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Acássia Gomes Perfeito | Letícia Oliveira Perjan | Marianna Knothe Sanfelicio | Nicole Pinho De Andrade São Paulo e o Museu Paulista uma análise de seus desdobramentos patrimoniais

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Acássia Gomes Perfeito | Letícia Oliveira Perjan | Marianna Knothe Sanfelicio | Nicole Pinho De Andrade

São Paulo e o Museu Paulistauma análise de seus desdobramentos patrimoniais

A história

Museu, paisagem que constrói memória

“A dimensão da paisagem é a dimensão da

percepção, o que chega aos sentidos (...); uma

paisagem é uma escrita sobre a outra,

é um conjunto de objetos que têm idades

diferentes, é uma herança de

muitos diferentes momentos”.

(Milton Santos, 1998)

“São as práticas sociais que qualificam o espaço a cada momento.

Nenhum lugar tem uma vocação intrínseca, essencial. Não, é a prática

social ali desenvolvida que vai dando um sentido, que valora aquele lugar

de uma determinada forma num determinado momento histórico. E nesse

processo agem interesses, mas agem também representações”.

(Moraes, 2008)

Elevação do monumento ao Ipiranga - Projeto Tomaso G. Bezzi sem data

O território como base para um projeto nacional

“Por “tradição inventada” entende-se um conjunto

de práticas, normalmente regulado-as por regras

tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de

natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos

valores e normas de comportamento através de

repetição, o que implica, automaticamente, uma

continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre

que possível tenta-se estabelecer continuidade

com um passado histórico apropriado”.

(HOBSBAWM, [1983] 2020)

Brasão de Jundiaí - Concepção: Afonso TaunayDesenho: José W.Rodrigues

“Em sua obra,a escravidão foi plenamente justificada. A idéia de êxito na

conquista territorial redimiria os bandeirantes de toda e qualquer culpa

em relação à violência praticada. A tese de que o bandeirante

foi o grande responsável pelo movimento expansionista do Brasil foi

fortemente defendida pelo autor”.

( RAIMUNDO, Sílvia. 2004)

O acervo

Raposo Tavares - Luiz Brizzolarac. 1920

Fernão Dias - Luiz Brizzolarac. 1920

Dom Pedro I - Rodolfo Bernardelli1923

Ânfora de Cristal - Adrien Henri Vital Van Emelen ( Elio de Giusto? )

1928

Independência ou morte - Pedro Américo1888

Salão de Honra

Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500 - Oscar Pereira da Silva1922

Partida da monção - Almeida Júnior1987

Monumento a Independência - Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi

1926

Casa do Grito

Patrimônio e Sociedade

1963 (11 de março): O museus paulista incorpora-se a universidade de São Paulo

1975 (3 de Abril ): Tombamento do edifício pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo

1989 (11 de agosto): A universidade de são paulo determina a unificação dos Museus e Órgãos afins com atuação nas áreas de Arqueologia e Etnologia, que resulta no desmembramento do acervo do Museu Paulista, que passa a constituir-se em museu histórico.

1995 Iphan: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional abre processo para tombamento do Parque da Independência.

Bilhete de loteria c. 1884

“Um passo mais a frente seria ver como o Museu Paulista

pretendeu coordenar o controle do imaginário da nação.

Taunay, ao que parece esteve envolvido com o lema da cidade ,

Non ducor, duco ( Não sou conduzido, conduzo) (...)

o Museu Paulista procurava liderar um projeto nacional,

muito mais forte, regionalista.”

Carlos Guilherme Mota

Memória e educação:a revitalização do museu

Valores e interesses não existem a esmo

nem constituem vagas abstrações, mas

estão associados a práticas sociais

concretas e são construídos e vividos no

interior da vida social, com seus conflitos,

contradições, consensos e hierarquias.

O importante a destacar é a intrínseca

relação existente entre patrimônio

cultural e experiência coletiva (...)

(VELOSO, 2006, p. 440)

"Lugar de memória": locais de natureza

material, funcional e simbólica em que o

passado se encontra recuperado no presente.

O lugar não é simplesmente dado (...); é

construído e reconstruído sem cessar,

podendo ser interpretado como encruzilhada

onde se encontram ou deságuam diferentes

caminhos de memória.

(OLIVEIRA, 2011, p. 233)

2013 Interdição do edifício, visando a segurança dos visitantes, funcionários e acervo

2014 Instalação de estrutura de escoamento

2015 Aluguel de imóveis para receber equipes e acervo

2016 Início dos trabalhos de diagnóstico estrutural

2017 Concurso nacional para o restauro e modernização do edifício

2018 Início da elaboração do projeto vencedor

2019 Início das obras de restauro e modernização

2020 Continuação das obras de restauro - o museu segue fechado há sete anos

2021 Reimplantação das obras

2022 Previsão de reabertura em setembro - depois de nove anos fechado

Considerando que a aspiração à prática

cultural varia como a prática cultural e que a

"necessidade cultural" reduplica à medida

que esta é satisfeita, a falta de prática é

acompanhada pela ausência do sentimento

dessa privação (...) O que é raro não são os

objetos, mas a propensão em

consumi-los, ou seja, a "necessidade

cultural" que, diferentemente das

"necessidades básicas", é produto da

educação.

(BOURDIEU e DARBEL, 2003 [1969], p. 69)

(...) entende-se que o patrimônio possa ser

esquecido, re-encontrado, refeito,

reinventado, ou desencadeie a construção

de sentidos simbólicos inesperados. A

proteção oficial não lhe garante um

lugar seguro no panteão institucional

da cultura. Este é um desafio perene e

estrutural que se coloca às instituições

responsáveis pela proteção,

conservação e uso desses tesouros

oficialmente protegidos.

(ARANTES, 2009, p. 17)

A política oficial em relação ao patrimônio cultural numa sociedade democrática deve

implicar "a ideia de um patrimônio cultural que, sendo na verdade

produzido coletivamente, seja cada vez mais apropriado coletivamente, quer dizer, é necessário criar condições para

que as pessoas, das mais diferentes classes, tenham condições de se apropriar daquele patrimônio que é mais carregado

simbolicamente, que é mais rico e que, normalmente, é monopolizado pelas

classes dominantes"(DURHAM, 1984, p. 33)

O dom de despertar no passado as

centelhas da esperança é privilégio

exclusivo do historiador convencido de

que também os mortos não estarão em

segurança se o inimigo vencer.

(BENJAMIN, 1996 [1940], p. 225)

Acássia Gomes Perfeito | Letícia Oliveira Perjan | Marianna Knothe Sanfelicio | Nicole Pinho De Andrade

Agradecemos a atenção!

Bibliografia:

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Tradução de Denise Bottman. Companhia das Letras. São Paulo 2008.

ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Vida Nova para o Museu do Ipiranga, Revista Pesquisa Fapesp. São Paulo, ed. 281, jul. 2019. Disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/vida-nova-para-o-museu-do-ipiranga/. Acesso em 1 nov. 2020.

ARANTES, Antonio Augusto. Patrimonio cultural e cidade. In: FORTUNA, Carlos; e LEITE, Rogerio Proença (Org.). Plural de cidade: novos léxicos urbanos. Edições Almedina: Coimbra, set. 2009, p. 11-24.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da história. In. BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. Editora Brasiliense: São Paulo, 1996 [1940], p. 222-234.

BOURDIEU, Pierre; e DARBEL, Alain. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. Zouk: Porto Alegre, 2003 [1969].

BREFE, Ana Cláudia F. O Museu Paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional 1917-1945. [online] São Paulo: Editora UNESP: Museu Paulista, 2005. / Acesso em 2 nov. 2020.

CAPONERO, Maria Cristina; e LEITE, Edson. Interpretação patrimonial: necessidade de diálogo entre educação e cidadania no Brasil. Revista de Estudos Brasileños. Ediciones Universidad de Salamanca, v. 7, n. 14, p. 19-33, out. 2020.

DURHAM, Eunice Ribeiro. Texto II. In. ARANTES, Antonio Augusto. Produzindo o passado: Estratégias de construção do patrimônio cultural. Brasiliense: São Paulo, 1984.

GUILHOTTI, Ana Cristina; LIMA, Solange F. Às Margens do Ipiranga: 1890-1990. São Paulo. Museu Paulista - USP, 1990.

HOBSBAWM, Eric. A Invenção das Tradições. Paz e Terra. São Paulo 2020.

MAKINO, Mioko. Museu do Ipiranga. Comunicação & Educação, 1999. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v0i15p103-108/ Acesso em 02 nov. 2020.

MUSEU do Ipiranga 2022. Disponível em http://museudoipiranga2022.org.br/. Acesso em 01 nov. 2020.

MUSEU Paulista da Universidade de São Paulo. Disponível em http://www.mp.usp.br/. Acesso em 01 nov. 2020.

MORAES, Antonio Carlos R. O sentido formativo da Geografia. 2008. Disponível em:www.iea.usp.br/publicacoes/textos/sentidoformativoGeografia.pdf. Acesso em: 02/11/2020.

OLIVEIRA, Cecilia Helena de Salles. Museu Paulista da USP: percursos e desafios. Estud. av., São Paulo, v. 25, n. 73, p. 229-240, 2011.

OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles Oliveira. O Museu Paulista e a gestão de Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX. Museu Paulista da USP. São Paulo .2017.

RAIMUNDO,Sílvia Lopes.Bandeirismo e identidade nacional. Terra Brasilis. Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica. São Paulo. 2004.

SANTOS, Fabrícia de Oliveira.Geografia e Museus : proposta de diálogos. Revista Brasileira de Educação em Geografia. Campinas. 2016.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado. Hucitec.São Paulo.1998

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2009.

VELOSO, Mariza. O fetiche do patrimônio. Revista Habitus. Goiânia, v. 4, n. 1, p. 437-454, jan/jun 2006.

VEIGA, Edison. "Uma geração já não conheceu o Museu do Ipiranga", diz nova diretora. Uol Tab. Disponível em https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/27/uma-geracao-ja-nao-conheceu-o-museu-do-ipiranga-diz-nova-diretora.htm. Acesso em 01 nov. 2020.

OLIVEIRA, Cecília Helena de Sales. O Museu Paulista e a gestão Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX. São Paulo, 2017. Disponível em: http://www.mp.usp.br/sites/default/files/o_museu_paulista_e_a_gestao_afonso_taunay.pdf

“Toda área do Parque Independência está tombada desde 1975”. Ipiranga News. http://ipiranganews.inf.br/toda-area-do-parque-independencia-esta-tombada-desde-1975/

Imagens:Arquivo pessoal

http://www.mp.usp.br/acervo

http://mp.usp.br/museu-do-ipiranga

https://acervo.estadao.com.br

http://spempretoebranco.blogspot.com

https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Paintings_in_the_Museu_Paulista

https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Monumento_%C3%A0_Independ%C3%AAncia

http://mp.usp.br/sites/default/files/as_margens_do_ipiranga.pdf