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8/18/2019 Sobre Neoliberalismo e o Fracasso Das Esquerdas, Por George Monbiot _ GGN
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Sobre neoliberalismo e o fracasso dasesquerdas, por George Monbiot
Tradução feita por Douglas Portari
Às portas de um governo Temer (bate na madeira), acho bem a calhar este texto que saiu no fim
de semana no jornal The Guardian sobre a força do neoliberalismo, vendido como uma lei natural,
e o fiasco das esquerdas em produzir uma alternativa viável e moderna. Fiz uma tradução rápida,
fiquem à vontade pra corrigir os termos econômicos. Abraços, Douglas Portari
Do The Guardian
Neoliberalismo – a ideologia na raiz de todos os nossos problemas
Colapso financeiro, desastre ambiental e até mesmo o surgimento de Donald Trump – o
neoliberalismo desempenhou o seu papel em tudo isso. Por que a esquerda não conseguiu chegar
a uma alternativa?
Por George Monbiot*, no The Guardian, 15 de abril
Imagine se o povo da União Soviética nunca tivesse ouvido falar do comunismo. A ideologia que
domina nossas vidas não tem, para a maioria de nós, nome algum. Mencioná-lo em uma conversa
é ser recompensado com um encolher de ombros. Mesmo que seus ouvintes tenham ouvido o
termo antes, será uma luta para que consigam defini-lo. Neoliberalismo: você sabe o que é?
Seu anonimato é tanto um sintoma quanto causa de seu poder. Ele desempenhou um papel
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importante em uma variedade notável de crises: o colapso financeiro de 2007-8, a evasão de
riqueza e o deslocamento de poder para o exterior, dos quais os Panama Papers nos oferecem
apenas um vislumbre, o lento colapso da saúde pública e educação, o ressurgimento da pobreza
infantil, a epidemia de solidão, o colapso dos ecossistemas, a ascensão de Donald Trump. Mas nós
reagimos a essas crises como se elas surgissem de forma isolada, aparentemente desavisados de
que elas foram todas catalisadas ou agravadas pela mesma coerente filosofia; uma filosofia que
tem – ou tinha – um nome. Que poder maior pode haver do que operar anonimamente?
O neoliberalismo se espalhou de tal forma que raramente o enxergamos como uma ideologia.
Parece que aceitamos a proposição de que esta utopia, essa fé milenar, descreve uma força neutra;
uma espécie de lei biológica, como a Teoria da Evolução de Darwin. Mas esta filosofia surgiu como
uma tentativa consciente de remodelar a vida humana e alterar o foro de poder.
Ela enxerga a concorrência como a característica definidora das relações humanas. Ela redefine os
cidadãos como consumidores, cujas escolhas democráticas são melhor exercidas por compra e
venda, um processo que premia o mérito e pune a ineficiência. Ela sustenta que "o mercado"
proporciona benefícios que nunca poderiam ser alcançados pelo planejamento [estatal].
Tentativas de limitar a competição são tratadas como inimigas da liberdade. Impostos e regulações
devem ser minimizados, serviços públicos devem ser privatizados. Organizações do trabalho e
negociações coletivas de sindicatos são retratadas como distorções de mercado que impedem a
formação de uma hierarquia natural de vencedores e perdedores. A desigualdade é remodelada
como algo virtuoso: recompensa pela utilidade e geradora de riqueza, que escorre para enriquecer
a todos. Esforços para criar uma sociedade mais igualitária são tanto contraproducentes quanto
moralmente corrosivos. O mercado garante que todos recebam o que merecem.
Nós internalizamos e reproduzimos suas crenças. Os ricos se convencem de que adquiriram sua
riqueza através do mérito, ignorando as vantagens – como educação, herança e classe [social] –
que podem ter ajudado a retê-la. Os pobres começam a se culpar por seus fracassos, mesmo
quando podem fazer pouco para mudar suas circunstâncias.
Não importa o desemprego estrutural: se você não tem um trabalho é porque não tem iniciativa.
Não importam os custos impossíveis de habitação: se o seu cartão de crédito está no limite, você é
irresponsável e imprevidente. Não importa que seus filhos já não tenham uma quadra de esportes
na escola: se eles ficarem gordos, a culpa é sua. Em um mundo governado pela competição,
aqueles que ficam para trás são tidos e autodefinidos como perdedores.
Como resultados, documentados por Paul Verhaeghe em seu livro What About Me?, estão
epidemias de autoagressão, distúrbios alimentares, depressão, solidão, ansiedade por desempenho
e fobia social. Talvez não surpreenda que a Grã-Bretanha, em que a ideologia neoliberal tem sidomais rigorosamente aplicada, seja a capital da solidão na Europa. Somos todos neoliberais agora.
***
O termo neoliberalismo foi cunhado em uma reunião em Paris, em 1938. Entre os delegados
estavam dois homens que vieram a definir a ideologia, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek. Ambos
exilados da Áustria, enxergavam a social-democracia, exemplificada pelo New Deal de Franklin
Roosevelt e o gradual desenvolvimento do estado de bem-estar na Grã-Bretanha, como
manifestação de um coletivismo que ocupava o mesmo espectro do nazismo e do comunismo.
Em O Caminho da Servidão, publicado em 1944, Hayek argumentava que o planejamento
governamental, esmagando o individualismo, levaria inexoravelmente ao controle totalitário.
ComoBurocracia, livro de Mises, O Caminho da Servidão foi amplamente lido. Ele chamou a
atenção de algumas pessoas muito ricas, que viram na filosofia uma oportunidade de se libertar daregulação e de impostos. Quando, em 1947, Hayek fundou a primeira organização que iria
disseminar a doutrina do neoliberalismo – Sociedade Mont Pelerin – foi apoiado financeiramente
por milionários e suas fundações.
Com a ajuda destes, ele começou a criar o que Daniel Stedman Jones descreve em Mestres
doUniverso como "uma espécie de Internacional neoliberal": uma rede transatlântica de
acadêmicos, empresários, jornalistas e ativistas. Os ricos apoiadores do movimento financiaram
uma série de think tanks que refinaram e promoveram a ideologia. Entre eles estavam o American
Enterprise Institute, a Heritage Foundation, o Cato Institute, o Instituto de Assuntos Econômicos,
o Centro de Estudos Políticos e o Adam Smith Institute. Eles também financiaram departamentos
e postos acadêmicos, especialmente nas universidades de Chicago e Virgínia.
À medida que evoluía, o neoliberalismo tornou-se mais estridente. A visão de Hayek de que os
governos deveriam regular a concorrência para evitar a formação de monopólios deu lugar – entreos apóstolos americanos, como Milton Friedman – à crença de que o poder do monopólio poderia
ser visto como uma recompensa pela eficiência.
Outra coisa aconteceu durante essa transição: o movimento perdeu o seu nome. Em 1951,
Friedman estava feliz por se intitular como um neoliberal. Mas logo depois disso, o termo começou
a desaparecer. Mais estranho ainda, mesmo com a ideologia se tornando mais nítida e o
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movimento mais coerente, o nome perdido não foi substituído por qualquer alternativa comum.
No início, apesar do financiamento generoso, o neoliberalismo permaneceu às margens. O
consenso do pós-guerra foi quase universal: as receitas econômicas de John Maynard Keynes foram
amplamente aplicadas, o pleno emprego e a minoração da pobreza eram objetivos comuns nos
EUA e em grande parte da Europa Ocidental, os tetos de impostos eram elevados e os governos
procuravam resultados sociais sem constrangimento, desenvolvendo novos serviços públicos e
redes de segurança.
Mas na década de 1970, quando as políticas keynesianas começaram a desmoronar e crises
econômicas atingiram ambos os lados do Atlântico, as ideias neoliberais começaram a penetrar
omainstream. Como observou Friedman, "quando chegou o momento em que você tinha demudar... havia uma alternativa pronta ali para ser pega". Com a ajuda de jornalistas simpatizantes
e assessores políticos, elementos do neoliberalismo, especialmente suas prescrições para a política
monetária, foram adotados pela administração de Jimmy Carter, nos EUA, e pelo governo de Jim
Callaghan, na Grã-Bretanha.
Depois de Margaret Thatcher e Ronald Reagan assumirem o poder, o resto do pacote logo se
seguiu: massivos cortes de impostos para os ricos, o esmagamento de sindicatos,
desregulamentação, privatização, a terceirização e a concorrência nos serviços públicos. Por meio
do FMI, do Banco Mundial, do Tratado de Maastricht e da Organização Mundial do Comércio, as
políticas neoliberais foram impostas – muitas vezes sem o consentimento democrático – em
grande parte do mundo. O mais notável foi sua adoção pelos partidos que pertenceram à
esquerda: o Trabalhista [na Inglaterra]e os Democratas [nos EUA], por exemplo. Como Stedman
Jones observa, "é difícil pensar em outra utopia que tenha sido tão plenamente posta em prática."
***
Pode parecer estranho que uma doutrina que promete escolha e liberdade possa ter sido
promovida com o slogan "não há alternativa". Mas, como Hayek observou em uma visita ao Chile
de Pinochet – uma das primeiras nações em que o programa foi amplamente aplicado – "a minha
preferência pessoal se inclina para uma ditadura liberal do que em direção a um governo
democrático desprovido de liberalismo". A liberdade que o neoliberalismo oferece, que soa tão
sedutora quando expressa em termos gerais, acaba por significar liberdade para os tubarões, não
para os peixinhos.
Livre de sindicatos e de negociação coletiva significa liberdade para suprimir salários. Livre de
regulamentação significa a liberdade de envenenar os rios, por trabalhadores em risco, cobrar
taxas de juros iníquas e criar instrumentos financeiros exóticos. Livre de impostos significa a
liberdade de fugir da distribuição de riqueza que tira as pessoas da pobreza.
Como Naomi Klein documenta em seu livro A Doutrina do Choque, os teóricos neoliberais
defendem o uso de crises para impor políticas impopulares, enquanto as pessoas estão distraídas:
por exemplo, em seguida ao golpe de Pinochet, na Guerra do Iraque e quando do furacão Katrina,
que Friedman descreveu como "uma oportunidade para reformar radicalmente o sistema
educacional" em Nova Orleans.
Onde as políticas neoliberais não podem ser impostas localmente, elas são impostas de fora, por
meio de tratados comerciais nos quais estão incorporadas "soluções de disputas investidor-Estado":
foros internacionais em que as empresas podem pressionar pela remoção de proteções sociais e
ambientais. Quando parlamentos votaram para restringir vendas de cigarros, proteger o
abastecimento de água contra empresas de mineração, congelar contas de energia ou impedir que
companhias farmacêuticas explorassem o Estado, as empresas entraram com processos, muitas
vezes tendo sucesso. Democracia é reduzida a teatro.
Outro paradoxo do neoliberalismo é que a concorrência universal depende de quantificação
universal e comparação. O resultado é que trabalhadores, candidatos a emprego e serviços
públicos de todo tipo estão sujeitos a um regime de chicana opressiva de avaliação e
monitoramento, concebido para identificar os vencedores e punir os perdedores. A doutrina que
Von Mises propos que iria nos libertar do pesadelo burocrático do planejamento central em vez
disso criou um.
O neoliberalismo não foi concebido como uma oportunidade de se dar bem em cima de outros,
mas rapidamente se tornou uma. O crescimento econômico tem sido marcadamente mais lento na
era neoliberal (desde 1980 na Grã-Bretanha e nos EUA) do que era nas décadas anteriores; mas
não para os muito ricos. A desigualdade na distribuição de renda e riqueza, após 60 anos de
declínio, subiu rapidamente nesta época, devido ao esmagamento dos sindicatos, reduções de
impostos, aumento dos aluguéis, privatização e desregulamentação.
A privatização ou mercantilização dos serviços públicos, como energia, água, trens, saúde,
educação, estradas e prisões permitiu que empresas montassem cabines de pedágio em frente a
bens essenciais e cobrassem rentabilidade econômica por sua utilização, quer pelos cidadãos ou
pelo governo. Rentabilidade econômica é outro termo para rendimentos de capital. Quando você
paga um preço inflacionado por um bilhete de trem, apenas uma parte da tarifa compensa os
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operadores pelo dinheiro gasto em combustível, salários, locomotivas e outros gastos. O resto
reflete o fato de que você não tem alternativa alguma.
Aqueles que possuem e administram serviços privatizados ou semiprivatizados no Reino Unido
fazem fortunas estupendas investindo pouco e cobrando muito. Na Rússia e na Índia, oligarcas
adquiriram bens do Estado por meio de saldões de salvados. No México, Carlos Slim conseguiu o
controle de quase todos os serviços de telefonia fixa e celular e logo se tornou o homem mais rico
do mundo.
A financeirização, como Andrew Sayer observa em Why We Can't Afford the Rich, teve um impacto
similar. "Como a rentabilidade econômica", argumenta ele, "os juros são... rendimentos de capital
que revertem sem qualquer esforço". Como os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos setornam mais ricos, estes aumentam seu controle sobre outro ativo crucial: o dinheiro. Os
pagamentos de juros, predominantemente, são uma transferência de dinheiro dos pobres para os
ricos. Como os preços dos imóveis e a retirada de financiamento pelo Estado sobrecarregam as
pessoas com dívidas (pense na mudança de bolsas de estudo para empréstimos estudantis), os
bancos e seus executivos fazem a festa.
Sayer argumenta que as últimas quatro décadas têm sido caracterizadas por uma transferência de
riqueza não só dos pobres para os ricos, mas dentro das fileiras dos ricos: desde aqueles que
fazem seu dinheiro por meio da produção de novos bens ou serviços para aqueles que fazem seu
dinheiro controlando ativos já existentes e colhendo rentabilidade econômica, juros ou ganhos de
capital. Rendimentos do trabalho foram suplantados por rendas do capital.
As políticas neoliberais estão em todos os lugares assolados por falhas de mercado. Não apenas os
bancos são grandes demais para falir, mas também as corporações que agora são responsáveis pelaprestação de serviços públicos. Como Tony Judt apontou em Ill Fares the Land , Hayek se esqueceu
de que os serviços nacionais vitais não podem entrar em colapso, o que significa que a
concorrência não se aplica. As companhias levam os lucros, o Estado fica com os riscos.
Quanto maior o fracasso, mais extremista a ideologia se torna. Os governos usam crises neoliberais
tanto como desculpa como oportunidade para cortar impostos, privatizar serviços públicos ainda
existentes, criar buracos na rede de segurança social, desregulamentar corporações e re-regular
cidadãos. O Estado que se auto-odeia agora afunda seus dentes em todos os órgãos do setor
público.
Talvez o impacto mais perigoso do neoliberalismo não seja a crise econômica que tem causado,
mas a crise política. Como o poder do Estado é reduzido, a nossa capacidade de mudar o rumo de
nossas vidas através de votação também se contrai. Em vez disso, a teoria neoliberal afirma, as
pessoas podem exercer a sua escolha através do consumo. Mas alguns têm mais dinheiro paragastar do que outros: nesta grande democracia do consumidor ou do acionista os votos não são
igualmente distribuídos. O resultado é uma perda de poder dos pobres e da classe média. Como
tanto partidos da direita quanto ex-partidos de esquerda adotam políticas neoliberais semelhantes,
a perda de poder se transforma em privação de direitos. Um grande número de pessoas foi
descartado da política.
Chris Hedges afirma que "movimentos fascistas montam sua base não dos politicamente ativos,
mas dos politicamente inativos, os 'perdedores' que sentem, muitas vezes corretamente, que não
têm voz ou papel a desempenhar no campo político". Quando o debate político não fala a nós, as
pessoas passam então a responder a slogans, símbolos e sensações. Para os admiradores de
Trump, por exemplo, fatos e argumentos parecem irrelevantes.
Judt explicou que quando o grosso tecido de interações entre pessoas e o Estado foi reduzido a
nada, apenas a autoridade e obediência, a única força restante que nos une é opoder [coercitivo] do Estado. O totalitarismo que Hayek temia é mais provável emergir quando os
governos, tendo perdido a autoridade moral que surge a partir da prestação de serviços públicos,
são reduzidos a "manipulação, ameaça e, finalmente, coação das pessoas para lhe obedecer."
***
Tal qual o comunismo, o neoliberalismo é o deus que fracassou. Mas a doutrina-zumbi se arrasta, e
uma das razões é o seu anonimato. Ou melhor, um conjunto de anonimatos.
A doutrina invisível da mão invisível é promovida por apoiadores invisíveis. Lentamente, muito
lentamente, começamos a descobrir os nomes de alguns deles. Nós sabemos hoje que o Institute
of Economic Affairs, que veementemente debateu contra uma maior regulamentação da indústria
do tabaco, tem sido secretamente financiada pela British American Tobacco desde 1963. Nós
descobrimos que Charles e David Koch, dois dos homens mais ricos do mundo, fundaram o
instituto que criou o movimento Tea Party. Nós descobrimos que Charles Koch, na criação de um
de seus think tanksobservou que "a fim de evitar críticas indesejáveis, a forma como a organização
é controlada e dirigida não deve ser amplamente divulgada."
As palavras usadas pelo neoliberalismo muitas vezes escondem mais do que esclarecem. "O
mercado" soa como um sistema natural que pode agir sobre nós igualmente, como a gravidade ou
" "
8/18/2019 Sobre Neoliberalismo e o Fracasso Das Esquerdas, Por George Monbiot _ GGN
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1 6 c o m e n t á r i o s
. .
significar o que as corporações e seus patrões querem. "Investimento", como Sayer observa,
significa duas coisas completamente diferentes. Uma é o financiamento de atividades produtivas e
socialmente úteis, o outro é a compra de ativos existentes para ordenhar rentabilidade econômica,
juros, dividendos e ganhos de capital. Usar a mesma palavra p ara diferentes atividades "camufla
as fontes de riqueza", levando-nos a confundir extrativismo da riqueza com criação de riqueza.
Um século atrás, os novos-ricos foram ridicularizados por aqueles que tinham herdado o seu
dinheiro. Empresários procuravam aceitação social fazendo-se passar por rentistas. Hoje, a relação
se inverteu: os rentistas e herdeiros denominam-se empresários. Eles afirmam ter trabalhado por
seus rendimentos de capital.
Esses anonimatos e confusões se enredam com a falta de nome e de pertencimento do capitalismo
moderno: o modelo de franquia que garante que os trabalhadores não saibam para quem
trabalham; empresas registradas através de uma rede de regimes de sigilo offshore tão complexa
que até mesmo a polícia não consegue descobrir os beneficiários; um regime fiscal que trapaceia
os governos; produtos financeiros que ninguém entende.
O anonimato do neoliberalismo está fortemente guardado. Aqueles que são influenciados por
Hayek, Mises e Friedman tendem a rejeitar o termo, dizendo – com alguma justiça – que é usado
hoje só pejorativamente. Mas eles não nos oferecem nenhum substituto. Alguns se descrevem
como liberais clássicos ou libertários, mas essas descrições são tanto enganosas quanto
curiosamente humildes, como se eles sugerissem que não há nada de novo sobre O Caminho da
Servidão, Burocracia ou clássico de Friedman, Capitalismo e Liberdade.
***
Por tudo isso, há algo admirável sobre o projeto neoliberal, pelo menos em seus estágios iniciais.
Era uma filosofia distinta, inovadora e promovida por uma rede coerente de pensadores e ativistas
com um plano claro de ação. Ela foi paciente e persistente. O Caminho da Servidão tornou-se a
estrada para o poder.
A vitória do neoliberalismo também reflete o fracasso das esquerdas. Quando o laissez-faire levou
à catástrofe de 1929, Keynes concebeu uma teoria econômica abrangente para substituí-lo.
Quando o gerenciamento keynesiano da demanda chegou no limite nos anos 1970, havia uma
alternativa pronta. Mas quando o neoliberalismo se desfez em 2008, havia... nada. É por isso que
o zumbi neoliberal ainda caminha. A esquerda e o centro não produziram nenhum novo
pensamento econômico nos últimos 80 anos.
Cada invocação de lorde Keynes é uma admissão de fracasso. Propor soluções keynesianas às crises
do século 21 é ignorar três problemas óbvios. É difícil mobilizar as pessoas em torno de velhasidéias; as falhas expostas na década de 1970 não desapareceram; e, mais importante, elas não
têm nada a dizer sobre a nossa situação mais grave: a crise ambiental. Keynesianismo funciona
estimulando a demanda para promover o crescimento econômico. A demanda dos consumidores e
o crescimento econômico são os motores da destruição ambiental.
O que a história de ambos, o keynesianismo e o neoliberalismo, mostra é que não são suficientes
para se opor a um sistema falido. Uma alternativa coerente tem de ser proposta. Para os
Trabalhistas, os Democratas e a esquerda em geral, a tarefa central deveria ser o de desenvolver
um Programa Apollo[programa norte-americano que levou o homem à Lua] na economia, uma
tentativa consciente de criar um novo sistema, adaptado às exigências do século 21.
* É autor dos livros The Age of Consent: A Manifesto for a New World Order e Captive State: The
Corporate Takeover of Britain. Este artigo é de seu novo trabalho, o livro How Did We Get into This
Mess?.
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860
Fabio Rocha
Brasilqua, 20/04/2016 - 12:27
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[...] ver mais
Quando foi no Brasil, que impostos ajudaram a igualar classes minha gente? Esse povo só rouba amaioria dos impostos a decadas. Precisamos aceitar que a casa está infestada de ratos, todos sentindocherinho de queijo e ludibriados por ter seu pedaço cada vez maior. Parem de se iludir com políticos.Precisamos de gestores de qualidade e não de politica. Os termos que designam a política atualbrasileira parecem estar descritos num pergaminho do século XVII! Tudo isso é SBT, antiquado, velho,mofado. Não defendo o liberalismo, mas muito menos essa estrurura obesa que é o governo brasileiro,cheio de peitos pra todos mamarem. Enquanto noutros países as pessoas entram na vida politica porterem inclinações, aspirações, busca de melhorias, a maioria dos políticos brasileiros está nessa para
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Chima
Nossater, 19/04/2016 - 21:29
Tem gente aqui defendendo o capitalismo depois de tantos desatres economicos, ambientais,guerras...
Idem para o neoliberalismo que é apenas um aperfeçoamento do capitalismo
,turbo capitalismo. Cansei.
Para os desavisados a Grecia esta sendo privatizada....
Na inglaterra querem privatizar o sistema de saude..NHS...
No Brasil , cada copo de aqua que você bebe, dependendo do estado, esta pagando
dividendos para acionistas estrangeiros...
Sem contar agua engarrafada e dominda por empresas estrangeiras...
Não sobra nada para o Brasil e para a América Latina....
O mundo em desenvolvimento inteiro é apenas um mercado para
grandes conglomerados do norte.
Cansei.
L I N K P E R M A N E N T E R E S P O N D E R
Celio Mendes
Tem uma propaganda antiga queter, 19/04/2016 - 17:48
Tem uma propaganda antiga que tinha um bordão "Tostines é fresquinho porque vende mais ou vendemais porque é fresquinho?", ao ler alguns comentários por aqui pensei em uma outra versão "Osgovernos gastam demais porque tem que pagar juros altos ou tem juros altos porque gastamdemais?", cada um parece escolher a explicação que se encaixa mais com a teoria que defende, aopção do neoliberalismo é a segunda, será coincidência?
Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a Transparência Internacional divulgou, nesta terça-feira, a classificação anual dos
países mais corruptos do mundo, e a situação do Brasil, sob o império do “lulismo”, só piorou. Demóstenes Torres
08/10/2003
L I N K P E R M A N E N T E R E S P O N D E R
Jorge L . Pinto
Em outras palavras: lei dater, 19/04/2016 - 17:29
Em outras palavras: lei da selva...
L I N K P E R M A N E N T E R E S P O N D E R
nãovaitergolpe2333
Para um comunista qualquerter, 19/04/2016 - 17:10
Para um comunista qualquer coisa que não seja o estatismo é liberalismo(o inverso também).
Mas me diga em que momento o estado realmente reduziu a sua intervenção não apenas na economiamas na vida do individuo.
8/18/2019 Sobre Neoliberalismo e o Fracasso Das Esquerdas, Por George Monbiot _ GGN
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22/04/2016 Sobre neoliberalismo e o fracasso das esquerdas, por George Monbiot | GGN
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Nunca correto.
Neoliberalismo não e o retorno ao laissez faire, pelo contrário e a aceitação por parte dosliberais(Hayek) de um certo controle estatal.
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O Mar da Silva
Excelente arquivo.ter, 19/04/2016 - 16:54
Excelente arquivo.
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pedro lorençon
[...] ver mais
A essência dos regimes políticosócioeconômicoster, 19/04/2016 - 16:48
Leo Huberman escreveu uma obra intitulada a História da riqueza do homem. Onde ele contaevidentemente, como evoluiu a questão da imposição do rico sobre o desvalido. A conclusão é lógica:O dinheiro é o instrumento de poder. As doutrinas capitalista e comunista nasceram há muito tempo eem situações diferentes das de hoje, ou mesmo de décadas atrás. O capitalismo que evoluiu para oneo liberalismo, direcionou-se cada vez mais a política de exclusão e na crença de que a riqueza sópremia os capacitados e castiga os incapacitados. É evidente que a coisa não é nem perto disto.Sabemos das arapucas que são armadas para que você seja o bobo da história. Mas o título " fracassodas esquerdas" trouxe uma indagação sobre o que a esquerda não fez para combater o neoliberalismo.Primeiro , aceitou
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Cunha
É a lei da selva, a leiter, 19/04/2016 - 16:38
É a lei da selva, a lei dos mais fortes.
Literalmente.
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Salvador 2
E o Neo- Darwinismo?ter, 19/04/2016 - 16:29
Faltou mencionar a fundamental participação de Dawkins.
Com um dos mais, infelizmente, influentes livros de todos os tempos, "O Gene Egoista", trouxe"comprovação científica irrefutável" ao Neo-Liberalismo.
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Wilton Cardoso Moreira
Fim do capitalismoter, 19/04/2016 - 16:27
O autor não diz, mas parece que ele espera uma alternativa à esquerda dentro do capitalismo. Istonão é possível.
Há um ponto obscuro na argumentação de Monbiot: quando o keynesianismo (fordismo) falhou na
8/18/2019 Sobre Neoliberalismo e o Fracasso Das Esquerdas, Por George Monbiot _ GGN
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ca a e , por que se passou ao neo era smo e z que porque a eor a es ava pron a etinha riquíssimos patrocinadores.
Esta explicação é frágil demais. Ela pode ser apenas parte da explicação, e a parte menos importante.
A parte mais importante da explicação e que o autor não explicita é: o neoliberalismo vingou nos anos70 porque salvou o capitalismo de seu colapso iminente, ou seja, ele foi estruturalmente necessário aocapitalismo.
Com o desenvolvimento da tecnologia e da microinformática na década de 70, a produção demercadorias necessita de cada vez menos trabalho.
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Pedro Mundim
Mas o capitalismo tem alguma a ver com a natureza humanater, 19/04/2016 - 18:58
O capitalismo também é artificial, criação humana. Mas alguns aspectos do capitalismo são tãobásicos que têm existido desde o início dos tempos, e sobreviveram até mesmo dentro dosregimes comunistas mais fechados.
O capitalismo não vai acabar. ainda mais nessa época em que ex-regimes comunistas estãoentrando à toda no capitalismo, como a Chine e também Cuba. Disseminar preconceitos anti-capitalistas apenas contribui para nos manter no atraso e na pobreza.
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Wilton Cardoso Moreira
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O fato é que o capitalismoter, 19/04/2016 - 21:30
O fato é que o capitalismo está desmoronando por dentro, a partir do seu centro, EUA eEuropa.
2008 (que não acabou) foi um lance deste processo de desmoronamento. Veja bem, ninguémaponta saída alguma, nem à esquerda, nem à direira. Não há mais novos Keynes ou Mises aquem recorrer.
Todas as atitudes dos EUA e Europa são apenas defensivas, para manter posição, assim comoas da China.
A perspectiva para o desemprego é aumentar em todo lugar e de forma irreversível: o uso demáquinas definitivamente eliminam mais emprego do que criam.
O capital só se reproduz como capital fictício: em todas as grandes empresas da economiareal, o depto. financeiro está se tornando tão ou mais importante que o da produção.
Não são preconceitos, são fatos.
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Pedro Mundim
Neoliberalismo existiu nos EUA e na Inglaterra
ter, 19/04/2016 - 16:01
O neoliberalismo é fenômeno da Inglaterra de Thatcher e dos EUA de Reagan, e atualmente o termo jáse encontra em desuso. Só é repetido aqui por essas bandas, onde o neoliberalismo nunca existiu, mastornou-se um rótulo vazio sinônimo de tudo o que há de ruim no mundo. Qualquer governo que gastamais que arrecada precisa ser "neoliberal" para trazer as contas para o azul, e isso não tem a ver comideologia, mas com a matemática.
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Andre Araujo
O neoliberalismo foi um cicloter, 19/04/2016 - 17:28
O neoliberalismo foi um ciclo e não uma doutrina, durou 30 anos e acabou, o que tinha que serprivatizado na Europa ja foi, nos EUA o que tinha quer desregulamentado já foi, a China e a Russiacontinuam privatizando o que restou do espolio do comunismo, a partir dai são necessarias novasdoutrinas para ajustar o globalismo financeiro que rege o mundo atual.
8/18/2019 Sobre Neoliberalismo e o Fracasso Das Esquerdas, Por George Monbiot _ GGN
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S E U N O M E :
E M A I L :
S U A P Á G I N A :
A S S U N T O :
C O M E N T Á R I O :
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Bicca
muito bomter, 19/04/2016 - 15:59
Eu já tinha lido no guardian,
Excelente texto do George Monbiot.
Neoliberalismo é uma selvageria!
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Paulo F.
Boa parte da culpater, 19/04/2016 - 15:28
É dos milicos argentinos que invadiram as Falklands e salvaram o governo de Margaret Thatcher!
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Marcos K
Que dizer? Acho que a belezater, 19/04/2016 - 14:58
Que dizer?
Acho que a beleza do neoliberalismo é justamente esta: fazer você acreditar que pode tudo ao mesmotempo que te tira quaisquer condições de alcançar teus objetivos e ainda te faz acreditar que a culpado fracasso é todo teu. Tem ideologia melhor?
L I N K P E R M A N E N T E R E S P O N D E R
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