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SOL E MAR CAPÍTULO 002 1 Sol e Mar Novela de Henrique Sebastião Santos Escrita por Henrique Sebastião Santos Colaboração: Édson Dutra Supervisão de texto: Édson Dutra CENA 01. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. NOITE. Continuação do capítulo anterior. Bernardo segura Flávia, para ela não cair no chão. O cinegrafista está filmando tudo.

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SOL E MAR CAPÍTULO 002

1

Sol e Mar

Novela de Henrique Sebastião

Santos

Escrita por Henrique

Sebastião Santos

Colaboração: Édson Dutra

Supervisão de texto: Édson Dutra

CENA 01. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Bernardo

segura Flávia, para ela não cair no chão. O

cinegrafista está filmando tudo.

Page 2: Sol e Mar 002 - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/2977988.pdf · SOL E MAR CAPÍTULO 002 2 FLÁVIA: - Obrigada, mas eu estou com pressa sim. Preciso

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FLÁVIA: - Obrigada, mas eu estou com pressa sim.

Preciso entrevistar um surfista que acaba de

chegar e eu preciso ir até ele rapidamente.

BERNARDO: - E ele se chama Bernardo Moraes?

FLÁVIA: - Esse mesmo. Você conhece?

BERNARDO: - Sou eu.

Flávia ri, surpresa.

FLÁVIA: - Ah, é você?

BERNARDO: - Sim. O próprio.

FLÁVIA (a Zeca): Zeca, vamos gravar logo ali.

BERNARDO: - Vamos fazer a entrevista agora?

FLÁVIA: - Sim. Algum problema?

BERNARDO: - É que eu cheguei com fome... Se

importa de esperar um pouco pra mim fazer um

lanche?

FLÁVIA: - Pior que eu também estou com fome...

BERNARDO: - Tenho uma companhia para matar a fome

então.

FLÁVIA: - Ok. (a Zeca) Zeca, uma pausa pro lanche.

ZECA: - Pausa? A gente nem começou...

FLÁVIA: - Você entendeu. Vamos lanchar, depois a

gente grava.

CENA 02. AEROPORTO. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT.

NOITE.

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Bernardo e Flávia estão lanchando em uma mesa,

enquanto Zeca está no balcão.

BERNARDO: - Você é da RioEsportes então?

FLÁVIA: - Sou sim, mas entrei na equipe há poucos

dias... Sou nova aqui no Rio.

BERNARDO: - Sério? Que legal. Você é de onde?

FLÁVIA: - Cordeiro.

BERNARDO: - Humm...

FLÁVIA: - E você, é daqui do Rio?

BERNARDO: - Nascido e criado na Zona Sul.

FLÁVIA: - Mauricinho carioca então?

BERNARDO: - Muito pelo contrário. Não nasci em

berço de ouro não. Perdi meus pais muito cedo.

Tínhamos uma vida boa, mas não de riqueza. Tive

que aprender a me virar sozinho. Contei com a

ajuda de amigos... O esporte é que me deu um rumo,

sabe?

Enquanto Bernardo fala, Flávia presta atenção

nele, interessada na história do rapaz e também um

pouco encantada com a beleza dele.

BERNARDO: - Se não fosse o surfe, não sei o que

seria de mim.

FLÁVIA: - Você não seguiu os estudos, faculdade?

Não pensou em ser outra coisa na vida, uma outra

carreira?

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BERNARDO: - Eu cheguei a completar o segundo grau.

Mas nunca me imaginei longe do mar, das ondas...

Com o surfe consegui juntar uma grana, comprei um

apartamentinho, vivo bem sabe. Sem grandes

caprichos, mas do meu jeito.

Zeca se aproxima dos dois.

ZECA: - Vamos gravar logo, Flávia? Eu não quero

chegar mais tarde ainda em casa. Lá no bairro não

dá pra vacilar.

FLÁVIA: - Claro, vamos sim. Você se importa,

Bernardo?

BERNARDO: - Claro que não. Vamos lá.

CENA 03. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE.

Osvaldo e Aline estão deitados na cama,

abraçados, enrolados nos lençóis.

ALINE: - Você hoje estava diferente...

OSVALDO: - Problemas.

ALINE: - Em casa?

OSVALDO: - Meu filho não me dá sossego.

ALINE: - O que ele fez? Se meteu com a polícia?

OSVALDO: - Ele ainda não tomou um rumo na vida.

Tem 19 anos e não sabe o quer da vida. Aliás, ele

até sabe. Só quer ficar vadiando na praia, nessa

porcaria de surfe...

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ALINE: - Ele é um adolescente, Osvaldo. Normal na

vida dele.

OSVALDO: - Normal seria se ele se interessasse

pelo futuro dele. Falei que ele iria trabalhar

comigo no escritório. Foi guerra lá em casa.

ALINE: - Você quer forçá-lo numa coisa que ele não

se identifica.

OSVALDO: - Ele é o meu filho e eu sei bem o que é

bom pra ele e o que não é. Ele não tem idade nem

cabeça pra decidir sobre isso. E se eu disse que

ele vai largar esse surfe e trabalhar comigo é

porque vai e pronto.

ALINE: - Calma, calma... Vamos deixar esse assunto

pra depois... Agora eu tenho algo mais

interessante pra gente falar. Ou melhor, fazer...

Aline beija Osvaldo. Os dois se abraçam

intensamente.

CENA 04. AEROPORTO. INT. NOITE.

Flávia entrevista Bernardo.

FLÁVIA: - Então, Bernardo, você conseguiu o

terceiro lugar no campeonato do Havaí. É a sua

melhor marca na carreira?

BERNARDO: - Certamente sim. O campeonato do Havaí

é um dos mais disputados e concorridos do mundo,

onde surfistas dos mais altos níveis se enfrentam.

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Eu me preparei muito para chegar lá e é muito

gratificante conseguir essa classificação.

FLÁVIA: - Você acha que o surfe no Brasil é

reconhecido?

BERNARDO: - O surfe tem no Brasil muitos adeptos.

Temos grandes atletas, competições importantes,

mas com certeza, falta um incentivo maior para que

nós possamos disputar cada vez mais competições

internacionais, como essa do Havaí.

FLÁVIA: - Quais os seus novos projetos?

BERNARDO: - Eu vou treinar mais, me preparar

bastante. Focar no campeonato mundial em Bali. Mas

pra isso eu também preciso de patrocínio.

FLÁVIA: - Então Bali é o próximo desafio...

BERNARDO: - Não só Bali... Agora mesmo me surgiu

um novo objetivo em mente.

FLÁVIA: - Como assim? Lembrou de um novo

campeonato?

BERNARDO: - Na verdade não é bem um campeonato

(segura a mão de Flávia), mas eu sei que vou ter

batalhar pra conquistar o que eu pretendo.

Flávia se surpreende. Bernardo e ela trocam

olhares.

FLÁVIA (retira a mão / sem jeito): - Bem, obrigada

Bernardo pela entrevista e boa sorte pra você nos

seus próximos desafios.

BERNARDO: - Eu que agradeço a atenção de vocês.

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Flávia faz sinal para Zeca, que desliga tudo.

FLÁVIA: - Pronto, Zeca. Obrigada.

ZECA: - Nenhuma tomada mais?

FLÁVIA: - Não, está tudo ótimo assim. Podemos

ir...

Zeca organiza o material.

BERNARDO: - Você leva jeito pra isso mesmo.

FLÁVIA: - E você também leva jeito pra outras

coisas... Safado.

BERNARDO: - Não quero que você me interprete mal/

FLÁVIA: - Eu te interpretei muito bem, seu

Bernardo. Parabéns pela sua conquista no Havaí,

mas esse seu novo objetivo, acho muito difícil de

conseguir.

BERNARDO: - Será?

FLÁVIA: - Prepotente.

BERNARDO: - Eu já não chamo isso de prepotência,

mas sim de confiança.

FLÁVIA: - Chame do que você quiser... Tenha uma

boa noite.

BERNARDO: - Com certeza eu terei. E desejo o mesmo

pra você.

FLÁVIA: - Vamos Zeca. Vamos embora.

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Flávia sai apressada. Zeca vai logo atrás.

Bernardo a observa.

CENA 05. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER.

Imagens do rio de Janeiro ao amanhecer. Belo

dia de sol.

CENA 06. APTO FLÁVIA E TATIANA. SALA. INT. DIA.

Flávia e Tatiana conversam enquanto tomam

café.

TATIANA: - Ele deu em cima de você?!

FLÁVIA: - Na maior cara de pau, em plena

entrevista!

TATIANA: - Sujeito de atitude...

FLÁVIA: - Atitude? Eu chamo isso de

descaramento!... O cara se acha só porque ganhou

uma medalhinha lá fora... Sujeito insignificante,

isso sim que ele é.

TATIANA: - Se ele é tão insignificante, porque

deixou você assim, tão mexida?

FLÁVIA: - Eu? Mexida?

TATIANA: - Sim, Flávia. Você. Está toda em

polvorosa porque ele deu em cima de você.

FLÁVIA: - Estou assim porque fui assediada no meio

do meu trabalho, Tati!

TATIANA: - Parece que está sim porque gostou.

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FLÁVIA: - Eu gostei?

TATIANA: - Gostou. Você não parou de falar nesse

Bernardo desde que chegou ontem à noite e agora no

café...

FLÁVIA: - Será que eu gostei?

TATIANA: - Tá na cara que sim.

FLÁVIA: - Ai Tati, agora você me deixou confusa...

TATIANA: - Você não tem jeito mesmo, Flávia.

Continua a mesma da época do colégio, lembra?

FLÁVIA: - Nem me fala...

TATIANA: - A paixonite pelo Fredy.

FLÁVIA: - Ai, não fala nesse garoto! Como eu pude

gostar dele?

TATIANA: - A gente não escolhe, quem escolhe é o

coração. E contra ele, não há quem consiga

lutar...

FLÁVIA: - Hum, falou a apaixonada... E você e o

Márcio, como estão?

TATIANA: - Melhor impossível!... O Márcio é um

homem completo, sabe? Gentil, carinhoso,

romântico, profissional, focado naquilo que ele

quer. Eu admiro muito isso nele.

FLÁVIA: - Você teve sorte, amiga. Já eu, no amor

sou zero à esquerda...

TATIANA: - Não fala assim... O Bernardo gostou de

você.

FLÁVIA: - Quando eu tento esquecer isso você me

lembra, Tati?

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Tatiana ri.

CENA 07. CASA ADALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Adalberto e Janine tomam café. Gilda está

parada, próxima da porta.

JANINE: - Então você fechou bons contratos, papai?

ADALBERTO: - Sim, minha filha. A Power Sport vai

trabalhar ainda mais esse ano. E isso é muito bom.

JANINE: - Você chegou a ver na internet as notas

que saíram sobre você?...

ADALBERTO: - Não.

JANINE: - Disseram que você estava envolvido na

fraude dos resultados do campeonato estadual de

futebol juvenil.

ADALBERTO: - E você perde tempo lendo essas

porcarias, Janine? Você sabe que a imprensa não

gosta de mim, que eles implicam comigo!...

JANINE: - Mas papai/

ADALBERTO: - Eu não tenho nada a ver com essa

história. É mais um bando de mentiras que inventam

a meu respeito. (olha o relógio) Agora eu preciso

ir.

JANINE: - Mas você nem terminou o seu café.

ADALBERTO (levantando-se): O trabalho me chama,

Janine. Beijos filha, tenha um bom dia.

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Adalberto sai apressado. Janine fica um pouco

cabisbaixa. Gilda se aproxima.

GILDA: - Não fica assim, Janine. Seu pai é um

homem muito ocupado.

JANINE: - Eu sei Gilda. Ele está sempre em volta

com os negócios, com as finanças. Só queria que

ele também tivesse mais tempo pra mim...

GILDA: - Oh, minha filha...

JANINE: - Eu já deveria ter me acostumado, não é?

GILDA: - Seu pai te ama. Ama muito.

JANINE: - Mais do que os negócios dele?

GILDA: - Mas é claro!

JANINE: - Eu vou ligar pra Melissa. To precisando

sair.

GILDA: - Faça isso mesmo, Janine. Vai passear,

arejar a mente, pensar em coisas boas.

Janine abre um sorriso para Gilda, que

retribui.

CENA 08. ACADEMIA SOLARIS. INT. DIA.

A academia já está com bom movimento de

pessoas. Adriano está tomando suco quando Débora

chega.

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DÉBORA: -Bom dia, Adriano.

ADRIANO: - Bom dia, Débora!

DÉBORA: - Bora trabalhar?

ADRIANO: - Sim, eu só vou comer meu sanduíche que

está vindo e aí/

DÉBORA: - Não, Adriano! Não podemos perder tempo!

ADRIANO: - Mas Débora, eu preciso comer!

DÉBORA: - Não, não, não... Comer, come depois. Tem

um monte de alunas lá querendo fazer suas séries.

Adriano olha. São belas mulheres, com roupas

justas, insinuantes.

ADRIANO: - Pelo visto, elas querem é fazer outra

coisa comigo, isso sim...

DÉBORA: - Sua vida pessoal não me interessa,

Adriano. Vá lá e ajude as moças. Vai, vai. Eu

guardo o seu sanduiche pra ninguém pegar.

ADRIANO: - Mas Débora!

DÉBORA: - Vai Adriano, vai lá!

Adriano sai. Débora o observa. A garçonete

entrega o sanduíche.

DÉBORA: - É de quê?

GARÇONETE: - Peito de peru defumado.

DÉBORA: - Adoro!...

Débora come o sanduíche.

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CENA 09. PRAIA. EXT. DIA.

Bernardo pega ondas na praia. Na areia, Tomás

e Cissa acenam para ele. Bernardo sai do mar e se

encontra com os amigos.

TOMÁS: - Saiu cedo, nem passou lá em casa!

BERNARDO: - Não queria atrapalhar o casal.

CISSA: - Você não atrapalha em nada, Bernardo...

TOMÁS; - Ontem você tava cansado, nem perguntei

muita coisa da viagem. Mas fala aí, como foi tudo?

BERNARDO: - Cara, o Havaí é o paraíso!... Muita

onda, dia bonito...

CISSA: - Mulheres bonitas também, aposto.

BERNARDO: - Sabe que eu nem prestei muito atenção

nisso... (risos)

TOMÁS: - Pra cima da gente, Bernardo? O garanhão

das areias do Rio deve ter arrasado corações lá no

Havaí. Aposto.

BERNARDO: - Pois você acaba de perder a aposta.

Fiquei sozinho lá no Havaí. Me dediquei apenas

para o campeonato.

CISSA: - Fez bem, Bê. Fiquei orgulhosa de você.

BERNARDO: - Valeu Cissa... E eu fico muito grato

pelo apoio de vocês. Sem o dinheiro da loja, eu

não conseguiria chegar onde cheguei.

TOMÁS: - Que isso parceiro. Você meu amigão. Sabe

que pode contar comigo, sempre.

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Cissa, olhando no mar, se impressiona com o

que vê. Tomás percebe.

TOMÁS: - O que foi, Cissa?

CISSA: - Gente, tem um garoto pegando onda lá...

Tô pasma!

Bernardo e Tomás também olham. É Igor quem

está surfando e dando show na água.

BERNARDO: - Cara, o garoto é fera mesmo.

TOMÁS: - Não tinha visto ele por aqui antes...

CISSA: - Nem eu...

Igor sai da água. Bernardo vai ao encontro

dele.

BERNARDO: - Cara, que foi isso que você fez?

IGOR: - Ah, nem foi nada...

BERNARDO: - Você deu um show, meo... (estende a

mão) Me chamo Bernardo.

IGOR (cumprimentando): - Igor.

Os dois se mostram simpáticos.

CENA 10.POWER SPORT . ESCRITÓRIO. INT. DIA.

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Adalberto entra no escritório, vai em direção

a sua sala.

ADALBERTO: - Lucinha, marque na minha agenda uma

reunião com o Gregório, por favor. Preciso

conversar urgentemente com ele.

LUCINHA: - Sim, doutor Adalberto.

Adalberto vai entrando em sua sala, quando

Sandro o chama.

SANDRO: - Doutor Adalberto!

ADALBERTO: - Diga Sandro o que você quer, porque

eu estou muito ocupado agora.

SANDRO: - Eu tenho aqui os relatórios que o senhor

me pediu antes de ir viajar.

Sandro entrega os papéis para Adalberto, que

dá uma olhada rápida.

SANDRO: - Estão aí todos os dados do último

contrato que fizemos com a equipe de handboll de

São Paulo e/

Adalberto atira os papéis no rosto de Sandro,

que fica totalmente sem reação. Lucinha observa

tudo surpresa.

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ADALBERTO: - Eu nunca vi algo tão grotesco, mal

feito, em toda minha vida.

SANDRO: - Doutor Adalberto, eu fiz tudo como o

senhor pediu/

ADALBERTO: - Eu não pedi uma porcaria dessas! Eu

deveria era te colocar na rua, por causa dessa sua

incompetência. Mas eu não vou fazer isso, porque

sou uma pessoa muito piedosa. Refaça esse

relatório e me entregue ainda hoje.

SANDRO: - Claro.

ADALBERTO: - Agora junte esse lixo que você fez e

suma da minha frente... Paspalho.

Adalberto sai, entra na sala. Sandro fica

totalmente arrasado, se abaixa para juntar os

papéis. Lucinha o ajuda.

LUCINHA: - Ele não precisava ter feito isso.

SANDRO: - E olha Lucinha que eu só não saio daqui,

porque eu preciso muito desse emprego. Minha mãe

doente em casa, não posso deixar de pagar os

remédios para ela. Mas isso que eu ouvi, ninguém

merece ouvir. Ninguém.

CENA 11. CALÇADÃO BEIRA DA PRAIA. EXT. DIA.

Melissa e Janine caminham, conversando.

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MELISSA: - Aí, quando eu fui falar com ele, ele

disse que estava ocupado, que tinha um compromisso

e que não poderia tomar um suco comigo.

JANINE: - Aí você desencanou...

MELISSA: - Tá louca?! Melissa Guimarães Ferreira

nunca desencana de nada, meu bem! Ainda mais se

for de homem bonito e rico!... Eu ainda pego esse

Éric. Você vai ver.

JANINE: - Eu não quero é ver!... (risos) Ai,

Melissa, só você mesmo pra me fazer rir.

MELISSA: - É mesmo. To sentindo você tão down, tão

pra baixo...

JANINE: - Ai, meu pai que não tem tempo pra mim.

MELISSA: - Ah, deixa de ser boba, Janine. Teu pai

te ama. Te dá tudo do bom e do melhor.

JANINE: - Mas eu não quero só o material. Eu quero

carinho, afeto...

MELISSA: - Você está precisando de carinho sim,

mas não de pai. E sim de namorado!

JANINE: - Lá vem você com isso!

MELISSA: - Mas é sério, amiga! Há quanto tempo

você não beija na boca?

JANINE: - Ah, a última vez foi na festa da Gabi.

MELISSA: - E isso faz mais de duas semanas! É

impossível alguém ficar tanto tempo sem beijar na

boca.

JANINE: - Pra você é uma tortura...

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MELISSA: - É o fim do mundo!... Mas e aí, você não

tem ninguém em mente pra quebrar esse período de

abstinência?

JANINE: - Deixa de ser boba... Não tenho ninguém

em mente não...

De repente, Janine vê Bernardo e Igor

conversando no quiosque. Janine fica surpresa ao

rever Bernardo.

MELISSA: - Que foi amiga? Tá parada aí por que?

JANINE: - Nada não...

MELISSA: - Ah sim, tem alguma coisa sim. O que

foi? Viu alguém?

JANINE: - Não vi ninguém não... Aliás, eu vi um

cara com a camiseta do Bola de Ouro. E se eu não

me engano, o centro de treinamento deles fica

perto daqui.

MELISSA: - E você me diz isso só agora?! Mas eu

vou pra lá nesse exato momento! Dessa vez o Eric

não me escapa!... Você vem comigo?

JANINE: - Não, não. Eu vou ficar aqui pela praia.

MELISSA: - Tudo bem, eu vou indo lá. Beijos! Te

ligo pra dizer como foi!

Melissa sai apressada, animada. Janine fica a

observar Bernardo no quiosque.

CENA 12. RIOESPORTES. REDAÇÃO. INT. DIA.

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Aline e Flávia analisam o vídeo da entrevista.

FLÁVIA: - E aí Aline, como está?

ALINE: - Está bem, mas poderia ter sido melhor,

viu? A sua roupa não está adequada, e você parece

pouco a vontade na entrevista.

FLÁVIA: - Você acha isso mesmo?

ALINE: - É visível...

FLÁVIA: - Então fiz tudo isso pra nada. A

entrevista vai pro lixo.

ALINE: - Essa vai. Mas a gente não pode perder o

registro desse cara. Por isso você vai fazer uma

nova entrevista com ele.

FLÁVIA: - Como é que é?

ALINE; - Isso mesmo. Ele disse que tem um

apartamento na zona sul, né? Então você vai lá e

entrevista ele no apartamento.

FLÁVIA: - Não Aline! Aí já é demais eu entrevistar

o rapaz na casa dele. Não precisa tanto.

ALINE: - Precisa sim. Esse cara pode ser a nova

sensação do esporte brasileiro e você vai perder a

oportunidade de falar com ele?

FLÁVIA: - Mas/

ALINE: - Não tem problema, se você não quiser tudo

bem... Mas o Cláudio não vai gostar nada nada de

saber disso.

FLÁVIA: - Tudo bem, eu vou.

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ALINE: - Assim que se fala, jornalista. Eu vou

pedir pro Lucas entrar em contato com ele. Hoje

mesmo você vai até a casa do surfista e faz a

reportagem.

Aline sai. Flávia fica pensativa.

CENA 13. QUIOSQUE. INT. DIA.

Igor e Bernardo conversam.

IGOR: - Então é você o brasileiro que ficou no

pódio lá no Havaí! Que legal, cara!

BERNARDO: - Obrigado.

IGOR: - Eu gosto muito de surfe, sabe. É minha

paixão...

BERNARDO: - Mas...

IGOR: - Meu pai. Ele não é nada a favor.

BERNARDO: - Por que não? Você manda tão bem na

água...

IGOR: - Ele acha que isso tudo é perda de tempo,

coisa de gente vadia, como ele diz... Ele quer que

eu trabalhe com ele na empresa. Mas eu não vou.

Não é a minha praia.

BERNARDO: - Tem seguir aquilo que você gosta e faz

bem. Investe nisso, que você vai em frente.

O celular de Bernardo toca.

BERNARDO: - Dá licença, que eu vou atender.

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IGOR: - Eu vou pro mar. Pegar mais umas ondas...

Bernardo se afasta. Igor vai pro mar. Janine

se aproxima do balcão. Chico vai atendê-la.

CHICO: - Bom dia moça, o que deseja?

JANINE: - Uma água de côco, por favor.

CHICO: - Claro. Vai sair no capricho. Com licença.

Janine observa Bernardo falando ao telefone.

Dá um tempo, Chico traz a água de côco. Janine

paga. Bernardo termina a ligação e se aproxima.

Bernardo percebe que já a viu em algum lugar.

JANINE: - Oi.

BERNARDO: - Oi... A gente já não se conhece?

JANINE: - Ainda não...

BERNARDO: - Tenho a impressão de já ter visto você

em algum lugar.

JANINE: - No aeroporto.

BERNARDO: - Aeroporto?

JANINE: - Isso mesmo. Eu estava lá quando você

desembarcou.

BERNARDO: - Claro, lembrei... Como eu poderia

esquecer os olhos de uma moça tão bonita.

Janine sorri.

BERNARDO: - Eu me chamo Bernardo. E você?

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SOL E MAR CAPÍTULO 002

22

JANINE: - Janine.

BERNARDO: - Lindo nome, Janine. Combina muito com

você.

JANINE: - Você é sempre galanteador assim?

BERNARDO: - Apenas com as mulheres e com aquelas

que merecem meus galanteios.

JANINE: - Nossa... Assim você me deixa sem jeito.

BERNARDO: - Desculpe, não foi essa a minha

intenção... Bom, eu preciso ir agora.

JANINE: - Compromisso?

BERNARDO: - Sim, acabo de receber uma ligação do

RioEsportes. Querem uma entrevista comigo. Mais

uma entrevista, aliás... Mas agora na minha casa.

JANINE: - Você dando entrevista? É algum jogador

de futebol?

BERNARDO: - Meu negócio não é a bola não, é a

prancha. Sou surfista.

JANINE: - Nossa, que legal!

BERNARDO: - Eu tenho que ir agora. Mas a gente se

encontra por aí, Janine.

JANINE: - Claro.

Bernardo sai. Janine fica encantada com ele.

CENA 14. ESCOLA DOM PEDRO II. GINÁSIO. INT. DIA.

Tatiana orienta as crianças na aula de

educação física. As crianças fazem atividades com

bolas, cordas, colchonetes, correm, pulam...

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CENA 15. ESCOLA DOM PEDRO II. GINÁSIO. INT. DIA.

Tatiana termina de guardar o material na sala.

Algumas crianças vão saindo do ginásio. Apenas um

garoto continua, jogando bola, chutando na rede.

Tatiana sai da sala e vê o garoto lá.

TATIANA: - Joca!.. O que você está fazendo aqui

ainda?

JOCA: - Jogando bola, tia.

TATIANA:- Eu sei, mas a aula já acabou. Você não

vai pra casa?

JOCA: - Não... Eu preciso ficar aqui, jogando.

TATIANA: - Precisa, como assim? Explica isso...

JOCA: - Eu preciso ficar aqui jogando pra quando

eu crescer, poder ser jogador de futebol e mudar

de vida.

Tatiana leva Joca para a arquibancada. Senta

ao lado dele.

TATIANA: - Você quer mudar de vida?

JOCA: - Quero sim... Minha mãe e os meus irmãos

não são felizes onde a gente mora... A favela não

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tá mais segura, tia. É bandido pra todo lado,

polícia subindo o morro, dando tiro.

TATIANA: - E seu pai?

JOCA: - Meu pai morreu. Tava devendo pros caras...

Eles não perdoam.

TATIANA (pra si mesma): - Meu Deus!... Tão

pequeno...

JOCA: - Meu sonho é ser jogador de futebol. (pega

a bola e corre pela quadra) Aí eu faço muitos

gols, ganho dinheiro e tiro minha mãe e meus

irmãos de lá. E aí a gente vive feliz, tia. Feliz!

(pega a bola, se aproxima de Tatiana) Por isso que

eu to jogando aqui.

TATIANA: - Eu admiro muito você, Joca. É um bom,

aluno, tem uma cabeça boa... Mas você não pode

ficar jogando aqui. Eu preciso ir embora, preciso

fechar aqui o ginásio da escola.

JOCA: - Mas tia, se eu não treinar, como é que eu

vou virar um jogador?

TATIANA: - Olha só, eu prometo pra você que vou

tentar achar uma solução pra isso tudo, ok? Mas

agora a gente precisa ir.

JOCA: - Tudo bem...

Joca pega sua mochila, Tatiana o aguarda. Os

dois saem juntos do ginásio.

CENA 16. RESTAURANTE. INT. DIA.

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Tatiana e Márcio almoçam.

TATIANA: - Me cortou o coração, Márcio, vendo

aquele garoto, tão pequeno, querendo ajudar a

família.

MÁRCIO: - A realidade é essa meu amor.

Infelizmente a gente não consegue fugir dela.

TATIANA: - Mas eu queria tanto mudar isso. Não

queria ver o sonho dele ser levado ao vento por

esse mundo tão cruel como o de hoje. Ele não

merece isso...

MÁRCIO: - E você vai ajudá-lo como?

TATIANA: - Eu e você vamos ajudá-lo.

MÁRCIO: - Eu? Ih... O que você está pensando,

Tati.

TATIANA: - Deixa eu amadurecer a idéia. Você vai

gostar.

Nesse instante, Flávia chega junto aos dois.

FLÁVIA (sentando-se à mesa): - Desculpem o atraso

pessoal. Tava na correria lá na redação.

TATIANA: - Nem esquenta, amiga.

MÁRCIO: - Muito serviço lá no RioEsportes?

FLÁVIA: - Mais do que eu imaginava, Márcio... E

tem cada bomba que eles jogam na minha mão.

TATIANA: - Como assim?

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FLÁVIA: - Você acredita que eu vou ter que fazer

uma nova entrevista com aquele surfista abusado?

TATIANA: - Não acredito!

FLÁVIA: - E o pior, na casa dele!

MÁRCIO: - Pensa bem, Flávia... Vai ser mais

confortável, vai ter suquinho, torradinha...

(riso)

FLÁVIA: - Com aquele lá eu não quero nem suco, nem

torrada, nem nada!... Falando nisso, vou lá me

servir no Buffet antes que esse assunto me tire a

fome.

Flávia sai.

MÁRCIO: - Isso aí vai dar em mais coisa.

TATIANA: - Eu também acho.

Márcio e Tatiana riem.

CENA 17. CT BOLA DE OURO. INT. DIA.

Melissa chega na arquibancada do CT do Bola de

Ouro para ver os jogadores treinando. Ela procura

por Éric até encontrá-lo.

MELISSA: - É ele!

Éric está treinando batidas de pênalti.

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MELISSA (grita): - Eric! Éric!

Éric erra o pênalti, chutando a bola para bem

longe. Eric se vira para a arquibancada, e vê

Melissa acenando para ele.

ERIC: - Essa não...

CENA 18. CT BOLA DE OURO. INT. DIA.

Final do treino. Melissa vai até o portão do

campo para falar com Eric.

MELISSA: - Oi!

ERIC: - Oi...

MELISSA: - Tá lembrada de mim? Lá da academia?

ERIC: - Claro, Paula.

MELISSA: - Melissa. Meu nome é Melissa.

ERIC: - Claro, Melissa...

MELISSA: - Belo treino você fez.

ERIC: - Valeu. Mas da próxima vez, evita de ficar

gritando em volta do campo. Tira um pouco a

concentração.

MELISSA: - Desculpa!... Posso me retratar com

você, se aceitar meu convite para um suco. Que

tal?

ERIC: - Tudo bem, eu já estou de saída aqui

mesmo...

MELISSA: - Eu vou te esperar lá fora então.

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Eric sai. Melissa se empolga.

MELISSA: - É hoje que eu fisgo esse peixão.

CENA 19. RIOESPORTES. REDAÇÃO. INT. DIA.

Os repórteres trabalham na redação quando

Raquel entra no local, apressada, extravagante,

feito um furacão.

RAQUEL: - Olá pessoal! Eu quero saber onde está o

Cláudio!

LUCAS: - O que foi dona Raquel, aconteceu alguma

coisa?

RAQUEL: - Aconteceu sim e eu quero falar com ele

agora!

ALINE (coloca-se na frente de Raquel): - Pois é,

dona Raquel, mas o seu Cláudio está ocupado num

telefonema e/

RAQUEL: - Pois então queridinha, manda ele

desligar o telefone porque a maior ocupação dele

nesse momento vai ser com a vida dele, porque se

ele não falar comigo, vai ser morte na certa!

DANILO: - Raquel, o que o meu querido cunhado fez

dessa vez?

RAQUEL: - Nem queria saber, Danilo. Nem queira

saber!... (a Aline) e então, vai ser ou tá

difícil?

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ALINE: - Infelizmente eu/

RAQUEL (encara Aline): - Será que eu falei grego?

Ah não... eu acho que deixei de acrescentar algo

na minha frase. É morte para ele e o olho da rua

pra você, meu benzinho. Deixa eu entrar!

Raquel passa por Aline, esbarrando nela.

ALINE: - Nossa! Que mulher grossa...

DANILO: - A mulher grossa é a dona do canal, só

pra você saber.

ALINE: - Eu sei disso... Não vem com recadinho pra

mim não, Danilo. Você só está aqui por ser irmão

dela, mas competência que é bom, nada...

Danilo se cala.

ALINE: - Falando nisso, onde está a Flávia?

LUCAS: - Ela está na rua, eu pedi pra ela fazer

uma reportagem pra mim na praia, sobre os

ciclistas. Já deve estar voltando.

CENA 20. RIOESPORTES. SALA CLÁUDIO. INT. DIA.

Cláudio está no telefone, quando Raquel entra

feito um foguete na sala.

RAQUEL: - Desliga esse telefone agora, Cláudio!

CLÁUDIO: - Raquel! O que é isso?

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RAQUEL: - Eu quero falar com você!

Raquel impaciente.

CLÁUDIO (ao telefone): - Surgiu uma pauta urgente

aqui, eu preciso conversar com a equipe. Eu te

ligo depois, tudo bem? (T) certo. Obrigado

(desliga o telefone). O que você quer, Raquel? O

mundo está acabando pra você entrar feito um

furacão aqui na minha sala?

RAQUEL: - O meu mundo está acabando e o seu vai

acabar logo em seguida!

CLÁUDIO: - Mas o que aconteceu afinal?

RAQUEL: - Você baixou o limite do meu cartão de

crédito, Cláudio! Agora eu não consigo comprar

aquele vestido lindo que eu vi no shopping, porque

o limite do cartão não permite!

CLÁUDIO: - Raquel, você já tem um limite de cartão

elevado! É bom poupar.

RAQUEL: - Poupar?! Essa palavra não existe no meu

vocabulário... Cláudio, eu sou rica! Rica! E eu

quero gastar esse dinheiro com coisa boa!

Vestidos, sapatos, jóias!...

CLÁUDIO: - E ficar sem nada depois, é isso?

Dinheiro acaba Raquel, sabia?

RAQUEL: - Se você não aumentar o limite do meu

cartão de crédito agora, o que vai acabar vai ser

a sua diversão.

CLÁUDIO: - Como assim.

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RAQUEL: - A partir de hoje, estou entrando em

greve.

CLÁUDIO: - Greve, que greve, Raquel? Greve de

fome? Duvido! Você não dispensa uma boa

macarronada...

RAQUEL: - Greve de sexo, Cláudio!

Cláudio se surpreende.

CLÁUDIO: - Como assim, Raquel?

RAQUEL: - Oras, como assim Raquel? Greve de sexo.

Eu não abro lá, enquanto você não abrir a mão e

liberar o limite do meu cartão.

CLÁUDIO: - Isso é covardia.

RAQUEL: - Isso se chama liberdade de escolha. Você

pode escolher o que fica melhor pra você. Eu vou

pra casa da Bárbara, conversar com ela. Vou

esperar uma ligação sua ainda hoje! Senão, já

sabe...

Raquel sai.

CLÁUDIO: - Raquel! Raquel!... Essa não... E agora,

o que eu faço?!

CENA 21.POWER SPORT . SALA ADALBERTO. INT. DIA.

Adalberto e Gregório conversam.

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GREGÓRIO; - Logo que essas notas saíram, eu tratei

de pensar numa solução para isso.

ADALBERTO: - Que bom, Gregório, fico feliz com a

sua agilidade, afinal, é pra isso que eu te pago.

Agora, quando eu vou ver esses infelizes

processados?

GREGÓRIO: - Em pouco tempo. Vamos mover uma ação e

aí a justiça se encarrega de todo o resto.

ADALBERTO: - Mas eles podem provar que eu estou

envolvido nessa manipulação?

GREGÓRIO: - Creio que não. É gente pequena.

ADALBERTO: - Eu não poderia deixar de ver aquela

equipe perder usando o meu nome nos uniformes...

GREGÓRIO: - Você precisa analisar melhor os seus

parceiros, Adalberto. Estava na cara que a equipe

vencedora era ruim. Realmente ficou estranho eles

vencerem o campeonato.

ADALBERTO: - O que importa é que o meu nome saiu

vitorioso em campo e vai sair vitorioso também na

justiça. Eles vão ver com quem estão se metendo.

Gentinha inútil... Eu vou esperar uma ligação sua

mais à noite. Quero saber de tudo o que está

acontecendo.

CENA 22. QUIOSQUE. INT. DIA.

Flávia e Olívia conversam.

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OLÍVIA: - E aí, fez a reportagem que você ia fazer

sobre os ciclistas?

FLÁVIA: - Fiz sim. Acabei de enviar pra redação.

OLÍVIA: - Então agora é folga?

FLÁVIA: - Que nada... Ainda tenho uma entrevista

pra fazer com um surfista, que mora aqui por

perto, aliás.

OLÍVIA: - Tem bastante trabalho, hein prima...

FLÁVIA: - Nem me fala, Olívia. Mas eu estou

adorando. Era isso mesmo que eu queria. Estou

realizada.

OLÍVIA: - Que bom. Fico feliz por você... deixa eu

ir, que chegou cliente.

Olívia vai atender o cliente, enquanto Flávia

fica numa mesinha, bebendo água de coco, olhando o

mar. Termina seu lanche, pega a bolsa e sai. O

quiosque está bem movimentado. Numa outra mesa,

chegam Eric e Melissa. Ele todo disfarçado, com

óculos escuros e boné.

MELISSA: - Eu adorei esse seu disfarce. Bem

misterioso pra ninguém reconhecer.

ERIC: - Tem que ser assim, senão eu não tenho

sossego na rua.

MELISSA: - Deve ser muito assediado, né?

ERIC: - Um pouco sim... Mas de vez em quando dá

pra aproveitar os bons momentos, como esse agora.

MELISSA: - Jura? Está tendo um bom momento comigo?

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ERIC; - Estou sim. Gostando muito... Você está?

MELISSA (empolgada / em voz alta): - Meu bem, quem

não iria gostar de ter um momento desses com Eric

Montana?!

As pessoas que estavam em volta escutam e logo

percebem que Eric está no quiosque. Fãs começam

com gritos histéricos, e logo Eric é descoberto.

MELISSA: - Ai meu Deus, o que eu fiz?!

ERIC; - Eu preciso sair daqui!

Eric se levanta apressado, vai para a rua em

busca de um táxi. As fãs saem atrás dele,

gritando. Melissa fica frustrada.

MELISSA: - Espera Eric!.. ai, droga!

Eric pega um táxi e sai.

MELISSA: - Oh, meu Deus!... E agora, quando é que

eu vou ter ele novamente?!...

CENA 23. CASA OSVALDO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Raquel e Bárbara conversam. Raquel ao telefone

com Cláudio.

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RAQUEL: (ao telefone): - Liberou? Que bom,

querido. À noite, eu agradeço você melhor, tá?

Beijinhos. (desliga o telefone)

BÁRBARA: - O que aconteceu?

RAQUEL: - Acredita que a empresa do cartão me

deixou um limite abaixo do que eu queria? Falei

com o Cláudio, ele ligou para a empresa e agora

está tudo bem.

BÁRBARA: - Eles aumentaram o valor...

RAQUEL: - Mas é claro, né? Eu não ia conseguir

comprar uma pulseira com aquele limite pífio... E

você, querida, não fez mais compras, não te vi

mais no shopping...?

BÁRBARA: - É, eu tenho andado mais caseira mesmo.

Até porque, eu nunca fui disso... De compras.

RAQUEL: - Ah, Bárbara! Toda mulher gosta de

comprar.

BARBARA: - Eu não disse que não gosto de comprar.

Disse que compro pouco, só isso. Sou vaidosa, mas

nem tanto quanto você.

RAQUEL: - Ah, eu adoro uma roupa nova, uma jóia

bem grande!... (risos)

Nesse instante, Osvaldo chega em casa.

BÁRBARA: - Já em casa, querido?

OSVALDO: - Sim, saí mais cedo do escritório. Oi

Raquel.

RAQUEL: - Oi Osvaldo, como vai?

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OSVALDO: - Bem, na medida do possível... Bárbara,

o Igor está em casa?

BÁRBARA: - Não. Ele disse que ia à praia e/

Osvaldo sai, sem dar ouvidos à Bárbara. Raquel

percebe.

BÁRBARA: - Ele anda tão diferente nos últimos

dias. Ontem chegou quase madrugada em casa.

RAQUEL: - Estresse do trabalho.

BÁRBARA: - Ele e o Igor tem discutido demais. Eu

não gosto disso.

RAQUEL: - Ai amiga, isso passa. O Igor é

adolescente ainda, rebelde... Todo mundo tem

dessas fases. O Osvaldo vai entender ele.

BÁRBARA: - Assim espero...

CENA 24. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER.

Imagens do Rio de Janeiro ao anoitecer. Mostra

a cidade iluminada.

CENA 25. APTO BERNARDO. SALA. INT. NOITE.

Bernardo termina de dar uma geral na sala,

quando Cissa sai da cozinha.

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CISSA: - Deixei os sanduiches na geladeira e as

bebidas também. Tem biscoito no armário e frutas

no balcão.

BERNARDO: - Valeu Cissa, pela força.

CISSA: - De nada, querido. Agora deixa eu ir lá

ajudar o Tomás a fechar a loja. Beijos e boa

entrevista.

Cissa vai embora. Bernardo está um pouco

ansioso. Pouco tempo, toca a campainha. Bernardo

se arruma, abre a porta. É Flávia. Os dois se

encaram.

CENA 26. CASA ADALBERTO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Adalberto está analisando uns papéis, quando

toca o telefone. Ele atende.

ADALBERTO (ao telefone): - Alô?

Nesse instante, Janine entra no local sem ser

percebida por Adalberto.

ADALBERTO (ao telefone): - então, Gregório,

conseguiu fazer com que não descobrissem o meu

envolvimento na fraude do campeonato, sim ou não?

Janine fica surpresa.

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JANINE: - Pai! Então você está mesmo envolvido

nisso?!

Adalberto se surpreende. Janine o encara.

FIM DO CAPÍTULO.