sociologia juridica (8)

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    SOCIOLOGIA JURDICA RESUMO LEITURA ESPECFICAPROFESSORA: VALDZIA PEREIRA

    DIREITO COMO CINCIA

    Cincias formal: Matemtica, Lingstica.

    Direito: fundamenta-se em sistemas formais, mas uma tcnica socialespecfica, ferramental de regras fixas que, graas fora do Estado, entra emvigor, e a partir da segue imprimindo normas de conduta aos indivduos, aosgrupos e sociedade.

    Isto d a impresso que para conhecer o Direito preciso conhecer apenas asregras jurdicas (sua lgica e funcionamento), sem estudar a Cincia Poltica

    ou a Sociologia, que para muitos estudantes e tambm operadores do Direito,e mesmo doutrinadores, so insuficientes para a compreenso das implicaes

    jurdicas.

    O certo que o Direito moderno e, em particular a Sociologia, a cincia domundo moderno, so brotos de uma mesma planta, focalizado na explicaoda realidade concreta e na natureza de seus problemas.

    Nesse sentido, na condio de tcnica social, o Direito uma ordem deconduta humana, um sistema de regras determinado por um preceito o

    princpio da inegabilidade dos pontos de partida, segundo o qual no cabediscutir as premissas importas pelo Estado, no porque sejam verdadesabsolutas, mas porque os Cdigos determinam o trabalho dos operadores doDireito.Assim pensando, as regras jurdicas so dogmas incontestveis. Mas podeat haver discusso quanto ao seu alcance e eficcia, mas ningum poderescusar-se alegando ignorar a lei.

    Mas normas no tm vida prpria, no agem, expressam apenas algosubentendido pela coletividade so leis, regras e costumes que repousam,

    em primeiro lugar, na certeza de seu cumprimento, como garantia de bem-estar tanto individual como na coletividade e, em segundo lugar, na confianaque, por meio delas so atingidos determinados objetivos, acerca dos quaisexiste consenso.O fundamento dessa relao, que envolve norma e consenso, no so coisas,fatos sociais ou aes feitas, so pressupostos lgicos, proposies tidascorretas e derivadas , por sua vez,de uma norma fundamental, subentendida ,

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    consubstanciada na unidade social, e o seu fundamento de validade no se baseia, a exemplo das sociedades arcaicas, numa f religiosa ou numfundamento filosfico comum, mas em uma concepo pblica, compartilhada

    por todos, compatvel com a noo de cidado de Estados democrticos.

    O DIREITO COMO REGIME IMPERATIVO E SUBSISTEMASOCIAL

    O Direito moderno em particular, no um fato, mas um regime, um conjuntode princpios e normas, regras, procedimentos decisrios, que resulta de umaconvergncia de expectativas acerca de questes concretas.Por esta tica, possvel explicar o objeto da Sociologia na saara do Direito e

    valid-la para o mesmo ponto de convergncia do mesmo:a condutanormal, o comportamento punvel, sujeito sano em caso de condutacontrria de quem pretende um comportamento prejudicial e transgressor danorma.Conduta normal , portanto, o OBJETO prioritrio do Direito e daSociologia, ambas disciplinas da ordem normativa da sociedade que buscamdirigir a ao estabelecendo distines entre o desejvel e o indesejvel,visando:

    1) estabilizar a interao entre os integrantes de sistemas sociaiscomplexos, e

    2) criar e manter ordem social, determinado modo de vida coletiva e derelaes sociais, que serve para eliminar certos costumes e disseminaroutros.

    Na condio de objeto do Direito, a conduta normal um sinal para ogigantesco aparato retributivo e repressivo da sociedade comear a mover-see se manter operante at a concluso do processo judicial.

    Mas, enquanto elemento da ordem jurdica, tambm um fenmenosuscetvel de investigao sociolgica, a que se associam efetivas restries e

    sanes (de natureza religiosa, por exemplo),que confrontam, limitam oumesmo aumentam a eficcia das regras do Direito. Por isto a Sociologiabusca apenas no mostrar o comportamento efetivo em relao norma

    jurdica, mas tambm interpretar e explicar sem prescrever, justificar ourecomendar um tipo de conduta as questes que dizem respeito validade e interpretao do prprio Direito.

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    Conseqentemente, o Direito no to-somente um sistema positivo devalores, mas, da mesma forma que a Economia, a Poltica, e a socializao(educao), um subsistema da sociedade, cuja funo estabelecer e mantercondies genricas de controle social e coercitividade, assim como,formalmente, independncia e coeso social. Porque, devido a sua fixao poruma mquina judiciria independente e a existncia de especialistas cominteresses adquiridos na preservao dostatus quo, o Direito relativamenteimpermevel aos movimentos de mudana...Corresponde s reais relaesde poder.

    O DIREITO COMO PROBEMA SOCIAL

    Embora possa ser agradvel ouvir dizer que o ordenamento jurdico reflete ocontexto social, que o Direito um fato ou um fenmeno social, faz-se

    necessrio investigar as condies e os modos pelos quais essa relao serealiza e em que medida o processo de influncia recproco...e desvendara natureza e o carter do ordenamento jurdico, luz de uma amplaperspectiva histrica e comparada.Quanto uniformidade, diversidade e comparabilidade dosordenamentos jurdicos e modos de justia, o socilogo pode, porexemplo, concluir que a Justia Penal incapaz de traduzir as diferenase as desigualdades sociais em termos de direitos, privilgios dedeterminados grupos. A a necessidade de transcender os limites doordenamento jurdico.

    Ver a racionalidade formal da lei e as imposies circunstanciais daquelesque renunciam aos seus direitos.

    Ver as limitaes da intuio e do raciocnio dos cientistas, que emanamde um conhecimento metdico, fundamentado, sistematizado, dirigido aalgo cada vez mais complexo, voltado descoberta das causas dosproblemas e das funes dos objetos, investigao permanente decorrelaes e mltiplas vertentes.

    A sociologia j demonstrou que sabe identificar as causas dos problemassociais (ou dos fatores que os determinam) e, desse modo, avaliar asimplicaes inerentes aplicao do Direito Positivo, precisando oscustos e as conseqncias dos conflitos (assim como das soluesconstantes), alm de propiciar um entendimento amplo e profundo dofuncionamento dos ordenamentos e modos de justia. Ou seja, preencher

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    as funes de cincia auxiliar, oferecendo aos legisladores e operadoresdo Direito informaes e vises prospectivas pertinentes. Portanto, osocilogo um pesquisador cuja obrigao descrever problemas sociais(conflitos) e estabelecer correlaes entre os processos pelos quais soproduzidos e consumidos padres sociais, ou seja, valores, normas,modelos de conduta, representaes do que desejvel, elementosgenricos ou difusos, porm solidariamente implantados na realidadesocial.

    SOCIOLOGIA JURDICA RESUMO- 11 DE OUTUBRO

    DIREITO E SOCIOLOGIA

    Processo de produo de leis no Brasil: iniciativas (Presidente da Repblica,STF, STJ, deputados federais, PGU, outros cidados). Incio (Cmara dosDeputados) anlise tcnica, subcomisses; sesses plenrias (deputados esenadores); Presidente da Repblica...promulgao.Cdigo de Trnsito Brasileiro (aps anos de anlises 1997), alguns artigosforam vetados- 56 , proibio de motos e bicicletas de trafegarem em filasadjacentes ou entre caladas e veculos.Razo do veto: restrio de circulao desses veculos; a maioria dosacidentes: velocidade, imprudncia,falta de equipamentos de segurana.O veto presidencial estava instituindo a violncia protelada.

    DIREITO E SISTEMA SOCIAL

    comum atribuir-se Sociologia, no campo do Direito, a restringir-se ao usode dados estatsticos para compreender como as normas jurdicas seapresentam efetivamente. Mas, pelo CTB, pode-se perceber que o papel daSociologia no pode se limitar a uma mera leitura externa do Direito,

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    restringindo-se a verificar a efetividade das normas jurdicas apenas no planodo fato social, ou seja, estudar como se forma e se transforma o Direito,verificando a sua funo no seio da comunidade, sem ter a preocupao deelaborar normas e de interpretar as que vigoram numa dada sociedade.

    Mas, h os que propem que o jurista ou operador do Direito aja como umsocilogo de planto...deixe de lado sua tica habitual e adote uma posturamais poltica, econmica, social, dependendo do tipo de anlise que estfazendo.Tal indeciso fruto de uma viso superada da Sociologia como cincia tica,

    prpria de atividades filosficas buscar ordem justa das relaes humanas.

    PROBLEMA DO ESPRITO CRTICO E DAS AES INOVADORAS (AO

    PERCEBER QUE UMA REALIDADE MISERVEL, PORQUANTO,DETERMINADA POR UMA ORDEM SOCIAL INQUA,INCOMPATVEL COM A CINCIA) MAX WEBER; POSSO QUERERO QUE CERTO, MAS NO POSSO FAZ-LO;POIS NO FAO O BEMQUE DESEJA, E SIM O MAL QUE NO QUERO.

    O fracasso de projetos de uma sociedade melhor,justa,compassiva, osocilogo crtico- pode perder a f na cincia e,se continua a fazer sociologia, para ver at onde pode resistir.

    SOCIOLOGIA E ORDEM SOCIAL

    Diante de qualquer ordem social justa ou injusta,a Sociologia assume apostura de Cincia,seja a realidade desumana ou aprazvel. O SOCILOGO UM PESQUISADOR CUJA OBRIGAO DESCREVER

    PROBLEMAS SOCIAIS (CONFLITOS) E ESTABELECERCORRELAES ENTRE OS PROCESSOS PELOS QUAISSOPRODUZIDOS E CONSUMIDOS PADRES SOCIAIS,OU SEJA,VALORES, NORMAS...REPRESENTAES DO QUE DESEJVEL.O Socilogo tem o dever de empenhar-se na ampliao do poder de controleda sociedade.

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    Por esta razo, a Sociologia no deve restringir-se simples compreenso dareao norma jurdica. Mas precisamente, aborda o carter geral do Direito,as pressuposies de conduta e de argumentao moral e jurdica emdeterminada poca.

    AES E SISTEMAS SOCIAIS

    Envolvem vrios atores.DEFINIR JURIDICAMENTE O QUE pedofilia IMPLICA conhecer seuselementos essenciais (elencar). Graas a esses elementos, a ao transforma-senum composto, em um produto de sntese que pode ser analiticamentesubdividido. Mas o fato deve integrar os sistemas sociais.

    ORDENS DE NECESSIDADES

    Ao abordar o direito (suas boas e ms qualidades), a Sociologia procuraelementos para analisar os vrios processos pelos quais as leis soforjadas.Para tanto,leva em conta a determinao do comportamento humano

    por ordem de necessidade- formada por componentes de normalidadecorrespondentes s concepes (valores) e convices (normas) que

    predominam na sociedade. A Sociologia, ao invs de definir o Direito comoum desejo ardente (sede de justia), tenta explicar as ordens de necessidadea partir do seu impacto na realidade social.Por exemplo; ver pgina 11 denncia de estupro vspera de natal.Comportamento das pessoas envolvidas ou no.Ver pedofilia.

    COMPORTAMENTO NORMAL

    CABE aos especialistas determinar se algum verdadeiramente anormal,isto , se apresenta por exemplo alguma parafilia:

    a) exibicionismo (mania de ostentar partes sexuais);b) fetichismo (localizar o desejo ertico em determinado objeto;

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    c) frottage(satisfao sexual esfregando-se nooutro);d) pedofiliae) masoquismo ou sadismo;f) voyeurismo (excitar-se ao observar a cpula praticada por outros, ou

    simplesmente ao ver os rgos genitais do outro.

    Jusristas e socilogos, por seu turno, se concentram na conduta normalno comportamento, sujeito sano em caso de conduta contrria. Juristase socilogos,dificilmente viriam no comportamento do pai um monstro.

    FUNO OU OBJETO DA SOCIOLOGIAJURDICAANALISAR TODO O SISTEMA REGULADOR DE NORMAS, QUE DOSMAIS DIVERSOS MODOS MANTM A AO SOCIAL EMCONFORMIDADE COM A ORDEM NORMATIVA DA SOCIEDADE.

    VER EXEMPLO DO AUTOR DIANTE DO CASO DA MININAESTUPRADA.

    A COMPLEXA RELAO QUE VINCULA , de um lado, o OrdenamentoJurdico racional e tomadas em si como referncia e, de outro, a sociedade,cujos valores, freqentemente, parecem negar a racionalidade impessoal doDireito e da Justia, constitui, tambm, OBJETO DA SOCIOLOGIAJURDICA.- a Sociologia estuda, neste sentido, os processos e estruturas que

    atravancam ou contribuem para o funcionamento harmnico dossubsistemas sociais, no caso, Direito e Justia.

    - Mas Direito e Justia parecem contrrios opinio pblica...a lgica doJudicirio irracional.

    - Deve-se considerar que mesmo nas sociedades modernas, legislao ecostumes esto interligados.

    -MODALIDADES DE COMPORTAMENTOS COLETIVOS justia

    popular linchamentos porque existem?OUTROS MOVIMENTOS: multides, tumultos, rumores, opinio pblica.

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    SENTIMENTO DE JUSTIA?

    ORDEM SOCIAL: AMBIVAlNCIA:

    Poucas vezes os conflitos entre a sociedade e a ordem jurdica gera ruptura.Mas, ao dizer que a ordem jurdica visa a proteger os direitos e bensindividuais frente a terceiros, ou que facilita a interao harmoniosa entre as

    pessoas, razovel deduzir que a institucionalidade os direitos discrimina,j que as dificuldades para usufruir desses direitos parecem insuperveis.

    INTEGRAO E RUPTURA

    Conflitos podem ser encarados a partir da perspectiva sistmica comoproblemas de integrao social determinados 1. pela maior ou menor

    exposio de indivduos, grupos, populaes e pases a graves problemas deajustamento `mudanas das condies estruturais, 2. por tendncias derecomposio dos interesses hegemnicos e blocos polticos, e 3. poreventuais rompimentos na ordem vigente. Nestes casos, h desvios comgraves conseqncias legais e polticas.EXEMPLO REFORMA DA PREVIDNCIA - CRTICA DOPRESIDENTE DO STF SOBRE o Direito Garantido REPLCA - =OPINIO PBLICA.

    Neste caso, Justia no pode ser confundida com juzo de valor subjetivo.

    INTERESSES E ORDEM NORMATIVA

    Direito e sociologia concebem vontades, interesses e situaes comoelementos condicionados sempre por vias de mo dupla que acentuam e aomesmo tempo restringem condies, impulsos ou motivaes subjetivas,

    resolvendo, regulando e padronizando situaes e comportamentos.

    MODELOS SOCIAIS DE CONDUTA

    Incio da civilizao relao de parentesco definida pelo culto; pasesmulumanos mesma profisso de f do proprietrio do pai. Gregos eromanos; filhos no podiam renegar o culto do pai; filho adotivo = filhos pelo

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    culto. Mulher s era considerada quando iniciava o culto com o casamento;mas sem direito herana.Casamento primeiro e mais importante modelo social de conduta,estabelecido para perpetuar a famlia, anulado em caso de esterilidade damulher (caso fosse do homem, deveria se unir ao parente mais prximo deste

    para procriar).Mais tarde, a gens romana (genos, na Grcia). Unio dos ramos de vriasfamlias. Assim, pode-se dizer que o direito propriedade era um direito inatodo homem e sua concepo estava implcita na religio.Posterioemente, unio de vrias famlias tribos. Culto comum. Assim, taismodelos de conduta em todas as civilizaes, as idias de famlia, justia,amor, etc, assumiam contedos normativos; como elemento que concedeunidade ao sistema; mas que tambm depende do modo de como osindivduos:

    1. conscientes ou inconscientes aceitam instituies tradicionais (casamento,por exemplo);2. baseiam nessas instituies o seu prprio raciocnio lgico, extraindo dais

    todas as implicaes possveis;3. na ausncia de acordos especficos, aceitam as leis e regulamentos da

    decorrentes e conduzem a situaes de convenes e certeza (por exemplo:certides, DNA, testes)

    4. argumentam contra abusos, rebelam-se, ignoram ou mesmo derrubam asinstituies quando prescrevem e no servem mais.

    Todavia, se no mundo antigo, costumes, religio e Direito eram coisas quasesimultneas, hoje os processos societrios ou de socializao, depende deoutros agentes..Valores so relativos, no podem ser fixados por relao degenes, por exemplo, da mesma forma que o Direito, que tende a reproduzir

    premissas fundamentais da cultura, quando estas mudam, este tende a mudar.

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