sÍntese do pigmento cerÂmico ferrita de cobalto …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO UTILIZANDO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL Patrícia Neves de Medeiros Orientadores: Profª. Drª. Fabiana Villela da Motta Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas Natal/RN Março/2013

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Page 1: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO UTILIZANDO PLANEJAMENTO

EXPERIMENTAL

Patrícia Neves de Medeiros

Orientadores:

Profª. Drª. Fabiana Villela da Motta

Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas

Natal/RN

Março/2013

Page 2: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO UTILIZANDO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Dissertação submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PARA DEFESA DE MESTRADO EM

CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

Patrícia Neves de Medeiros

Orientadores:

Profª. Drª. Fabiana Villela da Motta

Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas

Natal/RN

Março/2013

Page 3: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Medeiros, Patrícia Neves de. Síntese do pigmento cerâmico ferrita de cobalto utilizando planejamento

experimental / Patrícia Neves de Medeiros - Natal, 2013. 79 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Neves de Medeiros. Co-Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais.

1. Pigmentos – Dissertação. 2. Métodos de polimerização de complexos –

Dissertação. 3. Planejamento fatorial fracionado – Dissertação. I. Medeiros, Patrícia Neves de. II. Paskocimas, Carlos Alberto. III. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 547.97

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO UTILIZANDO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Patrícia Neves de Medeiros

DEFESA DE MESTRADO EM

CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª. Drª. Fabiana Villela da Motta – UFRN – Orientadora

___________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas – UFRN – Coorientador

___________________________________________

Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte – UFRN

___________________________________________

Prof. Dr. Eiji Harima – IFSC

Page 5: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Feliz é a pessoa que acha a sabedoria

e que consegue compreender as coisas,

pois isso é melhor do que a prata e tem mais valor do que o ouro.

A sabedoria é mais preciosa do que as joias;

tudo o que a gente deseja não se pode comparar com ela.

(Provérbios 3:13-15)

Page 6: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Aos meus pais, Antônio e Neves;

minha irmã, Pollyanna;

e meu esposo, Maurício.

Page 7: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

AGRADECIMENTOS

A Deus que me dá a força para vencer;

À minha família pelo incentivo e apoio;

À minha orientadora, Prof. Dr. Fabiana Villela da Motta, pela orientação, paciência e exemplo de docência.

Ao meu coorientador, Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas pelo seu auxílio e ensinamento.

Aos amigos, sempre presentes, apoiando nos momentos difíceis: Camila, Keite, Mayara, em especial a Yara por sua imensurável ajuda no desenvolvimento deste trabalho.

Ao laboratório da Lacom-UFPB, por conceder o equipamento para realização da análise de UV-visível.

À Mara e Raquel, em fazer as análises de UV-visível.

À Raimson, pelo incentivo e por fazer as análises de MEV.

Ao técnico Hudson, pelas análises de TG e DSC.

Às técnicas Angélica e Jéssica, responsáveis pelo DRX.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM), e ao secretário Ismael, pela sua ajuda no decorrer do curso.

À CAPES pelo suporte financeiro.

A todos que contribuíram da alguma forma para a realização deste trabalho, muito obrigada.

Page 8: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Resumo

Síntese de pigmento cerâmico ferrita de cobalto utilizando planejamento experimental

Os pigmentos inorgânicos sintéticos são os mais utilizados em aplicações cerâmicas

por apresentarem uma excelente estabilidade química e térmica e também, em geral,

uma menor toxicidade para o homem e para o meio ambiente. No presente trabalho, o

pigmento cerâmico preto CoFe2O4 foi sintetizado pelo Método de Polimerização de

Complexos (MPC) visando a formação de um material com boa homogeneidade

química. Com o objetivo de otimizar o processo de obtenção do pigmento através do

MPC foi utilizado um planejamento fatorial fracionado 2(5-2), com resolução III. Os

fatores estudados na modelagem matemática foram: concentração de ácido cítrico,

tempo de pirólise, temperatura, tempo e taxa de calcinação. As superfícies de resposta

utilizando o programa statistica 7.0. Os pós obtidos foram caracterizados através de

análises térmicas (TG/DSC), difração de raios-x (DRX), microscopia eletrônica de

varredura (MEV) e espectroscopia na região do UV-visível. Com base nos resultados,

foi verificada a formação da fase ferrita de cobalto (CoFe2O4) com estrutura espinélio. A

cor dos pigmentos obtidos apresentou tonalidades escuras, do preto ao cinza. O

modelo escolhido foi adequado, visto que mostrou-se ajustado e preditivo. O

planejamento também mostrou que todos os fatores foram significativos, com nível de

confiança em 95%.

Palavras-chaves: Pigmentos, método de Polimerização de Complexos, planejamento fatorial fracionado.

Page 9: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Abstract

Synthesis of ceramic pigment cobalt ferrite using experimental design

Synthetic inorganic pigments are the most widely used in ceramic applications because

they have excellent chemical and thermal stability and also, in general, a lower toxicity

to man and to the environment. In the present work, the ceramic black pigment

CoFe2O4 was synthesized by the polymerization Complex method (MPC) in order to

form a material with good chemical homogeneity. Aiming to optimize the process of

getting the pigment through the MPC was used a fractional factorial design 2(5-2), with

resolution III. The factors studied in mathematical models were: citric acid

concentration, the pyrolysis time, temperature, time and rate of calcination. The

response surfaces using the software statistica 7.0. The powders were characterized by

thermal analysis (TG/DSC), x-ray diffraction (XRD), scanning electron microscopy

(SEM) and spectroscopy in the UV-visible. Based on the results, there was the

formation of phase cobalt ferrite (CoFe2O4) with spinel structure. The color of the

pigments obtained showed dark shades, from black to gray. The model chosen was

appropriate since proved to be adjusted and predictive. Planning also showed that all

factors were significant, with a confidence level of 95%.

Keywords: Pigments, Polymerization Complexes method, fractional factorial design.

Page 10: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO................................................................................................................15

CAPÍTULO 2

OBJETIVOS....................................................................................................................18

2.1 OBJETIVOS GERAIS....................................................................................19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................19

CAPÍTULO 3

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................20

3.1 PIGMENTOS CERÂMICOS...........................................................................21

3.2 A COR............................................................................................................23

3.3 PERCEPÇÃO DA COR NOS PIGMENTOS CERÂMICOS...........................25

3.4 FERRITA DE COBALTO...............................................................................27

3.5 MÉTODO DE POLIMERIZAÇÃO DE COMPLEXOS (MPC).........................31

3.6 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................34

3.6.1 Metodologia de Superfície de Resposta..........................................36

CAPÍTULO 4

MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................38

4.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................39

4.2 REAGENTES UTILIZADOS..........................................................................41

4.3 SÍNTESE DO PIGMENTO.............................................................................42

4.4 CARACTERIZAÇÕES...................................................................................43

4.4.1 Análise térmica.................................................................................43

4.4.2 Difração de raios-x (DRX)................................................................44

4.4.2.1 Parâmetro de rede.............................................................44

4.4.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV).....................................45

4.4.4 Espectroscopia na região do UV-visível..........................................45

Page 11: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................46

5.1 ANÁLISE TÉRMICA.......................................................................................47

5.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX)....................................................................49

5.2.1 Parâmetro de rede...........................................................................53

5.3 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV).............................54

5.4 ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO UV-VISÍVEL.....................................57

5.5 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................60

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES...............................................................................................................69

6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................70

REFERÊNCIAS..............................................................................................................71

Page 12: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Espectro eletromagnético. (Fonte: http://www.pion.sbfisica.org.br)...............24 Figura 2 - Estrutura de espinélio. Os círculos vermelhos representam o oxigênio, os sítios tetraédricos aparecem em amarelo e os sítios octaédricos aparecem em azul (GONÇALVES, 2011).....................................................................................................29 Figura 3 - Representação esquemática do Método de Polimerização de Complexos (MPC).............................................................................................................................33 Figura 4 – Metodologia utilizada.....................................................................................39 Figura 5 - Processo de síntese pelo MPC......................................................................43 Figura 6 - Curvas de TG dos pós precursores de CoFe2O4 sintetizados em diferentes concentrações de ácido cítrico:metal.............................................................................47 Figura 7 - Curvas de DSC dos pós precursores de CoFe2O4 sintetizados com diferentes concentrações de ácido cítrico:metal.............................................................48 Figura 8 – DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 2:1, 1h, 700°C, 6h, 11°C/min; (B) 2:1, 3h, 700°C, 2h, 11°C/min; (C) 2:1, 1h, 900°C, 6h, 5°C/min; (D) 2:1, 3h, 900°C, 2h, 5°C/min.................................................................49 Figura 9 - DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 4:1, 1h, 700°C, 2h, 5°C/min; (B) 4:1, 3h, 700°C, 6h, 5°C/min; (C) 4:1, 1h, 900°C, 2h, 11°C/min; (D) 4:1, 3h, 900°C, 6h, 11°C/min...................................................................51 Figura 10 - DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min, (B) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min e (C) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min.....................................................................................................................52 Figura 11 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 2:1, tempo de pirólise 1h, temperatura de calcinação 700°C, tempo de calcinação 6h e taxa de aquecimento 11°C/min.............................................................54 Figura 12 – Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 4:1, tempo de pirólise 1h, temperatura de calcinação 700°C, tempo de calcinação 2h e taxa de aquecimento 5°C/min...............................................................55 Figura 13 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 3:1, tempo de pirólise 2h, temperatura de calcinação 800°C, tempo de calcinação 4h e taxa de aquecimento 8C°/min...............................................................55

Page 13: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

Figura 14 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 2:1, tempo de pirólise 3h, temperatura de calcinação 900°C, tempo de calcinação 2h e taxa de aquecimento 5°C/min...............................................................56 Figura 15 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 4:1, tempo de pirólise 3h, temperatura de calcinação 900°C, tempo de calcinação 6h e taxa de aquecimento 11°C/min.............................................................56 Figura 16 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 2:1, segundo o planejamento experimetal. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 2:1, 1h, 700°C, 6h, 11°C/min; (B) 2:1, 3h, 700°C, 2h, 11°C/min; (C) 2:1, 1h, 900°C, 6h, 5°C/min; (D) 2:1, 3h, 900°C, 2h, 5°C/min...........................................................................................................................58 Figura 17 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 3:1, segundo o planejamento experimetal. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min, (B) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min e (C) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min...........................................................................................................................59 Figura 18 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 4:1, segundo o planejamento experimental. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 4:1, 1h, 700°C, 2h, 5°C/min; (B) 4:1, 3h, 700°C, 6h, 5°C/min; (C) 4:1, 1h, 900°C, 2h, 11°C/min; (D) 4:1, 3h, 900°C, 6h, 11°C/min.........................................................................................................................60 Figura 19 - Diagrama de Pareto do planejamento fatorial fracionado 2(5-2) mostrando a influência dos fatores estudados....................................................................................63 Figura 20 - Valores preditos pelo modelo versus valores observados para a %Reflectância.................................................................................................................65 Figura 21 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da Cac:m e TC; (B) Curva de nível...........................................................................................................65 Figura 22 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da Cac:m e TxC; (B) Curva de nível...........................................................................................................66 Figura 23 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TC e TxC; (B) Curva de nível.................................................................................................................66 Figura 24 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TxC e tC; (B) Curva de nível.................................................................................................................67 Figura 25 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TC e tC; (B) Curva de nível.................................................................................................................67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios da estrutura ferrita-espinélio.........................................................................................................................28 Tabela 2 - Fatores e níveis do planejamento.................................................................40 Tabela 3 - Planejamento 2(5-2) com três repetições no ponto central.............................41 Tabela 4 - Reagentes utilizados para a síntese.............................................................41 Tabela 5 - Parâmetros de rede e volumes de célula unitária calculados para amostras sintetizadas de acordo com o planejamento fatorial fracionado 2(5-2).............................53 Tabela 6 – Matriz do planejamento experimental com as superfícies de resposta.......61 Tabela 7 - Efeitos estimados do planejamento experimental.........................................62 Tabela 8 - Análise de varância (ANOVA) do modelo ajustado para %Reflectância.......64 Tabela 9 - Valores otimizados das variáveis do planejamento fatorial 2(5-2)...................68

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15

Capítulo 1 Introdução

Page 16: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

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1 Introdução

A indústria cerâmica desempenha um importante papel na economia do país, com

participação estimada em 1% no PIB (Produto Interno Bruto). Neste setor, o Rio

Grande do Norte destaca-se com aproximadamente 186 cerâmicas em atividade.

(OLIVEIRA, 2006; COSTA, 2010; SEBRAE/SENAI, 2012). No setor cerâmico os

pigmentos são utilizados na produção de cerâmicas de revestimento e de pavimento,

seja na preparação de esmaltes (coloração de revestimentos) ou na coloração de

cerâmicas “não esmaltadas” (gres porcelanato) (BONDIOLI, 1998).

A importância dos pigmentos para a civilização humana é evidente e bem

documentada. Embora, estes materiais tenham sido descobertos há tantos anos as

pesquisas continuam até os dias de hoje, pois as indústrias exigem frequentemente

novos tons e cores cada vez mais reprodutíveis e estáveis. O que torna necessário o

desenvolvimento de novos pigmentos e métodos de síntese que superem as

desvantagens apresentadas pelo processo industrialmente já consolidado (método

convencional ou reação no estado sólido) (FURUKAWA et al, 2006).

As vantagens de utilizar pigmentos inorgânicos insolúveis para coloração foram

logo descobertas pelos pesquisadores, o que proporcionou a produção de pigmentos

em uma enorme variedade de cores e desenvolvimento de vários métodos de síntese

química (BARNETT et al, 2006).

Pigmentos pretos são geralmente produzidos a partir dos óxidos puros ou pela

mistura de metais, sendo que os óxidos mais importantes nesta classe de pigmentos

são: cobalto, ferro, cromo e níquel (ESCARDINO et al, 2003).

Os pigmentos do tipo espinélio, que são caracterizados pela sua estabilidade de

suas propriedades sobre o efeito de vários fatores, são amplamente utilizados na

decoração de peças cerâmicas (MASLENNIKOVA, 2001).

A ferrita de cobalto é um pigmento preto, sendo também um dos mais importantes

materiais magnéticos. A estrutura de espinélio CoFe2O4 cristaliza em uma estrutura

cúbica de face centrada. Devido ao fato do íon divalente Co ter preferência pelos sítios

octaédricos, atribui-se ao óxido ferrita de cobalto a forma de espinélio inverso,

Page 17: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

17

representada pela notação Fe3+[Co2+Fe3+]O4. (LIU et al, 2005; CAVALCANTE et al,

2009; PONTES, 2012).

Muitos trabalhos (DELLA et al, 2008; SPINELLI et al, 2003) em geral, apresentam

a síntese de óxidos mistos pelo método convencional. Esse método para obtenção de

pós cerâmicos apresenta algumas inadequações para aplicação avançada do material,

principalmente formação de aglomerados fortemente ligados, acarretando

comportamento de sinterização sem homogeneidade (fases indesejáveis, crescimento

anormal de grãos e baixa reprodutibilidade) e controle impreciso de estequiometria de

cátions (KAKIHANA, 1996).

O Método de Polimerização de Complexos (MPC) baseado no método Pechini

oferece a possibilidade de preparação de complexos de boa homogeneidade em

escala molecular, além de um bom controle estequiométrico. As temperaturas

requeridas são mais baixas do que nos métodos convencionais, como nas reações

entre materiais no estado sólido ou decomposições (LESSING, 1989; XAVIER, 2006;

MOTTA, 2008; PONTES, 2012).

O planejamento experimental, denominado também de delineamento

experimental, é um conjunto de ensaios, estabelecidos com critérios estatísticos, com o

objetivo de determinar a influência das variáveis nos resultados de um dado sistema ou

processo. Entre alguns dos benefícios do planejamento experimental tem-se a redução

do número de ensaios sem prejuízo da qualidade da informação, estudo simultâneo de

diversas variáveis separando seus efeitos e representação do processo estudado

através de expressões matemáticas (MONTGOMERY, 2004; BUTTON, 2005).

Nesse contexto, o presente trabalho tem como principal objetivo sintetizar a ferrita

de cobalto CoFe2O4, com estrutura tipo espinélio, para uso na indústria cerâmica como

pigmento preto. O pigmento estudado foi sintetizado pelo MPC, utilizando planejamento

fatorial fracionado.

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18

Capítulo 2

Objetivos

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19

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

O desenvolvimento desta pesquisa teve como principal objetivo verificar a

viabilidade tecnológica da produção de pigmento cerâmico preto ferrita de cobalto,

CoFe2O4 através do método de polimerização de complexos (MPC), através do estudo

do planejamento fatorial fracionado da síntese.

2.2 Objetivos específicos

Tem-se como objetivos específicos desta pesquisa:

• Determinar quais os melhores parâmetros para a síntese do pigmento ferrita de

cobalto utilizando MPC, a partir da superfície de resposta obtida;

• Obter amostras de pigmentos de elevada pureza, com controle estequiométrico

e de fases, que justifiquem o uso do método químico proposto;

• Avançar no entendimento do processo de obtenção das partículas pigmentantes

e caracterizá-las;

• Determinar o comportamento óptico, colorimétrico e morfológico da ferrita de

cobalto de acordo com os parâmetros utilizados no planejamento experimental;

• Obter um pigmento com propriedades ópticas adequadas ao uso na indústria

cerâmica.

Page 20: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

20

Capítulo 3

Fundamentação teórica

Page 21: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

21

3 Fundamentação teórica

Os pigmentos são utilizados para pintura e decoração desde a antiguidade, no

entanto, a pesquisa científica na área de produção e estudo de pigmentos cerâmicos

orgânicos e inorgânicos só vem se desenvolvendo recentemente.

Existem diferentes métodos para produzir pigmentos cerâmicos, dentre eles está

o Método de Polimerização de Complexos (MPC), que é utilizado nesta pesquisa para

testar a viabilidade de produção tecnológica de um pigmento cerâmico preto à base de

ferro e cobalto.

Nas seções deste capítulo, apresentam-se a fundamentação teórica necessária

ao desenvolvimento desta pesquisa.

3.1 Pigmentos Cerâmicos

Conforme Heine (1998) a palavra pigmento origina-se do latim (pigmentum) que

significa cor. Os primeiros pigmentos a serem utilizados pelo homem foram os ocres

que vem do grego e significa amarelo. A espécie química responsável pela cor do ocre

é o óxido férrico monohidratado (Fe2O3.H2O), ele é encontrado misturado com sílica e

argila. Através de moagem e lavagem é produzido o pigmento amarelo e por meio de

aquecimento outras cores podem ser obtidas (BARNETT et al, 2006).

O termo pigmento indica um particulado sólido, podendo ser orgânico ou

inorgânico, branco, preto, colorido ou fluorescente, que consiste de pequenas

partículas insolúveis no meio incorporado e que não reaja quimicamente ou fisicamente

com este (BONDIOLI et al, 1998).

Pigmentos cerâmicos são pós a base de óxidos inorgânicos, constituídas por uma

matriz cerâmica de natureza cristalina, estáveis em relação à cor quando dissolvidos

em vidros ou esmaltes cerâmicos, a altas temperaturas. As cores resultantes de cada

pigmento são resultado da adição de íons cromóforos (geralmente metais de transição)

a uma matriz (óxido ou sistemas de óxidos) inerte (SPINELLI et al, 2003; LOPES,

2004).

Page 22: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

22

Em geral os materiais cerâmicos não apresentam um grande número de elétrons

livres que possam absorver luz e promover o desenvolvimento da cor. Desta forma,

geralmente são “adicionados” aos pigmentos um ou mais elementos da primeira linha

de transição da tabela periódica, que agem como centro de absorção de luz. Por esta

razão há um intenso uso dos compostos de vanádio, cromo, ferro, níquel, cobalto e

cobre entre outros elementos de transição e terras-raras (ZASSO, 1997).

A qualidade de um pigmento cerâmico depende das suas propriedades ópticas e

físicas. Estas propriedades estão diretamente ligadas à estrutura cristalina do

pigmento, sua composição química, pureza, estabilidade e algumas características

físicas como distribuição granulométrica, forma da partícula, área superficial, entre

outras. Entre as propriedades ópticas a serem observadas em um pigmento está a

capacidade de o pigmento desenvolver cor (capacidade pigmentante) e a opacidade,

ou seja, a capacidade de impedir a transmissão da luz através da matriz. Pigmentos

brancos difratam todo espectro da luz visível mais eficientemente que absorvem.

Pigmentos pretos comportam-se exatamente ao contrário (QUINELATO et al, 2001).

Os pigmentos podem ser classificados em dois grupos muito gerais: pigmentos

orgânicos e pigmentos inorgânicos. Cada grupo pode por sua vez ser subdividido em

pigmentos naturais, encontrados na natureza, e sintéticos, produzidos através de

processos químicos. Os pigmentos orgânicos se diferenciam dos inorgânicos

principalmente pela vasta gama de tons muito brilhantes e pelo elevado poder de

coloração. Por outro lado, os pigmentos inorgânicos apresentam, sobretudo, uma

excelente estabilidade química e térmica e também, em geral, uma menor toxidade

para o homem e para o ambiente (BONDIOLI et al, 1998).

Os pigmentos naturais foram por um longo período os únicos pigmentos

conhecidos e utilizados. Entre os pigmentos naturais mais utilizados estão os óxidos

simples, destacando-se os óxidos de ferro, e os espinélios contendo metais de

transição. Esses pigmentos naturais encontram ainda hoje grande emprego industrial,

já que apresentam ótimas propriedades, capacidade de coloração e baixo custo.

Porém, uma grande desvantagem para a utilização destes em produção seriada é a

reprodutibilidade, especialmente se provenientes de locais diferentes (BONDIOLI et al,

1998).

Page 23: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

23

Os pigmentos sintéticos, que são preparados pelo homem através de processos

químicos, apresentam como características: elevado grau de pureza química e

uniformidade; obtenção de cores não encontradas em pigmentos naturais; maior

estabilidade térmica e química; maior custo que os pigmentos naturais. Deste modo,

para serem competitivos com os pigmentos inorgânicos naturais os efeitos estéticos e

quantidade de pigmento empregada devem ser pelo menos equivalente, para que a

utilização dos pigmentos sintéticos seja economicamente vantajosa (BONDIOLI et al,

1998).

Gonçalves et al. (2006) sintetizaram pigmentos pretos à base de ferro, cobalto e

cromo utilizando o método Pechini. Analisou-se o efeito do tratamento no

desenvolvimento da cor, e através dos resultados verificou-se que o aumento da

temperatura de tratamento contribuiu positivamente para a formação da cor preta do

pigmento.

Pigmentos pretos a base de cobaltitas de lantânio foram sintetizados utilizando o

método dos precursores poliméricos. Os resultados de UV-visível mostraram uma forte

absorção em toda a região do espectro visível, indicando que a cor refletida é de

tonalidade escura (MELO, 2007).

Pigmentos de estrutura espinélio a base de cromo trivalente para obtenção de

pigmentos cerâmicos foram estudados por Eliziário (2007) pelo método dos

precursores poliméricos. Os pigmentos mostraram-se cristalinos e monofásicos. Foram

obtidas colorações azul e verde, além de tonalidades escuras.

Costa (2010) sintetizou espinélios a base de cobre, ferro e cromo para pigmentos

cerâmicos por uma nova rota química, que utiliza gelatina como precursor orgânico. Os

resultados indicaram que as fases desejadas foram obtidas e os pigmentos

apresentaram tonalidades escuras.

3.2 A cor

A percepção da cor é uma sensação causada pelo cérebro, proveniente da ação

da luz sobre o olho, quando se observa um objeto colorido (NASSAU, 1983).

A cor de um objeto depende da composição espectral da luz incidente sobre ele,

da reflectância ou da transmitância do objeto, da resposta do observador e da

Page 24: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

24

geometria óptica de visualização, ou seja, a cor pode ser definida como sendo o

resultado da interação entre três elementos distintos: o foco de luz, o objeto iluminado e

o observador (PORTO, 2007).

O experimento proposto por Newton em 1730 demonstrou que a luz consiste de

energia de diferentes comprimentos de onda. O olho é sensível a uma larga faixa de

comprimentos de onda que vão aproximadamente de 400–700nm. Quando uma

determinada cor nos sólidos é observada, esta cor é o resultado da absorção de uma

radiação com um determinado comprimento de onda e, por sua vez, a reflexão de outro

comprimento de onda característico de uma cor complementar. As cores do espectro

para cada um dos comprimentos de onda são: violeta (400-430 nm); azul (430-485

nm); verde (485-570 nm); amarela (570-585 nm); alaranjada (585-610 nm) e vermelha

(610-700 nm) (HEINE, 1998; ELIZIÁRIO, 2007).

Na Figura 1, o espectro eletromagnético é representado. Observa-se que a faixa

visível deste espectro é apenas uma fração mínima do espectro eletromagnético.

Figura 1 - Espectro eletromagnético. (Fonte: http://www.pion.sbfisica.org.br)

As cores podem ser caracterizadas por três parâmetros básicos sensoriais

(SILVA, 2010; ELIZIÁRIO, 2007):

• Luminosidade: sensação visual percebida pelo fato de uma superfície emitir

mais ou menos luz. Para o caso de superfícies refletoras ou transmissoras

este atributo é o da claridade, sensação causada por um corpo que parece

refletir ou transmitir uma fração da luz incidente;

Page 25: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

25

• Tonalidade: é a sensação visual que se nomeia como azul, verde, amarelo,

roxo, entre outros. Apresenta um comprimento de onda característico, que

corresponde a cada cor no espectro;

• Saturação: A saturação diz respeito à pureza, isto é, o quanto a cor é

diluída pela luz branca. A pureza de uma luz colorida é o atributo da

sensação visual onde se estima a proporção de puro na cor total. Quanto

maior o grau de pureza da cor, mais saturada ou vívida é a cor. Os

brancos, pretos e cinza puros não possuem tonalidade e saturação.

3.3 Percepção da cor nos pigmentos

Pigmentos cerâmicos são sólidos à base de óxidos, que se mantêm estáveis em

relação à cor, quando produzidos em altas temperaturas. A percepção da cor nos

pigmentos está relacionada às posições das bandas de absorção ou reflexão na faixa

de comprimentos de onda do espectro visível (LÓPEZ et al, 2001).

A cor, de um modo geral, é definida através da posição em que o cátion se

encontra nos campos tetraédricos e octaédricos, onde as propriedades dos pigmentos

como cor, difusividade e susceptibilidade magnética podem ser influenciadas de acordo

com a ocupação dos cátions em sítios tetraédricos e octaédricos (XAVIER, 2006;

COSTA, 2010).

Os elementos que dão cor a sistemas cerâmicos, os íons cromóforos, são

normalmente metais de transição, caracterizados por uma camada d ou f incompletas.

Estes cromóforos conferem as propriedades colorimétricas ao material, já que

absorvem luz na região do visível de forma seletiva e produzem a cor na cerâmica.

Nesses elementos ocorrem os fenômenos que são os responsáveis pela cor:

transições eletrônicas dentro dos níveis d-d e de transferência de carga, na qual um

elétron é transferido entre um ânion e um cátion (ELIZIÁRIO, 2007; SILVA, 2010).

Um dos aspectos característicos dos complexos de metais de transição é a sua

variedade de cores, e para explicar essas diferenças tão grandes nas cores dos

compostos de um mesmo íon metálico, é necessário entender as origens dos

Page 26: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

26

processos de absorção de luz. Quando a luz atravessa certo material, a radiação em

certos comprimentos de onda é absorvida. Se a absorção ocorrer na região do visível

do espectro, a luz transmitida tem a cor complementar da que foi absorvida. Por

exemplo, a cor azul corresponde à absorção da luz na região do vermelho do espectro

visível, ao passo que a cor vermelha corresponde à absorção de luz na região azul do

espectro (LEE, 2001).

As bandas observadas nos espectros eletrônicos são decorrentes da absorção de

luz, associada à promoção de elétrons de um nível energético para outro de maior

energia. Outras transições, envolvendo energias bem menores, como as transições

vibracionais e rotacionais, ocorrem simultaneamente. As energias dos níveis

vibracionais e rotacionais são muito semelhantes, para que possam ser resolvidas em

bandas de absorção distintas, provocando um considerável alargamento das bandas

de absorção associadas às transições d-d (LEE, 2001).

Para esses tipos de absorção existem vários tipos comuns de transição eletrônica

(ELIZIÁRIO, 2007):

• Transição interna dentro do metal de transição, terra rara, ou outro íon com

a camada de valência incompleta. Será observada uma banda de transição

d-d, no caso do íon metálico ser do bloco d ou uma banda f-f, no caso de

um íon metálico ser do bloco f. Nem todas as transições eletrônicas

possíveis em um complexo podem de fato ocorrer;

• Processo de transferência de carga (TCML e TCLM), no qual um elétron é

transferido de um íon para outro. Correspondem à transferência de carga

do metal para o ligante (M→L), em que ocorre a oxidação do metal e a

redução do ligante e a transferência (L→M), em que ocorre a redução do

metal e a oxidação do ligante;

• Transições na banda “gap” de energia: existe um substancial intervalo de

energia entre as bandas, chamado de gap, em que não há a presença de

níveis de energia. Defeitos na organização da estrutura cristalina ou

distorções na célula unitária podem gerar níveis intermediários dentro do

intervalo entre a banda de condução e a banda de valência, modificando as

propriedades de um material. A energia do gap determina se um material é

Page 27: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

27

isolante, condutor ou semicondutor. Fótons da luz visível têm energia

suficiente para excitar os elétrons, e a absorção desses fótons resulta na

cor percebida.

De acordo com Llusar et al. (2001), o desempenho da cor em pigmentos

baseados em cobalto, dependem, além da estabilidade térmica e reatividade química

com os componentes do esmalte, da coordenação dos íons Co2+.

Melo (2007) reportou que, de um modo geral os pigmentos onde o cobalto ocupa

os sítios octaédricos possuem tonalidades muito escuras, que estão relacionadas com

a sua posição e o seu estado de oxidação.

3.4 Ferrita de Cobalto

As ferritas são óxidos cerâmicos que exibem uma magnetização permanente,

denominada ferrimagnetismo. Apresentam diferentes estruturas cristalinas, composição

e aplicação. São divididas cristalograficamente em quatro grupos: espinélio (sistema

cúbico), magnetoplumbita (hexagonal), granada e perovskita (cúbico, monoclínico ou

ortorrômbico) (SANTOS, 2008; CALLISTER, 2008; GURGEL, 2010). Dentre esses, as

estruturas do tipo espinélio são mundialmente mais utilizadas, devido sua grande

mobilidade catiônica, que pode oferecer diferentes propriedades para a mesma

estequiometria. A distribuição dos cátions na rede é muito influenciada pelo método

empregado na síntese e obtenção desses materiais, além de ser altamente sensível ao

tratamento térmico (GOMES, 2009).

As ferritas que apresentam estrutura do tipo espinélio têm como fórmula geral

AB2O4. Cada célula unitária têm 8 moléculas de fórmula AB2O4. Ficando então como

A8B16O32, resultando em 56 íons por célula unitária (GURGEL, 2010). O elemento A

representa um íon de metal divalente, como o cobalto, magnésio, ferro, níquel,

manganês ou zinco. O elemento B representa íons de metal trivalente, como o

alumínio, ferro, cromo e manganês. Muitos metais de transição (por exemplo, Fe, Cr e

Mn) são multivalentes, e desta forma, podem se posicionar nos sítios correspondentes

a A ou B (QU et al, 2006).

Nessas estruturas, os cátions A têm quatro oxigênios vizinhos, enquanto os

cátions B têm seis. Existem 32 íons de oxigênio na célula unitária, gerando 96

Page 28: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

28

interstícios entre os ânions na célula unitária cúbica de face centrada, sendo 64

interstícios tetraédricos e 32 interstícios octaédricos. No entanto, somente 24

interstícios são ocupados por cátions, sendo que 8 ocupam interstícios tetraédricos e

16 interstícios octaédricos. Dessa forma, permanecem 56 sítios tetraédricos e 16 sítios

octaédricos vazios no espaço intersticial da estrutura que, conceitualmente poderia

conter um cátion (COSTA, 2010; ANDRADE, 2012). A Tabela 1 mostra a distribuição e

a ocupação do número de cátions nos sítios da estrutura ferrita-espinélio.

Tabela 1 - Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios da estrutura ferrita-espinélio.

Tipo de

sítio

Número

disponível

Número

ocupado

Espinélio

normal

Espinélio

inverso

Espinélio

parcialmente

inverso

Tetraédrico

(A) 64 8 8M2+ 8Fe3+ NFe3+ e NA2+

Octaédrico

[B] 32 16 16Fe3+

8Fe3+ e

8A2+ NFe3+ e NA2+

*N – número de íons de elemento metálico.

Estes óxidos estão sendo investigados no âmbito da química do estado sólido há

várias décadas, por possuírem uma ampla gama de aplicações, como materiais

magnéticos, semicondutores, pigmentos e refratários e também uma variedade de

propriedades elétricas, magnéticas, catalíticas e ópticas interessantes. Além disso, sua

estrutura é utilizada como modelo para os estudos que exploram a alta estabilidade de

íons em coordenações octaédrica e tetraédrica, e também, muitos desses óxidos são

estáveis termicamente, até 1400ºC. No entanto, a aglomeração é uma das principais

limitações na síntese dessas partículas magnéticas (COSTA, 2010; BRICEÑO et al,

2012).

A Figura 2 mostra a estrutura cristalina do espinélio normal.

Page 29: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

29

Figura 2 - Estrutura de espinélio. Os círculos vermelhos representam o oxigênio, os sítios tetraédricos

aparecem em amarelo e os sítios octaédricos aparecem em azul (GONÇALVES, 2011).

Segundo Xavier (2006) e Gomes (2009), essa estrutura pode apresentar algum

grau de inversão devido à alta eletronegatividade do oxigênio, que promove ligações de

forte caráter iônico com os cátions divalentes e trivalentes. Os espinélios podem então

ser classificados em três tipos, dependendo da distribuição iônica dos cátions:

a) Espinélio normal: neste, os cátions divalentes estão nos sítios tetraédricos

rodeados por quatro íons de oxigênio e os trivalentes estão nos sítios octaédricos

cercados por seis íons de oxigênio, ou seja, cada íon de oxigênio está ligado a um

cátion bivalente e a três cátions trivalentes. Essa distribuição pode ser representada

como (A)[B2]O4 ou (A2+)[B3+B3+]O4, com os colchetes referindo-se aos sítios octaédricos

e os parênteses, sítios tetraédricos;

b) Espinélio inverso: a distribuição dos cátions ocorre conforme um arranjo

inverso, (B)[AB]O4 ou (B3+)[A2+B3+]O4, onde os cátions divalentes e metade dos cátions

trivalentes estão nos sítios octaédricos e a outra metade dos cátions trivalentes estão

nos sítios tetraédricos;

Page 30: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

30

c) Espinélio parcialmente inverso ou intermediário: são arranjos intermediários

podendo ser representado pela fórmula (AxB1-x)[A1-xB1+x]O4, em que x representa o grau

de inversão.

Os espinélios são estruturas cristalinas interessantes no desenvolvimento de

pigmentos estáveis e quimicamente inertes. Nesta estrutura, íons de diferentes estados

de oxidação estão presentes tanto em sítios tetraédricos quanto em octaédricos. Além

disso, existem diversas formas de se arranjar os cátions nesses sítios. Essas

características levaram ao desenvolvimento de diferentes cores e tonalidades, sendo

estas intensas e estáveis, adequadas ao uso como pigmentos (XAVIER, 2006;

CANDEIA et al, 2007).

O cobalto é um elemento de transição de grande importância, sendo amplamente

utilizado na indústria cerâmica. É conhecido como cromóforo que geralmente conduz a

pigmentos de cor azul e verde. Recentemente, tem sido misturado a outros metais,

como o cromo e o ferro, na busca de pigmentos de cor escura, com uma maior atenção

à cor preta (GONÇALVES et al, 2006; ELIZIÁRIO, 2007; SANTOS, 2008).

O óxido de ferro (III) pode ser combinado com cátions de estado de oxidação +2,

dando origem aos espinélios denominados ferritas. A presença desses cátions

bivalentes, bem como a mudança na coordenação dos cátions pode levar a diferentes

cores, que variam também como o método de síntese (XAVIER, 2006).

Dentre a família dos materiais ferrríticos, a ferrita de cobalto (CoFe2O4) apresenta

estrutura cristalina cúbica do tipo espinélio inverso, como pode ser visto na fórmula

(PONTES, 2012; BRICEÑO, 2012):

Fe3+[Co2+Fe3+]O4

As propriedades de CoFe2O4 dependem muito do tamanho e forma das

partículas, que estão relacionadas ao método de preparação. Várias técnicas de

preparação foram empregadas para produzir essas partículas: co-precipitação química,

microemulsão, sol-gel, hidrotérmico, método orgânico precursor, entre outras

(PONTES, 2012).

Neste trabalho, para sintetizar o pigmento preto ferrita de cobalto foi utilizado o

Método de Polimerização de Complexos (MPC), também chamado Pechini modificado.

Page 31: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

31

Esse método proporciona a obtenção de pós cerâmicos com controle estequiométrico e

baixo custo.

3.5 Método de Polimerização de Complexos (MPC)

Há algum tempo atrás, os pigmentos inorgânicos eram obtidos basicamente pelo

tratamento de minerais naturais ou pelo método cerâmico (CUNHA et al, 2004).

O método cerâmico, ou reação no estado sólido, é o método mais utilizado nas

indústrias para obtenção de pigmentos cerâmicos devido ao seu baixo custo. Porém,

este método apresenta características indesejáveis, como a necessidade altas

temperaturas de queima (acima de 1150ºC). Os pós obtidos apresentam geralmente

mais de uma fase, larga distribuição de tamanho de partículas e perda de

estequiometria devido à volatilização dos reagentes em temperaturas elevadas. Deste

modo, esse método apresenta baixa reprodutibilidade (ELIZIÁRIO, 2007; SILVA, 2010).

No entanto, devido ao avanço na tecnologia de materiais, é necessária a

obtenção de pigmentos caracterizados por uma elevada estabilidade térmica, melhor

capacidade pigmentante, desenvolvimento de cores em períodos mais curtos de

queima e elevada estabilidade química. Portanto, vários métodos químicos foram

desenvolvidos, possibilitando a obtenção de produtos cujas propriedades (cor,

tamanho, morfologia das partículas, resistência a ácidos, aos álcalis e abrasivos)

variam de acordo com o tipo de método escolhido (BONDIOLI et al, 1998; CASQUEIRA

et al, 2008).

O método de polimerização de complexos (MPC), baseado no método Pichini, é

umas das técnicas químicas mais utilizadas para a preparação de óxidos mistos e pós

nanométricos. Esta técnica apresenta como vantagens homogeneidade na

composição, elevada pureza e uso de temperaturas baixas (BERNARDI et al, 2007;

VOICU et al, 2012).

O método dos precursores poliméricos foi proposto por Pechini para a obtenção

de titanatos e niobatos de matais alcalinos terrosos e de chumbo (PECHINI, 1967). O

procedimento proposto nesse método baseia-se na síntese de um poliéster a partir de

uma reação de condensação de um poliálcool, geralmente etilenoglicol (EG), com um

Page 32: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

32

ácido carboxílico, como por exemplo o ácido cítrico (AC). Os cátions metálicos são

então solubilizados nesta matriz polimérica, conforme a estequiometria desejada. A

idéia principal é promover uma distribuição homogênea dos íons metálicos ao longo do

polímero formado (ALBARICI, 2007).

Esse método, porém, apresenta algumas limitações, devido à solubilidade dos

cátions metálicos na matriz polimérica e também, devido à reação de condensação

entre AC e EG, que pode ocorrer em qualquer carboxila do AC, sendo difícil a previsão

de processos como aumento da cadeia polimérica (CASQUEIRA et al, 2008).

Com a finalidade de solucionar essas limitações, foi desenvolvida uma variação

do método Pechini (MP), chamada de Método de Polimerização de Complexos (MPC).

Assim como o MP, o MPC utiliza a polimerização in “situ”, ou seja, esta ocorre no

interior do próprio vaso reacional. A diferença entre esses métodos está na maneira de

preparação da resina. No MPC são preparados compostos de coordenação metálicos

solúveis com AC, e só então é adicionado o poliálcool EG, que promove a

polimerização dos complexos metálicos, o que caracteriza o nome dado ao método

(MOTTA, 2008).

A Figura 3 mostra a formação dos complexos metálicos, bem como a reação de

esterificação entre o citrato e o EG, que ocorrem no MPC.

Page 33: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

33

Figura 3 - Representação esquemática do Método de Polimerização de Complexos (MPC).

O MPC vem sendo bastante estudado na síntese de óxidos. Este método

apresenta em geral, como vantagem, a formação de um polímero com boa

homogeneidade química em relação à distribuição de cátions na cadeia polimérica,

levando ao desenvolvimento de materiais homogêneos. Esta homogeneidade também

é vantajosa na obtenção de materiais cerâmicos com composições complexas

(MAMBRINI, 2008).

Com o intuito de melhorar e otimizar sistemas, produtos e processos, tem-se

utilizado bastante planejamentos experimentais baseados em princípios estatísticos.

Assim, no presente trabalho o pigmento estudado foi sintetizado pelo MPC, utilizando

um planejamento fatorial fracionado.

Page 34: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

34

3.6 Planejamento Experimental

O planejamento experimental, ou delineamento estatístico de experimentos, se

refere ao processo de planejar o experimento de tal forma que se coletem dados

adequados que se possam analisar com métodos estatísticos que levarão a conclusões

válidas e objetivas. Um planejamento adequado permite, além do aprimoramento de

processos, a redução da variabilidade de resultados, a redução do tempo de análise e

dos custos envolvidos (MONTGOMERY, 2004).

O planejamento experimental tem como objetivos determinar quais variáveis são

mais influentes nos resultados, atribuir valores às variáveis influentes de modo a

otimizar os resultados e também minimizar a influência de variáveis incontroláveis.

Como benefícios são apresentados a redução do número de ensaios sem prejuízo da

qualidade da informação; estudo simultâneo de diversas variáveis, separando seus

efeitos; determinação da confiabilidade dos resultados; realização da pesquisa em

etapas, num processo iterativo de acréscimo de novos ensaios; seleção das variáveis

que influem num processo com número reduzido de ensaios; representação do

processo estudado através de expressões matemáticas e elaboração de conclusões a

partir de resultados qualitativos (BUTTON, 2005).

Ribeiro e colaboradores (1999) indicam como vantagem do planejamento de

experimentos a minimização e controle do efeito dos fatores não controláveis (erro

experimental). Ao aplicar métodos estatísticos de planejamento de experimentos para

misturas, o pesquisador torna o trabalho mais eficiente em comparação à aplicação do

método de tentativa e erro.

O planejamento fatorial é um tipo de planejamento experimental que é de grande

utilização em investigações preliminares quando se deseja saber se determinados

fatores têm ou não influência sobre a resposta desejada, e não se está preocupado

com uma descrição muito rigorosa dessa influência. É utilizado no estudo dos efeitos

de duas ou mais variáveis de influência. É classificado como um método do tipo

simultâneo, em que as variáveis que apresentam influências significativas na resposta

são avaliadas ao mesmo tempo. As variáveis são escolhidas e os experimentos são

realizados em diferentes valores destes fatores para todas as combinações possíveis

dos níveis de cada variável selecionada (NETO et al,1995; MACEDO, 2007).

Page 35: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

35

Em relação ao número de fatores a estudar em um planejamento fatorial a dois

níveis, é importante saber que quanto maior for o número de fatores a avaliar, maior vai

ser o número de experimentos a realizar, sendo esse número igual a 2(número de fatores).

De forma geral, quando o número de fatores a avaliar é maior do que cinco, a

quantidade de experimentos a fazer em um planejamento completo a dois níveis torna-

se difícil de realizar na prática, pois supera-se rapidamente os recursos da maioria dos

experimentadores (MONTGOMERY, 2004; RODRIGUES e IEMMA, 2009).

Deste modo, em casos onde a finalidade do investigador é ter um conhecimento

dos efeitos significativos principais sobre a resposta, a realização de um plano fatorial

completo acima de quatro fatores não é necessária, pois nesses casos é mais

adequada a utilização de planejamento fatorial fracionado. O emprego de planos

fatoriais fracionados é possível dado que estatisticamente é comprovado que eles

permitem a avaliação dos efeitos principais das variáveis envolvidas, sacrificando os

efeitos das interações de três ou mais fatores (interações de segunda ordem ou maior),

que são na prática irrelevantes, e assim simplificar a estrutura do modelo fatorial

completo. Estas frações são porções do plano fatorial completo, podendo ser 1/2, 1/4,

1/8 ou 1/16 desse plano completo. No entanto, um fato a se destacar é que não é

qualquer metade ou qualquer porção do plano completo, pois estas frações ainda

devem conservar a propriedade de ortogonalidade. A ortogonalidade é a propriedade

do plano fatorial que garante que os efeitos sejam avaliados de forma independente

entre si, sem que exista correlação entre eles (MONTGOMERY, 2004; RODRIGUES e

IEMMA, 2009).

Uma aplicação desses planejamentos fatoriais fracionados é a realização de

estudos exploratórios (screening), onde um número grande de variáveis é avaliado com

o objetivo de identificar aquelas que apresentam efeitos significativos sobre a resposta

do sistema. Os experimentos de exploração são realizados geralmente nas primeiras

fases de um projeto quando muitos dos fatores inicialmente são considerados

relevantes, mas que na realidade têm pouco ou nenhum efeito significativo sobre a

resposta. Os fatores que são identificados como relevantes são avaliados

posteriormente, com maior detalhe, em outros desenhos fatoriais, para poder

determinar as condições ótimas desse sistema. Este tipo de planejamento fatorial

Page 36: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

36

fracionado é uns dos mais empregados para o planejamento de processos e produtos

(MONTGOMERY, 2004; RODRIGUES e IEMMA, 2009).

Neste estudo será utilizada a técnica estatística de planejamento experimental

fatorial fracionado 2(5-2). Serão discutidos modelos que descrevem o comportamento

das respostas em função das cores obtidas, com base na evidência experimental.

3.6.1 Metodologia de Superfície de Resposta

A Metodologia de Superfície de Resposta (RSM do inglês Response Surface

Methodology) é essencialmente um conjunto de técnicas de planejamento e análise de

experimentos usadas na modelagem matemática de respostas. É uma técnica de

otimização baseada em planejamentos fatoriais e tem sido usada com grande sucesso

na modelagem de diversos processos industriais (GALDÁMEZ, 2002; BARROS et al,

2010).

As principais razões para estudar um sistema com a RSM são (GALDÁMEZ,

2002):

• Determinar quais são as condições dos fatores que determinam o melhor

valor para a resposta;

• Necessidade de se conhecer as características da função resposta, que

se aproxima das condições reais de operação dos sistemas;

• Interesse em identificar o relacionamento que existe entre os parâmetros

e as respostas.

A RSM apresenta duas etapas – modelagem e deslocamento – que podem ser

repetidas quantas vezes forem necessárias até que se atinja uma região ótima da

superfície estudada. A modelagem normalmente é feita ajustando-se modelos simples

(em geral, lineares ou quadráticos) a respostas obtidas com planejamentos fatoriais ou

planejamentos fatoriais ampliados. O deslocamento ocorre ao longo do caminho de

máxima inclinação de um determinado modelo, que é a trajetória onde a resposta varia

de forma mais pronunciada (BARROS et al, 2010).

O relacionamento entre as respostas e os níveis de fatores busca atingir um dos

seguintes objetivos (TRINDADE, 2009):

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37

• Estabelecer uma descrição de como uma resposta é afetada por um

número de fatores em alguma região de interesse;

• Estudar e explorar a relação entre várias respostas;

• Localizar e explorar a vizinhança de resposta.

A RSM é útil quando o pesquisador não conhece a relação exata entre os fatores.

Dentre as vantagens da metodologia, a principal é que seus resultados são resistentes

aos impactos de condições não ideais, como erros aleatórios e pontos influentes,

porque a metodologia é robusta. Outra vantagem é a simplicidade analítica da

superfície de resposta obtida, pois a metodologia gera polinômios. Em geral,

polinômios de duas ou mais variáveis, são funções contínuas. Assim, torna-se

absolutamente fácil o uso de métodos tradicionais de otimização em processos ou

sistemas modelados por superfícies de resposta. Principalmente quando o processo

tem muitas variáveis afetando a resposta (TRINDADE, 2009).

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38

Capítulo 4

Materiais e métodos

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39

4 Materiais e métodos

A metodologia utilizada neste trabalho é representada por um fluxograma mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Metodologia utilizada.

4.1 Planejamento experimental

Com o intuito de aperfeiçoar o processo de obtenção do pigmento pelo método de

polimerização de complexos (MPC), foi realizado um planejamento experimental

baseado em princípios estatísticos.

Para construir a matriz de planejamento de experimentos, foram escolhidos cinco

fatores, cada um deles com dois níveis, que resultaria em 32 combinações. Porém,

observou-se que nesse caso era inviável executar o experimento completo, decidindo-

se então utilizar o planejamento fatorial fracionado 2(5-2), com resolução III. Ao utilizar

um experimento 2(5-2), com 8 combinações (apenas um quarto do experimento

completo) se procurou reduzir o número de experimentos, o tempo de experimentação

e o consumo de reagentes.

Os cinco fatores estudados foram: concentração de ácido cítrico/metal, tempo de

pirólise, temperatura, tempo e taxa de calcinação, avaliadas em dois níveis (-1 e +1) e

com três repetições no ponto central (0), totalizando 11 experimentos.

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40

Como resposta, utilizou-se a média da porcentagem de reflectância na faixa do

visível (400 a 700nm) para cada amostra sintetizada.

Os experimentos foram realizados segundo os níveis descritos na Tabela 2 e no

planejamento mostrado na Tabela 3.

Um modelo matemático linear foi ajustado aos pontos experimentais utilizando-se

o programa Statistica versão 7.0. O modelo linear é representado por um polinômio de

primeira ordem, representado pela equação 1.

Y = β0 + β1x1 + β2x2 + ... + βkxk + ε (1)

Sendo que β0, β1, β2 ... βk, representam os coeficientes do polinômio; x1, x2 ... xk,

são os fatores experimentais e ε é o erro experimental.

Tabela 2 - Fatores e níveis do planejamento.

Fatores Nivel -1 Nível 0 Nível +1

Concentração de ácido cítrico/metal

2:1 3:1 4:1

Tempo de pirólise (h)

1 2 3

Temperatura de calcinação (ºC)

700 800 900

Tempo de Calcinação (h)

2 4 6

Taxa de Calcinação (ºC/min)

5 8 11

Page 41: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

41

Tabela 3 - Planejamento 2(5-2) com três repetições no ponto central.

Experimento Cac/m tP(h) TC(ºC) tC(h) TxC(ºC/min)

1 2:1 (-1) 1 (-1) 700 (-1) 6 (1) 11 (1)

2 4:1 (1) 1 (-1) 700 (-1) 2 (-1) 5 (-1)

3 2:1 (-1) 3 (1) 700 (-1) 2 (-1) 11 (1)

4 4:1 (1) 3 (1) 700 (-1) 6 (1) 5 (-1)

5 2:1 (-1) 1 (-1) 900 (1) 6 (1) 5 (-1)

6 4:1 (1) 1 (-1) 900 (1) 2 (-1) 11 (1)

7 2:1 (-1) 3 (1) 900 (1) 2 (-1) 5 (-1)

8 4:1 (1) 3 (1) 900 (1) 6 (1) 11 (1)

9 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0)

10 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0)

11 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0)

4.2 Reagentes utilizados

A síntese do pigmento foi realizada seguindo-se o método de polimerização de

complexos (MPC). As quantidades de cada reagente foram calculadas

estequiometricamente. Os reagentes utilizados para a síntese estão descritos na

Tabela 4.

Tabela 4 - Reagentes utilizados para a síntese.

Reagente Fórmula Fornecedor Pureza (%)

Ácido Cítrico C6H8O7. H2O Synth 99,5

Nitrato de Ferro Fe(NO3)3. 9H2O Synth 99

Nitrato de Cobalto CoN2O6.6H2O Aldrich 98

Etilenoglicol C2H6O2 Synth 99

Page 42: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

42

4.3 Síntese do pigmento

O procedimento utilizado para obter o pigmento através do Método de

Polimerização de Complexos (MPC) é descrito a seguir: Inicialmente dissolveu-se o

ácido cítrico em água destilada sob aquecimento em aproximadamente 70°C e

agitação. Após dissolução do ácido cítrico, acrescentou-se lentamente o nitrato de ferro

o posteriormente o nitrato de cobalto, sendo utilizada razão ácido cítrico/metal de

acordo com o planejamento experimental. Em seguida foi adicionado o etilenoglicol

com uma razão em massa de 60:40 em relação ao ácido cítrico. A temperatura de

aquecimento foi mantida em aproximadamente 75°C, para a polimerização da solução

pela reação de esterificação. A redução do volume da solução foi esperada para que

ocorresse a remoção do excesso de solvente, resultando em um material viscoso, a

resina polimérica. Esse gel foi submetido a uma pré-calcinação, ou pirólise, em forno

tipo mufla a 350°C por uma quantidade de horas estabelecida no planejamento

estatístico. Essa calcinação decompõe o polímero, onde os cátions estão complexados,

dando origem a uma resina expandida, conhecida como pó precursor. Posteriormente

esse material foi desaglomerado em almofariz, passado por uma peneira de 325 mesh

e retirada uma alíquota para análise térmica. O restante do pó foi calcinado nas

temperaturas de 700, 800 e 900°C, conforme o planejamento experimental.

O procedimento descrito para obtenção do pigmento pode ser observado no

fluxograma apresentado na Figura 5.

Page 43: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

43

Figura 5 - Processo de síntese pelo MPC.

4.4 Caracterizações

4.4.1 Análise térmica

Através da análise termogravimétrica (TG) se mede a variação de massa de uma

amostra em função da temperatura, sob uma atmosfera controlada, enquanto a

substância é submetida a uma programação de variação de temperatura (SALIM,

2005).

Calorimetria exploratória diferencial (DSC) é uma técnica na qual mede-se a

diferença de energia fornecida à substância e a um material referência, em função da

Page 44: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

44

temperatura enquanto a substância e o material referência são submetidos a uma

programação controlada de temperatura (GIOLITO, 2005).

O comportamento térmico do pó precursor foi estudado por análise

termogravimétrica e calorimetria exploratória diferencial. As curvas de TG/DSC foram

obtidas simultaneamente em um equipamento Netzsch STA 449, com atmosfera de ar

sintético e razão de aquecimento de 10ºC/min, até a temperatura de 1000ºC. Utilizou-

se amostras de aproximadamente 10 mg, em cadinho de alumina. Como referência,

utilizou-se um cadinho similar, vazio.

4.4.2 Difração de raios X (DRX)

A técnica da difratometria de raios-x é utilizada não só para mostrar a estrutura do

cristal, mas também para estudo de equilíbrio de fases, medição de tamanho de

partículas, determinação da orientação de um cristal, entre outros (CULLITY, 1956). O

uso desta técnica de caracterização teve como objetivo a determinação das fases

presentes nas amostras, bem como o cálculo dos parâmetros de rede e tamanhos de

cristalitos.

Os difratogramas de raios X foram obtidos através de um Difratômetro da marca

Shimadzu XRD-7000, utilizando radiação CuKα. Os ângulos de difração (2θ) foram

escaneados numa faixa compreendida entre 10° e 80°. Os resultados das análises

foram comparados e analisados com as fichas cristalográficas JCPDS.

4.4.2.1 Parâmetro de rede

Os parâmetros de rede da célula cúbica da ferrita foram determinados a partir das

reflexões dos planos h k l (220), (311), (400) por tratamento matemático dos dados

cristalográficos. Para os cálculos dos parâmetros de rede, foi utilizado o programa

Rede 93, desenvolvido no Instituto de Química da Unesp, baseado no método químico

dos mínimos quadrados (PAIVA-SANTOS, 1990).

Page 45: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

45

4.4.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

O MEV é um microscópio que permite obter rapidamente informações sobre a

morfologia e identificação de elementos químicos de uma amostra sólida quando

acoplado ao mesmo o EDS (Espectroscopia de Energia Dispersiva). Sua utilização é

comum em diversas áreas como biologia, engenharia, química, metalurgia. A principal

razão de sua utilidade é a alta resolução que pode ser obtida quando as amostras são

observadas; valores da ordem de 2 a 5 µm são geralmente apresentados por

instrumentos comerciais, enquanto instrumentos de pesquisa avançada são capazes

de alcançar uma resolução melhor que 1 µm.

As morfologias das partículas dos pigmentos após as calcinações foram

observadas em um Microscópio Eletrônico de Varredura da marca Hitachi High

Technologies, modelo TM 3000, com porta amostra recoberto com fita de carbono e

com voltagem de 15 Kv.

4.4.4 Espectroscopia na região do UV-Visível

Os espectrofotômetros de reflectância medem o montante de luz refletida por uma

amostra em vários intervalos de banda curta no comprimento de onda, resultando em

um espectro de reflectância. A vantagem de se usar dados de reflectância espectral

para se obter a cor de um objeto é que estes dados espectrais podem ser calculados

para diferentes iluminantes e observadores padrões e computados para vários

sistemas de espaço de cor.

As análises de espectroscopia UV-vis foram realizadas em um espectrofotômetro

UV-visível de marca SHIMADZU, com acessório para reflectância, modelo UV-2550,

com comprimento de onda na região entre 190-900 nm.

Page 46: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

46

Capítulo 5

Resultados e discussão

Page 47: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

47

5 Resultados e discussão

5.1 Análise térmica

As curvas de TG e DSC dos pós precursores do espinélio CoFe2O4 sintetizados

em diferentes concentrações de ácido cítrico:metal (2:1, 3:1 e 4:1) são mostradas nas

Figuras 6 e 7, respectivamente.

Todas as curvas de TG apresentam comportamento semelhante, bem como as de

DSC.

0 200 400 600 800 100020

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Per

da d

e m

assa

(%

)

Temperatura (°C)

CoFe2O4(2:1)

CoFe2O4(3:1)

CoFe2O4(4:1)

Figura 6 - Curvas de TG dos pós precursores de CoFe2O4 sintetizados em diferentes concentrações de ácido cítrico:metal.

Page 48: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

48

0 200 400 600 800 1000-20

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2F

luxo

de

calo

r (

µµ µµV/m

g)

Temperatura (ºC)

CoFe2O4(2:1)

CoFe2O4(3:1)

CoFe2O4(4:1)

exo

Figura 7 - Curvas de DSC dos pós precursores de CoFe2O4 sintetizados com diferentes concentrações de ácido cítrico:metal.

Todas as curvas de TG mostram uma pequena perda de massa (entre 6 e 8%)

até 220ºC, que correspondem à eliminação de água (desidratação) e de gases

adsorvidos na superfície do material. Também é observada uma grande perda de

massa até 400ºC para as concentrações de 2:1 (52%) e 3:1 (59%), e até 425ºC para a

concentração de 4:1 (63%), que está relacionada com a decomposição de carboxilas

ligadas aos metais e eliminação de resíduos orgânicos para posterior formação de fase

(ELIZIÁRIO, 2007). Para todas as curvas, em temperaturas maiores que 425°C não

ocorre perda de massa, o que indica estabilidade térmica dos compostos e a ausência

de carbonatos.

As curvas de DSC corroboram com os resultados da TG, em que mostram um

pico exotérmico entre aproximadamente 220°C e 425°C, referentes à combustão do

Page 49: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

49

material orgânico, onde ocorre grande liberação de energia, o que é característico do

método de síntese.

5.2 Difração de raios-X (DRX)

Todas as amostras sintetizadas de acordo com planejamento experimental foram

caracterizadas por difração de raios-X. Todos os difratogramas obtidos são mostrados

nas Figuras 8, 9 e 10.

A Figura 8 mostra os difratogramas obtidos para as amostras sintetizadas com

concentração de ác. citrico:metal 2:1.

20 30 40 50 60 70 80

+

+

++

#

#

# ++

+

+

+

+

+

#+#+

# + +

+

+

D

C

B Inte

nsid

ade

(u.a

.)

2θθθθ

A

CoFe2O4+ Fe2O3# Co3O4

+ #

+

Figura 8 – DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de

calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 2:1, 1h, 700°C, 6h, 11°C/min; (B) 2:1, 3h, 700°C, 2h, 11°C/min; (C) 2:1, 1h, 900°C, 6h, 5°C/min; (D) 2:1, 3h, 900°C, 2h, 5°C/min.

Em todas as amostras foi identificada a fase marjoritária da estrutura espinélio

CoFe2O4 de acordo com a ficha JCPDS 22-1086. Além desta, foram identificadas duas

Page 50: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

50

fases secundárias, hematita Fe2O3 com estrutura romboédrica (JCPDS 33-0664) e

óxido de cobalto Co3O4 com estrutura cúbica (JCPDS 42-1467). As fases secundárias

são geralmente observadas para as ferritas sintetizadas por rotas químicas que utilizam

baixa temperatura (VERMA et al, 2011). A atmosfera de calcinação também influencia

na formação de fases intermediárias, segundo Moraes et al (2012) e Lima et al (2006) a

alta concentração de oxigênio favorece a formação de fase secundária, porém se

realizado controle atmosférico obtêm-se fase única.

Pode-se observar pelos difratogramas que nas amostras calcinadas a 700°C (A e

B) que o aumento do tempo de calcinação influenciou positivamente o resultado, visto

que a amostra com maior tempo de calcinação (A) apresentou menos picos das fases

secundárias. Não se percebeu influência do tempo de pirólise nos resultados. Através

dos difratogramas pode-se verificar que o aumento da temperatura de calcinação

também contribuiu para melhores resultados, pois nos pós calcinados a 900°C

identificou-se apenas uma fase secundária, ao passo que as amostras calcinadas a

700°C apresentaram duas. Com o aumento da temperatura, o íon Co3+ é reduzido a

Co2+, resultando na formação da fase desejada. Além disso, analisando-se os pós

calcinados a 900°C (C e D) observa-se que quanto maior o tempo de calcinação,

melhores os resultados, formando menos picos de fase secundária.

Todos os difratogramas da Figura 9 foram obtidos a partir de amostras

sintetizadas com proporção de ác. cítrico:metal de 4:1.

Page 51: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

51

20 30 40 50 60 70 80

+

+

#

+ +++

+

+ +

+

+ ++ +

D

C

B

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

2θθθθ

A

CoFe2O4+ Fe2O3

# Co3O4

+

# #

Figura 9 - DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de

calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 4:1, 1h, 700°C, 2h, 5°C/min; (B) 4:1, 3h, 700°C, 6h, 5°C/min; (C) 4:1, 1h, 900°C, 2h, 11°C/min; (D) 4:1, 3h, 900°C, 6h, 11°C/min.

Pode-se perceber pelos difratogramas A e B, calcinados a 700°C, que o pó obtido

com maior tempo de calcinação apresentou menos formação de fase secundária. Para

as amostras C e D, calcinadas a 900°C, o resultado também mostrou-se mais

satisfatório para a amostra com maior tempo de calcinação. Foi constatado também

que a taxa de aquecimento mais lenta juntamente com maior tempo de calcinação

influenciou mais que a temperatura de calcinação, pois a partir das amostras B e C,

observamos que a B, calcinada a 700°C, apresentou melhores resultados que a C,

calcinada a 900°C. Assim como nos pós sintetizados com concentração ác.

citrico:metal 2:1, não notou-se influência do tempo de pirólise da resina nos resultados.

A partir dos difratogramas 8 e 9 pode-se constatar que resultados mais

satisfatórios foram obtidos nas amostras sintetizadas com maior concentração de ác.

cítrico:metal.

Page 52: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

52

A Figura 10 exibe os resultados das amostras sintetizadas para os 3 pontos

centrais do planejamento experimental, por isso todas foram sintetizadas com os

mesmos parâmetros e apresentaram o mesmo resultado.

20 30 40 50 60 70 80

CoFe2O4+ Fe2O3

+

+C

A

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

2θθθθ

B

+

Figura 10 - DRX dos pós sintetizados de acordo com o planejamento experimental. Foram usados como parâmetros concentração ác. citrico:metal, tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de

calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min, (B) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min e (C) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min.

Nota-se que os pós sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 3:1 e

calcinados a uma temperatura de 800°C mostraram os melhores resultados, com

apenas um pico da fase hematita.

Comparando-se os resultados obtidos nos difratogramas de raios-x com alguns

trabalhos na literatura, comprova-se a viabilidade da rota de síntese utilizada neste

trabalho. Gomes (2009) sintetizou o espinélio ferrita de cobalto (CoFe2O4) pelo método

Pechini e calcinou o pó em temperaturas de 500°C, 700°C, 900°C, 1000°C por 6 horas,

obtendo a fase espinélio e a fase secundária hematita em todas as temperaturas.

Page 53: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

53

Também sintetizou a ferrita de cobalto pelo método de reação de combustão em

microondas e obteve os mesmos resultados que o método Pechini. Alguns

pesquisadores sintetizaram CoFe2O4 pelo método sol-gel a 700°C por 3h e obtiveram

nos resultados a formação da fase espinélio e da fase hematita (VERMA et al, 2011).

Chen et al (2010), sintetizaram a ferrita de cobalto pelo método de co-precipitação

calcinando o pó a 700°C, e obtiveram formação de fase única.

5.2.1 Parâmetro de rede

A partir dos difratogramas foi possível calcular os parâmetros de rede do espinélio

CoFe2O4. Os dados teóricos referentes ao parâmetro de rede utilizado foram obtidos a

partir da ficha JCPDS 22-1086. A Tabela 5 mostra os parâmetros de rede e os volumes

de célula de todas as amostras sintetizadas segundo o planejamento fatorial fracionado

2(5-2). Os parâmetros de rede calculados estão em concordância com os valores

teóricos, relatados pela ficha JCPDS utilizada.

Tabela 5 - Parâmetros de rede e volumes de célula unitária calculados para as amostras sintetizadas de acordo com o planejamento fatorial fracionado 2(5-2).

Amostras a (Å) V (Å) 3

1 8,3771 587,87

2 8,3571 583,67

3 8,3717 586,74

4 8,3758 587,60

5 8,3586 583,98

6 8,3740 587,22

7 8,3486 581,90

8 8,3555 583,34

9 8,3687 586,10

10 8,3667 585,67

11 8,3754 587,52

JCPDS 22-1086 8,3919 590,99

Page 54: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

54

5.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As micrografias dos pós de ferrita de cobalto sintetizados com diferentes

concentrações de ácido cítrico:metal e calcinados em 700°C, 800°C e 900°C são

ilustradas nas Figuras 11 a 15. De uma forma geral foi evidenciado em todos os

compostos uma forte aglomeração, atribuída tanto ao método de síntese utilizado

quanto à característica magnética do material, que devido à atração entre as partículas

tende a formar aglomerados (CUNHA, 2004; ANDRADE, 2012; BRICEÑO, 2012). De

acordo com Gomes (2009), um outro fator que pode levar à formação de aglomerados

parcialmente sinterizados é um aquecimento adicional devido à combustão do material

orgânico durante a calcinação. As partículas também apresentam aspecto esponjoso e

formação de poros.

Figura 11 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 2:1, tempo de pirólise 1h, temperatura de calcinação 700°C, tempo de calcinação 6h e taxa de aquecimento

11°C/min.

Page 55: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

55

Figura 12 – Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 4:1, tempo de pirólise 1h, temperatura de calcinação 700°C, tempo de calcinação 2h e taxa de aquecimento

5°C/min.

Figura 13 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 3:1, tempo de pirólise 2h, temperatura de calcinação 800°C, tempo de calcinação 4h e taxa de aquecimento

8C°/min.

Page 56: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

56

Figura 14 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 2:1, tempo de pirólise 3h, temperatura de calcinação 900°C, tempo de calcinação 2h e taxa de aquecimento

5°C/min.

Figura 15 - Micrografia do espinélio CoFe2O4, sintetizado com concentração ác. cítrico:metal 4:1, tempo de pirólise 3h, temperatura de calcinação 900°C, tempo de calcinação 6h e taxa de aquecimento

11°C/min.

Page 57: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

57

5.4 Espectros na região do UV-visível

As Figuras 16, 17 e 18 ilustram os espectros de reflectância na região do UV-

visível para todas as amostras sintetizadas segundo o planejamento experimental, de

acordo com a concentração de ácido cítrico:metal.

Os resultados para todos os pós de CoFe2O4 sintetizados mostraram uma banda

de absorção em toda a faixa de comprimento de onda do visível, o que é característico

de sistemas de baixa reflectância, evidenciando a formação de pigmentos em tons

escuros (COSTA et al, 2008). As transferências de carga entre Co-O e Fe-O

juntamente com transições eletrônicas d-d de Co2+ e Fe3+ em múltipla coordenação

garantem uma absorção completa em todo o espectro visível (CAVALCANTE, 2009).

Teoricamente, a curva de reflectância de cor preta (ideal) apresentaria 0% de

reflectância em todos os comprimentos de onda. Contudo na prática (caso real), um

objeto com a melhor cor preta possível mostra valores de reflectância próximo de 0%,

na faixa de comprimentos de onda visível. O corpo de cor cinza ideal seria aquele com

50% de reflectância e o de cor branca ideal seria aquele com 100% de reflectância em

todos os comprimentos de onda (LOPES, 2009).

Page 58: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

58

300 400 500 600 700 800 9000

20

40

60

80

100

Ref

lect

ânci

a (%

)

Comprimento de onda (nm)

A B C D

Figura 16 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 2:1, segundo o planejamento experimetal. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal,

tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 2:1, 1h, 700°C, 6h, 11°C/min; (B) 2:1, 3h, 700°C, 2h, 11°C/min; (C) 2:1, 1h, 900°C, 6h, 5°C/min; (D)

2:1, 3h, 900°C, 2h, 5°C/min.

Todos os resultados da Figura 16 mostram baixo percentual de reflectância. Para

a amostra A observa-se uma leve inclinação na faixa de 600 a 700nm, que

corresponde a tonalidade vermelha indicando, portanto, um pigmento preto

avermelhado (SHEN et al, 2010), o que concorda com o resultado de difratometria de

raios-x, que indica uma maior presença de Fe2O3 nesta amostra. A cor vermelha,

portanto, é originária da hematita, identificada nos difratogramas de raios-x, cuja

fórmula química é Fe2O3. O ferro apresenta na hematita estado de oxidação igual a +3,

configuração eletrônica 3d5 e número de coordenação 6. Sendo o ferro um elemento de

transição do bloco “d” que possui um nível “d” parcialmente preenchido, sendo sempre

possível promover um elétron de um nível energético menor para outro, os saltos de

energia eletrônica menores aparecem como uma absorção na região do visível

(SPINELLI et al, 2003).

Page 59: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

59

As curvas de reflectância para os pós sintetizados com concentração de àcido

cítrico:metal 2:1 apresentam reflectância entre 20% (D) e 37% (C) em todo o espectro

visível, sugerindo tonalidades que tendem ao preto e ao cinza.

300 400 500 600 700 800 9000

20

40

60

80

100

Ref

lect

ânci

a (%

)

Comprimento de onda (nm)

A B C

Figura 17 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 3:1, segundo o planejamento experimetal. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal,

tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min, (B) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min e (C) 3:1, 2h, 800°C, 4h, 8°C/min.

A Figura 17 mostra resultados referentes aos três pontos centrais do

planejamento fatorial sinterizados, portanto, utilizando os mesmos parâmetros. Os

espectros de reflectância são semelhantes para as três amostras, apresentando

reflectância em torno de 49% em toda a faixa do visível, indicando um pigmento de

tonalidade cinza.

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60

300 400 500 600 700 800 9000

20

40

60

80

100

Ref

lect

ânci

a (%

)

Comprimento de onda (nm)

A B C D

Figura 18 - Espectros de reflectância para os pós de CoFe2O4 sintetizados com concentração ác. cítrico:metal 4:1, segundo o planejamento experimental. Parâmetros: concentração ác. citrico:metal,

tempo de pirólise, temperatura de calcinação, tempo de calcinação e taxa de aquecimento da calcinação. (A) 4:1, 1h, 700°C, 2h, 5°C/min; (B) 4:1, 3h, 700°C, 6h, 5°C/min; (C) 4:1, 1h, 900°C, 2h, 11°C/min; (D)

4:1, 3h, 900°C, 6h, 11°C/min.

Os espectros de reflectância para as amostras sintetizadas com concentração de

ácido cítrico:metal de 4:1 são mostrados na figura 18. A reflectância varia entre 15%

(A) e 49% (C) em toda a região do visível, sugerindo pigmentos que tendem à

tonalidades do preto ao cinza.

5.5 Planejamento experimental

A matriz do planejamento fatorial fracionado 2(5-2) com os resultados da superfície

de resposta de cada amostra é mostrada na Tabela 6.

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61

Tabela 6 – Matriz do planejamento experimental com as superfícies de resposta.

Experimento Cac/m tP(h) TC(ºC) tC(h) TxC(ºC/min) %Reflectância

1 2:1 (-1) 1 (-1) 700 (-1) 6 (1) 11 (1) 25,60

2 4:1 (1) 1 (-1) 700 (-1) 2 (-1) 5 (-1) 14,60

3 2:1 (-1) 3 (1) 700 (-1) 2 (-1) 11 (1) 28,12

4 4:1 (1) 3 (1) 700 (-1) 6 (1) 5 (-1) 41,65

5 2:1 (-1) 1 (-1) 900 (1) 6 (1) 5 (-1) 37,09

6 4:1 (1) 1 (-1) 900 (1) 2 (-1) 11 (1) 48,77

7 2:1 (-1) 3 (1) 900 (1) 2 (-1) 5 (-1) 19,78

8 4:1 (1) 3 (1) 900 (1) 6 (1) 11 (1) 46,06

9 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0) 49,46

10 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0) 49,35

11 3:1 (0) 2 (0) 800 (0) 4 (0) 8 (0) 49,68

A Tabela 7 e a Figura 19 apresentam os efeitos principais e de interação das

variáveis independentes, tendo como resposta a porcentagem de reflectância para um

modelo linear, considerando as interações entre as variáveis com um limite de

confiança de 95%. Os dados foram obtidos considerando o erro puro. Conforme mostra

o gráfico de Pareto (Figura 19) os efeitos foram estatisticamente significativos sobre a

variável resposta.

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62

Tabela 7 - Efeitos estimados do planejamento experimental.

Efeitos estimados; R 2=0,99997; Ajuste:0,99984 MS Erro Puro=0,026901

Efeito Erro

Puro t(2) p Limite de confiança ±95%

Média/Interação 49,4960 0,094694 522,693 0,000004 (49,0886; 49,9034)

Cac:m 10,1235 0,115976 87,289 0,000131 (9,6245; 10,6225)

tp(h) 2,3860 0,115976 20,576 0,002354 (1,8870; 2,8850)

TC(°C) 10,4355 0,115976 89,980 0,000123 (9,9365; 10,9345)

tC(h) 9,7820 0,115976 84,345 0,000141 (9,2830; 10,2810)

TxC(°C/min) 8,8555 0,115976 76,356 0,000171 (8,3565; 9,3545)

TC(°C) X tC(h) -2,4800 0,115976 -21,384 0,002180 (-2,9790; -1,9810)

tC(h) X

TxC(°C/min) -12,396 0,115976 -106,884 0,000088 (-12,8950; -11,8970)

Cac:m X TC(°C)

X TxC(°C/min) -33,5725 0,222078 -151,175 0,000044 (-34,5280; -32,6170)

Observa-se na Tabela 7 que o valor do coeficiente de determinação R2 foi de

aproximadamente 99,99%, indicando que um modelo linear representa bem a relação

entre os efeitos e a resposta.

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63

20,57317

-21,3837

76,35612

84,34483

87,28939

89,9796

-106,884

-151,175

p=,05

tp(h)

TC(°C) X tC(h)

TxC(°C/min)

tC(h)

Cac:m

TC(°C)

tC(h) X TxC(°C/min)

Cac:m X TC(°C) X TxC(°C/min)

Figura 19 - Diagrama de Pareto do planejamento fatorial fracionado 2(5-2) mostrando a influência dos fatores estudados.

A Figura 19 mostra o diagrama de Pareto, uma das formas de se avaliar

visualmente a influência dos fatores estudados na resposta. Os efeitos que

ultrapassam a linha de p=0,05 são estatisticamente significativos sobre a resposta ao

nível de 95% de confiança.

Analisando-se a Figura 19 pode-se perceber que os fatores que mais

influenciaram sobre a resposta foi a interação entre a concentração de ácido

cítrico:metal, temperatura de calcinação e taxa de calcinação, com efeito estimado de

aproximadamente -151,175. Outra interação que também influenciou na resposta foi

entre o tempo de calcinação e taxa de aquecimento de calcinação, com valor estimado

em aproximadamente -106,884. O valor negativo no efeito das interações indica um

aumento na resposta se as variáveis forem em direções contrárias, ou seja, uma

variável em direção ao nível superior e a outra em direção ao nível inferior. Valores

positivos nas interações indicam que a resposta aumentará se as variáveis forem em

direção ao mesmo nível. Já para os efeitos principais, valores positivos indicam um

aumento na resposta quando a variável segue em direção ao seu nível máximo e

Page 64: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

64

valores negativos indicam maiores respostas em direção ao nível inferior da variável

(MARTENDAL, 2007).

Partindo-se dos efeitos significativos propõe-se o modelo:

Y= 36,566 + 5,06175*Cac:m + 5,21775*TC - 1,24*tC*TC -16,78625*Cac:m*TC*TxC

A análise de variância (ANOVA) mostrado na Tabela 8 indica que o modelo

ajustado aos pontos experimentais é preditivo. A predição do modelo foi constatada

pelo fato de o Fcalc da regressão linear ser maior que o Ftab.

Tabela 8 – Análise de varância (ANOVA) do modelo ajustado para %Reflectância.

Fonte de

variação

Soma

quadrática

Graus de

liberdade

Média

quadrática F

Regressão 1716,782 8 214,598 7948,07

Resíduos 0,054 2 0,027

Total 1716,836 10

F8;2 – 0,05= 19,37 e R2= 0,9997

A análise da ANOVA mostra que o modelo proposto possui significância

estatística ao nível de 95% de confiança, uma vez que o F(calculado) é muito superior

ao F(tabelado). O coeficiente de determinação foi de 99,99%, indicando ótimo ajuste do

modelo.

A avaliação do modelo também deve ser feita através da observação do gráfico

dos valores preditos versus os valores observados que são mostrados na Figura 20. Os

valores preditos pelo modelo são representados pela reta, enquanto que os valores

observados representam-se pelos pontos. Pode-se ver que os valores observados se

aproximam dos valores preditos, demonstrando que a modelagem foi adequada.

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10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Valores observados

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Va

lore

s pr

edit

os

Figura 20 - Valores preditos pelo modelo versus valores observados para a %Reflectância.

Observando as superfícies de respostas obtêm-se também indícios que um modelo linear parece representar bem a relação entre a resposta (%R) e os fatores estudados.

A Figura 21 mostra a superfície de resposta para a %Reflectância em função da concentração de ácido cítrico:metal (Cac:m) e temperatura de calcinação (TC). A superfície de resposta aponta uma região ótima tanto para os níveis (-1, -1) e (+1, +1) de Cac:m e TC, sendo que com maior relevância em (-1, -1).

80 60 40 20 0

(A)

80 60 40 20 0

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

Cac:m

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

TC

(B)

Figura 21 – (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da Cac:m e TC; (B) Curva de nível.

Page 66: SÍNTESE DO PIGMENTO CERÂMICO FERRITA DE COBALTO …

66

A Figura 22 ilustra a região ótima para redução da %Reflectância em função da

concentração de ácido cítrico:metal (Cac:m) e da taxa de aquecimento da calcinação

(TxC). Pode-se observar que os melhores resultados (menor %Reflectância) estão nas

regiões de (-1, -1) e (+1, +1) de Cac:m e TxC, com maior relevância em (+1, +1).

160 120 80 40 0

(A)

160 120 80 40 0

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

Cac:m

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

TxC

(B)

Figura 22 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da Cac:m e TxC; (B) Curva de nível.

A Figura 23 mostra a superfície de resposta para a %Reflectância em função da temperatura de calcinação (TC) e da taxa de aquecimento da calcinação (TxC). Verifica-se que as regiões ótimas estão nos níveis (-1, -1) e (+1, +1) de TC e TxC, apresentando maior relevância em (+1, +1).

160 120 80 40 0

(A)

160 120 80 40 0

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

TC

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

TxC

(B) Figura 23 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TC e TxC; (B) Curva de nível.

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67

A superfície de resposta para a %Reflectância em função do tempo de calcinação (tC) e taxa de calcinação (TxC) é mostrada na Figura 24. Observa-se que a região ótima encontra-se em (+1) de TxC para qualquer nível de tC.

140 120 100 80 60 40 20 0

(A)

140 120 100 80 60 40 20 0

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

tC

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

TxC

(B)

Figura 24 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TxC e tC; (B) Curva de nível.

A região ótima para a %Reflectância em função da temperatura de calcinação (TC) e do tempo de calcinação (tC) é mostrada na Figura 25. Percebe-se melhores resultados (baixa reflectância) no nível (+1) de TC para qualquer nível de tC.

140 120 100 80 60 40 20 0

(A)

140 120 100 80 60 40 20 0

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

TC

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

tC

(B)

Figura 25 - (A) Superfície de resposta para a %Reflectânia em função da TC e tC; (B) Curva de nível.

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68

Com base nos resultados das superfícies de resposta foi construída a Tabela 9,

que mostra os valores otimizados das variáveis para a reflectância.

Tabela 9 - Valores otimizados das variáveis do planejamento fatorial 2(5-2).

Variável Valor codificado Valor real

Cac:m 1 4:1

tp (h) -1 1

TC (°C) 1 900

tC (h) -1 2

TxC (°C/min) 1 11

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69

Capítulo 6 Conclusões

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70

6 Conclusões

Os resultados obtidos no presente trabalho indicaram que o método de

polimerização de complexos (MPC) mostrou-se favorável na síntese do pigmento

CoFe2O4 com estrutura de espinélio.

Os difratogramas de raios-x apontaram que a fase CoFe2O4 foi obtidas para todas

as amostras, sendo que algumas apresentaram a fase Fe2O3 e Co3O4 como fase

secundária, enquanto que outras mostram apenas Fe2O3 como segunda fase.

Os espectros na região do UV-visível indicaram que os pigmentos sintetizados

apresentaram tonalidades escuras, com a cor entre preto e cinza.

Com relação ao planejamento fatorial fracionado 2(5-2), observou-se que todos os

efeitos principais foram significativos, bem como as interações entre os efeitos, ao nível

de 95% de confiança.

O modelo linear apresentou ótimo ajuste, com R2= 99,99%. O modelo apresentou

significância estatística, sendo também preditivo.

A análise da superfície de resposta mostrou que a melhores condições para baixa

reflectância foi de concentração ácido cítrico:metal 4:1, tempo de pirólise 1h,

temperatura de calcinação 900°C, tempo de calcinação 2h e taxa de aquecimento de

calcinação de 11°C/min.

6.1 Sugestões para trabalhos futuros

• Sintetizar as amostras de Ferrita de Cobalto com uma atmosfera de calcinação

inerte, a fim de obter material monofásico.

• Sintetizar o espinélio estudado de acordo com os parâmetros otimizados obtidos

pelo planejamento experimental realizado neste trabalho.

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71

Referências

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