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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
P PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM QUÍMICA APLICADA - PPGQA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS CATALISADA POR METILSULFONATO DE N-METIL-2-PIRROLIDÔNIO
LUANA APARECIDA PACHECHNE
JOINVILLE – SC, 2019
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LUANA APARECIDA PACHECHNE
SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS CATALISADA POR METILSULFONATO DE N-METIL-2-PIRROLIDÔNIO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Química Aplicada, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para obtenção do grau de mestre em Química Aplicada. Orientador: Prof. Dr. Samuel Rodrigues Mendes.
Joinville/SC 2019
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família por todo o apoio, paciência e companheirismo. Ao professor Samuel Rodrigues Mendes, pela orientação e pelo apoio. Ao professor Edmar Martendal pelo auxilio na elaboração do planejamento
fatorial. À UFSM, em especial ao Guilherme M. Martins, pelo auxílio com as análises
de RMN e CG-EM.
Aos colegas de bancada pelo auxílio e companheirismo.
À toda equipe do SINCA, colegas de laboratório e professores do PPGQ.
Aos órgãos de fomento CAPES, CNPQ, UNIEDU e FINEP pelo suporte
financeiro.
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RESUMO
Líquidos iônicos (LI’s) são sais iônico-covalentes fundidos, com temperatura de fusão abaixo de 100 ºC. O composto metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio [NMPH]CH3SO3 classifica-se como sendo um líquido iônico prótico ácido, de fácil obtenção e baixa toxicidade. Nesse contexto, ele é aplicado como catalisador na síntese de pirróis tetrassubstituídos que constituem uma importante classe de compostos com propriedades farmacológicas. O processo sintético envolve reação de Michael com posterior ciclização intramolecular, utilizando-se de condições relativamente simples e otimizadas por meio de planejamento fatorial, no qual se permitiu estabelecer, através da análise de Pareto, quais reagentes/condições que interferem de forma mais significativa no processo sintético. Foi desenvolvida uma metodologia one-pot, aberta, com tempos reacionais curtos e com rendimentos entre 36% e 94%, mostrando-se como uma alternativa eficaz para a síntese de pirróis.
Palavras-chave: Líquidos Iônicos Próticos. Síntese Orgânica. Pirróis. One-pot. Metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio.
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ABSTRACT
Ionic liquids (LI's) are fused ionic-covalent salts, with melting temperature below 100 °C. N-methyl-2-pyrrolidonium methylsulfonate [NMPH]CH3SO3 is classified as acid protic ionic liquid, easy to get and low toxicity. In this context, it is applied as a catalyst in the synthesis of tetrasubstituted pyrroles, which constitute an important class of compounds with pharmacological properties, whose synthetic process involves Michael reaction with subsequent intramolecular cyclization, using relatively simple conditions and optimized by means of planning factorial, which allowed to establish, through the analysis of Pareto, which reagents / conditions that most significantly interfere in the synthetic process. The methodology developed is an open one-pot system with short reaction times with yields between 36% and 94 proving to be an attractive alternative to synthesize pyrroles in a greener and more efficient way.
Key words: Protic Ionic Liquids. Organic Synthesis. Pyrroles. One-pot. N-methyl-2-pyrrolidonium methylsulfonate.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Exemplos de moléculas que contém núcleos pirrólicos que ocorrem
naturalmente. ........................................................................................... 19
Figura 2 - Exemplos de compostos heterocíclicos contendo nitrogênio, oxigênio e
enxofre. .................................................................................................... 23
Figura 3 - Híbridos de ressonância do pirrol. ............................................................ 24
Figura 4 - Fármacos que contém moléculas heterocíclicas comercialmente
conhecidos. .............................................................................................. 24
Figura 5 - Esquema geral da reação de Paal -Knorr. ............................................... 25
Figura 6 - Exemplares de pirróis substituídos sintetizados a partir de reagentes com
diferentes reatividades. ............................................................................ 27
Figura 7 - Síntese de (4- (1H-indol-3-il) -1H-pirrol-3-il) (heteroaril) metanonas via
cicloadição 1,3-dipolar. ............................................................................. 28
Figura 8 - Teste de TMSCN com várias bases de Lewis usadas como possíveis
catalisadores da reação. .......................................................................... 30
Figura 9 - Teste de TMSCN com substratos de malononitrila de alquilideno de
diferentes reatividades. ............................................................................ 31
Figura 10 - Reação de oxidação de cloreto de 1-etil-3-metilimidazólio e AlCl3 formando
cloroalumiato de 1-etil-3-metilimidazólio. .................................................. 33
Figura 11 - Esquema de formação de um LIP por meio da transferência de um próton
de um ácido de Brønsted para uma base de Brønsted. ........................... 34
Figura 12 - Cátions típicos de LIP’s. .......................................................................... 35
Figura 13 - Ânions típicos em LIP's. .......................................................................... 35
Figura 14 - Esquema da reação de síntese do metilsulfonato de N-metil 2-pirrolidônio.
................................................................................................................. 36
Figura 15 - Esquema da reação de síntese do acetato de butila a partir de uma reação
de esterificação entre ácido acético e butanol. ......................................... 37
Figura 16 - Esquema da reação de síntese do [NMPH]CH3SO3 sem a presença de
benzeno. ................................................................................................... 37
Figura 17 - Esquema geral da síntese de HMF por meio da desidratação da frutose.
................................................................................................................. 39
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Figura 18 - Mecanismo proposto para a ativação combinada dos intermediários por
[NMPH]CH3SO3 e [Bmim]Cl. .................................................................... 39
Figura 19 - Reação de síntese de [NMPH]CH3SO3.
................................................................................................................. 43
Figura 20 - Reação de formação de pirrol tetrassubstituído utilizando [NMPH]CH3SO3
como catalisador. ..................................................................................... 44
Figura 21 - Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma
reação tetra- componente em sistema one-pot. ....................................... 45
Figura 22 - Gráfico de estimativa de efeito entre as variáveis da reação.
................................................................................................................. 54
Figura 23 - Resposta da reação de acordo com a relação entre a quantidade de
catalisador e a temperatura. .................................................................... 55
Figura 24 - Gráfico que estabelece os parâmetros da reação envolvendo a
concentração de anilina em função da temperatura. ............................... 56
Figura 25 - parâmetros da reação envolvendo o tempo de reação em função da
temperatura. ............................................................................................. 57
Figura 26 - Gráfico que mostra a resposta da reação frente a relação entre as
quantidades de anilina e catalisador. ....................................................... 58
Figura 27 - Gráfico que mostra a resposta da reação a partir da relação entre a
quantidade de anilina e o tempo de reação. ............................................ 59
Figura 28 - Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma
reação tri- componente em sistema one-pot. ........................................... 60
Figura 29 - Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma
reação tetra- componente em sistema one-pot. ....................................... 64
Figura 30 - Mecanismo geral da reação de síntese de pirrol tetrassubstituído a partir
de nitroestirenos. ..................................................................................... 67
Figura 31 - Gráfico do espectro de RMN de 1H, referente a 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-
pirrol-3-il)etanona (4a) a 400 MHz em CDCl3 tendo TMS como padrão. . 68
Figura 32 - Gráfico do espectro de RMN de 13C, referente a 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-
pirrol-3-il)etanona (4a) a 100 MHz tendo como padrão CDCl3. ................ 69
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação de solventes na síntese de pirróis.........................................28
Tabela 2 - Valores da função de Hammett em [NMPH]CH3SO3 ..................................38
Tabela 3 - Planejamento fatorial para a síntese de Pirróis tetrassubstituídos. .......... 44
Tabela 4 - Combinação dos quatro fatores relevantes e a resposta obtida para cada
experimento no planejamento fatorial realizado. ...................................... 53
Tabela 5 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3 a partir
de nitroestirenos. ...................................................................................... 60
Tabela 6 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3 a partir
de aldeídos. .............................................................................................. 65
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
[BMIM]BF4 Te Tetrafluoroborato de 1-N-butil-3-metilimidazólio
[BMIM]Cl Cloreto de 1-butil-3-metil-imidazólio
[BMIM]PF6 Hexafluorofosfato de 1-N-butil-3-metilimidazólio
CC Cromatografia em coluna
CCD Cromatografia em camada delgada
CG-EM Cromatógrafo Gasoso acoplado a Espectrômetro de Massas
DABCO 1,4 diazabiciclo [2,2,2] octano
DBU 1,5-diazabicicloundec-7-eno
DIPEA N,N-diisopropiletilamina
DHPP 1,4-diidropirrol[3,2-b]pirrol
DMF Dimetilformamida
DMSO Dimetilsulfóxido
[HMIm]BF4 Te Tetrafluorborato de 1- metil Imidazólio
HMF 5-hidróximetilfurfural
LI Líquido iônico
LIP’s Líquidos iônicos próticos
m/z razão massa/carga
NMP N-metil-2-pirrolidona
[NMPH]CH3SO3 metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio
PEG-400 Polietilenoglicol
RClB11H11 Carbaclorododecaborado
RMN de 13C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13
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RMN de 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
TCI Transferência de Carga Intramolecular
TBAF Fluoreto de Tetra N-butilamônio
TMS Tetrametilsilano
TsOH Ácido p-toluenossulfônico
TosMic Isocianeto de toluenossulfonilmetilo
UV-Vis Espectrofotômetro de luz ultravioleta-visível
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 19
2 OBJETIVOS ................................................................................................... 21
2.1 GERAL ............................................................................................................ 21
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................ 21
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 23
3.1 COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS ................................................................ 23
3.1.1 Pirróis ............................................................................................................ 24
3.2 LÍQUIDOS IÔNICOS (LI’s) .............................................................................. 32
3.2.1 Histórico....... ................................................................................................. 32
3.2.2 Propriedades dos LI’s .................................................................................. 33
3.2.3 Líquidos Iônicos Próticos (LIP’s) ................................................................ 34
3.2.4 Metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio ..................................................... 36
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 41
4.1 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 41
4.1.1 Reagentes ...................................................................................................... 41
4.1.2 Cromatografia em Camada Delgada (CCD) ................................................ 41
4.1.3 Cromatografia em Coluna (CC) ................................................................... 41
4.1.4 Espectrometria de Massas (EM) .................................................................. 41
4.1.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ...................................................... 42
4.1.6 Software STATISTICA® ................................................................................ 42
4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .......................................................... 42
4.2.1 Síntese de Metilsulfonato de N-metil-2-Pirrolidônio ([NMPH]CH3SO3) (MD.
IMTEYAZ et al., 2012) .................................................................................... 43
4.2.2 Planejamento Fatorial Da Reação De Síntese De Pirróis
Tetrassubstituídos ........................................................................................ 43
4.2.3 Síntese de pirróis tetrassubstituídos utilizando [NMPH]CH3SO3 a partir
de nitroestirenos ........................................................................................... 44
4.2.4 Síntese de Pirróis Tetrassubstituído Via Reação Tetra-Componente ...... 45
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 51
5.1 PLANEJAMENTO FATORIAL ........................................................................ 52
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5.1.1 Gráfico de Pareto ......................................................................................... 53
5.2 SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS VIA REAÇÃO TRI-
COMPONENTE APÓS OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES REACIONAIS. .... 59
5.3 SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS VIA REAÇÃO TETRA-
COMPONENTE .............................................................................................. 64
5.4 MECANISMO DA REAÇÃO ........................................................................... 67
5.5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ESPECTRIAS .................. 68
6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .............................................................. 71
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 73
APÊNDICES .................................................................................................. 79
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1 INTRODUÇÃO
Os Pirróis constituem uma importante classe de compostos que são
encontrados em produtos naturais e que possuem consideráveis propriedades
fármaco-biológicas (BEAN, 1990) (Figura 1). Podem ser sintetizados via reações de
Hantzsch, Knorr e Paal-Knorr, entre outras (GRIBBLE, 1996). No entanto, muitas das
metodologias existentes possuem limitações, como alto tempo reacional, baixos
rendimentos, rotas sintéticas complexas, condições reacionais severas e baixa
seletividade (MAITI et al., 2010). Percebe-se então a importância de se estudar meios
que promovam uma síntese mais eficaz para esse tipo de composto.
Figura 1-Exemplos de moléculas que contém núcleos pirrólicos que ocorrem naturalmente.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Por outro lado, os líquidos iônicos (LI’s) são sais iônico-covalentes fundidos,
com temperatura de fusão abaixo de 100 ºC. São polares, não voláteis, não
inflamáveis, possuem baixa pressão de vapor, são miscíveis tanto em água quanto
em solventes orgânicos, e são potencialmente recicláveis. Dependendo da função do
grupo ligado ao cátion ou ao ânion, o líquido iônico pode apresentar propriedade de
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um catalisador ácido, básico ou atuar como um organocatalisador. Dessa forma, os
LI’s podem ser aplicados em uma gama de reações (RATTI, 2014).
A utilização de líquidos iônicos em síntese orgânica vem aumentando devido à
várias vantagens, como a promoção de reações homogêneas e de extração
relativamente simples, régio- e estereosseletividade, altos rendimentos, tempos
reacionais reduzidos, reutilização eficaz e condições brandas de reação (SOWMIAH,
CHENG E CHU, 2012).
O composto metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio [NMPH]CH3SO3 é um
líquido iônico que oferece algumas dessas vantagens no seu emprego em síntese
orgânica. Ele pertence à classe dos Líquidos Iônicos Próticos – LIP’s, e pode substituir
de forma eficaz ácidos usados como catalisadores, e por possuir considerável
polaridade, auxilia no processo de extração bifásica, além de ser uma molécula de
fácil obtenção.
Desta forma, pretende-se empregar o [NMPH]CH3SO3 como uma alternativa
de promover reações em condições mais brandas, com menores tempos reacionais e
com maiores rendimentos na síntese de pirróis tetrassubstituídos.
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2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Aplicar metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio como catalisador e/ou solvente
na síntese de pirróis tetrassubstituídos.
2.2 ESPECÍFICOS
● Aplicar [NMPH]CH3SO3 na síntese de pirróis tetrassubstituídos em reações
one-pot a partir de nitroestirenos.
● Realizar planejamento fatorial a fim de otimizar as condições reacionais.
● Aplicar [NMPH]CH3SO3 na síntese de pirróis tetrassubstituídos em reações
one-pot a partir de aldeídos em reações tetra-componentes.
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS
Por definição, compostos heterocíclicos são moléculas que possuem um ou
mais heteroátomos no anel. Os heteroátomos mais comuns são o nitrogênio, o
oxigênio e o enxofre. Há uma série desses compostos que possuem aromaticidade.
Tal característica influencia diretamente nas propriedades e na reatividade dessas
moléculas. A aromaticidade dos heterocíclicos pode ser explicada pela estabilidade
do anel, por meio das suas estruturas de ressonância, e pela presença dos átomos
de carbono em uma estrutura planar. As estruturas mais simples são o pirrol, o furano
e o tiofeno (VOLLARDT, PETER, 2004).
Figura 2-Exemplos de compostos heterocíclicos contendo nitrogênio, oxigênio e enxofre.
Fonte: VOLLARDT, PETER, 2004.
As moléculas acima (Figura 2) possuem seis elétrons 𝝅 deslocalizados,
presentes em quatro carbonos ligados a um heteroátomo com um par de elétrons
livres em um orbital p, ambos com hibridização sp2. O número total de elétrons satisfaz
a regra de Hückel. Para o pirrol, cujos elétrons livres presentes no heteroátomo se
superpõem no orbital p, ocorre hibridização sp2 (Figura 3). Já no tiofeno e no furano,
o segundo par de elétrons ocupa um dos orbitais híbridos sp2 no plano do anel, e
dessa forma, não entra em ressonânica com o sistema de elétrons 𝝅. Tal fenômeno
faz com que o pirrol, o tiofeno e o furano apresentem estabilidade e propriedades
características de compostos aromáticos (VOLLARDT, PETER, 2004).
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Figura 3-Híbridos de ressonância do pirrol.
Fonte: Elaborada pela a autora, baseado em VOLLARDT, PETER, 2004.
3.1.1 Pirróis
A maioria dos compostos que contêm heteroátomos, principalmente os
heterocíclicos, possuem atividade biológica (VOLLARDT, PETER, 2004). Na Figura 4,
estão representados alguns dos fármacos mais conhecidos comercialmente, que
possuem estrutura de uma molécula heterocíclica.
Figura 4-Fármacos que contém moléculas heterocíclicas comercialmente conhecidos.
Fonte: Elaborada pela autora, baseado em VOLLARDT, PETER, 2004.
As moléculas que contém núcleos pirrólicos constituem uma classe importante
de compostos que são encontrados na natureza, como por exemplo a clorofila A, a
hemoglobina e a vitamina B12 (SUNDBURG, 1996). Como já citado anteriormente,
suas propriedades farmacológicas são diversas, eles podem atuar como bactericidas,
antifúngicos e antitumorais (GRIBBLE, 1996), bem como inibidor de algumas enzimas
de agentes patológicos. Além disso, possuem também aplicações na química de
materiais (MERKUL, et al., 2009) (HIGGINS,1997).
Com isso, muitos métodos de síntese foram desenvolvidos para produzir pirróis
e seus derivados. A metodologia mais comum para sintetizar pirróis e análogos de
25
25
oxigênio e de enxofre, consiste na reação de uma 1,4-dicetona com uma amina
(pirróis), com P2O5 (furanos), ou com P2S5 (tiofenos). Tal reação foi descrita por Carl
Paal e Ludwig Knorr em 1884 (Figura 5) (VOLLHARDT, PETER, 2004). Atualmente
tais processos são pouco empregados para produzir esses compostos em virtude de
uma série de problemas como baixos rendimentos e seletividade, além da
necessidade de condições severas de reação.
Figura 5-Esquema geral da reação de Paal -Knorr.
Métodos clássicos de síntese de a) furano, b) pirrol, c) tiofeno. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em KNORR, 1884; e PAAL, 1885.
Novas metodologias vêm sendo empregadas para produzir compostos com
núcleos pirrólicos. Muitas envolvem reações multicomponentes e sistemas one-pot,
além do uso de catalisadores e condições mais eficientes de reação.
BALASUBRAMANYAM et al. (2017), sintetizaram um novo derivado 1,4-
diidropirrol [3,2-b] pirrol (DHPP), que pertence à uma série de compostos conhecidos
por apresentarem propriedades ópticas e elétricas, com o objetivo de investigarem o
seu potencial de aplicação como um possível fotodetector orgânico de banda larga
(OPD). A síntese desenvolvida por BALASUBRAMANYAM et al. (2017), para produzir
o derivado de DHPP, foi realizada por meio de uma reação dominó em sistema one-
pot, a partir 5-nitro-2-tiofeno carboxaldeído, 4-Butilanilina, butan-2,3-diona e TsOH,
empregando ácido acético glacial como solvente, produzindo um composto com um
agrupamento tiofeno e não fenila, como é encontrado em polímeros a base de
26
polipirróis convencionais. De acordo com os testes de aplicação empregados tal
mudança na estrutura do material desenvolvido possibilitou um aumento na
transferência de carga intramolecular (TCI), além disso, obteve-se sucesso ao testar
a junção das características óptica e eletroquímica na realização de aplicações
fotodetectoras orgânicas para detecção óptica de banda larga. Foi também verificada
uma característica redox anfótera no derivado de DHPP sintetizado, que acabou
viabilizando o transporte de elétrons, fornecendo subsidio para criar um sistema
monocomponente, diferente dos sistemas tradicionais que consistem na junção de
estruturas orgânicas e inorgânicas para realizar o processo redox, que possuem
algumas limitações que se devem à ocorrência de oxidação foto-induzida de
componentes orgânicos provocando a instabilidade do material.
KUMAR et al. (2015), utilizaram polietilenoglicol (PEG-400), uma substância
barata e não tóxica, como um possível catalisador/solvente para a síntese
multicomponente de pirrol tetrassubstituído por meio da reação de adição de Michael.
A reação foi inicialmente feita com acetilcetona, anilina e nitroestireno. Foi variado o
padrão de substituição dos reagentes, mantendo-se rendimentos entre 85% e 90%
(Figura 6).
27
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Figura 6-Exemplares de pirróis substituídos sintetizados a partir de reagentes com diferentes reatividades.
Fonte: KUMAR et al., 2015.
Segundo KUMAR et al. (2015), o principal efeito no rendimento das reações se
deve pela variação das anilinas. Quando empregadas aminas com substituintes
doadores de elétrons, como -CH3 e -OCH3 houve um aumento de reatividade das
mesmas, gerando produtos em maiores rendimentos, sendo que um efeito contrário
e, consequentemente menores rendimentos, pode ser observado ao se utilizar aminas
com substituintes retiradores de elétrons, como o cloro ou NO2. As reações feitas com
aminas alifáticas resultaram nos respectivos pirróis em baixos rendimentos, o que é
justificado pela ausência do efeito eletrônico do anel aromático na reatividade da
amina, o qual lhe atribui maior nucleofilicidade.
Os autores fizeram ainda testes variando o tipo de solvente empregado, com a
reação entre a acetilcetona, o nitroestireno e a anilina, verificando a eficiência de PEG-
400 perante outros compostos na síntese de pirrol tetrassubstituído (Tabela 1).
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Tabela 1-Comparação de solventes na síntese de pirróis.
Entrada Solvente (5 mL) Tempo (h) Rendimento (%)
1 DMF 12 58
2 DMSO 10 60
3 NMP 10 57
4 PEG-400 8 92
Fonte: KUMAR et al., 2015.
Em outro artigo, SIMHA PULLA et al. (2017), sintetizaram uma série de pirróis
e pirazóis com propriedade antimicrobiana, a partir de aldeídos indólicos.
Figura 7 - Síntese de (4- (1H-indol-3-il) -1H-pirrol-3-il) (heteroaril) metanonas via cicloadição 1,3-dipolar.
Fonte: SIMHA PULLA et al., 2017.
A rota sintética desenvolvida por SIMHA PULLA et al. (2017), (Figura 7) envolve
inicialmente a formação de intermediários sintéticos que são gerados a partir da
reação de Claisen-Schmidt entre indol 3-carboxialdeído e 2-acetilfurano / 2-acetil-5-
bromotiofeno / 4-acetilpiridina na presença de N,N-diisopropiletilamina (DIPEA) em
metanol (etapa i). Os produtos intermediários sofrem uma cicloadição 1,3-dipolar, no
grupo funcional olefínico, a partir de um tratamento com isocianeto de tosilmetilo,
utilizando-se dimetilsulfóxido (DMSO) e éter como solventes, na presença de hidreto
de sódio, resultando na formação dos pirróis correspondentes.
SIMHA PULLA et al. (2017), também avaliaram a atividade antimicrobiana dos
compostos sintetizados por meio de testes in vitro no qual comprovaram a ação de
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tais moléculas comparando-as à fármacos de referência, como Cloranfenicol (teste
de atividade antibacteriana) e cetoconazol (teste de atividade antifúngica) em teste
feito com Cepas bacterianas Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Pseudomonas
aeruginosa e Klebsiella pneumoniae e fungos Aspergillus niger e Penicillium
chrysogenum. Os resultados obtidos foram considerados satisfatórios quando
comparados com os fármacos.
Em um outro exemplo, GUCHHAIT et al. (2018), descreveram um meio de
sintetizar derivados pirrólicos por meio da reação de adição de Michael mediada por
cianeto de trimetilsililo (TMSCN), seguida de condensação nitrilo-nitrilo. Inicialmente,
investigou-se uma forma de liberar um nucleófilo de CN- ativo para o meio reacional,
onde foi testado TMSCN com várias bases de Lewis usadas como possíveis
catalisadores, com o intuito de promover uma hipercoordenação de Si para esse
composto, e gerar um intermediário de silicato. Como resultado dessa primeira etapa
os autores relataram que as bases orgânicas realizam esse processo com maior
eficiência, em especial o 1,5-diazabicicloundec-7-eno (DBU), devido a presença do
grupo amidino-amina em sua estrutura, gerando produtos com até 98% de rendimento
(Figura 8). Foram testados também vários solventes como dimetilformamida (DMF),
dioxano e MeCN, obtendo-se resultados mais satisfatórios com uma mistura de
dioxano/água (4:1), explicado pelo fato da água ser uma fonte de prótons, que acaba
induzindo a ativação de funções impulsionadas por ligações de hidrogênio. Os autores
relataram ainda que o intermediário de silício gerado na reação entre TMSCN e DBU
pode vir a atuar como ácido de Lewis no aumento da eletrofilicidade do substrato e do
intermediário da reação.
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Figura 8-Teste de TMSCN com várias bases de Lewis usadas como possíveis catalisadores da reação.
Entrada Catalisador Rend.
(%) Entrada Catalisador Rend. (%)
Base (2 equiv), dioxano-H20 c, 95 °C
1 Et3N 54 8 Cs2CO3 46
2 DIPEA 55 9 TBAF 42
3 DMAP 48 10 KHF2 40
4 DABCO 68 11 KF 55
5 DBU 90 12 K3PO4 45
6 Na2CO3 44 13 22
7 K2CO3 41
DBU (2 equiv), solvente c (2mL), 95 °C
14c Dioxano-H2O 90 20 EtOH 38
15 Dioxano 68 21c DMF-H2O 83
16 Tolueno 30 22c MeCN-H2O 88
17 DMF 58 23 H2O 35
18 MeCN 62 24c,d Dioxano-H2O 85
19 tBuOH 32 25c,e Dioxano-H2O 65 a Substrato, reagentes, e condições: 2-(4-metoxibenzilideno)-malononitrilo (1 mmol) e TMSCN (2 equiv). b Rendimento para conversão máxima no tempo otimizado. c Solvente orgânico−H2O (4:1; 1.6 e 0.4 mL). d DBU (1 equiv). e DBU (0.5 equiv). Fonte: GUCHHAIT et al., 2018.
31
31
A reação otimizada também foi testada utilizando TMSCN com substratos de malononitrila de alquilideno com diferentes reatividades (Figura 9).
Fonte: GUCHHAIT et al., 2018.
Figura 9-Teste de TMSCN com substratos de malononitrila de alquilideno de diferentes reatividades.
32
Assim, pode-se perceber a importância da utilização dos catalisadores para
promover a formação de derivados pirrólicos em maiores rendimentos, de forma mais
prática e eficiente. É nesse sentido que o estudo de líquidos iônicos em síntese
orgânica ganha cada vez mais força, tendo em vista a sua versatilidade e eficiência
perante outros catalisadores convencionais, uma vez que podem ser utilizados
também como meio de substituir solventes orgânicos voláteis.
3.2 LÍQUIDOS IÔNICOS (LI’s)
Líquidos Iônicos são sais iônico-covalentes fundidos, com temperatura de fusão
abaixo de 100 ºC. A metodologia de obtenção desses compostos se dá por meio de
dois passos, a formação do cátion, e, se necessário, em seguida a troca do ânion
(WELTON, 1999).
3.2.1 Histórico
A primeira síntese de líquido iônico foi a do nitrato de etilamônio feita em 1914,
por Walden, com ponto de fusão de 12 ºC, uma molécula pouco estável, que não tinha
as propriedades relacionadas à um líquido iônico.
Por volta do ano de 1951 foram sintetizados compostos cloroaluminatos, por
Hurley e Wier, uma mistura de um alquipiridíneo e tricloreto de alumínio, para uso em
eletroquímica.
As aplicações de líquido iônico como solvente e catalisador em reações
orgânicas iniciaram-se por volta de 1970, em reações de alquilação e acilação de
olefinas usando sais de tetra alquil amônio (WILKES et al.,1982). Porém, essa
molécula apresentava ser um sal fundido, visto que seu ponto de ebulição era superior
a 100 °C.
Na década de 1980, o cátion alquilpiridíneo, o mesmo usado nos primeiros
líquidos iônicos, foi reduzido a 1,3-dialquilimidazólio a fim de ser utilizado como
eletrólito de bateria (WILKES et al, 1982). Os sais provenientes desse cátion
apresentaram temperatura de fusão bem inferior a 100 ºC. Um exemplo de LI
preparado com esse cátion é o cloroalumiato de 1-etil-3-metil-imidazólio (Figura 10),
com ponto de fusão de -80 ºC. Porém esse composto sofre hidrólise em presença de
33
33
água, que pode se tornar uma desvantagem em alguns sistemas reacionais (WILKES
et al, 1982).
Figura 10-Reação de oxidação de cloreto de 1-etil-3-metilimidazólio e AlCl3 formando cloroalumiato de 1-etil-3-metilimidazólio.
Fonte: elaborada pela autora, baseado em WILKES et al, 1982.
Novos sais contendo ânions como BF4- e PF6
-, estáveis à presença de água e
líquidos a temperatura ambiente foram preparados por Wilkes e Zaworotko na década
de 90, com novas possibilidades de aplicação, como na catálise com metais de
transição.
Na mesma década, SUAREZ et al. (1998), desenvolveram líquidos iônicos
como o tetrafluoroborato de 1-N-butil-3-metilimidazólio (BMIM.BF4) e o
hexafluorofosfato de 1-N-butil-3-metilimidazólio (BMIM.PF6), com temperaturas de
fusão de -81 ºC e -61 ºC e baixas viscosidades, podendo ser utilizados em catálise
bifásica.
Até agora, estima-se o desenvolvimento de aproximadamente 500 moléculas,
onde a capacidade de combinação entre cátions e ânions para formar outras é muito
grande e as possibilidades de aplicação vem se tornando cada vez maiores. (STARK
e SEDDON, (2007). Segundo DEETLEFS et al. (2016), só em 2013 foram listadas
6262 publicações envolvendo líquidos iônicos, mais do que o número de artigos
publicados entre 1914 e 2015.
3.2.2 Propriedades dos Líquidos Iônicos
De acordo com WILKES et al. (1992), as características dos líquidos iônicos
dependem da combinação entre seus cátions e ânions, que não podem ser vistos de
forma isolada na molécula, pois os sistemas que formam esses compostos sofrem
interações intermoleculares como forças de interação coulombianas e de Van der
Waals, que influenciam nas suas propriedades como um todo, sendo que a
característica mais importante dos LI’s é que eles são compostos por um cátion
orgânico volumoso com baixo grau de simetria, e um ânion inorgânico/orgânico
(STARK e SEDDON, 2007).
34
Os líquidos iônicos são conhecidos como “designer solvents”, devido ao fato
das suas propriedades poderem ser ajustadas de acordo com a necessidade de
utilização. A carga dos cátions e ânions se distribui ao longo de suas estruturas, o
que impede a formação de cristais (EARLE e SEDDON, 2000).
3.2.3 Líquidos Iônicos Próticos (LIP’s)
A principal característica dos LIP’s é a transferência de prótons do ácido para
a base, gerando sítios doadores e receptores de prótons (Greaves, Drummond, 2008)
(Figura 11). Para diferenciar líquidos iônicos próticos e líquidos iônicos ácidos deve-
se observar se o próton está presente no cátion ou no ânion, os LIP’s possuem sempre
um próton disponível no cátion (GREAVES E DRUMMOND, 2008).
Figura 11-Esquema de formação de um LIP por meio da transferência de um próton de um ácido de Brønsted para uma base de Brønsted.
Fonte: GREAVES e DRUMMOND, 2008.
O fato de líquidos iônicos próticos possuírem um próton disponível para ligação
faz com que eles não tenham pressão de vapor desprezível, o ponto de ebulição
ocorre em uma temperatura mais baixa do que a temperatura de decomposição
(GREAVES E DRUMMOND, 2008).
As Figuras 12 e 13 mostram os principais cátions e ânions usados em LIP’s,
como os íons mono ou di-imidazólios, heterocíclicos, íons amônio primários,
secundários e terciários e caprolactama, e os íons carboxilados, fluorados,
nitratos/hidrogeno sulfatos.
35
35
Figura 12-Cátions típicos de LIP’s.
Fonte: YOSHIZAWA et al.,2003.
Figura 13-Ânions típicos em LIP's.
Fonte: YOSHIZAWA et al.,2003.
Devido ao fato das cargas dos íons não serem concentradas, há uma
diminuição na interação eletrostática entre eles, e por conta disso, as temperaturas de
fusão e as temperaturas de transição vítrea são mais baixas e as temperaturas de
decomposição são mais elevadas. Tais aspectos também influenciam na viscosidade
e na densidade dos LIP’s (MACFARLANE et al., 2006). A estrutura do ânion tem um
grande efeito sobre esse aspecto, embora ainda não haja justificativas que possam
explicá-lo (TROTER et al., 2016).
LIP’s mostram-se altamente polares se comparados a solventes orgânicos
convencionais, sendo que os líquidos iônicos próticos formados a partir de amônia
primária e secundária correspondem aos compostos mais polares dessa classe
(TROTER et al., 2016).
imidazólio
36
3.2.4 Metilsulfonato de N-metil-2-pirrolidônio
Segundo GREAVES e DRUMMOND (2008), a classe dos líquidos iônicos
próticos contendo lactamas, da qual [NMPH]CH3SO3 pertence, possui uma gama
muito grande de aplicações, atuando como catalisador, substituinte de ácidos
inorgânicos, em células a combustível e em fluidos de transferência térmica (TAO et
al., 2005). Se comparados a cátions baseados em íons imidazólio, possuem maior
condutividade iônica e capacidade calorífica, além de serem mais baratos e
apresentarem menor toxicidade (GREAVES e DRUMMOND, 2008).
O processo de preparação de líquidos iônicos próticos é simples e geralmente
liberam apenas um subproduto, a água. São polares, não voláteis, são miscíveis tanto
em água quanto em solventes orgânicos e podem ser facilmente reciclados (ZHANG
et al., 2007).
A acidez dos LIP’s é uma característica determinante para a sua utilização em
síntese orgânica, esta que pode ser determinada a partir da basicidade do ânion. Há
uma forte correlação entre a força do ácido e a atividade catalítica, refletindo também
na seletividade da reação e consequentemente, no produto final formado (MCCUNE
et al., 2014).
De acordo com ZHANG et al. (2007), o composto metilsulfonato de N-metil-2-
pirrolidônio classifica-se como um líquido iônico prótico ácido, e pode ser preparado
por meio de uma reação de neutralização de uma lactama (N-metil-pirrolidona) com
um ácido de Brønsted (ácido metanossulfônico), na presença de benzeno como
solvente (Figura 14).
Quanto às suas propriedades, o [NMPH]CH3SO3 apresenta-se como um líquido
viscoso e levemente amarelado à temperatura ambiente, que tende a se solidificar
com o tempo, característica comum em muitos líquidos iônicos (FREDLAKE et al,
2004). É miscível em álcoois e em água e insolúvel em hidrocarbonetos aromáticos,
alcanos e éteres (ZHANG et al., 2007).
Figura 14-Esquema da reação de síntese do metilsulfonato de N-metil 2-pirrolidônio.
Fonte: ZHANG et al., 2007.
37
37
ZHANG et al. (2007), empregaram o [NMPH]CH3SO3 como solvente e
catalisador na síntese de acetato de butila a partir de butanol e ácido acético, numa
reação de esterificação à temperatura ambiente (Figura 15), onde foram observados
altos rendimentos e seletividade considerável. Esses resultados, segundo os autores,
são justificáveis, tendo em vista a característica do líquido iônico: ser solúvel em água
e pouco solúvel em ésteres, favorecendo o equilíbrio da reação no sentido de
formação dos produtos, aumentando assim a taxa de conversão.
Figura 15-esquema da reação de síntese do acetato de butila a partir de uma reação de esterificação entre ácido acético e butanol.
Fonte: o autor, baseado em ZHANG et al., 2007.
MD. IMTEYAZ et al. (2012), descreveram uma outra metodologia para o
preparo de [NMPH]CH3SO3 sem a presença de benzeno, à temperatura ambiente e
sob agitação, o que faz com que essa síntese se torne verde (Figura 16). Os autores
o empregam na síntese de 5-hidroximetilfurfural (HMF) e 5-etoximetil-2-furfural (EMF)
a partir de ervas daninhas, por meio de uma reação de desidratação, onde foram
obtidos rendimentos consideráveis. O LI em questão ainda foi reciclado por quatro
ciclos catalíticos sem perder significativamente a sua eficiência.
Figura 16-Esquema da reação de síntese do [NMPH]CH3SO3 sem a presença de benzeno.
Fonte: Elaborada pela autora, baseado em MD. IMTEYAZ et al., 2012.
Os líquidos iônicos utilizados por MD. IMTEYAZ et al. (2012), foram avaliados
quanto à sua acidez, já que o mecanismo de desidratação de carboidratos para
produzir HMF e EMF depende diretamente da catálise ácida desses compostos. Os
compostos foram analisados na escala Hammett de acordo com procedimento
desenvolvido por THOMAZEAU et al. (2003), utilizando solução de metanol, no qual
a acidez foi medida por meio de escala espectrofotométrica de UV-VIS, onde utilizou-
38
se p-nitroanilina como indicador e uma sonda molecular. De acordo com o
procedimento, adicionou-se certa quantidade de líquido iônico em solução de p-
nitroanilina e metanol, agitando-se a solução por 2 h. São então registrados os
espectros em UV-Vis de p-nitroanilina em branco e da solução contendo LI. A acidez
de Hammett é então obtida a partir dos valores de absorvância medidos. Para
[NMPH]CH3SO3 o valor de Hammett (Ho) obtido foi de 1,34, o que mostra sua
eficiência como catalisador ácido de Brønsted.
Tabela 2-Valores da função de Hammett em [NMPH]CH3SO3 .
Líquido iônico absorbância [In]a (%) [In]b (%) H0c
Branco 1,84 100 0 ______
[NMPH]CH3SO3 1,27 69,0 31,0 1,34
a representa a concentração molar do indicador de p-nitroanilina; b [lnH+] representa a concentração molar de p-nitroanilina protonada; c H0 = pKa(In) + log([In]/[InH+]), pKa = 0.99; solvente: metanol; c(In) = 7.5 x 10-5 mol/L; c (amostra) = 3.0 x 10-2 mol/L; T = 25 °C. Fonte: elaborada pelo autor, baseado em MD. IMTEYAZ et al., 2012.
CHINNAPPAN et al. (2016), utilizaram diversos líquidos iônicos, dentre eles
[NMPH]CH3SO3, para desempenhar papel como solvente, catalisador e testar a
possibilidade de reutilização na síntese de HMF (5-hidroximetilfurfural), substância
que atua como importante intermediário na produção de polímeros como poliamidas
e poliuretanos e biocombustíveis.
CHINNAPPAN et al. (2016), relataram que a síntese de HMF por meio da
desidratação de açúcares como a frutose pode ser realizada sob catálise de vários
tipos de líquidos iônicos, sendo que dentre eles, [NMPH]CH3SO3 apresenta-se como
sendo o catalisador que garante maiores rendimentos.
XIAO e HUANG (2018), apresentaram mais uma alternativa para se produzir
HMF a partir da frutose, em uma reação de desidratação à temperatura ambiente, sob
sistema de agitação, onde foi utilizada uma combinação de [NMPH]CH3SO3 com
[Bmim]Cl, que atuaram como agentes catalíticos na síntese. Segundo XIAO e HUANG
(2018), a mistura dos dois líquidos iônicos foi submetida a um aquecimento e posterior
resfriamento a temperatura ambiente, resultando em uma espécie líquida a
temperatura ambiente. Os autores investigaram ainda qual fração da mistura garante
maior rendimento na reação, avaliando a capacidade da doação de prótons por meio
de análise utilizando solventes solvatocrômicos. Pode-se perceber que um aumento
39
39
na fração de [NMPH]CH3SO3 aumenta a polaridade da mistura binária, tendo em visto
o maior efeito doador de prótons presente no íon CH3SO3- do que no cloreto. A
viscosidade também foi uma importante propriedade verificada durante os estudos,
visto que quanto maior a interação dos íons das espécies presentes maior a
viscosidade, e menor a resposta de produção de HMF. O autor explica que esse efeito
se deve a dificuldade de transferência de massa durante o processo reacional, que
todavia, pode ser solucionado utilizando um sistema de agitação durante o processo.
Figura 17-Esquema geral da síntese de HMF por meio da desidratação da frutose.
Fonte: Elaborada pela autora, baseado em XIAO e HUANG, 2018.
XIAO e HUANG (2018), ainda estudaram a forma com que as espécies
catalisadoras interagem com o meio reacional, onde observaram que
[NMPH][CH3SO3] viabilizava a transformação de frutose em intermediários, enquanto
que [Bmim]Cl convertia melhor os intermediários em HMF devido à formação de
ligação de hidrogênio com o cloro e a hidroxila formada (Figura 18). Os autores
relataram ainda a relação entre a fração de cada catalisador presente na mistura com
o rendimento na reação, verificando a necessidade de se empregar maior proporção
de [Bmim]Cl do que [NMPH]CH3SO3.
Figura 18-Mecanismo proposto para a ativação combinada dos intermediários por [NMPH]CH3SO3 e [Bmim]Cl.
Fonte: XIAO e HUANG, 2018.
40
Pode-se perceber que um aumento na fração de [NMPH]CH3SO3 aumenta a
polaridade da mistura binária. A viscosidade também foi uma importante propriedade
verificada durante os estudos, visto que quanto maior a interação dos íons das
espécies presentes maior a viscosidade, e menor a resposta de produção de HMF,
explicada devido à dificuldade de transferência de massa durante o processo
reacional, que todavia pode ser solucionada, utilizando sistema de agitação durante o
processo.
41
41
4 METODOLOGIA
Neste capítulo, serão descritos os equipamentos e os métodos utilizados para
a síntese e caracterização dos compostos apresentados neste trabalho.
4.1 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1.1 Reagentes
O [NMPH]CH3SO3, empregado como catalisador nas reações de síntese de
pirróis, foi produzido e purificado de acordo com o procedimento descrito no item 4.2.1.
Os nitroestirenos foram preparados por metodologias já descritas na literatura. Os
demais reagentes foram obtidos de fontes comerciais.
4.1.2 Cromatografia em Camada Delgada (CCD)
Para realização de tal procedimento foram utilizadas cromatofolhas de sílica gel
60 (Whatman – AL SIL G/UV – N° 4420222 com 0,2 mm de espessura) sobre lâminas
de alumínio, utilizando-se como agentes reveladores, luz ultravioleta, iodo e solução
ácida de vanilina.
4.1.3 Cromatografia em Coluna (CC)
Os compostos obtidos foram purificados por meio de cromatografia em coluna,
utilizando-se sílica gel 40-63 µm (230-400 mesh), onde foram empregadas soluções
de hexano/acetato de etila como eluente em diferentes proporções.
4.1.4 Espectrometria de Massas (EM)
A caracterização dos compostos via espectrometria de massas de baixa
resolução foi obtida por meio de um cromatógrafo gasoso acoplado ao detector de
massas, Shimadzu GC-EM-QP2010 Plus, onde seus fragmentos encontram-se
descritos na relação entre unidade de massa atômica e a sua carga (m/z), com a
42
abundância relativa expressa em porcentagem (%). A espectrometria de massas de
alta resolução foi realizada em um equipamento amaZon Ion Trap (Bruker Daltonics)
do Centro de Biologia Molecular Estrutural – CEBIME, da UFSC e os espectros foram
medidos no modo positivo com ionização via electrospray (ESI-MS).
4.1.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
A caracterização dos compostos realizada por meio do equipamento de
ressonância magnética nuclear foi obtida utilizando-se de um espectrofotômetro FT-
NMR Bruker ASCEND400, com frequência de 400 MHz (UDESC), e Bruker DPX-400
e DPX-200, com frequência de 400 MHz e 200 MHz (UFSM). Os deslocamentos
químicos (δ) são obtidos em parte por milhão (ppm), em relação ao tetrametilsilano –
TMS (padrão para RMN de 1H) e CDCl3 (padrão RMN de 13C). A multiplicidade, o
número de hidrogênios deduzido da integral relativa e a constante de acoplamento, J,
expressa em Hertz (Hz), são colocados entre parênteses.
4.1.6 Software STATISTICA®
O planejamento fatorial foi realizado por meio do software STATISTICA®, que
é um programa que relaciona bases de dados conjuntamente com uma análise
estatística, que por meio de uma análise exploratória de dados fornece uma
interpretação do processo analítico por meio de correlações que estabelece, seja na
hipótese de médias ou na análise de variância de um fator (OGLIARI e PACHECO,
2011).
4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Nessa seção estão apresentados a metodologia experimental que se refere à
síntese de [NMPH]CH3SO3, que foi empregado como catalisador, bem como a
organização do planejamento fatorial aplicado para otimizar as condições reacionais,
e o método de preparo de pirróis tetrassubstituídos a partir de nitroestirenos e a partir
de aldeídos (reações in situ) aplicados no presente trabalho.
43
43
4.2.1 Síntese de Metilsulfonato de N-metil-2-Pirrolidônio ([NMPH]CH3SO3) (MD.
IMTEYAZ et al., 2012)
A Figura 19 representa a reação de síntese do metilsulfonato de N-metil-2-
pirrolidônio, por meio de uma lactama (N-metil-2-pirrolidona) e um ácido de Brønsted
(ácido metanossulfônico), descrita na literatura por MD. IMTEYAS et al. (2012).
Figura 19-Reação de síntese de [NMPH]CH3SO3.
Fonte: MD. IMTEYAZ et al., 2012.
Em um balão de fundo redondo com um agitador magnético sob banho de gelo
sobre um sistema de agitação adicionou-se 0,1 mol de N-metil-2-pirrolidona e, logo
após, acrescentou-se lentamente 9,6 g (0,1 mol) de ácido metanossulfônico por cerca
de 30 min. A mistura reacional foi então mantida sob agitação por mais 3 h a
temperatura ambiente. O produto obtido foi então lavado três vezes com acetato de
etila (3 x 20 mL) e seco sob vácuo por 2 h.
4.2.2 Planejamento Fatorial da Reação de Síntese de Pirróis Tetrassubstituídos
Foi realizado planejamento fatorial em dois níveis, a fim de identificar as
melhores condições da reação para sintetizar a molécula de interesse de maneira
estatisticamente correta, modificando parâmetros de temperatura, quantidade de LI,
quantidade de anilina e tempo. Nesse planejamento, foram feitas todas as
combinações entre os dois níveis de cada variável realizadas experimentalmente, com
o intuito de determinar o efeito de cada variável, bem como o efeito de interação entre
as variáveis sobre a resposta (Tabela 3). A resposta escolhida nesse trabalho foi em
% de conversão, calculada por meio dos espectros de RMN de 1H de cada reação
(Tabela 4).
44
Tabela 3-Planejamento fatorial para a síntese de Pirróis tetrassubstituídos.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
4.2.3 Síntese de pirróis tetrassubstituídos utilizando [NMPH]CH3SO3 a partir de
nitroestirenos
A partir dos dados obtidos por meio do planejamento fatorial, foram realizadas
as reações de síntese de pirróis tetrassubstituídos a partir de nitroestirenos, em
sistema one-pot e sem a utilização de solventes, conforme mostra a Figura 20 e de
acordo com o procedimento descrito a seguir.
Figura 20-Reação de formação de pirrol tetrassubstituído utilizando [NMPH]CH3SO3 como catalisador.
:
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
Preparou-se um banho de óleo pré-aquecido a 75 ºC em uma chapa de
aquecimento com agitação. Em um tubo de ensaio colocou-se 0,03 g de
[NMPH]CH3SO3, 1 mmol de acetilacetona, 1,5 mmol de anilina e 1 mmol de β-
Amostra Temperatura (°C) Catalisador (g) Anilina (mmol) Tempo (min)
1 75 0,03 1 30
2 75 0, 15 1,5 30
3 75 0, 15 1,5 90
4 75 0, 15 1 30
5 75 0,03 1 90
6 75 0,03 1,5 30
7 75 0, 15 1 90
8 75 0,03 1,5 90
9 100 0,09 1,25 60
10 100 0,09 1,25 60
11 100 0,09 1,25 60
12 125 0,03 1,5 30
13 125 0,03 1,5 90
14 125 0,03 1 30
15 125 0,03 1 90
16 125 0, 15 1 30
17 125 0, 15 1,5 30
18 125 0, 15 1,5 90
19 125 0, 15 1 90
1 2 3
4
45
45
nitroestireno. Em seguida, foi colocado o tubo de ensaio com a mistura reacional para
reagir por 30 min com o sistema aberto. Ao final, o sistema foi resfriado a temperatura
ambiente e o produto foi extraído com acetato de etila (2 x 20 mL), lavado com água
destilada (2 x 10 mL) e uma solução aquosa de cloreto de sódio saturada. Logo após
a fração orgânica foi seca com MgSO4 anidro e filtrada e, a seguir, o solvente foi
removido sob pressão reduzida. O produto foi purificado utilizando cromatografia em
coluna empregando uma mistura de acetato de etila/hexano (10/90).
Para os demais materiais de partida a proporção estequiométrica dos reagentes foi
mantida, de acordo com as condições otimizadas obtidas por meio do planejamento
fatorial.
4.2.4 Síntese de Pirróis Tetrassubstituídos Via Reação Tetra-Componente
Figura 21-Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma reação tetra- componente em sistema one-pot.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Pesou-se 0,03 g de líquido iônico em um tubo de ensaio. Adicionou-se 1 mmol
de acetilcetona e 1,5 mmol de anilina. Após 1 mL de nitrometano e 1 mmol de
benzaldeído foram adicionados. A mistura reacional foi então colocada para reagir em
banho de óleo, por 30 min e em sistema aberto. Após esse tempo, resfriou-se o
sistema a temperatura ambiente e cessou-se a reação com 10 mL de água. O produto
foi extraído com acetato de etila (2 x 20 mL), lavado com água (2 x 10 mL) e com 20
mL de solução de cloreto de sódio saturado. A fase orgânica foi seca com MgSO4 e
filtrada. O solvente foi removido sob pressão reduzida. O produto foi purificado
utilizando cromatografia em coluna empregando uma mistura de acetato de
etila/hexano (10/90).
Para os demais materiais de partida a proporção estequiométrica das espécies
reagentes foi mantida.
1 5
2 3 4
46
1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a) (SILVEIRA et al., 2013)
RMN 1H (400 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,50 – 7,47(m, 2H); 7,44 – 7,32 (m, 8H);
6,67 (s, 1H); 2,41 (s, 3H); 2,07 (s, 3H).
RMN 13C (100 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,7, 138,8, 136,0, 135,3, 129,3,129,2,
128,3, 128,1, 126,8, 126,3, 126,2, 122,6, 120,6, 31,1, 12,9.
E.M. (m/z, rel. int.%): 275 (M+, 68); 260 (100),217 (9),138 (6), 128 (11), e 77 (21).
1-(2-Metil-1-fenil-4-(p-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4b) (SILVEIRA et al., 2013)
RMN 1H (200MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,47 – 7,24 (m, 7H); 7,18 – 7,14 (m, 2H);
6,61 (s,1H); 2,40 (s, 3H); 2,35 (s, 3H); 2,08 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,4, 138,5, 136,2, 134,9, 132,7, 129,1,
128,9, 128,8, 127,8, 126,0, 125,9, 122,3, 120,2, 30,8, 20,9, 12,7.
E.M. (m/z, rel. int.%): 289 (M+, 68), 274 (100), 230 (12), 144 (6), 128 (11), 115 (7),
77 (14).
Fórmula Química: C19H17NO
Massa Molar: 275,34g / mol
Sólido branco (92% rend.)
Fórmula Química: C20H19NO
Massa Molar: 289,15g/mol
Sólido branco (85% rend.)
47
47
1-(4-(4-Clorofenil)-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4c) (SILVEIRA et al.,
2013)
RMN 1H (400 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,48 – 7,40 (m, 3H); 7,36 – 7,28 (m, 6H);
6,64 (s, 1H); 2,39 (s, 3H); 2,09 (s, 3H).
RMN 13C (100 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,0, 138,4, 135,3, 134,3, 132,6, 130,3,
129,2, 128,3, 128,1, 126,0, 124,8, 122,3, 120,6, 31,0, 12,8.
E.M. (m/z, rel. int.%): 311 ([M+2]+, 21), 309 (M+, 58), 294 (100), 259 (10), 230 (14),128
(11), 77 (21).
1-(4-Butil-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4d)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,49 – 7,44 (m, 2H); 7,42 – 7,38 (m, 1H);
7,27 – 7,26 (m, 1H); 7,25 – 7,24 (m, 1H); 6,49 (s, 1H); 2,48 (s, 3H); 2,38 (s, 3H); 1,63
– 1,53 (m, 4H); 1,47 – 1,38 (m, 2H); 0,95 (t, J = 7,3, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 195,8, 139,1, 135,5, 129,2, 127,8, 126,3,
125,4, 122,2, 119,9, 32,3, 31,1, 27,1, 22,7, 14,0, 13,6.
E.M. (m/z, rel. int.%): 255 (M+, 61); 213 (100); 197 (40); 170 (56); 77 (39).
ESI-MS: Encontrado m/z 256,1694; C17H22NO [(M+H)+] calculado: m/z 256,1696.
Etil-2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-carboxilato (4e) (SILVEIRA et al., 2013)
Fórmula Química: C19H16ClNO
Massa Molar: 309,09g/mol
Óleo amarelo (82% rend.)
Fórmula Química: C17H21NO
Massa Molar: 255,35g/mol
Óleo amarelo (44% rend.)
Fórmula Química: C20H19NO2
Massa Molar: 305,14g/mol
Óleo amarelo (81% rend.)
48
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,41 – 7,34 (m, 2H); 7,35 – 7,32 (m, 2H);
7,29 – 7,24 (m, 3H); 7,20 – 7,18 (m, 3H); 6,61 (s, 1H); 4,14 (q, J = 7,0, 2H); 2,41 (s,
3H); 1,08 (t, J = 7,0, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 165,2, 138,5, 136,0, 135,3, 129,0, 128,9,
128,9, 127,5, 127,1, 126,4, 125,8, 120,4, 111,5, 58,8, 13,6, 12,1.
E.M. (m/z, rel. int.%): 305 (M+, 100); 276 (42); 260 (37); 258 (31); 230 (26); 77 (28).
1-(1-(4-Metoxifenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4f) (SILVEIRA et al.,
2013)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,37 – 7,27 (m, 5H); 7,22 (d, J = 8,8, 2H);
6,96 (d, J = 8,8, 2H); 6,61 (s, 1H); 3,82 (s, 3H); 2,37 (s, 3H); 2,07 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,3, 159,1, 135,9, 135,4, 131,3, 129,1,
128,1, 127,2, 126,6, 125,8, 122,0, 120,7, 114,2, 55,3, 30,9, 12,6.
E.M. (m/z, rel. int.%): 305 (M+, 70); 290 (100); 263 (8); 218 (8);153 (5); 77 (9).
1-(1-(4-Clorofenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4g) (ZHANG et al.,
2014)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,47 – 7,44 (m, 2H); 7,38 – 7,35 (m, 4H);
7,33 – 7,29 (m, 1H); 7,28 – 7,25 (m, 2H); 6,63 (s, 1H); 2,39 (s, 3H); 2,06 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,5, 137,2, 135,7, 135,1, 134,0, 129,5,
129,2, 128,2, 127,4, 126,9, 126,6, 122,8, 120,3, 31,0, 12,7.
E.M. (m/z, rel. int.%): 311 ([M+2]+, 21), 310 ([M+1]+, 17), 309 (M+, 60), 296 (34), 294
(100), 128 (17).
Fórmula Química: C20H19NO2
Massa Molar: 305,14g/mol
Sólido amarelo (94% rend.)
Fórmula Química: C19H16ClNO
Massa Molar: 309,09g/mol
Sólido branco (91% rend.)
49
49
1-(2-Metil-1-(4-nitrofenil)-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4h) (ZHANG et al., 2014)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 8,40 – 8,36 (m, 2H); 7,55 – 7,51 (m, 2H);
7,42 – 7,31 (m, 5H); 6,71 (s, 1H); 2,46 (s, 3H); 2,06 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,5, 146,9, 144,1, 135,2, 134,6, 129,2,
128,4, 127,5, 127,2, 126,5, 124,9, 124,0, 119,9, 31,1, 13,0.
E.M. (m/z, rel. int.%): 320 (M+, 65); 306 (20); 305 (100); 259 (38); 229 (11).
1-(2-Metil-4-fenil-1-(o-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4i) (TANG et al., 2015)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,40 – 7,35 (m, 6H); 7,33 – 7,29 (m, 2H);
7,23 – 7,21 (m, 1H); 6,53 (s, 1H); 2,24 (s, 3H); 2,09 (s, 3H); 2,08 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,5, 137,7, 136,2, 136,0, 135,8, 130,9,
129,4, 129,0, 128,2, 127,9, 126,7, 126,7, 126,1, 121,5, 120,2, 31,0, 17,3, 12,2.
E.M. (m/z, rel. int.%): 289 (M+, 61); 274 (100); 232 (16); 91 (12).
Fórmula Química: C19H16N2O3
Massa Molar: 309,09g/mol
Sólido branco (78% rend.)
Fórmula Química: C20H19NO
Massa Molar: 289,15g/mol
Sólido branco (62% rend.)
50
1-(1-Benzil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4j) (SILVEIRA et al., 2013)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,35 – 7,23 (m, 8H); 7,08 (d, J = 7,2, 2H);
6,51 (s, 1H); 5,03 (s, 2H); 2,42 (s, 3H); 2,02 (s, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,4, 136,5, 136,3, 135,1, 129,3, 128,9,
128,1, 127,8, 126,6, 126,6, 125,9, 122,0, 120,0, 50,2, 31,0, 11,5.
E.M. (m/z, rel. int.%): 289 (M+, 58); 274 (61); 153 (2); 91 (100).
1-(1-butil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4k) (ABDUKADER et al., 2013)
RMN 1H (200 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 7,30 – 7,19 (m, 5H); 6,41 (s, 1H); 3,76 (t,
J = 7,3, 2H); 2,41 (s, 3H); 1,93 (s, 3H); 1,69 – 1,61 (s, 2H); 1,35– 1,25 (s, 2H); 0,89 (t,
J = 7,3, 3H).
RMN 13C (50 MHz / CDCl3 / TMS) δ (ppm): 197,5, 136,5, 134,7, 129,3, 128,2, 126,5,
125,6, 121,6, 119,5, 46,3, 32,8, 31,0, 19,9, 13,7, 11,5.
E.M. (m/z, rel. int.%): 255 (M+, 84); 240 (100); 198 (26); 171 (47); 43 (28).
Fórmula Química: C20H19NO
Massa Molar: 289,15g/mol
Sólido marrom (41% rend.)
Fórmula Química: C17H21NO
Massa Molar: 255,35g/mol
Sólido marrom (36% rend.)
51
51
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As primeiras sínteses de pirrol tetrassubstituído foram realizadas com o intuito
de testar a viabilidade do emprego de [NMPH]CH3SO3 como catalisador e/ou solvente,
bem como comparar a sua eficiência perante sínteses já descritas na literatura.
No processo descrito por SILVEIRA et al. (2013), usando CeCl3 como
catalisador e nitrometano (MeNO2) como solvente, o rendimento máximo obtido foi de
75%. A mesma síntese foi realizada usando [NMPH]CH3SO3 (3 mg), sob a
temperatura de 100 °C, em 60 min, sem o uso de solvente, obtendo-se um rendimento
de 78%, mostrando que a reação ocorria mesmo na ausência de solvente e com uma
quantidade catalítica de líquido iônico.
Depois dessa primeira reação teste da síntese do pirrol tetrassubstituído com
líquido iônico, foram feitas outras análises a fim de estabelecer os principais
parâmetros do processo, verificando tempo, temperatura, quantidade de reagentes e
de catalisador.
Foram realizadas reações no sentido de verificar o momento de início da
formação do produto e o tempo onde poderia ser obtido o rendimento máximo de
reação. Monitorando a reação por meio de RMN de 1H, percebeu-se que em 15
minutos, havia conversão de 89% de reagentes em produtos, e que em 60 minutos, a
conversão chegava a 100%.
A reação também foi testada variando-se a temperatura. A 25 ºC, em 90
minutos, houve baixa conversão de produto (34%). A 62 ºC pode-se perceber que
houve uma quantidade maior de produto formado (85%) e a 125 ºC o percentual de
pirrol formado foi menor (64%) comparado às condições iniciais de reação,
evidenciando que a síntese se processa de forma mais eficiente em temperaturas
entre 62,5 ºC e 100 ºC.
As condições relacionadas à quantidade de reagentes também foram
verificadas. As quantidades descritas na literatura para o β-nitroestireno e a
acetilacetona (1 mmol), foram as que ofereceram os resultados mais satisfatórios. A
massa de [NMPH]CH3SO3 (líquido iônico) empregada foi de 0, 03 g a 0,15 g.
Inicialmente, não pode ser percebida uma variação significativa de rendimento. A
reação também foi testada na ausência do catalisador e, como esperado, não houve
formação de produto. Quanto à anilina, percebeu-se que a sua utilização em excesso
proporcionava maiores rendimentos, tendo em vista de que a presença de um
52
catalisador prótico pudesse protoná-la, o que poderia fazer com que reduzisse a
quantidade de anilina disponível para atuar como nucleófilo na adição de Michael.
Depois de realizados os estudos iniciais, decidiu-se utilizar planejamento
fatorial para otimizar as condições reacionais.
5.1 PLANEJAMENTO FATORIAL
De acordo com os resultados preliminares das reações para a síntese de pirróis
tetrassubstituídos, foram obtidos os principais parâmetros da reação que então foram
otimizados por meio de um planejamento fatorial (Tabela 4), com auxílio do programa
STATISTICA®.
A partir do estudo das análises e com o auxílio do programa foi possível
estabelecer as melhores condições reacionais, traçando as variáveis que mais
influenciam no processo sintético.
A tabela a seguir (Tabela 4) mostra a combinação de variáveis e a porcentagem
de conversão obtida para cada experimento, usando β-nitroestireno e acetilacetona
como substrato (1 mmol de ambos em todos os experimentos). A temperatura da
reação foi avaliada na faixa de 75 a 125 °C, a massa de catalisador de 30 a 150 mg,
a quantidade de anilina de 1,0 a 1,5 mmol. O tempo de reação foi avaliado na faixa de
30 a 90 min. As faixas de trabalho de cada variável foram escolhidas com base nos
experimentos prévios e relatos da literatura em reações semelhantes. O ponto central
do planejamento, correspondente a 100 °C, 60 min, 90 mg de catalisador e 1,25 mmol
de anilina foi realizado em triplicata para avaliar a variância do procedimento
experimental. Observa-se um valor médio de conversão de 84,3±0,8, ou seja, um
desvio padrão relativo de apenas 1%, demonstrando excelente precisão nos
resultados.
53
53
Tabela 4 - Combinação dos quatro fatores relevantes e a resposta obtida para cada experimento no planejamento fatorial realizado.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
5.1.1 Gráfico de Pareto
Com os dados da tabela 4, foi construído o gráfico de Pareto (Figura 22), que
demonstra o efeito de cada um dos quatro fatores avaliados e de suas interações
secundárias sobre a conversão dos reagentes em produtos. Baseado na estimativa
de erro do ponto central ou dos efeitos das interações de mais alta ordem (entre 3
variáveis e das quatro variáveis), o software estima um erro padrão, e, a partir da
estimativa de efeito, pode-se determinar se o efeito é significativo ou não, frente ao
erro experimental. Efeitos que ultrapassam a linha tracejada vertical são
estatisticamente significativos, com 95% de confiança. O gráfico mostra que todos as
variáveis e suas interações secundárias são significativas, exceto as interações entre
a temperatura e a massa de anilina (1 x 3), tempo e massa de anilina (3 x 4) e massa
de catalisador e tempo de reação (2 x 4).
A interpretação do gráfico de Pareto deve ser feita com relação ao sinal dos
efeitos. Um efeito positivo significa que a média das respostas no nível mais alto dessa
variável produziram resultados maiores que a média dos resultados no nível inferior.
Um efeito negativo é o contrário, a média das respostas no nível inferior foi mais alta
que a média das respostas no nível superior. As interações podem ser interpretadas
Amostra Temperatura
(oC) Catalisador
(g) Anilina (mmol)
Tempo (min)
Conversão (%)
1 75 0, 03 1 30 86
2 75 0, 15 1,5 30 90
3 75 0, 15 1,5 90 87
4 75 0, 15 1 30 24
5 75 0, 03 1 90 93
6 75 0, 03 1,5 30 100
7 75 0, 15 1 90 31
8 75 0, 03 1,5 90 100
9 100 0, 09 1,25 60 83
10 100 0, 09 1,25 60 85
11 100 0, 09 1,25 60 85
12 125 0, 03 1,5 30 64
13 125 0, 03 1,5 90 100
14 125 0, 03 1 30 52
15 125 0, 03 1 90 83
16 125 0, 15 1 30 16
17 125 0, 15 1,5 30 81
18 125 0, 15 1,5 90 100
19 125 0, 15 1 90 55
54
como uma multiplicação: se um efeito de interação foi negativo, é provável que as
duas variáveis envolvidas na interação devam estar em níveis opostos (uma no nível
superior e outra no nível inferior avaliado) para que a resposta seja maximizada,
respeitando o sinal do efeito principal da variável mais significativa. Como os dados
são modelados matematicamente, é necessário verificar a sua validade para que uma
interpretação correta possa ser feita. Os coeficientes de correlação da curva R2 e R2
ajustado, que expressam o quão próximos estão os dados estimados pelo modelo dos
dados experimentais, foi de 0,991 e 0,978, respectivamente, sendo considerados
excelentes, especialmente levando em conta que restam 7 graus de liberdade. O
gráfico de resíduos não apresenta experimentos com erros grosseiros e apresenta
distribuição completamente aleatória dos resíduos. Desta forma, o modelo pode ser
considerado válido.
Figura 22 - Gráfico de estimativa de efeito entre as variáveis da reação.
1) temperatura; 2) catalisador; 3) anilina; 4) tempo. Fonte: elaborada pela autora, 2017.
Analisando os dados em conjunto, os pares que se referem à anilina e ao
catalisador (2 x 3) são apontados como os de maior impacto, mostrando que a
combinação máxima de anilina e mínima de catalisador proporciona uma reação mais
eficaz.
A segunda variável representada pelo tempo, de sinal positivo, mostra que
quanto maiores os valores dessa condição, melhores serão os rendimentos do
55
55
produto da síntese. O sinal 1 x 4 (tempo e temperatura) indica que a reação tem
melhor desempenho em intervalos maiores a temperaturas menores, mas de pouca
relevância no processo.
A escala da temperatura aparece como sendo de pouca relevância e com sinal
negativo, o que denota que o processo pode proceder a temperaturas mais baixas
sem efeito significativo na reação. As combinações 3 x 4, 1 x 4 e 1 x 3 não são
representativas, uma vez que os seus sinais estão em nível de ruído e com escalas
negativas. Verifica-se que o parâmetro curvatura também foi significativo. Isso quer
dizer que uma ou mais variáveis podem não se comportar de maneira linear entre os
níveis inferior e superior escolhidos. Esses efeitos são mais bem visualizados pelas
estimativas de superfícies de resposta que os dados geram (Figuras abaixo).
Figura 23 - Resposta da reação de acordo com a relação entre a quantidade de catalisador e a temperatura.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
A resposta (z) representa o efeito da combinação entre essas duas variáveis,
e, de acordo com o gráfico (Figura 23), sugere que a reação se processe de forma
mais eficaz nas condições de menor temperatura e menor catalisador na escala
observada. Observa-se uma faixa de temperatura ótima entre 75-90°C, e uma massa
de catalisador entre 0,03g e 0,15 g, com uma leve tendência para menor massa
avaliada. Há uma fraca evidência de interação entre massa de catalisador e
temperatura de reação nesse intervalo estudado, sendo que a interação pode ser
56
atribuída quando o ótimo de uma variável é uma função do valor de outra(s)
variável(is). Por exemplo, para uma temperatura de 75 °C, a massa ótima de
catalisador é 30 mg. Já para uma temperatura de 125 °C, a massa ótima de catalisador
é de 150 mg. Essa análise corrobora a interação 1x2 significativa mostrada no gráfico
de Pareto.
Figura 24 - Gráfico que estabelece os parâmetros da reação envolvendo a concentração de anilina em função da temperatura.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
O gráfico acima (Figura 24) estabelece os parâmetros da reação envolvendo a
concentração de anilina em função da temperatura, que oferece a melhor resposta
quando a anilina está na maior quantidade avaliada, numa escala de temperatura na
faixa entre 75 - 90 º C. O comportamento da reação em relação ao excesso de anilina
já era esperado, assim como citado em BHARATE et al. (2015), JADHAV et al. (2013)
e MAITI et al. (2010). No entanto, ao relacionar a interação entre essas variáveis com
o gráfico de Pareto (1 x 3), pode-se verificar que a interação entre elas é pouco
significativa.
57
57
Figura 25 - parâmetros da reação envolvendo o tempo de reação em função da temperatura.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
Na Figura 25, verifica-se a resposta frente a interação dos fatores tempo e
temperatura. O tempo de reação não se mostrou significativo na faixa de 30 - 90 min
quando temperaturas na faixa de 75 - 90°C são utilizadas. Por outro lado, em
temperaturas maiores, por exemplo, 125 °C, mesmo com 90 min de reação, a resposta
não é maximizada. A formação dos intermediários pode ser desfavorecida em
temperaturas elevadas, ou a desprotonação do catalisador (consequentemente a
protonação da anilina) pode ser favorecida em alta temperatura, o que se sugere ser
a causa do retardo na reação. Tal efeito de interação se mostra bastante significativo,
também se considerando os valores obtidos no gráfico de Pareto (interações 1 x 4).
58
Figura 26 - Gráfico que mostra a resposta da reação frente a relação entre as quantidades de anilina e catalisador.
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
Na Figura 26, tem-se o gráfico que mostra a como a reação responde em
função da quantidade de anilina e do catalisador. Pode-se observar que a faixa de
quantidade de catalisador de 30 - 150 mg somente pode ser para uma máxima
quantidade de anilina (1,5 mmol). Ao passo que aumenta a quantidade de catalisador
a reação requer maior quantidade de anilina e, mesmo assim, o rendimento não é
maximizado (tais considerações vêm a ser importantes no sentido de compreender a
etapa lenta da reação). Por sua vez, o líquido iônico empregado como catalisador é
um ácido de Brønsted, visto que possui um próton disponível para doação - H0= 1,34
na escala Hammett (MD. IMTEYAZ et al., 2012). Dessa forma, ele pode protonar a
anilina (pka do íon anílico é de 4,60), o que pode retardar o progresso da reação e
diminuir o seu rendimento. Essa é a interação de maior impacto observada nesse
estudo (2 x 3, veja Figura 22), que só pode ser avaliada por meio de um planejamento
multivariado, no qual as combinações entre as variáveis são avaliadas de forma
simultânea.
59
59
Figura 27 - Gráfico que mostra a resposta da reação a partir da relação entre a quantidade de anilina e
o tempo de reação.
Fonte: Elaborada pelo autora, 2017.
O gráfico da figura 27 mostra que, com grande quantidade de anilina a eficácia
da reação não se altera na faixa de tempo de 30-90 min. Na menor quantidade de
anilina (1 mmol) verifica-se a necessidade de empregar o máximo de tempo (90 min).
Portanto, entende-se que a anilina deve estar envolvida na etapa lenta da reação,
tendo em vista que a sua quantidade influencia no tempo necessário para que a
reação seja finalizada.
Assim posto, a condição ótima atribuída para a reação, usando β-nitroestireno
como material de partida é de 30 min de reação, 1,5 mmol de anilina, 75 °C e 0,03 g
de catalisador.
5.2 SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS VIA REAÇÃO TRI-
COMPONENTE APÓS OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES REACIONAIS.
Foram feitas diversas reações a partir de diferentes nitroestirenos e anilinas,
utilizando as condições otimizadas, para avaliar a sua aplicabilidade (Figura 28;
Tabela 5).
60
Figura 28 - Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma reação tri- componente em sistema one-pot.
Fonte: elaborada pela autora, 2018.
Tabela 5 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3 a partir de nitroestirenos.
Linha nitroestirenos composto
dicarbonílico aminas produto
Rend (%)a
1
92
2
85
3
82
4
44b
1a 2a
1b 2a
1c 2a
1d 2a
1 2 3
4
61
61
5
81b
6
94
7
91
8
78
9
62
10
41
2a
1a 2a
1a 2a
1a 2b 4e
1a 2a
3f
1a 2a
1a
Continuação daTabela 5 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3
a partir de nitroestirenos.
62
11
36
a Reações realizadas com 1 mmol de nitroestireno, 1 mmol do composto dicarbonílico e 1,5 mmol de amina, e com tempo de 30 min. b Reação realizada em 2h. Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Na molécula 4c, foi empregado um nitroestireno com substituinte contendo uma
espécie retiradora de elétrons (cloro), resultando em um rendimento de 82%.
Considera-se a hipótese de que o grupo cloro ligado ao anel aromático diminuiu a
polarização do sistema α,β insaturado, diminuindo a eletrofilicidade do carbono β e,
consequentemente, diminuindo o rendimento da reação. De acordo com a literatura,
esse efeito parece não alterar de forma significativa a reatividade do nitroestireno no
processo de adição conjugada, já que não há impedimento nos carbonos onde ocorre
a adição (MOURA, 2007). Além de que o grupo NO2 ligado à dupla possui um forte
efeito retirador de elétrons, de maneira que a presença de grupos doadores ou
retiradores no anel aromático presente na nitro-olefina não afetaria significativamente
a reatividade da mesma.
Na molécula 4b, a presença de um grupo metila na posição para, que é um
grupo ativante fraco, leva a um rendimento de 85%. Já a molécula 4d foi obtida com
rendimento de 44%, em 2 h de reação tendo em vista que foi formada a partir de uma
nitro-olefina de cadeia alquílica. Pode-se notar que a presença de uma cadeia alifática
no lugar de um anel aromático leva a uma diminuição no rendimento reacional.
No composto 4e, houve a substituição da acetilacetona pelo acetoacetato de
etila e percebeu-se uma diminuição significativa do rendimento (37%). Dessa forma,
optou-se por fazer a reação em um tempo maior (2 h), onde foi obtido o respectivo
pirrol com um rendimento de 81%.
Os compostos 4f-k foram sintetizados utilizando-se diferentes aminas, com
ativadores e desativadores do anel, bem como aminas alifáticas. Para a síntese da
molécula 4f, empregou-se a amina 3b, contendo um grupo metóxi na posição para,
que fez com que houvesse uma maior ativação do anel, aumentando a reatividade da
anilina, facilitando o processo de formação da imina e posterior ataque à olefina, que
resultou na formação de pirrol com 94% de rendimento.
de nitroestirenos.
1a 2a
3g
4k
nitroestirenos.
Continuação daTabela 5 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3
a partir de nitroestirenos.
63
63
A presença de cloro na posição para da anilina (3c), que é um retirador de
elétrons, utilizado na síntese do pirrol 4g, diminuiu a densidade eletrônica do anel e,
consequentemente, diminuiu a nucleofilicidade da anilina, o que fez com que
houvesse a formação de um doador de Michael menos reativo. Porém esse efeito não
é tão intenso pelo fato do cloro retirar elétrons por efeito indutivo, o que explica a
pequena variação no rendimento da reação (90%).
No reagente 3d, a presença do grupo NO2, que atua como um retirador de
elétrons forte na posição para em relação ao grupo amina, diminui de maneira
considerável a nucleofilicidade da anilina, levando à um produto com rendimento de
78% (4h).
Na molécula 4i, empregou-se um grupo metila na posição orto da anilina de
partida (3e), que é um doador de elétrons. Todavia, como ele encontra-se posicionado
na posição orto em relação ao grupo funcional amina, acaba realizando um
impedimento estérico, dificultando posterior ataque da base em uma das carbonilas
presente na dicetona, que explica a diminuição do rendimento do produto formado
(62%).
Na síntese do composto 4j, a amina 3f apresenta um carbono sp3 entre o grupo
amina e o anel aromático, diminuindo a reatividade do composto, levando a formação
do pirrol com um rendimento de apenas 41%. Já na molécula 3g, onde a amina possui
cadeia alifática, percebe-se que a ausência do anel aromático influi drasticamente na
reatividade do composto fazendo com que o rendimento da reação diminua ainda
mais, para 36% (4k). Percebe-se que a presença do anel aromático influencia
diretamente no rendimento da reação, tendo em vista que a presença do sistema π
conjugado no anel, aumenta a disponibilidade de elétrons da amina para o sistema
reacional.
64
5.3 SÍNTESE DE PIRRÓIS TETRASSUBSTITUÍDOS VIA REAÇÃO TETRA-
COMPONENTE
Além das reações tri-componente realizadas a partir de β-nitroestireno como
material de partida, também foram sintetizados pirróis tetrassubstituídos com reações
tetra-componentes (Figura 29), onde o β-nitroestireno foi sintetizado no próprio meio
reacional a partir de aldeídos e nitrometano, o que é uma grande vantagem, visto que
toda a síntese ocorre em sistema one-pot. Da mesma forma que foram testadas
reações utilizando aminas e β-nitroestirenos com diferentes substituintes nas reações
tri-componente, foram realizadas sínteses de pirróis tetrassubstituídos em reações
tetra-componentes a partir de aminas e aldeídos com diferentes reatividades. O
resultado dessas sínteses pode ser visto na Tabela 6, Figura 29.
Figura 29 - Esquema geral da síntese de pirróis tetrassubstituídos por meio de uma reação tetra- componente em sistema one-pot.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
65
65
Tabela 6 - Síntese de pirróis tetrassubstituídos catalisada por [NMPH]CH3SO3 a partir de aldeídos.
Linha benzaldeído solvente acetilcetona aminas produto Rend
%a
1
CH3NO2
87
2
CH3NO2
3a
83
3
CH3NO2
71
4
CH3NO2
74
5
CH3NO2
69b
a Reações realizadas com 1 mmol de benzaldeído, 1 mL de nitrometano, 1 mmol de dicetona e 1,5 mmol de amina. b Empregado 1,3 mmol de benzaldeído, 1 mmol de acetilcetona e 1 mmol de butilamina.
5a 2a
1h 5a
2a
1g 5a 2a 3g
66
As reações feitas a partir de aldeídos e nitrometano foram realizadas sob as
mesmas condições anteriores, exceto composto 4k, onde a reação foi feita com
excesso de benzaldeído (1,3 mmol).
Os rendimentos tiveram uma leve diminuição em relação às reações tri-
componentes, o que pode ter ocorrido em função da formação in situ do próprio
material de partida (β-nitroestireno). Foram empregados aldeídos e aminas com
substituintes contendo grupos doadores ou retiradores de elétrons, de cadeia aberta
ou fechada.
Para a síntese do composto 4k, a utilização de uma amina de cadeia alifática
como nucleófilo (3g) diminuiu o rendimento da reação em relação ao preparo do
mesmo composto na reação tri-componente. Nesse sentido, foi empregado um
excesso de aldeído conforme descreve MAITI et al. (2010), promovendo um
rendimento de 69%, maior que o obtido na reação tri-componente (36%).
67
67
5.4 MECANISMO DA REAÇÃO
Figura 30 - Mecanismo geral da reação de síntese de pirrol tetrassubstituído a partir de nitroestirenos.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
A figura 30 apresenta uma proposta de mecanismo para a síntese de pirróis
tetrassubstuídos a partir de nitroestirenos baseada em diversos artigos da literatura
que relatam a síntese de pirróis ( GUAN et al. 2015; NAIR et al. 2015; ZHANG et al.
2014; ZANG et al. 2015). A reação tem início com a protonação da dicetona, a qual
captura um próton do [NMPH]CH3SO3 formando a espécie protonada A, tornando o
carbono desta carbonila mais eletrofílico, portanto, mais propenso ao ataque da amina
3 (nucleófilo). O ataque nucleofílico ocorre na sequência, formando o intermediário
hemiaminal B. O par de elétrons não ligante do oxigênio da hidroxila abstrai um próton
do líquido iônico, formando a espécie C, a qual libera H2O formando o intermediário
D, que com a perda de um próton leva a imina E, a qual tautomeriza para a enamina
F, esta realiza o ataque nucleofílico ao β-nitroestireno 1. O intermediário formado
abstrai um próton do meio reacional (líquido iônico) produzindo a imina G. Em seguida,
ocorre um reação intramolecular, onde o par de elétrons não ligante do nitrogênio da
68
Figura 31 - Gráfico do espectro de RMN de 1H, referente a 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a) a 400 MHz em CDCl3 tendo TMS como padrão.
imina ataca o carbono α ao grupo nitro, o qual abstrai outro próton do meio formando
o dihidro-1H-pirrol H, que após a liberação de água e nitroxil (HNO) torna-se
aromático, formando o pirrol correspondente 4. O mecanismo das reações tetra-
componentes são muito similares, se diferenciando apenas pela formação do β-
nitroestireno in situ através da reação de Henry seguida de uma reação de
desidratação.
5.5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ESPECTRIAS
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
Os sinais de RMN de 1H evidenciam a formação do pirrol tetrassubstituído
(Figura 31), iniciando-se pelos simpletos que correspondem a duas metilas, uma
ligada diretamente ao pirrol (2,07 ppm) e a outra ligada a carbonila associada ao pirrol
(2,41 ppm). Em 6,67 ppm, o simpleto corresponde ao hidrogênio ligado ao pirrol. Os
demais sinais referentes aos hidrogênios aromáticos apresentam-se como multipletos
entre 7,32 e 7,52 ppm.
69
69
Figura 32 - Gráfico do espectro de RMN de 13C, referente a 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a) a 100 MHz tendo como padrão CDCl3.
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
Os sinais de RMN de 13C (Figura 32) indicam a presença dos átomos de
carbono referentes à molécula 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a). Os
sinais de deslocamento em 12,9 ppm e 31,1 ppm referem-se às metilas, sendo que o
primeiro sinal está relacionado com a metila que está ligada ao núcleo pirrólico (C6),
e a segunda refere-se à metila ligada à carbonila do grupo cetônico (C8). O sinal em
77 ppm se refere ao solvente empregado (CDCl3). Os sinais em 138,8 ppm (C15) e
em 136,0 ppm (C9), correspondem a carbonos não hidrogenados. O sinal em 135,3
ppm (C2), também corresponde à um carbono não hidrogenado vizinho ao nitrogênio
do pirrol . Em 197,7 ppm apresenta-se um sinal de baixa intensidade, que indica que
à ele não estão ligados hidrogênios, e o seu deslocamento mostra que ele refere-se
ao carbono da carbonila (C7). Ocorrem dois sinais em 129,3 ppm evidenciam a
presença dos CH’s equivalentes C17 e C19 e C11 e C13, situados nos anéis
aromáticos. Em 128,3 ppm está presente o sinal de carbono relativo ao C12 e em
128,1 ppm está presente o sinal relativo ao carbono 3 situado no pirrol. Em 126,8 ppm,
126,3 ppm e 126,2 ppm apresentam-se os sinais dos carbonos 10, 4 e 13,
respectivamente, que são referentes aos carbonos dos anéis aromáticos. E por fim,
aparecem os sinais 122,6 ppm e 120,6 ppm que são relativos aos carbonos 19 e 5.
70
Os espectros referentes aos demais pirróis provenientes das reações feitas
com reagentes com diferentes substituintes são basicamente os mesmos, exceto pela
presença de sinais característicos atribuídos a grupos alquílicos ou heteroátomos
específicos que cada produto apresenta. Todos eles são apresentados no APÊNDICE
A.
71
71
6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Com o intuito de apresentar uma nova alternativa para sintetizar pirróis
tetrassubstituídos por meio de uma reação de adição de Michael a partir de um
catalisador ácido prótico, aplicou-se o líquido iônico metilsulfonato de N-metil-2-
pirrolidônio, o qual atuou de maneira eficiente, produzindo excelentes resultados, além
de ser um composto de simples obtenção.
Um estudo mais detalhado da reação por meio de um planejamento fatorial,
que foi elaborado com o auxílio do programa STATISTICA®, permitiu uma maior
compreensão do processo reacional, sobretudo a relação entre as variáveis que mais
influenciam no processo sintético, mostrando por exemplo a importância da utilização
do excesso de anilina perante o emprego de uma quantidade mínima de catalisador,
que gerou uma máxima resposta na síntese.
As sínteses tri-componentes realizadas a partir de nitroestirenos, resultaram na
formação de pirróis com rendimentos que variaram entre 36% a 94%, de acordo com
a presença de substituintes doadores e retiradores de elétrons presentes em doadores
(iminas) e aceptores de Michael (nitroestirenos). Sendo que o maior efeito sobre os
rendimentos foi percebido com o emprego de diferentes aminas. contendo grupos
doadores e retiradores de elétrons, bem como aminas alifáticas.
A síntese de pirróis tetrassubstituídos obtidos a partir de reações tetra-
componentes, com a formação de nitroestirenos in situ, resultaram na formação de
produtos entre 69% e 87%, onde se pode perceber de forma geral um pequeno
decréscimo de rendimento, que pode ser explicada pela formação do nitroestireno
durante o processo sintético ou até possíveis interações entre os aldeídos e as
aminas. Todavia, essa diminuição dos rendimentos formados foi pequena, levando
em consideração a praticidade da reação tetra-componente perante a reação tri-
componente, já que o β-nitroestireno é formado no próprio meio reacional.
Dessa forma, analisando os objetivos iniciais, pode-se concluir que todos eles
foram alcançados, o [NMPH[CH3SO3 foi empregado com sucesso na preparação de
pirróis, sendo usado em quantidades catalíticas em ambas as reações (tri e tetra-
componente), realizadas em sistema one-pot e em sistema aberto, com temperaturas
72
brandas otimizadas através do planejamento fatorial. Todos os produtos foram
devidamente identificados por CG-EM, RMN de 1H e 13C.
Por fim, espera-se que o líquido iônico [NMPH]CH3SO3 possa ser empregado
em outras reações em síntese orgânica, as quais requeiram a presença de um
catalisador ácido prótico, ou mesmo a substituição de solventes orgânicos voláteis.
73
73
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APÊNDICES
APÊNDICE A: ESPECTROS DE RMN DE 1H E 13C DOS PIRRÓIS OBTIDOS
EM CDCl3 e TMS como padrão interno.
RMN 1H: 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a)
RMN 13C: 1-(2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4a)
80
RMN 1H: 1-(2-Metil-1-fenil-4-(p-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4b)
RMN 13C: 1-(2-Metil-1-fenil-4-(p-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4b)
.
81
81
RMN 1H: 1-(4-(4-Clorofenil)-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4c)
RMN 13C: 1-(4-(4-Clorofenil)-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etanona (4c)
82
RMN 1H: 1-(4-Butil-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4d)
RMN 13C: 1-(4-Butil-2-metil-1-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4d)
83
83
RMN 1H: Etil 2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-carboxilato (4e)
RMN 13C: Etil 2-metil-1,4-difenil-1H-pirrol-3-carboxilato (4e)
84
RMN 1H: 1-(1-(4-Metoxifenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4f)
RMN 13C: 1-(1-(4-Metoxifenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4f)
85
85
RMN 1H: 1-(1-(4-Clorofenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4g)
RMN 13C: 1-(1-(4-Clorofenil)-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4g)
86
RMN 1H: 1-(2-Metil-1-(4-nitrofenil)-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4h)
RMN 13C: 1-(2-metil-1-(4-nitrofenil)-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4h)
87
87
RMN 1H: 1-(2-Metil-4-fenil-1-(o-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4i)
RMN 13C: 1-(2-Metil-4-fenil-1-(o-toluil)-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4i)
88
RMN 1H: 1-(1-Benzil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4j)
RMN 13C: 1-(1-Benzil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4j)
89
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RMN 1H: 1-(1-butil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4k)
RMN 13C: 1-(1-butil-2-metil-4-fenil-1H-pirrol-3-il)etan-1-ona (4k)
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APÊNDICE B – ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA SYNTHESIS
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