síntese, caracterização e propriedades de materiais
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
DEPARTAMENTO DE QUIacuteMICA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM QUIacuteMICA
DISSERTACcedilAtildeO DE MESTRADO
Siacutentese Caracterizaccedilatildeo e Propriedades de Materiais Hiacutebridos
formados entre Polianilina e Oacutexidos de Vanaacutedio obtidos pelo
Processo Sol-Gel
Aluno Willian Gonccedilalves Menezes
Orientador Aldo Joseacute Gorgatti Zarbin
Co-orientadora Jaiacutesa Fernandes Soares
Data de admissatildeo PPGQ 25022005
Curitiba
2007
ii
Aos meus pais Luiz e Nelcina que sempre me apoiaram incondicionalmente
dedico esta dissertaccedilatildeo
Uma singela homenagem a quem tanto amo
ldquoSeria impossiacutevel a um filho retribuir a seus pais toda a afaacutevel bondade
mesmo que pudesse durante cem longos anos carregar seu pai no ombro
direito e sua matildee no esquerdordquo
S Gautama
Agrave minha irmatilde Alyne e agrave minha avoacute Vera por todo o incentivo apoio
auxiacutelio paciecircncia carinho e amor
Agrave memoacuteria do meu avocirc Nelson pois gostaria muito de ver este trabalho
iii
AGRADECIMENTOS
diams A Deus
diams Ao Professor Aldo J G Zarbin pela orientaccedilatildeo amizade paciecircncia confianccedila
e total auxiacutelio e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams A Professora Jaiacutesa Fernandes Soares pela co-orientaccedilatildeo apoio preocupaccedilatildeo
carinho e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams Aos professores Fernando Wypych e Maacutercio Peres Arauacutejo por terem
participado da banca do Exame de Qualificaccedilatildeo
diams Aos professores Roberto M Torresi (IQ-USPSP) e Fernando Wypych por
terem participado da banca e terem dedicado parte do seu tempo a este
trabalho
diams A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES ndash
pela concessatildeo da bolsa de estudos
diams Aos amigos do GQM Aline Eryza Salsicha (Edson) Humberto Maacute (Marcela)
Mari (Mariane) Deise e Mascote (Eduardo)
diams A todos os companheiros do LabQAM Prof Patiacutecio P Zamora Prof Marco T
Grassi Kely Elaine Adriane Giovane Daniela Danielle Vanessa Carol
Ramon David Baacuterbara Gilceacutelia e Luiz
diams Aos ex-ldquoLabqamnianosrdquo pelos agradaacuteveis momentos de descontraccedilatildeo e pela
oacutetima convivecircncia no Lab em especial Elizabeacutetica (Elizabeth) Elias Carla
Claudinho Fernando Gi (Giselle) e Ellen
diams A UFPR pela soacutelida formaccedilatildeo proporcionada
diams Aos professores da UFPR em especial aos do Departamento de Quiacutemica
iv
diams A professora Orliney M Guimaratildees pela atenccedilatildeo e auxiacutelio desde minha
chegada ao Departamento de Quiacutemica quando ainda calouro
diams Ao LMELNLS (CampinasSP) e ao CMETUFPR pelas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
diams A Dayane M Reis por todas as siacutenteses do precursor e pelas discussotildees dos
resultados
diams A Marcela M Oliveira pelas medidas de MET e HRTEM aleacutem da amizade
diams A Eryza G Castro pelo total auxiacutelio e pelas vaacuterias discussotildees que contribuiacuteram
muito para este trabalho desde a primeira destilaccedilatildeo da anilina
diams Ao Leandro M Tosta pela amizade e por todas as discussotildees e ainda a seus
pais (Paulo e Nelli) pelo apoio pelos oacutetimos momentos de descontraccedilatildeo e
pelos almoccedilos de domingo
diams A todo o corpo teacutecnico-administrativo da UFPR
diams A todos que direta ou indiretamente contribuiacuteram para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho
diams Aos amigos e colegas do pensionato (pensatildeo da Simone) e da repuacuteblica onde
morei durante minha formaccedilatildeo Simone Maiacutesa Dona Ceacutelia Sandratildeo Samira
Flaacutevia Juacute Renata Vlaacutedia Augusto Tomaacutes Wazen Leandrinho Felipe
Cursinho Takechi Mineiro Parceiro Machado Samuel Gauacutecho Ricardo
Diego Baiano Gallo Max Juacutelio Thiago
diams Agravequela que me acolheu desde o primeiro dia de aula nesta universidade com
um afaacutevel sorriso e com quem costumava conversar durante as aulas na fila
do RU no laboratoacuterio na salinha na calccedilada do almoxarifado e por telefone ndash
Aline Tiboni ao seu lado com tudo que vivemos juntos eu pude descobrir o
verdadeiro significado da palavra AMIZADE ndash Muito obrigado por tudo
v
diams A todos os GRANDES amigos que fiz nesta cidade desde a graduaccedilatildeo ateacute o
presente momento e que levarei comigo do lado esquerdo do peito
Humberto Daniel Tainha e Baacuterbara ndash principais ldquosuportesrdquo durante minha
jornada nesta cidade
diams A todos os ldquomeusrdquo professores de Carmo-RJ pelo incentivo e por contribuiacuterem
para minha formaccedilatildeo em especial Tia Ana Tia Guguta Tia Dalva Dona Laiacutes
Tia Eloiacutesa Robinho e Moanice
diams Aos funcionaacuterios do Coleacutegio Estadual Professor Aureacutelio Duarte por serem
sempre atenciosos e natildeo medirem esforccedilos para atender aos meus pedidos
(histoacutericos diploma declaraccedilotildees) em especial a Regininha e Ana Luacutecia
diams Aos amigos e colegas que deixei em minha cidade natal (Carmo-RJ) Rafael
Habib Faacutebio Habib Fabriacutecio Mauriacutecio Monique Thaiacutes Alex Rocircmulo (Light)
Samuel Klayton Arruda Jimmer Pricila Fabiano Bruno Juacutenior Tiatildeozinho
Brancatildeo Ana Paula Gleice Faacutebio Rogeacuteria Gilcimar Merica Cabrita
Marcinho Sandro Marinete Eneias Tada Elcio Dona Leonir Zezeacute Lozane
Glaciele Marise entre outros que sempre torceram por mim
diams Aos amigos da Igreja Assembleacuteia de Deus ndash Ministeacuterio Leviacute Gasparian por
todas as oraccedilotildees
diams A duas pessoas muito importantes em minha vida pelas quais eu tenho um
enorme carinho Elias e Diogo ndash Ich liebe euch
diams A melhor irmatilde do mundo Alyne por todo o amor incentivo atenccedilatildeo carinho
cumplicidade e amizade ndash ldquoTADOLOrdquo maninha
diams A toda minha famiacutelia meu avocirc Nelson (in memorian) Tio Gonzaga Tia
Silvana Ismael Daniel Tio Jorge Tia Denise Nem (primo-irmatildeo) Nathaacutelia
Priscila Giovanna Tia Teresa Nequinha Marcelo Tia Nete Marlene Tia
Faacutetima Tio Ney Daniel Fabriacutecio Tia Elza (in memorian) Tio Domingos (in
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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intralamellar polymer growth in polyanilinemetal oxide nanocomposites is
facilitated by molecular oxygen
2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
ii
Aos meus pais Luiz e Nelcina que sempre me apoiaram incondicionalmente
dedico esta dissertaccedilatildeo
Uma singela homenagem a quem tanto amo
ldquoSeria impossiacutevel a um filho retribuir a seus pais toda a afaacutevel bondade
mesmo que pudesse durante cem longos anos carregar seu pai no ombro
direito e sua matildee no esquerdordquo
S Gautama
Agrave minha irmatilde Alyne e agrave minha avoacute Vera por todo o incentivo apoio
auxiacutelio paciecircncia carinho e amor
Agrave memoacuteria do meu avocirc Nelson pois gostaria muito de ver este trabalho
iii
AGRADECIMENTOS
diams A Deus
diams Ao Professor Aldo J G Zarbin pela orientaccedilatildeo amizade paciecircncia confianccedila
e total auxiacutelio e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams A Professora Jaiacutesa Fernandes Soares pela co-orientaccedilatildeo apoio preocupaccedilatildeo
carinho e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams Aos professores Fernando Wypych e Maacutercio Peres Arauacutejo por terem
participado da banca do Exame de Qualificaccedilatildeo
diams Aos professores Roberto M Torresi (IQ-USPSP) e Fernando Wypych por
terem participado da banca e terem dedicado parte do seu tempo a este
trabalho
diams A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES ndash
pela concessatildeo da bolsa de estudos
diams Aos amigos do GQM Aline Eryza Salsicha (Edson) Humberto Maacute (Marcela)
Mari (Mariane) Deise e Mascote (Eduardo)
diams A todos os companheiros do LabQAM Prof Patiacutecio P Zamora Prof Marco T
Grassi Kely Elaine Adriane Giovane Daniela Danielle Vanessa Carol
Ramon David Baacuterbara Gilceacutelia e Luiz
diams Aos ex-ldquoLabqamnianosrdquo pelos agradaacuteveis momentos de descontraccedilatildeo e pela
oacutetima convivecircncia no Lab em especial Elizabeacutetica (Elizabeth) Elias Carla
Claudinho Fernando Gi (Giselle) e Ellen
diams A UFPR pela soacutelida formaccedilatildeo proporcionada
diams Aos professores da UFPR em especial aos do Departamento de Quiacutemica
iv
diams A professora Orliney M Guimaratildees pela atenccedilatildeo e auxiacutelio desde minha
chegada ao Departamento de Quiacutemica quando ainda calouro
diams Ao LMELNLS (CampinasSP) e ao CMETUFPR pelas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
diams A Dayane M Reis por todas as siacutenteses do precursor e pelas discussotildees dos
resultados
diams A Marcela M Oliveira pelas medidas de MET e HRTEM aleacutem da amizade
diams A Eryza G Castro pelo total auxiacutelio e pelas vaacuterias discussotildees que contribuiacuteram
muito para este trabalho desde a primeira destilaccedilatildeo da anilina
diams Ao Leandro M Tosta pela amizade e por todas as discussotildees e ainda a seus
pais (Paulo e Nelli) pelo apoio pelos oacutetimos momentos de descontraccedilatildeo e
pelos almoccedilos de domingo
diams A todo o corpo teacutecnico-administrativo da UFPR
diams A todos que direta ou indiretamente contribuiacuteram para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho
diams Aos amigos e colegas do pensionato (pensatildeo da Simone) e da repuacuteblica onde
morei durante minha formaccedilatildeo Simone Maiacutesa Dona Ceacutelia Sandratildeo Samira
Flaacutevia Juacute Renata Vlaacutedia Augusto Tomaacutes Wazen Leandrinho Felipe
Cursinho Takechi Mineiro Parceiro Machado Samuel Gauacutecho Ricardo
Diego Baiano Gallo Max Juacutelio Thiago
diams Agravequela que me acolheu desde o primeiro dia de aula nesta universidade com
um afaacutevel sorriso e com quem costumava conversar durante as aulas na fila
do RU no laboratoacuterio na salinha na calccedilada do almoxarifado e por telefone ndash
Aline Tiboni ao seu lado com tudo que vivemos juntos eu pude descobrir o
verdadeiro significado da palavra AMIZADE ndash Muito obrigado por tudo
v
diams A todos os GRANDES amigos que fiz nesta cidade desde a graduaccedilatildeo ateacute o
presente momento e que levarei comigo do lado esquerdo do peito
Humberto Daniel Tainha e Baacuterbara ndash principais ldquosuportesrdquo durante minha
jornada nesta cidade
diams A todos os ldquomeusrdquo professores de Carmo-RJ pelo incentivo e por contribuiacuterem
para minha formaccedilatildeo em especial Tia Ana Tia Guguta Tia Dalva Dona Laiacutes
Tia Eloiacutesa Robinho e Moanice
diams Aos funcionaacuterios do Coleacutegio Estadual Professor Aureacutelio Duarte por serem
sempre atenciosos e natildeo medirem esforccedilos para atender aos meus pedidos
(histoacutericos diploma declaraccedilotildees) em especial a Regininha e Ana Luacutecia
diams Aos amigos e colegas que deixei em minha cidade natal (Carmo-RJ) Rafael
Habib Faacutebio Habib Fabriacutecio Mauriacutecio Monique Thaiacutes Alex Rocircmulo (Light)
Samuel Klayton Arruda Jimmer Pricila Fabiano Bruno Juacutenior Tiatildeozinho
Brancatildeo Ana Paula Gleice Faacutebio Rogeacuteria Gilcimar Merica Cabrita
Marcinho Sandro Marinete Eneias Tada Elcio Dona Leonir Zezeacute Lozane
Glaciele Marise entre outros que sempre torceram por mim
diams Aos amigos da Igreja Assembleacuteia de Deus ndash Ministeacuterio Leviacute Gasparian por
todas as oraccedilotildees
diams A duas pessoas muito importantes em minha vida pelas quais eu tenho um
enorme carinho Elias e Diogo ndash Ich liebe euch
diams A melhor irmatilde do mundo Alyne por todo o amor incentivo atenccedilatildeo carinho
cumplicidade e amizade ndash ldquoTADOLOrdquo maninha
diams A toda minha famiacutelia meu avocirc Nelson (in memorian) Tio Gonzaga Tia
Silvana Ismael Daniel Tio Jorge Tia Denise Nem (primo-irmatildeo) Nathaacutelia
Priscila Giovanna Tia Teresa Nequinha Marcelo Tia Nete Marlene Tia
Faacutetima Tio Ney Daniel Fabriacutecio Tia Elza (in memorian) Tio Domingos (in
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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facilitated by molecular oxygen
2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
iii
AGRADECIMENTOS
diams A Deus
diams Ao Professor Aldo J G Zarbin pela orientaccedilatildeo amizade paciecircncia confianccedila
e total auxiacutelio e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams A Professora Jaiacutesa Fernandes Soares pela co-orientaccedilatildeo apoio preocupaccedilatildeo
carinho e incentivo desde a iniciaccedilatildeo cientiacutefica
diams Aos professores Fernando Wypych e Maacutercio Peres Arauacutejo por terem
participado da banca do Exame de Qualificaccedilatildeo
diams Aos professores Roberto M Torresi (IQ-USPSP) e Fernando Wypych por
terem participado da banca e terem dedicado parte do seu tempo a este
trabalho
diams A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES ndash
pela concessatildeo da bolsa de estudos
diams Aos amigos do GQM Aline Eryza Salsicha (Edson) Humberto Maacute (Marcela)
Mari (Mariane) Deise e Mascote (Eduardo)
diams A todos os companheiros do LabQAM Prof Patiacutecio P Zamora Prof Marco T
Grassi Kely Elaine Adriane Giovane Daniela Danielle Vanessa Carol
Ramon David Baacuterbara Gilceacutelia e Luiz
diams Aos ex-ldquoLabqamnianosrdquo pelos agradaacuteveis momentos de descontraccedilatildeo e pela
oacutetima convivecircncia no Lab em especial Elizabeacutetica (Elizabeth) Elias Carla
Claudinho Fernando Gi (Giselle) e Ellen
diams A UFPR pela soacutelida formaccedilatildeo proporcionada
diams Aos professores da UFPR em especial aos do Departamento de Quiacutemica
iv
diams A professora Orliney M Guimaratildees pela atenccedilatildeo e auxiacutelio desde minha
chegada ao Departamento de Quiacutemica quando ainda calouro
diams Ao LMELNLS (CampinasSP) e ao CMETUFPR pelas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
diams A Dayane M Reis por todas as siacutenteses do precursor e pelas discussotildees dos
resultados
diams A Marcela M Oliveira pelas medidas de MET e HRTEM aleacutem da amizade
diams A Eryza G Castro pelo total auxiacutelio e pelas vaacuterias discussotildees que contribuiacuteram
muito para este trabalho desde a primeira destilaccedilatildeo da anilina
diams Ao Leandro M Tosta pela amizade e por todas as discussotildees e ainda a seus
pais (Paulo e Nelli) pelo apoio pelos oacutetimos momentos de descontraccedilatildeo e
pelos almoccedilos de domingo
diams A todo o corpo teacutecnico-administrativo da UFPR
diams A todos que direta ou indiretamente contribuiacuteram para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho
diams Aos amigos e colegas do pensionato (pensatildeo da Simone) e da repuacuteblica onde
morei durante minha formaccedilatildeo Simone Maiacutesa Dona Ceacutelia Sandratildeo Samira
Flaacutevia Juacute Renata Vlaacutedia Augusto Tomaacutes Wazen Leandrinho Felipe
Cursinho Takechi Mineiro Parceiro Machado Samuel Gauacutecho Ricardo
Diego Baiano Gallo Max Juacutelio Thiago
diams Agravequela que me acolheu desde o primeiro dia de aula nesta universidade com
um afaacutevel sorriso e com quem costumava conversar durante as aulas na fila
do RU no laboratoacuterio na salinha na calccedilada do almoxarifado e por telefone ndash
Aline Tiboni ao seu lado com tudo que vivemos juntos eu pude descobrir o
verdadeiro significado da palavra AMIZADE ndash Muito obrigado por tudo
v
diams A todos os GRANDES amigos que fiz nesta cidade desde a graduaccedilatildeo ateacute o
presente momento e que levarei comigo do lado esquerdo do peito
Humberto Daniel Tainha e Baacuterbara ndash principais ldquosuportesrdquo durante minha
jornada nesta cidade
diams A todos os ldquomeusrdquo professores de Carmo-RJ pelo incentivo e por contribuiacuterem
para minha formaccedilatildeo em especial Tia Ana Tia Guguta Tia Dalva Dona Laiacutes
Tia Eloiacutesa Robinho e Moanice
diams Aos funcionaacuterios do Coleacutegio Estadual Professor Aureacutelio Duarte por serem
sempre atenciosos e natildeo medirem esforccedilos para atender aos meus pedidos
(histoacutericos diploma declaraccedilotildees) em especial a Regininha e Ana Luacutecia
diams Aos amigos e colegas que deixei em minha cidade natal (Carmo-RJ) Rafael
Habib Faacutebio Habib Fabriacutecio Mauriacutecio Monique Thaiacutes Alex Rocircmulo (Light)
Samuel Klayton Arruda Jimmer Pricila Fabiano Bruno Juacutenior Tiatildeozinho
Brancatildeo Ana Paula Gleice Faacutebio Rogeacuteria Gilcimar Merica Cabrita
Marcinho Sandro Marinete Eneias Tada Elcio Dona Leonir Zezeacute Lozane
Glaciele Marise entre outros que sempre torceram por mim
diams Aos amigos da Igreja Assembleacuteia de Deus ndash Ministeacuterio Leviacute Gasparian por
todas as oraccedilotildees
diams A duas pessoas muito importantes em minha vida pelas quais eu tenho um
enorme carinho Elias e Diogo ndash Ich liebe euch
diams A melhor irmatilde do mundo Alyne por todo o amor incentivo atenccedilatildeo carinho
cumplicidade e amizade ndash ldquoTADOLOrdquo maninha
diams A toda minha famiacutelia meu avocirc Nelson (in memorian) Tio Gonzaga Tia
Silvana Ismael Daniel Tio Jorge Tia Denise Nem (primo-irmatildeo) Nathaacutelia
Priscila Giovanna Tia Teresa Nequinha Marcelo Tia Nete Marlene Tia
Faacutetima Tio Ney Daniel Fabriacutecio Tia Elza (in memorian) Tio Domingos (in
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
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canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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facilitated by molecular oxygen
2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
iv
diams A professora Orliney M Guimaratildees pela atenccedilatildeo e auxiacutelio desde minha
chegada ao Departamento de Quiacutemica quando ainda calouro
diams Ao LMELNLS (CampinasSP) e ao CMETUFPR pelas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
diams A Dayane M Reis por todas as siacutenteses do precursor e pelas discussotildees dos
resultados
diams A Marcela M Oliveira pelas medidas de MET e HRTEM aleacutem da amizade
diams A Eryza G Castro pelo total auxiacutelio e pelas vaacuterias discussotildees que contribuiacuteram
muito para este trabalho desde a primeira destilaccedilatildeo da anilina
diams Ao Leandro M Tosta pela amizade e por todas as discussotildees e ainda a seus
pais (Paulo e Nelli) pelo apoio pelos oacutetimos momentos de descontraccedilatildeo e
pelos almoccedilos de domingo
diams A todo o corpo teacutecnico-administrativo da UFPR
diams A todos que direta ou indiretamente contribuiacuteram para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho
diams Aos amigos e colegas do pensionato (pensatildeo da Simone) e da repuacuteblica onde
morei durante minha formaccedilatildeo Simone Maiacutesa Dona Ceacutelia Sandratildeo Samira
Flaacutevia Juacute Renata Vlaacutedia Augusto Tomaacutes Wazen Leandrinho Felipe
Cursinho Takechi Mineiro Parceiro Machado Samuel Gauacutecho Ricardo
Diego Baiano Gallo Max Juacutelio Thiago
diams Agravequela que me acolheu desde o primeiro dia de aula nesta universidade com
um afaacutevel sorriso e com quem costumava conversar durante as aulas na fila
do RU no laboratoacuterio na salinha na calccedilada do almoxarifado e por telefone ndash
Aline Tiboni ao seu lado com tudo que vivemos juntos eu pude descobrir o
verdadeiro significado da palavra AMIZADE ndash Muito obrigado por tudo
v
diams A todos os GRANDES amigos que fiz nesta cidade desde a graduaccedilatildeo ateacute o
presente momento e que levarei comigo do lado esquerdo do peito
Humberto Daniel Tainha e Baacuterbara ndash principais ldquosuportesrdquo durante minha
jornada nesta cidade
diams A todos os ldquomeusrdquo professores de Carmo-RJ pelo incentivo e por contribuiacuterem
para minha formaccedilatildeo em especial Tia Ana Tia Guguta Tia Dalva Dona Laiacutes
Tia Eloiacutesa Robinho e Moanice
diams Aos funcionaacuterios do Coleacutegio Estadual Professor Aureacutelio Duarte por serem
sempre atenciosos e natildeo medirem esforccedilos para atender aos meus pedidos
(histoacutericos diploma declaraccedilotildees) em especial a Regininha e Ana Luacutecia
diams Aos amigos e colegas que deixei em minha cidade natal (Carmo-RJ) Rafael
Habib Faacutebio Habib Fabriacutecio Mauriacutecio Monique Thaiacutes Alex Rocircmulo (Light)
Samuel Klayton Arruda Jimmer Pricila Fabiano Bruno Juacutenior Tiatildeozinho
Brancatildeo Ana Paula Gleice Faacutebio Rogeacuteria Gilcimar Merica Cabrita
Marcinho Sandro Marinete Eneias Tada Elcio Dona Leonir Zezeacute Lozane
Glaciele Marise entre outros que sempre torceram por mim
diams Aos amigos da Igreja Assembleacuteia de Deus ndash Ministeacuterio Leviacute Gasparian por
todas as oraccedilotildees
diams A duas pessoas muito importantes em minha vida pelas quais eu tenho um
enorme carinho Elias e Diogo ndash Ich liebe euch
diams A melhor irmatilde do mundo Alyne por todo o amor incentivo atenccedilatildeo carinho
cumplicidade e amizade ndash ldquoTADOLOrdquo maninha
diams A toda minha famiacutelia meu avocirc Nelson (in memorian) Tio Gonzaga Tia
Silvana Ismael Daniel Tio Jorge Tia Denise Nem (primo-irmatildeo) Nathaacutelia
Priscila Giovanna Tia Teresa Nequinha Marcelo Tia Nete Marlene Tia
Faacutetima Tio Ney Daniel Fabriacutecio Tia Elza (in memorian) Tio Domingos (in
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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facilitated by molecular oxygen
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Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
v
diams A todos os GRANDES amigos que fiz nesta cidade desde a graduaccedilatildeo ateacute o
presente momento e que levarei comigo do lado esquerdo do peito
Humberto Daniel Tainha e Baacuterbara ndash principais ldquosuportesrdquo durante minha
jornada nesta cidade
diams A todos os ldquomeusrdquo professores de Carmo-RJ pelo incentivo e por contribuiacuterem
para minha formaccedilatildeo em especial Tia Ana Tia Guguta Tia Dalva Dona Laiacutes
Tia Eloiacutesa Robinho e Moanice
diams Aos funcionaacuterios do Coleacutegio Estadual Professor Aureacutelio Duarte por serem
sempre atenciosos e natildeo medirem esforccedilos para atender aos meus pedidos
(histoacutericos diploma declaraccedilotildees) em especial a Regininha e Ana Luacutecia
diams Aos amigos e colegas que deixei em minha cidade natal (Carmo-RJ) Rafael
Habib Faacutebio Habib Fabriacutecio Mauriacutecio Monique Thaiacutes Alex Rocircmulo (Light)
Samuel Klayton Arruda Jimmer Pricila Fabiano Bruno Juacutenior Tiatildeozinho
Brancatildeo Ana Paula Gleice Faacutebio Rogeacuteria Gilcimar Merica Cabrita
Marcinho Sandro Marinete Eneias Tada Elcio Dona Leonir Zezeacute Lozane
Glaciele Marise entre outros que sempre torceram por mim
diams Aos amigos da Igreja Assembleacuteia de Deus ndash Ministeacuterio Leviacute Gasparian por
todas as oraccedilotildees
diams A duas pessoas muito importantes em minha vida pelas quais eu tenho um
enorme carinho Elias e Diogo ndash Ich liebe euch
diams A melhor irmatilde do mundo Alyne por todo o amor incentivo atenccedilatildeo carinho
cumplicidade e amizade ndash ldquoTADOLOrdquo maninha
diams A toda minha famiacutelia meu avocirc Nelson (in memorian) Tio Gonzaga Tia
Silvana Ismael Daniel Tio Jorge Tia Denise Nem (primo-irmatildeo) Nathaacutelia
Priscila Giovanna Tia Teresa Nequinha Marcelo Tia Nete Marlene Tia
Faacutetima Tio Ney Daniel Fabriacutecio Tia Elza (in memorian) Tio Domingos (in
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
vi
memorian) Tia Carminha Tio William Guilherme Luis Caacutessia Tia Lenir Tia
Zezeacute Tia Noemia Tio Alvibar Tia Sueli Tia Auxiliadora Selma
diams E um agradecimento muito especial agravequeles que foram satildeo e sempre seratildeo
os principais responsaacuteveis por chegar onde cheguei meus pais Luiz e
Nelcina e minha avoacute Vera Agradeccedilo a vocecircs todo(a) amor carinho apoio
incentivo compreensatildeo dedicaccedilatildeo e auxiacutelio desde a graduaccedilatildeo e por muitas
vezes terem desistido de seus proacuteprios sonhos para realizarem o meu ndash AMO
VOCEcircS
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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facilitated by molecular oxygen
2 5
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1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
vii
SUMAacuteRIO
Lista de Abreviaturas e Siglasix
Lista de Figurasxii
Lista de Tabelasxvi
Resumoxvii
Abstractxix
1 Introduccedilatildeo1
11 Materiais Hiacutebridos OrgacircnicoInorgacircnicos1
12 Poliacutemeros Condutores5
121 Polianilina10
13 Oacutexidos de Vanaacutedio18
14 Processo Sol-Gel24
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6]29
2 Objetivos31
21 Objetivos Gerais31
22 Objetivos Especiacuteficos31
3 Experimental32
31 Reagentes32
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]32
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel32
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio33
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras34
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
viii
351 Difratometria de Raios X (DRX) 34
352 Espectroscopia vibracional na regiatildeo do Infravermelho com
Transformada de Fourrier (IV-TF)35
353 Espectroscopia Vibracional RAMAN35
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel
(UV-Vis-NIR)35
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica
(RPE)35
356 Voltametria Ciacuteclica35
347 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo36
4 Resultados e Discussatildeo37
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel
do precursor [V2(OPri)8]37
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos
de vanaacutedio57
5 Conclusotildees84
6 Etapas Futuras86
7 Referecircncias Bibliograacuteficas87
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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2 5
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1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aring = angstrons
BC = banda de conduccedilatildeo
BV = banda de valecircncia
CSA = Canphosulfonic Acid (aacutecido canforsulfocircnico)
cm = centiacutemetro
c = concentraccedilatildeo
degC = graus centiacutegrados
d = distacircncia interplanar
DRX = difraccedilatildeo de raios X
δ = deformaccedilatildeo angular
e- = eleacutetron
FTO = oacutexido de estanho dopado com fluacuteor
g = grama
h = hora
HRTEM = High Resolution Transmission Electronic Microscopy (microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo de alta resoluccedilatildeo)
I = corrente
IV-TF = infravermelho com transformada de Fourrier
K = Kelvin
L = litros
LED = light emitting diode (diodo emissor de luz)
λ = comprimento de onda
m = metro
mL = mililitros
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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2 5
Chemistry of Materials v 8 p 1992-2004
1996
- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-
x
mg = miligramas
mV = milivolt
MET = microscopia eletrocircnica de transmissatildeo
min = minuto
microL= microlitros
nm = nanocircmetros
NPs = nanopartiacuteculas
OPri = isopropoacutexido
ORTEP = Oak Ridge Thermal Ellipsoid Plot
PC = poliacutemeros condutores
PAni = polianilina
PA = poliacetileno
PP = politiofeno
PPi = polipirrol
PVG = porous Vycor glass (vidro poroso Vycor)
ppm = partes por milhatildeo
pH = potencial hidrogeniocircnico
= porcentagem
RPE = ressonacircncia magneacutetica eletrocircnica
Sn2 = reaccedilatildeo de substituiccedilatildeo nucleofiacutelica de segunda ordem
s = segundos
S = soacutelido
SE = sal esmeraldina
σ= condutividade
TEOS = tetraetil-orto-silano
TGA = Termgravimetric analysis (anaacutelise termogravimeacutetrica)
xi
t = tonelada
T = temperatura
θ = acircngulo
u a = unidades arbitraacuterias
UV-Vis = ultravioleta - visiacutevel
VOx = oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho a partir do processamento sol-gel
do precursor alcoacutexido [V2(OR)8]
vs = versus
V = Volt
ν = estiramento
νs = estiramento simeacutetrico
νas = estiramento assimeacutetrico
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma
neutra6
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol7
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores10
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina12
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina13
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina14
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O816
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina17
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH20
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores
neutros [VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo
e (b) condensaccedilatildeo21
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada22
xiii
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O523
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel25
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6]30
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas34
Figura 16 Difratogramas de raios X dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O537
Figura 17 Espectro IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b)V2O541
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O542
Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a partir
do soacutelido VOx43
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser
vermelho (λ=6328 nm)44
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K47
Figura 22 Imagens de MET de VOx50
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx51
Figura 24 Imagens de MET de V2O553
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O554
xiv
Figura 26 Voltamograma obtido a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-155
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx
v=50 mVmiddots-156
Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5
v=50 mVmiddots-157
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)58
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)59
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl60
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O561
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 2163
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 2164
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K66
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K68
xv
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra69
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 05170
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 1171
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 2172
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina73
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 1175
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 05176
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro77
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 2178
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 1179
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina80
Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm81
Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm82
G
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos4
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a
amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a
intensidade relativa dos picos38
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o
produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores
entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos39
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas41
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros
Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura46
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE62
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura descritos para a
PAni-SE65
xvii
RESUMO
O presente trabalho discute a obtenccedilatildeo de diferentes oacutexidos de vanaacutedio
atraveacutes do processamento sol-gel de um novo alcoacutexido precursor de vanaacutedio(IV)
[V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido) e a utilizaccedilatildeo desses oacutexidos como fraccedilatildeo
inorgacircnica no desenvolvimento de novos materiais hiacutebridos formados com a
polianilina
O oacutexido de vanaacutedio obtido a 55 ordmC (VOx) foi caracterizado por
espectroscopias IV-TF Raman RPE e UV-Vis (modos absorvacircncia e refletacircncia)
bem como por DRX MET (modo baixa e alta resoluccedilatildeo) TGA difraccedilatildeo de
eleacutetrons e voltametria ciacuteclica Os resultados indicam que este oacutexido possui
valecircncia mista (IVV) com estequiometria provaacutevel V10O24nH2O e estrutura
lamelar facilmente esfoliaacutevel em dispersotildees aquosas O tratamento teacutermico do
VOx a 400 ordmC ao ar levou agrave formaccedilatildeo de nanopartiacuteculas esfeacutericas de V2O5 (5-20
nm) que tambeacutem foram caracterizadas pelo conjunto de teacutecnicas listadas
anteriormente Os resultados obtidos atraveacutes da teacutecnica de voltametria ciacuteclica
mostraram uma excelente capacidade de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio para o VOx aleacutem
de uma alta reversibilidade no processo de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de iacuteons Li+
Essas propriedades indicam que o VOx seja um material promissor para
aplicaccedilatildeo em caacutetodos de baterias recarregaacuteveis Bons resultados tambeacutem foram
obtidos para o V2O5
Para a siacutentese dos materiais hiacutebridos os oacutexidos VOx e V2O5 foram
adicionados a soluccedilotildees aacutecidas de anilina em diferentes proporccedilotildees molares A
presenccedila dos centros de vanaacutedio(V) nos oacutexidos levou agrave polimerizaccedilatildeo oxidativa
da anilina sem a necessidade de adiccedilatildeo de um agente oxidante Todos os
materiais hiacutebridos foram caracterizados atraveacutes das teacutecnicas descritas
xviii
anteriormente e os resultados confirmaram a formaccedilatildeo da polianilina na sua forma
condutora sal esmeraldina
Atraveacutes das imagens de MET foi possiacutevel observar a presenccedila de
nanopartiacuteculas de ambos os oacutexidos dispersas na massa de polianilina Com base
nas micrografias pocircde-se propor um modelo esquemaacutetico da mudanccedila
morfoloacutegica que ocorre nestes materiais de acordo com as razotildees molares
estudadas As anaacutelises por voltametria ciacuteclica revelaram que os materiais hiacutebridos
obtidos neste trabalho de forma anaacuteloga ao observado para o VOx e o V2O5
apresentam um bom potencial de inserccedilatildeo de iacuteons liacutetio e de utilizaccedilatildeo como
caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio
xix
ABSTRACT
This work reports the synthesis of different vanadium oxides by sol-gel
processing of a new vanadium(IV) alkoxide precursor [V2(OR)8] (OR =
isopropoxide) together with the use of these oxides as inorganic fractions in the
development of new polyaniline-vanadium oxide hybrid materials
The oxide obtained from [V2(OR)8] at 55 degC (VOx) was characterized by
FTIR Raman RPE and UV-vis (absorbance and diffuse reflectance modes)
spectroscopies powder X-ray diffractometry (XRD) transmission electron
microscopy (TEM) high-resolution TEM thermogravimetric and electron diffraction
analyses Results indicate that VOx is a mixed valence VIVVV oxide probably
V10O24nH2O with a lamellar structure which easily exfoliates in aqueous
dispersions Thermal treatment of VOx at 400 degC in air led to the formation of
spherical V2O5 nanoparticles (5-20 nm) which were also characterized by the
techniques already mentioned Cyclic voltammetry analyses indicated that both
VOx and V2O5 present high capacity and reversibility for Li+ insertion in the
lamellar structures which makes them promising materials for application as
cathodes in lithium rechargeable batteries
For the preparation of the hybrid materials VOx and V2O5 were added to
acid aniline solutions in different molar ratios The presence of vanadium(V) in the
oxides led to the oxidative polymerization of aniline without the addition of other
oxidants All hybrid materials obtained in this work were characterized by the same
spectroscopic diffractometric thermogravimetric voltammetric and microscopic
analyses employed for the oxides Results confirmed the formation of polyaniline
in the emeraldine salt (conducting) form
xx
TEM and HRTEM images obtained for the composites revealed the
presence of VOx and V2O5 nanoparticles dispersed in the polyaniline bulk Based
on these images a model has been proposed for the morphological changes
determined by the distinct molar proportions employed in the preparation of the
hybrids Cyclic voltammetry analyses indicated that the hybrid materials similarly
to the pure oxides could be successfully employed as cathodes in lithium-
rechargeable batteries
1
1 INTRODUCcedilAtildeO 11 Materiais hiacutebridos orgacircnicoinorgacircnicos
A civilizaccedilatildeo contemporacircnea experimentou simultaneamente duas
importantes revoluccedilotildees a partir da 2ordf Guerra Mundial uma envolvendo o
desenvolvimento da informaacutetica e outra o desenvolvimento da ciecircncia dos
materiais Durante a deacutecada de 1940 os entatildeo conhecidos poliacutemeros sinteacuteticos
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de substituir os materiais
tradicionalmente usados e tambeacutem para novos tipos de aplicaccedilatildeo como por
exemplo a substituiccedilatildeo na induacutestria eleacutetrica de isolantes agrave base de papel por
poliacutemeros plaacutesticos[ ]1 No decorrer da deacutecada de 1970 foi observada uma
desaceleraccedilatildeo da produccedilatildeo comercial de novos poliacutemeros sinteacuteticos
acompanhada de um aumento acentuado do nuacutemero de teacutecnicas de modificaccedilatildeo
de poliacutemeros jaacute existentes Este processo foi decorrente do alto custo envolvido
na produccedilatildeo de novos poliacutemeros tendo em vista a necessidade de investimentos
no desenvolvimento de sistemas de polimerizaccedilatildeo e em equipamentos
especiais[ ]2
O desenvolvimento da induacutestria de poliacutemeros proporcionou uma retomada
de interesse pelo estudo de novos materiais conhecidos como hiacutebridos orgacircnico-
inorgacircnicos Estes materiais satildeo preparados pela combinaccedilatildeo de componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos que normalmente apresentam propriedades
complementares resultando em um uacutenico material com propriedades
diferenciadas daquelas que lhe deram origem[ ] 3 A possibilidade de combinar as
propriedades de compostos orgacircnicos e inorgacircnicos em um uacutenico material com
propriedades uacutenicas e performances especiacuteficas eacute um velho desafio que teve
iniacutecio com o comeccedilo da era industrial Alguns dos mais velhos e famosos
materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos satildeo oriundos da induacutestria de tintas onde
pigmentos inorgacircnicos como TiO2 satildeo suspensos em misturas orgacircnicas como
solventes e surfactantes[ ]4
O conceito de materiais hiacutebridos eacute relativamente recente surgido em 1994
para atender agraves exigecircncias encontradas no desenvolvimento de materiais mais
sofisticados tais como os chamados compoacutesitos[3] Usualmente os compoacutesitos
satildeo constituiacutedos de uma ou mais fases descontinuas embebidas ou dispersas em
2
uma fase continua (matriz) como por exemplo a dispersatildeo na forma particulada
de um material inorgacircnico como siacutelica em uma matriz de um poliacutemero
orgacircnico[Erro Indicador natildeo definido]
O termo compoacutesito ou material compoacutesito eacute bastante abrangente e
complexo tendo sua origem na expressatildeo inglesa ldquocomposite materialsrdquo que foi
usada para definir a conjunccedilatildeo de materiais para alcanccedilar as propriedades
desejadas no produto final sendo portanto utilizada como sinocircnimo de material
conjugado Embora existam vaacuterias definiccedilotildees na literatura com diferentes
interpretaccedilotildees pode-se defini-lo como sendo todo o material obtido por dispersatildeo
mistura fiacutesica ou reaccedilatildeo quiacutemica entre dois ou mais materiais distintos e com
propriedades fiacutesicas diferentes para a obtenccedilatildeo de um novo material que
apresente propriedades uacutenicas e notadamente diferentes daquelas dos materiais
constituintes e que por ser um material multifaacutesico exibe uma proporccedilatildeo
significativa das propriedades das fases constituintes[ ]5 Quando pelo menos uma
das fases constituintes do compoacutesito possui dimensotildees em escala nanomeacutetrica
este passa a ser denominado nanocompoacutesito (Nano)compoacutesitos podem ser
formados pela combinaccedilatildeo de diferentes materiais do tipo inorgacircnico-inorgacircnico
orgacircnico-orgacircnico ou ainda orgacircnico-inorgacircnico (sendo neste uacuteltimo caso
tambeacutem chamados de materiais hiacutebridos)
Desta forma a classificaccedilatildeo de um material como compoacutesito eacute muitas
vezes baseada em algumas caracteriacutesticas como a forma de uma das fases (se
fibrosa ou lamelar) na fraccedilatildeo de volume de uma das fases ou quando alguma
propriedade (como elasticidade por exemplo) de um dos constituintes eacute
significativamente maior em relaccedilatildeo agrave do outro[ ]6
Nos materiais hiacutebridos a dispersatildeo ou mistura dos componentes ocorre em
niacutevel molecular com tamanhos de fases variando de escala nanomeacutetrica agrave
micromeacutetrica resultando em um material com um tamanho reduzido das fases o
que justifica o interesse na obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos com alto grau de
dispersatildeo e homogeneidade[4] As propriedades finais de um material hiacutebrido satildeo
determinadas predominantemente em funccedilatildeo da natureza da interface interna
entre as fases orgacircnica-inorgacircnica a qual tem sido empregada para classificar
estes materiais em duas classes distintas Classe 1 ndash aquela em que os
componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo homogeneamente dispersos
existindo apenas ligaccedilotildees fracas entre eles como ligaccedilotildees de hidrogecircnio forccedilas
3
de Van der Waals interaccedilotildees hidrofiacutelicas e hidrofoacutebicas Classe 2 ndash aquela em
que os componentes orgacircnicos e inorgacircnicos estatildeo fortemente ligados atraveacutes de
ligaccedilotildees quiacutemicas covalentes ou iocircnicas[ ] 7 8 Poreacutem aleacutem da natureza das
interaccedilotildees quiacutemicas na interface do material hiacutebrido variaccedilotildees nas suas
propriedades tambeacutem satildeo determinadas em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees individuais
de cada componente expressas pela natureza quiacutemica das fases orgacircnicas e
inorgacircnicas e pelo tamanho ou dimensotildees destas mesmas fases com
consequumlente alteraccedilatildeo no comportamento teacutermico na reologia na estabilidade e
na morfologia do material hiacutebrido Sendo assim a escolha dos componentes
orgacircnicos e inorgacircnicos torna-se essencial para a definiccedilatildeo das propriedades do
material hiacutebrido final[4]
Como exemplo de hiacutebridos da Classe 1 tem-se aqueles formados pela
inserccedilatildeo de corantes orgacircnicos em matrizes inorgacircnicas Em funccedilatildeo da natureza
do corante pode-se obter hiacutebridos com propriedades fluorescentes fotocrocircmicas
e de oacuteptica natildeo linear[5] Outro exemplo de hiacutebridos desta classe satildeo os materiais
obtidos pela dissoluccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos em um meio contendo alcoacutexidos
metaacutelicos[4] que satildeo passiveis de sofrer hidroacutelise e policondensaccedilatildeo gerando
uma matriz do correspondente oacutexido Neste caso as cadeias orgacircnicas
permanecem distribuiacutedas nos interstiacutecios da rede inorgacircnica Redes
interpenetrantes orgacircnico-inorgacircnicas tambeacutem podem ser classificadas como
hiacutebridos da Classe 1[7 ]9 10 11
Assim de acordo com os exemplos citados anteriormente eacute possiacutevel obter-
se materiais hiacutebridos formados entre poliacutemeros orgacircnicos e oacutexidos metaacutelicos A
combinaccedilatildeo destes dois tipos de materiais tem levado ao desenvolvimento de
compoacutesitos eou materiais hiacutebridos com propriedades superiores agraves apresentadas
por seus componentes individuais[ ]12 13 14 A Tabela 1 apresenta as diferenccedilas
usualmente observadas em algumas propriedades entre poliacutemeros orgacircnicos e
oacutexidos metaacutelicos[ ]15 Como se pode observar poliacutemeros e oacutexidos metaacutelicos tecircm
caracteriacutesticas muito diferentes possibilitando assim a combinaccedilatildeo entre estes
dois materiais no sentido de criar novos materiais hiacutebridos com propriedades
desejaacuteveis
4
Tabela 1 Comparaccedilatildeo das propriedades mecacircnicas entre os poliacutemeros orgacircnicos
e oacutexidos metaacutelicos[15]
Propriedade Poliacutemeros orgacircnicos Oacutexidos metaacutelicos
Resistecircncia Fraca Forte
Moacutedulo de Young Baixo Alto
Alongamento Alto Baixo
Estabilidade teacutermica Baixa Alta
Expansatildeo teacutermica Alta Baixa
Iacutendice de refraccedilatildeo 14-18 14-40
Constante dieleacutetrica 10-80 40
Espectro de cor Largo Estreito
Dureza Mole Duro
Molhabilidade Controlaacutevel Natildeo controlaacutevel
Uma classe importante de materiais hiacutebridos eacute aquela na qual a fraccedilatildeo
orgacircnica eacute formada por poliacutemeros condutores (PC) Tratam-se de poliacutemeros
orgacircnicos que possuem a capacidade de conduzir a corrente eleacutetrica em valores
proacuteximos aos dos semicondutores inorgacircnicos ou aos dos metais Esta classe de
poliacutemeros seraacute detalhadamente descrita em toacutepicos a seguir Em geral a
formaccedilatildeo de hiacutebridos entre PC e soacutelidos inorgacircnicos tem como objetivo a
obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com comportamentos sinergiacutesticos ou
complementares entre o poliacutemero e a fraccedilatildeo inorgacircnica As propriedades dos
nanocompoacutesitos obtidos dependeratildeo das caracteriacutesticas do poliacutemero e da
natureza do material inorgacircnico Esta grande possibilidade de combinaccedilatildeo pode
ser utilizada para a obtenccedilatildeo de materiais com propriedades preacute-determinadas
Um dos materiais hiacutebridos que tem recebido bastante atenccedilatildeo e que
pertence agrave classe de materiais hiacutebridos citada anteriormente eacute aquele cuja sua
formaccedilatildeo se daacute entre a polianilina e o V2O5[ ]16 17 18 19 Uma seacuterie de estudos
realizados com este hiacutebrido revela que suas propriedades eletroquiacutemicas satildeo
superiores se comparadas aos dois constituintes isolados conferindo a este novo
material um alto desempenho quando utilizado como caacutetodo para baterias de
liacutetio[ ]20 Algumas das principais caracteriacutesticas de oacutexidos de vanaacutedio tambeacutem
seratildeo discutidas a seguir
5
Estes sistemas hiacutebridos constituiacutedos de macromoleacuteculas orgacircnicas e
matrizes inorgacircnicas apresentam propriedades peculiares em razatildeo da iacutentima
mistura em escala nanomeacutetrica entre os seus componentes correspondendo a
uma escala intermediaacuteria entre a molecular claacutessica e microscoacutepica Existem
vaacuterios meacutetodos de obtenccedilatildeo dessas nanoestruturas sendo alguns deles (i) a
polimerizaccedilatildeo de moleacuteculas do monocircmero na rede inorgacircnica atraveacutes de um
tratamento quiacutemico teacutermico ou fotoinduzido in situ (ii) a intercalaccedilatildeo do poliacutemero
previamente formado e (iii) atraveacutes de uma polimerizaccedilatildeo intercalativa redox
durante a preparaccedilatildeo da fraccedilatildeo inorgacircnica na qual os monocircmeros satildeo oxidados
pelo material inorgacircnico que se reduz e promove a formaccedilatildeo do poliacutemero entre
as suas lamelas[ ]21
Recentemente tem se dedicado atenccedilatildeo especial para os materiais
hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos preparados pelo processo sol-gel uma vez que
este apresenta uma grande versatilidade frente aos demais meacutetodos[ ]22 23 24 25 Algumas das principais caracteriacutesticas do processo sol-gel seratildeo discutidas com
maiores detalhes nas proacuteximas seccedilotildees
12 Poliacutemeros Condutores
Um histoacuterico sobre a tecnologia dos poliacutemeros orgacircnicos evidenciaria sem
duacutevida alguma que uma das propriedades mais valiosas destes materiais
sinteacuteticos eacute a capacidade de se comportarem como excelentes isolantes eleacutetricos
Entretanto uma nova classe de poliacutemeros orgacircnicos foi desenvolvida e vem
sendo amplamente estudada desde entatildeo cuja principal caracteriacutestica reside no
fato de que satildeo condutores de eletricidade[ ]26 A evidente atraccedilatildeo eacute combinar em
um mesmo material as propriedades eleacutetricas de um semicondutor ou metal com
as vantagens de um poliacutemero O grande interesse provocado pelos poliacutemeros
condutores na induacutestria eleacutetricaeletrocircnica inclui a facilidade e baixo custo de
preparaccedilatildeo e fabricaccedilatildeo (quando comparados com semicondutores e metais)
especialmente na forma de filmes e fibras e suas propriedades mecacircnicas
(particularmente flexibilidade e resistecircncia ao impacto)
Desde a deacutecada de 1960 eacute conhecido que moleacuteculas orgacircnicas
conjugadas podem exibir propriedades semicondutoras O desenvolvimento inicial
6
foi inibido pelo fato que as cadeias riacutegidas em uma estrutura conjugada tambeacutem
produzem uma forte intratabilidade tal que a maioria dos primeiros exemplos de
poliacutemeros condutores eram infusiacuteveis insoluacuteveis e portanto de pouco valor para
a pesquisa ou desenvolvimento Dois fatores contribuiacuteram para reverter esta
situaccedilatildeo no comeccedilo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda[ ]27 28 demonstraram a
possibilidade de preparar filmes auto suportados de poliacetileno pela
polimerizaccedilatildeo direta do acetileno O poliacutemero produzido apresentou propriedades
semicondutoras fracas e atraiu pouco interesse ateacute 1977 quando MacDiarmid e
colaboradores[ ]29 descobriram que tratando o poliacetileno com aacutecido ou base de
Lewis era possiacutevel aumentar a condutividade em ateacute 13 ordens de grandeza
Apoacutes estes estudos preliminares foram produzidos os primeiros artigos cientiacuteficos
nesta aacuterea lanccedilando a base de uma vasta linha de pesquisa a dos poliacutemeros
eletricamente ativos Como resultado em 2000 F Shirakawa A MacDiarmid e A
Heeger foram agraciados com o Precircmio Nobel em Quiacutemica
Dentre as famiacutelias de PC mais estudadas estatildeo o poliacetileno a
polianilina o polipirrol e o politiofeno cujas estruturas em sua forma neutra estatildeo
representadas na Figura 1 Na Figura 2 temos uma comparaccedilatildeo do intervalo de
condutividade destes poliacutemeros com materiais desde o estado isolante passando
por semicondutores ateacute o cobre com condutividade da ordem de 106 Scm-1
Outra caracteriacutestica interessante eacute o intervalo de condutividade que estes
poliacutemeros podem atingir dependendo das condiccedilotildees de preparaccedilatildeo oxidaccedilatildeo e
dopagem
nNH NH NHNH
n
N
N
N
N
N
n
S
S
S
S
S
n
poliacetileno polianilina
polipirrol politiofeno Figura 1 Estruturas de alguns poliacutemeros condutores em sua forma neutra
7
Figura 2 Comparaccedilatildeo da condutividade dos PCs com alguns materiais onde
PA = poliacetileno PAni = polianilina PP = politiofeno e PPi = polipirrol
O processo de remoccedilatildeo ou adiccedilatildeo de eleacutetrons da cadeia polimeacuterica para
aumentar a condutividade dos PCs foi denominado como ldquodopagemrdquo A dopagem
eacute acompanhada por meacutetodos quiacutemicos de exposiccedilatildeo direta do poliacutemero a agentes
de transferecircncia de carga (dopante) em fase gasosa ou soluccedilatildeo ou ainda por
oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo eletroquiacutemica O termo dopagem eacute utilizado em analogia aos
semicondutores inorgacircnicos cristalinos uma vez que em ambos os casos a
dopagem eacute aleatoacuteria e natildeo altera a estrutura do material A dopagem de
poliacutemeros condutores envolve a dispersatildeo aleatoacuteria ou agregaccedilatildeo de dopantes
em toda a cadeia e altera o estado de oxidaccedilatildeo sem alterar a estrutura Os
agentes dopantes podem ser moleacuteculas neutras compostos ou sais inorgacircnicos
que podem facilmente formar iacuteons compostos orgacircnicos ou polimeacutericos A
natureza do dopante tem papel importante na estabilidade e condutividade dos
poliacutemeros condutores O processo de dopagem leva agrave formaccedilatildeo de defeitos e
deformaccedilotildees na cadeia polimeacuterica conhecidos como pocirclarons e bipocirclarons os
quais satildeo responsaacuteveis pelo aumento na condutividade[ ]30 31
Os eleacutetrons deslocalizados em sistemas π ao longo da cadeia polimeacuterica
presentes nas estruturas dos poliacutemeros condutores satildeo os que conferem
propriedades condutoras ao poliacutemero e proporcionam habilidade para suportar os
8
portadores de carga positivos eou negativos com alta mobilidade ao longo da
cadeia As propriedades semicondutoras destes materiais surgem da
sobreposiccedilatildeo de orbitais pz provenientes das duplas ou triplas ligaccedilotildees Se a
sobreposiccedilatildeo estaacute sobre vaacuterios siacutetios ocorre a formaccedilatildeo de bandas de valecircncia
(BV) π e bandas de conduccedilatildeo (BC) π com um gap de energia entre elas ndash
condiccedilatildeo necessaacuteria para o comportamento semicondutor[30 31 ]32 33 34
O aumento na condutividade observada com a dopagem desses poliacutemeros
orgacircni
do
um bu
oxidado duas
situaccedilotilde
cos eacute resultante da formaccedilatildeo de bandas eletrocircnicas desocupadas Assim
podemos admitir dois tipos de doping i) do tipo p e ii) do tipo n onde os eleacutetrons
satildeo respectivamente removidos do topo da BV ou adicionados ao niacutevel mais
baixo da BC em analogia agrave formaccedilatildeo de portadores de carga em semicondutores
dopados[34] Entretanto a condutividade nos poliacutemeros condutores natildeo pode ser
totalmente explicada pela teoria de bandas Os poliacutemeros condutores apresentam
caracteriacutesticas peculiares uma vez que conduzem corrente mesmo natildeo tendo a
BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada A teoria de bandas
tambeacutem natildeo explica porque os portadores de carga eleacutetrons ou buracos natildeo
possuem spin no poliacetileno[26 33 34] Para explicar esses fenocircmenos alguns
conceitos tiacutepicos de fiacutesica do estado soacutelido como pocirclarons bipocirclarons e soacutelitons
tecircm sido aplicados aos poliacutemeros condutores desde o iniacutecio dos anos 1980[26]
Quando um eleacutetron eacute removido do topo da BV de um poliacutemero conjuga
raco (ou caacutetion radical) eacute criado No entanto este caacutetion radical natildeo
deslocaliza-se completamente pela cadeia como esperado pela teoria de bandas
claacutessica Ocorre somente uma deslocalizaccedilatildeo parcial sobre algumas unidades
monomeacutericas causando uma distorccedilatildeo estrutural local O niacutevel de energia
associado ao caacutetion radical encontra-se no band gap do material Este caacutetion
radical com spin frac12 associado agrave distorccedilatildeo do retiacuteculo na presenccedila de um estado
eletrocircnico localizado no band gap recebe o nome de pocirclaron[ 26 34]
Se um segundo eleacutetron eacute removido de um poliacutemero jaacute
es podem ocorrer este eleacutetron pode ser retirado de um segmento diferente
da cadeia polimeacuterica criando um novo pocirclaron independente ou o eleacutetron eacute
retirado de um niacutevel polarocircnico jaacute existente (remoccedilatildeo do eleacutetron
desemparelhado) levando agrave formaccedilatildeo de um dicaacutetion radical que em fiacutesica do
estado soacutelido eacute chamado de bipocirclaron[26] Bipocirclarons tambeacutem tecircm uma
deformaccedilatildeo estrutural associada A formaccedilatildeo do bipocirclaron indica que a energia
9
ganha na interaccedilatildeo com o retiacuteculo eacute maior que a repulsatildeo coulocircmbica entre as
duas cargas confinadas no mesmo espaccedilo[26 34]
A energia necessaacuteria para a criaccedilatildeo de um bipocirclaron eacute exatamente igual agrave
energi
rons como bipocirclarons podem se mover ao longo da cadeia
polimeacute
boradores[29] um
crescim
vido agrave gama de
aplicaccedil
a necessaacuteria para a formaccedilatildeo de dois pocirclarons independentes Entretanto
a formaccedilatildeo de um bipocirclaron leva a uma diminuiccedilatildeo da energia de ionizaccedilatildeo do
poliacutemero motivo pelo qual um bipocirclaron eacute termodinamicamente mais estaacutevel que
dois pocirclarons[33]
Tanto pocircla
rica atraveacutes de um rearranjo das ligaccedilotildees duplas e simples que ocorre em
um sistema conjugado quando exposto a um campo eleacutetrico[26]
Desde a publicaccedilatildeo do trabalho de MacDiarmid e cola
ento suacutebito na pesquisa sobre estruturas polimeacutericas conjugadas tem
levado ao desenvolvimento de novas famiacutelias de poliacutemeros condutores que com
modificaccedilotildees quiacutemicas apropriadas podem exibir um intervalo de condutividade
comparaacutevel ao cobre por exemplo Estes poliacutemeros tambeacutem satildeo chamados de
ldquometais sinteacuteticosrdquo por conduzirem agraves vezes tanto quanto metais poreacutem o fazem
de uma maneira bem particular como descrito anteriormente[ ]35
O grande interesse em se estudar os PC se daacute de
otildees tecnoloacutegicas que esses materiais apresentam tais como em
construccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis dispositivos eletrocrocircmicos janelas
inteligentes sensores etc[ ] 36 37 38 39 Na Figura 3 encontra-se um diagrama
esquemaacutetico de propriedades e possiacuteveis aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros
condutores
10
Junccedilatildeo de Josephson Computadores loacutegicosGeradores de alto campo magneacutetico
SensoresCompoacutesitoscondutores
Supercapacitores Conectores
Supercondutores
POLIacuteMEROS CONDUTORES
Fotoconduccedilatildeo Piezoeletricos
Led Fotocopiadoras Transducers
Reaccedilotildees Fotoquiacutemicas no estado soacutelido
Armazenamento oacutetico
Metal
BateriasPlaacutesticas
EstadoSoacutelido
Superfiacuteciecondutora EMIESO
EletrocromismoFerromagnetismo Fenocircmeno da
oacutetica natildeo linear
Frequecircncia dupla
Dispositivos Displays
GravaccedilatildeoMagneacutetica
Figura 3 Aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos poliacutemeros condutores
121 Polianilina
Certamente dentre os poliacutemeros condutores a polianilina (PAni) eacute um dos
que tem recebido maior atenccedilatildeo nos uacuteltimos anos Este poliacutemero foi descrito pela
primeira vez em 1862 com o nome de ldquoblack anilinerdquo No comeccedilo do seacuteculo XX
os quiacutemicos orgacircnicos comeccedilaram a investigar a constituiccedilatildeo deste composto e
seus produtos intermediaacuterios chegando agrave conclusatildeo de tratar-se de um
oligocircmero[ ]40 No entanto Green e Woodhead[ ]41 discutiram vaacuterios aspectos da
polimerizaccedilatildeo da anilina Estes autores fizeram o estudo da polimerizaccedilatildeo
oxidativa utilizando aacutecidos minerais e oxidantes tais como persulfato dicromato e
cloratos e determinaram o estado de oxidaccedilatildeo de cada constituinte Algumas
deacutecadas depois nos anos 1950 e 1960 surgiram alguns trabalhos na literatura
sobre oligocircmeros de PAni com respeito agrave oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica e quiacutemica
(FeCl3) da anilina Contudo a grande explosatildeo de trabalhos sobre PAni surgiu
nos anos 1980 com o fasciacutenio criado por este novo material junto agrave comunidade
cientiacutefica e industrial devido ao potencial de aplicaccedilotildees que se abriu Sua grande
importacircncia se deve principalmente agrave alta estabilidade da sua forma condutora em
condiccedilotildees ambientes facilidade de polimerizaccedilatildeo e dopagem baixo custo do
11
monocircmero e ainda ao fato de apresentar algumas propriedades natildeo-usuais Estas
vantagens viabilizam vaacuterias aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas que jaacute vem sendo
desenvolvidas inclusive industrialmente[39 ]42 A polianilina representa uma grande
famiacutelia de compostos que pode ser esquematizada na seguinte foacutermula geral
NNNH
y 1-yn
onde y representa a fraccedilatildeo de unidades reduzidas e 1-y representa a fraccedilatildeo de
unidades oxidadas[39] A princiacutepio y pode variar de zero ateacute um mas duas formas
extremas e uma intermediaacuteria satildeo usualmente diferenciadas na literatura[ ]43 a
forma totalmente reduzida (y = 1) chamada de leucoesmeraldina a forma
totalmente oxidada (y = 0) chamada de pernigranilina e a forma parcialmente
oxidada (y = 05) chamada de esmeraldina Deve-se tambeacutem levar em
consideraccedilatildeo o fato de que a foacutermula geral mostra somente as formas baacutesicas da
PAni Entretanto devido agrave presenccedila de siacutetios baacutesicos em sua estrutura (aacutetomos
de nitrogecircnio) a polianilina pode ser protonada na presenccedila de aacutecidos fortes
Desta maneira seraacute necessaacuteria a presenccedila de um contra-iacuteon para neutralizar as
cargas As formas natildeo protonadas satildeo conhecidas como bases e as formas
protonadas satildeo tratadas como sais
Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas as quais contecircm quatro
aneacuteis separados por aacutetomos de nitrogecircnio a polianilina apresenta trecircs estados de
oxidaccedilatildeo bem definidos que apresentam propriedades fiacutesicas e quiacutemicas distintas
Por exemplo de todas as formas possiacuteveis da PAni o sal esmeraldina (SE) de
coloraccedilatildeo verde eacute a que apresenta maiores valores de condutividade[ ]44 Atraveacutes
de reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo bem como de tratamentos com aacutecidos e
bases eacute possiacutevel reversivelmente converter a PAni em suas diferentes formas
conforme ilustrado na Figura 4 A forma totalmente reduzida da polianilina a
leucoesmeraldina eacute eletricamente isolante e consiste basicamente de aneacuteis
benzecircnicos (4B) No primeiro processo de oxidaccedilatildeo ocorre uma forte modificaccedilatildeo
da estrutura quiacutemica onde 25 dos aneacuteis benzecircnicos satildeo convertidos para
formas quinocircnicas (Q + 3B) levando agrave formaccedilatildeo da espeacutecie denominada
esmeraldina Num segundo processo de oxidaccedilatildeo tem-se a formaccedilatildeo de uma
espeacutecie que apresenta 50 dos aneacuteis oxidados (2Q+2B) sendo esta espeacutecie
conhecida como pernigranilina[ ]45 46 47
12
NH NHNH NH
nLeucoesmeraldina - amarelo
Base esmeraldina - azuln
NHNH NN
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
Reduccedilatildeo Oxidaccedilatildeo
N NN N
nPernigranilina - puacuterpura
N NNH NH
nSal esmeraldina - verde
HX
MOH
H+ H+
X - X -
Figura 4 Esquema de interconversatildeo entre as diferentes formas da polianilina
A conduccedilatildeo eleacutetrica na polianilina envolve um novo conceito em poliacutemeros
condutores uma vez que eacute o uacutenico que pode ser dopado por protonaccedilatildeo ou seja
sem que ocorra alteraccedilatildeo no nuacutemero de eleacutetrons associados agrave cadeia polimeacuterica [39 46 ]48 Deste modo os aacutetomos de nitrogecircnio amiacutenicos e imiacutenicos desta espeacutecie
podem estar total ou parcialmente protonados dependendo do pH ao qual o
poliacutemero foi exposto levando assim agrave formaccedilatildeo do poliacutemero na forma de sal isto
eacute na forma dopada A desprotonaccedilatildeo ocorre reversivelmente por tratamento com
soluccedilatildeo aquosa baacutesica A protonaccedilatildeo da base esmeraldina produz um aumento
na condutividade em ateacute dez ordens de grandeza[39] O sal esmeraldina eacute a forma
estrutural que apresenta maiores valores de condutividade podendo ateacute
apresentar caraacuteter metaacutelico A leucoesmeraldina e a pernigranilina tambeacutem
podem ser protonadas entretanto natildeo levam agrave formaccedilatildeo de espeacutecies
significativamente condutoras[39 42 45-47]
A polianilina dopada eacute formada por caacutetions radicais de poli(semiquinona)
que originam uma banda de conduccedilatildeo polarocircnica Uma das propostas de
mecanismo de conduccedilatildeo via pocirclaron na polianilina estaacute representado na
Figura 5[ ]49
13
Figura 5 Representaccedilatildeo esquemaacutetica do transporte de carga via pocirclaron na
polianilina[49]
O tipo de dopante utilizado (inorgacircnico orgacircnico ou poliaacutecido) influencia
decisivamente na estrutura e propriedades da polianilina como solubilidade
cristalinidade condutividade eleacutetrica resistecircncia mecacircnica etc[39] Um fenocircmeno
interessante observado na polianilina se refere agrave chamada dopagem
secundaacuteria[39 ]50 51 52 Este fenocircmeno eacute atribuiacutedo agrave combinaccedilatildeo de um aacutecido
orgacircnico funcionalizado (dopante primaacuterio) e um solvente ideal promovendo uma
mudanccedila conformacional nas cadeias polimeacutericas de enoveladas para
estendidas Este efeito eacute acompanhado por um aumento na condutividade da
polianilina[39 ]53 devido a um aumento na mobilidade dos portadores decorrente
do aumento da ldquolinearidaderdquo das cadeias do poliacutemero
A Figura 6 ilustra as caracteriacutesticas principais deste tipo de dopagem para
vaacuterias misturas de clorofoacutermio e m-cresol[50] Foi observado que a combinaccedilatildeo de
aacutecido canforsulfocircnico (CSA dopante primaacuterio) com m-cresol provoca um aumento
na condutividade da polianilina O m-cresol promove uma mudanccedila
conformacional que eacute acompanhada de alguns efeitos importantes A reduccedilatildeo do
nuacutemero de defeitos nas conjugaccedilotildees π leva a uma maior organizaccedilatildeo estrutural
entre as cadeias Este fato pode ser observado atraveacutes do surgimento de picos no
difratograma de raios X Aleacutem disso ocorre tambeacutem uma significativa mudanccedila no
espectro eletrocircnico uma vez que a energia de transiccedilatildeo eletrocircnica diminui com a
formaccedilatildeo de um portador livre deslocalizado (deslocalizaccedilatildeo do pocirclaron) O
14
processo de dopagem secundaacuterio leva ainda agrave um aumento na viscosidade da
soluccedilatildeo bem como um aumento na condutividade eleacutetrica[39 50]
Figura 6 Efeito da dopagem secundaacuteria na polianilina[50]
O efeito de dopagem secundaacuteria pode ser observado tambeacutem em uma
seacuterie de outros sistemas Xie e colaboradores fizeram um estudo detalhado do
efeito da dopagem secundaacuteria sobre a condutividade de copoliacutemeros PAniSBS e
PAniCSPE em m-cresol[52] Kahol e colaboradores[ ]54 investigaram o
comportamento da localizaccedilatildeo de eleacutetrons da polianilina como funccedilatildeo de
diferentes dopantes Uma das razotildees para tal estudo eacute que a PAni quando
dopada com aacutecidos protocircnicos pode ser dissolvida em alguns solventes
orgacircnicos Este conjunto de sistemas mostrou-se ideal para estudar as interaccedilotildees
dopantesolventepoliacutemero
A polianilina pode ser sintetizada atraveacutes da oxidaccedilatildeo quiacutemica da anilina
usando um oxidante apropriado ou por oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica sobre diferentes
eletrodos Em ambos os meacutetodos quando a reaccedilatildeo eacute realizada em meio aacutecido o
poliacutemero eacute obtido na forma condutora ou seja no estado dopado A maioria dos
autores admite que as caracteriacutesticas dos poliacutemeros dependem do meacutetodo de
siacutentese
A siacutentese quiacutemica convencional pode ser conduzida utilizando-se uma
variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8 MnO2 H2O2 K2Cr2O7 KClO3) e
diferentes aacutecidos (HCl H2SO4 H3PO4 HClO4 HPF6 poliaacutecidos como
poli(vinilssulfocircnico) e poli(estirenossulfocircnico) aacutecidos funcionalizados como
15
canforssulfocircnico e dodecilbenzenossulfocircnico) sendo o sistema mais utilizado o
persulfato de amocircnio em soluccedilatildeo aquosa de HCl (pH entre 0 e 2) Na siacutentese a
razatildeo molar oxidantemonocircmero varia entre 1 e 2 Neste caso o agente oxidante eacute
adicionado ao meio reacional levando agrave formaccedilatildeo de um caacutetion radical Alguns
paracircmetros afetam o curso da reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo como a relaccedilatildeo molar
monocircmerooxidante o tempo de reaccedilatildeo a temperatura do meio reacional e o tipo
de dopante[32 39]
A relaccedilatildeo monocircmerooxidante tem influecircncia direta no rendimento da
reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo bem como na obtenccedilatildeo de poliacutemeros com maiores
valores de condutividade Rodrigues e De Paoli[42] realizaram um estudo com
diferentes agentes oxidantes onde as amostras foram preparadas variando a
relaccedilatildeo monocircmerooxidante Esta foi controlada por um paracircmetro K definido
pela equaccedilatildeo 1 [42]
K = 25 x ηna ηox x ηe (1)
onde ηna = nuacutemero de mols de anilina
ηox = nuacutemero de mols do agente oxidante
ηe = nuacutemero de eleacutetrons necessaacuterios para produzir uma moleacutecula do gente
oxidante
Um bom conhecimento destas relaccedilotildees permite selecionar as melhores
condiccedilotildees de siacutentese para que se obtenha um rendimento maacuteximo associado a
altas condutividades Na Figura 7 tem-se um graacutefico do rendimento da reaccedilatildeo e
condutividade em funccedilatildeo de K[42]
A grande variedade de meacutetodos utilizados na preparaccedilatildeo da PAni resulta
na formaccedilatildeo de produtos cuja natureza e propriedades diferem muito Como
resultado de muitos estudos realizados sobre a PAni e seus derivados vaacuterios
mecanismos de polimerizaccedilatildeo tecircm sido propostos poreacutem ainda natildeo se tem
certeza de como ocorre ao certo todo o processo[ ]55 56 57 58 59 Todavia existe
uma concordacircncia em relaccedilatildeo agrave primeira etapa na oxidaccedilatildeo da anilina que eacute a
formaccedilatildeo do caacutetion radical independente do pH do meio A polimerizaccedilatildeo da
anilina eacute considerada como oxidativa uma vez que eacute concomitante com a
oxidaccedilatildeo da anilina por meacutetodos padrotildees de oxidaccedilatildeo quiacutemica ou eletroquiacutemica
Entretanto essa atribuiccedilatildeo foi limitada basicamente ao estaacutegio inicial do processo
16
sendo que para as demais etapas paracircmetros cineacuteticos caracteriacutesticos de
estudos de polimerizaccedilatildeo se fazem necessaacuterios[46]
Figura 7 Variaccedilatildeo do rendimento da reaccedilatildeo e condutividade como funccedilatildeo do
valor de K onde ldquordquo eacute KIO3 e ldquoxrdquo eacute (NH4)2S2O8[42]
Na Figura 8 tem-se uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do mecanismo de
polimerizaccedilatildeo oxidativa da anilina proposto por Wei e colaboradores[ ]60 A primeira
etapa deste mecanismo envolve a oxidaccedilatildeo da anilina neutra agrave um caacutetion radical
o qual leva agrave formaccedilatildeo de espeacutecie dimeacuterica Uma vez que essa espeacutecie dimeacuterica
tem menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina eacute oxidada imediatamente apoacutes
sua formaccedilatildeo formando assim os iacuteons di-imiacutenio correspondentes Um ataque
eletrofiacutelico do monocircmero anilina tanto por iacuteons di-imiacutenio como por iacuteons nitrecircnio (o
qual poderia ser prontamente gerado por desprotonaccedilatildeo do iacuteon di-imiacutenio) iniciaria
a etapa de crescimento do poliacutemero Os oligocircmeros subsequumlentes tambeacutem tecircm
menor potencial de oxidaccedilatildeo que a anilina Dessa maneira a reaccedilatildeo prossegue
conduzindo ao poliacutemero final[60]
A polianilina tambeacutem pode ser obtida atraveacutes da siacutentese eletroquiacutemica
Este meacutetodo oferece algumas vantagens sobre o meacutetodo quiacutemico convencional
O produto final apresenta maior grau de pureza aleacutem de natildeo ser necessaacuterio uma
extraccedilatildeo da mistura solventeagente oxidantemonocircmero ao final da reaccedilatildeo[59] A
polimerizaccedilatildeo eletroquiacutemica ocorre atraveacutes da oxidaccedilatildeo eletroquiacutemica da anilina
17
sobre um acircnodo de metal inerte (platina ou ouro) vidro condutor ou ainda outros
materiais menos comuns como o carbono viacutetreo[39 31]
Como visto anteriormente os poliacutemeros podem ter valores de
condutividade que vatildeo desde isolantes ateacute condutores dependendo do grau de
dopagem A PAni apresenta uma caracteriacutestica que a diferencia dos outros PC
que eacute justamente o fato de que natildeo basta que esta se apresente em sua forma
oxidada para tornar-se condutora A base esmeraldina por exemplo eacute um
composto isolante que natildeo necessita de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo para tornar-se
dopada A fase condutora eacute obtida atraveacutes de uma simples protonaccedilatildeo dos
aacutetomos de nitrogecircnio imiacutenicos presentes em sua estrutura A protonaccedilatildeo da base
esmeraldina azul por exemplo pode ser realizada em soluccedilatildeo aquosa de HCl 1
molmiddotL-1(pH=0) produzindo um aumento da condutividade em 10 ordens de
grandeza O sal esmeraldina formado de coloraccedilatildeo verde iraacute conter iacuteons Cl-
como contra-iacuteons Neste caso diz-se que a PAni estaacute dopada com HCl A
desprotonaccedilatildeo pode ocorrer de modo reversiacutevel por tratamento semelhante em
soluccedilatildeo aquosa alcalina retornando o material agrave coloraccedilatildeo azul caracteriacutestica da
base esmeraldina
Figura 8 Mecanismo proposto para polimerizaccedilatildeo da anilina[60]
18
Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebridos formados pela polianilina como
fraccedilatildeo orgacircnica tecircm sido descritos na literatura O Grupo de Quiacutemica de Materiais
(GQM) do Departamento de Quiacutemica da Universidade Federal do Paranaacute vem
contribuindo bastante neste sentido realizando diversos estudos envolvendo a
obtenccedilatildeo de materiais hiacutebridos formados entre diferentes soacutelidos inorgacircnicos e a
polianilina Dentre eles podemos citar i) a preparaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de
nanocompoacutesitos formados entre o vidro poroso Vycor (PVG) e a polianilina[31] ii)
novos materiais hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de oacutexido de titacircnio ou do
oacutexido misto (TiSn)O2 e a polianilina sendo os hiacutebridos formados por
nanopartiacuteculas ou nanobastotildees dos oacutexidos e a polianilina na sua forma
condutora o sal esmeraldina[32 ]61 iii) materiais hiacutebridos formados entre a
polianilina e geacuteis de polifosfato de alumiacutenio na forma de filmes transparentes
maleaacuteveis e auto-suportados preparados atraveacutes de reaccedilotildees em uma uacutenica
etapa onde tanto o polifosfato de alumiacutenio quanto a polianilina foram sintetizados
conjuntamente[24] iv) hiacutebridos formados entre nanopartiacuteculas de prata (diacircmetro
meacutedio de 4 nm) e polianilina[ ]62 Neste caso atraveacutes de um rigoroso controle das
condiccedilotildees de siacutentese foi possiacutevel a obtenccedilatildeo de materiais onde as nanopartiacuteculas
foram formadas homogeneamente dispersas em uma massa de polianilina ou
ainda uma dispersatildeo do tipo core-shell onde uma ldquocascardquo de polianilina foi
formada ao redor das nanopartiacuteculas de prata[62]
Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacutebridos
orgacircnico-inorgacircnicos sendo a fase orgacircnica formada pela polianilina e a fase
inorgacircnica formada por oacutexidos de vanaacutedio As caracteriacutesticas destes oacutexidos seratildeo
descritas mais detalhadamente a seguir
13 Oacutexidos de vanaacutedio
Os oacutexidos de vanaacutedio pertencem agrave importante classe dos compostos de
metal de transiccedilatildeo 3d que recebeu atenccedilatildeo consideraacutevel na pesquisa e na
tecnologia durante as uacuteltimas deacutecadas Na forma de soacutelido estendido (soacutelido bulk)
estes oacutexidos constituem uma fascinante classe de materiais com excepcionais
propriedades eletrocircnicas magneacuteticas e estruturais que os tornam atrativos para
muitas aplicaccedilotildees industriais e tecnoloacutegicas com exemplos na aacuterea de cataacutelise
19
(onde os oacutexidos do vanaacutedio satildeo usados como componentes de catalisadores
industriais importantes para as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e no controle de poluiccedilatildeo do
meio ambiente) optoeletrocircnicos (onde satildeo empregados na construccedilatildeo de
dispositivos eleacutetricos e de janelas termocrocircmicas inteligentes) sensores entre
outros[ ] 63 64
A quiacutemica rica e diversificada bem como o desempenho cataliacutetico dos
oacutexidos de vanaacutedio baseia-se em dois fatores O primeiro diz respeito agrave variedade
de estados de oxidaccedilatildeo possiacuteveis do vanaacutedio indo de 2+ a 5+ e o segundo agrave
variabilidade de geometrias de coordenaccedilatildeo possiacuteveis em relaccedilatildeo ao vanaacutedio
que pode ser octaeacutedrica bipiracircmide pentagonal piracircmide de base quadrada e
tetraeacutedrica Assim sendo existe um grande nuacutemero de estruturas possiacuteveis de
serem encontradas para estes oacutexidos fornecendo assim caracteriacutesticas
importantes para as propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do material final[64]
Uma outra caracteriacutestica relevante e diretamente relacionada com as
propriedades do material final diz respeito ao tamanho das partiacuteculas destes
oacutexidos Quando as dimensotildees de materiais a base de oacutexidos de vanaacutedio satildeo
reduzidas a tamanhos na ordem de nanocircmetros o produto obtido passa a
apresentar novas propriedades As estruturas destes oacutexidos em escala
nanomeacutetrica na forma de camadas ultrafinas quantum dots e de clusters
tridimensionais possuem uma importacircncia significativa como elementos passivos
e ativos em diferentes aacutereas da nanotecnologia Os exemplos compreendem a
tecnologia de dispositivos eletrocircnicos optoeletrocircnicos magneto-eletrocircnicos
detectores e revestimentos contra calor e corrosatildeo ou ainda o campo de cataacutelise
avanccedilada Em todas estas aacutereas faz-se necessaacuterio um controle muito fino durante
o processo de fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados[63]
Assim em vista da importacircncia de oacutexidos de vanaacutedio em diferentes
aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas a fabricaccedilatildeo destes materiais nanoestruturados tem se
tornado particularmente atrativa Dentre os diversos oacutexidos de vanaacutedio existentes
aquele que tem sido mais amplamente estudado eacute o pentoacutexido de vanaacutedio
(V2O5)[ ]65 66 Os geacuteis de V2O5nH2O tecircm sido extensivamente estudados devido ao
seu alto potencial de aplicaccedilotildees e ainda por apresentarem tanto condutividade
eletrocircnica quanto iocircnica[ ]67
Uma das maneiras de se preparar geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio eacute atraveacutes da
protonaccedilatildeo de vanadatos em soluccedilatildeo aquosa Uma grande variedade de espeacutecies
20
de V(V) pode ser encontrada em soluccedilotildees aquosas Agrave temperatura ambiente as
espeacutecies de vanadato presentes no meio reacional dependem principalmente da
concentraccedilatildeo de vanaacutedio e do pH conforme ilustrado na Figura 9[ ]68
Figura 9 Diagrama esquemaacutetico com regiotildees de estabilidade de diversas
espeacutecies de vanaacutedio em soluccedilotildees aquosas agrave 25degC em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo
(mv) e do pH[68]
Vanaacutedio (V) eacute um caacutetion altamente carregado e por esta razatildeo oxo-acircnions
[VO4]3- satildeo formados em meio altamente alcalino (pHgt14) onde cada aacutetomo de
vanaacutedio eacute coordenado por quatro aacutetomos de oxigecircnios equivalentes A protonaccedilatildeo
ocorre quando o pH diminui dando origem agrave espeacutecies monomeacutericas hidrolizadas
[HnVO4]3-n em soluccedilotildees muito diluiacutedas (c lt 10-4 molL-1) A carga negativa meacutedia
destas espeacutecies aniocircnicas diminui com o pH enquanto n aumenta atingindo o
ponto de carga zero com pH=2 Abaixo deste valor de pH espeacutecies monomeacutericas
catiocircnicas [VO]2+ satildeo observadas[68]
A acidificaccedilatildeo de soluccedilatildeo de metavanadato de soacutedio (NaVO3 sim1 molL-1)
por exemplo leva agrave formaccedilatildeo de soluccedilotildees coloridas e que conteacutem espeacutecies
ciacuteclicas de polivanadatos tais como [V4O12]4- Esta acidificaccedilatildeo normalmente eacute
conduzida atraveacutes do uso de uma resina de troca iocircnica Uma soluccedilatildeo amarela de
aacutecido vanaacutedico eacute obtida apoacutes a troca de iacuteons e a soluccedilatildeo vai se tornando cada
vez mais viscosa Em poucas horas um gel vermelho eacute obtido Espeacutecies
21
altamente condensadas tais como geacuteis ou precipitados devem ser formadas a
partir do precursor neutro [H3VO4] caso natildeo haja uma repulsatildeo eletrostaacutetica que
impeccedila a condensaccedilatildeo o que levaria agrave formaccedilatildeo somente de pequenas espeacutecies
de polivanadatos Na verdade a soluccedilatildeo torna-se amarela tatildeo raacutepido quanto a
acidificaccedilatildeo mostrando que o nuacutemero de coordenaccedilatildeo dos iacuteons V(V) aumenta de
4 para 6 A expansatildeo no nuacutemero de coordenaccedilatildeo ocorre via adiccedilatildeo nucleofiacutelica
com adiccedilatildeo de duas moleacuteculas de aacutegua agraves espeacutecies VO(OH)3 gerando
compostos hexacoordenados [VO(OH)3(H2O)2]0 em que uma moleacutecula de aacutegua
estaacute localizada ao longo do eixo z (na posiccedilatildeo axial oposta agrave ligaccedilatildeo curta V=O)
enquanto a segunda moleacutecula de aacutegua eacute adicionada no plano equatorial oposta
ao grupo OH Uma ligaccedilatildeo VminusOH2 e trecircs ligaccedilotildees VminusOH satildeo formadas neste
plano nas direccedilotildees x e y e as mesmas natildeo satildeo equivalentes como pode ser visto
na Figura 10(a)[67]
Figura 10 Formaccedilatildeo de geacuteis de V2O5 via condensaccedilatildeo de precursores neutros
[VO(OH)3(H2O)2] (a) expansatildeo do nuacutemero de coordenaccedilatildeo e (b) condensaccedilatildeo[67]
22
Para que a condensaccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria a presenccedila dos grupos
VminusOH na estrutura das moleacuteculas formadas Isto mostra que a condensaccedilatildeo natildeo
pode se dar ao longo da direccedilatildeo do eixo z (H2OminusVO) Todas as ligaccedilotildees VminusOH
estatildeo no plano xy Reaccedilotildees raacutepidas de olaccedilatildeo ocorrem ao longo da direccedilatildeo
HOminusVminusOH2 (no eixo y) levando agrave formaccedilatildeo de cadeias polimeacutericas ligadas pelos
veacutertices do octaedro enquanto um outro tipo de reaccedilatildeo mais lenta chamada de
oxolaccedilatildeo ocorre ao longo da direccedilatildeo HOminusVminusOH (eixo x) produzindo duplas
cadeias polimeacutericas ligadas umas agraves outras atraveacutes das arestas que originam as
duplas fitas em zig-zag como pode ser observado na Figura 10(b)[67]
Sendo assim a condensaccedilatildeo de aacutecidos de vanaacutedio normalmente leva agrave
formaccedilatildeo de estruturas tipo fitas polimeacutericas Tais fitas podem ser claramente
observadas por microscopia Estas fitas possuem normalmente um comprimento
na ordem de 102 nm uma largura de 25 nm e uma espessura de 1 nm Vaacuterios
estudos foram realizados no sentido de entender melhor a estrutura lamelar
destas fitas atraveacutes de difratometria de raios X pelo meacutetodo de Rietveld O padratildeo
obtido no caso do V2O5 sugere que cada fita eacute constituiacuteda por duas camadas de
piracircmides de base quadrada de unidades [VO5] como ilustrado
esquematicamente na Figura 11[67 68]
Figura 11 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das fitas de V2O5 mostrando sua
estrutura detalhada[68]
Essas piracircmides compartilham seus veacutertices formando cadeias duplas ao
longo da direccedilatildeo b (Figura 12) As cadeias duplas formadas por sua vez
conectam-se ao eixo a pelas arestas das piracircmides levando agrave formaccedilatildeo de
estruturas do tipo zig-zag as folhas resultantes satildeo empilhadas ao longo da
direccedilatildeo c e estatildeo separadas por uma distacircncia de 28 Aring Esta distacircncia permite
que moleacuteculas de aacutegua sejam intercaladas entre as lamelas e por isso a foacutermula
23
geneacuterica dos geacuteis de oacutexidos de vanaacutedio pode ser expressa como
V2O5nH2O[67 ] 69
VO5 piracircmide quadrada
c
a
b
Figura 12 Representaccedilatildeo da estrutura cristalina do V2O5[69]
Por apresentarem estrutura lamelar esses oacutexidos servem como materiais
hospedeiros para uma grande variedade de caacutetions metaacutelicos monovalentes[ ]70 tal
como o liacutetio A alta capacidade de inserccedilatildeo de liacutetio em xerogeacuteis de V2O5 os torna
atrativos para o emprego como caacutetodos em baterias de liacutetio de alta
capacidade[ ]71 72 bem como a possibilidade de utilizar outros oacutexidos de vanaacutedio
que tambeacutem possuem estrutura lamelar para o mesmo fim
A reaccedilatildeo que ocorre no processo de intercalaccedilatildeo dos iacuteons liacutetio se daacute de
acordo com a Equaccedilatildeo 2 e pode ser considerada como um processo de oxi-
reduccedilatildeo reversiacutevel acompanhada da injeccedilatildeo e extraccedilatildeo de iacuteons liacutetio e eleacutetrons[ ]73
V2O5 + x Li+ + x e- LixV2O5 (0 lt x le 4) Equaccedilatildeo (2)
Esse processo ocorre atraveacutes de uma diferenccedila de potencial que
proporciona a migraccedilatildeo de eleacutetrons atraveacutes de um eletroacutelito do acircnodo para o
caacutetodo Estes eleacutetrons satildeo introduzidos para o balanccedilo de carga na matriz ou
seja uma compensaccedilatildeo de carga negativa devido agrave intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio A
diferenccedila de potencial entre o acircnodo e o caacutetodo estaacute em uma faixa de 3-4 V[ ]74
A inserccedilatildeo de grandes quantidades de iacuteon liacutetio entre as lamelas do oacutexido
resulta na degradaccedilatildeo estrutural e na queda do desempenho desta matriz como
caacutetodo O mecanismo de intercalaccedilatildeo ainda natildeo eacute bem entendido especialmente
24
no que diz respeito agrave acomodaccedilatildeo dos eleacutetrons doados para a matriz hospedeira
(V2O5) durante a inserccedilatildeo de liacutetio A explicaccedilatildeo mais simples associa uma
reduccedilatildeo do vanaacutedio (V) para (IV) decorrente da incorporaccedilatildeo do liacutetio Entretanto
alguns estudos de LixV2O5 cristalino indicam que esta reduccedilatildeo natildeo descreve
exatamente essa intercalaccedilatildeo pois ainda ocorre uma significativa deslocalizaccedilatildeo
de eleacutetrons defeitos nas estruturas do oacutexido eou um desproporcionamento dos
siacutetios de vanaacutedio[ ]75
Neste sentido tem-se estudado a intercalaccedilatildeo de poliacutemeros condutores
entre as lamelas do V2O5 com o objetivo de otimizar o tempo de vida uacutetil deste
sistema utilizado como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis[ ] 76 77 78
Surnev e colaboradores[63] obtiveram nanocompoacutesitos formados entre V2O5
e poliacutemeros condutores Os autores estudaram o comportamento destes novos
materiais quando utilizados como caacutetodo em baterias recarregaacuteveis de iacuteon Li+ e
obtiveram excelentes resultados[63] Tambeacutem foram obtidos materiais hibridos
formados com nanoestruturas de oacutexidos de vanaacutedio Por exemplo nanotubos e
nanofios de oacutexido de vanaacutedio[ ]79 com um diacircmetro na escala de 15-150 nm foram
produzidos atraveacutes do processo sol-gel e tais materiais altamente anisotroacutepicos
satildeo de interesse particular na aacuterea de eletroquiacutemica e cataacutelises e satildeo
considerados como eletrodos promissores em escala nanomeacutetrica para baterias
de iacuteons Li+[ ]80
A obtenccedilatildeo destes novos compostos se daacute em sua grande maioria
atraveacutes do processo sol-gel que seraacute descrito a seguir com maiores detalhes
14 Processo Sol-Gel
O processo sol-gel tem sido extensivamente empregado durante as duas
uacuteltimas deacutecadas na siacutentese de materiais tecnologicamente importantes incluindo
ceracircmicas vidros compoacutesitos e hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos[ ]81 82 83 Partindo-
se originalmente de precursores moleculares uma rede de oacutexido pode ser obtida
via reaccedilotildees de polimerizaccedilatildeo inorgacircnica[ ]84 85 86 Estas reaccedilotildees ocorrem em
soluccedilatildeo e o termo ldquosol-gelrdquo eacute utilizado para descrever a siacutentese de oacutexidos
inorgacircnicos por meacutetodos de via uacutemida Durante as uacuteltimas deacutecadas houve um
crescimento significativo no interesse pelo processo sol-gel Esta motivaccedilatildeo se
25
deve ao fato de que os materiais obtidos por este meacutetodo apresentam alta pureza
homogeneidade e temperaturas de processamento muito inferiores quando
comparados com aqueles formados pelos meacutetodos tradicionais de obtenccedilatildeo de
vidros e ceracircmicas[84]
Outra caracteriacutestica importante do processo sol-gel eacute a possibilidade de
controle de todas as etapas que ocorrem durante a passagem do precursor
molecular ateacute o produto final possibilitando um melhor domiacutenio do processo
global e a possibilidade de se obter materiais com as caracteriacutesticas e
propriedades preacute-planejadas na forma de poacutes monolitos filmes etc conforme
ilustrado na Figura 13[ ]87
Figura 13 Possibilidades de processamento do material produzido atraveacutes do
processo sol-gel[87]
A quiacutemica do processo sol-gel eacute baseada na hidroacutelise e condensaccedilatildeo de
precursores moleculares[85-87] Os precursores mais versaacuteteis e utilizados neste
tipo de siacutentese satildeo os alcoacutexidos metaacutelicos M(OR)n (R = metil etil propil isopropil
butil terc-butil etc) A alta eletronegatividade do grupo alcoacutexido (minusOR) faz com
26
que o aacutetomo metaacutelico seja susceptiacutevel a ataques nucleofiacutelicos A etapa de
hidroacutelise de um alcoacutexido gera um hidroacutexido metaacutelico MminusOH
Esta reaccedilatildeo eacute oriunda de uma adiccedilatildeo nucleofiacutelica da moleacutecula de aacutegua ao
aacutetomo do metal A segunda etapa do processo sol-gel consiste na condensaccedilatildeo
das espeacutecies MminusOH levando agrave formaccedilatildeo de ligaccedilotildees minusMminusOminusMminus Este eacute um
processo complexo que pode ser conduzido por dois mecanismos distintos de
acordo com as condiccedilotildees experimentais
i) alcoxilaccedilatildeo onde ocorre a reaccedilatildeo da espeacutecie MminusOH receacutem-formada com
moleacuteculas do alcoacutexido precursor com eliminaccedilatildeo de uma moleacutecula de aacutelcool
ii) oxilaccedilatildeo onde duas moleacuteculas MminusOH reagem entre si eliminando uma
moleacutecula de aacutegua
A ocorrecircncia de vaacuterios estaacutegios de condensaccedilatildeo produz reaccedilotildees de
policondensaccedilatildeo que levam agrave formaccedilatildeo de uma rede MOn
27
A aacutegua e o aacutelcool expelidos na reaccedilatildeo permanecem nos poros desta
rede [84 85] Quando existe um nuacutemero suficiente de ligaccedilotildees MminusOminusM em uma
determinada regiatildeo ocorre a formaccedilatildeo por efeito cooperativo de partiacuteculas
coloidais de MOn Esta fase eacute conhecida com o nome de sol O tamanho das
partiacuteculas do sol dependeraacute entre outros fatores do precursor molecular do pH e
da razatildeo H2Oalcoacutexido presente no meio[84]
As reaccedilotildees de hidroacutelise condensaccedilatildeo e policondensaccedilatildeo descritas
anteriormente foram exaustivamente estudadas no caso de obtenccedilatildeo de siacutelica
como produto final partindo-se de Si(O-CH2-CH3)4 como alcoacutexido precursor
Neste caso um controle adequado das condiccedilotildees experimentais em cada etapa
do processo pode levar agrave formaccedilatildeo de monolitos de siacutelica com alta
transparecircncia[84]
A obtenccedilatildeo de monolitos via o processo sol-gel eacute realizada a partir do sol
Como este se apresenta na forma de um ldquoliacutequidordquo de baixa viscosidade pode ser
transferido para um molde com o formato desejado para o monolito Com o
passar do tempo as partiacuteculas coloidais tendem a se agregarem tornando-se um
retiacuteculo tridimensional riacutegido e interconectado com uma rede de poros de
dimensotildees submicromeacutetricas A este material eacute dado o nome de gel e a etapa de
formaccedilatildeo do gel eacute conhecida como gelaccedilatildeo Na gelaccedilatildeo ocorre um aumento
significativo da viscosidade resultando em um objeto soacutelido com o formato do
molde com uma estrutura porosa repleta de liacutequido Quando o liacutequido eacute removido
dos poros do gel ocorre contraccedilatildeo do material que passa a ser denominado
xerogel Esta etapa eacute criacutetica no processo pois pode levar agrave formaccedilatildeo de
rachaduras no material e deve ser cuidadosamente controlada
Um gel eacute definido como seco quando a aacutegua adsorvida nos poros eacute
completamente retirada Isto ocorre aquecendo-se o material em temperaturas
28
entre 100 e 180 oC A aacuterea superficial dos geacuteis secos eacute muito alta (gt 400m2g) e o
diacircmetro meacutedio dos poros obtidos eacute muito pequeno (lt10 nm)[84] Poros maiores
podem ser obtidos por vaacuterios tratamentos diferenciados [84] No caso da siacutelica o
gel seco conteacutem um grande nuacutemero de grupos silanoacuteis na superfiacutecie dos poros
(SiminusOH) A remoccedilatildeo destas hidroxilas superficiais bem como a condensaccedilatildeo dos
poros levando agrave formaccedilatildeo de um material denso podem ser viabilizadas atraveacutes
de tratamentos teacutermicos adequados
Uma vantagem excepcional da obtenccedilatildeo de materiais atraveacutes do meacutetodo
sol-gel reside no fato de que durante as etapas de formaccedilatildeo do sol ou durante a
gelaccedilatildeo pode-se introduzir espeacutecies quiacutemicas agrave mistura fazendo com que o
material final seja obtido com estas espeacutecies impregnadas em sua estrutura
Assim materiais hiacutebridos orgacircnico-inorgacircnicos podem ser preparados facilmente
pelo processo sol-gel atraveacutes de diferentes meacutetodos de siacutentese pela incorporaccedilatildeo
de diferentes precursores inorgacircnicos com moleacuteculas orgacircnicas[ ]88
Como mencionado anteriormente as reaccedilotildees de hidroacutelise e condensaccedilatildeo
de precursores moleculares base do processo sol-gel foram extensivamente
estudadas para os alcoacutexidos de siliacutecio visando a obtenccedilatildeo de siacutelica Entretanto a
quantidade de dados disponiacuteveis para precursores de oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo principalmente no que diz respeito a propostas de mecanismos ainda eacute
muito reduzida Como os elementos de transiccedilatildeo satildeo mais eletropositivos que o
siliacutecio a hidroacutelise dos alcoacutexidos destes elementos ocorre com muito mais
facilidade De fato estes precursores satildeo muito sensiacuteveis agrave umidade o que torna
difiacutecil um controle total da etapa de hidroacutelise[85]
Vaacuterios oacutexidos semicondutores de metais de transiccedilatildeo tecircm sido preparados
pela teacutecnica de sol-gel principalmente os oacutexidos de titacircnio vanaacutedio e tungstecircnio
visando a obtenccedilatildeo de materiais para fotocataacutelise dispositivos eletro- e
fotocrocircmicos baterias reversiacuteveis etc[85] Sabe-se que o material final obtido eacute
muito sensiacutevel ao meacutetodo de preparaccedilatildeo principalmente ao tipo de precursor
utilizado[85] No caso especiacutefico de oacutexidos de vanaacutedio o uacutenico alcoacutexido de vanaacutedio
disponiacutevel comercialmente eacute o oxotri-isopropoacutexido de vanaacutedio(V) [VO(OC3H7)3]
que tem sido amplamente utilizado para a siacutentese de V2O5[69 86] Outra
possibilidade eacute a siacutentese deste material utilizando-se um processo sol-gel agrave base
de precursor natildeo-alcoacutexido por exemplo o aacutecido polivanaacutedico que produz um gel
de V2O5 hidratado como produto de hidroacutelise[ ] 89 90 Entretanto existem diversos
29
pesquisadores trabalhando no desenvolvimento de novos precursores alcoacutexidos
de vanaacutedio no sentido de facilitar a obtenccedilatildeo dos diversos oacutexidos deste metal
atraveacutes do processo sol-gel Um dos alcoacutexidos de vanaacutedio sintetizados
recentemente e que vem mostrando excelentes resultados na siacutentese de oacutexidos
de vanaacutedio eacute apresentado a seguir
15 O Complexo Binuclear [V2(micro-OPri)2(OPri)6] O complexo binuclear de vanaacutedio(IV) [V2(micro-OPri)2(OPri)6] foi relatado pela
primeira vez por Kempe e Spannemberg em 1997 (Figura 14)[89] Esse complexo
foi obtido como um sub-produto da reaccedilatildeo entre [VO(OPri)3] e SmI2 em
tetrahidrofurano (Equaccedilatildeo 3) Uma mistura de cristais foi isolada da soluccedilatildeo-matildee
e um deles foi submetido a anaacutelise por difratometria de raios X
[V(O)(OPri)3] + SmI2 + [V2(micro-OPri)2(OPri)6] Equaccedilatildeo (3)
(rendimento lt 5 )
O Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR
desenvolveu uma nova metodologia de obtenccedilatildeo deste alcoacutexido com bons
rendimentos de cristalizaccedilatildeo (60 a 70 ) tornando viaacutevel a sua utilizaccedilatildeo como
precursor de alcoacutexidos mais complexos de vanaacutedio(IV) natildeo-oxo Aleacutem desse
complexo conter vanaacutedio(IV) ele tambeacutem apresenta termocromismo reversiacutevel
azul-cobalto (315 K) verde (268 K) amarelo-ouro (210 K)[ ] 91 Essas
caracteriacutesticas o tornam promissor para a preparaccedilatildeo de complexos
heterometaacutelicos baseados em vanaacutedio(IV) e tambeacutem como precursor de oacutexidos
de V(IV) ou de valecircncia mista V(IVV)
30
Figura 14 Representaccedilatildeo ORTEP da estrutura molecular do complexo
[V2(micro-OPri)2(OPri)6][90]
Assim estamos interessados em empregaacute-lo como precursor de oacutexidos de
vanaacutedio(IV) e de valecircncia mista V(IVV) uma vez que esses oacutexidos satildeo
geralmente obtidos atraveacutes de reaccedilotildees empregando materiais de partida de
vanaacutedio(V) em condiccedilotildees redutoras Como neste alcoacutexido o metal jaacute se encontra
no estado de oxidaccedilatildeo (IV) esses oacutexidos poderatildeo ser obtidos em condiccedilotildees mais
brandas empregando o processo sol-gel
31
2 OBJETIVOS
21 Objetivos Gerais
Os objetivos deste trabalho estatildeo inseridos dentro da linha de pesquisa do
Grupo de Quiacutemica de Materiais (GQM) da UFPR relacionada com o
desenvolvimento de rotas de siacutentese de diferentes materiais em escala
nanomeacutetrica sua caracterizaccedilatildeo medidas de propriedades e otimizaccedilatildeo de
dispositivos visando aplicaccedilatildeo tecnoloacutegica destes nanomateriais bem como do
Grupo de Siacutentese de Precursores de Oacutexidos Metaacutelicos do DQUFPR que tem se
dedicado no estudo da siacutentese e caracterizaccedilatildeo de novos alcoacutexidos moleculares
e de sua utilizaccedilatildeo como precursores para oacutexidos metaacutelicos
22 Objetivos Especiacuteficos
i) Preparar e caracterizar diferentes oacutexidos de vanaacutedio em escala
nanomeacutetrica atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se um novo precursor de
vanaacutedio (IV) [V2(OR)8] (OR = isopropoacutexido)
ii) Preparar e caracterizar diferentes materiais hiacutebridos do tipo PAnioacutexidos
de vanaacutedio desenvolver novos meacutetodos de siacutentese destes materiais estudar as
variaacuteveis de siacutenteses tais como razatildeo molar entre o monocircmero e o oacutexido de
vanaacutedio utilizado e ainda tempo e temperatura de raccedilatildeo
iv) Caracterizar todos os materiais hiacutebridos por diferentes teacutecnicas e
estudar suas propriedades eletroquiacutemicas
32
3 EXPERIMENTAL
A parte experimental deste trabalho estaacute dividida em quatro etapas
31 Reagentes
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
31 Reagentes
A anilina (Nuclear) foi destilada agrave vaacutecuo sempre antes de sua utilizaccedilatildeo
Todos os demais reagentes de pureza analiacutetica HCl (Carlo Erba) Etanol (F
Maia) DMF (Vetec) foram utilizados sem tratamento preacutevio Todas as soluccedilotildees
aquosas foram preparadas utilizando-se aacutegua destilada
32 Siacutentese do precursor [V2(OPri)8]
Esta via estaacute atualmente em processo de patenteamento no paiacutes em vista
do seu potencial para exploraccedilatildeo comercial motivo pelo qual natildeo eacute descrita nesta
dissertaccedilatildeo A preparaccedilatildeo do precursor para os diversos ensaios foi conduzida
em condiccedilotildees estritas de atmosfera inerte a partir de reagentes e solventes
purificados e rigorosamente secos pelo uso de teacutecnicas de Schlenk e de glove-
box A confirmaccedilatildeo da identidade do produto foi feita por anaacutelise espectroscoacutepica
na regiatildeo do infravermelho e por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica
33 Siacutentese dos oacutexidos de vanaacutedio pelo processo sol-gel
A obtenccedilatildeo dos oacutexidos de vanaacutedio foi realizada atraveacutes da hidroacutelise
controlada do precursor [V2(OPri)8] ao ar Primeiramente 043 g de [V2(OPri)8]
33
(0748 mmol) foram adicionados a um balatildeo de Schlenk contendo 200 mL (0261
mol) de isopropanol Essa mistura gerou uma soluccedilatildeo de coloraccedilatildeo azul escuro
Posteriormente a mesma foi misturada a aproximadamente 110 mL (061 mol)
de aacutegua destilada tornando-se imediatamente marrom escuro A mistura foi
colocada em um sistema de refluxo e mantida a 60 oC por 50 h sob agitaccedilatildeo
magneacutetica Apoacutes 12 horas de reaccedilatildeo a dispersatildeo formada apresentava uma
coloraccedilatildeo verde escura mantendo-se assim ateacute o teacutermino da reaccedilatildeo Decorrido
este tempo o soacutelido foi separado do excesso de aacutegua e de solvente por
centrifugaccedilatildeo Apoacutes a etapa de separaccedilatildeo o soacutelido obtido foi colocado em estufa
a 40 oC para a secagem durante 48 horas Decorrido este tempo o mesmo
apresentou-se na forma de aglomerados de coloraccedilatildeo verde-escuro Este material
seraacute tratado neste relatoacuterio por VOx
No intuito de tentarmos obter um outro oacutexido de vanaacutedio o oacutexido obtido
anteriormente (VOx) foi submetido a um tratamento teacutermico ao ar durante duas
horas a 400 oC em forno tipo mufla O soacutelido resultante apresentou uma
coloraccedilatildeo amarelo-avermelhado caracteriacutestica de V2O5
34 Siacutentese quiacutemica dos hiacutebridos polianilinaoacutexidos de vanaacutedio
Foram preparadas trecircs diferentes amostras de hiacutebridos para cada oacutexido de
vanaacutedio (VOx e V2O5) variando a proporccedilatildeo PAnioacutexido Em um balatildeo de fundo
redondo de 150 mL foram adicionados 200 mL de uma soluccedilatildeo de HCl 20
molmiddotL-1 A este balatildeo trecircs diferentes volumes de anilina previamente destilada
foram adicionados 105 microL 210 microL e 420 microL (0115 mmol 0230 mmol 0460
mmol respectivamente) Apoacutes a homogeneizaccedilatildeo do sistema a cada soluccedilatildeo
aacutecida de anilina foram adicionados aproximadamente 420 mg de oacutexido de
vanaacutedio (VOx ou V2O5) o que representaria inicialmente uma proporccedilatildeo molar
PAnioacutexido de 051 11 e 21 Para as seis siacutenteses foi possiacutevel observar logo
apoacutes a adiccedilatildeo do oacutexido a formaccedilatildeo de uma dispersatildeo homogecircnea de coloraccedilatildeo
azul-escuro Todas as reaccedilotildees foram mantidas agrave temperatura ambiente e sob
agitaccedilatildeo magneacutetica durante 24 horas Passado este tempo as dispersotildees
tornavam-se verde-escuro em todos os casos Entatildeo as mesmas foram
centrifugadas e os soacutelidos obtidos foram lavados diversas vezes com etanol e
34
aacutegua destilada e posteriormente secos em estufa a 45 oC A nomenclatura a ser
adotada para cada amostra obtida seraacute PAniVOx nm e PAniV2O5 nm onde n
e m representam as quantidades molares iniciais de anilina e oacutexido utilizados
Uma representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo das
diferentes amostras encontra-se na Figura 15
Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica dos procedimentos para a preparaccedilatildeo
das diferentes amostras hiacutebridas obtidas
35 Caracterizaccedilatildeo fiacutesica das amostras
351 Difratometria de Raios X (DRX)
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Shimadzu
XRD-6000 com radiaccedilatildeo Cu-Kα (λ = 15418 Aring) e as seguintes condiccedilotildees
de trabalho voltagem 40 kV corrente 40 mA velocidade de varredura de
002omiddotseg-1(em 2θ) As amostras satildeo preparadas a partir da amostra em poacute
prensando o soacutelido em porta amostra de vidro ou alumiacutenio
35
352 Espectroscopia na regiatildeo do Infravermelho com Transformada de
Fourier (IV-TF)
Os espectros de IV-TF foram obtidos em um equipamento BIORAD FTS-
3500GX na regiatildeo de 400 a 4000 cm-1 com 64 acumulaccedilotildees por espectro
utilizando-se pastilhas de KBr
353 Espectroscopia Vibracional Raman
Os espectros Raman foram obtidos em um equipamento Renishaw
acoplado a um microscoacutepio oacutetico Este uacuteltimo foca a radiaccedilatildeo incidente em uma
aacuterea da amostra de aproximadamente 1 microm2 Os lasers utilizados foram o de Ar+
(514 nm) e o de He-Ne (6328 nm) ambos na regiatildeo de 200 a 2000 cm-1 e com
potecircncia de 02 mW
354 Espectroscopia na regiatildeo do Ultravioleta e Visiacutevel (UV-Vis-NIR)
Os espectros UV-Vis-NIR foram obtidos em um espectrofotocircmetro FEMTO
ndash 800 XI com as amostras dispersas em aacutegua na regiatildeo de 190 a 690 nm
utilizando-se a aacutegua como referecircncia Os espectros em modo refletacircncia difusa
foram obtidos em um espectrocircmetro Shimadzu UV-2401 PC com as amostras em
poacute
355 Espectroscopia por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE)
As anaacutelises por ressonacircncia paramagneacutetica eletrocircnica foram realizadas em
um espectrocircmetro Bruker ESP300-E operando em banda X (95 GHz) As
medidas foram realizadas no soacutelido pulverizado agrave temperatura ambiente e agrave 77K
356 Voltametria Ciacuteclica
Os estudos eletroquiacutemicos por voltametria ciacuteclica foram realizados
empregando um potenciostato Microquiacutemica MPQG-01 Os voltamogramas foram
obtidos em soluccedilotildees 10 e 05 molmiddotL-1 de LiClO4 em carbonato de polipropileno A
ceacutelula utilizada foi composta por trecircs eletrodos (i) trabalho placas de vidro
36
recobertas por oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) e com a deposiccedilatildeo de
uma segunda camada do oacutexido de vanaacutedio ou o material hiacutebrido a ser estudado
(ii) referecircncia AgAgCl e (iii) auxiliar (ou contra-eletrodo) fio de platina O preparo
do eletrodo de trabalho foi conduzido da seguinte maneira
(a) filmes do oacutexido de vanaacutedio VOx ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g de VOx em aproximadamente 1000 microL de
aacutegua Com o auxiacutelio de uma pipeta Pasteur algumas gotas desta
dispersatildeo foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente foi feita ao ar e logo apoacutes esta etapa foram realizadas as
anaacutelises
b) filmes dos materiais hiacutebridos ndash foi preparada uma dispersatildeo de
aproximadamente 005g dos hiacutebridos PAnioacutexido em aproximadamente
1000 microL de DMF A dispersatildeo foi sonicada por 10 minutos A seguir
algumas gotas foram adicionadas sobre a placa de FTO A secagem do
solvente se deu ao ar durante aproximadamente 48 horas Somente
apoacutes esta etapa eacute que as anaacutelises foram iniciadas
367 Imagens de Microscopia Eletrocircnica de Transmissatildeo
As imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo modo baixa
resoluccedilatildeo (MET) e alta resoluccedilatildeo (HRTEM) foram realizadas respectivamente em
um equipamento Electron Microscope JEOL JEM 1200 operando a 110 kV e em
um equipamento JEOL JEM 3010 a 300 kV As amostras foram preparadas
adicionando-se uma gota das dispersotildees das mesmas em grades de cobre
recobertas com filme de carbono seguido da secagem do solvente ao ar e agrave
temperatura ambiente
37
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
41 Caracterizaccedilatildeo dos oacutexidos obtidos atraveacutes do processamento sol-gel do precursor [V2(OPri)8]
A siacutentese do oacutexido de vanaacutedio atraveacutes do processo sol-gel levou agrave
formaccedilatildeo de um soacutelido (VOx) que foi caracterizado por difratometria de raios X de
poacute (DRX) O difratograma obtido estaacute ilustrado na Figura 16-(a) Analisando este
difratograma podemos observar a presenccedila de vaacuterios picos de difraccedilatildeo
indicando que o soacutelido VOx corresponde a uma fase cristalina de oacutexido de
vanaacutedio O pico com 100 de intensidade observado em 2θ = 63deg pode estar
relacionado agrave formaccedilatildeo de uma estrutura lamelar nesse oacutexido Este fato estaacute de
acordo com a literatura que afirma que o pico de difraccedilatildeo de maior intensidade eacute
tiacutepico de estruturas lamelares[ ]92 Sendo assim este pico seria referente aos
planos (0 0 2) de estrutura lamelar do oacutexido
20 40 60 80
448
(a)
395
79471461
4503
470
346
318
258
190
15412
5
63
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ (deg)
10 20 30 40 50 60 70 80
373
235
91
(b)
612
0
556
4
621
9
454
6
413
3
475
4 513
3
344
332
35
311
4
216
9154
7
261
4
203
0
Inte
nsid
ade
(u a
)
2θ(deg)
Figura 16 Difratogramas de raios-x dos soacutelidos (a) VOx e (b) V2O5
Dentre as vaacuterias estruturas possiacuteveis para diferentes oacutexidos de vanaacutedio
presentes na literatura o difratograma presente na Figura 16-(a) eacute muito proacuteximo
ao descrito para o oacutexido V10O24middot12H2O[ ]93 sendo este um oacutexido de valecircncia mista
(VIVVV) que eacute encontrado na natureza na forma de um mineral (Bariandita) Os
principais resultados extraiacutedos do DRX da Figura 16-(a) em comparaccedilatildeo com os
dados esperados para este oacutexido de valecircncia mista estatildeo presentes na Tabela 2
38
Tabela 2 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para a amostra VOx e o oacutexido V10O2412H2O Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx ndash 2θ (deg) (II0)
VOx - d (Aring) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)[93] (II0) V10O2412H2O ndash
2θ (deg)d (Aring)[93]
(h k l)[93]
630 (100) 1449 6224 (100) 1403 (0 0 2) 125 (25) 725 12502 (50) 708 (0 0 4) 154 (15) 578 15491 (70) 572 (2 0 2)
- - 17810 (10) 498 (2 0 4) 190 (15) 482 18760 (10) 473 (0 0 6)
- - 21891 (10) 406 (2 0 6) 244 (17) 368 25156 (20) 354 (0 0 8)
- - 25597 (80) 348 (1 1 0) 258 (41) 345 25977 (80) 343 (1 1 1)
- - 27791 (50) 321 (1 1 3) - - 29281 (40) 305 (1 1 4) - - 30691 (20) 291 (4 0 2)
318 (22) 282 31364 (70) 285 (0 0 10) - - 33218 (50) 269 (4 0 6) - - 34063 (50) 263 (3 1 0)
346 (20) 261 34591 (50) 259 (3 1 1) - - 35582 (40) 252 (3 1 5) - - 36556 (10) 245 (3 1 3) - - 38131 (10) 236 (3 1 7)
448 (14) 202 44917 (10) 202 (1 1 11) 470 (24) 193 46853 (70) 194 (5 1 0)
- - 47768 (10) 190 (1 1 12) - - 49915 (70) 182 (5 1 8)
503 (33) 181 50417 (40) 181 (3 1 13) - - 55162 (10) 166 (4 0 16) - - 56793 (20) 162 (1 1 16) - - 59991 (40) 154 (4 2 2)
614 (22) 151 61353 (50) 151 (3 1 17)
Com base nos dados da Tabela 2 eacute possiacutevel notarmos que a maioria dos
picos coincide com os picos referentes ao oacutexido de vanaacutedio V10O24middot12H2O[93] o
que representa uma boa indicaccedilatildeo de que o processo sol-gel do precursor
[V2(OPri)8] nas condiccedilotildees experimentais descritas neste trabalho pode estar
levando agrave obtenccedilatildeo deste oacutexido de valecircncia mista Vale ressaltar que as
diferenccedilas encontradas entre os picos de difraccedilatildeo do VOx e os referentes ao
V10O2412H2O podem estar relacionadas com o fato deste uacuteltimo se tratar de um
mineral Deste modo o mesmo possui condiccedilotildees de cristalizaccedilatildeo completamente
distintas das utilizadas para o oacutexido obtido sinteticamente neste trabalho tais
como ambiente quiacutemico tempo pressatildeo temperatura etc De acordo com os
dados presentes da Tabela 2 a distacircncia basal deste oacutexido referente agrave difraccedilatildeo
dos planos (0 0 2) corresponde a 1403 Aring
39
A Figura 16-(b) apresenta o difratograma de raios X do produto resultante
do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC Podemos notar a presenccedila de vaacuterios
picos de difraccedilatildeo que foram totalmente indexados ao V2O5 fase cristalograacutefica
Shcherbinaita[ ]94 como mostra a Tabela 3
Tabela 3 Comparaccedilatildeo entre os dados de difraccedilatildeo de raios X observados para o produto resultante do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC e o V2O5 Os valores entre parecircnteses indicam a intensidade relativa dos picos
VOx a 400 degC ndash 2θ (deg) (II0)
VOx a 400 degC d (Aring)
V2O5 - 2θ (deg)[94] (II0)
V2O5
d (Aring)[94]
(h k l)[94]
1547 (42) 571 15339 (43) 577 (2 0 0) 2030 (100) 435 20244 (100) 438 (0 0 1) 2169 (30) 408 21671 (31) 410 (1 0 1) 2549 (4) 349 25497 (4) 349 (2 0 1)
2614 (69) 339 26099 (71) 341 (1 1 0) 30961 (48) 288 30961 (48) 288 (3 0 1) 3114 (47) 285 30961 (48) 288 (4 0 0) 32310 (26) 277 32310 (26) 277 (0 1 1)
3235 (9) 272 33253 (8) 270 (1 1 1) 34229 (26) 266 34229 (26) 266 (3 1 1)
3443 (2) 254 35949 (3) 249 (2 1 1) 37274 (2) 241 37274 (2) 241 (4 0 11) 4012 (1) 221 40091 (1) 224 (3 1 1)
4120 (11) 205 41158 (11) 219 (0 0 2) 4133 (6) 221 41927 (6) 215 (1 0 2) 4415 (1) 203 44169 (1) 204 (2 0 2) 4546 (1) 199 44308 (1) 204 (5 0 1)
4540 (11) 190 45357 (11) 199 (4 1 1) 4754 (16) 188 47202 (15) 192 (6 0 0) 4772 (11) 190 47720 (11) 190 (3 0 2) 4865 (10) 198 48712 (10) 186 (0 1 2) 4939 (2) 184 49388 (2) 184 (1 1 2)
5133 (16) 174 51115 (17) 178 (0 2 0) 5135 (2) 172 51375 (2) 177 (2 1 2) 5187 (7) 170 51856 (7) 176 (6 0 1) 5238 (1) 175 52380 (1) 175 (4 0 2) 5370 (2) 174 53692 (2) 174 (2 2 0) 5458 (1) 170 54571 (1) 170 (3 1 2) 5560 (7) 168 55530 (7) 165 (0 2 1) 5564 (3) 170 56146 (3) 163 (1 2 1) 5790 (1) 160 57970 (1) 158 (2 2 1) 5795 (1) 157 57970 (1) 158 (5 0 2) 5841 (4) 156 58360 (4) 157 (6 1 1) 5890 (7) 155 58845 (7) 156 (4 1 2) 6120 (3) 153 61927 (10) 149 (7 1 0)
6219 (10) 150 63639 (1) 146 (0 0 3)
Comparando os dois difratogramas apresentados anteriormente na Figura
16 podemos notar que natildeo haacute nenhuma semelhanccedila entre eles exceto o fato de
ambos apresentarem picos referentes a materiais lamelares VOx com d=1403 Aring
40
e V2O5 com d=437Aring Este resultado nos indica que estaacute ocorrendo uma mudanccedila
de fase da amostra onde o VOx apoacutes o tratamento teacutermico passa a assumir
uma nova fase correspondente a outro oacutexido totalmente diferente o V2O5 A
mudanccedila de fases em oacutexidos metaacutelicos proporcionada por tratamento teacutermico eacute
um processo bem conhecido Isto ocorre devido ao fornecimento de energia ao
sistema na forma de calor favorecendo a formaccedilatildeo de fases mais estaacuteveis
Desta maneira verificamos que o V2O5 pode ser obtido simplesmente atraveacutes do
aquecimento do VOx Ambos os oacutexidos seratildeo utilizados posteriormente como
fraccedilotildees inorgacircnicas para a obtenccedilatildeo de nanocompoacutesitos com a polianilina
As amostras obtidas tambeacutem foram analisadas por espectroscopia de IV-
TF Os espectros estatildeo ilustrados na Figura 17 As bandas observadas para
ambas as amostras estatildeo dentro da faixa esperada para vibraccedilotildees da ligaccedilatildeo
VminusO (entre 1100 e 400 cm-1)[ ]95 e os modos vibracionais juntamente com as
atribuiccedilotildees tentativas estatildeo sumarizados na Tabela 4 Na Figura 17-(b) podemos
observar a presenccedila de bandas de absorccedilatildeo tiacutepicas de oacutexidos V2O5[47 ]96 97 98
atribuiacutedas da seguinte maneira ν V=O (1018 cm-1) νas VminusOminusV (829 cm-1) νs
VminusOminusV (632 cm-1) δ VminusOminusV (517 cm-1) e δ VminusOminusV (478 cm-1) Em analogia
algumas bandas do espectro do VOx (Figura 17-(a)) podem ser atribuiacutedas da
seguinte maneira a banda em 1001 cm-1 refere-se ao estiramento V=O e as
bandas localizadas em 669 cm-1 e 758 cm-1 que satildeo referentes a estiramentos
VminusOminusV simeacutetrico e assimeacutetrico respectivamente e a banda em 544 cm-1 atribuiacuteda
agrave δ VminusOminusV O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade em 1388 e
669 cm-1 que ainda natildeo foram atribuiacutedas aleacutem da banda de deformaccedilatildeo angular
da aacutegua em 1632 cm-1 Eacute interessante notar que a banda de estiramento V=O
estaacute deslocada em 17 cm-1 para menores nuacutemeros de onda no espectro do VOx
em comparaccedilatildeo com o V2O5 Esta ocorrecircncia pode estar relacionada com um
aumento no comprimento da ligaccedilatildeo V=O devido agrave coordenaccedilatildeo ou ligaccedilatildeo de
hidrogecircnio dos grupos V=O com moleacuteculas de aacutegua no VOx diferente no V2O5[ ]99
41
1500 1000 500
544
669
758
1001
1388
(a)
1632
Nuacutemero de onda (cm-1)
47851
7
63282
91018
(b)
T
rans
mitacirc
ncia
Figura 17 Espectros IV-TF dos oacutexidos de vanaacutedio (a) VOx e (b) V2O5
Tabela 4 Principais bandas observadas nos espectros IV-TF do VOx e V2O5 e
respectivas atribuiccedilotildees tentativas [95-97]
VOx (cm-1) V2O5 (cm-1) Atribuiccedilotildees
1388 1387 -
1001 1018 ν V=O
758 829 νas V-O-V
669 632 νs V-O-V
544 517 478 δ V-O-V
A espectroscopia de UV-Vis-NIR tem sido amplamente utilizada para a
investigaccedilatildeo das estruturas e dos estados de oxidaccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio que
possuam transiccedilotildees referentes agrave transferecircncia de carga do ligante para o metal
(LMTC) ocorrendo para V(V) na regiatildeo de 200-550 nm aleacutem de transiccedilotildees d-d que
ocorrem para V(IV) e V(III) na regiatildeo de 400-1000 nm[ ]100
Para a anaacutelise de espectroscopia UV-Vis-NIR dos oacutexidos obtidos
dispersotildees coloidais dos mesmos foram preparadas com o auxiacutelio de um ultra-
som Tanto o VOx quanto o V2O5 na forma de poacute foram sonicados em aacutegua
42
originando dispersotildees coloidais de coloraccedilatildeo verde e amarela respectivamente
Os espectros obtidos estatildeo ilustrados na Figura 18
Tanto o espectro do VOx quanto do V2O5 exibe duas bandas localizadas
entre 200 e 400 nm Segundo estudos anteriores descritos na literatura a banda
em 254 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo de transferecircncia de carga O2- V(V) que ocorre
em centros de V(V) de baixo nuacutemero de coordenaccedilatildeo[ ] 101 Segundo Chary e
colaboradores[ ]102 a banda em aproximadamente 380 nm eacute referente agrave transiccedilatildeo
que ocorre do ligante para o metal (LMTC) tiacutepica de iacuteons V(V) coordenados por
cinco ligantes oxigecircnio na forma de piracircmide de base quadrada como
representado esquematicamente na Figura 12 O fato inesperado presente na
Figura 18 eacute a grande similaridade entre os espectros das amostras VOx (verde) e
V2O5 (amarelo) bem como a ausecircncia de bandas entre 400-1000 nm na amostra
VOx caracteriacutesticas da presenccedila de V(IV)
200 300 400 500 600 700 800
380
254
VOx
Comprimento de onda (nm)
V2O5
Abso
rbacircn
cia
Figura 18 Espectros UV-Vis de dispersotildees aquosas dos oacutexidos VOx e V2O5
Sabe-se que as bandas de transiccedilotildees d-d caracteriacutesticas de espeacutecies de
V(III) e V(IV) tecircm intensidades muito baixas e satildeo bastante largas
No sentido de tentarmos observar as bandas que ocorrem na regiatildeo do
visiacutevel e estavam ausentes nos espectros de dispersatildeo do VOx foram realizadas
medidas de UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utilizando-se a amostra soacutelida
O espectro obtido da amostra VOx estaacute ilustrado na Figura 19 Podemos notar
aleacutem da presenccedila das bandas identificadas nos espectros de dispersatildeo
43
deslocados para maiores comprimentos de onda (274 e 413 nm) trecircs novas
bandas localizadas em aproximadamente 516 568 e 760 nm Estas bandas satildeo
atribuiacutedas a transiccedilotildees que normalmente ocorrem em centros de vanaacutedio(IV) Por
serem referentes agrave transiccedilotildees do tipo d-d satildeo bem menos intensas se
comparadas agrave bandas de transiccedilotildees que ocorrem do ligante para o metal (LMTC)
como eacute o caso das bandas observadas em 274 e 413 nm na Figura 19 Assim o
espectro do soacutelido nos confirma a presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) no oacutexido
VOx juntamente com centros de vanaacutedio (V) Estes resultados estatildeo coerentes
com a proposta inicial de que o oacutexido obtido pelo processamento sol-gel do
precursor [V2(OR)8] trata-se de um oacutexido de vanaacutedio com valecircncia mista (IVV)
Comparando as duas bandas observadas no espectro de dispersatildeo 254 e 380
nm com as bandas de maiores intensidades obtidas nos espectros da amostra
soacutelida 274 e 413 nm podemos notar que houve um deslocamento em ambas
para maiores valores de comprimento de onda Vale ressaltar que a teacutecnica de
UV-Vis em modo de refletacircncia difusa utiliza aproximaccedilotildees e caacutelculos
matemaacuteticos para correccedilotildees atraveacutes da transformada de Kubelka-Munk Assim eacute
esperado e absolutamente normal encontrarmos uma diferenccedila na localizaccedilatildeo
das bandas ao comparamos diretamente os dois espectros obtidos atraveacutes das
duas teacutecnicas Aleacutem disso efeitos cooperativos do espectro soacutelido natildeo podem ser
descartados
300 400 500 600 700 800
0
1000
2000
3000
4000
568
760
516
274
413
1re
fletacirc
ncia
Comprimento de onda (nm) Figura 19 Espectros UV-Vis em modo de refletacircncia obtidos diretamente a
partir do soacutelido VOx
44
Visando uma melhor compreensatildeo da estrutura quiacutemica dos oacutexidos
obtidos foram realizadas anaacutelises por espectroscopia Raman Atraveacutes desta
teacutecnica eacute possiacutevel correlacionar o espectro vibracional obtido diretamente com as
distacircncias de ligaccedilatildeo e modos de coordenaccedilatildeo metal-oxigecircnio o que torna
possiacutevel a elucidaccedilatildeo da estrutura molecular de uma dada espeacutecie quiacutemica[ ]103
Os espectros foram obtidos utilizando-se dois lasers o laser vermelho (emitindo
em λ=6328 nm) e o laser verde (emitindo em λ=514 nm) Os espectros de ambos
os oacutexidos estatildeo ilustrados na Figura 20
De acordo com os espectros da Figura 20-(I) nota-se claramente que o
resultado eacute ligeiramente diferente para cada um dos espectros obtidos com
diferentes lasers Esta diferenccedila eacute marcada principalmente por mudanccedilas nas
intensidades relativas e energias de algumas bandas e pela ausecircncia da banda
em 908 cm-1 no espectro obtido com laser verde Este comportamento estaacute
relacionado agrave intensificaccedilatildeo de alguns modos de vibraccedilatildeo causado pelo efeito
conhecido como Raman Ressonante O mesmo fenocircmeno natildeo eacute observado nos
espectros do V2O5 Figura 20-(II) onde ambos os espectros satildeo absolutamente
idecircnticos
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1565
Nuacutemero de onda (cm-1)
518
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
1022
908
700
526
429
404
270
(b)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Inte
nsid
ade
(u a
)
655
1032
996
703
527
483
405
304
285
198
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
Figura 20 Espectros Raman dos oacutexidos (I) VOx e (II) V2O5 coletados com
diferentes energias de laser (a) laser verde (λ=514 nm) e (b) laser vermelho
(λ=6328 nm)
45
Especificamente para o laser verde seu comprimento de onda (514 nm)
coincide exatamente com a banda de transiccedilatildeo d-d com o maacuteximo em 516 nm
(Figura 19) Como esta banda se refere agrave presenccedila de centros de vanaacutedio (IV) as
modificaccedilotildees espectrais observadas no espectro Raman devem ser atribuiacutedas agrave
vibraccedilotildees envolvendo estes centros No caso observado na Figura 20-(I) o
espectro obtido com o laser verde apresenta um aumento da intensidade relativa
da banda em 526 cm-1 indicando uma participaccedilatildeo dos centros de V(IV) nesta
vibraccedilatildeo
Analisando os espectros Raman do VOx (Fig 20-(I)) temos que as bandas
localizadas em 1022 cm-1 e 1565 cm-1 satildeo referentes a modos de vibraccedilatildeo
ν(V=O) enquanto que a banda em 702 cm-1 eacute tentativamente atribuiacuteda a
estiramentos do tipo VminusO Segundo um estudo realizado por Hardcastle e
colaboradores[103] as distacircncias de ligaccedilatildeo metal-oxigecircnio em oacutexidos de metais de
transiccedilatildeo podem ser correlacionadas com os modos de vibraccedilatildeo observados num
espectro Raman Eles concluiacuteram que em oacutexidos de vanaacutedio distacircncias de
ligaccedilatildeo curtas geralmente estatildeo associadas agraves ligaccedilotildees terminais V=O e
aparecem em regiotildees de nuacutemeros de onda mais altos (acima de 800 cm-1)
enquanto as distacircncias de ligaccedilatildeo intermediaacuterias satildeo tipicamente relacionadas a
ligaccedilotildees em ponte cujas frequumlecircncias de estiramento Raman aparecem na regiatildeo
entre 600 e 800 cm-1[103]
As demais bandas observadas nos espectros do VOx ainda natildeo foram
identificadas por se tratar de uma amostra ainda natildeo relatada na literatura
Todavia podemos notar a semelhanccedila na localizaccedilatildeo das bandas se
compararmos os espectros do VOx com os espectros do V2O5 Deste modo
torna-se viaacutevel supor que a maioria dos modos vibracionais apresentados pelo
V2O5 tambeacutem ocorrem para o oacutexido de vanaacutedio obtido neste trabalho Portanto
alguns dos modos vibracionais que ocorrem para o V2O5 contidos na Tabela 5
tambeacutem podem ser atribuiacutedos tentativamente para o VOx
O pentoacutexido de vanaacutedio exibe bandas de espalhamento Raman em 996
701 526 481 404 304 283 200 146 e em 104 cm-1 que estatildeo relacionadas
diretamente agraves distacircncias de ligaccedilatildeo VminusO no V2O5[103] A ligaccedilatildeo curta (V=O) eacute a
responsaacutevel pela banda de espalhamento em 996 cm-1 (modo vibracional
Ag)[96 97 103] De acordo com dados disponiacuteveis na literatura[ ]104 105 106 107 a
ocorrecircncia desta banda em nuacutemeros de onda menores que 1000 cm-1 indica que
46
a amostra natildeo conteacutem aacutegua de hidrataccedilatildeo A Tabela 5 traz a atribuiccedilatildeo tentativa
das principais bandas observadas nos espectros do V2O5 presentes na Figura 20-
(II) bem como uma comparaccedilatildeo com dados publicados na literatura para o V2O5
Tabela 5 Comparaccedilatildeo entre as bandas (em cm-1) observadas nos espectros Raman da amostra V2O5 com os dados da literatura[96 97]
Nuacutemeros de onda da
literatura Nuacutemeros de onda
experimental Atribuiccedilatildeo tentativa Modos Vibracionais
relatados para o V2O5 Referecircncia 96
Referecircncia 97
V2O5
ν(V=O) Ag 994 994 996
ν(VminusOminusV) Ag e Ag 404 526 404 527 405 527
ν(VminusOminusV) B2g B3g e Ag 701 481 701 480 703 483
δ(VminusOminusV) B3g 283 280 285
Modos externos Ag e Ag 304 198 304 198 304 198
Assim os resultados obtidos estatildeo mais uma vez coerentes com os dados
de DRX pois a fase de V2O5 obtida apoacutes o tratamento teacutermico do VOx natildeo
apresenta moleacuteculas de aacutegua em sua estrutura
Anaacutelises por Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) no estado
soacutelido tambeacutem foram realizadas com os oacutexidos VOx e V2O5 e os espectros
obtidos estatildeo ilustrados na Figura 21
Os espectros obtidos para o VOx confirmam definitivamente a presenccedila de
V(IV) no material uma vez que o V(V) eacute uma espeacutecie diamagneacutetica natildeo
apresentando portanto sinal no espectro de RPE Este resultado corrobora os
dados discutidos anteriormente de que o produto VOx consiste em um oacutexido de
valecircncia mista Atraveacutes da anaacutelise do espectro de RPE do VOx obtido agrave baixa
temperatura (77 K) podemos perceber a presenccedila de 8 linhas sendo este
comportamento caracteriacutestico de sistemas VO2+ onde se observa a interaccedilatildeo
hiperfina entre o spin do eleacutetron desemparelhado dos centros de V(IV) (3d1 S = frac12)
com o spin nuclear deste metal (I = 72 abundacircncia natural = 998) Jaacute o
espectro de RPE obtido a 300 K mostra apenas uma linha alargada fato este que
nos sugere a ocorrecircncia de uma forte interaccedilatildeo magneacutetica entre siacutetios de vanaacutedio
(IV) devido agrave ausecircncia da estrutura hiperfina esperada
47
Jaacute para o V2O5 tanto os espectros obtidos a 300 K quanto a 77 K
apresentam um sinal largo centrado em aproximadamente g = 3400 Este sinal
largo tambeacutem eacute referente aos centros de V(IV) remanescentes na estrutura deste
oacutexido pois mesmo apoacutes o tratamento teacutermico do VOx eacute possiacutevel (e
absolutamente normal) que alguns centros de vanaacutedio (IV) natildeo tenham sofrido
oxidaccedilatildeo O fato de o sinal estar largo provavelmente se deve agrave interaccedilotildees que
ocorrem entre estes siacutetios de vanaacutedio Estas podem se dar atraveacutes de pontes
formadas entre os centros de V(V) ou diretamente entre os proacuteprios centros de
vanaacutedio (IV) Cabe ressaltar que traccedilos de V(IV) satildeo sempre detectados em
diferentes amostras de V2O5
0 200 400 600 800 1000
(b)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(a)
Campo magneacutetico (Gauss)
VOx
500 1000 1500 2000
V2O5
(a)
Intn
sida
de (u
a)
Campo Magneacutetico (Gauss)
(b)
Figura 21 Espectros de RPE dos soacutelidos VOx e V2O5 obtidos a
(a) 300 K e (b) 77 K
Finalmente no sentido de investigarmos a morfologia e o tamanho de
gratildeos dos oacutexidos de vanaacutedio obtidos neste trabalho foram obtidas imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo (MET) Na Figura 22 estatildeo ilustradas as
imagens de MET do VOx Podemos observar que a amostra eacute composta por
folhas com dimensotildees em escalas nanomeacutetricas (350 x 50 x 1 nm) as quais
passaremos a tratar de nanofolhas Se analisarmos detalhadamente a diferenccedila
de contrastes entre as nanofolhas e o filme de carbono da grade do porta-
amostra podemos notar que esta diferenccedila eacute muito sutil Este fato se deve ao
48
nuacutemero reduzido de aacutetomos ldquolevesrdquo presentes em cada uma das nanofolhas de
VOx resultando assim em um baixo contraste nas imagens Isto se torna mais
faacutecil de ser visualizado quando observamos um conjunto destas nanofolhas mais
de perto como mostra a Figura 22-(b) A amostra utilizada para o preparo da
grade de microscopia foi uma dispersatildeo coloidal do VOx em aacutegua cuja coloraccedilatildeo
eacute verde Esta dispersatildeo eacute bastante estaacutevel (por exemplo haacute uma dispersatildeo
preparada haacute mais de um ano sem que nenhum soacutelido houvesse se depositado
no fundo do frasco durante este tempo) Isto nos sugere que a estrutura lamelar
do oacutexido VOx sofre uma esfoliaccedilatildeo em meio aquoso e devido ao tamanho
reduzido das nanofolhas (lamelas) as mesmas ficam em ldquosoluccedilatildeordquo (dispersatildeo
coloidal) Um trabalho recente descreve este tipo de comportamento para oacutexidos
de vanaacutedio[ ] 108 Em outras palavras cada nanofolha observada na Figura 22
corresponde a uma lamela do VOx cuja estrutura lamelar eacute formada pelo seu
empilhamento
A Figura 22-(d) apresenta um campo contendo duas nanofolhas
(sobrepostas uma sobre a outra) isoladas das demais A partir deste campo de
observaccedilatildeo foi possiacutevel a realizaccedilatildeo de uma medida de difraccedilatildeo de eleacutetrons em
aacuterea selecionada e o resultado obtido estaacute ilustrado na parte inferior direita da
Figura 22-(d) Nota-se uma alta cristalinidade com a nanofolha apresentando
padratildeo de difraccedilatildeo de monocristal A indexaccedilatildeo de cada um dos ldquospotsrdquo do
padratildeo de difraccedilatildeo de eleacutetrons destas nanofolhas e a correta interpretaccedilatildeo destes
resultados seratildeo de suma importacircncia na atribuiccedilatildeo exata da fase cristalograacutefica
que corresponde ao VOx Esforccedilos nesta direccedilatildeo vecircm sendo realizados
A microscopia eletrocircnica de transmissatildeo nos permite ainda dentre vaacuterias
outras teacutecnicas associadas obter imagens formadas apenas a partir de materiais
cristalinos que compotildeem a amostra A formaccedilatildeo deste tipo de imagem conhecida
como imagem em campo escuro se daacute atraveacutes do fenocircmeno fiacutesico conhecido
como difraccedilatildeo Para isto o feixe de eleacutetrons principal do microscoacutepio eacute bloqueado
deixando-se passar pela amostra apenas os eleacutetrons que satildeo difratados por esta
Assim podemos associar as imagens em campo claro com as imagens obtidas
em campo escuro de uma dada amostra e obtermos informaccedilotildees a respeito da
cristalinidade desta amostra analisada Neste sentindo foram obtidas imagens de
campo claro e campo escuro ilustradas nas Figuras 22-(e) e (f) respectivamente
de uma mesma regiatildeo da amostra VOx Na imagem de campo escuro (Figura 22-
49
(f)) temos a inversatildeo do contraste onde as partes claras ocorrem devido agrave
difraccedilatildeo de eleacutetrons causada pelas estruturas cristalinas contidas na amostra (ou
seja os pontos claros presentes na Figura 22-(f) correspondem agrave regiotildees onde
existem estruturas cristalinas no caso o oacutexido de vanaacutedio VOx) Estes resultados
nos revelam a alta cristalinidade do VOx estando coerente com os resultados
apresentados por DRX e difraccedilatildeo de eleacutetrons para este mesmo oacutexido
Nas imagens da Figura 22-(a) e (e) eacute possiacutevel observar algumas
ldquoestruturasrdquo com maior contraste e com uma dimensatildeo lateral bastante reduzida
quando comparado com as nanofolhas individuais Uma destas estruturas eacute
observada no centro da imagem da Figura 22-(b) Visando uma correta
interpretaccedilatildeo destas estruturas foram realizadas medidas de microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo em modo alta resoluccedilatildeo e os resultados estatildeo
presentes na Figura 23
Atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo em modo
de alta resoluccedilatildeo (HRTEM) podemos alcanccedilar uma visualizaccedilatildeo direta da
estrutura atocircmica da amostra em questatildeo mas eacute necessaacuterio que alguns pontos
sejam ressaltados quanto agrave sua interpretaccedilatildeo Quando o feixe de eleacutetrons passa
por um cristal fino orientado o contraste da imagem reproduz em primeira
aproximaccedilatildeo a periodicidade e simetria do potencial da amostra naquela
orientaccedilatildeo Estes por sua vez estatildeo diretamente relacionados com a estrutura do
cristal Num material amorfo ou cristalino desorientado o potencial projetado natildeo
tem periodicidade definida natildeo sendo possiacutevel conseguir uma informaccedilatildeo
estrutural da imagem porque na microscopia eletrocircnica de transmissatildeo soacute a
projeccedilatildeo das colunas de aacutetomos eacute obtida e somente eacute possiacutevel identificar o
arranjo atocircmico de uma dada partiacutecula se ela estiver orientada em relaccedilatildeo ao
feixe de eleacutetrons
50
02 microm02 microm
(a)
50 nm50 nm
(b)
200 nm200 nm
(c)
100 nm100 nm
(d)
05 microm05 microm
(e)
05 microm05 microm
(f)
Figura 22 Imagens de MET de VOx
Como pode ser claramente observado na Figura 23-(a) temos uma
daquelas estruturas apresentadas no centro da imagem da Figura 22-(b) onde as
estruturas de maior contraste observadas na amostra correspondem agrave
51
remanescecircncia da estrutura lamelar do VOx que natildeo foi totalmente esfoliada
quando da preparaccedilatildeo da dispersatildeo coloidal A imagem nos indica que este
conjunto de nanofolhas (8 no total) apresenta uma sobreposiccedilatildeo das mesmas
umas sobre as outras no sentido do eixo cristalograacutefico c de tal maneira que o
feixe de eleacutetrons do microscoacutepio conseguiu passar entre essas folhas nos
possibilitando visualizar os espaccedilos interlamelares O caacutelculo das distacircncias entre
duas lamelas obtidos atraveacutes da Figura 23-(a) eacute igual a 141 Aring muito proacuteximo do
valor de 1403 Aring obtido por DRX
10 nm10 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 141 Aring
Figura 23 Imagens de HRTEM de VOx
Na Figura 23-(b) eacute possiacutevel observar a imagem de uma outra estrutura
formada pelo empilhamento de algumas lamelas (neste caso sem orientaccedilatildeo com
o feixe de eleacutetrons) aleacutem da imagem de uma uacutenica nanofolha (indicada por uma
seta) Se analisarmos com bastante cuidado esta imagem podemos perceber o
arranjo atocircmico da mesma Esta eacute uma anaacutelise mais criteriosa pois aqui o
contraste entre a amostra e o filme do porta-amostra eacute quase imperceptiacutevel
Poreacutem eacute possiacutevel diferenciarmos a amostra do filme de carbono devido agrave
organizaccedilatildeo dos aacutetomos no VOx contra a aleatoriedade dos aacutetomos na estrutura
amorfa do filme de carbono Estas imagens de HRTEM tambeacutem estatildeo passando
por interpretaccedilotildees aprofundadas que nos auxiliaratildeo a determinar a estrutura
cristalograacutefica deste oacutexido
A Figura 24 apresenta um conjunto de imagens de MET do V2O5 obtido
atraveacutes do tratamento teacutermico a 400 degC do VOx O primeiro indiacutecio de que
52
estaacutevamos obtendo partiacuteculas com tamanhos reduzidos de V2O5 foi durante o
preparo desta amostra para a realizaccedilatildeo das primeiras anaacutelises de MET Ao
sonicarmos o V2O5 em aacutegua notamos que apoacutes alguns minutos o poacute se
dispersava quase que totalmente e uma dispersatildeo estaacutevel de coloraccedilatildeo amarela
ia se formando
As imagens presentes na Figura 24 indicam que o V2O5 foi obtido na forma
de gratildeos aproximadamente esfeacutericos com tamanhos na faixa de nanocircmetros
(diacircmetros entre 5 e 20 nm) As imagens mostram as nanopartiacuteculas (NPs)
bastante aglomeradas provavelmente decorrente do meacutetodo de preparaccedilatildeo ou
da alta ldquoconcentraccedilatildeordquo da dispersatildeo coloidal utilizada para preparar estas
amostras para a anaacutelise de MET Esta aglomeraccedilatildeo pode ser desfeita tratando-se
a dispersatildeo em banho de ultra-som por poucos minutos de forma a isolar as NPs
deste oacutexido Tal procedimento foi realizado na preparaccedilatildeo da amostra para
HRTEM e seraacute discutido adiante
A alta cristalinidade do V2O5 verificada por DRX foi confirmada atraveacutes das
imagens de campo escuro desta amostra coletadas a partir da imagem em
campo claro presente na Figura 24-(e)
Imagens de HRTEM deste mesmo oacutexido tambeacutem foram obtidas e satildeo
apresentadas na Figura 25 Estas imagens nos permite observar NPs com
diacircmetros variando de 5 a 20 nm aproximadamente Na imagem da Figura 25-(a)
foi possiacutevel identificarmos os planos atocircmicos referentes agrave estrutura cristalina
deste oacutexido A famiacutelia de planos apresentada nesta imagem eacute referente aos
planos cristalinos (5 0 1) cuja distacircncia meacutedia entre os mesmos eacute de 208 Aring Na
imagem da Figura 25-(c) eacute possiacutevel observarmos um conjunto de cinco NPs de
V2O5 Nas imagens das Figuras 25-(b) (d) (e) e (f) observa-se uma uacutenica NP de
V2O5 em destaque em cada imagem onde diversas famiacutelias de planos podem ser
observadas em cada nanopartiacutecula
53
100 nm
(a)
100 nm
(b)
100 nm
(c)
50 nm
(d)
200 nm
(e)
200 nm
(f)
Figura 24 Imagens de MET de V2O5
54
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
d = 208 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
5 nm5 nm
(e)
5 nm5 nm
(f)
Figura 25 Imagens de HRTEM do V2O5
Filmes da amostra VOx foram depositados sobre substratos de vidro
recobertos com oacutexido de estanho dopado com fluacuteor (FTO) O comportamento
55
eletroquiacutemico destes materiais foi estudado em soluccedilatildeo de LiClO4 (1 molmiddotL-1) em
carbonato de propileno e os resultados encontram-se ilustrados na Figura 26
O voltamograma apresenta um par redox caracteriacutestico para o par
V(IV)V(V) indicando que o material apresenta eletroatividade e boa capacidade
de inserccedilatildeo de iacuteons Li+ Uma evidente mudanccedila cromaacutetica (verde-azul) pode ser
observada no material durante a ciclagem
-10 -05 00 05 10
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
4002 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 26 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Como uma das principais aplicaccedilotildees para oacutexidos de vanaacutedio eacute a utilizaccedilatildeo
dos mesmos como caacutetodos em baterias recarregaacuteveis de iacuteons liacutetio faz-se
necessaacuterio um estudo mais detalhado do comportamento eletroquiacutemico deste
oacutexido obtido frente a diversas condiccedilotildees experimentais visando a aplicaccedilatildeo do
mesmo nas referidas baterias Neste sentido umas das variaacuteveis estudadas aqui
foi o tempo de vida dos filmes de VOx preparados conforme descrito no toacutepico
dos procedimentos experimentais frente agrave vaacuterias ciclagens eletroquiacutemicas Foram
aplicados 120 ciclos e o conjunto de voltamogramas estaacute presente na Figura 27
Podemos notar que inicialmente os picos referentes ao par redox V(V)V(IV)
encontram-se muito bem definidos Agrave medida que o nuacutemero de ciclos vai
avanccedilando ateacute chegar ao 120deg ciclo os mesmos natildeo sofrem praticamente
nenhuma alteraccedilatildeo ainda continuam bem definidos e com pouca variaccedilatildeo na
intensidade Estes fatos sugerem que este oacutexido possui uma alta capacidade de
inserccedilatildeo dos iacuteons liacutetio entre suas lamelas que esta inserccedilatildeo se daacute de uma
56
maneira reversiacutevel (como mostrado no voltamograma atraveacutes da presenccedila do par
redox) sem causar a destruiccedilatildeo das lamelas deste oacutexido e com boa resistecircncia a
diferentes ciclagens o que o torna um promissor material para a aplicaccedilatildeo em
caacutetodos de baterias de iacuteons liacutetio
-15 -10 -05 00 05 10 15
-200
-100
0
100
200120 ciclos
j (microA
cm
-2)
Potencial vs AgAgCl (V)
Figura 27 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de VOx v=50 mVmiddots-1
Para estudo do comportamento eletroquiacutemico do V2O5 um filme fino de
VOx foi preparado sobre uma placa de ITO e posteriormente aquecido a 400 degC
originando desta forma um filme de V2O5 Os voltamogramas obtidos estatildeo
ilustrados na Figura 28
Nos voltamogramas eacute possiacutevel observarmos a presenccedila de 3 pares redox
que seriam referentes aos trecircs processos redox envolvidos neste oacutexido Estes
pares estatildeo representados no voltamograma pelas letras a b e c e satildeo
caracteriacutesticos de processos de inserccedilatildeodesinserccedilatildeo de Li+ em V2O5 cristalino
Diferente dos resultados obtidos para o VOx os picos observados para o V2O5
tornam-se cada vez menos intensos agrave medida em que se avanccedila nos nuacutemeros de
ciclos aplicados As mudanccedilas no perfil do voltamograma com o nuacutemero de ciclos
indicam possiacuteveis transformaccedilotildees morfoloacutegicasestruturais no material Este tipo
de mudanccedila estrutural foi reportado para o V2O5 cristalino[ ]109 110 O
voltamograma do oacutexido de vanaacutedio cristalino eacute diferente dos gerogeacuteis de V2O5 tal
como abordado por vaacuterios autores[ ]111 visto que os xerogeacuteis exibem um melhor
57
comportamento eletroquiacutemico em termos de reversibilidade por exemplo devido
agrave uma interaccedilatildeo fraca entre as lamelas do oacutexido que permite uma inserccedilatildeo raacutepida
de iacuteons liacutetio na estrutura
Como pode ser visto na Figura 28 com a aplicaccedilatildeo de apenas dez ciclos o
V2O5 jaacute comeccedila a perder suas caracteriacutesticas iniciais tornando-o assim um
material com propriedades pobres em termos de aplicaccedilotildees em baterias
recarregaacuteveis
-15 -10 -05 00 05 10 15-15
-10
-05
00
05
10
15
a
b
c
c
b
a10 cilcos
j (m
Ac
m-2)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 28 Voltamogramas obtidos a partir de um filme fino de V2O5 v=50 mVmiddots-1
Os resultados apresentados ateacute o momento indicam que nas condiccedilotildees
experimentais utilizadas a hidroacutelise e condensaccedilatildeo do [V2(OR)8] leva agrave formaccedilatildeo
de um soacutelido lamelar de valecircncia mista VIVV com composiccedilatildeo provaacutevel de
V10O24middotnH2O cujo tratamento teacutermico a 400 degC leva agrave formaccedilatildeo de V2O5 Com
base nestas informaccedilotildees passaremos agora agrave caracterizaccedilatildeo dos materiais
hiacutebridos formados entre estes oacutexidos e a polianilina
42 Caracterizaccedilatildeo dos hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio
Eacute importante ressaltar que todas as amostras hiacutebridas polianilinaoacutexidos de
vanaacutedio foram obtidas somente pela mistura dos respectivos oacutexidos com uma
soluccedilatildeo aacutecida de anilina ou seja sem a adiccedilatildeo de um agente oxidante o que
58
normalmente se faz necessaacuterio Diversos trabalhos relatados na literatura
descrevem a obtenccedilatildeo de material hiacutebrido do tipo PAniV2O5[16 18-21] Nestes
trabalhos os autores tambeacutem natildeo fazem uso de agentes oxidantes extras e
obteacutem a polianilina em sua forma condutora (sal esmeraldina)[16 18-21] Isso
acontece devido aos centros de V(V) pertencentes agrave estrutura do V2O5 que atuam
como oxidante Sendo assim a presenccedila da PAni nos hiacutebridos PAnioacutexido de
vanaacutedio pode ser atribuiacuteda agrave oxidaccedilatildeo da anilina pelos centros de V(V) presentes
na estrutura dos oacutexidos utilizados
Os hiacutebridos formados entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio foram
caracterizadas primeiramente por espectroscopia IV-TF e os resultados estatildeo
ilustrados nas Figuras 29 e 30 juntamente com os respectivos espectros dos
oacutexidos VOx e V2O5 para comparaccedilatildeo
1500 1250 1000 750 500
1632
1388
1001 75
8
669
544
Nuacutemero de onda (cm-1)
(a)
1119
1138
509
803
(b)
1119
(c)
1247
1303
1486
1575
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 29 Espectros de IV-TF do soacutelido VOx (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniVOx 051 (b) PAniVOx 11 (c) e PAniVOx 21 (d)
Analisando ambos os conjuntos de espectros presentes nas Figuras 29 e
30 eacute possiacutevel observar para todas as amostras a presenccedila de bandas
caracteriacutesticas da polianilina em sua forma condutora o sal esmeraldina (SE)
59
aleacutem das bandas caracteriacutestica de oacutexido de vanaacutedio localizadas entre 1000 e
400 cm-1
1500 1250 1000 750 500 250
Nuacutemero de onda (cm-1)
478
632
829
1018
(a)1051
509
(b)
(c)
794
(d)
Tran
smitacirc
ncia
()
Figura 30 Espectros de IV-TF do soacutelido V2O5 (a) e dos materiais hiacutebridos
PAniV2O5 051 (b) PAniV2O5 11 (c) e PAniV2O5 21 (d)
Como relatado na introduccedilatildeo a estrutura da PAni pode apresentar-se em
diferentes estados de oxidaccedilatildeo sendo possiacutevel a identificaccedilatildeo de cada uma
destas espeacutecies a partir da espectroscopia IV-TF Uma longa absorccedilatildeo na regiatildeo
acima de 2000 cm-1 caracteriacutestica nos poliacutemeros condutores (absorccedilatildeo
correspondente a excitaccedilatildeo eletrocircnica dos portadores livres) mascara as bandas
de estiramento NH na regiatildeo de 3100-3500 cm-1 Um estudo comparativo entre os
trecircs estados de oxidaccedilatildeo da PAni (leucoesmeraldina esmeraldina e
pernigranilina) realizado por Quillard e colaboradores[ ]112 permite determinar qual
o estado de oxidaccedilatildeo em que se encontra o poliacutemero Comparando a intensidade
das bandas na regiatildeo de 1500 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel benzecircnico) e em 1600 cm-1 (atribuiacuteda a modos de deformaccedilatildeo angular do
anel quinocircnico) podemos determinar o estado de oxidaccedilatildeo O espectro da base
leucoesmeraldina (forma completamente reduzida onde os aneacuteis estatildeo
60
predominantemente na forma benzecircnica) apresenta uma banda intensa em
1500 cm-1 enquanto que o espectro da base pernigranilina (forma completamente
oxidada onde os aneacuteis encontram-se predominantemente na forma quinocircnica)
apresenta uma banda intensa em 1600 cm-1 Jaacute o espectro da base esmeraldina
apresenta as duas bandas comprovando um estado de oxidaccedilatildeo intermediaacuterio
conforme ilustra a Figura 31 que apresenta uma representaccedilatildeo esquemaacutetica da
polianilina sal esmeraldina dopada com HCl
Figura 31 Estrutura da polianilina forma sal esmeraldina dopada com HCl
Nos espectros dos materiais hiacutebridos podemos notar claramente o
aparecimento destas duas bandas anteriormente citadas evidenciando assim a
formaccedilatildeo da PAni na sua forma parcialmente oxidada E esta forma encontra-se
ainda protonada como indicado pelo surgimento das bandas em
aproximadamente 1232 e 1147 cm-1 As principais ocorrecircncias dos espectros IV
presentes nas Figuras 29 e 30 e suas atribuiccedilotildees tentativa encontram-se na
Tabela 6
Voltando agrave anaacutelise dos espectros de IV-TF das Figuras 29 e 30 eacute possiacutevel
notar ainda que as posiccedilotildees das bandas referentes agraves vibraccedilotildees VminusOminusV e V=O
para todos os hiacutebridos PAniVOx e PAniV2O5 se deslocaram com relaccedilatildeo agraves
posiccedilotildees dos espectros dos respectivos oacutexidos As bandas do espectro do VOx
localizadas em 544 cm-1 e 758 cm-1 (referentes aos modos de deformaccedilatildeo angular
e estiramento anti-simeacutetrico da vibraccedilatildeo VminusOminusV respectivamente) foram
deslocadas para 509 cm-1 e 803 cm-1 respectivamente nos espectros dos
hiacutebridos Enquanto que para os hiacutebridos com V2O5 as bandas localizadas em 829
e 478 cm-1 se deslocaram para 794 e 509 cm-1 respectivamente Este fato nos
leva a acreditar que uma interaccedilatildeo entre a polianilina e os oacutexidos de vanaacutedio estaacute
ocorrendo devido agrave uma mudanccedila no ambiente de coordenaccedilatildeo do centro
metaacutelico causado pela interaccedilatildeo dos oacutexidos com o poliacutemero orgacircnico[21] Segundo
61
Park e colaboradores[18] essa interaccedilatildeo entre a polianilina e o oacutexido de vanaacutedio
pode se dar atraveacutes de ligaccedilatildeo hidrogecircnio entre os grupos NminusH e O=V conforme
ilustrado na Figura 32 Esta nova ligaccedilatildeo formada promoveria um deslocamento
na posiccedilatildeo do iacuteon vanaacutedio em direccedilatildeo ao plano basal VO4 Com isso o
comprimento da ligaccedilatildeo V=O aumentaria e a interaccedilatildeo entre os oxigecircnios do
plano basal e o iacuteon vanaacutedio tambeacutem acarretando num deslocamento dos
nuacutemeros de onda correspondentes aos modos vibracionais VminusO Outra
possibilidade para justificar esses deslocamentos seria o aumento da quantidade
de V(IV) devido agrave reduccedilatildeo dos oacutexidos durante a siacutentese dos materiais hiacutebridos
Figura 32 Esquema representativo da interaccedilatildeo entre a PAni e o V2O5
Estudos tambeacutem mostram que o deslocamento nos modos vibracionais
VminusOminusV em materiais hiacutebridos estaacute relacionada principalmente com um aumento
na forccedila de ligaccedilatildeo VminusOminusV e este fato pode ser atribuiacutedo devido ao aumento do
nuacutemero de centros de V(IV) nos materiais hiacutebridos[18]
Assim baseado nos espectros de IV-TF eacute sugerido que os iacuteons de vanaacutedio
adotem uma simetria diferente nos nanohiacutebridos em comparaccedilatildeo aos respectivos
oacutexidos devido agraves distintas interaccedilotildees resultantes do iacutentimo contato entre o
poliacutemero condutor e os oacutexidos
As bandas dos espectros IV-TF que se encontram na regiatildeo de 1000 cm-1
a 1700 cm-1 satildeo referentes aos modos vibracionais da polianilina em sua forma
condutora SE De acordo com as Figuras 29 e 30 e de posse da Tabela 6 eacute faacutecil
notarmos que nas amostras dos hiacutebridos a banda referente aos modos
vibracionais de estruturas minusNH+= estaacute deslocada em relaccedilatildeo ao descrito para a
PAni-SE pura (1147 cm-1) localizada em 1138 cm-1 no espectro da amostra
PAniVOx 051 e em 1119 cm-1 nos espectros das amostra PAniVOx 11 e
62
PAniVOx 21 Este fato vem a reforccedilar a ideacuteia de que haacute a ocorrecircncia de uma
interaccedilatildeo entre o poliacutemero e a matriz inorgacircnica e esta interaccedilatildeo eacute dependente
da quantidade de poliacutemero presente na amostra
Tabela 6 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros IV-TF das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[96 97 ]113 descritos
para a PAni-SE Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Atribuiccedilatildeo
tentativa Nuacutemero de onda
(cm-1) da literatura[96 97 113]
PAniVOx e PAniV2O5 051
PAniVOx e PAniV2O5 11
PAniVOx e PAniV2O5 21
δ do anel
quinocircnico
1568 1575 1567 1571 1568 1567 1565
δ do anel
benzecircnico
1482 1486 1488 1480 1490 1486 1489
e- π
deslocalizados
1308 1303 1299 1299 1290 1292 1291
Pocirclarons CndashN+ 1232 1247 1242 1247 1241 1236 1243
Estruturas minusNH+= 1147 1138 1127 1119 1135 1119 1130
νs VminusO 510 509 507 509 506 499 504
νas VminusO 820 803 798 803 801 803 801
ν V=O 1020 1006 1038 1006 1036 1001 1040
ν= estiramento (s simeacutetrico as assimeacutetrico) e δ= deformaccedilatildeo angular
Os resultados das anaacutelises realizadas por espectroscopia Raman para o
conjunto das amostras tanto dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm e PAniV2O5
nm quanto dos respectivos oacutexidos de vanaacutedio satildeo apresentados nas Figuras 33
e 34 Estas anaacutelises foram realizadas utilizando-se tanto o laser verde (λ=514
nm) quanto o laser vermelho (λ=6328 nm) ambos com baixa potecircncia (002 mw)
devido agrave sensibilidade do poliacutemero quando exposto agrave potecircncias maiores
Vaacuterias bandas podem ser observadas nos espectros das amostras dos
materiais hiacutebridos Todas estas bandas foram atribuiacutedas agrave PAni na sua forma
condutora (SE) A Tabela 7 compara as bandas obtidas experimentalmente com
valores encontrados na literatura[ ] 114
Os dados da Tabela 7 mostram claramente que a polianilina encontra-se
na forma sal esmeraldina principalmente pela presenccedila intensa da banda em
63
1337 cm-1 Todos os seis espectros obtidos para os hiacutebridos satildeo muito
semelhantes entre si no que diz respeito agrave localizaccedilatildeo das bandas referentes aos
modos vibracionais da PAni Poreacutem se analisarmos detalhadamente cada
espectro podemos notar algumas diferenccedilas entre eles Por exemplo se
fizermos uma comparaccedilatildeo entre os espectros dos hiacutebridos na Figuras 33-I
podemos notar que ocorre uma certa diminuiccedilatildeo na intensidade da banda
localizada em 1622 cm-1 a medida em que se aumenta a razatildeo entre a polianilina
e o oacutexido de vanaacutedio Uma maior quantidade de polianilina na amostra resulta em
uma menor intensidade da banda em questatildeo (1622 cm-1) Este mesmo efeito
pode ser observado para a banda localizada em 1337 cm-1
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1170
1251
1337
1408
1500
1580
1622
(a)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
(c)
(d)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
(a)
1600
(b)
Nuacutemero de onda (cm-1)
Inte
nsid
ade
(u a
)
(c)
1492
1398
1322
1223
1158
(d)
Figura 33 Espectros Raman das amostras VOx e PAniVOx coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) VOx (b) PAniVOx 051 (c) PAniVOx 11 e (d) PAniVOx 21
Como esta uacuteltima banda eacute caracteriacutestica do caacutetion radical (estiramento
CndashN+ (RSQ)) ou seja as espeacutecies portadoras de carga do sal esmeraldina[33 ]115
isto implica em uma menor eficiecircncia de transporte de carga no material hiacutebrido
64
que possui maior quantidade de PAni Jaacute a banda em 1495 cm-1 relativa agrave
estiramentos C=N e CH=CH de aneacuteis quinocircnicos sofre um efeito contraacuterio
quanto maior a quantidade de polianilina na amostra maior se torna sua
intensidade
(I) (II)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
(a)
Nuacutemero de onda (cm-1)
(b)
57052
044
740
7 (c)
1447
1148
1247
1321 16
3716
0015
28
1396
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
(a)
(b)
(c)
Nuacutemero de onda (cm-1)
335 41
7 522
1646
1592
1513
1399
1337
1239
1174
813
581
(d)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 34 Espectros Raman das amostras V2O5 e PAniV2O5 coletados com
diferentes energias (I) laser verde (λ=514 nm) e (II) laser vermelho (λ=6328 nm)
- (a) V2O5 (b) PAniV2O5 051 (c) PAniV2O5 11 e (d) PAniV2O5 21
Finalmente comparando os espectros (I) com os espectros (II) tanto na
Figura 33 quanto na Figura 34 facilmente pode-se observar que algumas bandas
referentes agrave polianilina se tornam mais intensas nos espectros obtidos com o
laser vermelho (ou seja nos espectros (II)) do que nos obtidos utilizando-se o
laser verde (espectros (I)) Isto acontece porque a polianilina em sua forma sal
esmeraldina apresenta uma banda de absorccedilatildeo no visiacutevel coincidente com a
energia do laser vermelho (λ=6328 nm) Esta banda eacute associada agrave presenccedila dos
grupos polarocircnicos na PAni pois eacute atribuiacuteda agrave transiccedilotildees envolvendo uma banda
polarocircnica criada apoacutes a dopagem da BE Isto faz com que modos relacionados
ao grupamento funcional da polianilina responsaacutevel por esta absorccedilatildeo sejam
intensificados no espectro Raman obtido com o laser vermelho devido ao efeito
Raman Ressonante[ ] 116 Desta maneira as bandas em aproximadamente 1340 e
65
1253 cm-1 associadas a vibraccedilotildees de grupos contendo os radicais tem sua
intensidade aumentada nos espectros obtidos com o laser vermelho Os modos
relativos aos oacutexidos puros praticamente natildeo satildeo detectados nos espectros dos
materiais hiacutebridos devido ao alto poder de espalhamento da PAni quando
comparado com os oacutexidos de vanaacutedio
Tabela 7 Comparaccedilatildeo entre as bandas observadas nos espectros Raman das
amostras PAniVOx e PAniV2O5 com os dados da literatura[114] descritos para a
PAni-SE
Nuacutemero de onda experimental (cm-1) Tentativas atribuiccedilotildees para
PAni
Nuacutemero de onda (cm-1) da literatura[114] PAniVOx e
PAniV2O5 051 PAniVOx e
PAniV2O5 11 PAniVOx e
PAniV2O5 21
ν CminusC de anel (B) 1623 1622 1646 1622 1648 1622 1546
ν CminusC 1568 1580 1592 1585 1596 1586 1592
ν C=NCH=CH (Q) 1500 1500 1493 1495 1509 1491 1513
ν CminusC (Q) 1409 1408 1399 1408 1399 1408 1399
ν CndashN+ (RSQ) 1340 1337 1337 1337 1337 1337 1337
ν CndashN+ (RSQ) 1253 1251 1238 1220 1239 1225 1239
C-H no plano (B) 1191 1170 1169 1169 1173 1169 1174
δ do anel (B) 881 879 879 880 820 880 879
Os caacutetions radicais benzecircnicos quinocircnicos e semi-quinocircnicos satildeo denotados por B Q
e RSQ respectivamente
A Ressonacircncia Paramagneacutetica Eletrocircnica (RPE) eacute uma poderosa teacutecnica
para estudar sistemas contendo eleacutetrons desemparelhados[ ]117 Centros de
vanaacutedio V(V) por possuirem uma configuraccedilatildeo [ ]3d0 satildeo silenciosos nos
espectros de EPR A reduccedilatildeo de alguns siacutetios de V(V) leva agrave criaccedilatildeo de centros de
V(IV) agora [ ]3d1 e consequentemente paramagneacutetico Com relaccedilatildeo agrave polianilina
dois tipos de portadores de carga satildeo passiveis de serem criados ao longo das
cadeias por efeito de dopagem os pocirclarons paramagneacuteticos e os bipocirclarons
diamagneacuteticos Sendo assim a PAni gera um sinal em RPE dependendo de sua
dopagem Se estiver na sua forma neutra ou muito dopada (a ponto de existirem
somente bipocirclarons em sua estrutura) eacute silenciosa no RPE mas se estiver em
sua situaccedilatildeo de dopagem intermediaria o que eacute sempre a situaccedilatildeo mais provaacutevel
deve gerar um sinal fino tiacutepico de eleacutetrons desemparelhados A Figura 35
66
apresenta os espectros de RPE obtidos agrave temperatura ambiente (300 K) das
amostras dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm
1000 1500 2000
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniVOx 051
Inte
nsia
de (u
a) PAniVOx 11
PAniVOx 21
Figura 35 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniVOx nm obtidos
agrave 300 K
Os espectros das amostras contendo o poliacutemero apresentam um sinal
caracteriacutestico de eleacutetrons desemparelhados em sistemas π estendidos Este sinal
eacute atribuiacutedo agrave presenccedila de pocirclarons no material Normalmente as estruturas
polarocircnicas estatildeo associadas agrave formaccedilatildeo da PAni (SE) Desta maneira Estes
67
resultados estatildeo coerentes com os obtidos por espectroscopia Raman e IV-TF e
confirmam a presenccedila de PAni (SE) nestas amostras
Como pode ser visto na Figura 35 o espectro da amostra PAniVOx 051
agrave 300 K apresenta ainda as linhas referentes aos centros de vanaacutedio (IV)
decorrentes da reduccedilatildeo do V(V) para iniciar a polimerizaccedilatildeo da anilina Estes
sinais de V(IV) tambeacutem estatildeo presentes em todas as outras amostras de hiacutebridos
e natildeo podem ser observados na Figura 35 devido agrave alta intensidade do sinal de
radical nestas amostras Quando os espectros satildeo coletados com um aumento no
ganho do espectrofotocircmetro obteacutem-se espectros como ilustrado no detalhe da
Figura 35 para a amostra PAniVOx 21 onde fica claro a presenccedila dos sinais de
V(IV) O resultado apresentado no detalhe da Figura 35 para a amostra PAniVOx
21 eacute representativo para todas as outras amostras
Para as amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm tambeacutem foram obtidos espectros
de RPE e os mesmos encontram-se ilustrados na Figura 36 Para este conjunto
de amostras natildeo foi possiacutevel observar as linhas referentes aos centros de vanaacutedio
(IV) Entretanto assim como para algumas amostras hiacutebridas PAniVOx nm
foram coletados espectros com aumento no ganho do equipamento originando
espectros onde se pocircde confirmar a presenccedila de vanaacutedio (IV) nestas amostras
(detalhe da Figura 36) com intensidade entretanto bastante inferior Estes
resultados estatildeo de acordo com os esperados para estas amostras
Para averiguarmos a cristalinidade destes materiais hiacutebridos e se houve
alteraccedilatildeo de fase nos oacutexidos utilizados foram realizadas anaacutelises de DRX de poacute
Os difratogramas das amostras PAniVOx nm e PAniV2O5 nm satildeo apresentados
na Figura 37 juntamente com os difratogramas dos respectivos oacutexidos
68
(a) (b)
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 11
Inte
nsid
ade
(u a
)
PAniV2O5 21
500 1000 1500 2000
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
Campo Magneacutetico (Gauss)
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Figura 36 Espectros de RPE dos materiais hiacutebridos PAniV2O5 nm obtidos agrave (a)
300 e (b) 77 K
De acordo com os difratogramas apresentados na Figura 37-(I) podemos
notar que todos os picos referentes ao VOx encontram-se nas amostras de
hiacutebridos Entretanto o pico de intensidade 100 do VOx praticamente
desapareceu o que pode ser um indiacutecio da destruiccedilatildeo da arquitetura lamelar
quando da ocorrecircncia dos hiacutebridos ou de intercalaccedilatildeo do poliacutemero levando a
uma grande expansatildeo das lamelas e deslocando o pico de 100 para valores de
2θ inferiores a 18deg (limite de operaccedilatildeo do equipamento) Nota-se que o pico
referente agrave distacircncia interlamelar se manteacutem em baixiacutessima intensidade no
difratograma da amostra PAniVOx 21 indicando a remanescecircncia de uma
pequena fraccedilatildeo da estrutura lamelar no hiacutebrido
69
(I) (II)
10 20 30 40 50 60
VOx
2θ (deg)
PAniVOx 051
d=1403 A
PAniVOx 21
PAniVOx 11
10 20 30 40 50 60 70 80
2θ (deg)
V2O5
PAniV2O5 051
PAniV2O5 11
359
288
258
249
20819
214
79
46
4
PAniV2O5 21
Inte
nsid
ade
(u a
)
Inte
nsid
ade
(u a
)
Al
Figura 37 Difratogramas de raios X das amostras VOx e PAniVOx nm (a) e
V2O5 e PAniV2O5 nm (b) Al=Alumiacutenio do porta-amostra
Na Figura 37-(II) temos os difratogramas obtidos para as amostras hiacutebridas
PAniV2O5 nm Eacute possiacutevel observarmos uma total modificaccedilatildeo estrutural apoacutes a
polimerizaccedilatildeo Nota-se o deslocamento do pico de difraccedilatildeo referente aos planos
(0 0 1) Este pico inicialmente localizado em 2θ=203deg (437 Aring) para o V2O5 se
desloca para 2θ=94deg e 64deg nas amostras PAniV2O5 nm o que corresponderia a
valores de distacircncia interlamelar de 941 Aring e 1381 Aring respectivamente
O fato de ocorrerem deslocamentos em determinados picos de difraccedilatildeo
como estamos propondo na verdade nos indicam duas possibilidades i) a
ocorrecircncia de uma reaccedilatildeo de intercalaccedilatildeo da PAni entre as lamelas dos
respectivos oacutexidos ii) a esfoliaccedilatildeo e consecutiva mudanccedila de morfologia das
estruturas dos oacutexidos levando a uma desorganizaccedilatildeo das lamelas gerando
assim novos picos de difraccedilatildeo Se considerarmos a primeira possibilidade no
caso do VOx provavelmente vaacuterias cadeias polimeacutericas foram intercaladas ou
seja as cadeias encontram-se enoveladas ou natildeo-paralelas agraves lamelas do oacutexido
pois haacute uma grande variaccedilatildeo na distacircncia interlamelar (maior que 346 Aring no caso
do VOx) No caso do V2O5 provavelmente estaria acontecendo uma reaccedilatildeo de
intercalaccedilatildeo parcial nas amostras hibridas PAniV2O5 aleacutem da ocorrecircncia de
muacuteltiplas estaacutegios de intercalaccedilatildeo devido agrave presenccedila de muacuteltiplos picos
referentes agrave distacircncia interlamelar
70
No caso de estar ocorrendo a segunda hipoacutetese certamente os gratildeos dos
oacutexidos teriam que estar em uma escala de tamanho reduzido homogeneamente
dispersos pela massa polimeacuterica Neste caso a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorreria
juntamente com o processo de esfoliaccedilatildeo do oacutexido As imagens de MET de todas
as amostras fornecem subsiacutedios para esta hipoacutetese
Na Figura 38 a seguir estatildeo ilustradas as imagens de MET da amostra
PAniVOx 051 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias partiacuteculas com morfologias
irregulares dispersas em uma massa polimeacuterica
200 nm
100 nm
100 nm
100 nm
Figura 38 Imagens de MET da amostra PAniVOx 051
As partiacuteculas referentes ao VOx tecircm sua morfologia relacionada com
reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e polimerizaccedilatildeo que ocorrem durante a siacutentese dos
materiais hiacutebridos Desta forma as bordas das nanofolhas de VOx teriam sido
71
atacadas quimicamente pelo monocircmero levando agrave deformaccedilatildeo das mesmas
acarretando em partiacuteculas com morfologia intermediaacuteria entre as nanofolhas e
nanopartiacuteculas esfeacutericas como observado na Figura 38 Aleacutem das irregularidades
nas bordas das partiacuteculas uma densa distribuiccedilatildeo destas partiacuteculas por toda a
massa polimeacuterica pode ser observada Isto certamente estaacute relacionado com as
concentraccedilotildees de reagentes utilizadas pois a menor quantidade de monocircmero
resultou em reaccedilotildees mais efetivas com a superfiacutecie das partiacuteculas de VOx
As imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx 11 satildeo
apresentadas na Figura 39 Estas imagens nos permite observar a presenccedila de
algumas estruturas mais organizadas lembrando as nanofolhas envolvidas por
uma massa amorfa A imagem agrave direita mostra claramente a presenccedila de uma
partiacutecula aparentemente esfeacuterica e uma regiatildeo de mais alto contraste (indicado
por uma seta) embebidas em uma massa polimeacuterica Estas imagens nos
sugerem a existecircncia tanto de algumas nanofolhas como partiacuteculas esfeacutericas de
VOx na amostra
50 nm50 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
Figura 39 Imagens de MET da amostra PAniVOx 11
Na Figura 40 estatildeo algumas imagens de MET para a amostra PAniVOx
21 Trata-se de uma amostra com nanopartiacuteculas aproximadamente esfeacutericas
provavelmente de VOx dispersa na massa polimeacuterica
72
02 microm
02 microm
02 microm
50 nm
Figura 40 Imagens de MET da amostra PAniVOx 21
Se compararmos as imagens de MET das amostras hiacutebridas PAniVOx
nm podemos notar que haacute uma relaccedilatildeo entre as morfologias observadas para o
VOx em cada um das amostras hiacutebridas e as diferentes quantidades de
monocircmero utilizadas Vale ressaltar que o VOx puro encontra-se na forma de
nanofolhas como mostrado nas imagens da Figura 22 Partindo-se entatildeo da
amostra PAniVOx 051 seguindo ateacute a amostra PAniVOx 21 pode-se observar
que a medida em que aumenta-se a quantidade de anilina a morfologia das
partiacuteculas de VOx vai se definindo melhor Nas imagens da amostra PAniVOx
051 (Figura 38) temos estruturas com suas bordas deformadas fato que
provavelmente ocorreu devido agrave raccedilatildeo quiacutemica entre o oacutexido e o monocircmero se
dar na superfiacutecie do oacutexido Desta maneira as nanofolhas foram atacadas nas
bordas resultando nestas estruturas observadas Quando passamos para as
73
imagens da amostra seguinte PAniVOx 11 (Figura 39) temos a presenccedila das
nanofolhas de VOx dispersas na massa de PAni juntamente com algumas NPs
esfeacutericas Estas imagens sugerem que a anilina natildeo reagiu com todas as
nanofolhas de VOx contidas na amostra levando assim agrave remanescecircncia de
algumas destas nanofolhas em determinadas regiotildees da amostra Finalmente ao
deparamos com as imagens da amostra PAniVOx 21 (Figura 40) notamos a
presenccedila de nanopartiacuteculas de VOx esfeacutericas Assim seguindo o raciociacutenio
quando se utilizou uma maior quantidade de anilina uma maior quantidade de
oacutexido reagiu com o monocircmero Como a reaccedilatildeo de polimerizaccedilatildeo ocorre na
superfiacutecie do VOx e tambeacutem nas bordas das nanofolhas as mesmas foram
reduzindo ateacute atingirem neste caso um estado de menor energia ou seja esferas
Deste modo eacute possiacutevel propormos um modelo esquemaacutetico do que estaacute
ocorrendo neste sistema ilustrado na Figura 41
Figura 41 Modelo esquemaacutetico da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do VOx frente agrave
reaccedilatildeo com a anilina
A figura indicada com o nuacutemero 1 representa as lamelas ainda organizadas
na estrutura do VOx em seu estado soacutelido Ao colocarmos para reagir o VOx com
74
a soluccedilatildeo aacutecida de anilina duas possibilidades estatildeo ocorrendo neste sistema
conforme mostrado pelas imagens de MET anteriormente Na etapa 2 as
nanofolhas satildeo dispersas na massa de polianilina ocorre uma espeacutecie de
delaminaccedilatildeo Em seguida ocorre a reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo e paralelamente a
polimerizaccedilatildeo da anilina na superfiacutecie das nanofolhas de VOx Poreacutem estas
reaccedilotildees ocorrem de uma maneira desordenada levando agrave formaccedilatildeo de estruturas
sem uma morfologia definida como ilustrado na etapa 3 Concomitantemente agrave
reaccedilatildeo descrita anteriormente um nuacutemero consideraacutevel de nanofolhas natildeo
sofrem a esfoliaccedilatildeo ou seja permanecem sobrepostas umas agraves outras Deste
modo a reaccedilatildeo entre a anilina e o VOx acontece ao redor destes conjunto de
nanofolhas (etapa 4) Com isso as nanofolhas de VOx vatildeo sendo consumidas
pela reaccedilatildeo ateacute atingirem um estado de menor energia nanopartiacuteculas regulares
proacuteximas de esferas como ilustrado na etapa 5
Imagens de MET em modo de alta resoluccedilatildeo tambeacutem foram obtidas para a
amostra PAniVOx 11 e algumas delas estatildeo ilustradas na Figura 42 Atraveacutes das
imagens eacute possiacutevel notarmos a presenccedila de nanopartiacuteculas esfeacutericas Estas NPs
apresentam-se embebidas em uma massa polimeacuterica Eacute possiacutevel observarmos
tambeacutem diversas famiacutelias de planos atocircmicos nestas nanopartiacuteculas o que
confirma a cristalinidade das mesmas tratando-se assim de NPs de VOx
dispersas em PAni Para comparar com os valores obtidos por DRX identificou-se
as famiacutelias dos planos atocircmicos observadas nestas imagens e as mesmas satildeo
referentes aos planos (7 1 6) (1 1 11) e (1 1 1) do VOx Figuras 42
Na imagem presente na Figura 42-(a) temos a presenccedila de algumas
nanofolhas de VOx O fato de coexistir as duas estruturas diferentes na mesma
amostra nos sugere a ocorrecircncia parcial da reaccedilatildeo que encadeia a polimerizaccedilatildeo
da anilina em algumas regiotildees da amostra como descrito anteriormente
75
5 nm5 nm
(a)
10 nm10 nm
(b)
d = 205 Aring
5 nm5 nm
(c)
5 nm
(d)
Figura 42 Imagens de HRTEM da amostra PAniVOx 11
O outro conjunto de amostras hiacutebridas analisado por MET foi o PAniV2O5
nm As imagens da amostra hiacutebrida PAniV2O5 051 estatildeo ilustradas na
Figura 43 Temos uma massa polimeacuterica com uma alta concentraccedilatildeo de
partiacuteculas dispersas na mesma Estas partiacuteculas se apresentam na forma de
esferas com dimensotildees em escala nanomeacutetrica indicando que natildeo haacute mudanccedila
morfoloacutegica no V2O5 quando da formaccedilatildeo dos hiacutebridos
76
100 nm
200 nm
50 nm
100 nm
Figura 43 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 051
As imagens da Figura 44-(a) e (b) satildeo referentes agrave amostra PAniV2O5 11
e tambeacutem nos permite observar um grande nuacutemero de NPs dispersas em uma
massa polimeacuterica Podemos notar que as nanopartiacuteculas estatildeo homogeneamente
distribuiacutedas por toda agrave amostra com tamanhos variando de 5 a 12 nanocircmetros
Foram obtidas ainda imagens de campo escuro desta amostra PAniV2O5
11 Na Figura 44-(c) estaacute ilustrada uma imagem de campo claro com a mesma
regiatildeo coletada em campo escuro presente na Figura 44-(d)
Na imagem em campo claro Figura 44-(c) temos a presenccedila de diversas
NPs de V2O5 imersas em uma massa polimeacuterica (PAni) que aparece com maior
contraste bem no centro da imagem Na imagem de campo escuro observamos a
alta intensidade do brilho nas NPs indicando sua alta cristalinidade e a baixa
intensidade do contraste da massa central caracterizando o caraacuteter pouco
77
cristalino da PAni Entatildeo os pontos claros se tratam de oacutexido de vanaacutedio
enquanto a imagem referente agrave massa de PAni apresenta um contraste
acinzentado pois mesmo natildeo sendo cristalina consegue difratar um pouco do
feixe de eleacutetrons A imagem presente na Figura 44-(d) natildeo deixa margem de
duacutevidas que as nanopartiacuteculas de maior contraste presentes nesta amostra se
tratam do oacutexido de vanaacutedio cristalino enquanto que a massa de menor contraste
corresponde agrave polianilina
50 nm50 nm
(a)
5 nm
(b)
200 nm
(c)
200 nm
(d)
Figura 44 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 11 (a) (b) e (c) em campo
claro e (d) em campo escuro
Finalmente temos a uacuteltima razatildeo molar estudada neste trabalho para o
conjunto de hiacutebridos formados entre a PAni e o V2O5 Na Figura 45 estatildeo
ilustradas as imagens da amostra PAniV2O5 21 Podemos notar claramente
78
nestas imagens a presenccedila de poucas NPs dispersas na massa polimeacuterica em
decorrecircncia da alta razatildeo PAniV2O5 utilizada
100 nm
50 nm
Figura 45 Imagens de MET da amostra PAniV2O5 21
Todas as imagens de MET apresentadas referentes aos hiacutebridos PAniV2O5
nm nos mostram claramente que natildeo ocorreu nenhuma esfoliaccedilatildeo ou
modificaccedilatildeo morfoloacutegica do oacutexido quando da preparaccedilatildeo dos hiacutebridos como no
caso do VOx As imagens indicam ainda que as partiacuteculas do oacutexido se
encontram homogeneamente dispersas pelo poliacutemero
A amostra PAniV2O5 11 tambeacutem foi analisada por HRTEM e as imagens
encontram-se ilustradas na Figura 46 Podemos notar a presenccedila de vaacuterias NPs
de V2O5 embebidas na massa polimeacuterica e algumas famiacutelias de planos atocircmicos
presentes em cada uma das nanopartiacuteculas o que nos possibilita confirmar a alta
cristalinidade destas nanopartiacuteculas Na imagem da Figura 46-(a) pocircde-se
identificar a famiacutelia dos planos (4 0 1) atraveacutes da distacircncia meacutedia entre
estes planos d=243 Aring enquanto que na imagem da Figura 46-(b) aleacutem dos
planos (4 0 1) tambeacutem foram identificados os planos (2 1 1) com d=256 Aring Na
imagem da Figura 46-(d) temos identificados os planos (3 1 3) referente a
d=111 Aring
79
5 nm5 nm
(a)
5 nm5 nm
(b)
5 nm5 nm
(c)
5 nm5 nm
(d)
d = 111 Aring
Figura 46 Imagens de HRTEM da amostra PAniV2O5 11
Assim para este segundo conjunto de amostras hibridas tambeacutem eacute
possiacutevel propormos esquematicamente o que estaacute ocorrendo apoacutes a adiccedilatildeo de
V2O5 sobre a soluccedilatildeo aacutecida de anilina representado na Figura 47
Indicado pelo nuacutemero 1 temos a morfologia inicial do V2O5 como
observado nas imagens de MET Trata-se de aglomerados de partiacuteculas unidas
umas agraves outras Estas partiacuteculas apresentam tamanho em escala nanomeacutetrica e
possuem um formato esfeacuterico Ao entrarem em contato com a soluccedilatildeo aacutecida de
anilina as mesmas datildeo iniacutecio agrave reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo da anilina e consequumlente
polimerizaccedilatildeo formando as cadeias de polianilina e dispersando as NPs na
massa polimeacuterica formada (etapa 2)
80
Figura 47 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da transformaccedilatildeo morfoloacutegica do V2O5
frente agrave reaccedilatildeo com a anilina
A maioria esmagadora dos trabalhos da literatura que envolve materiais
hiacutebridos formados entre oacutexidos de vanaacutedio e poliacutemeros condutores trata de
estudar as propriedades eletroquiacutemicas destes materiais Isto porque o grande
interesse nestes hiacutebridos reside no fato de serem bons acumuladores de iacuteons Li+
e podem ser utilizados para a confecccedilatildeo de baterias recarregaacuteveis com
desempenho superior ao dos oacutexidos puros Isto ocorre devido ao fato de a
presenccedila dos poliacutemeros condutores nos materiais hiacutebridos fornecer um caminho
condutor alternativo para unir as estruturas isoladas dos oacutexidos (NPs e nanofolhas
no caso deste trabalho) tornando-as eletroquimicamente ativas
Pensando entatildeo em possiacuteveis aplicaccedilotildees para os nanohiacutebridos obtidos
neste trabalho estudos do comportamento eletroquiacutemico destes materiais estatildeo
sendo realizados atraveacutes de medidas de voltametria ciacuteclica Este estudo vem
sendo esbarrado na qualidade dos filmes obtidos que ainda natildeo foi
suficientemente adequada para conseguirmos boas respostas eletroquiacutemicas
Vaacuterias tentativas foram sucedidas variando a maneira pela qual o preparo dos
filmes eacute conduzido Entretanto ainda natildeo conseguimos descobrir as melhores
condiccedilotildees para obtermos respostas nestas medidas Mesmo assim na Figura 48
apresentamos alguns dos voltamogramas preliminares obtidos para os hiacutebridos
PAniVOx nm onde os filmes foram preparados a partir de dispersotildees das
amostras em DMF e as velocidades de varredura foram de 50 e 200 mVs-1
81
-08 -06 -04 -02 00 02 04 06 08 10 12 14
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 0512 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75PAniVOx 05110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=200 mVs-1
PAniVOx 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
v=50 mVs-1
PAniVOx 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) -02 00 02 04 06 08 10
-60
-40
-20
0
20
40
v=200 mVs-1
PAniVOx 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 48 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniVOx nm
Os voltamogramas contidos na Figura 48 satildeo referentes aos diferentes
materiais hiacutebridos PAniVOx Podemos notar que o comportamento de todas as
amostras foi similar levando agrave obtenccedilatildeo de voltamogramas apresentando dois
pares redox cada um atribuiacutedos a PAni presente nas amostras Durante o
processo de oxidaccedilatildeo aparecem 2 picos em 01 e 06 V (vs AgAgCl)
aproximadamente e no processo inverso de reduccedilatildeo temos os picos em 00 e
06V (vs AgAgCl) Esses dois picos nos voltamogramas dos hibridos
correspondem a uma mudanccedila no estado de nitrogecircnio imina e amina no filme
82
Quando o filme eacute submetido a potenciais mais catoacutedicos (-02 V vs AgAgCl)
praticamente todo nitrogecircnio encontra-se na forma amina Quando o potencial
aumenta a concentraccedilatildeo dos nitrogecircnios imina aumenta atingindo a
concentraccedilatildeo de aproximadamente 50 entre 01 e 06 V vs AgAgCl e
praticamente 100 agrave potenciais superiores a 06 V vs AgAgCl No processo de
reduccedilatildeo quando temos o potencial no sentido catoacutedico o processo inverso
acontece de maneira reversiacutevel
Este mesmo comportamento foi observado para duas das trecircs amostras
hiacutebridas formadas entre a PAni e o V2O5 (PAniV2O5 11 e PAniV2O5 21) como
mostra a Figura 49
-02 00 02 04 06 08 10-150
-100
-50
0
50
100
v=50 mVs-1
PAniV2O5 112 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-100
-50
0
50
100
v=200 mVs-1
PAniV2O5 1110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)
-02 00 02 04 06 08 10-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
v=50 mVs-1
PAniV2O5 212 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V)-02 00 02 04 06 08 10
-300
-200
-100
0
100
200
v=200 mVs-1
PAniV2O5 2110 ciclos
Cor
rent
e (micro
A)
Potencial vs AgAgCl (V) Figura 49 Voltamogramas das amostras hiacutebridas PAniV2O5 nm
Eacute interessante que os voltamogramas ilustrados nas Figuras 48 e 49 natildeo
apresentam os sinais caracteriacutesticos dos oacutexidos o que pode indicar que a
quantidade de PAni presente nos hiacutebridos eacute muito alta ou entatildeo este resultado se
deve somente agrave maacute qualidade dos filmes Vale ressaltar que estes resultados satildeo
preliminares e que ainda seratildeo realizadas estas mesmas medidas com outras
83
amostras bem como seratildeo preparadas amostras contendo menores proporccedilotildees
de PAni Estudos mais detalhados sobre estes sistemas encontram-se em
andamento bem como a realizaccedilatildeo de medidas de condutividade para os dois
conjuntos de amostras hiacutebridas obtidos neste trabalho Nossos meacutetodos de
preparaccedilatildeo das amostras incluindo a polimerizaccedilatildeo da PAni diretamente sobre
filmes de VOx ou V2O5 estatildeo em fase de estudos visando especialmente o
preparo de filmes de qualidade para um estudo mais aprofundado de sua
capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons liacutetio
Como consideraccedilotildees finais eacute importante ressaltar que o oacutexido de vanaacutedio
formado neste trabalho foi obtido de uma forma totalmente distinta daquelas jaacute
relatadas para a obtenccedilatildeo de oacutexidos de vanaacutedio (IV) ou de valecircncia mista que
satildeo convencionalmente obtidos em meios redutores a partir de oxoalcoacutexidos de
vanaacutedio (V) comerciais (tais como o [VO(OPri)3]) algumas vezes em temperaturas
acima de 450 ordmC[51] Nesse trabalho utilizamos o precursor [V2(OPri)8] cujo metal
jaacute se encontra no estado de oxidaccedilatildeo (IV) natildeo sendo necessaacuterio o emprego de
condiccedilotildees redutoras para a obtenccedilatildeo de oacutexidos nesse estado de oxidaccedilatildeo (ou
com valecircncia mista) A metodologia e a natureza do precursor aqui empregado
foram decisivas nos resultados e deixa claro que a estrutura do oacutexido formado
natildeo corresponde a nenhuma das tradicionalmente obtidas pelas vias
convencionais As propriedades dos hiacutebridos PAnioacutexido de vanaacutedio descritos
aqui portanto certamente seratildeo diferenciadas daquelas conhecidas para hiacutebridos
PAniV2O5 tradicionais
84
5 CONCLUSOtildeES
Atraveacutes do processo sol-gel utilizando-se como novo precursor para oacutexidos
de vanaacutedio o [V2(OR)8] foi possiacutevel obtermos dois diferentes oacutexidos VOx agrave 55 ordmC
temperatura utilizada no processo sol-gel e V2O5 apoacutes tratamento teacutermico do VOx
a 400 ordmC
O primeiro oacutexido VOx de acordo com os resultados obtidos atraveacutes de
diferentes teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo possui estrutura lamelar e centros de
vanaacutedio de valecircncia mista (IVV) A ocorrecircncia de uma estrutura lamelar era
esperada pois normalmente ocorre para oacutexidos de vanaacutedio As imagens de
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo deste oacutexido nos revelaram a natureza das
lamelas que se apresentam como estruturas planas (como uma espeacutecie de
folha) cujos tamanhos se encontram na ordem de alguns nanocircmetros podendo
ser tratadas como nanofolhas A estrutura lamelar do VOx eacute facilmente esfoliada
e as nanofolhas satildeo facilmente dispersas em soluccedilatildeo devido ao seu tamanho
reduzido
Os resultados preliminares nos levam a crer que o oacutexido chamado de VOx
se trata do V10O24middotnH2O Novos estudos seratildeo realizados visando a completa
caracterizaccedilatildeo deste material principalmente no que diz respeito agrave elucidaccedilatildeo de
sua estrutura cristalina
O segundo oacutexido obtido a partir do tratamento teacutermico do VOx a 400 degC foi
o V2O5 Este oacutexido encontra-se na forma de NPs altamente cristalinas conforme
observado nas imagens de microscopia eletrocircnica e atraveacutes dos resultados de
difraccedilatildeo de raios X
Ambos os oacutexidos foram depositados na forma de filmes finos sobre
substratos condutores e apresentaram alta capacidade de intercalaccedilatildeo de iacuteons
liacutetio o que os torna candidatos em potencial para aplicaccedilatildeo como caacutetodo em
baterias O VOx aleacutem de uma alta capacidade de intercalaccedilatildeo de Li+ apresentou
grande resistecircncia e durabilidade a vaacuterios ciclos de intercalaccedilatildeodesintercalaccedilatildeo
Com a rota sinteacutetica proposta foi possiacutevel obtermos nanohiacutebridos a partir
da mistura formada entre os oacutexidos de vanaacutedio VOx e V2O5 e a polianilina
resultando em nanocompoacutesitos do tipo polianilinaoacutexido de vanaacutedio Estes novos
materiais hiacutebridos podem ser chamados de nanocompoacutesitos por apresentarem
uma das fases em escala de tamanho nanomeacutetrica Esta informaccedilatildeo pocircde ser
85
comprovada atraveacutes das imagens de microscopia eletrocircnica Vale ressaltar que
nesta rota natildeo se utilizou agente oxidante na etapa de polimerizaccedilatildeo do
monocircmero (anilina) e a polianilina se encontra em todas as amostras na sua
forma condutora ou seja o sal esmeraldina
Os resultados atraveacutes de voltametria ciacuteclica conseguidos ateacute o presente
momento nos revelaram que os materiais hiacutebridos apresentam potencial de
aplicaccedilatildeo como caacutetodos em baterias de iacuteon liacutetio Contudo o meacutetodo de deposiccedilatildeo
de filmes destes materiais ainda precisa ser otimizado
86
6 ETAPAS FUTURAS
Como propostas de continuidade do presente trabalho podemos listar as
seguintes atividades
i) teacutermino das caracterizaccedilotildees das amostras hibridas PAniVOx nm e
PAniV2O5 nm por HRTEM TGADSC UV-Vis
ii) caracterizaccedilatildeo de todas as amostras por XPS XANES e EXAFS
visando estudar a relaccedilatildeo VIVVV bem como as interaccedilotildees entre as
fases
iii) preparo de novos hiacutebridos PAniVOx a partir da mistura do monocircmero
(anilina) ao precursor molecular [V2(OPri)8] antes da etapa de hidroacutelise
no processo sol-gel
87
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- LISTA DE FIGURAS
- G
- LISTA DE TABELAS
- Como citado anteriormente vaacuterios hiacutebrid
- Neste trabalho estamos interessados em estudar materiais hiacuteb
-