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SOL E MAR CAPÍTULO 002
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Sol e Mar
Novela de Henrique Sebastião
Santos
Escrita por Henrique
Sebastião Santos
Colaboração: Édson Dutra
Supervisão de texto: Édson Dutra
CENA 01. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Bernardo
segura Flávia, para ela não cair no chão. O
cinegrafista está filmando tudo.
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FLÁVIA: - Obrigada, mas eu estou com pressa sim.
Preciso entrevistar um surfista que acaba de
chegar e eu preciso ir até ele rapidamente.
BERNARDO: - E ele se chama Bernardo Moraes?
FLÁVIA: - Esse mesmo. Você conhece?
BERNARDO: - Sou eu.
Flávia ri, surpresa.
FLÁVIA: - Ah, é você?
BERNARDO: - Sim. O próprio.
FLÁVIA (a Zeca): Zeca, vamos gravar logo ali.
BERNARDO: - Vamos fazer a entrevista agora?
FLÁVIA: - Sim. Algum problema?
BERNARDO: - É que eu cheguei com fome... Se
importa de esperar um pouco pra mim fazer um
lanche?
FLÁVIA: - Pior que eu também estou com fome...
BERNARDO: - Tenho uma companhia para matar a fome
então.
FLÁVIA: - Ok. (a Zeca) Zeca, uma pausa pro lanche.
ZECA: - Pausa? A gente nem começou...
FLÁVIA: - Você entendeu. Vamos lanchar, depois a
gente grava.
CENA 02. AEROPORTO. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT.
NOITE.
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Bernardo e Flávia estão lanchando em uma mesa,
enquanto Zeca está no balcão.
BERNARDO: - Você é da RioEsportes então?
FLÁVIA: - Sou sim, mas entrei na equipe há poucos
dias... Sou nova aqui no Rio.
BERNARDO: - Sério? Que legal. Você é de onde?
FLÁVIA: - Cordeiro.
BERNARDO: - Humm...
FLÁVIA: - E você, é daqui do Rio?
BERNARDO: - Nascido e criado na Zona Sul.
FLÁVIA: - Mauricinho carioca então?
BERNARDO: - Muito pelo contrário. Não nasci em
berço de ouro não. Perdi meus pais muito cedo.
Tínhamos uma vida boa, mas não de riqueza. Tive
que aprender a me virar sozinho. Contei com a
ajuda de amigos... O esporte é que me deu um rumo,
sabe?
Enquanto Bernardo fala, Flávia presta atenção
nele, interessada na história do rapaz e também um
pouco encantada com a beleza dele.
BERNARDO: - Se não fosse o surfe, não sei o que
seria de mim.
FLÁVIA: - Você não seguiu os estudos, faculdade?
Não pensou em ser outra coisa na vida, uma outra
carreira?
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BERNARDO: - Eu cheguei a completar o segundo grau.
Mas nunca me imaginei longe do mar, das ondas...
Com o surfe consegui juntar uma grana, comprei um
apartamentinho, vivo bem sabe. Sem grandes
caprichos, mas do meu jeito.
Zeca se aproxima dos dois.
ZECA: - Vamos gravar logo, Flávia? Eu não quero
chegar mais tarde ainda em casa. Lá no bairro não
dá pra vacilar.
FLÁVIA: - Claro, vamos sim. Você se importa,
Bernardo?
BERNARDO: - Claro que não. Vamos lá.
CENA 03. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE.
Osvaldo e Aline estão deitados na cama,
abraçados, enrolados nos lençóis.
ALINE: - Você hoje estava diferente...
OSVALDO: - Problemas.
ALINE: - Em casa?
OSVALDO: - Meu filho não me dá sossego.
ALINE: - O que ele fez? Se meteu com a polícia?
OSVALDO: - Ele ainda não tomou um rumo na vida.
Tem 19 anos e não sabe o quer da vida. Aliás, ele
até sabe. Só quer ficar vadiando na praia, nessa
porcaria de surfe...
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ALINE: - Ele é um adolescente, Osvaldo. Normal na
vida dele.
OSVALDO: - Normal seria se ele se interessasse
pelo futuro dele. Falei que ele iria trabalhar
comigo no escritório. Foi guerra lá em casa.
ALINE: - Você quer forçá-lo numa coisa que ele não
se identifica.
OSVALDO: - Ele é o meu filho e eu sei bem o que é
bom pra ele e o que não é. Ele não tem idade nem
cabeça pra decidir sobre isso. E se eu disse que
ele vai largar esse surfe e trabalhar comigo é
porque vai e pronto.
ALINE: - Calma, calma... Vamos deixar esse assunto
pra depois... Agora eu tenho algo mais
interessante pra gente falar. Ou melhor, fazer...
Aline beija Osvaldo. Os dois se abraçam
intensamente.
CENA 04. AEROPORTO. INT. NOITE.
Flávia entrevista Bernardo.
FLÁVIA: - Então, Bernardo, você conseguiu o
terceiro lugar no campeonato do Havaí. É a sua
melhor marca na carreira?
BERNARDO: - Certamente sim. O campeonato do Havaí
é um dos mais disputados e concorridos do mundo,
onde surfistas dos mais altos níveis se enfrentam.
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Eu me preparei muito para chegar lá e é muito
gratificante conseguir essa classificação.
FLÁVIA: - Você acha que o surfe no Brasil é
reconhecido?
BERNARDO: - O surfe tem no Brasil muitos adeptos.
Temos grandes atletas, competições importantes,
mas com certeza, falta um incentivo maior para que
nós possamos disputar cada vez mais competições
internacionais, como essa do Havaí.
FLÁVIA: - Quais os seus novos projetos?
BERNARDO: - Eu vou treinar mais, me preparar
bastante. Focar no campeonato mundial em Bali. Mas
pra isso eu também preciso de patrocínio.
FLÁVIA: - Então Bali é o próximo desafio...
BERNARDO: - Não só Bali... Agora mesmo me surgiu
um novo objetivo em mente.
FLÁVIA: - Como assim? Lembrou de um novo
campeonato?
BERNARDO: - Na verdade não é bem um campeonato
(segura a mão de Flávia), mas eu sei que vou ter
batalhar pra conquistar o que eu pretendo.
Flávia se surpreende. Bernardo e ela trocam
olhares.
FLÁVIA (retira a mão / sem jeito): - Bem, obrigada
Bernardo pela entrevista e boa sorte pra você nos
seus próximos desafios.
BERNARDO: - Eu que agradeço a atenção de vocês.
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Flávia faz sinal para Zeca, que desliga tudo.
FLÁVIA: - Pronto, Zeca. Obrigada.
ZECA: - Nenhuma tomada mais?
FLÁVIA: - Não, está tudo ótimo assim. Podemos
ir...
Zeca organiza o material.
BERNARDO: - Você leva jeito pra isso mesmo.
FLÁVIA: - E você também leva jeito pra outras
coisas... Safado.
BERNARDO: - Não quero que você me interprete mal/
FLÁVIA: - Eu te interpretei muito bem, seu
Bernardo. Parabéns pela sua conquista no Havaí,
mas esse seu novo objetivo, acho muito difícil de
conseguir.
BERNARDO: - Será?
FLÁVIA: - Prepotente.
BERNARDO: - Eu já não chamo isso de prepotência,
mas sim de confiança.
FLÁVIA: - Chame do que você quiser... Tenha uma
boa noite.
BERNARDO: - Com certeza eu terei. E desejo o mesmo
pra você.
FLÁVIA: - Vamos Zeca. Vamos embora.
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Flávia sai apressada. Zeca vai logo atrás.
Bernardo a observa.
CENA 05. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER.
Imagens do rio de Janeiro ao amanhecer. Belo
dia de sol.
CENA 06. APTO FLÁVIA E TATIANA. SALA. INT. DIA.
Flávia e Tatiana conversam enquanto tomam
café.
TATIANA: - Ele deu em cima de você?!
FLÁVIA: - Na maior cara de pau, em plena
entrevista!
TATIANA: - Sujeito de atitude...
FLÁVIA: - Atitude? Eu chamo isso de
descaramento!... O cara se acha só porque ganhou
uma medalhinha lá fora... Sujeito insignificante,
isso sim que ele é.
TATIANA: - Se ele é tão insignificante, porque
deixou você assim, tão mexida?
FLÁVIA: - Eu? Mexida?
TATIANA: - Sim, Flávia. Você. Está toda em
polvorosa porque ele deu em cima de você.
FLÁVIA: - Estou assim porque fui assediada no meio
do meu trabalho, Tati!
TATIANA: - Parece que está sim porque gostou.
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FLÁVIA: - Eu gostei?
TATIANA: - Gostou. Você não parou de falar nesse
Bernardo desde que chegou ontem à noite e agora no
café...
FLÁVIA: - Será que eu gostei?
TATIANA: - Tá na cara que sim.
FLÁVIA: - Ai Tati, agora você me deixou confusa...
TATIANA: - Você não tem jeito mesmo, Flávia.
Continua a mesma da época do colégio, lembra?
FLÁVIA: - Nem me fala...
TATIANA: - A paixonite pelo Fredy.
FLÁVIA: - Ai, não fala nesse garoto! Como eu pude
gostar dele?
TATIANA: - A gente não escolhe, quem escolhe é o
coração. E contra ele, não há quem consiga
lutar...
FLÁVIA: - Hum, falou a apaixonada... E você e o
Márcio, como estão?
TATIANA: - Melhor impossível!... O Márcio é um
homem completo, sabe? Gentil, carinhoso,
romântico, profissional, focado naquilo que ele
quer. Eu admiro muito isso nele.
FLÁVIA: - Você teve sorte, amiga. Já eu, no amor
sou zero à esquerda...
TATIANA: - Não fala assim... O Bernardo gostou de
você.
FLÁVIA: - Quando eu tento esquecer isso você me
lembra, Tati?
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Tatiana ri.
CENA 07. CASA ADALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
Adalberto e Janine tomam café. Gilda está
parada, próxima da porta.
JANINE: - Então você fechou bons contratos, papai?
ADALBERTO: - Sim, minha filha. A Power Sport vai
trabalhar ainda mais esse ano. E isso é muito bom.
JANINE: - Você chegou a ver na internet as notas
que saíram sobre você?...
ADALBERTO: - Não.
JANINE: - Disseram que você estava envolvido na
fraude dos resultados do campeonato estadual de
futebol juvenil.
ADALBERTO: - E você perde tempo lendo essas
porcarias, Janine? Você sabe que a imprensa não
gosta de mim, que eles implicam comigo!...
JANINE: - Mas papai/
ADALBERTO: - Eu não tenho nada a ver com essa
história. É mais um bando de mentiras que inventam
a meu respeito. (olha o relógio) Agora eu preciso
ir.
JANINE: - Mas você nem terminou o seu café.
ADALBERTO (levantando-se): O trabalho me chama,
Janine. Beijos filha, tenha um bom dia.
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Adalberto sai apressado. Janine fica um pouco
cabisbaixa. Gilda se aproxima.
GILDA: - Não fica assim, Janine. Seu pai é um
homem muito ocupado.
JANINE: - Eu sei Gilda. Ele está sempre em volta
com os negócios, com as finanças. Só queria que
ele também tivesse mais tempo pra mim...
GILDA: - Oh, minha filha...
JANINE: - Eu já deveria ter me acostumado, não é?
GILDA: - Seu pai te ama. Ama muito.
JANINE: - Mais do que os negócios dele?
GILDA: - Mas é claro!
JANINE: - Eu vou ligar pra Melissa. To precisando
sair.
GILDA: - Faça isso mesmo, Janine. Vai passear,
arejar a mente, pensar em coisas boas.
Janine abre um sorriso para Gilda, que
retribui.
CENA 08. ACADEMIA SOLARIS. INT. DIA.
A academia já está com bom movimento de
pessoas. Adriano está tomando suco quando Débora
chega.
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DÉBORA: -Bom dia, Adriano.
ADRIANO: - Bom dia, Débora!
DÉBORA: - Bora trabalhar?
ADRIANO: - Sim, eu só vou comer meu sanduíche que
está vindo e aí/
DÉBORA: - Não, Adriano! Não podemos perder tempo!
ADRIANO: - Mas Débora, eu preciso comer!
DÉBORA: - Não, não, não... Comer, come depois. Tem
um monte de alunas lá querendo fazer suas séries.
Adriano olha. São belas mulheres, com roupas
justas, insinuantes.
ADRIANO: - Pelo visto, elas querem é fazer outra
coisa comigo, isso sim...
DÉBORA: - Sua vida pessoal não me interessa,
Adriano. Vá lá e ajude as moças. Vai, vai. Eu
guardo o seu sanduiche pra ninguém pegar.
ADRIANO: - Mas Débora!
DÉBORA: - Vai Adriano, vai lá!
Adriano sai. Débora o observa. A garçonete
entrega o sanduíche.
DÉBORA: - É de quê?
GARÇONETE: - Peito de peru defumado.
DÉBORA: - Adoro!...
Débora come o sanduíche.
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CENA 09. PRAIA. EXT. DIA.
Bernardo pega ondas na praia. Na areia, Tomás
e Cissa acenam para ele. Bernardo sai do mar e se
encontra com os amigos.
TOMÁS: - Saiu cedo, nem passou lá em casa!
BERNARDO: - Não queria atrapalhar o casal.
CISSA: - Você não atrapalha em nada, Bernardo...
TOMÁS; - Ontem você tava cansado, nem perguntei
muita coisa da viagem. Mas fala aí, como foi tudo?
BERNARDO: - Cara, o Havaí é o paraíso!... Muita
onda, dia bonito...
CISSA: - Mulheres bonitas também, aposto.
BERNARDO: - Sabe que eu nem prestei muito atenção
nisso... (risos)
TOMÁS: - Pra cima da gente, Bernardo? O garanhão
das areias do Rio deve ter arrasado corações lá no
Havaí. Aposto.
BERNARDO: - Pois você acaba de perder a aposta.
Fiquei sozinho lá no Havaí. Me dediquei apenas
para o campeonato.
CISSA: - Fez bem, Bê. Fiquei orgulhosa de você.
BERNARDO: - Valeu Cissa... E eu fico muito grato
pelo apoio de vocês. Sem o dinheiro da loja, eu
não conseguiria chegar onde cheguei.
TOMÁS: - Que isso parceiro. Você meu amigão. Sabe
que pode contar comigo, sempre.
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Cissa, olhando no mar, se impressiona com o
que vê. Tomás percebe.
TOMÁS: - O que foi, Cissa?
CISSA: - Gente, tem um garoto pegando onda lá...
Tô pasma!
Bernardo e Tomás também olham. É Igor quem
está surfando e dando show na água.
BERNARDO: - Cara, o garoto é fera mesmo.
TOMÁS: - Não tinha visto ele por aqui antes...
CISSA: - Nem eu...
Igor sai da água. Bernardo vai ao encontro
dele.
BERNARDO: - Cara, que foi isso que você fez?
IGOR: - Ah, nem foi nada...
BERNARDO: - Você deu um show, meo... (estende a
mão) Me chamo Bernardo.
IGOR (cumprimentando): - Igor.
Os dois se mostram simpáticos.
CENA 10.POWER SPORT . ESCRITÓRIO. INT. DIA.
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Adalberto entra no escritório, vai em direção
a sua sala.
ADALBERTO: - Lucinha, marque na minha agenda uma
reunião com o Gregório, por favor. Preciso
conversar urgentemente com ele.
LUCINHA: - Sim, doutor Adalberto.
Adalberto vai entrando em sua sala, quando
Sandro o chama.
SANDRO: - Doutor Adalberto!
ADALBERTO: - Diga Sandro o que você quer, porque
eu estou muito ocupado agora.
SANDRO: - Eu tenho aqui os relatórios que o senhor
me pediu antes de ir viajar.
Sandro entrega os papéis para Adalberto, que
dá uma olhada rápida.
SANDRO: - Estão aí todos os dados do último
contrato que fizemos com a equipe de handboll de
São Paulo e/
Adalberto atira os papéis no rosto de Sandro,
que fica totalmente sem reação. Lucinha observa
tudo surpresa.
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ADALBERTO: - Eu nunca vi algo tão grotesco, mal
feito, em toda minha vida.
SANDRO: - Doutor Adalberto, eu fiz tudo como o
senhor pediu/
ADALBERTO: - Eu não pedi uma porcaria dessas! Eu
deveria era te colocar na rua, por causa dessa sua
incompetência. Mas eu não vou fazer isso, porque
sou uma pessoa muito piedosa. Refaça esse
relatório e me entregue ainda hoje.
SANDRO: - Claro.
ADALBERTO: - Agora junte esse lixo que você fez e
suma da minha frente... Paspalho.
Adalberto sai, entra na sala. Sandro fica
totalmente arrasado, se abaixa para juntar os
papéis. Lucinha o ajuda.
LUCINHA: - Ele não precisava ter feito isso.
SANDRO: - E olha Lucinha que eu só não saio daqui,
porque eu preciso muito desse emprego. Minha mãe
doente em casa, não posso deixar de pagar os
remédios para ela. Mas isso que eu ouvi, ninguém
merece ouvir. Ninguém.
CENA 11. CALÇADÃO BEIRA DA PRAIA. EXT. DIA.
Melissa e Janine caminham, conversando.
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MELISSA: - Aí, quando eu fui falar com ele, ele
disse que estava ocupado, que tinha um compromisso
e que não poderia tomar um suco comigo.
JANINE: - Aí você desencanou...
MELISSA: - Tá louca?! Melissa Guimarães Ferreira
nunca desencana de nada, meu bem! Ainda mais se
for de homem bonito e rico!... Eu ainda pego esse
Éric. Você vai ver.
JANINE: - Eu não quero é ver!... (risos) Ai,
Melissa, só você mesmo pra me fazer rir.
MELISSA: - É mesmo. To sentindo você tão down, tão
pra baixo...
JANINE: - Ai, meu pai que não tem tempo pra mim.
MELISSA: - Ah, deixa de ser boba, Janine. Teu pai
te ama. Te dá tudo do bom e do melhor.
JANINE: - Mas eu não quero só o material. Eu quero
carinho, afeto...
MELISSA: - Você está precisando de carinho sim,
mas não de pai. E sim de namorado!
JANINE: - Lá vem você com isso!
MELISSA: - Mas é sério, amiga! Há quanto tempo
você não beija na boca?
JANINE: - Ah, a última vez foi na festa da Gabi.
MELISSA: - E isso faz mais de duas semanas! É
impossível alguém ficar tanto tempo sem beijar na
boca.
JANINE: - Pra você é uma tortura...
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MELISSA: - É o fim do mundo!... Mas e aí, você não
tem ninguém em mente pra quebrar esse período de
abstinência?
JANINE: - Deixa de ser boba... Não tenho ninguém
em mente não...
De repente, Janine vê Bernardo e Igor
conversando no quiosque. Janine fica surpresa ao
rever Bernardo.
MELISSA: - Que foi amiga? Tá parada aí por que?
JANINE: - Nada não...
MELISSA: - Ah sim, tem alguma coisa sim. O que
foi? Viu alguém?
JANINE: - Não vi ninguém não... Aliás, eu vi um
cara com a camiseta do Bola de Ouro. E se eu não
me engano, o centro de treinamento deles fica
perto daqui.
MELISSA: - E você me diz isso só agora?! Mas eu
vou pra lá nesse exato momento! Dessa vez o Eric
não me escapa!... Você vem comigo?
JANINE: - Não, não. Eu vou ficar aqui pela praia.
MELISSA: - Tudo bem, eu vou indo lá. Beijos! Te
ligo pra dizer como foi!
Melissa sai apressada, animada. Janine fica a
observar Bernardo no quiosque.
CENA 12. RIOESPORTES. REDAÇÃO. INT. DIA.
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Aline e Flávia analisam o vídeo da entrevista.
FLÁVIA: - E aí Aline, como está?
ALINE: - Está bem, mas poderia ter sido melhor,
viu? A sua roupa não está adequada, e você parece
pouco a vontade na entrevista.
FLÁVIA: - Você acha isso mesmo?
ALINE: - É visível...
FLÁVIA: - Então fiz tudo isso pra nada. A
entrevista vai pro lixo.
ALINE: - Essa vai. Mas a gente não pode perder o
registro desse cara. Por isso você vai fazer uma
nova entrevista com ele.
FLÁVIA: - Como é que é?
ALINE; - Isso mesmo. Ele disse que tem um
apartamento na zona sul, né? Então você vai lá e
entrevista ele no apartamento.
FLÁVIA: - Não Aline! Aí já é demais eu entrevistar
o rapaz na casa dele. Não precisa tanto.
ALINE: - Precisa sim. Esse cara pode ser a nova
sensação do esporte brasileiro e você vai perder a
oportunidade de falar com ele?
FLÁVIA: - Mas/
ALINE: - Não tem problema, se você não quiser tudo
bem... Mas o Cláudio não vai gostar nada nada de
saber disso.
FLÁVIA: - Tudo bem, eu vou.
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ALINE: - Assim que se fala, jornalista. Eu vou
pedir pro Lucas entrar em contato com ele. Hoje
mesmo você vai até a casa do surfista e faz a
reportagem.
Aline sai. Flávia fica pensativa.
CENA 13. QUIOSQUE. INT. DIA.
Igor e Bernardo conversam.
IGOR: - Então é você o brasileiro que ficou no
pódio lá no Havaí! Que legal, cara!
BERNARDO: - Obrigado.
IGOR: - Eu gosto muito de surfe, sabe. É minha
paixão...
BERNARDO: - Mas...
IGOR: - Meu pai. Ele não é nada a favor.
BERNARDO: - Por que não? Você manda tão bem na
água...
IGOR: - Ele acha que isso tudo é perda de tempo,
coisa de gente vadia, como ele diz... Ele quer que
eu trabalhe com ele na empresa. Mas eu não vou.
Não é a minha praia.
BERNARDO: - Tem seguir aquilo que você gosta e faz
bem. Investe nisso, que você vai em frente.
O celular de Bernardo toca.
BERNARDO: - Dá licença, que eu vou atender.
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IGOR: - Eu vou pro mar. Pegar mais umas ondas...
Bernardo se afasta. Igor vai pro mar. Janine
se aproxima do balcão. Chico vai atendê-la.
CHICO: - Bom dia moça, o que deseja?
JANINE: - Uma água de côco, por favor.
CHICO: - Claro. Vai sair no capricho. Com licença.
Janine observa Bernardo falando ao telefone.
Dá um tempo, Chico traz a água de côco. Janine
paga. Bernardo termina a ligação e se aproxima.
Bernardo percebe que já a viu em algum lugar.
JANINE: - Oi.
BERNARDO: - Oi... A gente já não se conhece?
JANINE: - Ainda não...
BERNARDO: - Tenho a impressão de já ter visto você
em algum lugar.
JANINE: - No aeroporto.
BERNARDO: - Aeroporto?
JANINE: - Isso mesmo. Eu estava lá quando você
desembarcou.
BERNARDO: - Claro, lembrei... Como eu poderia
esquecer os olhos de uma moça tão bonita.
Janine sorri.
BERNARDO: - Eu me chamo Bernardo. E você?
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JANINE: - Janine.
BERNARDO: - Lindo nome, Janine. Combina muito com
você.
JANINE: - Você é sempre galanteador assim?
BERNARDO: - Apenas com as mulheres e com aquelas
que merecem meus galanteios.
JANINE: - Nossa... Assim você me deixa sem jeito.
BERNARDO: - Desculpe, não foi essa a minha
intenção... Bom, eu preciso ir agora.
JANINE: - Compromisso?
BERNARDO: - Sim, acabo de receber uma ligação do
RioEsportes. Querem uma entrevista comigo. Mais
uma entrevista, aliás... Mas agora na minha casa.
JANINE: - Você dando entrevista? É algum jogador
de futebol?
BERNARDO: - Meu negócio não é a bola não, é a
prancha. Sou surfista.
JANINE: - Nossa, que legal!
BERNARDO: - Eu tenho que ir agora. Mas a gente se
encontra por aí, Janine.
JANINE: - Claro.
Bernardo sai. Janine fica encantada com ele.
CENA 14. ESCOLA DOM PEDRO II. GINÁSIO. INT. DIA.
Tatiana orienta as crianças na aula de
educação física. As crianças fazem atividades com
bolas, cordas, colchonetes, correm, pulam...
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CENA 15. ESCOLA DOM PEDRO II. GINÁSIO. INT. DIA.
Tatiana termina de guardar o material na sala.
Algumas crianças vão saindo do ginásio. Apenas um
garoto continua, jogando bola, chutando na rede.
Tatiana sai da sala e vê o garoto lá.
TATIANA: - Joca!.. O que você está fazendo aqui
ainda?
JOCA: - Jogando bola, tia.
TATIANA:- Eu sei, mas a aula já acabou. Você não
vai pra casa?
JOCA: - Não... Eu preciso ficar aqui, jogando.
TATIANA: - Precisa, como assim? Explica isso...
JOCA: - Eu preciso ficar aqui jogando pra quando
eu crescer, poder ser jogador de futebol e mudar
de vida.
Tatiana leva Joca para a arquibancada. Senta
ao lado dele.
TATIANA: - Você quer mudar de vida?
JOCA: - Quero sim... Minha mãe e os meus irmãos
não são felizes onde a gente mora... A favela não
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tá mais segura, tia. É bandido pra todo lado,
polícia subindo o morro, dando tiro.
TATIANA: - E seu pai?
JOCA: - Meu pai morreu. Tava devendo pros caras...
Eles não perdoam.
TATIANA (pra si mesma): - Meu Deus!... Tão
pequeno...
JOCA: - Meu sonho é ser jogador de futebol. (pega
a bola e corre pela quadra) Aí eu faço muitos
gols, ganho dinheiro e tiro minha mãe e meus
irmãos de lá. E aí a gente vive feliz, tia. Feliz!
(pega a bola, se aproxima de Tatiana) Por isso que
eu to jogando aqui.
TATIANA: - Eu admiro muito você, Joca. É um bom,
aluno, tem uma cabeça boa... Mas você não pode
ficar jogando aqui. Eu preciso ir embora, preciso
fechar aqui o ginásio da escola.
JOCA: - Mas tia, se eu não treinar, como é que eu
vou virar um jogador?
TATIANA: - Olha só, eu prometo pra você que vou
tentar achar uma solução pra isso tudo, ok? Mas
agora a gente precisa ir.
JOCA: - Tudo bem...
Joca pega sua mochila, Tatiana o aguarda. Os
dois saem juntos do ginásio.
CENA 16. RESTAURANTE. INT. DIA.
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Tatiana e Márcio almoçam.
TATIANA: - Me cortou o coração, Márcio, vendo
aquele garoto, tão pequeno, querendo ajudar a
família.
MÁRCIO: - A realidade é essa meu amor.
Infelizmente a gente não consegue fugir dela.
TATIANA: - Mas eu queria tanto mudar isso. Não
queria ver o sonho dele ser levado ao vento por
esse mundo tão cruel como o de hoje. Ele não
merece isso...
MÁRCIO: - E você vai ajudá-lo como?
TATIANA: - Eu e você vamos ajudá-lo.
MÁRCIO: - Eu? Ih... O que você está pensando,
Tati.
TATIANA: - Deixa eu amadurecer a idéia. Você vai
gostar.
Nesse instante, Flávia chega junto aos dois.
FLÁVIA (sentando-se à mesa): - Desculpem o atraso
pessoal. Tava na correria lá na redação.
TATIANA: - Nem esquenta, amiga.
MÁRCIO: - Muito serviço lá no RioEsportes?
FLÁVIA: - Mais do que eu imaginava, Márcio... E
tem cada bomba que eles jogam na minha mão.
TATIANA: - Como assim?
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FLÁVIA: - Você acredita que eu vou ter que fazer
uma nova entrevista com aquele surfista abusado?
TATIANA: - Não acredito!
FLÁVIA: - E o pior, na casa dele!
MÁRCIO: - Pensa bem, Flávia... Vai ser mais
confortável, vai ter suquinho, torradinha...
(riso)
FLÁVIA: - Com aquele lá eu não quero nem suco, nem
torrada, nem nada!... Falando nisso, vou lá me
servir no Buffet antes que esse assunto me tire a
fome.
Flávia sai.
MÁRCIO: - Isso aí vai dar em mais coisa.
TATIANA: - Eu também acho.
Márcio e Tatiana riem.
CENA 17. CT BOLA DE OURO. INT. DIA.
Melissa chega na arquibancada do CT do Bola de
Ouro para ver os jogadores treinando. Ela procura
por Éric até encontrá-lo.
MELISSA: - É ele!
Éric está treinando batidas de pênalti.
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MELISSA (grita): - Eric! Éric!
Éric erra o pênalti, chutando a bola para bem
longe. Eric se vira para a arquibancada, e vê
Melissa acenando para ele.
ERIC: - Essa não...
CENA 18. CT BOLA DE OURO. INT. DIA.
Final do treino. Melissa vai até o portão do
campo para falar com Eric.
MELISSA: - Oi!
ERIC: - Oi...
MELISSA: - Tá lembrada de mim? Lá da academia?
ERIC: - Claro, Paula.
MELISSA: - Melissa. Meu nome é Melissa.
ERIC: - Claro, Melissa...
MELISSA: - Belo treino você fez.
ERIC: - Valeu. Mas da próxima vez, evita de ficar
gritando em volta do campo. Tira um pouco a
concentração.
MELISSA: - Desculpa!... Posso me retratar com
você, se aceitar meu convite para um suco. Que
tal?
ERIC: - Tudo bem, eu já estou de saída aqui
mesmo...
MELISSA: - Eu vou te esperar lá fora então.
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28
Eric sai. Melissa se empolga.
MELISSA: - É hoje que eu fisgo esse peixão.
CENA 19. RIOESPORTES. REDAÇÃO. INT. DIA.
Os repórteres trabalham na redação quando
Raquel entra no local, apressada, extravagante,
feito um furacão.
RAQUEL: - Olá pessoal! Eu quero saber onde está o
Cláudio!
LUCAS: - O que foi dona Raquel, aconteceu alguma
coisa?
RAQUEL: - Aconteceu sim e eu quero falar com ele
agora!
ALINE (coloca-se na frente de Raquel): - Pois é,
dona Raquel, mas o seu Cláudio está ocupado num
telefonema e/
RAQUEL: - Pois então queridinha, manda ele
desligar o telefone porque a maior ocupação dele
nesse momento vai ser com a vida dele, porque se
ele não falar comigo, vai ser morte na certa!
DANILO: - Raquel, o que o meu querido cunhado fez
dessa vez?
RAQUEL: - Nem queria saber, Danilo. Nem queira
saber!... (a Aline) e então, vai ser ou tá
difícil?
SOL E MAR CAPÍTULO 002
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ALINE: - Infelizmente eu/
RAQUEL (encara Aline): - Será que eu falei grego?
Ah não... eu acho que deixei de acrescentar algo
na minha frase. É morte para ele e o olho da rua
pra você, meu benzinho. Deixa eu entrar!
Raquel passa por Aline, esbarrando nela.
ALINE: - Nossa! Que mulher grossa...
DANILO: - A mulher grossa é a dona do canal, só
pra você saber.
ALINE: - Eu sei disso... Não vem com recadinho pra
mim não, Danilo. Você só está aqui por ser irmão
dela, mas competência que é bom, nada...
Danilo se cala.
ALINE: - Falando nisso, onde está a Flávia?
LUCAS: - Ela está na rua, eu pedi pra ela fazer
uma reportagem pra mim na praia, sobre os
ciclistas. Já deve estar voltando.
CENA 20. RIOESPORTES. SALA CLÁUDIO. INT. DIA.
Cláudio está no telefone, quando Raquel entra
feito um foguete na sala.
RAQUEL: - Desliga esse telefone agora, Cláudio!
CLÁUDIO: - Raquel! O que é isso?
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RAQUEL: - Eu quero falar com você!
Raquel impaciente.
CLÁUDIO (ao telefone): - Surgiu uma pauta urgente
aqui, eu preciso conversar com a equipe. Eu te
ligo depois, tudo bem? (T) certo. Obrigado
(desliga o telefone). O que você quer, Raquel? O
mundo está acabando pra você entrar feito um
furacão aqui na minha sala?
RAQUEL: - O meu mundo está acabando e o seu vai
acabar logo em seguida!
CLÁUDIO: - Mas o que aconteceu afinal?
RAQUEL: - Você baixou o limite do meu cartão de
crédito, Cláudio! Agora eu não consigo comprar
aquele vestido lindo que eu vi no shopping, porque
o limite do cartão não permite!
CLÁUDIO: - Raquel, você já tem um limite de cartão
elevado! É bom poupar.
RAQUEL: - Poupar?! Essa palavra não existe no meu
vocabulário... Cláudio, eu sou rica! Rica! E eu
quero gastar esse dinheiro com coisa boa!
Vestidos, sapatos, jóias!...
CLÁUDIO: - E ficar sem nada depois, é isso?
Dinheiro acaba Raquel, sabia?
RAQUEL: - Se você não aumentar o limite do meu
cartão de crédito agora, o que vai acabar vai ser
a sua diversão.
CLÁUDIO: - Como assim.
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RAQUEL: - A partir de hoje, estou entrando em
greve.
CLÁUDIO: - Greve, que greve, Raquel? Greve de
fome? Duvido! Você não dispensa uma boa
macarronada...
RAQUEL: - Greve de sexo, Cláudio!
Cláudio se surpreende.
CLÁUDIO: - Como assim, Raquel?
RAQUEL: - Oras, como assim Raquel? Greve de sexo.
Eu não abro lá, enquanto você não abrir a mão e
liberar o limite do meu cartão.
CLÁUDIO: - Isso é covardia.
RAQUEL: - Isso se chama liberdade de escolha. Você
pode escolher o que fica melhor pra você. Eu vou
pra casa da Bárbara, conversar com ela. Vou
esperar uma ligação sua ainda hoje! Senão, já
sabe...
Raquel sai.
CLÁUDIO: - Raquel! Raquel!... Essa não... E agora,
o que eu faço?!
CENA 21.POWER SPORT . SALA ADALBERTO. INT. DIA.
Adalberto e Gregório conversam.
SOL E MAR CAPÍTULO 002
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GREGÓRIO; - Logo que essas notas saíram, eu tratei
de pensar numa solução para isso.
ADALBERTO: - Que bom, Gregório, fico feliz com a
sua agilidade, afinal, é pra isso que eu te pago.
Agora, quando eu vou ver esses infelizes
processados?
GREGÓRIO: - Em pouco tempo. Vamos mover uma ação e
aí a justiça se encarrega de todo o resto.
ADALBERTO: - Mas eles podem provar que eu estou
envolvido nessa manipulação?
GREGÓRIO: - Creio que não. É gente pequena.
ADALBERTO: - Eu não poderia deixar de ver aquela
equipe perder usando o meu nome nos uniformes...
GREGÓRIO: - Você precisa analisar melhor os seus
parceiros, Adalberto. Estava na cara que a equipe
vencedora era ruim. Realmente ficou estranho eles
vencerem o campeonato.
ADALBERTO: - O que importa é que o meu nome saiu
vitorioso em campo e vai sair vitorioso também na
justiça. Eles vão ver com quem estão se metendo.
Gentinha inútil... Eu vou esperar uma ligação sua
mais à noite. Quero saber de tudo o que está
acontecendo.
CENA 22. QUIOSQUE. INT. DIA.
Flávia e Olívia conversam.
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OLÍVIA: - E aí, fez a reportagem que você ia fazer
sobre os ciclistas?
FLÁVIA: - Fiz sim. Acabei de enviar pra redação.
OLÍVIA: - Então agora é folga?
FLÁVIA: - Que nada... Ainda tenho uma entrevista
pra fazer com um surfista, que mora aqui por
perto, aliás.
OLÍVIA: - Tem bastante trabalho, hein prima...
FLÁVIA: - Nem me fala, Olívia. Mas eu estou
adorando. Era isso mesmo que eu queria. Estou
realizada.
OLÍVIA: - Que bom. Fico feliz por você... deixa eu
ir, que chegou cliente.
Olívia vai atender o cliente, enquanto Flávia
fica numa mesinha, bebendo água de coco, olhando o
mar. Termina seu lanche, pega a bolsa e sai. O
quiosque está bem movimentado. Numa outra mesa,
chegam Eric e Melissa. Ele todo disfarçado, com
óculos escuros e boné.
MELISSA: - Eu adorei esse seu disfarce. Bem
misterioso pra ninguém reconhecer.
ERIC: - Tem que ser assim, senão eu não tenho
sossego na rua.
MELISSA: - Deve ser muito assediado, né?
ERIC: - Um pouco sim... Mas de vez em quando dá
pra aproveitar os bons momentos, como esse agora.
MELISSA: - Jura? Está tendo um bom momento comigo?
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ERIC; - Estou sim. Gostando muito... Você está?
MELISSA (empolgada / em voz alta): - Meu bem, quem
não iria gostar de ter um momento desses com Eric
Montana?!
As pessoas que estavam em volta escutam e logo
percebem que Eric está no quiosque. Fãs começam
com gritos histéricos, e logo Eric é descoberto.
MELISSA: - Ai meu Deus, o que eu fiz?!
ERIC; - Eu preciso sair daqui!
Eric se levanta apressado, vai para a rua em
busca de um táxi. As fãs saem atrás dele,
gritando. Melissa fica frustrada.
MELISSA: - Espera Eric!.. ai, droga!
Eric pega um táxi e sai.
MELISSA: - Oh, meu Deus!... E agora, quando é que
eu vou ter ele novamente?!...
CENA 23. CASA OSVALDO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Raquel e Bárbara conversam. Raquel ao telefone
com Cláudio.
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RAQUEL: (ao telefone): - Liberou? Que bom,
querido. À noite, eu agradeço você melhor, tá?
Beijinhos. (desliga o telefone)
BÁRBARA: - O que aconteceu?
RAQUEL: - Acredita que a empresa do cartão me
deixou um limite abaixo do que eu queria? Falei
com o Cláudio, ele ligou para a empresa e agora
está tudo bem.
BÁRBARA: - Eles aumentaram o valor...
RAQUEL: - Mas é claro, né? Eu não ia conseguir
comprar uma pulseira com aquele limite pífio... E
você, querida, não fez mais compras, não te vi
mais no shopping...?
BÁRBARA: - É, eu tenho andado mais caseira mesmo.
Até porque, eu nunca fui disso... De compras.
RAQUEL: - Ah, Bárbara! Toda mulher gosta de
comprar.
BARBARA: - Eu não disse que não gosto de comprar.
Disse que compro pouco, só isso. Sou vaidosa, mas
nem tanto quanto você.
RAQUEL: - Ah, eu adoro uma roupa nova, uma jóia
bem grande!... (risos)
Nesse instante, Osvaldo chega em casa.
BÁRBARA: - Já em casa, querido?
OSVALDO: - Sim, saí mais cedo do escritório. Oi
Raquel.
RAQUEL: - Oi Osvaldo, como vai?
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OSVALDO: - Bem, na medida do possível... Bárbara,
o Igor está em casa?
BÁRBARA: - Não. Ele disse que ia à praia e/
Osvaldo sai, sem dar ouvidos à Bárbara. Raquel
percebe.
BÁRBARA: - Ele anda tão diferente nos últimos
dias. Ontem chegou quase madrugada em casa.
RAQUEL: - Estresse do trabalho.
BÁRBARA: - Ele e o Igor tem discutido demais. Eu
não gosto disso.
RAQUEL: - Ai amiga, isso passa. O Igor é
adolescente ainda, rebelde... Todo mundo tem
dessas fases. O Osvaldo vai entender ele.
BÁRBARA: - Assim espero...
CENA 24. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER.
Imagens do Rio de Janeiro ao anoitecer. Mostra
a cidade iluminada.
CENA 25. APTO BERNARDO. SALA. INT. NOITE.
Bernardo termina de dar uma geral na sala,
quando Cissa sai da cozinha.
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CISSA: - Deixei os sanduiches na geladeira e as
bebidas também. Tem biscoito no armário e frutas
no balcão.
BERNARDO: - Valeu Cissa, pela força.
CISSA: - De nada, querido. Agora deixa eu ir lá
ajudar o Tomás a fechar a loja. Beijos e boa
entrevista.
Cissa vai embora. Bernardo está um pouco
ansioso. Pouco tempo, toca a campainha. Bernardo
se arruma, abre a porta. É Flávia. Os dois se
encaram.
CENA 26. CASA ADALBERTO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Adalberto está analisando uns papéis, quando
toca o telefone. Ele atende.
ADALBERTO (ao telefone): - Alô?
Nesse instante, Janine entra no local sem ser
percebida por Adalberto.
ADALBERTO (ao telefone): - então, Gregório,
conseguiu fazer com que não descobrissem o meu
envolvimento na fraude do campeonato, sim ou não?
Janine fica surpresa.
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JANINE: - Pai! Então você está mesmo envolvido
nisso?!
Adalberto se surpreende. Janine o encara.
FIM DO CAPÍTULO.