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SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS PARA FRATURA EM SÓLIDOS ELÁSTICOS Milton Nogueira da Silva Junior Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica. Orientadores: Fernando Pereira Duda Eliot Fried Rio de Janeiro Dezembro de 2010

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SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS PARA FRATURA EM SÓLIDOS

ELÁSTICOS

Milton Nogueira da Silva Junior

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-graduação em Engenharia Mecânica,

COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Doutor

em Engenharia Mecânica.

Orientadores: Fernando Pereira Duda

Eliot Fried

Rio de Janeiro

Dezembro de 2010

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SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS PARA FRATURA EM SÓLIDOS

ELÁSTICOS

Milton Nogueira da Silva Junior

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

Prof. Fernando Pereira Duda, D.Sc.

Prof. Fernando Alves Rochinha, D.Sc.

Prof. Wladimir Augusto das Neves , D.Sc

Prof. Alexandre Madureira, Ph.D.

Prof. Alfredo Huespe, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

DEZEMBRO DE 2010

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Silva Junior, Milton Nogueira da

Sobre Modelos Matemáticos para Fratura em Sólidos

Elásticos/Milton Nogueira da Silva Junior. – Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.

IX, 42 p. 29, 7cm.Orientadores: Fernando Pereira Duda

Eliot Fried

Tese (doutorado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Mecânica, 2010.

Referências Bibliográficas: p. 37 – 42.

1. forças configuracional. 2. parâmetro de ordem. 3.

fratura. 4. Eshelby tensor. I. Duda, Fernando Pereira

et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

iii

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I dedicate this thesis to all the

little children who walk through

our huge Brazil without having

nothing to eat and dream about,

no home to come back at night

and no hope for changes.

iv

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Agradecimentos

Media in via

Media in via erat lapis

erat lapis media in via

erat lapis

media in via erat lapis.

Non ero unquam immemor illius eventus

pervivi tam míhi in retinis defatigatis.

Non ero unquam immemor quod media in via

erat lapis

erat lapis media in via

media in via erat lapis.

Carlos Drummond de Andrade

Há várias pessoas que eu quero agradecer por me ajudar e encorajar durante

o curso de minha pesquisa para esta dissertação. Mas do que tudo, gostaria de

agradecer a Deus por ter me guiado até este momento, e por vir me ensinando

através de muitas pessoas a verdadeira simplicidade, e honestidade; que a cada dia

possa eu aprender um pouco mais.

Ao Professor Fernando Pereira Duda por ter me introduzido à mecânica do con-

tínuo, e ter, de fato, me orientado; e por constantemente me lembrar que pesquisar

é um trabalho duro. Além disso, por me dar vários conselhos para o bem da minha

formação; com quem tenho o enorme prazer de trabalhar pelo imenso caráter, com-

petência, dignidade e responsabilidade com o Brasil, e cuja história de vida me enche

de adimiração.

Ao Professor Eliot Fried por ter me co-orientado, especialmente durante minha

estada no Canada, na McGill University, me proporcionando uma ótima acomodação

para trabalhar e valiosas horas discutindo sobre o problema proposto.

v

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A minha amada mãe, Kátia Regina de Oliveira Silva, que é uma mulher simples,

íntegra, inteligente, e talentosa; porém como muitos brasileiros foi sufocada e impe-

dida de desenvolver seus talentos mais cedo. Eu quero agradecer ao meu amado pai,

Milton Nogueira da Silva, exemplo de dedicação familiar, dignidade, honestidade e

integridade. Também quero agradecer a minha avó, Nadir da Silva Nogueira, pe-

los inúmeros momentos de alegria, e a minha tia, Sandra da Silva Nogueira, pelo

grande apoio quando estava ainda na adolecência. Às minhas irmãs, Lilian Regina

de Oliveira Silva e Liliam de Oliveira Silva, sou muito grato, pela força que tiveram

em todos os momentos das nossas vidas.

Um agradecimento muito especial a minha amada futura esposa, Debbie van

Vliet, que além da enorme beleza física, como poucos, deixa a todos encantados

com sua pureza e bondade.

Por terem participado e colaborado na minha formação, me ensinando im-

portantes técnicas todos esses anos, gostaria de agradecer aos Professores: Ana

Maria Senra Breitschaft, Antônio Roberto da Silva, Felipe Acker, Fernando Alves

Rochinha, I Shi Liu, Luiza Amália de Moraes, Maria Aguieiras, Valmar Carneiro

Barbosa, Wladimir Neves, Ricardo Rosa. Um agradecimento especial ao Professor

José Luís L. Silveira, pelo enorme apoio dado para o meu estágio de doutorado

no Canada, e ao meu amigo e Professor Fábio Tavares Ramos, por ter sempre me

incentivado.

A alguns amigos que foram muito importantes nesta jornada, são eles: André

Fontenelle, Diego Nogueira, Fabiano Brito, Felipe Olivieri, Karl Medevar, Kazuyoshi

Akiba, Marcelo Tavares, Rodrigo Hauser. Aos meus companheiros de apartamento:

João Eduardo Reis, por alguns suportes técnicos computacionais, e a Humberto

S. N. dos Anjos, pelas ajudas no inglês. Ao meu colega de laboratório, Gabriel

Guerra, pelas inúmeras vezes que me ajudou, e a Aldo Bazán por algumas proveitosas

discussões , deixo também meu agradecimento. À secretária acadêmica, Vera Lucia

P.S. Noronha, pelas muitas ajudas na parte burocrática, e a todos os funcionários

do departamento de Engenharia Mecânica da COPPE.

Finalmente, gostaria de agradecer à CAPES, CNPQ, e FAPERJ pelo apoio finan-

ceiro desde do tempo de iniciação científica. A todos que direta, ou indiretamente

colaboraram para o desenvolvimento deste trabalho também deixo meu agradeci-

mento.

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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS PARA FRATURA EM SÓLIDOS

ELÁSTICOS

Milton Nogueira da Silva Junior

Dezembro/2010

Orientadores: Fernando Pereira Duda

Eliot Fried

Programa: Engenharia Mecânica

Do ponto de vista da mecânica do contínuo, existem basicamente duas aborda-

gens distintas para fratura, a global e a local. Na abordagem global, ou clássica,

uma trinca é vista como uma linha ou superfície de descontinuidade para os campos

de deslocamento e de tensões, os quais são singulares na ponta da trinca. Já na

abordagem local, uma trinca é vista como uma pequena região de acumulação de

dano na qual os campos envolvidos são contínuos e apresentam elevados gradientes.

O presente trabalho procura estabelecer relações entre duas teorias de fratura:

a teoria global apresentada por Gurtin e Podio-Guidugli [1], na qual é empregada o

conceito de forças configuracional, e a teoria local apresentada por Duda e Souza [2],

na qual o dano é quantificado por um campo escalar. Especificamente, sob certas

hipóteses constitutivas, o presente trabalho estabelece condições necessárias para

que a teoria local seja vista como uma regularização da teoria global ou, equivalen-

temente, para que a teoria global seja obtida com um limite assintótico da teoria

local. Fundamental para o presente desenvolvimento é a utilização do método assin-

tótico na obtenção do balanço de forças configuracional da teoria global como limite

do balanço correspondente na teoria local.

vii

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

ON MATHEMATICAL MODELS FOR FRACTURE IN ELASTIC SOLIDS

Milton Nogueira da Silva Junior

December/2010

Advisors: Fernando Pereira Duda

Eliot Fried

Department: Mechanical Engineering

From the stand point of continuum mechanics, there are two distinct approaches

to fracture, namely the global or classical approach and the local approach. In the

former, a crack is viewed as a line or surface of discontinuity for the displacement and

stress fields, which, by their turn, are singular at the crack tip. On the other hand,

the local approach views a crack as a small region in which damage accumulates

and the displacement and stress fields are continuous but have high gradients.

This work aims at investigating possible relationships between two fracture the-

ories: the global theory formulated by Gurtin and Podio-Guidugli [1] and the local

theory formulated by Duda and Souza [2]. Specifically, under certain constitutive as-

sumptions, the present work establishes necessary conditions for the local theory be

a regularization of the global theory, or, equivalently, the global theory be obtained

as an asymptotic limit of the local theory. The development of this work relies on

the use of matching asymptotic technique and the balance of configurational forces.

viii

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Sumário

1 Introdução 1

2 Leis Básicas para a Propagação de Trinca e uma Teoria Baseada

no Parâmetro de Ordem 8

2.1 Leis Básicas para Propagação de Trinca . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1.1 Campos Básicos. Leis de Balanço. Segunda Lei . . . . . . . . 8

2.2 Uma Teoria Baseada no Parâmetro de Ordem . . . . . . . . . . . . . 12

2.2.1 Campos Básicos. Leis de Governo. Segunda Lei . . . . . . . . 13

2.2.2 Equações Constitutivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.2.3 Especialização Constitutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 Regularização e Resultados Obtidos 17

3.1 Decomposição dos Campos em Componentes de Volume e Excesso . . 17

3.2 Adimensionalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.3 Expansões e o Método Assintótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.4 Estimativas fora da Trinca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.5 Estimativas dentro da Camada de Transição . . . . . . . . . . . . . . 24

3.6 Equipartição da Energia e suas Consequências . . . . . . . . . . . . . 26

3.7 Limite Assintótico das Leis de Governo da Teoria Baseada no

Parâmetro de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.7.1 A taxa de liberação de energia de deformação . . . . . . . . . 29

3.7.2 A energia de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.7.3 A cinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4 Conclusões 33

A Cálculo das Estimativas 34

Referências Bibliográficas 37

ix

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Capítulo 1

Introdução

A Mecânica da Fratura Linear Elástica é baseada no critério de Griffith [3] de que

a propagação de uma trinca é o resultado da competição entre a taxa de liberação

da energia elástica G

G = −∂Eb∂`

, (1.0.1)

e a energia consumida para a criação de uma nova trinca, denominada densidade de

energia de superfície ψ, com ` denotando o comprimento da trinca e Eb a energia de

deformação. Todo o processo ocorre na ponta da trinca, sendo o o principal objetivo

da teoria determinar quando uma trinca preexistente irá crescer. Na verdade, Grif-

fith foi motivado pelo trabalho de Inglis [4], que forneceu uma primeira investigação

qualitativa de como a presença de um defeito afeta o estado de tensões. Inglis, ao

resolver o problema de um furo elíptico em uma placa infinita com tensão uniforme

aplicada no infinito, mostrou que o campo de tensões tinha um máximo na ponta

da elipse. Daí, ao observar que a tensão deveria tender ao infinito perto da ponta da

trinca, Griffith concluiu que soluções para problemas de elasticidade linear para um

material frágil contendo trincas talvez possuísse singularidades na ponta da trinca.

De fato, a contribuição fundamental de Griffith [3] é um critério energético para

determinar o caminho `(t) da trinca durante o processo de evolução. Matematica-

mente, no que diz respeito à teoria de Griffith, `(t) deve satisfazer:

(a) ˙(t) ≥ 0, isto é, a trinca é irreversível;

(b) G ≤ ψ, isto é, G não pode exceder ψ;

(c) (G(t, `(t))− ψ) ˙(t) = 0, isto é, a trinca cresce se G igualar-se a ψ.

(1.0.2)

Por volta de 1950, Irwin [5], e quase simultaneamente Orowan [6], notaram que

havia um termo dominante na expansão do campo de tensões numa vizinhança da

ponta da trinca. De acordo com o resultado de Inglis, este termo dominante era de

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ordem r−12 e tinha uma intensidade K, que Irwin nomeou de fator de intensidade

de tensão. Em 1957, Irwin [7] obteve uma equivalência formal entre a taxa de

liberação da energia de deformação e o fator de intensidade de tensão no contexto

da mecânica da fratura linear elástica. Em 1967, Cherepanov [8] e, em 1968, Rice

[9] desenvolveram independentemente o conceito de uma integral representado o

fluxo de energia na ponta da trinca. Em adição, Rice mostrou que esta integral

era independente do caminho ao redor da trinca. Esta integral ficou conhecida

como integral J . Para um material isotrópico e linearmente elástico, a integral J

coincide diretamente com G. Deste modo, a Mecânica da Fratura Linear Elástica

faz uso das variáveis K, G ou J (para detalhes veja Anderson [10]). No que diz

respeito à capacidade de prever o crescimento da trinca, a teoria de Griffith apresenta

três grandes obstáculos: iniciação da trinca, o caminho da trinca e a suavidade da

evolução da trinca.

Nos anos recentes, matemáticos desenvolveram métodos para prever crescimento

quase-estático em fratura frágil. Em 1998 Francfort e Marigo (veja [11], e [12])

propuseram um modelo variacional de crescimento quase-estático de fratura frágil em

corpos linearmente elásticos inspirados no critério clássico de Griffith (veja também

Bourdin, Francfort e Marigo [13], Dal Maso e Toader [14] e Buliga [15]). Esta

abordagem é usada para o tratamento de processos independentes de taxa (as leis

de governo do problema são invariantes com mudanças da escala no tempo). Neste

caso, a evolução quase-estática do corpo com uma trinca em propagação é obtida ao

minimizar um funcional de energia que é a soma da energia elástica Eb, e da energia

de superfície Es, a saber

E(C,υ(t)) = Eb(C,υ(t)) + Es(C), (1.0.3)

entre todas as trincas C que contêm todas as anteriores C(s), s < t; e todos o campos

de deslocamento cinematicamente admissíveis

υ = U on ∂dB\C,

com ∂dB ⊂ ∂B, onde ∂B representa a fronteira do corpo, e U um deslocamento

prescrito sobre ∂dB. Portanto, este problema variacional se encaixa no contexto

dos problema de descontinuidade livre, onde o deslocamento e a nova trinca são

desconhecidos. Embora inspirado na teoria de Griffith, o modelo de Francfort e

Marigo, contudo, se livra das restrições daquela teoria, a qual requer uma trinca

preexistente e um caminho de trinca bem definido. Em contraste, pode-se quantificar

a iniciação e o caminho de uma trinca.

O modelo de Francfort e Marigo é, de fato, bem posto, isto é, admite ao menos

um par de solução (u(t),C(t)) (veja Dal Maso e Toader [14], Chambolle [16], Franc-

2

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fort e Larsen [17] ), onde u(t) é o deslocamento, e C(t) é a trinca. O modelo foi

generalizado para o contexto da elasticidade finita por Dal Maso, Francfort, e Toader

[18]. Contudo, a principal desvantagem deste modelo é a incapacidade de lidar com

carregamentos complexos. Esta formulação é propícia à implementação numérica

(veja Bourdin at al [13, 19]), a qual é realizada usando-se um procedimento de dis-

cretização no tempo e uma aproximação da energia total proposta por Ambrosio

e Tortorelli [20] via Gama-convergência (para detalhes sobre aproximações gama

convergentes de problemas de descontinuidade livre, veja Dal Maso [21] e Braides

[22, 23]). A aproximação funciona como uma regularização caracterizada pelo fato

que a trinca não é mas uma simples curva, mas um tipo de "camada"com espessura

h(ε) (com ε dependente das propriedades do material). De fato, a trinca é vista

através de uma variável auxiliar ϕ como uma região onde 0 < ϕ < 1. Esta variável

pode ser considerada como uma variável de dano, ou parâmetro de ordem, que dis-

tingue suavemente o material completamente danificado do material virgem. A curva

que descreve a trinca é recuperada fazendo h(ε) tender a zero (veja [13]). Dentro

deste contexto de regularização, Giacomini [24] propôs uma formulação matemática

que envolve o espaço SBV (para maiores detalhes sobre o espaço SBV e os espaços

de sobolev o leitor é convidado a consultar: Adams [25], Evans e Gariepy [26], Am-

brosio, Fusco e Pallara [27] ) das funções de variação limitada, e definiu uma noção

de evolução quase-estática para a aproximação elíptica do funcional de Mumford-

Shah [28, 29] proposto por Ambrosio e Tortorelli [20], e conseguiu provar, usando

técnicas da teoria geométrica da medida (veja Federer [30]), que essa evolução regu-

lar converge, no sentido da Gama-convergência, para um crescimento quase-estático

de uma trinca em um corpo linearmente elástico, no sentido de Francfort e Larsen

[17]. Em 2007, Del Piero et al [31] reformularam o modelo de Francfort e Marigo

no contexto não-linear elástico e propuseram uma regularização também via Gama-

convergência. Vale salientar que neste novo contexto, como a energia é não-linear,

precisa-se de uma versão generalizada da aproximação de Ambrosio e Tortorelli (veja

Fusco et al [32] e Focardi [33]).

Do ponto de vista da modelagem material, uma abordagem baseada no

parâmetro de ordem está conceitualmente ligada com modelos da mecânica do dano,

veja, por exemplo, Kachanov [34] ou Fremond e Nedjar [35], onde o dano pode ser

interpretado como um parâmetro de ordem. A mecânica do dano (veja Bazant e Oh

[36], de Borst e Nauta [37], Mazars e Pijaudier-Cabot [38], descreve os efeitos locais

de micro-defeitos, isto é, a evolução das propriedades mecânicas do material quando

os micro-defeitos se propagam.

A Mecânica da Fratura e a Mecânica do Dano são duas teorias correlacionadas.

Quando a localização de uma trinca e o caminho pelo qual ela se propaga são de-

sconhecidos, já observamos, que a Mecânica da Fratura pode dificilmente ser usada.

3

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Em contraste, a Mecânica do Dano oferece uma vantagem essencial para prever a

localização deste defeito crítico. Portanto, a mecânica do dano é útil para a previsão

da iniciação do defeito, enquanto que a mecânica da fratura pode ser implementada

depois de iniciada a propagação. Contudo, o maior obstáculo para se tentar rela-

cionar a teoria da fratura e a teoria do dano (local) (veja Lemaitre e Cheboche

[39], Lemaitre [40] e Pineau [41]) é que o processo de falha previsto com modelos

da mecânica do dano local ocorre sem dissipação de energia. Portanto, existe uma

inconsistência entre a mecânica do dano (local) que prevê que essa quantidade é

nula e a mecânica da fratura que assume que esta quantidade é finita.

Este paradoxo foi mostrado a quase quarenta anos atrás por Bazant [42], o qual

sugeriu a implementação de teorias não-locais a fim de resolver este impasse. Simo

et al. [43] também identificou este problema e mostrou que os modelos do contínuo

que visavam resolver isso deveriam impor o fato de que a quantidade de energia

dissipada para a criação de um defeito é uma quantidade finita e não nula. Nesta

linha de raciocínio, temos a advento de teorias de dano não-local (veja Simo et

al. [43], Elfgren [44], de Borst et al. [45]) que podem ser consideradas como uma

forma consistente de preencher o espaço que existia entre a mecânica da fratura e a

mecânica do dano. A idéia chave de modelos de dano não-local ou dependentes de

gradiente é admitir que a condição de crescimento do dano é não-local, isto é, que de-

pende, em cada ponto material, de uma média das deformações em uma vizinhança.

Modelos de dano não-local podem, em princípio, contemplar tanto a iniciação da

trinca quanto a propagação de uma trinca. Em 1996, Mazars e Pijaudier-Cabot [38],

através de considerações termodinâmicas, relacionaram a mecânica da fratura e a

mecânica do dano.

O teoria baseada no parâmetro de ordem é uma poderosa ferramenta de simu-

lação para descrever a evolução complexa de interfaces em um vasto contexto, sem

explicitamente seguir estas interfaces. Sua principal aplicação tem sido à problemas

em ciência dos materiais onde a evolução de interfaces e defeitos no interior ou na

superfície de um material têm um profundo impacto no seu comportamento [46].

Uma lista parcial de applicações nessa área inclui solidificação de ligas [47], onde

os modelos combinam elementos dos primeiros modelos baseados no parâmetro de

ordem da solidificação de materiais puros (veja, por exemplo, [48]) com a equação

de Cahn-Hilliard ([49], [50]), nucleação de cristais [51], fratura (veja [52], [53], [54],

[2]). No contexto de fratura frágil, como observamos anteriormente, o parâmetro de

ordem é, de fato, uma variável de dano.

Em mecânica do contínuo, a resposta de um corpo à deformação é descrita pelo

sistema de forças padrão, consistente com as leis de balanço do momento linear

e angular. Essas forças são associadas com o movimento de partículas materiais.

Por outro lado, a resposta de um corpo a mudanças na sua estrutura material

4

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associada, por exemplo, à propagaçao de trincas, é descrita pelo sistema de forças

configuracional. De acordo com Gurtin [55], as forças configuracional são vistas

como objetos primitivos básicos consistentes com seu próprio balanço de forças que

realizam trabalho em conjunção com o movimento de defeitos. Já em 1953, uma

derivação variacional das forças configuracional foi obtida por Eshelby [56]. Mais

tarde, em 1995, Gurtin [55] demonstrou o papel das forças configuracional para

diversas teorias de transição de fase (veja, por exemplo: Cermelli e Gurtin [57],

Burke e Turnbull [58]). Além do problema de interface, o trabalho de Gurtin [59]

tem sido aplicado ao problema de fratura: Gurtin e Podio-Guidugli [1]; Gurtin e

Shvartsman [60]; Kalpakides e Descalu [61].

O principal objetivo desta tese é oferecer a possibilidade de relacionar a Teoria

da Fratura e a Teoria do Dano no contexto da elasticidade finita. Nós trabalhamos

com um material frágil denotado por B: um corpo que apresenta comportamento

perfeitamente elástico fora da trinca denotada por C. Efeitos térmicos e inerciais

serão ignorados. Especificamente, iremos mostrar, sob certas hipóteses constitutivas

e uma adimensionalização apropriada, que a teoria do dano (parâmetro de ordem)

para evolução quase-estática de fratura frágil, no contexto da elasticidade finita, pro-

posta por Duda e Souza [2] funciona como uma regularização da teoria apresentada

por Gurtin e Podio-Guidugli [1] para propagação de trinca em corpos elásticos. Vale

ressaltar que em 2009, Hakim e Karma [54] implementaram, no contexto de elasti-

cidade linear, uma teoria dependente de taxa baseada no parâmetro de ordem do

tipo Ginzburg-Landau (para maiores detalhes sobre a equação de Ginzburg-Landau

veja, por exemplo, [62], e Onuki [63]) que pode ser vista como uma regularização da

teoria de propagação de trinca desenvolvida por Gurtin e Podio-Guidugli [1].

Nossa idéia consiste em adaptar o procedimento desenvolvido em Fried e Grach

[64], que implementaram a teoria baseada no parâmetro de ordem para a teoria de

Gurtin e Struthers [65] com respeito ao problema de interface (veja também Fried

e Gurtin [66]). A noção de força configuracional tem um papel central juntamente

com a técnica do Método Assintótico neste procedimento. De acordo com Gurtin e

Podio-Guidugli [1] a equação de governo para a propagação de trinca é obtida do

balanço de força configuracional tangencial

J − ψtip = MV, (1.0.4)

onde M é a mobilidade da ponta da trinca, V é a velocidade da trinca, ψtip é a

energia de superfície na ponta da trinca, e J é a taxa de liberação de energia de

deformação (a integral J) dada por

J = t ·∮

tipCν ds, (1.0.5)

5

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onde∮

tipCνds = lim

δ→0+

∂Dδ(z)Cνds, (1.0.6)

sendo C o tensor de tensões configuracional, definido sobre B\C; t a direção de

propagação prescrita, ∂Dδ(z) a fronteira do disco Dδ(z) de raio δ e centrado na

ponta da trinca z, e ν um campo normal unitário exterior à fronteira ∂Dδ(z). Mais

adiante, neste trabalho, nós veremos que consistência com a versão mecânica da

segunda lei fornecerá

J ≥ ψtip > 0. (1.0.7)

Deste modo, o critério de Griffith assegura que a trinca se propagará quando e

somente quando

J > ψtip. (1.0.8)

Dentro deste contexto, a desigualdade (1.0.8), só representa uma condição necessária

para a propagação de trinca; de fato, para a classe de equações constitutivas consid-

eradas, (1.0.8) pode ser satisfeita sem o movimento da ponta da trinca. Contudo, é

importante enfatizar que (1.0.7) e (1.0.8) são independentes de hipóteses constitu-

tivas. Então, o problema de propagação de trinca acima corresponde à descrição do

problema através da mecânica da fratura.

Já para a teoria do dano introduzida, o sistema de forças correspondente consiste

do tensor de tensões configuracional C e de uma densidade de força de corpo config-

uracional f definidos sobre todo o corpo B. Este sistema deve satisfazer o seguinte

balanço∫

P

Cν ds+∫

P

fda = 0, (1.0.9)

para todo P ⊂ B. Dado as equações constitutivas consistentes e uma adimensional-

ização apropriada, nós mostraremos que

t ·(∫

P

Cεν ds)

→ J − ψtip,

t ·(∫

P

ε−1fεda

)

→MV,(1.0.10)

onde ε é um parâmetro adimensional que depende das propriedades do material.

Este trabalho é organizado como segue. No capítulo 2, na seção 2.1, apresen-

tamos a teoria da mecânica da fratura para o problema de evolução de trinca de-

senvolvida por Gurtin e Podio-Guidugli [1]. Na seção 2.2 apresentamos uma teoria

baseada no parâmetro de ordem é apresentada. No capítulo 3, seguindo Fried e

Grach [64], inicialmente introduzimos uma admensionalização das equações da teo-

ria baseada no parâmeto de ordem. Na seção 3.3, o Método Assintótico é usado para

6

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expandir as soluções das equações de governo fora da trinca e na camada de tran-

sição (que é representa a trinca no contexto da teoria do dano), o que, nas seções

3.4 e 3.6, nos permite estimar as quantidades fora da trinca e dentro da camada

de transição. Então, na seção 3.7, nós recuperamos a lei de propagação de trinca

da teoria de Gurtin e Podio-Guidugli [1] através de um limite assintótico sobre o

balanço de forças configuracional da teoria baseada no parâmetro de ordem especial-

izada por Duda e Souza [2]. Finalmente, as conclusões desta tese serão apresentadas

no capítulo 4.

7

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Capítulo 2

Leis Básicas para a Propagação de

Trinca e uma Teoria Baseada no

Parâmetro de Ordem

Na primeira parte deste capítulo será apresentado a descrição do problema de fratura

dada por Gurtin e Podio-Guidugli [1] através da teoria de forças configuracional

fornecendo uma lei de governo para a ponta da trinca. Na segunda parte deste

capítulo será apresentada uma teoria baseada no parâmetro de ordem proposta por

Duda e Souza [2]. Será mostrado mais tarde neste trabalho, que esta teoria pode ser

vista como uma regularização da teoria desenvolvida por Gurtin e Podio-Guidugli

[1].

2.1 Leis Básicas para Propagação de Trinca

2.1.1 Campos Básicos. Leis de Balanço. Segunda Lei

Seja B ⊂ R2 um conjunto fechado com fronteira ∂B. A macrocinemática é descrita

pelo movimento

y : (x, t) 7→ y(x, t), (2.1.1)

que mapeia a partícula localizada em x ∈ B\C(t), no tempo t, em y(x, t), tal que y

é descontínua em C(t). Denote por

F = ∇y (2.1.2)

a deformação gradiente consistente com detF > 0. Suponha que B contenha uma

trinca C em propagação, a qual para cada instante t é descrita pela reta C(t) com

um extremo fixo na fronteira ∂B, e com o outro sendo a ponta da trinca z(t), se

8

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movendo com velocidade

v(t) =dz(t)dt

= V (t)t, (2.1.3)

com V (t) > 0 a velocidade da trinca, onde t é um vetor tangente unitário à curva

C(t). Por conveniência, trabalhamos com um sistema de coordenadas cartesiano

com origem na ponta da trinca e eixos coordenados definidos por t (direção x) e

pelo vetor m normal à curva C(t) (direção y).

z(t) t

m

B

∂B

C (t)

Figura 2.1: A trinca em B.

Sejam W densidade de energia elástica, e ψ a densidade de energia de superfície

da trinca. Agora, vamos introduzir o sistema de forças padrão e configuracional.

O sistema de forças padrão é definido pelo tensor de Piola S e pela força de corpo

por unidade de volume b definidos em B\C. Já o sistema de forças configuracional

é definido pelo tensor de tensões C, o qual é definido em B\C, pela força de corpo

interna gC definida em C, pelo vetor tensão de superfície c distribuída sobre C, e da

força configuracional interna gtip concentrada na ponta da trinca.

O campo c representa uma força associada à união das faces da trinca, enquanto

que a força interna gtip mantém a integridade da ponta da trinca e age em resposta

a degradação durante a propagação.

O sistema de forças padrão deve satisfazer os balanços de momento linear e

P

P∂

B

B∂

xA

z

˜

˜

C••

Figura 2.2: The volume control in B containing the crack tip.

9

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angular∫

∂PSνds +

P

bda = 0,

∂Py× Sνds +

P

y× bda = 0,(2.1.4)

com P qualquer subconjunto de B, e ν o campo normal sobre ∂P.

O balanço das forças configuracional é dado por

∂PCνds +

P

gCda + gtip − cA = 0, (2.1.5)

onde P contém a ponta da trinca em seu interior, G = P ∩ C, e cA = c(xA, t) com

{xA} = ∂P ∩ G (veja 2).

Fora da trinca, as formas locais de momento linear e angular são respectivamente

divS + b = 0,

SF T = FST.(2.1.6)

Seja Dδ(z) = {x ∈ B : |x − z| < δ}. Se escolhermos P = Dδ(z), e fizermos

δ → 0, então obteremos a equação de governo para a ponta da trinca

tipCνds + gtip − ctip = 0, (2.1.7)

com ctip o limite de c em z, e

tipCνds = lim

δ→0

Dδ(z)Cνds. (2.1.8)

δ

z(t)

∂D δ

B

∂B

C (t)

Figura 2.3: O disco Dδ contendo a ponta da trinca.

10

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Seguindo Gurtin [59], para P = P(t) a Segunda Lei é escrita na forma

ddt

{∫

P

Wda +∫

G

ψds

}

≤W(P), (2.1.9)

com P contendo uma porção da trinca, e W(P) sendo a potência realizada em P

dada por

W(P) =∫

∂PCν · vds +

∂PSν · y◦ ds +

P

b · yda + WC(P), (2.1.10)

onde WC(P) é a potência associada à trinca, e

y◦ = y + Fv (2.1.11)

é o campo de velocidade seguindo a ponta da trinca e y a velocidade do ponto

material. O termo Fv refere-se à velocidade na qual o material deformado está

sendo transferido ao volume de controle deformado.

Fora da trinca, a forma local da Segunda Lei é dada por

W ≤ SF . (2.1.12)

Uma consequência da Segunda Lei formulada em (2.1.9) para um subconjunto

P que não intercepta a trinca, é a relação de Eshelby

C = W I− F TS (2.1.13)

para a tensor de tensões configuracional, onde F T é o tensor transposto do gradi-

ente de deformação F , e I o tensor unitário. Esse resultado é uma consequência do

requerimento de que a Segunda Lei seja invariante sob mudanças na parametriza-

ção da fronteira ∂P(t) (ver [59] página 42 − 43), e é independente das equações

constitutivas satisfeitas por W e S. O mesmo requerimento produz

c · t = ψ, (2.1.14)

o que significa a equivalência entre a componente tangencial do vetor tensão de

superfície e densidade de energia de superfície da trinca.

Seguindo [59], e levando em conta (2.1.14), segue de (2.1.7) o balanço configura-

cional tangencial

J − ψtip + t · gtip = 0, (2.1.15)

onde,

ψtip = limx→z

ψ, J = t ·∮

tipCν ds, ctip = t · gtip, (2.1.16)

11

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e

f = J − ψtip, (2.1.17)

o que reprsenta um balanço entre a força motriz f e −t · gtip, a força interna que se

opõe ao movimento da ponta da trinca.

A diferença

Γ(P) = W(P)− d

dt

{∫

P

Wda−∫

G

ψds

}

≥ 0 (2.1.18)

então representa a energia dissipada em P por unidade de tempo. Se definirmos

Γtip = limδ→0

Γ(Dδ), (2.1.19)

então

−Γtip = gtip · v ≤ 0, (2.1.20)

o que representa a Segunda Lei localizada na ponta da trinca.

Por (2.1.20), obtemos a seguinte relação para a energia dissipada na ponta da

trinca:

Γtip = fV ≥ 0. (2.1.21)

Como gtip está relacionada à quebra das ligações, é bem razoável supor que a

propagação é acompanhada por uma força de resistência dependente da velocidade

V . Desta forma, introduzimos a equação constitutiva

f = MV, (2.1.22)

com M > 0 representando a mobilidade na ponta da trinca.

Portanto (??)3 lê-se

MV = J − ψtip. (2.1.23)

Fora da trinca, o material é assumido ser não-linear, elástico e homogêneo, tal

que

W = W (F ), S = S(F ) =∂

∂FW (F ), (2.1.24)

e a Segunda Lei é trivialmente satisfeita.

2.2 Uma Teoria Baseada no Parâmetro de Ordem

Nesta seção, nós introduzimos uma teoria baseada em um parâmetro de ordem, veja,

por exemplo Duda e Souza [2], e mais a frente mostraremos que a mesma funciona

como uma regularização da teoria desenvolvida por Gurtin e Podio-Guidugli [1] para

o problema de propagaçao na ponta da trinca. Nós consideramos uma teoria para

fratura na qual um parâmetro de ordem, denotado por ϕ, distingue suavemente o

12

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material completamente danificado do material virgem. Sem perda de generalidade,

suponhamos que ϕ varia no intervalo fechado [0, 1], com os limites inferior e superior

correspondendo respectivamente ao material completamente danificado e ao material

virgem.

2.2.1 Campos Básicos. Leis de Governo. Segunda Lei

Considere o corpo B descrito cinematicamente pelo movimento y e o parâmetro de

ordem ϕ. Sejam

F = ∇y e p = ∇ϕ (2.2.1)

os gradientes de deformação e do parâmetro de ordem.

A teoria baseada no parâmetro de ordem que introduzimos é descrita pelos

seguintes campos:W densidade de energia livre,

S tensor de tensões de Piola,

b densidade de força de corpo,

ξ vetordemicrotensão,

π densidade de microforça interna,

(2.2.2)

definidos sobre todo o corpo.

Para todo P em B em cada instante, esses campos devem satisfazer as seguintes

leis integrais∫

∂PSνds +

P

bda = 0,

∂Py× Sνds +

P

y× bda = 0,

∂Pξ · νds +

P

πda = 0,

(2.2.3)

para os balanços de momentos linear e angular, e o de microforças.

A versão mecânica da segunda lei é dada por1

∂PSν · yds+

P

b · yda+∫

∂Pξ · (ϕν))ds ≥

˙∫

P

Wda. (2.2.4)

1Como π age internamente a P, este campo não contribui para a potência em (2.2.4).

13

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As formas locais das leis acima são dadas por

divS + b = 0

SFT = FST

divξ + π = 0,

W − S · F + πϕ− ξ · p ≤ 0.

(2.2.5)

2.2.2 Equações Constitutivas

Na teoria baseada no parâmetro de ordem, W, S, ξ, e π são dados por funções

respostas dependendo do gradiente de deformação F, do campo de fase ϕ, do seu

gradiente p, e da sua taxa ϕ. Consistência com a Segunda Lei (2.2.4) então requer

que

W = W(F, ϕ, p), S =∂W(F, ϕ, p)

∂F, ξ =

∂W(F, ϕ, p)∂p

,

π = −∂W(F, ϕ, p)∂ϕ

− β(F, ϕ, p, ϕ)ϕ,

(2.2.6)

Onde o coeficiente cinético β(F, ϕ, p, ϕ) deve ser não-negativo. Desse modo, ao

inserir as relações (2.2.6)1,3,4 no balanço local de microforças (2.2.5)3, deduzimos a

equação de evolução do parâmetro de ordem

β(F, ϕ, p, ϕ)ϕ = div

∂W(F, ϕ, p)∂p

− ∂W(F, ϕ, p)∂ϕ

. (2.2.7)

Sendo dadas as equações constitutivas (2.2.6), e fazendo uso do balanço de mo-

mento linear (2.2.3)1, angular (2.2.3)3 e o de microforças (2.2.3)3, nós obtemos que

∂PCνds +

P

fda = 0, (2.2.8)

para todo P de B, tal que sua forma local é dada por

divC + f = 0, (2.2.9)

ondeC = WI− FTS− p⊗ ξ,

f = βϕp.(2.2.10)

14

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2.2.3 Especialização Constitutiva

Nós trabalhamos com o caso onde a relação constitutiva determinada pela densidade

de energia livre é dada por

W = W(F, ϕ, p) = f(ϕ) + W(F)g(ϕ) +λ

2|p|2, com λ > 0. (2.2.11)

Esta é uma escolha comum para a resposta da densidade de energia livre ( veja

Duda e Souza [2]).

Nós adimitimos que f é um potencial com mínimo em ϕ = 1, isto é,

f ′(1) = 0, e 0 = f(1) < f(ϕ), para 0 < ϕ < 1. (2.2.12)

Portanto, esta estrutura de f dá preferências energéticas às regiões onde ϕ = 1, e o

termo gradiente 12λ|p|2 penaliza oscilações para 0 < ϕ < 1.

É natural admitir que a função g seja tal que

g′(ϕ) > 0, com g(0) = 0 e g(1) = 1. (2.2.13)

A hipótese de que g(0) = 0 nos diz que o corpo perde a capacidade de armazenar

energia elástica na trinca. Já, o fato de pedirmos que g(1) = 1 nos diz que a

densidade de energia livre coincide com a densidade de energia elástica fora da

trinca. Finalmente, a hipótese de que g seja monótona é necessária para controlar

o gradiente de deformação na trinca.

Se ϕ(y, t) = ϕ(x, t), com y = x− z(t), então a derivada parcial

ϕε◦

(x, t) = ∂ϕ(y, t)/∂t, (2.2.14)

representa a derivada temporal ϕ(x, t) seguindo a ponta da trinca z(t); pela regra

da cadeia

ϕε◦

(x, t) = ϕ+∇ϕ · v, (2.2.15)

onde

ϕ(x, t) = ∂ϕ(x, t)/∂t. (2.2.16)

se admitirmos que

ϕε◦

(x, t) = 0, (2.2.17)

ou seja, que o dano não varia com a ponta da trinca, então

ϕ = −p · v. (2.2.18)

Nós também admitimos que o coeficiente cinético é uma constante positiva, i.e,

15

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β > 0. Daí, a equação constitutiva (2.2.11), e a hipótese (2.2.17) produzem

−β∂xϕV = λ4ϕ− f ′(ϕ)−W (F)g′(ϕ), (2.2.19)

onde

∂xϕ = p · t, (2.2.20)

denotando a derivada parcial de ϕ na direçao x.

16

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Capítulo 3

Regularização e Resultados

Obtidos

3.1 Decomposição dos Campos em Componentes

de Volume e Excesso

Como a estrutura do potencial f dá preferências energéticas à região onde ϕ = 1,

temos que o termo

f(ϕ) +λ

2|∇ϕ|,

não contribui para a energia livre fora da camada de transição. Contudo, contribui

para a energia na camada de transição, onde 0 < ϕ < 1. Daí, seguindo Fried e

Grach [64], nós decompomos a densidade de energia como uma soma

W = Wbu + Wxs, (3.1.1)

dos termos de Volume (bu) e Excesso xs, definidos por

Wbu = Wbu(F, ϕ) = W(F)g(ϕ),

Wxs = Wxs = f(ϕ) +λ

2|p|2,

(3.1.2)

respectivamente.

Portanto, usando as equações constitutivas (2.2.6), a decomposição (3.1.1) de

Ψ leva à decomposição natural do tensor de deformação S e da microtensão ξ em

componentes de Volume e Excesso. Especificamente, se tem que

S = Sbu + Sxs, ξ = ξxs. (3.1.3)

Desse modo, devido a decomposição (3.1.1) e as relações constitutivas (2.2.6),

17

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encontramos que

Sbu =∂Wbu

∂F, Sxs = 0,

ξxs =∂Wxs

∂p.

(3.1.4)

As decomposições (3.1.1), (3.1.2), (3.1.3), (3.1.4) dos campos W, S, e ξ produzem,

combinadas com a (2.2.10)1, a decomposição

C = Cbu + Cxs (3.1.5)

do tensor de tensões configuracional C em componentes de Volume e Excesso, com

Cbu = WbuI − FTSbu,

Cxs = WxsI − p⊗ ξxs.(3.1.6)

Desde que a densidade gradiente λ2|p|2 contribui somente para termos de Excesso,

temos que

f = fxs, (3.1.7)

e, usando (2.2.17) e (2.2.20), com

fxs = β∂xϕV p. (3.1.8)

3.2 Adimensionalização

Considere os parâmetros µ e ν definidos por

µ =

∂2Ψbu

∂F2 (F, 1)

F=I

, ν = λ. (3.2.1)

Nós assumimos que µ e ν produzem um pequeno parâmetro adimensional

0 < ε =ν

µL2<< 1, (3.2.2)

onde L é o comprimento característico. Denotando os campos com dimensão por

um asterisco, então temos

x =x∗

L, t =

t∗

T, yε(x, t) =

1L

y∗(x∗, t∗), ϕε(x, t) = ϕ∗(x∗, t∗), (3.2.3)

18

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onde T é o tempo característico. Por outro lado, assumimos que

ε−1f(ϕε) =f ∗(ϕ∗)µ

,

Wε(Fε) =W ∗(F∗)

µ,

ελ =λ∗

µL2,

ε−1β =β∗

µT,

g(ϕε) = g(ϕ∗),

(3.2.4)

Para (2.2.18) esta adimensionalização produz

ϕ∗ =1Tϕε, (3.2.5)

onde

ϕε = −pε · v, (3.2.6)

com

v∗ = V ∗t∗ =TLV t =

TL

v. (3.2.7)

Essa adimensionalização também resulta nas relações

Wbu∗ = µWbuε , Sbu∗ = µSbu

ε , Cbu∗ = µCbuε , (3.2.8)

com Wbuε , Sbu

ε , e Cbuε dados por

Wbuε = Wε(Fε)g(ϕε),

Sbuε =

∂Wbuε

∂Fε,

Cbuε = Wbu

ε I− FTε Sbuε .

(3.2.9)

Da mesma forma, segue que

Wxs∗ = εµWxsε , Cxs∗ = εµCxs

ε , ξxs∗ = εµLξxs

ε ,

fxs∗ = ε−1µ

Lfxsε ,

(3.2.10)

19

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ondeWxsε = ε−2f(ϕε) +

λ

2|pε|2,

Cxsε = ε−2f(ϕε)I +

λ

2|pε|2I − λpε ⊗ pε,

ξxsε = λpε,

fxsε = β∂xϕεV pε.

(3.2.11)

Vale ressaltar que a densidade de energia livre adimensionalizada é dada por

Wε =W∗

µ= ε−1f(ϕε) + Wε(Fε)g(ϕε) +

1

2ελ|pε|2. (3.2.12)

A equação (3.2.12) mostra a similaridade desta escolha com a densidade de energia

livre no contexto da aproximação variacional para problemas de descontinuidade

livre dada por Ambrosio e Tortorelli [20], tal que o termo funcional associado com

ε−1f(ϕε) +12ελ|pε|2 (3.2.13)

é do tipo Modica-Mortola (see [29]).

A equação que governa a evolução de ϕε (2.2.7) se torna

−ε−1β∂xϕεV = ελ4ϕε − ε−1f ′(ϕε)−Wε(Fε)g′(ϕε). (3.2.14)

Para o balanço de força configuracional (2.2.8), usando as identidades (3.2.8)3 e

(3.2.10)3,6, tem-se que

∂P(Cbuε + εCxs

ε )ν ds +∫

P

ε−1fxsε da = 0. (3.2.15)

Finalmente, se denotarmos a região relativa à coordenada com dimensão x∗ por

B∗, e por B a região relacionada à coordenada adimensional x, nós escrevemos que

da =1L2

da∗, ds =1L

ds∗, (3.2.16)

para a medida de área e de comprimento de arco associados com um subconjunto P

de B e sua fronteira ∂P.

3.3 Expansões e o Método Assintótico

Seja P ⊂ B, tal que, a cada instante, este conjunto consiste de duas regiões em

evolução: Lε(x, t) e Bε(x, t), definidas por Lε(x, t) = {x ∈ B∩P : 0 < ϕε(x, t) < 1},chamada de camada de transição, e Bε(x, t) = {x ∈ B∩P : 1−O(ε) ≤ ϕε(x, t) ≤ 1}.

20

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ε

ε

U

P

P C

U

Figura 3.1: As duas regiões em evolução dentro de P.

Suponhamos que a espessura h(ε) de Lε tende a zero com ε, mas a uma razão

ligeiramente mais lenta, a saber

limε→0+

h(ε) = 0, limε→0+

ε−1h(ε) = +∞, (3.3.1)

e que o limite

P ∩ C(t) = limε→0

Lε(x, t) (3.3.2)

existe, com P ∩ C ⊆ Lε para cada ε > 0.

Como

P = Bε(x, t) ∪ Lε(x, t), (3.3.3)

então uma consequência imediata de (3.3.2), é que

P \ C(t) = limε→0

Bε(x, t). (3.3.4)

Para cada x ∈ Lε, fora do eixo de propagação, existe uma única curva normal

a curva de nível de ϕε, passando por x. Além disso, assumimos que esta curva

só corta o eixo de propagação (direção x) uma vez. Daí, nós escrevemos l(x, t) o

comprimento de arco do ponto, associado com esta curva, onde

l(x, t) > 0 para x acima do eixo,

e

l(x, t) < 0 para x abaixo do eixo,

e convenientemente

l(x, t) = 0,

21

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( )xl,

(- )xl,

xl=0

w

0

m

Figura 3.2: O sistema de coordenadas na camada de transição: w(x, t) representao único vetor normal à curva de nível do parâmetro de ordem que passa por x, i.e,w(x, t) · pε(x, t) = 0. Onde o campo nε = ∇ϕε

|∇ϕε|é definido em (3.5.2).

para os pontos sobre o eixo. Então, a aplicação

x 7→ (x, l)

está bem definida.

Denote L+ε = {x ∈ Lε : l(x, t) > 0}, e L−ε = {x ∈ Lε : l(x, t) < 0}. Suponhamos

que a região Lε é suficientemente fina tal que em seu interior a aplicação x 7→ (x, l)

é injetiva. Então, em termos do sistema de coordenada (l, x), o campo ∇l pode ser

assumido independente de l. Neste sentido, ∇l é intrínseco e satisfaz

∇l = m, sobre L+ε , (3.3.5)

e

∇l = −m, sobre L−ε . (3.3.6)

Para cada campo de interesse, nós introduzimos uma expansão externa

qε(x, t) = qout0 (x, t) + εqout

1 (x, t) + O(ε2), (3.3.7)

válida em Bε, e uma expansão interna

qε(x, t) = qin0 (r, x(x, t), t) + εqin

1 (x(x, t), r, t) + O(ε2), (3.3.8)

válida na camada de transição Lε, com

r(x, t) = ε−1l(x, t). (3.3.9)

Desta forma, como as regiões Lε e Bε não são disjuntas, por hipótese, a região

Lε∩Bε representa conjuntos onde a expansão externa e interna coincidem. Portanto,

para cada x = (x, l) ∈ Lε∩Bε somos levados a definir a seguinte condição do Método

22

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Assintótico

liml→0±

qout0 (x, l, t) = lim

r→±∞qin

0 (x, r, t), (3.3.10)

relacionando as expansões dentro da região de coincidência.

Nós admitimos que se pode escrever ∇qε = ∇qout0 + ε∇qout

1 + O(ε2) em Bε, para

a expansão externa, e qε = qin0 + εqin

1 + O(ε2), válida sobre Lε\{(x, 0) : x ≤ 0}, para

a expansão interna, onde o valor em (x, r, t) de q é determinado por

q(x, r, t) =∂q

∂r(x, r, t). (3.3.11)

3.4 Estimativas fora da Trinca

Consistência implica que ϕε tem um limite quando ε→ 0+, e que este limite coincide

com 1, fora da trinca, e com 0 na trinca. Então isto força que

ϕout0 = 1 sobre Bε,

e consequentemente que

ϕε = 1 + O(ε) sobre Bε(x, t), (3.4.1)

que

g(ϕε) = 1 + O(ε) sobre Bε(x, t), (3.4.2)

e, em seguida, que

ϕε, pε = O(ε) sobre Bε(x, t). (3.4.3)

A hipótese (2.2.12) combinada com (3.4.1)implicam que

f(ϕε) = o(ε) sobre Bε(x, t). (3.4.4)

Analogamente, no limite yε deve coincidir com y, correspondendo ao movimento

(2.1.1), isso implica que yout0 = y. Daí, nós chegamos à estimativa

yε = y + O(ε) em Bε(x, t), (3.4.5)

da qual nós obtemos

Fε = F + O(ε) em Bε(x, t), (3.4.6)

com F definido em (2.1.2).

As estimativas fora da trinca (3.4.2) e (3.4.6) para g(ϕε) e Fε, combinadas com

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as expressões (3.2.9)1,2,3, para Wbuε , Sbu

ε , e Cbuε , produzem

Wbuε = W(F ) + O(ε) em Bε,

Sbuε = S + O(ε) em Bε,

Cbuε = C + O(ε) em Bε.

(3.4.7)

Finalmente, usando as estimativas (3.4.4), (3.4.3) com as expressões (3.2.11)1,2,4,

obtemos que

Wxsε , Cxs

ε = O(1) sobre Bε, (3.4.8)

e que

ε−1fxsε = O(ε) sobre Bε. (3.4.9)

3.5 Estimativas dentro da Camada de Transição

Na teoria baseada no parâmetro de ordem, a trinca pode ser descrita como o conjunto

onde ϕε está variando entre 0 e 1, denominado de camada de transição, daí resulta

que é natural considerar os conjuntos dependentes do tempo

{x : ϕε(x, t) = constante}. (3.5.1)

Eles são convenientemente nomeados de curvas de nível. Como ϕε é suficiente-

mente suave, e não-constante, se tem que ∇ϕε deve ser não-nulo, portanto

nε =∇ϕε|∇ϕε|

(3.5.2)

representa um campo normal unitário para as curvas de nível de ϕε, e daí

Pε = I− nε ⊗ nε (3.5.3)

projeta campos vetoriais nas suas componentes tangenciais às curvas de nível de ϕε.

Como m é um vetor unitário que é normal ao eixo de propagação, então o campo

tensorial

P = I−m⊗m (3.5.4)

projeta vetores sobre o eixo de propagação.

Dado um campo escalar q, então

∇q = ((∇q) · ∇l)∇l + ((∇q) ·w)w, (3.5.5)

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onde w é o vetor normal unitário da única curva normal que satisfaz w · nε = 0,

com (∇q) · ∇l em (l, x, t) dado por

(∇q(l, x, t)) · ∇l(l, x, t) =∂q

∂l(l, x, t). (3.5.6)

Portanto, a identidade (3.5.5), as hipóteses (3.3.5) e (3.3.6), e a relação (3.3.9)

entre l e r implicam que

∇q = ε−1qm + ((∇q) ·w)w sobre L+ε ,

∇q = −ε−1qm + ((∇q) ·w)w sobre L−ε .(3.5.7)

Desta maneira, aplicando (3.5.7) a expansão interna de ϕε, temos que

pε = ε−1ϕin0 m + ϕin

1 m + O(ε) sobre L+ε ,

pε = −(ε−1ϕin0 m + ϕin

1 m) + O(ε) sobre L−ε .(3.5.8)

Daí, sobre L+ε ∪ L−ε , temos que

|pε|2 = ε−2|ϕin0 |2 + 2ε−1ϕin

0 ϕin1 + O(1),

|pε| = ε−1|ϕin0 | + (sgn(ϕin

0 ))ϕin1 + O(ε),

4ϕε = div(pε) = ε−2ϕin0

′′+ ε−1ϕin

1

′′+ O(1).

(3.5.9)

Usando as estimativas (3.5.8) e (3.2.6), nós obtemos que

ϕε = O(ε) on L+ε ∪ L−ε . (3.5.10)

Portanto, as estimativas (3.5.8) e (3.5.9)2 produzem

nε =pε|pε|

= (sgn(ϕin0 ))m + O(ε) sobre L+

ε ∪ L−ε , (3.5.11)

e então

Pε = P + O(ε) sobre L+ε ∪ L−ε . (3.5.12)

Lembrando da forma como w (veja figura 3.2) é determinado, segue diretamente

de (3.5.12) que

P (w) = sgn(w · t)t + O(ε) sobre L+ε ∪ L−ε . (3.5.13)

Por conveniência, nós estimamos a quantidade (3.2.11)4 na direção de propagação e

obtemos que

t · ε−1fxsε = ε−1β|∂xϕin0 |2V + O(1)sobre Lε. (3.5.14)

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0

1

η

Figura 3.3: O gráfico da solução interna do parâmetro de ordem.

3.6 Equipartição da Energia e suas Consequências

Usando as estimativas (3.5.9)3 e (3.5.10) combinadas com a expansão interna de

ϕε na equação de evolução (3.2.14) e negligenciando termos de O(1) e menores,

sobre L+ε ∪L−ε , se tem que ϕin

0 deve ser uma solução da seguinte equação diferencial

ordinária

λϕin0

′′= f ′(ϕin

0 ). (3.6.1)

Em seguida, usando a condição do Método Assintótico (3.3.10) e o fato que

ϕout0 = 1 em Bε, nós encontramos que

ϕin0 → 1 quando r→ ±∞, (3.6.2)

junto com

ϕin0 → 0 e ϕin

0

′′ → 0 quando r→ ±∞. (3.6.3)

Desde que as condições de contorno (3.6.2) e (3.6.3)1 se asseguram, então a equação

diferencial (3.6.1) possue uma primeira integral

12λ|ϕin

0 |2 = f(ϕin0 ) sobre L+

ε ∪ L−ε . (3.6.4)

A expressão em (3.6.4) pode ser interpretada como uma expressão da equipartição

da densidade de energia livre dentro da camada (a menos de termos em O(ε)), entre

o potencial f e a densidade de energia gradiente 12λ|∇ϕε|2. Em seguida, para cada

x e t, nós definimos

ϕin0 (x, r, t) = φ(η) (3.6.5)

com

η =r√λ, (3.6.6)

então φ é a única solução do problema

26

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12

dφ(η)dη

2

= f(φ) sobre (−∞, 0) ∪ (0,+∞),

limη→±∞

φ(η) = 1,

limη→0

φ(η) < +∞.

(3.6.7)

De (3.6.7) nós obtemos que

ϕin0 > 0 sobre (0,+∞),

ϕin0 < 0 sobre (−∞, 0),

(3.6.8)

de onde concluímos que

nε = m + O(ε) sobre L+ε ,

nε = −m + O(ε) sobre L−ε .(3.6.9)

Desde que f e f ′ se anulam em ϕ = 1, isto implica que existe um α > 0,

independente de r, tal que

ϕin0 (., r) = O(e−α|r|) quando |r| → +∞; (3.6.10)

daí concluímos que ϕin0 (r, .) é quadrado integrável sobre (−∞,+∞) como uma função

de r (deve estar claro o fato que isto diz respeito a integração imprópria, pois ϕin0

não está definida em r = 0). Nós admitimos que ϕin0 deve satisfazer

ϕin0 (x, 0) = 1−O(ε), for x > 0,

ϕin0 (x, 0) = O(ε), for x ≤ 0.

(3.6.11)

Portanto, combinando (3.6.7)2 com (3.6.11) temos que

∫ +∞

−∞

√λ|ϕin

0 (x, r)|2dr = 2∫ 1

O(ε)

2f(φ)dφ = 2∫ 1

0

2f(φ)dφ+ O(ε), para x ≤ 0,

∫ +∞

−∞

√λ|ϕin

0 (x, r)|2dr = 2∫ 1

1−O(ε)

2f(φ)dφ = O(ε), para x > 0.

(3.6.12)

Por conveniência, nós definimos

ψ = 2√λ∫ 1

0

2f(φ)dφ (3.6.13)

e, se reescrevêssemos em termos das quantidades com dimensão, ψ carregaria di-

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mensão de energia livre por unidade de área, segue de (3.6.12)1 que

∫ +∞

−∞λ|ϕin

0 (x, r)|2dr = ψ + O(ε), para x ≤ 0. (3.6.14)

Usando as estimativas (3.5.8) e (3.5.9) na expressão (3.2.11)2 para Cxsε , junto com a

relação (3.6.4), têm-se que

εCxsε = ε−1λ|ϕin

0 |2P + O(1) sobre L+ε ∪ L+

ε . (3.6.15)

3.7 Limite Assintótico das Leis de Governo da

Teoria Baseada no Parâmetro de Ordem

ν

δ

z(t)

m

w

t

Figura 3.4: O disco de raio δ centrado na ponta da trinca.

Fixemos P = Dδ(z). Nós iremos mostrar nesta seção que o balanço tangencial

J − ψtip + t · gtip = 0,

é obtido assintóticamente de

t ·(

∂Dδ(z)(Cbuε + εCxs

ε )νds +∫

Dδ(z)ε−1fxs

ε da

)

= 0, (3.7.1)

com ν um campo unitário normal à fronteira do disco. Junto com as estimativas

das quantidades envolvidas, a integral

t ·∫

∂Dδ(z)Cbuε ν ds, (3.7.2)

no limite quando δ → 0+, resulta na integral J :

J = t ·∮

∂Dδ(z)Cνds. (3.7.3)

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Por outro lado, a integral

t ·∫

∂Dδ(z)Cxsε ν ds (3.7.4)

produz a energia de superfície ψ. E, por último, a integral

t ·(

∂Dδ(z)ε−1fxs

ε ds

)

(3.7.5)

fornece

t · gtip. (3.7.6)

3.7.1 A taxa de liberação de energia de deformação

Para a primeira integral do lado esquerdo de (3.7.1), nós escrevemos

∂Dδ(z)(Cbuε + εCxs

ε )νds =∫

∂?Bε

(Cbuε + εCxs

ε )νds

+∫

∂?Lε

(Cbuε + εCxs

ε )νds

−∫

∂?Bε∩∂?Lε(Cbuε + εCxs

ε )νds,

(3.7.7)

onde ∂?Lε = ∂Lε ∩ ∂Dδ e ∂?Bε = ∂Bε ∩ ∂Dδ.Fazendo uso de(3.4.7)3 e (3.4.8)2 na primeira integral do lado direito de (3.7.7)1

temos que∫

∂?Bε

(Cbuε + εCxs

ε )νds =∫

∂?Bε

Cbuε νds +

∂?Bε

εCxsε νds

=∫

∂?Bε

Cνds + O(ε),(3.7.8)

e usando (3.3.4), chegamos à

t ·∫

∂?Bε

(Cbuε + εCxs

ε )νds = t ·∮

∂Dδ(z)Cνds + O(ε). (3.7.9)

3.7.2 A energia de superfície

Fazendo uso de (3.3.9) e (3.6.15), nós chegamos à

t ·∫

∂?Lε

εCxsε νds = t ·

∫h(ε)

2

−h(ε)

2

ε−1λ|ϕin0 |2P νdl + o(ε)

= t ·∫ε−1

h(ε)2

−ε−1h(ε)

2

λ|ϕin0 |2P νdr + o(ε).

(3.7.10)

29

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Como Lε é suficientemente fino, é razoável admitir que para cada x = (x, r) ∈∂?Lε tal que r 6= 0, ν(x) coincide com w(x) (veja figura 5). Daí, usando a estimativa

(3.5.13), nós obtemos que

t ·∫

∂?Lε

εCxsε νds = −

∫ε−1

h(ε)2

−ε−1h(ε)

2

λ|ϕin0 |2dr + O(ε). (3.7.11)

Usando a equação da equipartição de energia (3.6.14) combinada com a hipótese

(3.3.1)2, nós temos que

t ·∫

∂?Lε

εCxsε νds = −ψ + O(ε). (3.7.12)

Nosso próximo passo é analizar a contribuição da integral de Cbuε na camada de

transição, i.e,

∂?Lε

Cbuε νds =

∂?Lε

(Wbuε I− FT

ε · Sbuε )νds

=∫

∂?Lε

Wbuε Iνds −

∂?Lε

FTε · Sbu

ε νds

=∫

∂?Lε

g(ϕε)Wε(Fε)Iνds−∫

∂?Lε

FTε g(ϕε) ·

∂Wε(Fε)∂Fε

νds.

(3.7.13)

Como é esperado que Wε(Fε) deva crescer dentro da camada de transição à me-

dida que ε→ 0+, poderíamos ter problemas para calcular, por exemplo, a primeira

integral de (3.7.13)3, isto é,

∂?Lε

g(ϕε)Wε(Fε)ds, (3.7.14)

especialmente no contexto da elasticidade linear. A fim de compensar este compor-

tamento de Wε(Fε), e tornar a integral

t ·∫

∂?Lε

Cbuε νds (3.7.15)

negligente na camada, observemos que

0 = g(0)∫

∂?Lε

Wε(Fε)dl ≤∫

∂?Lε

g(ϕε)Wε(Fε)dl ≤∫

∂?Lε

Wε(Fε)dl, (3.7.16)

portanto, desde que g(0) = 0 temos que a integral (3.7.13)3 é limitada inferiormente.

O fato de g ser monótona crescente controla o crescimente de Wε(Fε). A mesma

análise pode ser feita para a segunda integral de (3.7.13)3.

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Portanto para uma escolha adequada da função g podemos concluir que

t ·∫

∂?Lε

(Cbuε + εCxs

ε )νds = −ψ + o(1). (3.7.17)

Como ∂?Bε ∩ ∂?Lε ⊂ ∂?Bε e ∂?Bε ∩ ∂?Lε ⊂ ∂?Bε, então

t ·∫

∂?Bε∩∂?Lε(Cbuε + εCxs

ε )νda

≤∣

t ·∫

∂?Lε

Cbuε νda

+∣

t ·∫

∂?Bε

(εCxsε ν)da

(3.7.18)

e daí, como admitimos uma escolha adequada de g tal que a primeira integral

(3.7.18)2 não contribue dentro da camada de transição, temos que esta hipótese

junto com a estimativa (3.4.8)2 implicam que a integral (3.7.7)3 é negligente.

3.7.3 A cinética

A segunda integral no lado esquerdo de (3.7.1) é dada por

Dδ(z)ε−1fxs

ε da =∫

ε−1fxsε da +

ε−1fxsε da.

−∫

Bε∩Lε

ε−1fxsε da.

(3.7.19)

Usando a estimativa (3.4.9) na primeira integral no lado direito de (3.7.19)1, obtemos

que

t ·∫

ε−1fxsε da = o(ε). (3.7.20)

A seguir, fazendo uso da estimativa (3.5.14) junto com a relação (3.3.9) na segunda

integral no lado direito de (3.7.19)1 temos que

t ·∫

ε−1fxsε da = −

∫ +∞

−∞

∫h(ε)

2

−h(ε)

2

ε−1β|∂xϕin0 |2V dldx+ o(1)

= −

β∫ +∞

−∞

∫ε−1h(ε)

2

−ε−1h(ε)

2

ε−1ε|∂xϕin0 |2drdx

V + o(1)

= −(

β∫ +∞

−∞

∫ +∞

−∞|∂xϕin

0 |2drdx)

V + o(1),

(3.7.21)

e se admitirmos que a integral

∫ +∞

−∞

∫ +∞

−∞|∂xϕin

0 |2drdx (3.7.22)

31

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é uma constante de ordem unitária, então podemos definir

M = β∫ +∞

−∞

∫ +∞

−∞|∂xϕin

0 |2drdx > 0, (3.7.23)

e consequentemente

t ·∫

ε−1fxsε da = −MV + o(1). (3.7.24)

Como Bε ∩ Lε ⊂ Bε e (3.4.9) se assegura, então

t ·∫

Bε∩Lε

ε−1fxsε da

≤∫

Bε∩Lε

|t · ε−1fxsε |da

≤∫

|t · ε−1fxsε |da

= o(ε),

(3.7.25)

e daí a integral (3.7.19)2 é negligente.

Finalmente, usando os resultados (3.7.9), (3.7.17), e (3.7.24) na equação (3.7.1)

, e fazendo δ → 0+, nós chegamos ao balanço configuracional tangencial

J − ψtip = MV (3.7.26)

como estabelecido na teoria de Gurtin e Podio-Guidugli [1].

32

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Capítulo 4

Conclusões

A análise apresentada nesta tese mostra que uma teoria do parâmetro de ordem,

fornecida escolhendo-se

W(F, ϕ) = f(ϕ) +W (F)g(ϕ) +λ

2|p|2, e β(F, ϕ, p, ϕ) = β > 0, (4.0.1)

onde f é um potencial com mínimo em ϕ = 1 e g é uma função monótona crescente

consistente com g(0) = 0 e g(1) = 1, pode ser vista como uma regularização da

teoria de Gurtin e Podio-Guidugli [1], a qual é determinada pelas funções respostas

W , ψtip, e M , com

ψ = 2√λ∫ 1

0

2f(φ)dφ,

M = β∫ +∞

−∞

∫ +∞

−∞|∂xϕin

0 |2drdx > 0,(4.0.2)

sendo ∂xϕinε a derivada na direção de propagação (direção x) do termo de ordem

zero da expansão assintótica de ϕε dentro da camada de transição, e r a coordenada

definida na seção 3.3.

Como f e g possuem as propriedades qualitativas descritas anteriormente, a

correspondência assintótica estabelecida aqui não depende das características par-

ticulares dessas funções, pois isso permite escolhas de f e g que facilitam a análise

e/ou cálculo. Essa liberdade deve ser vista não como um defeito, mas sim, como

uma força da regularização através da teoria do campo de fase.

Portanto, especificamente, dado uma adimensionalização apropriada e equações

constitutivas consistentes com (4.0.1), e (4.0.2), então a teoria baseada no parâmetro

de ordem produz, como um limite assintótico, uma teoria coincidente com aquela

proposta por Gurtin e Podio-Guidugli. Isto sugere que, com diferentes hipóteses

constitutivas e/ou adimensionalizações, a teoria baseada no parâmetro de ordem

pode prover uma estrutura para derivar teorias globais que diferem da teoria de

Gurtin e Podio-Guidugli.

33

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Apêndice A

Cálculo das Estimativas

Dizemos que p(x) = O(q(x)) quando x→ a, se existe uma constante A > 0 tal que

|p(x)| ≤ A|q(x)| em alguma vizinhança de a, isto é, para x ∈ (a − δ, a + δ)\{a}com δ > 0. Por outro lado, nós dizemos que p(x) = o(q(x)) quando x → a, se

limx→ap(x)q(x)

= 0. Isto implica que existe uma vizinhança de a sobre a qual q não se

anula.

A seguir apresentamos as demontrações de algumas estimativas do presente tra-

balho. A estimativa (3.4.1) e a expansão em série de taylor da função f em torno

de 1 fornecem

f(ϕε) = f(1 + O(ε)) = f(1) + f ′(1)O(ε) +f ′′(1)

2O(ε2) + O(ε3),

e daí usando a hípótese (2.2.12), isto é, que f(1) = f ′(1) = 0, temos que

f(ϕε) = o(ε) sobre Bε(x, t).

e a estimativa (3.4.4) fica demonstrada. Analogamente, a estimativa (3.4.2) pode

ser obtida.

Usando (3.4.2), (3.4.6) e, em seguida, expandindo a quantidade Wbuε em série de

taylor em torno do ponto (F , 1), nós obtemos que

Wbuε = g(ϕε)W(Fε)

= (1 + O(ε))W (F + O(ε))

= (1 + O(ε))(W (F ) + ∂FW (F )O(ε) + O(ε2))

= W (F ) + O(ε),

válida sobre Bε(x, t). Tendo demonstrado (3.4.7)1, um procedimento similar pode

ser usado para mostrar (3.4.7)2,3.

34

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Para mostrar (3.4.8)1, nós utilizamos (3.4.4) e (3.4.3) e assim temos que

Wxsε = ε−2f(ϕε) +

λ

2|pε|2

= ε−2o(ε) +λ

2|O(ε)|2

= O(1) + O(ε2)

= O(1),

válida sobre Bε(x, t), e da mesma forma poderíamos demonstrar (3.4.8)2. Nao é

difícil mostrar (3.4.9).

As estimativas em (3.5.8) seguem diretamente da aplicação da expansão interna

de ϕε às fórmulas (3.5.7). A estimativa (3.5.9)1 é uma consequência direta de (3.5.8).

A demonstração de (3.5.9)2 é dada por

ε2

|ϕin0 |2|pε|2 = 1 + 2ε

sgn(ϕin0 )

|ϕin0 |

ϕin1 + o(ε),

e daí tirando a raiz de ambos os lados obtemos

ε

|ϕin0 ||pε| = 1 + ε

sgn(ϕin0 )

|ϕin0 |

ϕin1 + o(ε),

e assim segue o resultado.

Para mostrar (3.5.9)3 fazemos uso da seguinte fórmula (veja Gurtin [67] página

30)

div(ζχ) = ζdiv(χ) + χ · ∇ζ,

onde ζ é um campo escalar e χ um campo vetorial. Recordando da estimativa

(3.5.8) para pε, e aplicando a fórmula acima à

4ϕε = div(pε),

nós demonstramos sem qualquer dificuldade a estimativa (3.5.9)3.

Para mostrar (3.5.11) observemos que

ε|ϕin0 |−1

ε|ϕin0 |−1

pε|pε|

=(sgn(ϕin

0 ))m + O(ε)1 + O(ε)

,

35

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e o resultado segue diretamente. A demonstração de (3.5.14) sobre Lε é dada por

t · ε−1fxsε = ε−1β|∂xϕε|2V

= ε−1β|∂xϕin0 + ε∂xϕ

in1 + O(ε2)|2V

= ε−1β|∂xϕin0 |2V + O(1).

Fazendo uso das estimativas: (3.5.8) e (3.5.9) na expressão (3.2.11)2 para Cxsε , junto

com a relação (3.6.4), obtemos

εCxsε = ε−1f(ϕε)I +

λ

2ε|pε|2I− λεpε ⊗ pε

= ε−1f(ϕin0 )I +

λ

2ε−1|ϕin

0 |2I− λε−1|ϕin0 |2m⊗m + O(1)

= ε−1

(

f(ϕin0 ) +

λ

2|ϕin

0 |2)

I− λε−1|ϕin0 |2m⊗m + O(1)

= ε−1λ|ϕin0 |2I− λε−1|ϕin

0 |2m⊗m + O(1)

= ε−1λ|ϕin0 |2(I−m⊗m) + O(1)

= ε−1λ|ϕin0 |2P + O(1),

sobre L+ε ∪ L+

ε .

36

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