade pela Unicamp. Desenvolveu pesqui-sas na York University (Canadá), Fudan Universi-ty (China) e San Francisco State University (EUA). Atualmente, é pesquisadora de pós-doutorado no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp.

    Em vinte anos de dedicação, Fabiana observa como a postura do Solo Sagrado em relação ao meio ambiente transformou as atitudes de to-dos que passam por lá: “No início da dedicação, em 1995, encontrávamos embalagens, papéis e bitucas de cigarro no chão e no estacionamento dos ônibus. Com o passar do tempo, a mudan-ça foi nítida. Hoje é quase impossível encontrar lixo no chão. O Solo Sagrado é um exemplo para toda a sociedade de como cuidar do meio ambiente com respeito e amor”, conclui.

    Materiais descartados são enviados para reciclagem e escada hidráulica protege a represa de detritos

    desenvolvida pela Korin Meio Ambiente, por meio do qual em 24 horas se verifica uma redução de cerca de 90,9% de seu volume, e o material resi-dual é reutilizado como composto para horta ou jardinagem dentro do próprio Solo Sagrado.

    Há, igualmente, um modelo de construção susten-tável no Solo Sagrado, o Alojamento da Colina, que foi apresentado na edição 145 da Revista Izunome.

    Além de educar seus visitantes pelo exemplo, o Solo Sagrado promove ações de conscientização ambiental junto à sociedade e aos moradores do

    entorno do local. O trabalho ambiental do Solo Sagrado é referência e, por essa razão, institui-ções de ensino, de pesquisa e do poder público realizam visitas frequentes para conhecimento e aprendizado.

    Com a missão de servir à sociedade e ao meio ambiente, o Solo Sagrado é um exemplo real de respeito ao divino, integrando o ser humano e a Grande Natureza. Este legado abre caminhos para, no futuro, ser contada a trajetória de outros 25 anos de vida e de serviço prestados ao planeta.

  • 25 anos do Solo Sagrado de Guarapiranga

    EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 33

    Após as cerimônias de entronização da Imagem da Luz Divina e de inaugura-ção do Solo Sagrado de Guarapiranga, em novembro de 1995, celebramos os Cultos de Consagração em outubro de 1998.

    Desde a aquisição do terreno em 1974, passando pela autorização da edificação de um Solo Sagrado em 1985, a trajetória desta construção como pro-tótipo do Paraíso Terrestre contou com as visitas da filha de Meishu-Sama, Itsuki Okada, a terceira Líder Espiritual, ao Brasil. Assim sendo, relatare-mos sua última visita ao nosso País, em 1998, para celebrar, nos dias 10 e 11 de outubro, os Cultos de Consagração do Solo Sagrado de Guarapiranga.

    A Cerimônia de Consagração do Solo Sagrado de Guarapiranga

    Itsuki Okada, terceira Líder Espiritual

    No dia 8 de outubro, Sandai-Sama, com sua co-mitiva, acompanhada de reverendos e ministros da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, passeou por Guarapiranga. Era seu primeiro contato com nosso Solo Sagrado desde sua última visita em setembro de 1985. Desejando saber sua impres-são sobre possíveis pontos a serem adequados em Guarapiranga para que de fato fosse um Protótipo do Paraíso tal como os idealizados por Meishu-Sama, no Japão, o então presidente da IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe, pediu-lhe que os orientasse durante o passeio.

    Segundo o JM (no 306, out./nov. de 1998, p. 3) “um dos momentos especiais do passeio foi quando

    A alegria de Sandai-Sama na consagração do Solo Sagrado de Guarapiranga

  • 34 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

    ela percorreu o caminho ladeado pelas lâminas d’água, nas proximidades do Templo. A Líder Es-piritual não conseguia disfarçar sua admiração pela beleza do local, valorizada pela paisagem magnífica da represa, que de lá se descortina”.

    A visita terminou no lago das carpas, onde Itsuki Okada, dirigindo-se aos presentes, disse: “Não precisa mudar nada! Sinto que tudo aqui foi cons-truído pelas mãos de Meishu-Sama. Neste Solo Sagrado estão reunidos os três Solos Sagrados do Japão – Atami, Hakone e Kyoto. Só Meishu-Sama seria capaz disso.”

    Nos dias 10 e 11 de outubro, o Solo Sagrado de Guarapiranga recebeu cerca 103.000 pessoas de todos os estados brasileiros e de 26 países: da Ásia – Japão, Síria e Líbano; da Europa – Portugal, Itália, Grécia, Alemanha, França, Áustria, Espanha, Holanda e Inglaterra; da América do Norte – Estados Unidos e México; da América Central – Cuba e Costa Rica; da América do Sul – Argentina, Bolívia, Peru, Uruguai, Colômbia, Chile, Venezuela e Paraguai; da África – África do Sul e Angola; da Oceania – Austrália.

    Em sua palestra, a Líder Espiritual falou de sua emoção ao voltar ao Brasil e sentir a presença de Meishu-Sama na beleza de nosso Solo Sagrado.

    “Quanto mais se olha, mais se percebe o seu maravilhoso acabamento. É algo realmente emo-cionante. É realmente como se Meishu-Sama ti-vesse orientado a concepção arrojada, enfim, todo o projeto da construção deste Solo Sagrado.

    A atmosfera do Templo, a nave, que é cerca-da por essas imensas colunas e tem o céu como teto, o Caminho do Paraíso, que nos conduz ao Templo, tudo é maravilhoso. Fiquei muito emo-cionada ao percorrer o Caminho do Paraíso. O som da queda d’água, a pureza que nos invade a alma quando passamos pelos espelhos d’água. Todo o Solo Sagrado expressa claramente o princípio da ultrarreligião, característica da Igre-ja Messiânica Mundial. Sua beleza harmônica, primor e elevação espiritual não ficam nada a dever ao Solo Sagrado do Japão” (JM 306, out. / nov. 1998, p. 8).

    Após a cerimônia religiosa, a filha de Meishu-Sa-ma e sua comitiva foram aclamadas pelos messi-ânicos que lotavam a orla da represa e em coro repetiam: “Sandai-Sama, cadê você? Eu vim aqui só para te ver”. Nos dois dias de culto, ela percor-reu, em carro aberto, o caminho que vai do Tem-plo à Praça da Paz, na entrada do Solo Sagrado. Segundo o JM “o cortejo simbolizou uma viagem missionária da Terceira Líder Espiritual pelo mun-do, a partir do Brasil, como forma de reconfirmar a missão dos messiânicos brasileiros na difusão da fé em âmbito mundial”.

    Como eventos comemorativos da visita, no dia 10, foi inaugurada, na Praça da Paz, a placa co-memorativa do Culto de Consagração do Solo Sa-grado de Guarapiranga e, no dia seguinte, foram plantadas árvores no mesmo local.

    Em sua visita, a terceira líder

    conheceu as dependências do

    local e passeou de carro aberto

    A placa comemorativa foi inaugurada na Praça da Paz

    SECRETARIA DE HISTÓRICO