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RELATORIA DO DIREITO HUMANO À EDUCAÇÃO Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2013. Excelentíssimo Senhor José Queiróz, Prefeito de Caruaru, c/c Sr. Weson Santos, Secretário de Educação, A Relatoria do Direito Humano à Educação, é uma iniciativa vinculada à Plataforma DHESC Brasil, uma articulação de 34 articulações e redes de direitos humanos, que conta com o apoio da Unesco, do Programa de Voluntários das Nações Unidas, da Procuradoria Federal do Cidadão, das agências de cooperação internacional EED, Fundação Ford e ICCO e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A Relatora, eleita por entidades de educação de todo o Brasil para o mandato 2009-2011 é a educadora Rosana Heringer, professora da UFRJ. O Assessor é o advogado Márcio Alan Menezes Moreira. Recebemos relato da Associação dos/as Trabalhadores/as em Educação de Caruaru, associação privada sem fins lucrativos, acerca da aprovação do novo Plano de Cargos, Carreira, Desenvolvimento e Remuneração - PCCDR dos profissionais da Educação do Município de Caruaru. Porém, as informações dão conta de uma série de vícios na

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Page 1: Solicitação de informações

RELATORIA DO DIREITO HUMANO À EDUCAÇÃO

Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2013.

Excelentíssimo Senhor José Queiróz,

Prefeito de Caruaru,

c/c

Sr. Weson Santos,

Secretário de Educação,

A Relatoria do Direito Humano à Educação, é uma iniciativa vinculada à

Plataforma DHESC Brasil, uma articulação de 34 articulações e redes de

direitos humanos, que conta com o apoio da Unesco, do Programa de

Voluntários das Nações Unidas, da Procuradoria Federal do Cidadão, das

agências de cooperação internacional EED, Fundação Ford e ICCO e da

Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A Relatora, eleita por entidades

de educação de todo o Brasil para o mandato 2009-2011 é a educadora

Rosana Heringer, professora da UFRJ. O Assessor é o advogado Márcio Alan

Menezes Moreira.

Recebemos relato da Associação dos/as Trabalhadores/as em

Educação de Caruaru, associação privada sem fins lucrativos, acerca da

aprovação do novo Plano de Cargos, Carreira, Desenvolvimento e

Remuneração - PCCDR dos profissionais da Educação do Município de

Caruaru. Porém, as informações dão conta de uma série de vícios na

Page 2: Solicitação de informações

confecção do texto legal, tanto de aspectos de legalidade duvidosa, quanto a

um processo de aprovação sem diálogo algum com a categoria interessada.

Como exemplo, nos foi relatado que o Plano foi aprovado na Câmara de

Vereadores via Convocação Extraordinária no último dia 31 de Janeiro de

2013, sem qualquer diálogo com os trabalhadores de educação. O relato ainda

apresenta as seguintes denúncias quanto ao projeto de lei:

1. Desrespeito à decisão do Supremo Tribunal Federal na ADI 4167 sobre

o piso salarial do/a Professor/a, uma vez que integraliza no vencimento

gratificação de regência garantida no PCC anterior (Art. 43 do Projeto);

2. Avaliações permanentes dos profissionais do magistério, realizada por

uma Comissão de Avaliação de Desempenho, formada majoritariamente

por representantes governamentais, deslocados da realidade de sala de

aula dos/as Professores/as, o que instaura clima de insegurança entre

eles bem como é ineficaz para as avaliações pretendidas (Art. 30 do

Projeto);

3. Retrocesso em relação ao Plano de Cargos e Carreiras anterior,

estendendo o período de apreciação dos pedidos de Progressão por

Elevação de Nível Profissional, antes previsto para 90 dias e, no atual

projeto, aumentado para 120 dias;

4. Fatores de avaliação de desempenho do cargo amplos e ineficientes

para aferi-lo, a exemplo da anacrônica expressão “urbanidade” dentre os

critérios apresentados no projeto (Art.7º do Projeto)

5. Flexibilização da estabilidade dos/as Professores/as, ao admitir a

possibilidade de exonerar Professores estáveis diante do “excesso de

despesa com pessoal”, numa patente violação à Constituição Federal,

Art. 169;

6. Desestímulo à formação continuada dos/as Professores/as, concedendo

prazos exíguos de licença para qualificação profissional, por exemplo,

concedendo no máximo três meses para Pós-Graduação Stricto Sensu

(Mestrado), cuja duração é, em verdade, de 24 meses. Além disso,

contraria Lei específica sobre concessão de licenças para servidores

públicos, LC 3.591/93, que estipula para este mesmo curso 30 meses de

licença.

Page 3: Solicitação de informações

Ressaltamos que alguns pontos, como o de número 02 é sempre preciso

garantir o deivido processo legal, de forma a não termos disposições que

acabem por servir como forma de punição ao servidor por critérios amplos e

gerais. Além do art. 9ª da lei, que trata de hipótese constitucional de exceção,

não aplicável diretamente ao caso dos professores municipais.

Os pontos que acima transcrevemos devem ser discutidos amplamente

com a categoria interessada, como forma de garantir aplicação de disposições

legais constitucionais e infraconstitucionais, bem como de servir como estímulo

à carreira.

Consideramos prudente que não haja qualquer ato de sanção ou veto,

antes da realização desse diálogo. É do intuito do sistema democrático a

construção do consenso como forma de efetivar direitos e criar obrigações,

medidas de cunho arbitrário somente contribuem para situações extremas, que

causam gravames à comunidade escolar.

Dessa forma, solicitamos que sejam garantidos espaços

democráticos de diálogos e construção coletiva (prefeitura e

trabalhadores) de alterações à lei ora questionado, de forma que o Poder

Executivo possa, uma vez tendo confeccionado as alterações ao plano de

forma participativa, encaminhar projeto de lei com a devida legitimidade à

Câmara Municipal.

Requeremos ainda que as informações do aqui relatada sejam

prestadas em prazo não superior a 15 dias, conforme Lei 9051/95, ao e-mail:

[email protected]

Certos da compreensão, renovamos votos de estima e apreço.

Rosana Heringer

Relatora do Direito Humano à Educação

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Márcio Moreira

Assessor