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Sociologia do Trabalho SENAI DR BA ®

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Sociologia do Trabalho

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Sociologia do Trabalho

Salvador 2010

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Sociologia do Trabalho

Copyright ©2009 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados.

Assessoria de Desenvolvimento / Educação

Elaboração: José Carlos Pereira de Medeiros

Fábio Lima

Revisão gramatical: Marina Bernadete de Souza e Silva Filha

Revisão técnica: Rita Christiane Nascimento Oliveira

Revisão Pedagógica: Carla Roberta Cruz Prado

Normalização: Rita de Cássia Machado da Silva

Catalogação na fonte (NDI – Núcleo de Documentação e Informação) ___________________________________________________________ SENAI – DR BA. Sociologia do trabalho. Salvador, 2010. 64p. (Rev.01) 1. Sociologia 2. Trabalho I. Título CDD 300 ____________________________________________________________

SENAI DR BA Rua Edístio Pondé, nº 342 / Stiep

CEP: 41.770-395 Tel..: (71) 3343-1300 Fax. (71) 3343-1399

www.fieb.org.br

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APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação profissional e superior, além de prestar serviços técnicos e tecnológicos. Essas atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos diversos segmentos, através de programas de educação profissional, consultorias e informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho.

Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do conteúdo apresentado no módulo.

Por ser um material dinâmico, que merece constante atualização e melhorias, caso o leitor encontre erros, inconsistências, falhas e omissão de algum conteúdo, favor entrar em contato com a Área de Educação do SENAI CIMATEC. Estamos sempre abertos para melhorar o nosso material didático.

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Sociologia do Trabalho

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................9

1.1. Objetivo ................................................9

1.2. A importância da sociologia para a vida dos homens .................................................10

1.3. O surgimento da sociologia .............11

2. As principais correntes.....................15

2.1. Evolucionismo – o mundo de darwin15

2.2. O positivismo – augusto comte .......16

3. Os principais sociólogos..................18

3.1. Émile durkheim..................................18

3.1.1. Resumo do pensamento durkheimiano 21

3.2. Max weber ..........................................21

3.2.1. Sociologia compreensiva .................22

3.2.2. Resumo da teoria weberiana............25

3.3. Karl marx ............................................26

3.3.1. Materialismo histórico ......................26

3.3.2. A luta de classes................................27

3.3.3. Resumo da teoria marxista...............28

4. O trabalho...........................................31

4.1. O trabalho e suas formas .................31

4.2. Trabalho e identidade .......................32

4.3. Instituição econômica.......................32

4.4. Produção ............................................33

4.5. Distribuição ........................................33

4.6. Consumo ............................................33

4.7. Sistemas econômicos.......................34

4.7.1. Escravista...........................................35

4.7.2. Feudalismo.........................................35

4.7.3. Capitalismo ........................................36

4.7.4. Socialismo..........................................38

5. Sociologia do trabalho......................39

5.1. O trabalho e suas definições............39

5.2. Ocupação ...........................................40

5.3. As mudanças no trabalho.................40

5.4. O mundo do trabalho moderno........40

5.5. A divisão social do trabalho.............41

5.6. A divisão técnica do trabalho...........41

5.7. Cultura e trabalho moderno .............41

5.8. Taylorismo..........................................42

5.9. Fordismo............................................ 43

5.10. Toyotismo ou kanban ....................... 43

5.11. Volvismo ............................................ 44

5.12. Just in time ........................................ 44

5.13. Just in case........................................ 44

6. Emprego e desemprego ................... 45

6.1. Valorização e remuneração dos profissionais................................................ 45

6.2. Recrutamento, carreira e avaliação de desempenho................................................ 46

7. Formação profissional ..................... 47

7.1. Escolha da profissão........................ 47

7.2. Influência dos pais............................ 48

7.3. Início da carreira profissional.......... 49

7.4. O perfil do novo profissional ........... 50

7.5. Mercado de trabalho......................... 51

7.6. Postura profissional ......................... 51

7.7. A inserção do profissional no mundo do trabalho .................................................. 53

8. Exercícios .......................................... 55

8.1. Atividades pedagógicas 1................ 55

8.2. Atividades pedagógicas 2................ 56

8.3. Atividades pedagógicas 3................ 57

8.4. Atividade pedagógica 4.................... 58

8.5. Atividade pedagógica 5.................... 61

9. Exercícios complementares sugeridos..................................................... 62

9.1. Filmes................................................. 62

9.2. Leitura ................................................ 62

referências................................................... 63

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Introdução 1

1. Introdução

Ao abrir o ‘Módulo de Sociologia do Trabalho’, o leitor terá acesso a temas sobre a Sociologia e o nascimento desta e, especificamente, a Sociologia do Trabalho. No primeiro encontra-se a gênese dessa ciência nascida no século XIX e um pouco da história dos fundadores ou pais. No segundo, os olhos estarão atentos a tudo sobre o mundo do trabalho e suas relações, encerrados naquilo que chamamos de um recorte, a Sociologia do Trabalho, parte de uma ciência instigante.

A história detalhada da Sociologia e dos fundadores, teorias de cientistas sociais que precederam essa ciência, Charles Darwin e Augusto Comte, um pouco da história do desenvolvimento da Europa, os sistemas e as instituições econômicos, o passo a passo de como se produz a riqueza e se constrói as dominações e, certamente, todas as etapas do surgimento do trabalho em sua dimensão social e subjetiva.

É muito provável que o aluno se pergunte por que determinados temas estão nos dois capítulos. A resposta é tão simples quanto seu entendimento. Alguns assuntos são vitais e têm um amplo leque de explicações, por isso que a divisão foi a melhor opção, considerando que o módulo é um livro, com uma história, que juntamente com o mestre, o professor, os alunos descobrirão a fantástica história da sociedade em que cada um vive e as relações travadas até chegar ao trabalho.

As atividades pedagógicas foram distribuídas de maneira a atender a necessidades específicas. Na primeira parte, ‘A Sociologia’, há atividades para os

tópicos mais importantes, sempre ao final de cada um deles. Na segunda parte, ‘A Sociologia do Trabalho’, foi dada uma atenção especial às atividades pedagógicas, que atendem não apenas à questão do trabalho, mas a todo módulo, inclusive à formação do aluno enquanto ser social e humano. São, aproximadamente, sete páginas de sugestões de filmes, documentários, livros, textos, ações fora da sala de aula e manifestações artísticas. O mestre deve escolher as que estiverem mais adequadas ao perfil de cada turma.

Esperamos que a leitura deste material, também pedagógico, seja uma viagem.

Uma boa viagem!

1.1. Objetivo

Este primeiro capítulo tem como maior objetivo iniciar o aluno na ciência chamada Sociologia. Entender o surgimento desta, as relações que forjaram a estruturação e dominar alguns conceitos fundamentais é muito importante para aprender a pensar e analisar a sociedade com bases em observações seguras que darão respostas a muitos questionamentos no âmbito das relações sociais.

Outro objetivo estratégico é o estímulo à reflexão, matéria prima mais importante quando o assunto é analisar relações sociais. Para esse exercício, foram colocadas as histórias dos fundadores da Sociologia e como eles construíram as suas teses, mostrando os brilhantes pensamentos, intuições, saques que só os ousados de coração puro chegam lá. E cada um de vocês pode ser ousado, levar a vida com inteligência,

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sagacidade e capacidade reflexiva, o que leva qualquer um compreender a vida numa dimensão digna.

Finalmente, neste Capítulo está a estrutura que edifica o tema ‘Sociologia do Trabalho’, objeto de estudo deste módulo. Em cada parágrafo a seguir está a chave para se compreender o mundo do trabalho e relações dele, profundamente analisado na segunda parte do módulo.

1.2. A importância da sociologia para a vida dos homens

Figura 1 – Aperto de mão.

A Sociologia é uma ciência que procura estudar os homens e a constituição dos grupos sociais e as relações sociais entre os indivíduos no mundo na vida cotidiana, as suas alianças e conflitos. Como eles estabelecem as relações sociais e as suas associações humanas, a exemplo de uma conversa entre duas pessoas ou um aperto de mão, um “bom-dia” ou ainda uma consulta médica. Este pode ser um dos exemplos de contatos sociais, que também podemos chamar de interação social, nos quais os indivíduos necessitam dialogar com os outros, pois não existe indivíduo sozinho.

Os seres humanos criam relações sociais com diversos graus de intensidade. As relações estabelecidas entre duas pessoas que se encontram em um lugar para conversar serão muito mais intensas, como entre vocês e seus colegas aqui na sala de aula, do que aquelas realizadas em uma conversa entre médico e paciente, numa consulta,

por exemplo, que é um contato bem mais formal que entre amigos, não é?

Existem diferentes tipos de relações sociais que podem ser primários e secundários. As relações sociais primárias se caracterizam por serem pessoais, logo, diretas e com uma forte influência da emoção, como numa partida e futebol ou no baile de sábado. Os primeiros tipos de contatos que as pessoas estabelecem estão no seio da família, originados das relações entre pais e filhos, mães e filhas, irmãos, amigos etc. As relações secundárias se diferenciam das primárias pelo fato de serem calculadas, racionais e sem influências emotivas.

Quando alguém vai comprar pão, por exemplo, a pessoa já sabe que vai haver um vendedor ali e que terá que se comunicar com ele. Essa comunicação, extremamente racional, breve, calculada e sem nenhuma carga emocional é classificada como uma relação social secundária.

Então, o que observamos é que todas as nossas atividades estão marcadas por relações sociais, e é esse o objetivo da sociologia, uma disciplina interessada em entender as relações dos homens, seja no trabalho, no lazer, na religião e na economia. Durante muito tempo a Sociologia não foi estudada nas escolas secundárias porque colocava os “homens de negócio”, os industriários e o próprio Estado em perigo, assim eles viam, porque os indivíduos podiam criticar a sociedade e escolher uma melhor forma de viver. O medo de muitos era infundado, pois o conhecimento sociológico contribui para o desenvolvimento da sociedade e para cada pessoa individualmente.

Nesse curso aprenderemos um pouco dessa disciplina, dos seus fundadores e de suas propostas para entender a sociedade e acabar com as

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desigualdades, racismo, sexismo, preconceito e pobreza.

1.3. O Surgimento da Sociologia

A Europa, no final da Idade Média, houve uma grande crise no feudalismo (ver definição no item 4.7.2). Com o aumento da população, de nada adiantava produzir mais porque o excedente da produção não ia para os mais necessitados; engordava cada vez mais os cofres da Nobreza e do Clero.

As pessoas então começaram a se rebelar, fugindo dos feudos (as que eram “presas” por laços de honra) e passaram a viver com os poucos recursos econômicos que tinham, iniciando o costume de comprar bens baratos, nos burgos, espécies de cidades fora dos feudos.

Os vendedores eram os burgueses que comercializavam os produtos com preço mais caros, obtendo altos lucros e enriquecendo, enquanto os plebeus ficavam mais pobres. A prática do lucro era condenada pela Igreja Católica, a maior potência do mundo na época. Mas, para os fugitivos dos feudos, fundadores dos burgos, não restavam alternativas exceto a atividade comercial voltada ao lucro, tida como “desonesta” por praticamente todas as culturas e civilizações do mundo, a partir de todos os pontos de vista ético.

O capitalismo, então, passou a ser um sistema econômico dominante baseado no lucro e que foi crescendo cada vez mais, como hoje, atendendo aos interesses da burguesia comercial.

Era fundamental reorganizar a sociedade de maneira a que os novos donos da riqueza, a burguesia, fossem, também, os donos do poder. Surge então uma nova religião para reforçar esses valores baseados na acumulação da riqueza sem ser vista como pecado. Assim nasce o Protestantismo. Os padres diziam nas missas – embora sua prática fosse bem outra – ser “mais fácil um camelo

passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, e diziam serem pecaminosos aqueles que praticavam a cobrança de juros, lucros... “Usurários”, enfim, eram todos enfileirados no caminho que conduz ao fogo do inferno.

Por outro lado, começam a surgir os ex-padres, agora pastores que passam a informar: “se a mão de Deus estiver sobre a sua cabeça, você prosperará imensamente nesta terra; nisso você verá um sinal de estar sendo por ele abençoado”. Assim cresceram as doutrinas* protestantes pelo mundo afora.

A burguesia, agora bastante endinheirada, sentia-se lesada tendo de pagar tributos à antiga nobreza, praticamente falida. No início, os burgueses compravam títulos de nobres, os de antiga linhagem – que os discriminavam –, a seguir passaram a pensar em alternativas mais radicais como convocar os trabalhadores para uma aliança contra a nobreza e implantar um novo tipo de regime político, muito mais interessante e lucrativo para a burguesia, a “república”.

Os burgueses convocaram seus empregados, desempregados e desesperados, superiores em número, para uma aliança contra a nobreza ou “Antigo Regime” e, após muitas dificuldades, eles saíram vitoriosos. Como foi o caso da Revolução Francesa e a Revolução Gloriosa, na Inglaterra.

Mas a burguesia traiu os trabalhadores que lhes ajudaram a derrubar o poder da Igreja e do Clero, mandando-os de volta a seus trabalhos e explorando-os cada vez mais, muito embora a classe burguesa tivesse como inspiração idéias revolucionárias de pensadores, chamados de filósofos, que pregavam a liberdade, igualdade e fraternidade.

Eles eram os Iluministas. A burguesia, entretanto, queria liberdade,

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sim, mas de comércio; igualdade e fraternidade entre eles. Eles se apropriavam das idéias, porém na prática era outra coisa, e o que estava nascendo ali era uma nova dominação de um grupo cada vez mais poderoso sobre os trabalhadores.

A partir da segunda metade do século XVIII, em função da primeira Revolução Industrial e o nascimento do proletariado, intensificou-se a urbanização, que propiciou o surgimento de grandes centros industriais. A conseqüência disso foi o êxodo* de milhares de famílias que perambulavam em busca de trabalho e viam nos novos centros urbanos uma oportunidade.

Mas, as condições de trabalho eram precárias, pois os operários trabalhavam arduamente em turnos diários de doze a dezesseis horas, recebendo alimentação inadequada, expostos a freqüentes doenças e acidentes provocados pelo maquinário pesado que mutilava e matava.

As mudanças que nasciam com aquele novo modelo atingiram todos os setores da vida. A família, considerada uma das mais fortes instituições, também passou por profundas mudanças, seja no controle de propriedades por parte das mulheres, a autonomia dos filhos que se expandia, a abolição do direito de primogenitura, aquele primeiro filho com todos os direitos, além de conquistas que diziam respeito diretamente à subjetividade do indivíduo, como no caso do amor, o casamento por escolha mútua, ou seja, casar com quem se gosta, a estrutura nuclear da família e o reconhecimento da diferença entre infância e adolescência, pois os indivíduos viviam no limite imposto pelos pais até certa idade.

Outra mudança de profundo impacto aconteceu na estrutura das classes sociais. Com o avanço do sistema capitalista, a Europa ocidental passou a se desestruturar, ou se reestruturar,

devido às substituições de valores e de moedas nas sociedades européias.

É desse caldo fervente de novos modelos que se implantavam que nasce a Sociologia, em meados do século XIX, numa Europa que borbulhava de transformações. A Sociologia chega com a missão, ou uma forma de entender as causas e o consistente desenvolvimento das novas relações sociais, possibilitando, de forma segura, investigar e interpretar a realidade social.

A Sociologia passa, então, a ser considerada uma ciência da modernidade devido a sua atenção estar voltada não só para os acontecimentos presentes, como o racismo, o preconceito com descriminação para as mulheres, homossexuais, imigrantes, questões ligadas à pobreza, à violência, à infância e velhice, bem como as desigualdades no mundo do trabalho. Do mesmo modo, a Sociologia está ligada à visão que os pesquisadores esperam com relação ao futuro, interligando progresso e modernidade. A Sociologia é uma ciência aliada às transformações sociais e busca ouvir aqueles que não são inclusos socialmente.

Os pais e fundadores da Sociologia foram: Durkheim, Weber e Marx, carinhosamente apelidados em muitos círculos acadêmicos e centros de pesquisas de “os três porquinhos”, isso porque eles estão sempre juntos quando precisamos falar da Sociologia, pois a teoria de um, de alguma forma, sempre contribui com a do outro. Os três estudaram incansavelmente as transformações econômicas ocorridas na Europa no século XIX, as novas formas de viver com e no mundo do trabalho.

Esses três pais da Sociologia são de extrema importância para compreendermos seus pensamentos, que ainda hoje são utilizados como referência nas análises das relações sociais e na tentativa de compreender as sociedades modernas e seus conflitos. É por isso que

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este Módulo de Sociologia do Trabalho oferece uma ampla abordagem das teorias de Durkheim, Marx e Weber, afinal esses teóricos construíram as bases do entendimento metodológico do funcionamento das sociedades. Foi a partir deles, e o pensamento deles, que muitas outras teses surgiram e puderam explicar fenômenos vitais que atormentavam a vida, mas hoje já se pode planejar e intervir com segurança na imensa maioria dos problemas sociais.

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As Principais Correntes 2

2. As principais Correntes

2.1. Evolucionismo – O Mundo de Darwin

Todo mundo fala em evolução, você sabe o que é ser evoluído?

Muitas vezes fala-se em alguém que é evoluído, culto, superior, mas muito pouca gente sabe que todas essas expressões têm origem em uma corrente de pensamento do século XIX. A Teoria Evolucionista é fruto de um conjunto de pesquisas feitas pelo cientista inglês Charles Robert Darwin (1809 - 1882), Figura 2. Em suas pesquisas, ocorridas no século XIX, Darwin procurou estabelecer um estudo comparativo entre espécies aparentadas que viviam em diferentes regiões.

Figura 2 - Charles Robert Darwin 1809-1882 (Wikipédia)

Ele chegou à conclusão de que as

características biológicas dos seres vivos

passam por um processo dinâmico nos quais os fatores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos. Ao mesmo tempo, Darwin levantou a idéia de que os organismos vivos estão em constante concorrência e, a partir dela, somente os seres melhores, preparados às condições ambientais impostas, poderiam sobreviver.

O processo chamado de Evolucionismo Social refere-se às teorias antropológicas que influenciaram a Sociologia. Essa teoria explicava que as sociedades têm início num estado primitivo e gradualmente tornam-se mais civilizadas com o passar do tempo. Nesse contexto, o primitivo é associado ao comportamento animalístico; enquanto civilização é associada à cultura européia do século XIX.

Durante a sua vida, Charles Darwin tornou-se famoso internacionalmente como um influente cientista estudando tópicos controversos.

O Evolucionismo Social representou uma tentativa de formalizar o pensamento social com linhas científicas modeladas conforme a teoria biológica da evolução. Se organismos podem se desenvolver com o passar do tempo de acordo com leis compreensíveis e deterministas, parece então razoável que sociedades também possam.

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Figura 3 - Caricatura publicada na revista Hornet, onde Darwin é retratado como um

macaco. (Wikipédia)

2.2. O Positivismo – Augusto Comte

Figura 4 - Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798 – 1857). Wikipédia

Sempre respondemos positivo,

tudo está em ordem ou caminhando para o progresso, essas expressões têm sua origem no Positivismo, que é uma corrente sociológica cujo precursor foi o francês Auguste Comte (1798 - 1857), Figura 4. O Positivismo surgiu como desenvolvimento do Iluminismo, as teorias que influenciaram as Revoluções que tinham como lema ‘igualdade, fraternidade e liberdade’, do mesmo modo que foi influenciada pelas crises sociais e morais do final da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial. Essa corrente filosófica propõe à existência humana valores completamente humanos,

afastando radicalmente teologia ou metafísica, que explicaremos mais adiante.

O Positivismo teve grande repercussão na segunda metade do século XIX, mas perdeu influência no século XX para outras correntes de pensamento, como o Marxismo.

Augusto Comte usava de um método chamado organicista, ou seja, ele tomava emprestados alguns conceitos da biologia como sistema, organismo, e não chamava ainda a ciência social de Sociologia, ele chamava de Física Social.

O teórico positivista acreditava que toda sociedade evolui, da mesma maneira e no mesmo sentido, resultando daí toda humanidade em geral, que caminha para um tipo de sociedade mais avançada. De tais idéias saiu uma classificação para as sociedades, “A Lei dos Três Estados”.

• Estado Teológico ou fictício, em que se explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras, em geral baseadas em explicações nos deuses. O estado teológico subdivide-se em:

•a) fetichismo, em que o homem confere vida, ação e poderes, sobrenaturais a seres inanimados e a animais.

•b) politeísmo, quando atribui a diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da natureza humana.

•c) monoteísmo, quando se desenvolve crença em um só deus.

• Estado Metafísico ou abstrato. As causas primeiras são substituídas por causas mais gerais – as entidades metafísicas –, buscando nestas entidades abstratas (as idéias) explicações sobre a natureza das coisas e as causas dos acontecimentos.

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•Estado positivo ou científico. O homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura conhecer a natureza íntima das coisas e as causas absolutas.

Essa visão de Comte foi perigosa, pois para ele as sociedades que não tinham uma ciência tão desenvolvida como no mundo Ocidental era considerada como atrasada. Logo, a sua teoria acabou por justificar a dominação desses povos e culturas sem escrita, como os índios e negros, em que o conhecimento é transmitido oralmente, do mesmo modo incentivou a criação de outras teorias baseadas em critérios biológicos para legitimar a superioridade branca dos europeus. O nazismo sustentou seus argumentos nas teorias positivistas.

As idéias de Comte influenciaram vários países, inclusive aqui no Brasil, na criação de um partido político chamado Integralista, na década de 30 do século XX, que defendia as raças puras, e um Estado forte, exacerbando o Nacionalismo. Ainda hoje, guardamos traços do Positivismo, como a frase que está na bandeira brasileira “Ordem e Progresso”. Pois o progresso, para Augusto Comte, era o objetivo das sociedades humanas.

Figura 5 – Bandeira do Brasil Wikipédia.

A bandeira nacional do Brasil (Figura 5) é um dos símbolos nacionais e

foi adotada oficialmente no dia 19 de novembro de 1889. No decreto de lei n.º 4 consta que a bandeira possui um retângulo verde, um losango amarelo, um círculo azul e dístico branco que atravessa o azul com as palavras "Ordem e Progresso" em letras verdes, e mais vinte e sete estrelas de cor branca, representando todos os estados do Brasil. (Wikipédia).

O progresso dos conhecimentos é característico das sociedades humanas: a sucessão de gerações, com seus conhecimentos, permite uma acumulação de experiências e saberes que constituem um patrimônio espiritual objetivo e liga as gerações entre si. Existe uma coerência para Comte entre os estágios do conhecimento e a organização social. A Tabela 1 abaixo apresenta uma síntese destas abordagens.

Tabela 1 – Síntese das Leis da Evolução.

Visão dos

Evolucionistas

Barbárie

Selvageria

Civilização

Visão dos

Positivistas

fetichismo

Politeísmo/

monoteísmo

Estado

positivo científico

Visões dos

historiadores

positivistas e

evolucionistas

Pré-história

Idade da

Pedra

Pré-história

Idade da Pedra

História

Escrita

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Os Principais Sociólogos 3

3. Os Principais Sociólogos

3.1. Émile Durkheim

Figura 6 – Èmile Durkheim. Wikipédia.

Émile Durkheim (1858 - 1917), (Figura 6) francês, filósofo de formação, e considerado por muitos estudiosos como um dos pais da sociologia moderna. Ele entendia que a Sociologia era uma ciência que precisava criar regras próprias deferentes das outras ciências. Ele começou a propor uma regra para estudar os fenômenos sociais, que deveriam ser tratados como “Fatos Sociais’.

Fato Social

Fato social é toda maneira de agir, fixa ou não, de pensar e de sentir, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior que é geral na extensão de uma sociedade, tendo como características a exterioridade, coercitividade e maneira de ser.

As características específicas do fato social são:

a) Exterioridade. Em relação às consciências individuais; não são as questões psicológicas como a emoção, o amor, sentimentos que dizem respeito para o indivíduo. Durkheim diz que as questões de ordem psíquicas cabem ao psicólogo e não ao sociólogo, que deve estar preocupado com o que é exterior, ou melhor, está em volta dos indivíduos. A exterioridade é a consciência coletiva, ou seja, o conjunto de maneiras de pensar e agir e de sentir. Por exemplo: quando desempenhamos nosso papel de cidadão, funcionário de uma indústria, de filhos, de adeptos de uma religião estamos praticando deveres definidos fora de nós e de nossos hábitos individuais. Veja que o papel que assumimos foi determinado de fora da gente, tanto faz se nele está João, Pedro, Maria, Tereza, enfim, seja quem for, o papel independe de nossa vontade.

b) Coercitividade. A coerção que o fato exerce, ou é suscetível de exercer sobre o indivíduo. Veja o exemplo: a pena, quando se castiga um indivíduo em praça pública, sendo açoitado como se fazia na escravidão, era para que os outros não cometessem o mesmo “erro”. Ou a prisão. Sabe-se que, se o indivíduo ao romper com as normas de convivência comete um crime, os demais cidadãos manifestarão um sentimento coletivo de querer excluí-lo da sociedade, e a sua punição servirá de exemplo para todos. Outros exemplos diferentes dos anteriores, mas relevantes: o riso, a zombaria, o afastamento dos amigos, mesmo que esses nossos comportamentos não agridam as leis, eles podem ferir às convenções da sociedade,

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serem impróprios fazê-los, como não se portar corretamente na mesa, vestir-se inadequadamente ou ainda ir a um casamento de sunga e tênis, falar de modo impróprio, dar palavrões, gritar em um templo budista, enfim, essas coisas.

c) Generalidade. Pelo fato de ser um fenômeno comum a um grupo ou à sociedade, significa que questões individuais isoladas pertencem ao interesse imediato da Sociologia. A primeira obra de Durkheim foi ‘A divisão social do trabalho’, em que ele cria os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica e o de consciência coletiva. Émile Durkheim afirma em seu trabalho que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas".

O filósofo francês Durkheim construiu uma definição do normal e do patológico, aplicadas a cada sociedade. O normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para os indivíduos e superior a ele, acima dele, que não tem como controlar e nem como se opor. Isso significa que a sociedade é a consciência coletiva, uma entidade moral. Segundo ele, antes mesmo do indivíduo existir as regras já existem, já estão elaboradas. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização do próprio indivíduo, desde que ele consiga integrar-se a essa estrutura, tipo ele tem que se adaptar às regras, senão fica fora, de uma certa forma, da sociedade.

Para que reine certo consenso na sociedade, que todos ou a maioria concorde com as coisas da vida cotidiana, deve-se estimular o surgimento de uma solidariedade entre seus membros, em que os laços sociais sejam mais fortes. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de desenvolvimento da sociedade, a norma moral tende a tornar-se um norma jurídica, uma lei. É preciso definir uma sociedade moderna com regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho

coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).

Com a Revolução Industrial, a divisão social do trabalho modificou a sociedade na medida em que houve um aumento populacional e qualificação da mão de obra, proporcionando o nascimento de uma solidariedade orgânica. Entretanto, é preciso entender melhor os dois tipos de solidariedade, a mecânica e a orgânica:

a) A solidariedade mecânica é aquela em que o indivíduo é incorporado naturalmente na sociedade, desempenhando diversos papéis, sem depender de outras pessoas para a realização de seu trabalho, sem a necessidade também de mediação.

b) A solidariedade orgânica é caracterizada pelos órgãos que constituem a sociedade, pois nessa, cada indivíduo tem função, dependendo dos outros para realizá-la, uma espécie de reação em cadeia, uma sociedade em rede, interligada. Neste tipo de solidariedade, a sociedade é dividida em hierarquias, dificultando as relações e as trocas, como se fazia antigamente.

Observe o quadro abaixo!

Confira as causas do surgimento da solidariedade mecânica e orgânica.

Tabela 2 – Divisão Social do Trabalho (DST)

Causas

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Sociedade com baixo nível de complexidade, chamada de sociedades simples mecânica

Aumento populacional

(D.S.T.)

Especificidades da mão de obra

(D.S.T.)

Mudança nas relações de trabalho

(D.S.T.)

Sociedades complexas, industriais e modernas

Solidariedade mecânica

Surgimento das associações e sindicatos

Solidariedade orgânica

Os efeitos das solidariedades.

Durkheim estabelece uma relação entre o Direito e a solidariedade:

a)Direito Repressivo. Ocorre na solidariedade mecânica. É o pagamento de um delito sem direito à liberdade em que os indivíduos não podem ameaçar o funcionamento integral da sociedade.

b)Direito Restitutivo. Existe na solidariedade orgânica. O indivíduo que viola as regras tem a obrigação de restituir o dano, sem caráter expiatório, ou seja, de castigo, punição, pena.

O teórico francês constrói ainda um dos mais importantes conceitos das ciências sociais, de ‘Anomia’, que ocorre quando os fatos patológicos, aqueles não considerados como normais, tendem a

ocorrer com mais freqüência, afetando a sociedade e ameaçando sua segurança.

Veja que Durkheim, igualmente a Augusto Comte, utiliza os mesmos conceitos das ciências biológicas, mesmo propondo a criação de um método para a Sociologia. Na sua teoria, Durkheim toma alguns conceitos emprestados da biologia, como por exemplo: organismo, sistema, patológico e função. Ele acredita que tudo que existe na sociedade tem uma função. Aquilo que não tem função é considerado como patológico, por isso o filósofo francês ganhou a classificação de funcionalista. Na concepção durkhaimiana, é preciso ainda observar as causas que geram o fenômeno, como o observado acima, no quadro sobre a solidariedade.

Durkheim demonstra que certos fenômenos sociais só são considerados patológicos à medida que ultrapassam uma certa taxa dita “normal”, em determinado momento, em sociedades de mesmo nível ou estágios, ou seja, em sociedades mais ou menos parecidas nos seus níveis de desenvolvimento. Na obra ‘Suicídio’, ele demonstra que o ato suicídio varia inversamente ao grau de integração do grupo social do qual o indivíduo faz parte, com algumas exceções apontadas por ele.

Mas, como entender que o suicídio não é um fenômeno individual e que deve ser tratado como coisa? Como entender que algo tão pessoal se constitui como um fato social? Pois é. Segundo ele, a lei do suicídio é considerada como uma lei sociológica, em virtude das variáveis relacionadas constituírem fenômenos sociais: a taxa de suicídio, representando um traço característico de um grupo e o grau de coesão que, além de ser um traço do grupo, aparece também como característico desse grupo.

Vamos entender melhor. Durkheim fez um levantamento das taxas de suicídio

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em vários países da Europa. Ele observou que em países de tradição católica o número de suicidas era menor do que os observados nos países protestantes. O seu argumento é de que as relações sociais são mais fortes nos países católicos do que nos países protestantes. Isto se deve ao fato de que nos países católicos haverem um grande número de rituais que envolvem todos os indivíduos de uma comunidade, como o batizado, festas dos santos, quermesses. Esses eventos de países católicos criam uma solidariedade maior do que nos países protestantes, pois na experiência religiosa protestante os indivíduos estão mais preocupados com a sua salvação, tendendo a serem individualistas.

Então, Durkheim conclui que quanto maior a coesão social, por exemplo, a união das pessoas em torno de rituais, menor são as taxas de suicídio; e quanto menor for a coesão social, maiores são as taxas de suicídios, por isso que é um fato social e não apenas um fenômeno isolado, individual.

As obras mais importantes do filósofo francês Émile Duekheim são: Da divisão social do trabalho (1893); Regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); As formas elementares de vida religiosa (1912). Ele editou ainda livros, artigos e muitos estudos, transformando-o, praticamente, no homem que cria a ciência que hoje chamamos de Sociologia. Criou e editou também uma revista muito conceituada, a L'Année Sociologique. Durkheim não só é considerado um dos fundadores da Sociologia como também forjou um das mais importantes campos de estudo capaz de compreender e intervir positivamente nas condições de vida da humanidade.

Ao estudar o fenômeno religioso, Durkheim entendeu que a religião se constitui como uma comunidade que tende a cimentar as relações sociais, pois integra os indivíduos nos rituais e os deixam mais unidos. A religião cumpre a

função social de fortalecer os sentimentos coletivos.

3.1.1. Resumo do Pensamento Durkheimiano

Observamos que Durkheim privilegia, na sua teoria, o social sobre o indivíduo. O indivíduo, para esse filósofo, está aprisionado ao desejo das consciências coletivas, que é a própria sociedade. Segundo Durkheim, a sociedade nos doutrina e nos ensina os pré-requisitos para viver em bom acordo com os outros, como no caso da escola que nos socializa ao entrarmos em contato com outras crianças. Para Durkheim, as consciências coletivas e a sociedade são as mesmas coisas e têm uma influência no conjunto de crenças e de sentimentos comuns. É, também, a concepção que este grupo tem da realidade. Um exemplo seria o caso do indivíduo matar. Existe todo um consenso da sociedade que não se deve matar e, assim, ao cometer esse crime, este indivíduo não só será julgado pelo Estado como também será reprovado pela sociedade.

3.2. Max Weber

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Figura 7 – Max Weber. Wikipédia.

Maximillian Carl Emil Weber, ou, simplesmente, Max Weber (1864 – 1920) (Figura 7) foi um intelectual alemão do século XIX, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. Particularmente conhecido pelo seu trabalho sobre a Sociologia da Religião, Weber, assim como Durkheim e Marx, estava preocupado com a nova ordem mundial do século XIX , que eram as relações no mundo do trabalho.

Max Weber tem na sua teoria sociológica a distinção entre quatro tipos de ação do indivíduo, diferentemente de Durkheim, que não se preocupa com a ação de cada um separadamente. Confira cada uma delas:

•A ação racional com relação a um objetivo é determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo, o engenheiro que constrói uma ponte.

•A ação racional com relação a um valor é aquela definida pela crença consciente no valor - interpretável como ético, estético, religioso ou qualquer outra forma - absoluto de uma determinada conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, a sua crença consciente no valor, por exemplo, um capitão que afunda com o seu navio.

•A ação afetiva é aquela ditada pelo estado de consciência ou humor do sujeito. É definida por uma reação emocional do ator em determinadas circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valor, por exemplo, a mãe quando bate em seu filho por se comportar mal.

•A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos, costumes e crenças, transformadas numa segunda natureza. Para agir conforme a tradição, o ator não precisa conceber um objeto, ou um valor, nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática.

Seja na ação afetiva ou na tradicional, é produzida relação entre pessoas, porém são coletivas, comunitárias, e produz a noção de comunhão e conceito de comunidade.

A Ação Social é um comportamento humano. Mas esse comportamento só pode ser considerado ação social se o ator atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas, formando assim um ciclo.

3.2.1. Sociologia Compreensiva

Na teoria de Weber, a Sociologia é uma ciência que busca a compreensão da ação social nas condições que ele definiu acima. As ações do indivíduo são a essência, o que interessa na sua investigação da sociedade, na sua Sociologia. Para ele, a compreensão e a percepção do sentido que a pessoa atribui à sua conduta é o que dá início a essa ciência do homem e suas relações sociais, claro que isso para a sua teoria.

Para Max Weber, compreender o sentido que cada indivíduo atribui à sua conduta é fundamental em sua teoria, pois assim ele compreende estrutura inteligível do indivíduo, ao contrário de Durkheim, que analisava as instituições sociais. Na busca para compreender a ação dos indivíduos, ele identifica a força da sociedade, embora esta não possa aprisionar os indivíduos, porque cada pessoa é motivada a agir mediante os vários interesses que possui. Um exemplo interessante para compreender a fala de Weber é: “se num dia de chuva, todo mundo vai para as ruas e abre o guarda-

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chuva, isso não deve ser entendido como uma ação social, mas se dois ciclistas, em uma viela, se chocam e ao se levantarem se comunicarem, brigarem ou pedirem desculpas, houve então ação social, porque houve interação”. Como se percebe, interações sociais são a chave, o alicerce da teoria weberiana.

Segundo o teórico alemão, é fundamental se compreender, interpretar e explicar, respectivamente, o significado, a organização e o sentido, e evidenciar o que há de irregular nas condutas dos atores sociais em seus papéis. O objetivo de Weber não era negar a relevância dos fenômenos sociais, sua função teórica era fundar a necessidade de compreender as intenções e motivações dos indivíduos na vida cotidiana, no dia a dia.

A preocupação com aparatos metodológicos que possibilitassem ao pesquisado investigar os fenômenos particulares com mais consistência e autonomia foi muito forte. Weber então constrói o conceito chamado ‘Tipo Ideal’ que teria as seguintes funções:

a) Antes se deve selecionar de forma clara, explícita, a dimensão do objeto que será analisado.

b) Depois apresenta essa dimensão de maneira pura, sem suas sutilezas concretas, de forma bem direta.

Para Weber, a ciência positiva e racional faz parte do processo histórico de racionalização e é composta por duas características que conduzem o significado e a veracidade científica. As características são: o Não acabamento essencial e a Objetividade. O Não acabamento produz um eterno renascer de fatos que necessitam sempre serem observados, diferentemente de Durkheim, que pensa num sistema de leis sócias, o que engessa a análise da sociedade. A objetividade está relacionada com o tipo de verdade que se busca nesse conhecimento e a não aceitação de juízos de valor.

Para Weber, em qualquer tipo de ciência, o conhecimento é uma estrada que não tem fim. A ciência é o devir da ciência. A humanidade teria que perder a sua capacidade de criar para que a ciência do homem fosse definitiva ou tivesse um fim, uma teoria que explicasse tudo. Isso, para Max Weber, jamais seria possível. E é o que parece, pois cada vez que se descobre algo, aparece outra coisa nova. Cada teoria que surge derruba a que estava e assim sucessivamente.

É possível a busca do conhecimento com a objetividade que se necessita para compreendê-lo, basta saber separar o que é baseado na experiência e na observação, metódicas ou não, o chamado empírico da ação prática. É difícil, mas não impossível. Por exemplo, é provável que seja muito difícil analisar o racismo, a homofobia, o machismo, o preconceito de maneira geral, sem tomar partido, em defender um dos lados. Segundo Weber essa é uma atitude que depende de uma decisão pessoal do pesquisador e deve-se buscar essa objetividade.

Mas será que é possível ficarmos distante daquilo que estudamos? Sabemos que não é fácil por sermos homens e mulheres, e a sociologia estuda as relações dos homens e das mulheres. Dessa forma, somos conduzidos a realizar as nossas análises dos fenômenos sociais através das nossas subjetividades.

A obra mais conhecida e de extrema importância de Weber foi ‘A Ética protestante e o espírito do Capitalismo’. Este é um livro fundamental sobre o porquê que certas camadas sociais aderem a determinadas religiões, combinado por certos interesses econômicos. Significante, também, é a sua obra ‘Política como vocação’. Nesse livro o teórico alemão diz que o Estado se tornou essencial no pensamento da sociedade ocidental. O Estado é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da ação coercitiva*. A política

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deverá ser entendida como qualquer atividade em que o Estado tome parte, de que resulte uma distribuição relativa da força.

A política tem a sua base no conceito de poder e deverá ser entendida como a produção do poder. Um político não deverá ser um homem da "verdadeira ética católica" (entendida por Weber como a ética do Sermão da Montanha, ou seja, oferece a outra face). Um defensor de tal ética deverá ser entendido como um santo (na opinião de Weber esta visão só será recompensadora para o santo e para mais ninguém). A esfera da política não é um mundo para santos. O político deverá ter uma ética dos fins últimos e uma ética da responsabilidade. Do mesmo modo, também, o político deverá possuir a paixão pela sua atividade.

Quanto às relações entre cultura e economia, Weber as analisou no seu trabalho ‘A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’. Esse foi um dos livros mais lidos durante o século XX. Nessa obra pode-se dizer, de maneira esquemática, que estão relacionadas as idéias religiosas do protestantismo, ou seja, a doutrina da predestinação e da vocação — entendidas como a idéia de que Deus decretou o destino dos homens, desde a criação, e que certos sinais da vida cotidiana podem indicar quais são os eleitos por Deus e quais os condenados. Um exemplo moderno é a ética da prosperidade das igrejas neopetencostais, como, por exemplo, as que hoje chamamos de ‘evangélicas’, em que os fiéis dizem estar melhor de vida porque saíram da vida mundana.

O movimento protestante, que ocorreu na Europa nos séculos XVI e XVII e depois praticamente construiu a América do Norte, tinha como base a sistematização da conduta dos fiéis, sobretudo os calvinistas. A exigência da comprovação de que é um eleito de Deus colocava várias restrições à liberdade do

fiel, de modo a levar a uma total ‘racionalização’ da vida.

Em um outro texto clássico, “As seitas protestantes e o espírito capitalista”, Weber diz que essa racionalização sistemática da conduta do fiel possibilitava a abertura de linhas de crédito nos bancos e, por esse comportamento, o protestante era tido como pessoa responsável e honesta. Não foi a toa que a burguesia se converteu ao protestantismo. Weber também chamava de ‘desencantamento do mundo’ a esse caminho através da racionalidade, pois as práticas mágicas e de interseção a Deus, via bispos e Papas, não mais existiam.

Essa racionalização era entendida por Weber como uma "ascese intramundana". Isto significa uma visão de mundo que propõe a iluminação através da santificação de cada ato particular do cotidiano —, abre um campo para o enaltecimento do trabalho, visto como a marca da santificação. É essa característica que permite a articulação entre a ética (conjunto de valores e normas) protestante, por um lado, e o espírito do capitalismo, por outro.

Em suma, para Weber o desenvolvimento do capitalismo era fruto, em grande parte, do acúmulo de capital que se deu a partir da Idade Média. Os pioneiros desse capitalismo eram oriundos das seitas puritanas, por isso levavam a vida pessoal e familiar com bastante rigidez. Suas convicções religiosas os faziam crer que o êxito econômico era como uma benção de Deus. Segundo essa tese, o capitalismo era fruto da existência de empresas, que tinham o objetivo de produzir o maior lucro possível, a partir da organização racional do trabalho e da produção. Uma perfeita união entre o desejo de obter lucro e da disciplina racional para o trabalho e, de certa forma, até a vida social que constitui historicamente o capitalismo.

Com relação ao tema ‘Poder’, Weber mergulhou na história e observou

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que sempre houve dominação. Dessa observação, nascem em sua tese três tipos de dominação:

a) Legal - Burocrática: baseada na ação racional com relação a fins - Relação entre dominação racional legal e o Direito: A dominação legal baseia-se no dever e na disciplina, tendo em vista o Direito como formal e estrutural. Nessa dominação o que vale é a competência do indivíduo, ele ocupar um cargo porque passou por várias formas consentidas como: exames, concursos, currículo.

b) Tradicional: baseada na ação racional com relação a valores. O indivíduo ocupa um cargo pela tradição dos seus antepassados e não pela competência. À exemplo dos senhores de engenhos, em que o poder estava nas mãos do senhor patriarcal e era passado para os seus filhos. Outro exemplo, os donatários da capitania hereditária

c) Carismática: baseada na ação afetiva. O indivíduo ocupa um cargo pela sua capacidade extraordinária. Exemplo ACM, Antônio Conselheiro, Lula, Fidel Castro. Weber acredita que esse é o pior tipo de dominação, pois o indivíduo que tem o carisma pode não ser um bom líder, pode ser corrupto e não atender os anseios da maioria.

Outro tema de muito interesse para Weber era o da ‘burocracia’, uma das melhores formas de poder na sociedade. Ele então delineia a famosa descrição da burocracia como ‘uma mudança da organização baseada em valores e ação (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objetivos e ação (chamada legal racional)’. Seus estudos sobre a burocracia da sociedade tiveram grande importância na Teoria da Burocracia, dentro do campo de interesse da administração de empresas.

O pensamento de Weber é caracterizado pela crítica ao ‘Materialismo Histórico’, proposto por outro sociólogo alemão, Karl Marx, que analisa as

relações entre as formas de produção e de trabalho (a chamada "estrutura") e as outras manifestações culturais da sociedade (a chamada "superestrutura"). Para Weber o cientista social deve estar pronto para o reconhecimento da influência que as formas culturais, como a religião, por exemplo, podem ter sobre a própria estrutura econômica.

3.2.2. Resumo da Teoria Weberiana

Ação social, segundo Weber, é uma conduta humana, um ato, uma omissão ou uma permissão, dotada de um significado subjetivo que é dado por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação passada, presente ou futura de outro ser humano. Mas só há ação social se houver interação, por isso Weber compreende que a relação social é a conduta orientada pelo conteúdo reciprocamente compartilhado, ou seja, situação em que as pessoas estão empenhadas numa conduta, na qual leva em conta o comportamento da outra.

Tipos de ação social:

a) Racional em relação a fins: condições ou meios para atingir com sucesso os fins racionalmente escolhidos pelo indivíduo.

b) Racional com relação a valores: crença que consiste no valor absoluto da ação medida pela ética, estética e religião.

c) Afetiva: resultado de uma configuração especial de sentimentos e emoções por parte do indivíduo.

d) Tradicional: que se torna costume devido a uma longa prática.

Para Weber existe uma diferença entre poder e dominação. Poder é a longa probabilidade de impor a própria vontade numa relação social mesmo contra a resistência do outro. Dominação é a

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probabilidade de encontrar obediência a uma ordem considerada legítima.

3.3. Karl Marx

Figura 8 – Karl Marx. Wikipédia.

Karl Heinrich Marx (Figura 8) nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883. Era economista, filósofo e cursou direito e história, além de atuar como jornalista.

Em 1844, na efervescente Paris, conheceu Friedrich Engels (Figura 9), iniciando-se aí uma amizade que durou a vida toda com produção de inúmeros importantes trabalhos.

Marx e Engels publicaram o folheto ‘O Manifesto Comunista’, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista.

Em 1864, Marx ajudou a fundar a Associação Internacional dos Operários, depois, por questões políticas internas, passou a ser chamada I Internacional Socialista, importante organização de defesa dos direitos dos trabalhadores. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal, O Capital.

3.3.1. Materialismo Histórico

Karl Marx é o pai e fundador das idéias socialistas que produziram as grandes transformações políticas e econômicas durante o século XX, a exemplo da Revolução Socialista na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URRSS), em 1917, que levou ao poder os trabalhadores, chamados bolcheviques, que significa maioria em russo; a implantação do regime Comunista em Cuba, na revolução de 1959, comandadas por Fidel Castro (1926) e Ernesto Che Guevara (1928 – 1967), além de fundamentar revoluções na China, Vietnã, Coréia do Norte, Albânia e vários outros países.

Os fundamentos do ‘Materialismo Histórico’, conhecido também como marxismo, por ser base da teoria de Karl Marx, incomoda muito, até hoje, o Ocidente, e foi uma das causas que gerou os blocos econômicos no mundo, Socialista e Capitalista. Essa divisão no planeta foi a responsável pela ‘Guerra Fria”, uma espécie de disputa silenciosa pelo controle do poder no mundo pelos dois blocos, logo após a Segunda Guerra Mundial, e que durou até o fim do comunismo em 1989.

A teoria marxista, o ‘Materialismo Histórico’, pretende dar uma explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente os econômicos e técnicos. A sociedade é comparada, por Marx, a um edifício em que as fundações são a ‘infraestrutura’, que seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, seria a ‘superestrutura’, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.).

Para o teórico alemão, as relações sociais estão ligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificando assim todas as relações

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sociais. Segundo Marx e Engels, em todas as sociedades humanas existem uma constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: a ‘infraestrutura’ e a ‘superestrutura’. Importante registrar que em última instância são os fatores econômicos que finalmente determinam as condições de vida social.

O Estado, para Marx, se submete ao direito, que garante aos indivíduos direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o de propriedade. E foi isto que fez com que cada sistema fosse modificado.

3.3.2. A Luta de Classes

O que é ‘Luta de classes’? É a luta da classe dominante, os indivíduos que controlam a propriedade dos bens de produção, o industrial contra os trabalhadores, os que possuem a força de trabalho. Mas, então, o que Max tem a ver com isso?

Marx pretendeu caracterizar não apenas uma visão econômica da história, mas, também, uma visão histórica da economia. A teoria marxista procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico.

Haveria, segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes, como ele deixa bem claro na primeira frase do primeiro capítulo do livro ‘O Manifesto Comunista’:

"A história de toda a sociedade até hoje é a história de lutas de classes.”

Classes essas que, para Engels, são "os produtos das relações econômicas de sua época". Assim, apesar das diversidades aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam

essencialmente etapas sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma ‘superestrutura’, um Estado, e as idéias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas.

Marx queria a inversão da pirâmide social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários, que seria a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade, uma sociedade socialista.

De acordo com o filósofo, os trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja, as idéias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as mesmas que a burguesia espalha. O capitalismo seria atingido por crises econômicas porque ele se tornou o impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria um absurdo que a humanidade inteira se dedicasse a trabalhar e a produzir subordinada a grandes empresários. A economia do futuro, que associaria todos os homens e povos do planeta, só poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Segundo a teoria, quanto mais o mundo se unifica economicamente, mais ele necessita de socialismo.

Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é decisivo são as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades em que a propriedade é privada existem lutas de classes (senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x proletariados).

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Figura 9 – Friedrich Engels. Wikipédia.

Com Engels, Marx produziu os mais importantes trabalhos sobre o socialismo que mudou a história do século XX. Wikipédia.

A luta do proletariado do capitalismo deveria ser a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder.

3.3.3. Resumo da teoria marxista

Conceitos fundamentais para entender o ‘Materialismo Histórico’

Capitalismo – O capitalismo tem seu início na Europa. Suas características nascem lá pela Baixa Idade Média (entre os séculos XI ao XV) quando ocorre a mudança do centro da vida econômica, social e política dos feudos para os burgos, as futuras cidades. Outro fator foi a crise que o feudalismo enfrentava, principalmente quando uma doença chamada ‘peste negra’ matou cerca de 35% da população do continente europeu, além da fome que também arrasava a população.

A partir da reativação do comércio pelas Cruzadas (período entre os séculos XI ao XII), a maior parte da Europa experimenta um forte desenvolvimento urbano e comercial, promovendo a

intensificação das relações de produção capitalistas, que se multiplicaram e minaram as bases do sistema feudal. Com a chegada da Idade Moderna, os reis expandiram seus poderes econômico e político através do sistema mercantilista, mais politicamente ainda marcado pelo Absolutismo.

O resultado dessa combinação de Absolutismo e Mercantilismo, o Estado controlava a economia, “ia atrás” de colônias para explorá-las e assim obter metais (metalismo – que dava lastro às riquezas), o que garantiria o enriquecimento da metrópole. Esse enriquecimento favoreceu à classe chamada ‘Burguesa’ que nascia, e mais tarde viria a controlar todos os meios de produção. Essa burguesia então começa a ter seus interesses confrontados com os reis, do sistema absolutista, que entra em declínio, afinal, os burgueses eram uma força em expansão e já detinha certo poder.

É desse período em diante que surgem as revoluções burguesas, a exemplo da Revolução Francesa (1789) e a Revolução Inglesa do Século XII, que começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688, bases para o surgimento da Revolução Industrial do século XVIII. Com esses movimentos sociais que alteraram a estrutura da sociedade da época, podia-se dizer que estavam sendo fundadas as bases do sucesso do sistema capitalista.

A Revolução Industrial é implantada na segunda metade do século XIII e o processo de produção passa a ser em massa, produzindo altos lucros e acúmulo de capital. Começa aí a saga da burguesia pelo mundo através do controle da economia e da política que começa na Europa Ocidental e chega até os nossos dias na maior parte do planeta. O capital então se impõe definitivamente como o maior objeto de desejo dos seres humanos e alvo das mais sangrentas

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disputas e processos de exploração do homem jamais visto, ainda que sob o manto de muitas democracias, mas quase todas sempre burguesas.

Socialismo - A História das Idéias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas Científicos, como já vimos anteriormente, marcado pela introdução das idéias de Marx e Engels no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias marxistas consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista internacional.

Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder.

Comunismo - As idéias básicas de Karl Marx estão expressas, principalmente, no livro ‘O Capital’ e ‘O Manifesto Comunista’, obra que escreveu com o filósofo alemão Friedrich Engels. Marx acreditava que a única forma de

alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder.

Em parte, suas idéias eram uma reação às duras condições de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar muitas horas sob condições desumanas.

Marx estava convencido que a vitória do comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento.

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4. O Trabalho

O objetivo deste capítulo é apresentar ao aluno o Trabalho como uma relação social que organiza a vida da espécie humana e que transforma a natureza à sua volta e a própria natureza do homem. Apresentamos um olhar sobre o trabalho muito além do simples ato de realizar uma atividade remunerada com fins exclusivos para o consumo.

Educar o jovem para uma profissão é também prepará-lo para compreender o mundo à sua volta e as relações que decorrem do trabalho.

Os objetivos específicos deste capítulo são:

- Identificar o conceito de trabalho no contexto da organização social e da relação que a atividade tem com a construção do indivíduo;

- Compreender a importância do indivíduo no ambiente de trabalho e sua humanização nas relações de produção da sua própria riqueza e sua contribuição à sociedade;

- Reconhecer a si próprio como promotor de uma atividade vital da existência humana, suas responsabilidades coletivas e individuais na construção de um mundo mais justo e humano.

4.1. O Trabalho e suas formas

Trabalho é um fenômeno que pode ser visto sob muitos ângulos, seja na física, a ciência, definido como a energia que é gasta depois de um esforço físico ou mecânico, por uma máquina, animal ou homem, e que tem como fórmula W= f.d,

em que W é o trabalho, representado aí com a letra que inicia a palavra ‘work’, em inglês, traduzido como trabalho, o f é a força aplicada ao móvel e o d é o deslocamento. Ou seja, o trabalho como uma ação social, ao mesmo tempo física, representado no esforço humano, que também é a energia gasta na atividade física e mental, direta ou indiretamente, para produzir um bem ou realizar um serviço, reproduzindo, desta forma, a existência humana, individual e social (definição próxima à de Karl Marx, em O Capital). Na realização do trabalho, o indivíduo dá início a um processo de produção e reprodução dos bens materiais e serviços, que terão um valor na sociedade de modo a satisfazer às suas necessidades.

Seja em atividade apenas física, da máquina, do animal ou do homem, o trabalho produz energia que, em qualquer situação, no ser vivo ou na máquina, vai necessitar também de outra quantidade de energia para ser realizado o esforço, ou, o trabalho. Na vida social, quando um trabalhador realiza uma atividade para produzir um bem material, ou na realização de um serviço, ele vai precisar consumir energia para repor a que perdeu durante o esforço da produção. Essa energia vem através do consumo de alimentos que possuem os elementos químicos, os chamados nutrientes, necessários aos músculos e cérebro, corpo e mente, além de um determinado tempo para metabolizar o alimento, recompondo assim a carga de energia despendida. Uma boa noite de sono e certa dose de diversão, de entretenimento, devem estar incluídos nesse tempo de descanso para que se produza a felicidade necessária ao

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indivíduo e assim ele mantenha o estímulo na sua existência individual e social.

Embora a idéia de trabalho esteja sempre associada a uma atividade que remete ao cansaço, a movimentos que produzem no corpo sensações opostas ao prazer, o trabalho é um dos mais importantes fenômenos da vida. Trabalhar é um ato social, político, teológico, filosófico e psicológico que forja a existência humana em seus aspectos físico e metafísico, nas duas dimensões em que o homem se estrutura, a dimensão individual e a coletiva. Na parte física, deve-se considerar a ação direta do esforço sobre o corpo e seus efeitos prazerosos e não prazerosos, além da obtenção de bens materiais para ter aquela vida de mais conforto que todos sonham.

Na parte metafísica, o ser humano recebe a recompensa do trabalho através de diversas maneiras, seja no esgotamento do corpo, que bioquimicamente nos faz buscar o prazer do descanso, ou na sensação de saber que a cada existência individual pode contribuir para manter a própria espécie humana viva ou ainda o prazer de obter dos outros o reconhecimento e a valorização de sua ação dentro do grupo social. Ou seja, aquela história que sempre se ouve do tipo: aquele é um rapaz direito, trabalhador. E é verdade, o trabalho produz prestígio e satisfação em ver que fomos nós que fizemos aquela peça, montamos aquela máquina, construímos aquele prédio. O trabalho realiza, sim, o homem, dá a ele orgulho.

4.2. Trabalho e Identidade

Trabalhar é uma ação social que identifica e qualifica a existência do homem e da mulher na sociedade em que vivem, produzindo recompensas materiais e não materiais, ou seja, satisfação de existir social e metafisicamente.

Em todos os tempos, todas as civilizações valorizaram o trabalho. Os que

não podem trabalhar são normalmente considerados incapacitados, quando portam algum problema de ordem física e/ou mental, ou são desvalorizados, representados por termos depreciativos, a exemplo de preguiçosos, párias, chupa-sangue, sanguessuga, parasitas e imprestáveis (veja aí a associação com a idéia de valor, de prestar), dentre muitos outros rótulos.

Ao longo do tempo, as atividades que chamávamos simplesmente de trabalho foram desdobradas em vários outros termos que representam atividades diferenciadas, embora todas sejam formas de trabalho. Essa evolução não é apenas em termos de terminologia para a atividade, mas é uma consequência da evolução das relações humanas, do surgimento de novas necessidades humanas, de culturas que hoje têm seus próprios instrumentos para existirem socialmente.

À medida que os homens foram se multiplicando, novas formas de se produzir a sua própria existência e manutenção da espécie também foram se multiplicando. Não se concebe mais a idéia de uma economia baseada na troca de mercadorias, como acontecia no início das relações econômicas. O surgimento do dinheiro é a prova da necessidade de se criar sistemas para organizar a vida em sociedade. Imagine você trocar o que sobrou da sua plantação pelo excesso de carne de seu vizinho, como você faria isso?

4.3. Instituição Econômica

Como foi falado anteriormente, o trabalho é uma atividade que organiza e estrutura a vida social e de cada indivíduo em particular. Ao se organizar através do trabalho, os homens passam a pertencer a um sistema de organização capaz de reproduzir as ações dos trabalhadores, num contexto social, que tem como objetivo produzir e reproduzir permanentemente a riqueza capaz de manter a existência da espécie. Os

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trabalhadores organizam suas ações em sistemas muito bem definidos e reconhecidos, as chamadas Instituições Econômicas, visando à produção, distribuição e consumo de bens e serviços.

A instituição econômica, também uma instituição social, tem como objetivo fornecer os meios necessários de sobrevivência para todos os membros de uma determinada sociedade. As principais funções que estruturam uma instituição econômica são: produção, distribuição e o consumo.

4.4. Produção

Nesse primeiro estágio, a produção acontece em determinada localidade, utilizando os recursos naturais do lugar em que está baseada ou vindos de outro lugar. Para a produção de um bem ou serviço, são necessários ainda o capital (dinheiro) que financia todas as etapas do processo de produção, as finanças, o aparato físico, sejam os prédios, as máquinas, ferramentas e demais equipamentos. Porém, o maior patrimônio de qualquer modo de produção de riqueza, instituição econômica, indústria ou empresas em geral é a força física, a mental e até espiritual do ser humano que despende cada gota de suas energias para manter a máquina do sistema econômico funcionando eternamente.

4.5. Distribuição

Tem como função possibilitar acessíveis os bens e serviços aos consumidores. No início das relações econômicas, o comércio era feito através de troca de mercadorias pautadas em determinada equivalência de valor dos produtos, ou seja, trocava-se um produto que tinha mais ou menos o mesmo valor que o outro, isso, claro, determinado pelos indivíduos que realizavam a transação. Essa atividade recebia o nome de escambo*. Nas economias modernas, as transações passaram a ser feitas utilizando-se o dinheiro, que por si só não

tem valor nenhum, mas representa o potencial que determinadas sociedades têm de produzir as suas riquezas. O valor do dinheiro é chamado lastro, que inicialmente era usado o ouro para sustentar a moeda, e hoje é a capacidade que um país tem de produzir toda a sua riqueza, o seu Produto Interno Bruto* (PIB). Por isso que um governo não pode sair emitindo moeda sem ter um potencial de produzir riquezas que represente as moedas em circulação.

4.6. Consumo

O consumo é a peça chave de todo modo de produção, afinal tudo que é produzido e distribuído visa ao consumo. A busca por um produto ou serviço é chamada de demanda*, considerada um termômetro das instituições econômicas, principalmente nos sistemas econômicos com base no capitalismo, em que a demanda é o ponto central do equilíbrio do sistema. Nas economias capitalistas, o consumo é estimulado e os indivíduos são levados a ter uma relação quase que íntima com o ato de consumir. A demanda é permanentemente observada porque é ela quem vai determinar o que se deve produzir mais ou menos. Se a demanda cai, há acúmulo de bens e serviços, consequentemente, excesso de produção, daí vem prejuízo para os produtores. Se há demanda e não se tem como atender às suas necessidades, ou seja, não existe produto nem serviço para atender a todos, acontece o desabastecimento, aumentando os preços, gerando inflação e reflexos complicados para o sistema econômico como um todo. O equilíbrio entre oferta de produtos e serviços e a demanda (procura) é o que leva governos no mundo inteiro a baixar ou subir as taxas de juros, que faz aumentar ou diminuir a oferta de postos de trabalhos, enfim, que produz todos os noticiários econômicos que você vê diariamente nas TV, jornais, rádios, páginas na internet e revistas. Nas economias chamadas comunistas, hoje muito raras de se ver, após a queda do muro de Berlim em 9 de

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novembro de 1989 e o fim do comunismo, enquanto regime político e econômico no poder, nos países do leste europeu, comandados pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que também se dissolveu em várias outras repúblicas, a economia é planificada. Nesse regime, o ato de consumir não é estimulado, pelo contrário, o que se estimula é o consumo de bens e serviços essenciais à existência humana e à manutenção do regime, e o governo controla toda a produção, distribuição e até o modo de consumo.

4.7. Sistemas Econômicos

Desde que o homem fez a primeira intervenção no ambiente à sua volta para buscar alimento que esse processo vem evoluindo. Sozinho, o homem matava animais para comer, buscava frutas, raízes e ia se virando para manter-se vivo. Todo e qualquer ser vivo necessita de alimento para sobreviver, são as necessidades que fazem com que os homens desenvolvam formas de sobrevivência. Privilegiado com a inteligência, o bicho homem desenvolve rapidamente métodos mais eficientes de buscar alimentos, de proteger-se das variações do tempo e de ataques de outros animais, de conseguir mais facilidade para as suas tarefas do dia a dia.

No desenvolver de sua inteligência, o homem vai aumentando as suas necessidades sejam de produtos e de serviços, desde descobrir que polir uma pedra facilita o corte da carne do animal que será seu jantar, até inventar uma forma de transportar objetos pesados, daí ele inventou a roda. Bem, à pedra demos o nome de faca e a roda virou um veículo de transporte. A primeira se perdeu numa luta com um animal feroz e a roda quebrou devido ao peso, então, que fez o homem? Produziu outra faca e outra roda. Estava assim criado o modo de produção, uma instituição econômica.

O homem é um animal gregário*, ou seja, ele agrega, ele se junta a outros semelhantes, e é essa característica que determina como ele perpetua a sua espécie, e como ele supre as suas necessidades, principalmente as afetivas. Sim, as afetivas, porque desde os primórdios que existe afetividade, muito embora seja fato que cada época e cada sociedade produzem seus modos de manifestar a afetividade humana.

Sozinho, exposto a animais ferozes e fortes intempéries*, o homem, ainda muito próximo do macaco, busca na união com seus semelhantes organizarem uma forma de existência capaz de solucionar seus problemas da vida cotidiana. A evolução desses grupos por todas as partes do planeta, das mais variadas formas, de acordo com cada região e suas peculiaridades, é que vai dando forma aos grupos humanos. O homem então passa a intervir no meio ambiente para retirar o seu sustento já de forma organizada, planejada, sistemática e solidária. Com a inteligência, segundo alguns antropólogos, o homem descobre uma das suas maiores invenções, e que o diferencia definitivamente dos outros animais, que é o ato de cozinhar o alimento. Talvez o seu primeiro ato de separar-se da condição de animal qualquer.

Já em grupos, definidos seus espaços, os homens então sistematizam* as suas ações, que nada mais é do que uma espécie de criar uma rotina inteligente, claro que passível de mudança, mas contínuas, para obter mais agilidade e eficiência nas suas ações diárias. Sistemas de plantações, colheitas, abate de animais, cozimento de alimentos, construção de habitações e até modos de interpretar o mundo através de sua experiência com os fenômenos da natureza, sol, chuva, vento, frio, o homem estava sempre sistematizando sua existência. Vieram as classificações, os nomes das coisas e até deles próprios, reconhecidos pelo sentimento de

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pertencimento a determinado grupo, enfim, vieram sistemas e mais sistemas de organização da vida nos seus ambientes, nos seus espaços, estes defendidos com a própria vida. Enfim, o homem se reconhecia, se estruturava como animal além dos outros, criava a chamada vida social, em grupos, embora, paradoxalmente, afastava-se dos outros iguais a eles, mas que não pertenciam a seu grupo e os consideravam inimigos.

Muito tempo depois, os homens estavam organizados em grupos bem maiores, as nações, com seus rituais, crenças, relações sociais dos mais variados matizes. As formas de intervenção na natureza para obter seu sustento e a produção de objetos foram se aprimorando. Hoje, reunidos em países, os homens têm sistemas sofisticados para organizar a sua existência. Esses sistemas de produção e reprodução da vida material, e, claro, da vida social também, é o que chamamos de sistemas econômicos. Desde os primórdios do emprego da força de trabalho, lá atrás, quando aquele macaquinho esperto subia na árvore e pegava a fruta, ou quando aquele macacão invocado espertamente pegava um porrete e tacava na cabeça de um animal feroz daqueles, um javali, por exemplo, e ainda transformava-o em almoço, que o homem estava desenvolvendo o seu sistema econômico.

Daquela época para os dias de hoje houve muitos sistemas econômicos, baseados nas mais diferentes formas de produzir, distribuir e consumir produtos e serviços. Hoje os mais conhecidos são, pode-se dizer, resumo de tudo que existiu, o desenvolvimento de toda experiência do homem acumulada ao longo dos séculos. Os mais importantes sistemas econômicos que se tem notícia são: escravista, feudal, capitalista e socialista.

4.7.1. Escravista

Predominou desde a Antiguidade e teve seu apogeu no período que vai do século XVI ao XIX. Esse sistema é

baseado na exploração de um grupo pequeno de homens por outros homens. Grandes impérios traficavam seres humanos simples que eram retirados à força de seus países e levados para outros como mercadorias, sempre para trabalharem nas lavouras. No Brasil, a mão de obra escrava era utilizada essencialmente nas plantações de cana de açúcar. O fim desse sistema de escravidão em nosso país acabou após intensas ações e manifestações de abolicionistas e de escravos que se revoltavam e fugiam das fazendas, transformando num sistema econômico inviável. Outro ponto contra a escravidão foi o começo da chegada de imigrantes, que se transformavam em opção mais lucrativas para os donos das propriedades.

O caldo que nasceu desses fatos culminou com o ato oficialmente da senhora Isabel Cristina Leopoldina Augusta Miguela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, aqui mais conhecida como a Princesa Isabel, filha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina, que assinou a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil, num domingo, dia 13 de maio de 1888. A palavra Áurea tem origem no latim, Aurum, e significa "feito de ouro", "resplandecente", "iluminado”.

4.7.2. Feudalismo

Com o fim do Império Romano, no século IV, e o avanço das invasões bárbaras, é iniciado na Europa, durante a Idade Média (período de 476 d.C. a 1453 d.C.) um novo modo de organização social, política e econômica que viria a ser chamada de Feudalismo. Nesse sistema havia uma espécie de contrato servil, em que existiam três grupos sociais sem mobilidade, ou seja, de status* fixos, chamados de estamentos, que eram: o clero, a nobreza e os camponeses.

• Clero: representado pelo status religioso que ainda não havia se separado do Estado. Embora oficialmente

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tivesse a função de rezar e tratar das questões de fundo metafísico e religioso, seus líderes exerciam profunda influência no poder político. Na prática, o clero preocupava-se também com a manutenção da estabilidade social, evitando qualquer revolta e contratações camponesas, sempre com os argumentos religiosos.

•Nobreza: era a classe de proprietários das terras, dos meios de produção, e que tinha o poder político, além do controle da produção das terras. Conhecidos também como senhores feudais, os nobres guerreavam e permitiam que os camponeses cuidassem da terra para eles, apropriando-se do excedente da produção dos camponeses. Esses não eram escravos, mas tinham uma relação de servidão com a nobreza.

•Camponeses ou Servos da Gleba: essa era expressivamente a maior parte da população camponesa e estavam de uma forma não escrava presos à terra, onde moravam, sob a proteção da nobreza que explorava-os de todas as maneiras, particularmente o que produziam no campo e nas obrigações que tinham para com os senhores feudais. Com fim da escravidão, o sistema feudal foi um caminho mais seguro para os camponeses que viviam nas terras dos nobres, ao redor dos castelos da nobreza que os protegiam dos bárbaros. Os camponeses pagavam inúmeros impostos aos reis, outra forma de exploração que juntamente aos favores que eram obrigados a fazerem à nobreza, constituíam a sua dependência a esse sistema social. Do ponto de vista de sistema econômico, o Feudalismo tinha a sua economia baseada na agricultura, com escassa circulação de dinheiro e as propriedades, ou feudos, eram autossuficientes. O feudo era dividido em três partes: a do senhor feudal, chamada de manso senhorial ou domínio, em que se encontrava o castelo fortificado em que morava a nobreza; a parte arrendada aos camponeses, manso servil, que era

subdividido em lotes, chamados de tenências; e, ainda, uma parte coletiva, constituída de bosques e pastos, em que senhores feudais e servos tinham acesso. Muitos foram os motivos que levaram ao declínio e fim do sistema feudal, dentre eles o nascimento de uma nova classe que se formara nos burgos, as cidades que foram se erigindo ao redor dos castelos dos senhores feudais, daí o nome de burgueses, que eram comerciantes. O aquecimento da economia, além dos muros dos castelos, também foi um impulsionador de uma nova ordem econômica, capaz de sobreviver sem a proteção da nobreza e de desenvolver-se a ponto de fazer surgir uma forte estrutura socioeconômica. Esse movimento, de certa forma espontâneo, construía as bases para o surgimento de outra fase de organização social, que tem no capitalismo o seu mais importante sucessor. O fim do Feudalismo é normalmente considerado por volta do século XV, também na Europa, embora até o século XX podia ver ainda estruturas feudais, a exemplo da Rússia dos czares, uma espécie de reis, que caíram com a revolução soviética de 1917.

4.7.3. Capitalismo

O capitalismo é o sistema econômico existente na maior parte dos países hoje no mundo. As leis que regem esse sistema, baseado no lucro e na livre iniciativa de negócios e escolha da atividade pelo trabalhador, inclusive onde, quando e como trabalhar, seduziu a maioria das pessoas que via na liberdade de escolha seu maior e melhor critério nas relações trabalhistas. Desde que os homens começaram a trocar mercadorias, negociando de forma a obter mais vantagens que, de alguma forma, estava fundado o capitalismo.

A Bolsa de Valores americana (Figura 10), em Nova Iorque, é considerada o símbolo do capitalismo moderno.

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Figura 10 – Foto da Fachada da Bolsa de Valores de Nova York. Wikipédia.

Para efeito didático, pode-se dizer que o sistema capitalista tem na sua carteira de identidade o advento da Revolução Industrial, na Inglaterra do século XVIII, como uma espécie de começo oficial. Isso aconteceu porque foi a Revolução Industrial que promoveu a substituição de sociedades de base essencialmente agrícola por sociedades industriais, estruturadas no uso de máquinas e fontes de energia que não eram geradas por tração animal, multiplicando de forma espantosa a produção de bens materiais. A introdução de novas possibilidades de produção da riqueza no capitalismo produziu também profundas mudanças nas relações humanas em suas mais variadas expressões, seja na família, no trabalho e na vida pessoal também.

O capitalismo está fundado na propriedade privada dos meios de produção; na venda da força de trabalho pelo trabalhador, transformando-a em mercadoria como outra qualquer; no lucro advindo da mais valia, que é a vantagem que o capitalista recebe das horas trabalhadas pelo trabalhador e que não são pagas; na idéia de mercado, em que tudo pode ter preço e ser negociado como uma mercadoria, e na dinâmica das mudanças sociais para atender às

necessidades do modo de produção e reprodução da mercadoria.

Na perspectiva sociológica, que considera as relações sociais, e que vimos na primeira parte deste módulo, o fundamental no capitalismo como sistema social são três importantes relações, segundo Allan G. Johnson, no seu ‘Dicionário de Sociologia’: “1) trabalhadores; 2) meios de produção (fábricas, máquinas, ferramentas e assim por diante); e 3) os que possuem ou controlam esses meios.

Os membros da classe capitalista possuem ou controlam os meios de produção, mas não os usam concretamente para produzir riqueza. Já os membros da classe trabalhadora nem possuem nem controlam esses meios, mas os usam para produzir, na condição de empregados que vende a sua força de trabalho à classe capitalista em troca de salários. O capitalismo é o sistema econômico e social que expressa uma sociedade de classes.

A concepção de livre mercado é associada a um capitalismo primitivo, em que pequenos mercadores e empresas disputavam os clientes, e não eram proprietários dos meios de produção. É após a Revolução Industrial que o capitalismo se consolida como sistema e a classe dominante capitalista, já proprietária dos meios de produção, impõe condições de mercado que sufocaram a concorrência.

No estágio avançado de desenvolvimento das sociedades, na fase das civilizações industrializadas capitalistas modernas, a competitividade de um grupo de pequenos negócios dá lugar a imensos conglomerados de empresas, formando verdadeiros centros econômicos globais tão poderosos que são capazes de interferir até nas políticas sociais e na vida de muitos países.

Essa fase do capitalismo é a que Marx a chamava de ‘capitalismo

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monopolista (ou avançado)’, um estágio em que há um altíssimo grau de contradições, em que governos precisam intervir de forma cada vez mais rígida. Para Marx, essa seria a fase final do capitalismo e que levaria à revolução socialista.

4.7.4. Socialismo

De acordo com Karl Marx, teórico que é considerado idealizador desse sistema econômico e social, o socialismo é um modo de produção que deve substituir o capitalismo na sua fase industrial. Essa mudança se concretiza com uma revolução dos trabalhadores ou também de forma gradual e evolutiva. Na prática, o socialismo tem como missão acabar a estrutura de classes sociais, responsáveis pela exploração da classe trabalhadora, que assume a nova ordem social através do surgimento de um Estado Democrático.

Figura 11 – Stalin, Lênin e Kalinin, 1919. Wikipédia.

No socialismo, o Estado ou organizações coletivas de trabalhadores são os proprietários dos meios de produção, e o modo de produção da riqueza deve beneficiar a todos o mais justo possível. Nesse sistema econômico, os socialistas previam o fim do lucro, de poucos que detinham a posse e controle dos meios de produção. É um sistema que tem como premissa o uso dos recursos materiais e humanos voltados para a satisfação das necessidades da população em geral.

Na prática, embora os níveis de miséria tenham sido drasticamente reduzidos, o Socialismo que vigorou por quase todo o século XX, em particular no

Leste Europeu e em países como Cuba e China, não conseguiu efetivamente destruir o sistema de classes sociais, atender a outras necessidades humanas além da sobrevivência, atuar de forma democrática diante de decisões coletivas, além de impedir a manifestação e expressão de muitos direitos humanos. O aparato do Estado era burocrático e autoritário, desviando da teoria pensada por Marx.

Simbolicamente, o Socialismo declina em 1989 quando cai o muro de Berlim, que dividia a Alemanha em duas: a parte comunista e a parte capitalista. Hoje, os poucos países socialistas que ainda existem, como China, Cuba e Coréia do Norte, estão necessitando reformular seus sistemas e abrirem suas economias e sociedades para todo o resto do planeta, seja na questão econômica ou na social.

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5. Sociologia do Trabalho

Como já citado, a Sociologia é uma ciência que estuda as relações humanas, seja em grupos ou relativas ao indivíduo e seu grupo, e a Sociologia do Trabalho é parte dessa ciência que se ocupa de decifrar os sinais do mundo do trabalho e suas relações com os trabalhadores e a sociedade de maneira geral.

Nascida do latim, a palavra ‘Tripalium’ era um instrumento romano de três pontas destinado à tortura, na Roma antiga, como forma de castigo imposto aos escravos considerados preguiçosos. Como se pode notar, o trabalho sempre foi associado a algo sem valor, depreciável, ligado à dor e sofrimento, principalmente para quem realizava a atividade laboral*, isso durante um bom período e para a maioria das civilizações ao longo de sua história.

No Judaísmo e Cristianismo o trabalho era tido como um castigo divino, mas para os protestantes europeus era a forma do homem alcançar a Deus, trabalhando duramente sem gastar quase nada. Na Grécia antiga, lá pela Idade do Ouro, a idéia era de que o ócio* criativo só era permitido aos homens livres, claro que aí não estava a classe trabalhadora. Por muitos séculos a lida, ou o labor, que é o mesmo que trabalho, era uma atividade escrava, de exploração perversa do homem pelo homem. Certamente que a exploração não acabou, mas, por volta do meio do século XIX, quando as democracias começaram a se desenvolver mais rapidamente, o surgimento das organizações dos trabalhadores, conhecidas hoje como sindicatos, e as necessidades econômicas dos países,

que tomavam forma de capitalismo e necessitavam aumentar a produção, que o trabalho deixa de ser baseado na escravidão e consolida-se como uma atividade recompensada com o salário. A partir daí, o trabalho passa a ter valorização social positiva e muda completamente as relações na sociedade, principalmente nas economias capitalistas industriais avançadas.

A Sociologia do Trabalho analisa as implicações sociais da relação do trabalho com suas ferramentas, ou seja, todo aparato técnico e as tecnologias derivadas do desenvolvimento do modo de produção e, claro, tendo como centro das observações o homem. As profundas transformações sociais que derivaram desde o primeiro passo do indivíduo na natureza para manter a sua subsistência, passando pela atividade com simples ferramentas individuais, o artesanato ainda que como forma de cultura, o surgimento do operariado industrial com grandes máquinas (maquinismo), chegando à tecnologia de ponta com técnicos altamente especializados em computadores (sociedade de informação), todos esses fatores constituem um permanente tema de estudo da Sociologia do Trabalho. Ao final, pode-se ter um quadro de como o homem modifica o ambiente à sua volta e assim também modifica a si mesmo, segundo Karl Marx.

5.1. O Trabalho e Suas Definições

Trabalho é toda atividade realizada pela espécie humana que gera um produto ou serviço para uso imediato ou troca, modificando assim a natureza, adaptando-a de modo que possa satisfazer as necessidades do próprio homem. Há muito tempo, sociólogos têm mostrado interesse em certas questões

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fundamentais sobre esse campo de estudo: como o trabalho é definido e organizado e como isso afeta a experiência de trabalho, como indivíduos são distribuídos entre as ocupações (em termos de sexo, raça ou composição etária da força de trabalho); como a organização do trabalho se vincula aos sistemas de estratificação e desigualdade, e como ele se relaciona com grandes instituições, a exemplo do Estado, da religião e da família.

5.2. Ocupação

É o tipo de trabalho feito por pessoas, tais como carpintaria, enfermagem ou cuidado de crianças. Em sociedades de mercado, em que indivíduos satisfazem suas necessidades principalmente mediante recebimento de salário, em vez de produzir para consumo próprio ou praticar escambo (troca) com outros produtores, o trabalho é, em geral, considerado como ocupação apenas se resultar em ganho monetário. Como consequência, grande volume de trabalho já realizado jamais é considerado como ocupacional. Isso é verdade não só a respeito do trabalho de mulheres na maioria das sociedades, mas de mulheres e homens em sociedades não industriais, na qual grande parte do trabalho realizado – de transportar água a construir casas – não envolve mercados nem dinheiro.

Desde que a ocupação se refira a um tipo particular de trabalho, o emprego é um ambiente social particular, no qual tal trabalho é realizado. Advogado, por exemplo, é uma ocupação, enquanto que sócio em um escritório de advocacia é um emprego preenchido por advogados. Ao longo da vida de trabalho, indivíduos em uma dada ocupação trabalham habitualmente em certo número de empregos que, em conjunto, constituem uma carreira. Não é raro, sobretudo em sociedades capitalistas industriais, que as carreiras incluam não só uma série de empregos, mas também mudanças ocupacionais. Quando muda a estrutura

de oportunidades no mercado de trabalho, por exemplo, o indivíduo pode descobrir que diminuem as vagas de emprego em sua ocupação. A saída então é voltar a estudar para adquirir novas habilidades que o qualificam para as novas ocupações exigidas pelo novo modelo.

“As ocupações são sociologicamente importantes, devido ao papel que representam na distribuição da riqueza, renda, poder e prestígio e no processo geral, através do qual sociedades produzem bens e serviços que atendem a necessidades humanas”.

5.3. As Mudanças no Trabalho

É importante deixar claro que esse conceito de trabalho humano que está sendo construído é aquele em que o indivíduo detém a posse do conhecimento de todo processo da produção do ofício que ele desenvolve ou o serviço que presta. O trabalhador nesse contexto possui o total controle da força de trabalho e do planejamento.

Uma das etapas do capitalismo que alterou substancialmente a vida da classe trabalhadora foi a eliminação do controle do processo produtivo por parte do trabalhador, através da implantação da divisão técnica do trabalho nas linhas de produção. E o que isso quer dizer? É que antes o trabalhador sabia, conhecia e dominava todo o processo de produção de seu trabalho. Ele planejava e produzia tudo, sabendo cada etapa do sistema. Hoje, não. Os operários são parte de um processo contínuo numa linha de produção. Os porquês dessa mudança você acompanha a seguir.

5.4. O Mundo do Trabalho Moderno

A cada etapa da evolução da espécie humana correspondeu também à evolução da forma como os homens trabalhavam, sofisticava seu modo de produção, ainda que a propriedade dos meios de produção continuasse nas mesmas mãos. Algumas mudanças

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nasceram já com as classes sociais bem definidas, que muitos traduzem como a relação ‘capital x trabalho’, em que o capital representa os empresários e o trabalho representa os trabalhadores, sugerindo um eterno conflito de interesses antagônicos de classes.

5.5. A Divisão Social do Trabalho

A espécie humana deve muito da sua sobrevivência à falta de uma habilidade, uma característica que não faltou aos outros animais. Os homens não nasceram equipados fisicamente como os outros animais, o que reduzia muito as suas chances de sobrevivência. Mas o homem possuía a inteligência, e isso fez toda a diferença. Ele descobriu então que a divisão do trabalho ia conseguir mantê-lo vivo e ainda obter o que almejava. Os indivíduos passaram a dividir a atividade em etapas em que cada um fazia uma delas, ou seja, ao final o homem pescava, construía, plantava e muitas outras tarefas. Ao dividir o trabalho, o homem estava criando uma divisão social porque era de interesse de todos e definido, de alguma forma, também por todos. O somatório dessas atividades socialmente definidas faz nascer uma espécie humana capaz de manter-se viva e, mais ainda, desenvolver-se a ponto de chegar aonde quase todas as outras espécies não chegaram, o futuro.

5.6. A Divisão Técnica do Trabalho

Se a divisão social do trabalho nasce de uma necessidade da espécie humana sobreviver, a divisão técnica do trabalho vai produzir exatamente o contrário. A divisão do trabalho dentro da unidade operária, na fábrica, destina-se apenas a melhorar a produtividade, retirando do trabalhador o conhecimento completo do processo de produção, porque ele passa a tomar conhecimento apenas de uma parcela da operação. A divisão técnica do trabalho é completamente diferente da divisão social do trabalho, por isso Karl Marx dizer, com

propriedade, que o trabalho no capitalismo moderno é alienante.

Se antes o tecelão tinha no ofício o controle total do fabrico do tecido numa divisão social do trabalho, na produção do mesmo tecido em uma indústria têxtil ele perde esse controle e fará parte apenas de uma parte do processo de produção. Essa e outras mudanças no âmbito do trabalho não foram implantadas com tanta facilidade. Houve resistências. Ao subverter uma ordem que estava estabelecida antes da consolidação do sistema capitalista, do modo de produção em série, automatizada e alienante, os trabalhadores que se sentiram atingidos, naturalmente, uniram-se em defesa de seus direitos, nascendo assim a chamada consciência de classe. Os operários descobriram que eles pertenciam a um grupo, uma classe da sociedade que tinha seus interesses contrários aos dos donos dos meios de produção. Uma classe que tinha consciência bem diferente da classe operária e, ainda por cima, os oprimia.

A idéia de uma ‘classe operária’ e de uma consciência de pertencimento a essa classe nasce e toma forma na Inglaterra, entre 1790 e 1830, aproximadamente.

5.7. Cultura e Trabalho Moderno

Logo no começo do sistema capitalista de características moderna, a fase da Revolução Industrial, os primeiros trabalhadores vinham ainda de uma cultura bem familiar, agrária e com forte base de solidariedade entre eles. Os empresários industriais precisavam criar na massa trabalhadora a lógica do trabalho contínuo. Até então, esses homens eram de outra lógica, nunca havia existido o fenômeno fabril naqueles moldes e a implantação de um novo modo de produção necessitava de profundas mudanças nas relações de produção. O homem era o elemento imprevisível, porque com a máquina basta ajustá-la para outro tipo de movimento, no ser humano não.

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A cultura de um povo, traduzida no modo de vida, na rotina dos indivíduos adultos, em hábitos, não podia jamais ser alterada facilmente após a Revolução Industrial, apenas para consolidar o sucesso do novo modelo econômico. O capitalismo, enquanto sistema econômico, já nasce com um marcante caráter impessoal, as histórias de vida não representavam, e até hoje não representam, nada para o sistema, para a gestão, que inclusive tratou de redesenhar um novo modo de existência social. Crianças foram contratadas visando ao futuro, uma vez que eles não tinham um modo de vida antigo que fosse afrontado pelo novo sistema econômico. O interessante é que a primeira geração de capitalistas teve muito problemas com a geração de trabalhadores de sua época que, apesar de ser mais qualificada e capaz, não aceitava facilmente a cultura fabril com aquela estranha e nova disciplina industrial.

Mas os empresários ingleses não iam conseguir ter seus problemas de implantação do capitalismo industrial resolvido tão cedo assim. É nos Estados Unidos da América que a solução desse embate entre culturas, a tradicional solidária e humana contra o novíssimo modelo industrial individualista, começa a se desenhar. Esses conflitos começam a entrar nos eixos na chamada Segunda Revolução Industrial, que era a segunda fase da Revolução Industrial. Nesse novo estágio, os problemas entre os costumes dos trabalhadores, muitos deles imigrantes vindos da Europa e com as mesmas tradições, apesar de terem dimensões maiores, obteve na América tratamento mais inteligentes que foram paulatinamente resolvendo o problema, pelo menos o dos empresários capitalistas.

5.8. Taylorismo

O choque de cultura vivenciado pelos trabalhadores após a Revolução Industrial parecia sem solução até que,

nos Estados Unidos da América, o engenheiro norteamericano, Frederick W. Taylor (1856-1915), que virou consultor de empresas, empregado da companhia Bethlehem Steelwoor, desenvolveu um sistema de organização do trabalho, particularmente voltado para a indústria.

A idéia central era dividir as ações na fábrica em duas. Para Taylor era fundamental colocar de um lado as funções de concepção e planejamento e, do outro, as funções de execução. Ou seja, “cada macaco no seu galho”, como diz o velho ditado. Na verdade, havia os bichinhos que iam conhecer todo o processo e, consequentemente, serem os dirigentes, os administradores, e aqueles que iam atuar nas linhas de produção, por partes, sem ter o conhecimento do processo produtivo como um todo.

O trabalhador da linha de produção, que produziria a peça, o bem que estava sendo fabricado, seria um profissional cada vez mais especializado na sua, e somente sua tarefa. Outro ponto importante que teve Taylor era o de remuneração por desempenho, ou seja, quem produzisse mais, e melhor, ganharia também mais. Essas estratégias promoviam um eficiente aproveitamento e controle do tempo durante a produção.

A importância do taylorismo é fundamental para o desenvolvimento do capitalismo moderno, que hoje já existem inúmeros modelos de produção, muitos vindos da Ásia, a exemplo do fordismo, Toiotismo (kanban), Volvoísmo, Just-in-time, just-in-case. Todos eles têm na essência os mesmos objetivos de melhorar a produção com racionalização, diminuir os custos de produção, tudo com qualidade, para competir em mercados globais cada vez mais competitivos e exigentes.

A importância do taylorismo está em todos os sentidos, considerando as mudanças implantadas no trabalho, na criação da sistematização do trabalho para o sistema capitalista moderno, tendo

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à mão as ferramentas científicas da época e, o mais importante, nos desdobramentos de seu modelo para humanidade, que reorganizou sua existência social e individual, com consequências fundamentais para todos no planeta até hoje. A cultura tradicional dos homens existente antes do taylorismo era uma, hoje é outra, completamente diferente, lembrando que no início os trabalhadores não conseguiam se adaptar a um turno fixo e contínuo de trabalho e hoje são capazes de absurdos de levarem dias produzindo, sob tensão e longe de seu ambiente familiar.

A organização do trabalho através da sistematização da vida social em função do sistema capitalista fez desaparecer culturas, relações sociais, laços de família, identidades e sentimentos de pertencimento a grupos, enfim, redesenhou a existência humana.

Aqui não cabe avaliar os motivos que levaram o capitalismo ao perverso estágio atual, mas é um importante tema para ser pensado ao longo de nossas atividades. O sistema em que vivemos não foi criado por nenhum demônio, nem por nenhum deus, foi criado por algum, ou alguns homens, e implantado também por aqueles que recebem a anuência de outros muitos. Vivemos no sistema capitalista e essa é a realidade que importa afinal ser homem é ser o elemento imprevisível na linha de produção, o critério que faz a diferença, o instante em que se pode parar todo processo e repensar a vida que se tem hoje. Os modelos precisam ser revistos, melhorados, alterados, sempre para melhor, mas tendo em vista o bem estar, a felicidade e a justiça social para todos, sem “matar a galinha dos ovos de ouro”. Esse é o desafio.

5.9. Fordismo

No início do século XX, os modelos de produção em larga escala dentro do sistema capitalista intensificam-se e surge, em 1913, um modelo bem mais agressivo

de produção e gestão de pessoal, empregados, na fábrica de automóveis Ford Motor Co., em Highland Park, Detrit, nos EUA, de propriedade do empresário Henry Ford. Foi o filósofo, político, jornalista e cientista político italiano Antonio Gramsci (1891-1937) que passou a utilizar o termo ‘Fordismo’ para representar esse sistema de produção de racionalização da produção e que forja um modelo de existência social e humana.

Para Gramsci esse novo tipo humano nascido do Fordismo demanda “...um novo tipo humano, em conformidade com o tipo de trabalho e de processo produtivo (...) uma mão de obra estável, um conjunto humano (o trabalho coletivo) (...) uma máquina que se não deve desmontar nem avariar demasiadas vezes nas suas peças individuais...” (Gramsci, 1974, p.146,168).

Hoje o termo é utilizado para representar um tipo de produção baseado em inovações técnicas e organizacionais voltados para a produção e o consumo em massa. Utilizando como novidade a esteira rolante, que elimina o deslocamento do trabalhador e mantém o fluxo contínuo e progressivo da produção de cada parte do processo. Nesse sistema, a velocidade e o ritmo de produção independem da vontade do operário, transformando-o basicamente numa peça da linha de produção, impondo ao ser humano uma rígida disciplina. Para o criador desse modelo, a compensação do empregado seria a obtenção de um salário mais vantajoso, que foi chamado de ‘five dollares day’, proposto pelo próprio senhor Ford.

5.10. Toyotismo ou Kanban

Sistema utilizado pela fábrica japonesa de automóveis Toyota, consiste tecnicamente num conjunto de cartões que orienta sobre a quantidade necessária de matéria prima ou de peças intermediárias a serem produzidas para suprir a célula seguinte (cliente). O Kanban é um sistema visual de

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informação utilizado para administrar o just-in-time (JIT).

5.11. Volvismo

O ‘volvoísmo’, ou ‘modelo sueco’, são inovações implantadas na organização do trabalho com vistas a desafiar os modelos ‘taylorista’ e ‘fordista’ e ao mesmo tempo criar uma alternativa ao ‘modelo japonês’. Essas mudanças foram implantadas nas plantas suecas das empresas de automóveis Saab/Scania e Volvo, fabricantes de carros, ônibus e caminhões.

5.12. Just in Time

A tradução para a língua portuguesa desse sistema de administração e produção industrial é, aproximadamente, ’bem a tempo’; filosofia JIT, que seria no momento exato. Nesse modelo administrativo tudo é organizado de modo que, inclusive os recursos

materiais, a matéria-prima e os estoques intermediários necessários ao processo produtivo são calculados e utilizados no tempo certo e na quantidade precisa para a produção. No Just-in-time busca-se a redução dos estoques de matéria prima e peças intermediárias através da linearização do fluxo de produção e de sistemas visuais de informação, aquele Kaban, com o objetivo de zerar o estoque.

5.13. Just in case

É um sistema que está diretamente ligado aos modelos taylorista e fordista de organização industrial. É uma forma tradicional de administração da produção e de estoques, fundada na organização da fábrica em seções fixas, seja tornos, fresas, montagem etc. O termo utilizado é de alguma forma para contrapor ao Just-

in-Time.

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Emprego e Desemprego 6

6. Emprego e Desemprego

6.1. Valorização e remuneração dos profissionais

Um dos problemas mais graves na atualidade é a questão do desemprego na sociedade. Existem desigualdades de acesso ao trabalho, aos bens de consumo e também aos serviços, havendo, portanto, uma distribuição diferenciada desses direitos.

O setor de produção de bens (fábricas e empresas) já não consegue absorver todos os trabalhadores. Principalmente devido à evolução tecnológica e a automação das máquinas, que nos últimos tempos acabou com diversos empregos nas áreas de produção e de administração.

Surgem múltiplas formas de trabalho e ocupação no mercado. A valorização e remuneração dos profissionais vêm mudando de acordo com as novas demandas do mercado. No nosso contexto atual existem serviços altamente remunerados e serviços mal pagos, que não oferecem segurança e respeito à legislação trabalhista.

O mundo do trabalho mudou: agora há uma disputa maior do emprego, que exige uma qualificação profissional maior, maiores critérios na seleção de empregados, exigência de formação escolar completa. Infelizmente no nosso país ainda há uma grande dificuldade de acesso à educação, muitos abandonam cedo os estudos para trabalhar e compor a renda familiar.

A aquisição de um emprego estável está cada vez mais difícil, pois o desemprego vem atingindo níveis

altíssimos. Há, portanto, um grande contraste de uma pequena parcela da população com direitos trabalhistas garantidos e uma maioria de pessoas desempregadas ou com empregos sem garantias e temporários, encontrados nos mercados informais de trabalho.

Prestação de Serviço:

A área de prestação de serviços não impõe ao trabalhador a falta de renda, mas exige dele um nível de produção maior, uma vez que ele ganha de acordo com os serviços que elabora. Nesta área surgem as profissões especializadas, que exigem o acúmulo de conhecimento e conteúdo especializados. Exigindo, portanto, alta qualificação profissional, capacitação técnica e aumento do nível de escolaridade. Este setor, segundo alguns especialistas, passaria futuramente a absorver a mão de obra e os futuros trabalhadores.

Ainda faltam grandes investimentos, para a busca do controle do desemprego. São necessários investimentos urgentes em educação básica e técnica, para o preparo da mão de obra; aumento da produtividade de empresas e fábricas para a geração de empregos além do aumento da renda da população.

Os jovens, dos 18 aos 24 anos, infelizmente, representam um bom percentual da massa dos desempregados, devido a uma exigência do mercado – a experiência. Esta fase de idade coincide com a conclusão de cursos e estudos e a procura de uma colocação no mercado de trabalho.

A falta de uma visão de futuro melhor para os jovens, de uma

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perspectiva profissional de sucesso, é um fator que pode contribuir para desigualdades sociais e aumento da marginalidade. A inexperiência, a indecisão em qual profissão seguir e a baixa escolaridade são também outros fatores que influenciam o jovem.

Um problema grave:

O subemprego também é um problema no mercado de trabalho. Os empregos não registrados, os chamados bicos (carregadores, flanelinhas etc.), que não contribuem de forma direta com nenhuma lei trabalhista (não possibilitam uma carteira assinada, nem direitos trabalhistas, além de oferecerem riscos para quem trabalha).

6.2. Recrutamento, carreira e avaliação de desempenho

Definir com exatidão quais são as competências exigidas pela empresa e pela sociedade será um fator essencial para garantir a sustentação de vantagens competitivas e para dar melhor foco aos investimentos em educação. Esse movimento será liderado pelas organizações e rapidamente outros segmentos da sociedade se incorporarão a ele.

A busca das empresas por sua competitividade e seu grau de complexidade, tanto em termos tecnológicos quanto das relações organizacionais, tem gerado um aumento no padrão de exigência em relação às pessoas, programas adotados pelas empresas de valorização do profissional, fator humano.

Essa exigência não será somente em termos da qualificação e/ou formação das pessoas, mas também de sua capacidade de resposta para as necessidades da empresa e/ou negócio.

Por isso, o investimento efetuado por toda a sociedade no desenvolvimento das pessoas será menos no conhecimento (saber) e na habilidade (saber fazer) e na competência (saber-ser e saber-fazer). Essa competência quer dizer também a capacidade das pessoas de articular conhecimentos, habilidades e atitudes com o contexto onde se inserem.

A seleção e a contratação do profissional, ou recrutamento, o plano de carreira e avaliação de desempenho são itens valorizados pelas empresas competitivas que exigem do seu funcionário competência técnicos, ou seja, qualificação profissional e aprendizado contínuo, com ou sem o apoio da empresa e competência comportamental.

O profissional contratado/ selecionado pela organização é aquele que aposta no seu nível de conhecimento, aprimora suas habilidades, sabe fazer melhor a cada dia de forma eficiente e eficaz, e, investindo em seu autoconhecimento, aprimora as suas competências. Vale destacar que é muito difícil um profissional manter-se numa empresa se ele for apenas hábil em suas tarefas, mas não tem um bom relacionamento interpessoal, não sabe trabalhar em equipe, não tem equilíbrio emocional e tem dificuldade no processo de tomada de decisões.

A carreira de um profissional depende desses fatores, bem como o seu desempenho, que é avaliado constantemente pela empresa, pois se sabe que o profissional que, por exemplo, tem como principal competência a excelência no seu relacionamento interpessoal e boa auto-estima, ele produz melhor, tem maior desempenho, é flexível no trato com os colegas, proativo, sabe ouvir e é comprometido com a missão, a visão e os valores da empresa que faz parte.

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Formação Profissional 7

7. Formação Profissional

7.1. Escolha da Profissão

As pessoas têm estilos diferentes de aprendizagem e de interesses. Não há uma pessoa igual à outra.

As preferências de cada um não são exatamente as mesmas, mas isto não quer dizer que são melhores ou piores. Os indivíduos possuem potenciais diferentes, mas todos possuem capacidades.

Alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente escolar e pela sociedade.

Além disso, aspectos como demanda de formação profissional de sua região, ou seja, a do mercado (comércio, indústria ou serviços). A oferta de cursos específicos profissionalizantes também é indispensável para que o jovem encontre uma formação que o realize profissionalmente. A escola deve permitir, principalmente, o desenvolvimento da criatividade em projetos de vida e de trabalho.

A escolha da profissão é algo muito sério, uma das primeiras grandes encolhas do jovem, algo que irá influenciar a sua vida adulta.

Constatamos que muitos jovens, ao ingressar até mesmo nas faculdades, depois de certo tempo, acabam abandonando o curso antes do fim, pois descobriram que não se identificam com o curso e com o perfil de determinada carreira profissional.

Ao planejar o seu futuro profissional você deve traçar metas, buscando treinamento e orientação e identificar as possibilidades de acesso ao mercado.

Essa escolha é realmente difícil, pois essa decisão tem que ser tomada muito cedo, às vezes sem orientações, logo o jovem acaba sendo influenciado por fatores como desejo de formação dos pais, moda, ou status.

No momento da escolha profissional, alguns aspectos são fundamentais e devem ser trabalhados: É importante descobrir seus desejos profissionais, buscar se conhecer e identificar seus principais objetivos, procurar uma profissão que você goste e que satisfaça seus interesses.

Para isso, procure responder: Quais são os meus (seus) interesses, desejos e prioridades (vocação)? Em quais áreas de atuação profissional eu (você) se enquadra (humanas, exatas, biológicas)? Quais são as suas principais características e aptidões profissionais (perfil profissional)?

A sua vocação profissional pode estar relacionada às suas melhores capacidades.

Na escolha da profissão, o jovem deve

decidir, inicialmente, qual área de

trabalho mais se identifica. Para isso é

necessário a realização da

investigação das aptidões, desejos e

interesses no campo de estudos.

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Algumas inteligências já fazem parte da natureza humana, outras são adquiridas através dos meios em que vivemos, como a escola e a família. Portanto, analise-as:

- Capacidade lingüística (escrita, produção de textos, comunicação etc.). Encontramos nos poetas, escritores, oradores.

- Capacidade lógico matemática (cálculos, pesquisas, planejamentos, ações abstratas etc.). Está presente comumente em cientistas, programadores de computadores, contadores, advogados, banqueiros e matemáticos.

- Capacidade espacial (planejar e prever projetos etc.). Presente nos arquitetos, geógrafos, engenheiros, artistas gráficos (design);

- Capacidade musical (habilidade para música, dança etc.) Presente nos compositores, músicos e maestros;

- Capacidade corporal cinestésica (organização de raciocínios, deduções etc.) A inteligência corporal cinestésica pode ser mais bem observada em atores e atletas.

- Capacidade interpessoal (organização em grupo, capacidade de interação, etc.) encontrada nos professores, terapeutas, psicólogos;

- Capacidade intrapessoal (controle, gestão etc.) presente em filósofos, psicólogos e pesquisadores.

È muito importante saber que podemos desenvolver mais de um tipo dessas inteligências e que quem tem uma determinada inteligência não é obrigado a seguir o ramo profissional indicado. Este texto serve como uma orientação na sua escolha de carreira profissional.

O texto a seguir é uma fábula que aborda, através da sua linguagem, as

potencialidades de cada um, dons, qualidades e o valor do trabalho em equipe.

7.2. Influência dos Pais

Para a maioria das pessoas, a escolha da área em que se formar e trabalhar é um processo marcado por dúvidas e, consequentemente angústia (ansiedade intensa, aflição). Alguns autores afirmam que não dá para evitar esse sentimento, que em algumas vezes, não são bem aceitos ou compreendidos pelos pais. Mas é possível reduzir e sair do impasse mais rapidamente, ao ter em mente que, para o adolescente/profissional escolher a sua carreira, ele deve levar em conta não somente as suas habilidades (que é o saber fazer), mas o interesse despertado pelas atividades a elas relacionadas e o sentimento de realização que a sua prática pode proporcionar.

A vocação é expressão de uma aptidão, sim, mas desde que concretizada com prazer (ou seja quando se faz o que gosta) e criatividade. Como a vocação nasce? Da combinação entre a genética, pois os genes determinam a propensão para atividades específicas, o ambiente em que ele cresceu e a influência dos pais.

É na infância, principalmente, que as bases biológicas das habilidades são estimuladas e esculpidas.

A família e a condição socioeconômica têm peso enorme nesse processo. Quanto mais espaço a criança e o jovem tiver para experimentar e expressar seus gostos, tanto melhor. Por isso, a necessidade de os pais poderem acompanhar seu filho nesse processo, ainda que em seu tempo curto, por conta da ausência de um ou de outros atribuídos ao trabalho, para poder assim estimulá-lo, incentivá-lo e ajudá-los a gerenciar as suas expectativas e gostos.

Sem ambiente favorável, não há como as aptidões genéticas florescerem – e, para ficar no lugar-comum, também nesse caso

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as exceções só confirmam a regra. Conforme as áreas existem períodos na infância mais propícios para dar início para dar início ao desenvolvimento de determinadas habilidades. Mas se há mais de uma aptidão, e com graus de interesse semelhantes, o adolescente poderá reconhecer aquela a ser levada em conta no momento de cravar uma profissão, com a ajuda de um orientador: seja seu professor ou um psicólogo – que faz teste vocacional.

Vale destacar que os pais devem evitar exercer pressão sobre a escolha da profissão do seu filho considerando apenas o retorno financeiro, pois muitas vezes o adolescente escolhe a profissão, que os pais querem, e acabam por desistir no meio do caminho, fazendo seu trabalho com um nível de motivação muito abaixo do que é desejo e querido pelas empresas, há uma redução do seu nível de comprometimento e responsabilidade, pois ele está envolvido em algo que nada tem haver com ele.

A análise do potencial retorno financeiro da carreira a ser seguida, trata-se de um item que deve figurar entre as preocupações do candidato a profissional se sucesso. Mas vale advertir que esse não deve ser o aspecto mais relevante, inclusive porque as profissões promissoras de hoje talvez não se concretizem como tais amanhã.

Os diplomas de medicina, direito e engenharia, no século XIX, eram símbolo de distinção social. Passados dois séculos, muitos jovens brasileiros continuam sonhando em se tornar médicos, engenheiros e bacharéis em direito. Os salários acima da média e a relativa facilidade para entrar no mercado de trabalho são parte da explicação para a alta procura pela trinca de cursos clássicos.

“Em 2002, porém, houve uma mudança no topo do ranking: engenharia tirou de direito a segunda posição”, declara Santoro (2009, p.167). Na lista dos doze

mais disputados, o curso de educação física nem sequer figurava em 1992. Em 2007, passou a ocupar a nona posição; visto que os brasileiros tem se preocupado com a sua saúde e qualidade de vida e as empresa também vem apostando e incentivando programas de qualidade de vida e saúde dentro da empresa. “Já a carreira de ciências biológicas saltou, em dez anos, do 12º. para o quinto lugar, um reflexo do interesse crescente por temas relacionados ao ambiente e à engenharia genética”, afirma Santoro (2009, p.167).

Os pais podem direcionar seus filhos, aliás, devem orientá-los. Eles podem começar observando seus gostos, atitudes, comportamentos, hábitos, e a partir do diálogo, que deve ser estimulado dentro do ambiente familiar, despertar suas características, ajudá-lo na identificação de sua vocação e ainda conduzi-lo em sua escolha profissional.

7.3. Início da Carreira Profissional

Ao longo da história, o homem desenvolveu diversas formas de sobrevivência, busca da manutenção da vida, de acordo com a sua época, até chegarmos aos dias de hoje. O trabalho desenvolve diversas potencialidades, como o pensamento, a cooperação, a consciência de vida em grupo, permitindo uma evolução do homem.

As relações de trabalho são produtos de relações sociais históricas, sendo alvo de críticas, intervenções e transformações.

O processo de evolução do trabalho humano durou muito tempo, desde a construção das primeiras ferramentas de trabalho, a criação de animais até o surgimento da troca de mercadorias, o comércio, e outras formas de trabalho e geração de sustento.

Portanto, cada sociedade criou formas de organização e divisão do trabalho, de relações e regimes de trabalho, instrumentos e técnicas.

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Para o trabalho o homem necessitou do desenvolvimento de sua inteligência e de capacidades físicas, frente às dificuldades para manter a sua sobrevivência. Logo, diante dos obstáculos, o homem foi evoluindo como pessoa e como trabalhador.

Ao longo do tempo o trabalho passou por diversas formas e transformações.

A revolução industrial modificou as condições de vida do trabalhador braçal, o homem do campo migrou para as cidades em busca de emprego, gerando as grandes massas urbanas; a divisão do trabalho foi outro fator importante que influenciou a forma de trabalho.

O emprego assalariado, surgido com o capitalismo, visa sempre à obtenção do capital (dinheiro), a força do trabalhador é comprada através do capital.

Muitos fatores determinaram estas mudanças, como guerras, descobertas cientificas e avanços tecnológicos. Inicialmente as produções das mercadorias que consumíamos eram feita de forma artesanal, depois chegaram às máquinas e às fábricas. Surgindo, portanto, a Revolução Industrial, que modificou bastante o trabalho, que passou a ser separado em etapas de produção, visando ao aumento da produção e custos baixos.

Por causa destas mudanças, alguns empregos surgiram substituindo outros, dando assim uma nova cara ao mercado, assim sendo o trabalho passaram a ser um meio de atuação econômica e ativa na sociedade, através de inúmeras áreas existentes, que exigem as mais diversas formações técnicas, habilidades e competências.

O Mercado de trabalho é o conjunto de todos os trabalhadores e todos os empregos. É um conjunto que muda dia a dia, juntamente com as empresas e as pessoas que o formam, por este motivo são criadas, a cada dia, novas formas de

trabalho, exigindo cada vez mais conhecimentos.

O profissional, além de trabalhar também, necessita realizar-se profissionalmente, obtendo um crescimento profissional e pessoal, alcançando, portanto, satisfação e integração com sua vida. E isto é fundamental para o profissional do século XXI.

A visão que tínhamos de emprego há algum tempo estava associada à visão de estabilidade e segurança até o final da carreira. O empregado ficava muitos anos no mesmo emprego, com garantias como emprego por tempo definido, férias e fins de semana remunerados.

Com o avanço tecnológico, o surgimento das máquinas e do planejamento de trabalho, as indústrias precisavam de menos mão de obra, em conseqüência disso o emprego, em sua maior parte, passou da área industrial para a área de prestação de serviços formais e informais.

7.4. O perfil do novo profissional

O trabalho vem sendo influenciado pelas transformações tecnológicas, novas divisões de trabalho e pelas relações produtivas como resultado da globalização.

Atualmente vários fatores vêm

influenciando a sociedade. A tecnologia e

a informação vêm demonstrando que as

relações sociais e profissionais estão

passando por grandes mudanças.

Há uma reformulação das relações de

trabalho e mudanças nos padrões de

trabalho e emprego.

A construção da identidade e do seu perfil

profissional é fundamental para a

elaboração de significados para a vida e

para a sociedade.

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A formação profissional deve analisar aspectos globais que influenciam a sociedade. Hoje em dia as empresas passaram a enfrentar competição mundial. Elas precisam ser ágeis em oferecer produtos e serviços cada vez mais diversificados e de melhor qualidade.

O profissional deve buscar o maior nível de formação e também de atualização, pois num mundo globalizado o acesso à informação torna-se cada vez mais popular e accessível; a experiência conquistada no trabalho, suas vivências pessoais; a capacidade de se adaptar frente a novos desafios, além de criatividade na solução de problemas.

7.5. Mercado de Trabalho

O mundo de trabalho vem se desenvolvendo junto com a sociedade. A economia está integrada com a tecnologia. Esta relação está presente nos empregos rurais, industriais e de informação. Hoje em dia, qualquer trabalhador, em qualquer lugar do mundo, um dia irá se deparar com a tecnologia.

Futuramente, apesar das grandes desigualdades sociais, crescerá ainda mais, a necessidade de acesso aos conhecimentos de informática e tecnologia, estes saberes são de interesse vital para o trabalhador.

O mercado de trabalho exige, cada vez mais, que as pessoas desenvolvam diversas atividades profissionais, diversificando as suas funções, sendo um resultado da necessidade de complementação da renda, acesso ao trabalho e à competitividade profissional. Outro aspecto é a “jornada flexível”, muitas empresas, fábricas e prestadores de serviços vêm reformulando a carga horária de serviços para se adaptar às necessidades do mercado e também do trabalhador.

O emprego evoluiu com a história, com as exigências do mercado e da sociedade, buscando uma produtividade cada vez

maior. É lógico que a produção rural e de bens não vão desaparecer, mas outras áreas vêm apresentando um grande crescimento na mão de obra.

Diversas áreas apresentam tendência de crescimento, como por exemplo,: setor de serviços, vendas e consultorias, todos demandantes de uma bagagem de formação profissional

Todas essas áreas criarão necessidade de empregos que representam às necessidades dos países em desenvolvimento e crescimento, que buscam trabalhadores que construam novas relações e novos negócios, que tenham comportamento empreendedor e competências como a persistência, criatividade e a disposição para novos desafios.

7.6. Postura Profissional

Atualmente, nessa sociedade competitiva em que estamos inseridos, sabe-se que o diploma/certificados não são as únicas garantias de emprego. Para o profissional, conseguir espaço no mercado de trabalho, ele deve possuir qualificação pessoal.

As competências técnicas, por exemplo, deverão estar associadas à capacidade de decisão, de adaptação a novas situações, o que quer dizer ser proativo e flexível, possuir boa comunicação interpessoal, além da comunicação oral e escrita e saber trabalhar em equipe.

O profissional será valorizado na medida em que a tarefa que ele executa sua habilidade estiver associada a sua competência de, por exemplo, estabelecer relações e de assumir liderança, capaz de alocar conhecimentos para incrementar a produtividade e gerar inovação.

Na perspectiva do trabalho na sociedade do conhecimento, a criatividade e a disposição para capacitação permanente serão requeridas e valorizadas. As tecnologias de informação e comunicação estão modificando as situações de

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trabalho, e as máquinas passaram a executar tarefas rotineiras em substituição aos seres humanos.

Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a regra, buscar condições para ancorar a preparação do profissional do futuro requer uma estratégia diferenciada. O profissional deverá interagir com máquinas sofisticadas e inteligentes, ser uma pessoa capaz durante no processo de tomada de decisão. Além disso, o seu valor no mercado será estimado com base em seu dinamismo, em sua criatividade e em seu empreendedorismo.

Todos esses fatores evidenciam que só a educação será capaz de preparar as pessoas para enfrentar os desafios dessa nova sociedade. Esta realidade parece apontar para uma educação básica e polivalente que valorize a cultura geral, a postura profissional, a ética e a responsabilidade social.

A postura comportamental do profissional competitivo deve estar correspondendo a dois fatores humanos existentes na empresa:

•Fator: adaptação do Homem ao Homem, onde exige-se ter ou saber:

•Diferenças Individuais: Eu x o Outro

•Relações Interpessoais

•Auto-estima

•Comunicar-se e Saber Ouvir

•Inteligência Emocional no Trabalho: consciência e controle ou administração das emoções

•Relações Humanas no trabalho: Respeito / União / Cooperação / Integração

•Motivação

•Liderança

•Saber trabalhar em equipe

•Entender a diferença entre Equipe x Grupo

•Aprendizagem em equipe

Ou seja, já não basta a formação, o profissional ainda passa, geralmente, por três etapas e avaliações que são considerados essenciais para a inserção do profissional do mercado de trabalho: a avaliação técnica, avaliação psicológica e a avaliação comportamental.

A avaliação técnica quer dizer o que o profissional sabe e executa; a avaliação psicológica corresponde ao equilíbrio, a inteligência ou a inteligência emocional; e a avaliação comportamental que são as competências do profissional:

-A competência POTENCIAL - A capacidade e possibilidade real de que o funcionário possa desempenhar funções ou responsabilidades de maior nível.

-Competência COMPROMETIMENTO: É a capacidade e a vontade de orientar os próprios interesses e comportamentos para as necessidades, prioridades e objetivos corporativos. Compromisso profissional do funcionário com relação à função que ocupa.

-Competência PERCEPÇÃO/JULGAMENTO: A capacidade de enxergar a realidade a nossa volta, compreendendo e discernindo os fatos com clareza, estabelecendo um padrão de entendimento.

- Competência TRABALHO EM EQUIPE : É a capacidade de se ter disposição para atividade em grupo, mantendo clima de interdependência e confiança mútua a fim de alcançar os objetivos. Também implica na facilidade para atuar de forma coordenada com membros de outros Departamentos da empresa

- Competência FLEXIBILIDADE : A capacidade de verificar a mudança como oportunidade, sabendo identificar

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objetivos relevantes e manter o foco. Estado de interação com o meio ambiente, sabendo identificar situações e dar respostas adequadas.

7.7. A Inserção do Profissional no Mundo do Trabalho

É na adolescência que o indivíduo passa a vivenciar diferentes modelos de vida, que se distancia dos referenciais da infância e se volta para novos valores sócio-culturais. É uma fase onde o processo de autoconhecimento – quem sou eu – anda em paralelo com o para onde ou por onde eu vou, já que as carreiras profissionais permitidas aos jovens, na maioria dos casos, são estruturadas pelas posições de classe e pelas instituições sociais e políticas. Vale lembrar que, para o jovem profissional, o trabalho é uma exigência primordial para que consiga adquirir sua autonomia individual.

No entanto, para que esta autonomia venha a ocorrer, ele é forçado a levar em consideração suas reais chances de inserção no mercado de trabalho, tendo a noção exata de que elas vêm se mostrando cada vez mais restritas e seletivas devido às características que a economia vem apresentando e do peso do desemprego.

Assim, diante dos desafios da sociedade, é necessário que a formação profissional busque formar um trabalhador consciente dos seus direitos de cidadão e que esse esteja capacitado para atuar de maneira dinâmica no mercado de trabalho tão moderno.

A formação profissional deve considerar as transformações mundiais, que estão baseadas na informação e tecnologia, sem esquecer a importância do trabalho para o homem e sua comunidade. O mundo globalizado trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho. O trabalhador passa cada vez mais a depender de conhecimentos.

O trabalhador deve ter uma postura criativa, crítica e atuante para interagir na sociedade e, assim, estar preparado a se adaptar e atuar frente às mudanças na sociedade e no mercado de trabalho.

O diploma não é mais apenas a única condição para se adquirir um emprego. É necessário, atualmente, a qualificação profissional constante e o desenvolvimento de capacidades interpessoais como: capacidade de tomar decisões, atuar em equipe, dinamismo, empreendedorismo, planejar e solucionar problemas de forma rápida e prática.

Há uma constante mudança nas relações de trabalho, exigindo que o trabalhador interaja com muitas pessoas e com novas tecnologias. Portanto, devemos aprender a conviver com diversas mudanças, a fazer novas atividades profissionais e a trabalhar em equipe.

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Exercícios 8

8. Exercícios

8.1. Atividades Pedagógicas 1

Baseado nos conteúdos apresentados até o capítulo 3 e pesquisas complementares (bibliografia complementar e internet) realizar a seguinte atividade. Separar a turma em 5 equipes, sendo cada uma responsável pela defesa das principais idéias e teorias, descritas abaixo:

• Teoria do Evolucionismo de Darwin

• Teoria do Positivismo de Auguste Comte

• Idéias de Émile Durkheim

• Idéias de Max weber e

• Idéias de Karl Marx

As apresentações devem ser realizadas em 15 minutos.

A segunda etapa ocorrerá sob a orientação do professor quando deve ser feito um debate para justificar a importância da Sociologia para a transformação de uma sociedade igualitária, de acordo com o apresentado na etapa 1.

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8.2. Atividades Pedagógicas 2

Dividir a turma em três grupos, cada grupo deve assistir a um dos seguintes filmes: Filmes: O diabo veste Prada, Em busca da Felicidade, A luta pela esperança.

Cada grupo deve preparar uma apresentação (podem utilizar como meio de apresentação, quadros em cartolinas, slides de transparência, ou apresentação em forma artística tipo teatro, abordando os seguintes aspectos:

• Objetivo do profissional

• Exigência do mercado

• Formação Profissional.

Cada grupo deve apresentar o trabalho em no máximo 30 minutos.

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8.3. Atividades Pedagógicas 3

[O mundo exige do jovem uma formação escolar sempre melhor, além de

características com empreendedorismo, senso de grupo, cooperativismo etc. A

formação profissional especializada de um jovem poderá então suprir a carência de

experiência, melhorando sua qualificação profissional.]

A atividade deve ser realizada em grupos de no máximo 3 alunos

1. Elaborem um questionário para entrevistas com questões sobre o desemprego no nosso país.

2. Façam uma pesquisa em jornais na parte de classificados de empregos. Realizem um levantamento dos empregos, qualificação profissional exigida, remuneração e localização dos empregos.

O trabalho deve ser iniciado em classe e finalizado após dois dias, tempo para verificação das fontes necessárias e preparação do trabalho a ser entregue ao professor.

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8.4. Atividade Pedagógica 4

Assembléia na Carpintaria

Contam que na carpintaria houve uma estranha assembléia.

Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.

Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.

A causa?

Fazia demasiado barulho; e, além do mais, passava todo o tempo golpeando.

O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.

Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.

A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.

Nesse momento, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.

Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.

Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembleia reativou a discussão.

Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:

“Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes”.

A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.

Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.

Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos. Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar.

Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.

È fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.

Mas encontrar qualidades...

Isso é só para os sábios! Autor desconhecido.

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Elabore um projeto de vida, refletindo sobre as questões a seguir. Busque construir um projeto, considerando seus objetivos, limitações e desejos. Lembre-se que a soma dos seus ideais, estudos e vontade darão como resultado muito sucesso.

Atividade de Elaboração do seu Projeto de Vida:

1)Como eu aproveito o meu tempo?

Passado:

Presente:

Futuro:

2)Como eu me vejo? Como eu sou?

Habilidades:

Motivação:

Competências:

Relacionamentos:

Encantamentos:

Desejos:

3) Meu planejamento

Ameaças:

Missão Objetivos de Curto Prazo:

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Objetivos de Médio Prazo:

Objetivos de Longo Prazo:

Atitudes

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8.5. Atividade Pedagógica 5

Formem grupos de até 6 pessoas e façam uma pesquisa das profissões (cada grupo deve escolher 3 profissões) mais atraentes no mercado, considerando os seguintes aspectos:

- Formação exigida

- Competências necessárias

- Área de atuação

- Remuneração

- Campo de trabalho

Em seguida, façam uma análise crítica e apresentem a opinião do grupo para toda a turma

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9. Exercícios complementares sugeridos

9.1. Filmes

Os seguintes filmes são recomendados para ampliar a percepção dos temas desta disciplina:

• Sociedade dos Poetas Mortos

• Em nome da rosa

• Olga

• Germinal – conflitos de classe.

• Bye bye Brasil – migração, estigma e contrastes sociais no Brasil.

• Pixote – pobreza, menores em situação de risco social.

• Um dia de fúria – classe média, desemprego, violência urbana e aparato de poder do Estado.

• Blade Runner – sociedade contemporânea, mundo do trabalho.

• Tempos modernos – marginalidade social, divisão social do trabalho.

• Uma secretária do futuro – competição, assédio no trabalho, ética e relacionamentos sociais nas empresas.

9.2. Leitura

• GIDDENS, Anthony. Sociologia. São Paulo: Artemed, 2005.

• HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos. O breve século XX (1914-1911). São Paulo: Cia das Letras, 1995.

• KUPSTAS, Márcia. Trabalho em debate. São Paulo: Moderna, 1997.

• Análise de Índices de emprego e desemprego publicados em jornais, sites do DIEESE, SEI/SEPLAN-BA, IBGE.

• SINGER, Paul. Perspectivas de desenvolvimento da América Latina: O crédito comunitário na luta contra a pobreza.. In: Novos Estudos Cebrap. N.44, mar.1996, p 163-164.

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Referências

Referências

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CATTANI, Antonio David (Org.). Dicionário crítico sobre trabalho e tecnologia. 4.ed.rev.ampl. Petrópolis: Vozes, 2002.

DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

DOMINGUES, José Maurício. Teorias sociológicas no século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

DURKHEIM, Émile. As Regras do método sociológico. São Paulo: Ed. Nacional, 1963.

DIVISÃO do trabalho social. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Col. Os Pensadores)

GIDDENS, Anthony e TURNER, Jonathan (org). Teoria social hoje. São Paulo: Editora UNESP, 1999.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1997.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Exposição do Livro.

MARX, Karl. Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

SANTORO, André. Vocação, habilidades e escolha profissional. Revista Veja. Edição 2138. Ano 42. no.45. Editora Abril. 11 de novembro de 2009.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 13. ed. São Paulo: Pioneira, 1999. (Coleção: Biblioteca Pioneira de ciências sociais. Sociologia).

AS SEITAS protestantes e o espírito do capitalismo. In. Ensaios de sociologia. Guanabara. 1982.

A BUROCRACIA. In. Ensaios de sociologia. Guanabara. 1982

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Volume 1. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

DEMO, Pedro. Participação é conquista. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. 1. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

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SOUZA, Herbert José de; RODRIGUES, Carla. Ética e cidadania. São Paulo: Moderna, 1994.