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SOL E MAR
Escrita por Henrique Sebastian
Supervisão de Texto: Édy Dutra
Capítulo 11
CENA 01. APTO. DÉBORA. QUARTO. INT/NOITE
Débora entra no quarto de Júlia, que está tomando banho. Débora olha algumas fotos de
Júlia expostas em um mural na parede. Quando percebe varias camisinhas sobre o criado
mudo. Júlia sai do banheiro envolta em uma toalha.
JÚLIA: - Mãe! Você ta ai...
DÉBORA: - Pois é, vim te chamar pra jantar... Lindo esse mural de fotos suas hein filha.
JÚLIA: - Eu adoro essas fotos, cada uma tem uma historia muito especial pra contar.
Débora não consegue disfarçar e olha discretamente para as camisinhas. Júlia
percebe seu olhar curioso.
JÚLIA: - Ah! Antes que você me ache uma pervertida, essas camisinhas eu ganhei em
um evento sobre o combate as DSTS hoje à tarde na praia.
DÉBORA: - Você deve ta me achando uma quadrada né filha? Mas eu to tentando ser
uma mãe moderna... Devo dizer que é complicado, mas eu estou tentando.
JÚLIA: - Não esquenta... Sua preocupação é mais que normal, afinal mãe é isso mesmo.
DÉBORA: - Apesar da sua idade, você é muito madura filha. Fico feliz em te ver assim
tão segura, determinada... Você já é uma mulher.
JÚLIA: - Oh Mãe! Você que é uma fofa!
Débora e Júlia se abraçam. CAM foca o rosto fingido de Júlia ao abraçar Débora.
CENA 02. RESTAURANTE JAPONÊS. INT/NOITE
Ambiente sofisticado, com a decoração japonesa. Bernardo e Flávia jantam e
conversam.
FLÁVIA: - Talvez essa pergunta possa te assustar de certa maneira, mas acho
necessário perguntar.
BERNARDO: - Olha lá hein, você é formada nesse negócio de pergunta... Pega leve com
seu entrevistado aqui.
FLÁVIA: - Você... Pensa em casar? Construir família?
BERNARDO: - Gata... Eu acho que/
FLÁVIA: - Boba essa pergunta, né? Se quiser nem responde...
BERNARDO: - Nem é isso não... Pra falar a verdade, eu/
FLÁVIA: - Já sei! Pra falar verdade isso ainda nem passou por sua cabeça. Acertei?
BERNARDO: - Errou...
FLÁVIA: - Errei?!
BERNARDO: - Antes de te conhecer eu não pensava nisso. O lance era ficar sem
compromisso... Mas com você a parada é diferente gata. Você é especial.
FLÁVIA: - Nossa!... então você já pensou em casar comigo, é isso?
BERNARDO: - Eu pensei em ser feliz ao lado de quem me faz feliz, de quem eu amo e
que toma quase todo o espaço do meu pensamento e do meu coração.
FLÁVIA: - Pai do céu!Mas ele tá inspirado hoje!
BERNARDO: - Vai brincando vai... Quando eu digo isso, é porque meu sentimento por
você é verdadeiro.
FLÁVIA: - Desculpa... Eu sei disso, meu amor, do seu sentimento verdadeiro. Eu também
amo você... Mas confesso que fiquei surpresa com essas declarações... Não demora
muito e você começa a escrever poesias aqui.
BERNARDO: - Com uma musa dessas do meu lado, não vai faltar inspiração.
Eles se olham apaixonados.
CENA 03. CASA RAQUEL. QUARTO. INT /NOITE
Raquel e Cláudio, em meio a uma discussão.
RAQUEL: - Meu amor, olha só... Eu sei que fui grossa com você, eu não deveria me
meter nas suas decisões no trabalho... Mas o Danilo precisava de um voto de confiança!
CLÁUDIO: - Raquel! O Danilo não controla nem a vida dele, você sabe disso... Eu ainda
estou muito magoado com você, não quero falar sobre isso agora...
RAQUEL: - Mas/
CLÁUDIO; - Posso tentar ler meu livro em paz?
RAQUEL: - Cláudio, eu estou lhe pedindo desculpas! Poxa! Será que ninguém pode errar
nesse mundo?
CLÁUDIO: - Pode. Claro que pode... Porém você não errou, você foi leviana, mesquinha.
Não pensou em nenhum momento no que seria bom pra empresa. Raquel, a gente se
conheceu bem antes de você herdar essa fortuna toda. Eu nunca deixei de trabalhar, e
você sabe que eu nunca me interessei por um centavo desse seu dinheiro.
RAQUEL: - Eu sei disso meu amor, mas não é isso que to querendo dizer/
CLÁUDIO: - Foi isso sim, hoje pela manhã você foi certeira. Me deu uma ordem que já foi
devidamente cumprida. Seu irmão é o novo apresentador do programa. Agora eu espero
que não caia sobre mim a responsabilidade de um previsível fracasso. Agora da licença,
acho melhor você pensar um pouco melhor nas suas decisões essa noite.
Cláudio levanta um tanto irritado e sai do quarto. Raquel observa entristecida.
RAQUEL (manhosa): - Não faz isso comigo Cláudio...
CENA 04. CASA OSVALDO. SALA. INT/NOITE
Bárbara e Osvaldo tomam vinho, conversam.
BÁRBARA: - Nesses anos todos, eu nunca vi o Igor tão feliz... A saudade que dele é
tanta, mas fico muito mais aliviada em vê-lo tão radiante, animado.
OSVALDO: - Até nisso você da cobertura pro seu filho. Você sabe muito bem que essa
birra vai passar e ele vai voltar pra casa com o rabo entre as pernas.
BÁRBARA: - Você sabe que eu quero que ele volte sim. Mas você também sabe que isso
não é birra não.
OSVALDO: - Aham, tá bom...
BÁRBARA: - Você devia ir conversa com seu filho, Osvaldo. Apesar de tudo, ele quer se
entender com você. Não seria tão complicado fazer as pazes com seu filho, seria?
OSVALDO: - Eu não tenho nada mais pra falar com ele. Se ele quer sair de casa e viver
como perfeito vagabundo o problema é dele. A vida vai ensiná-lo a viver.
BÁRBARA: - Você descreve o Igor como se ele fosse um garoto mimado, irresponsável,
um delinqüente! No fundo você sabe que ele não é nada disso.
OSVALDO: - Em pensar que na idade dele eu já trabalhava com meu pai... Eu não tive
escolha nenhuma. Ou trabalhava com ele ou morria de fome. Esses jovens de hoje
acham que a pobreza é moda mas quando a necessidade aperta, muitas vezes já é tarde
demais.
BÁRBARA: - Os tempos são outros, querido. Se na sua época, não havia escolhas, hoje
tem. E muitas! E é preciso entender que os jovens querem escolher, querem decidir qual
caminho seguir, sem ser influenciados por ninguém.
OSVALDO: - E assim o país se transforma de vez num pandemônio.
BÁRBARA: - Deixa de ser radical, Osvaldo. Você entendeu bem o que eu disse...
OSVALDO: - Não sou radical não... Apenas não concordo com certas coisas no mundo
de hoje cheio de escolhas... Nem sempre isso ajuda...
BÁRBARA: - Eu to começando a atender essa frustração toda que você tem com Igor.
Nada que uma boa terapia não ajude.
OSVALDO (saindo): - Ainda por cima você fica enchendo meus ouvidos com essa
conversa mole. Terapia... Era só o que me faltava. Não to louco nem nada.
Osvaldo sobe as escadas, Bárbara o observa.
CENA 05. TRANSIÇÃO DE TEMPO/AMANHECER. EXT. DIA
Belas imagens das praias do Rio de Janeiro. Asas-delta a voar pelo céu,
alternando com imagens da movimentação das pessoas nas ruas.
CENA 06. APTO. FLÁVIA E TATIANA. COZINHA. INT/DIA
Flávia e Tatiana tomam café, conversam.
FLÁVIA: - Marquei uma consulta com a ginecologista.
TATIANA: - Fez muito bem, resolve logo essa dúvida.
FLÁVIA: - Passei a noite em claro... Não consigo nem me imaginar grávida.
TATIANA: - Você precisa ser um pouco mais ligada nessas coisas a partir de agora
hein... Eu sei que você sabe se cuidar. Mas o uso da camisinha é extremamente
importante nos dias de hoje. Aliás, sempre!
FLÁVIA: - Vou lá na Olívia antes do trabalho... To tão aflita Tati.
TATIANA: - Vai falar sobre essa suspeita de gravidez?
FLÁVIA: - Vou, a Olívia sempre foi muito amiga. Acho que se eu estiver realmente
grávida, ela vai me ajudar bastante a falar com o pessoal lá de casa. Afinal, eu vim pro
Rio pra trabalhar e não fazer filhos...
TATIANA: - Oh minha amiga... Mas fica calma, vai ficar tudo bem. E seja mulher
suficiente pra enfrentar essa provável gravidez. Afinal, ser mãe é uma experiência e tanto
na vida de uma mulher. E você tem o Bernardo que gosta muito de você. Falando nisso,
você comentou alguma coisa com ele?
FLÁVIA: - Não, não disse nada... O Bernardo é um pouco moleque ainda... Talvez fique
assustado com essa situação. Mas...
TATIANA: - Mas...?
FLÁVIA: - Ontem ele me disse coisas tão lindas... Falou até que já pensou em casar
comigo!
TATIANA: - Viu só? Ele gosta de você, de verdade!...
FLÁVIA: - Eu sei, mas um filho agora, com os planos que a gente tem... Não seria um
bom momento.
TATIANA: - Sei disso... Eu sou louca pra engravidar. Pena que o Márcio nem cogita essa
hipótese. Pra ele tudo pode esperar.
FLÁVIA: - Você ainda é jovem também, Tati. Vocês tem tempo pra isso.
TATIANA: - Já cheguei aos trinta né?... Acho uma idade legal pra ser mãe.
FLÁVIA: - Tati, você já parou pra pensar se eu realmente estiver grávida? Vou ter que
me afastar do trabalho, meus pais sabe-se lá se vão me entender! Tudo isso por conta e
um deslize, apenas um deslize! (começa a chorar)
TATIANA (enxuga as lágrimas de Flávia): - Ei, calma! Não pensa nisso agora... Eu to
aqui do seu lado pro que ser e vier. Não chora...
FLÁVIA: - Obrigada por tudo Tati, você tem sido mais que uma amiga pra mim.
Tatiana estende a mão para Flávia, que a segura. As duas se olham,
carinhosamente.
CENA 07. POWER SPORT. SALA ADALBERTO. INT/DIA
Adalberto e Gregório conversam.
ADALBERTO: - Conversei com editor do Jornal paulista ontem.
GRÉGORIO (um tanto nervoso): - E ai, pagou o que ele queria?
ADALBERTO:- Paguei... E deixei claro pra ele com quem ele tá fazendo negocio. O que
me impressionou foi ele ter dito que quem oferecia os aumentos era a própria Power
Sport.
GRÉGORIO:- Como assim? Ele deve ta ficando louco.
ADALBERTO: - Estando louco ou não, essa história está muito mal contada. (encara
Gregório) Você não acha?
GREGÓRIO: - Eu?...
ADALBERTO: - Sim, você. Afinal, você foi o mediador dessas negociações.
GREGÓRIO: - Bem, realmente essa história é confusa. Não procede essas informações
de que a Power Sport queria dinheiro.
ADALBERTO: - E não foi só isso. Ele me disse que era você quem oferecia os ajustes de
valor.
GREGORIO (nervoso): - Você não acreditou nisso, acreditou?
ADALBERTO: - Eu acho que você não seria tão ingênuo ao ponto de querer me passar à
perna. Até por que você sabe muito bem o que eu faço com as pessoas que pensam ser
mais espertas do que eu, não sabe?
GREGÓRIO: - Adalberto, por favor! Eu trabalho para você há anos! Eu nunca iria querer
passar a perna em você.
ADALBERTO: - Sei disso... Você preza pela sua vida.
Gregório olha com certo medo para Adalberto, que o encara friamente.
CENA 08. CENTRO CULTURAL. AUDITÓRIO. INT/DIA
Olívia fala para alguns moradores do Vidigal.
OLÍVIA: - Então minha gente, é como eu sempre digo. Não se pode comer apenas salada
e achar que está se alimentando bem. Temos que variar nosso cardápio.
MORADOR: - Como posso variar meu cardápio se o dinheiro que eu ganho mal da pro
necessário?
OLÍVIA: - Seu Manolo, quando eu falo em variar o cardápio não é encher a dispensa com
comidas refinadas. É comer de tudo um pouco sabendo dos nutrientes e vitaminas de
cada um. Bom, eu elaborei uma pequena apostila com algumas comidas. Vocês dão uma
lida em casa, conheçam um pouco dos alimentos que podem incrementar a dieta de
vocês. E aí no próximo encontro, a gente conversa mais.
Olívia pega as apostilas e começa a distribuir entre os presentes.
OLÍVIA: - Espero todos vocês aqui semana que vem hein!
Os moradores vão saindo do auditório. Olívia percebe que uma das senhoras
permanece ali sentada. Olívia se aproxima e tenta puxar assunto, já que a senhora olha
pro nada com um olhar perdido.
OLÍVIA: - Está tudo bem com a senhora?
SENHORA:- Oi!?
OLÍVIA: - Você estava ai distante, está tudo bem?
SENHORA: - Está sim minha filha, é que tava aqui lembrando quando eu mandava meus
filhos ainda pequenos se alimentarem direito.
OLÍVIA: - Hoje seus filhos orientam seus netos a comerem bem, é sempre assim. Quando
educamos bem nossos filhos eles aprendem e levam adiante. E eu não sou mãe mais
acredito que é assim que acontece.
SENHORA (emocionada): - Oh minha filha comigo não assim... Perdi meus dois filhos
pro crime. O mais velho foi morto pelos próprios amigos nesses massacres, e o mais novo
acabou pagando por um crime não cometeu. Só por que ele era amigo de um desses
traficantes... Fiquei eu com os meus netos em casa, tendo que alimentar, dar educação,
boa condição de vida com uma miséria que eu ganho da aposentadoria... É difícil, moça.
É muito difícil a vida da gente.
Olívia tenta conter as lágrimas. Ela abraça a senhora.
OLÍVIA: - Não fique se culpando por isso. Às vezes essas tragédias acontecem em
nossas vidas pra nos deixar cada vez mais preparas para enfrentar esse mundo tão
injusto. Mas Deus nunca desampara os seus, pode ter certeza.
A senhora enxuga as lágrimas, segura nas mãos de Olívia, que a ampara.
CENA 09. QUIOSQUE. EXT/DIA
Flávia chega ao Quiosque. Chico a recepciona.
FLÁVIA: - Bom Dia Chico! Tudo bem?
CHICO: - Bom dia! Minha flor! Já sei, suco de cajá como sempre?
FLÁVIA: - Hoje não Chico... Eu to com um pouco de pressa. A Olívia ta ai?
CHICO: - A Olívia foi lá no Centro Cultural. Alguma coisa com pessoal de Cordeiro?
FLÁVIA: - Não, não. Queria conversa um pouco com ela.
CHICO: - Já sei, coisas de mulher.
FLÁVIA: - Pois é... Pensando bem, eu vou querer sim o suco de cajá.
CHICO: - É pra já!
Chico começa a preparar o suco. Flávia olha o mar um tanto apreensiva. Cissa
chega.
CISSA: - Oi Flávia! Tudo bem?
FLÁVIA: - Cissa! Que bom te ver! Tudo bem sim, e você?
CISSA: - Eu to ótima!
FLÁVIA: - Milagre o Bernardo não está aqui na praia.
CISSA: - Pois é, o Igor disse que ele acordou meio resfriado hoje. Seria bom você passar
lá, ele detesta tomar remédio. Daí quando fica doente já viu né.
O celular de Flávia toca, ela atente rapidamente.
FLÁVIA: - Oi Lucas! (T) Eu to indo (T). Diz que eu to presa no trânsito. (T) Tudo bem, eu
já to indo para ai! (desliga o celular) Eu vou pra redação, mas vou aproveitar o horário de
almoço e dar uma passada lá na casa do Bernardo. Agora eu tenho que ir.
CISSA: - Vai lá, mas não precisa se preocupar deve ser um resfriado daqueles de rotina.
Flávia e Cissa se despedem. Flávia sai.
CHICO: - Flávia, seu suco!
Um taxi se aproxima. Flávia entra e vai embora.
CHICO: - Essa Flávia vale ouro!
CISSA: - Que bom que o Bernardo acertou bem na namorada.
CHICO: - É verdade...
CISSA: - E já que ela saiu sem o suco, vou pegar pra mim.
Cissa toma o suco.
CENA 10. TAXI. EXT/DIA
Flávia está dentro do taxi, no banco de trás. Pega o celular e liga para Bernardo.
Cena alternando entre eles.
FLÁVIA: - Oi meu amor!
BERNARDO: - Oi gata! Tava morrendo de saudade!
FLÁVIA: - Como você está? A Cissa disse que você tava doente.
BERNARDO: - Resfriado bobo.
FLÁVIA: - Já tomou pelo menos uma vitamina C?
BERNARDO: - Relaxa gatinha, eu to bem.
FLÁVIA: - Sei... Você precisa se cuidar, meu amor. Não pode dar mole pra esses
resfriados não...
BERNARDO: - Pode deixar. Eu vou me cuidar.
FLÁVIA: - Então tá... Eu to indo pra TV. Beijo...
BERNARDO: - Beijo, bom trabalho.
Flávia desliga o celular, e fica pensativa.
CENA 11. RESTAURANTE. INT/DIA
Melissa e Janine almoçam juntas.
MELISSA: - Adoro esse restaurante, olha quanto gato! Pena que nenhum faz o meu tipo.
JANINE: - E qual seu tipo?
MELISSA: - Futebolista rico... Nem precisa ser de futebol também. Pode ser do vôlei,
basquete, tênis, até do rúgbi. Mas tem que ser rico.
JANINE: - Você é muito exigente hein!
MELISSA: - Pois é! E como eu sempre falo, homem tem que ter presença.
JANINE: - Por falar em presença, eu to indo ver o Bernardo daqui a pouco. Ele vai topar
desfilar e daí eu vou começar a mostrar o leque de oportunidades que ele vai ter ficando
comigo.
MELISSA: - Você é perfeita viu! Quando eu crescer que ser igualzinha a você.
JANINE: - Não posso deixar o Bernardo escapar assim... Ele é tudo que eu preciso.
MELISSA: - É assim que se fala amiga... Eu também não vou deixar o Eric escapar.
JANINE: - Confesso que to meio apreensiva com você nesse desfile. Não pense em fazer
alguma coisa que faça o desfile der errado hein! Pelo amor de Deus!
MELISSA:- Fica tranqüila. Agora vai ser golpe de mestre... Não vou deixar rastros.
JANINE: - Eu to indo pra praia, ele com certeza deve ta surfando. Você vem comigo?
MELISSA:- Não, não. Vou dar mais um tempinho por aqui, quem sabe um desses bofes
não se aproxima... Adoro ser paquerada!
JANINE: - Então ta bem, passa lá em casa de noite. (levanta da mesa) Beijo!
MELISSA: - Beijo! Pode deixar que eu pago a conta.
Janine sai. Melissa olha para um homem que está numa outra mesa, sozinho. Ela
faz charme. De repente, a esposa do cara chega na mesa. Melissa disfarça.
CENA 12. RIOESPORTES. REDAÇÃO. INT/DIA
Flávia chega à redação. Aline se põe em sua frente.
ALINE: - Atrasada como sempre hein mocinha! Ta pesando que ta trabalhando em uma
colônia de férias?
FLÁVIA: - Aline dá um tempo! (a Lucas) Lucas, o Cláudio já chegou?
LUCAS: - Chegou sim, acabou de entrar na sala dele.
Flávia segue para sala de Cláudio.
ALINE: - Quem essa garota pensa quem é pra falar comigo desse jeito? Sua amiga é
muito folgada hein, Lucas.
LUCAS: - Ela que é folgada ou você que é um pouco chatinha?
ALINE: - O quê?!
LUCAS: - Relaxa Aline, deixa ela fazer o trabalho dela e você se preocupa com o seu.
Assim ninguém se estressa...
ALINE: - Você também, anda meio diferente...
LUCAS: - Eu?
ALINE: - É sim... Todo cheio dos segredinhos...
LUCAS: - Vai querer saber da minha vida agora? Dá um tempo, Aline...
CENA 13. RIOESPORTES. SALA CLÁUDIO. INT/DIA
Flávia entra na sala de Cláudio, que para o que está fazendo.
CLÁUDIO: - Flávia, eu estava mesmo querendo falar com você/
FLÁVIA: - Cláudio eu vou precisar resolver uns problemas pessoais... Teria problema se
eu pedisse o dia livre hoje? Eu posso ficar no plantão da madrugada sem problema.
CLÁUDIO: - Mas eu vou precisar de você hoje. Temos uma reunião pra definir a pauta de
estréia do novo programa de esportes.
FLÁVIA: - Não se preocupe... Eu viro a madrugada procurando boas matérias pra estréia.
É que eu preciso mesmo resolver essa pendências.
CLÁUDIO: - Bom, se é tão urgente assim, pode ir. Mas amanhã eu vou precisar de você
aqui sem falta. O novo apresentador vem acertar os detalhes do programa.
FLÁVIA: - Pode contar comigo, amanhã eu chego cedinho. Obrigada viu Cláudio.
CLÁUDIO: - De nada. Espero que você consiga resolver todos esses problemas.
FLÁVIA (saindo): - Vou resolver tudo sim! Obrigada por tudo.
Flávia sai. Cláudio a observa meio desentendido.
CENA 14. LOJA TOMÁS. INT/DIA
Igor arruma algumas pranchas. Um cliente se aproxima. Igor vai atendê-lo.
IGOR: - Bom dia, em que posso ajudar?
CLIENTE: - Eu sou de Santa Catarina, cheguei aqui no Rio ontem. E a minha prancha
quebrou no transporte. Disseram que aqui é uma das melhores lojas da cidade no ramo.
IGOR: - Modéstia a parte, somos sim. Vem aqui que eu te mostro os modelos que temos
aqui.
Igor leva o cliente até as pranchas. Tomás que observa a tudo do balcão. Cissa
entra na loja.
CISSA: - Oi meu amor! (beija Tomás)
TOMÁS:- O Igor começou hoje mas já ta pegando o manejo das coisas.
CISSA: - Ta vendo, muitas vezes as pessoas só precisam de uma chance pra mostrar a
que vieram.
TOMÁS: - Eu vou da um pulo lá no estoque, você segura as pontas aqui na frente pra
mim?
CISSA: - Claro, vai lá!
Cissa observa Igor atendendo o cliente.
CENA 15. CONSULTORIO MÉDICO. RECEPÇÃO. INT/DIA
Flávia aguarda sua vez, folheia uma revista. Está nervosa, apreensiva. A
recepcionista anuncia seu nome.
RECEPCIONISTA: - Flávia Campello. Sua vez.
Flávia levanta e entra na sala do médico.
CENA 16. APTO BERNARDO. SALA. INT/DIA
Bernardo está deitado no sofá, assistindo TV. A campainha toca.
BERNARDO: - Quem será?
Ele levanta e abre a porta.
JANINE: - Oi
BERNARDO (surpreso): - Janine!
JANINE: - Eu mesma.
Bernardo fica um pouco sem reação.
JANINE: - Desculpa ter vindo assim, sem avisar.
BERNARDO: - Sem problemas.
JANINE: - Não vai me convidar pra entrar?
BERNARDO: - Claro, entra aí.
Janine entra. Bernardo apenas encosta a porta.
JANINE: - Eu fui lá na praia e não te vi. Preciso falar com você.
BERNARDO: - Acordei meio febril hoje, mas já to melhor.
JANINE: - Quer que eu faça um chá de limão com mel? É uma das minhas
especialidades, sabia?
BERNARDO: - Não precisa não... Já tomei um comprimido, já to melhor... Você disse que
queria falar comigo?
JANINE: - Sim, é que o desfile da Power Sport será na próxima sexta e eu preciso da sua
confirmação.
BERNARDO: - Ah, claro...
JANINE: - E então, já decidiu?
BERNARDO: - Eu topo, eu to mesmo precisando aparecer na mídia... O campeonato
mundial ta chegando e ate agora não tenho nenhum patrocínio grande.
JANINE: - Que bom que você aceitou o meu convite. Quem sabe eu não possa te ajudar
a conseguir um patrocínio?
BERNARDO: - Você acha que com esse desfile eu consigo mesmo?
JANINE: - É só confiar em mim.
Janine olha feliz para Bernardo. Bernardo sorri discretamente.
CENA 17. CONSULTORIO MÉDICO. INT/DIA
Flávia termina de se vestir. Senta-se e observa ansiosa a médica olhar os exames.
MÉDICA: - Pois bem Flávia. Dessa vez foi apenas um alarme falso. Você não está
grávida. O atraso da menstruação foi apenas um desequilíbrio hormonal.
FLÁVIA: - Nossa... Não que eu não queira ser mãe um dia, mas você acabou de tira um
grande peso das minhas costas. Não tava nenhum um pouco preparada para enfrentar
uma gravidez agora.
MÉDICA: - É, sei eu como é isso. Porém é só se prevenir como se deve. Gravidez
indesejada só acontece por descuido.
FLÁVIA: - É verdade, eu fui muito irresponsável, mas tudo isso serviu pra me abrir os
olhos e ficar mais atenta a partir de hoje.
Flávia olha aliviada para Médica.
CENA 18. SHOPPING. INT/DIA
Bárbara e Raquel passeiam pelo shopping, conversam.
RAQUEL: - To te falando Bárbara!... A mulher é poderosa mesmo! Disse tudo que
acontece na minha vida. Fiquei pasma com tantos detalhes.
BÁRBARA: - Raquel, pra ser sincera eu nunca fui de acreditar nessas questões místicas.
RAQUEL: - Eu também não, mas eu tava louca de curiosidade pra saber se o Cláudio
estava ou não me traindo... E acabei descobrindo a existência de uma mulher entre nós.
BÁRBARA: - Já desconfia de quem seja?
RAQUEL: - Eu apostava todas as minhas fichas na tal nova repórter né. Mas o Danilo me
garantiu que ela não tem nada a ver. Bom, vai saber essa mulher ainda vai aparecer no
caminho de Cláudio. Agora eu tenho que marca território. Não vou deixar o Cláudio
insatisfeito com nada! Nem com a água do banho!... Por que você sabe né? Quando o
homem não tá satisfeito em casa, ele busca fora... Mas e você amiga, me conta tudo do
fim de semana em Angra! Como foi?
BÁRBARA: - Se eu não tivesse lá pra ver tudo aquilo, nem eu mesmo acreditaria... Foi
terrível.
RAQUEL: - Terrível?! Como assim?
BÁRBARA: - O Igor e o Osvaldo brigaram, e o meu filho saiu de casa...
RAQUEL: - Minha nossa, que bafão Bárbara!... Vamos sentar ali, pedir um café e você
desabafa tudo comigo, amiga.
Bárbara e Raquel seguem conversando.
CENA 19. PRÉDIO BERNARDO. CORREDOR / APTO BERNARDO. SALA. INT/DIA
Flávia chega ao andar do apartamento de Bernardo, percebe que a porta está
apenas escorada e entra.
FLÁVIA: - Bê, meu amor? Você tá aí?
Bernardo entra na sala apressado. Olha surpreso para ela.
BERNARDO: - Flávia!
FLÁVIA: - Você deixou a porta aberta.
Eles trocam um rápido selinho.
FLÁVIA: - E ai, ta melhor?
BERNARDO: - Aham...
FLÁVIA: - O que foi, Bernardo? Tá estranho...
Janine entra com uma xícara de chã nas mãos.
JANINE: - Pronto. Ta vendo como fui rápida. Está aqui seu chá.
Flávia se surpreende ao ver Janine.
FLÁVIA: - O que ela tá fazendo aqui, Bernardo?
Flávia e Janine se encaram.
FLÁVIA: - O que ela tá fazendo aqui, Bernardo?
Flávia e Janine se encaram. Flávia sai apresada. Bernardo corre atrás dela. Janine
abre um sorriso de quem gostou de provocar ciúme em Flávia. Bernardo segura Flávia,
que está esperando o elevador.
BERNARDO: - Flávia espera! Eu posso te explicar tudo.
FLÁVIA (exaltada): - Me solta, Bernardo!
BERNARDO: - A Janine só veio me convidar pra/
FLÁVIA: - Eu não quero ouvir!... Eu saí mais cedo da TV pra vir aqui cuidar de você, te
fazer companhia... Mas pelo visto, já tem alguém aí que faça isso por mim. E muito bem,
por sinal.
BERNARDO: - Não é nada disso! Eu nem sabia que a Janine viria. Ela chegou de
surpresa e/
FLÁVIA: - E você deixou ela entrar e até fazer chazinho pra você. Vai lá, volta. Vai esfriar
o teu chá. Me deixa ir embora assim eu também esfrio a minha cabeça.
Bernardo aos poucos a solta, Flávia entra no elevador e vai embora. Bernardo
volta para o apartamento, senta-se no sofá, desapontado.
JANINE: - Desculpa Bernardo, eu não queria causar esse transtorno todo.
BERNARDO: - Tudo bem, Janine, você não tem culpa de nada não.
JANINE: - As minhas intenções foram às melhores possíveis.
BERNARDO: - Eu sei disso. Obrigado pela sua preocupação. Agora, se não se importa,
eu queria ficar sozinho.
JANINE: - Claro... Eu vou indo nessa então. Mas estamos acertados com o desfile, né?
BERNARDO: - Sim, eu estarei lá com certeza.
JANINE: - Que bom... (se aproxima, beija Bernardo no rosto, carinhosamente) obrigada.
Janine sai. Bernardo fica pensativo.
CENA 20. RESTAURANTE. INT. DIA
Gregório espera ansioso por Marcone. Sentado em uma mesa afastada, ele olha
todo momento para o relógio e para os lados certificando-se que não está sendo
observado por ninguém. Marcone entra no restaurante. Gregório faz um sinal discreto.
Marcone se aproxima e senta-se à mesa.
GREGÓRIO: - Eu tenho que ser rápido. Depois da burrada que você fez, o Adalberto
pode ter mandado alguém me seguir.
MARCONE: - Não foi essa a minha intenção. Ele que tomou suas próprias conclusões.
Mas como ficara a divisão da grana?
GREGÓRIO: - Ele ainda não ainda não depositou, você fez tudo errado. Agora o
Adalberto ta desconfiado de mim.
MARCONE: - O problema é seu, não tenho mais nada a ver com esse assunto.
(levantando/saindo)
GREGÓRIO: - Você sabe que se eu cair, você se ferra junto comigo. Não sabe?
MARCONE: - Foi você que teve a idéia de tirar de dinheiro do seu cliente. Agora com
licença tenho muita coisa pra fazer ainda hoje.
Marcone sai. Gregório observa enfurecido.
CENA 21. APTO BERNARDO. SALA. INT/DIA
Bernardo está sentado no sofá pensativo. Tomás entra no apartamento.
TOMÁS: - Fala campeão! Tudo tranqüilo?Me desculpe, eu não queria/
BERNARDO: - Que nada... Tudo péssimo...
TOMÁS: - Ih... O que tá pegando?
BERNARDO: - A Flávia brigou comigo.
TOMÁS: - Mas a troco de quê?
BERNARDO: - Ela chegou aqui no apartamento e encontrou a Janine aqui.
TOMÁS: - Caraca! Você e a Janine/
BERNARDO: - Não! Não teve nada entre eu e a Janine. Ela veio aqui confirmar minha
presença pro desfile que ela tá produzindo. Ela viu que eu tava gripado, resolveu fazer um
chá... Mas aí a Flávia chegou, viu a Janine cuidando de mim e entendeu tudo errado.
TOMÁS: - Poxa, nem sei o que dizer.
BERNARDO: - Ai cara, não sei o que eu faço...
TOMÁS: - Deixa a poeira baixar e depois você fala com a Flávia.
BERNARDO: - É, talvez seja melhor fazer isso mesmo...
CENA 22. QUIOSQUE. EXT/ DIA
Júlia pega algumas ondas. Empolgada, arrisca varias manobras sobre a prancha.
No quiosque Diego, o rapaz a quem ela entregou o telefone outro dia na academia, a
observa. Ela sai do mar e vai direto para o quiosque com a prancha nas mãos sem
perceber que Diego está La.
JÚLIA: - Chico, vê uma água de côco pra mim!
CHICO: - É pra já, Julinha!
Júlia senta em uma das mesas do quiosque. Diego se aproxima.
DIEGO: - Então você é surfista?
Júlia fica surpresa ao ver Diego. Ele senta-se à mesa com ela. Chico traz a água
de côco.
CHICO: - Água de côco no capricho!
JÚLIA: - Valeu Chico!
CHICO: - E você meu rapaz, deseja alguma coisa?
DIEGO: - Não, não to só acompanhando a moça... Valeu!
Chico sai.
JÚLIA: - Olha só, se você queria me ver, por que não ligou hein? Aqui nesse quiosque é
queimação pra mim.
DIEGO: - Tava de boa aqui na praia, de repente te vi surfando... Não ia desperdiçar essa
chance né. E ai o tour pelo meu apê ainda ta de pé?
JÚLIA: - Outra hora a gente conversa sobre isso! Aqui não!
Júlia se levanta. Diego segura sua mão.
DIEGO: - Garanto que você não vai se arrepender. Se quiser eu te pego na outra rua pra
não levantar suspeitas.
Júlia percebe o carro estacionado próximo ao Quiosque.
JÚLIA: - Você ta de carro? Pensei que você morasse aqui em Ipanema.
DIEGO: - Moro na Barra... Você falou que é nova na cidade. Vai ser um passeio e tanto.
JÚLIA: - Tá bom... Vai indo então. Te espero na rua de trás.
Diego solta a mão de Júlia. Ela se afasta. Chico observa a tudo discretamente.
Diego levanta e vai embora.
CENA 23. APTO FLÁVIA E TATIANA. INT/DIA
Flávia está em casa, chorando. Lembra alguns momentos que passou ao lado de
Bernardo. Em seguida alguém bate na porta. Ela olha e permanece sentada.
BERNARDO (off): - Abre aí, Flávia! A gente precisa conversar... Deixa pelo menos eu
tentar te explicar o que aconteceu, gata.
Flávia enxuga as lagrimas e abre a porta. Bernardo entra e olha em seus olhos.
FLÁVIA (forçando frieza): - Pode falar...
BERNARDO: - A Janine foi lá em casa pra confirmar minha presença no desfile que a
empresa do pai dela ta organizando. Eu não tava fazendo nada de mais. É isso.
FLÁVIA: - E aí ela aproveitou e fez um chazinho pra vocês comemorarem juntos. Que
legal.
BERNARDO: - Deixa de ser cabeça dura, Flávia!
FLÁVIA: - Eu cabeça dura? Eu pensando que você estava doente, precisando de carinho,
e quando eu chego tem outra lá toda se oferecendo pra você!
BERNARDO: - Não fala assim da Janine. Ela foi muito simpática comigo. Não teve nada
de ficar se oferecendo não.
FLÁVIA: - Aquela lá não me engana.
BERNARDO: - Você tá tirando conclusões precipitadas.
FLÁVIA (abre a porta): - Ah, estou? Então sai. Vai lá atrás da sua amiguinha simpática e
espera se daqui a um tempo ela não vai estar se jogando nos seus braços e vocês dois
namorando.
BERNARDO (fecha a porta): - Eu não vou sair daqui. A minha garota é você!
Bernardo agarra Flávia e a beija intensamente.
CENA 24. SHOPPING. CAFÉTERIA. INT/DIA
Raquel e Bárbara conversam sentadas em uma das mesas.
RAQUEL: - Pois é... A tal Madame destrinchou minha vida de um jeito que eu fiquei sem
reação. E justamente na ultima carta falou da tal amante do Cláudio.
BÁRBARA: - E você descartou essa hipótese da nova repórter por quê?
RAQUEL: - Eu tenho meus contatos lá no canal de TV, a faxineira de lá sempre me conta
as novidades e mulheres que rodeiam o Cláudio. Eu perguntei sobre a nova repórter e ela
me garantiu que a menina não tem nada a ver com isso. Disse até que ela é muito
simpática e tem um namorado surfista.
BÁRBARA: - Ta vendo só... Não se deve levar ao pé da letra tudo que essas
cartomantes dizem, eu prefiro viver um dia após o outro. Não tenho necessidade alguma
de saber sobre meu destino.
RAQUEL: - Vai me dizer que você não tem curiosidade de saber mais um pouco sobre os
mistérios do seu marido?
BÁRBARA: - O Osvaldo não tem mistério, vive pro trabalho... O único mistério dele é
essa obsessão em fazer o Igor a sua cópia.
RAQUEL: - Por falar no Igor, que chato isso que aconteceu em Angra hein.
BÁRBARA: - Foi lamentável... Em pensar que eles foram em missão de paz. Bom, mas o
Igor ta feliz , realizado e é isso que importa né?
RAQUEL: - É verdade minha amiga... Graças a Deus que não tive filhos viu. Já imaginou
as rugas de preocupação que eu teria hoje?
BÁRBARA: - Ainda está em tempo, você é jovem... Poderia perfeitamente engravidar
sim.
RAQUEL: - E destruir meu corpinho? Jamais!
BÁRBARA: - Você não tem jeito mesmo hein Raquel!
As duas riem.
CENA 25. APTO FLÁVIA E TATIANA. INT/DIA
Flávia e Bernardo se beijam. Se afastam.
BERNARDO: - Taí a prova de que eu realmente quero ficar com você.
Flávia o abraça.
FLÁVIA: - Desculpa, Bê... Desculpa essa explosão toda hoje, to com a cabeça a mil...
Perdi a apresentação do programa lá da TV de uma forma inexplicável. Tava morrendo de
medo de estar grávida.
BERNARDO (surpreso): - Grávida?!
FLÁVIA: - Sim... Mas calma, foi só alarme falso... Eu tava indo falar com você tudo isso
mas aí.... Eu fiz todo aquele show. Também pudera né? Você e a tal Janine estavam
juntos antes de mim.
BERNARDO: - Flávia, a gente ta ou não ta namorando?
FLÁVIA: - Tá, mas/
BERNARDO: - Pronto, é isso que importa. Eu não ia firma compromisso contigo e te trair
assim. Posso ter todos os defeitos do mundo. Só não traio as pessoas que amo.
FLÁVIA: - Mas agora você entende por que eu fiquei tão nervosa?
BERNARDO: - Só vou entender se eu ganhar mais uns beijos... É que meu sistema anda
meio lento sabe.
FLÁVIA: - Sei, mas você vai tomar um bom xarope agora. Tinha esquecido que você tava
resfriado.
BERNARDO: - Pô, mas já to bem melhor, fica aqui comigo vai...
FLÁVIA: - Nada disso, vó preparar um chã pra você... Aliás, o meu vai ser bem mais
gostoso do que o da Janine. Pode apostar!
Os dois se beijam.
CENA 26. POWER SPORT. SALA ADALBERTO. INT/DIA
Marcone e Adalberto.
ADALBERTO: - E então?
MARCONE: - Ele sentiu que você está desconfiado. Na verdade, ele está com medo.
ADALBERTO: - Sabia... Gregório é um frouxo mesmo.
MARCONE: - Eu espero não ser prejudicado com toda essa situação.
ADALBERTO: - Pode ficar tranqüilo, você e seu jornal não serão afetados. Bom, de
qualquer forma gostaria de continuar com nossa parceria.
MARCONE: - Claro, é só entrar em contato conosco.
Marcone e Adalberto levantam e se cumprimentam. Marcone sai.
ADALBERTO: - Agora é pensar no que fazer com o Greg...
Adalberto fica pensativo, sentado em sua cadeira, observando uma pequena caixa
sobre a mesa.
CENA 27. POWER SPORT. ANTI – SALA ADALBERTO. INT/DIA
Marcone sai da sala de Adalberto. Lucinha observa. Sandro se aproxima.
SANDRO: - É ai, gostou do sambinha ontem?
LUCINHA: - Nossa! Fazia tempo que eu não me divertia daquele jeito.
SANDRO: - Podemos marcar pro fim de semana que vem, o que acha?
LUCINHA: - Ótimo, depois a gente combina.
Janine chega no local, apressada.
JANINE: - Lucinha, o meu pai está aí?
LUCINHA: - Está, deixa eu só avisar/
JANINE: - Não precisa. Obrigada.
Janine entra na sala de Adalberto. Sandro a observa.
LUCINHA: - Volta pra terra, Sandro!
SANDRO: - Ela ta bem nervosa hien?
LUCINHA: - Deve estar uma pilha com a organização do desfile.
CENA 28. POWER SPORT. SALA ADALBERTO. INT/DIA
Janine entra. Adalberto fica surpreso.
ADALBERTO: - Filha! Que surpresa? Aconteceu alguma coisa?
JANINE: - Confirmei hoje um modelo incrível pro desfile. Só falta fechar os outros
contratos, mas pra isso eu preciso de um pouco mais de dinheiro e/
ADALBERTO: - Mais dinheiro?! Filha, os valores desses cachês são um absurdo. Eu não
posso ficar no prejuízo. Contrate qualquer um aí, que ande direitinho e tá bom.
JANINE: - E colocar por água a baixo a qualidade do desfile? Nunca! O senhor sabe
muito bem que um evento só é sucesso quando tem investimento..
ADALBERTO: - Quanta frescura por causa de um desfile, Janine!
JANINE: - Frescura? Um desfile bem feito chama mídia, atrai olhares de diversas
pessoas, pai! Imagina se a Power Sport faz um evento chinfrim? Todo mundo vai falar!
ADALBERTO: - Eu vou pensar no seu caso.
JANINE: - Eu preciso de uma resposta mais que urgente, pai.
ADALBERTO: - Eu já falei que vou pensar. Você sabe que odeio que me apressem.
JANINE: - Tudo bem... Mas pensa com carinho, tá?
Janine beija Adalberto no rosto.
JANINE: - Que caixa é essa aí? Presentinho pra mim?
ADALBERTO: - Não, não. Essa caixa aí são negócios.
JANINE: - Negócios?
ADALBERTO: - Coisa minha, Janine. Coisa minha.
JANINE: - Tudo bem, vou indo. Beijos.
Janine sai da sala.
CENA 29. ACADEMIA SOLARIS. INT/DIA
Adriano auxilia uma aluna. Marcinha chega de surpresa. Adriano se assusta.
MARCINHA: - Tava morrendo de saudades do meu bofe malhado!
ADRIANO: - Márcia! Voltou a malhar?
MARCINHA: - Pois é... Te vi na Lapa e bateu saudade da malhação que a gente fazia.
Lembra?
ADRIANO: - Olha só, me dá dois minutos... Preciso orientar essa moça.
MARCINHA: - Claro... Eu espero!
Adriano vira as costas e volta a auxiliar uma moça em um dos aparelhos. Marcinha
olha com interesse para os músculos fortes de Adriano.
CENA 30. ACADEMIA SOLARIS. INT/DIA
Débora e Cissa caminham pela academia, que está movimentada.
DÉBORA: - Às vezes eu olho a academia e nem acredito que está tudo dando certo,
nossa parece um sonho.
CISSA: - Eu sempre te falei que às vezes a gente tem que arriscar... Você merece todo
esse sucesso minha amiga!
DÉBORA: - E você como está? Faz tempo que a gente não põe as novidades em dia né?
CISSA: - A Olívia vive cobrando um chá!... Eu to bem sim, a loja do Tomás está muito
bem também. Voltei pro Centro Cultural o que é maravilhoso. Eu to feliz.
DÉBORA: - As clientes têm cobrado bastante um espaço de yoga e pilates... Pensei em
você pra comandar esse espaço Zen, mas você é sempre cheia de compromissos...
CISSA: - Que legal Débora! Olha dependendo do horário, dá pra conciliar sim. O Igor tem
se saído muito bem lá na loja e tenho apenas duas turmas de gestantes no centro.
DÉBORA: - Ai Cissa, eu ia adorar trabalhar com você. Eu vou preparar já esse espaço!
Até eu vou querer umas aulinhas de yoga.
CISSA: - Sei, eu sempre te chamo e você sempre foge.
DÉBORA: - Digamos que eu não seja tão flexível assim.
CISSA:- Que idéia! Você e sua suposição sobre si mesma.
Elas continuam passeando pela academia animadas.
CENA 31. ACADEMIA SOLARIS. INT/DIA
Adriano e Marcinha tomam suco no balcão. Conversam.
MARCINHA: - Na verdade eu to de volta porque eu tava morrendo de saudade de você.
Marcinha acaricia o braço Adriano. Ele se afasta um pouco.
Adriano e Marcinha tomam suco no balcão. Conversam.
MARCINHA: - Na verdade eu to de volta porque eu tava morrendo de saudade de você.
Marcinha acaricia o braço Adriano. Ele se afasta um pouco.
ADRIANO: - Marcinha... Não vai rolar.
MARCINHA: - Uê! Você era louco por mim! Posso saber o que aconteceu?
ADRIANO: - To saindo com uma pessoa ai... E o lance ta ficando sério.
MARCINHA: - Posso saber quem é a felizarda?
ADRIANO: - É melhor não... Mas e aí, vai malhar ou não?
MARCINHA: - Não vai me dizer que você voltou a sair com homem! Foi aquele da Lapa?
ADRIANO: - Eu não te devo satisfações da minha vida não, viu dona Márcia. (Levanta)
Se era só isso, pode ir. Eu preciso voltar pro meu trabalho.
MARCINHA: - Tudo bem, eu já entendi.
Marcinha levanta e vai saindo, sussurra no ouvido de Adriano.
MARCINHA: - Não pense que eu vou desistir...
Marcinha sai. Adriano a observa, pensativo.
CENA 32. POWER SPORT. SALA ADALBERTO. INT/DIA
Adalberto analisa uns documentos na sua sala. O telefone toca.
ADALBERTO: - Diga Lucinha. (T) Chegou? (T) Mande ele entrar. (desliga o telefone)
Adalberto guarda os papéis sobre a mesa, deixando apenas a caixa. Gregório
entra na sala.
GREGÓRIO: - Nunca precisei ser anunciado para entrar aqui na sua sala.
ADALBERTO: - É que hoje o motivo é especial.
GREGÓRIO: - Não entendi.
ADALBERTO: - Senta aí que você vai entender.
Gregório senta na cadeira. Adalberto abre a caixa, retira da caixa um pequeno
gravador e senta-se frente a frente a Gregório. Adalberto liga o gravador. Eles ouvem toda
a gravação feita por Macorne, no encontro com Gregório, que fica nervoso. Adalberto
desliga o gravador.
ADALBERTO (debochado): - Meu caro amigo Greg... Que coisa feia, tentar apunhalar o
cliente pelas costas... Estou muito decepcionado.
GREGÓRIO (nervoso): - Adalberto essa gravação é forjada, você sabe que/
ADALBERTO: - Eu sei que você é um perfeito idiota... Não sabe nem planejar seus
golpes direito. Não é a toa que é um fracassado. Se não fosse meu advogado estaria na
sarjeta. Esses anos todos tive pena da sua mediocridade.
GREGÓRIO: - Adalberto eu posso explicar! Esse Marcone é um/
ADALBERTO: - Você sabe muito bem como eu costumo tratar as pessoas que pensam
ser mais espertas do que eu, não sabe? O último que se meteu a besta comigo tomou um
chá de sumiço bem eficaz. E o engraçado de tudo isso é que você acompanhou tudo.
Pensei que você valorizava mais o fato de estar vivo.
GREGÓRIO: - Eu já entendi, pode ficar tranqüilo. Eu prometo que isso não vai acontecer
mais.
ADALBERTO: - É claro que não vai acontecer, você não trabalha mais pra mim. Agora
antes de desaparecer da minha frente, tenho a última ordem.
GREGÓRIO: - Você não pode me demitir, eu sei coisas demais ao seu respeito.
ADALBERTO (risos): - Gregório... Você é mesmo muito imbecil pra achar que pode me
denunciar de alguma coisa né? Você abre a boca agora, daqui a cinco minutos você está
à sete palmos abaixo da terra. Idiota, medíocre. Eu já tenho meus homens na sua cola,
Greg. Não tem saída.
GREGÓRIO: - Você está cometendo um grande erro fazendo isso comigo, Adalberto. Eu
que sempre te ajudei.
ADALBERTO: - Cala a boca, Gregório! Eu é que sempre ajudei você, te dei a
oportunidade de ser meu advogado e você coloca tudo no ralo por ganância, por
mesquinharia?! Acorda. Você nunca vai ser alguém na vida, nunca vai ter prestígio. Muito
menos o dinheiro e o poder que eu tenho. Você é um verme, inútil.
Gregório se entristece.
ADALBERTO: - Agora vai embora daqui. Não quero ver essa sua cara suja nunca mais.
Gregório vai levantando-se.
ADALBERTO: - E não esquece. Você está cercado. Uma palavra mal dita, vale pela sua
vida.
Gregório sai da sala. Adalberto pega o telefone.
ADALBERTO: - Lucinha entre em contato com Osvaldo Carvalho. Quero uma reunião
com ele para amanhã. (desliga o telefone)
Continua....