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A Economia do Mar: Naufrágios Romanos e a Exportação de Preparados de Peixe Lusitanos
Sónia Bombico (CIDEHUS-Universidade de Évora)
CIDEHUS - UID/HIS/00057/2013 (POCI-01-0145-FEDER-007702)
Tipo de Carga Nº Naufrágios
A1 Carga maioritária e exclusiva
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Segunda metade do séc. I a meados do II d.C.
Grum de Sal Dressel 14
Cap Bénat 1 Dressel 14
Finais do séc. III – Primeira metade do IV d.C.
Escolletes 1 Almagro 51c, Alamgro 50, Keay 78/Sado 1 e Dressel 28 (?)
Randello Almagro 50
Finais do séc. IV a meados do V d.C.
Cala Reale A Sado 3, Almagro 51c, Beltrán 72 e Almagro 51c
A2 Carga maioritária numa carga hetero-génea com ânforas de outras proveniên-cias (hispânica e/ou norte-africana)
7 Segunda metade do séc. I a meados do II d.C. Bajo de la Campana3 Dressel 14 Punta Sardegna A Dressel 14
Finais do séc. III – Primeira metade do IV d.C.
Punta Vecchia 1 Almagro 51c
Fontanamare A Almagro 51c e Keay 78/Sado 1 Pleno séc. IV d.C. Chrétienne D Almagro 51c
Mandriola A Almagro 51c
Finais do séc. IV a meados do V d.C.
Sud-Lavezzi 1 Almagro 51a-b, Almagro 50/Keay 78, Beltrán 72 e Almagro 51c
B1 Carga conjunta com ânforas de outras p r o v e n i ê n c i a s (hispânica e/ou norte-africana), onde as ânforas lusitanas estão equilibrada-mente representa-das, constituindo em alguns casos parte da carga secundária
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Segunda metade do séc. I a meados do II d.C. Escombreras 4 Dressel 14
Porto de Mahón Dressel 14
Meados do séc. III d.C. Punta Ala A Almagro 51c
Finais do séc. III – Primeira metade do IV d.C.
Cabrera I Almagro 51c e Almagro 50 (?) Marzameni F Almagro 51c e Almagro 50 (?)
Pleno séc. IV d.C. Golfo de Asinara – Daedalus 3 Almagro 51c Planier 7 Almagro 51c e Almagro 50 (?)
Segunda metade do séc. IV a meados do V d.C.
Puerto de Cartagena – Yacimiento 2 Almagro 51c e Almagro 50 (?)
B2 Carga secundária, estando presentes em quantidades minoritárias
3
Meados do séc. II d.C. Tiboulen-de-Maire Dressel 14
Meados do séc. III d.C.
Cabrera III Almagro 51c
Pleno séc. IV d.C. Femina Morta Almagro 51c
C Casos em que a sua reduzida quantidade parece indicar que fariam parte das dotações de bordo
1 Meados do séc. III d.C. Porticcio A Almagro 51c
A produção de preparados de peixe na Lusitânia
A antiga província romana da Lusitânia produziu e exportou preparados de peixe,
envasados em ânforas, para todo o Mediterrâneo. Produziram-se salgas de peixe
(salsamenta) e molhos (garum, hallex, liquamen, muria, etc.), com especial
destaque para os produtos à base de sardinha.
As grandes áreas produtoras localizam-se, principalmente, nas desembocaduras
dos principais cursos fluviais do sul do território português, com destaque para os
estuários do Tejo e do Sado. Também o litoral alentejano (Sines e Ilha do
Pessegueiro) e toda a costa algarvia foram produtoras de preparados de peixe e
respectivos contentores anfóricos. O sistema produtivo inclui: a pesca, a
exploração do sal, e a existência de oficinas de transformação com cetariae
(tanques para salga) e de centros oleiros produtores de ânforas.
Trata-se de uma produção com características “industriais” que se desenvolveu a partir dos finais do século I a.C., e que se vai prolongar no
tempo até ao século VI d.C. O volume produtivo estimado levou os vários autores e investigadores a considerar que a produção teria no mercado
da exportação um destino lógico e espectável. No âmbito do projecto de doutoramento em curso tem-se procurado aferir os principais destinos
dessa exportação e os seus ritmos.
Áreas de produção de preparados de peixe em Portugal e “complexo produtivo” do Estuário do Sado
Ânforas e Naufrágios – Fontes arqueológicas para o estudo da História Económica
A pesquisa levada a cabo permitiu inventariar um conjunto total de 130 registos de
sítios subaquáticos: 51 sítios de naufrágio, 15 sítios de provável naufrágio e 64 sítios
de achado isolado ou de fundeadouro. De entre esse vasto conjunto de sítios, com
ânforas de “tipo lusitano”, foi possível individualizar um grupo de 25 sítios de
naufrágio em que a presença de ânforas lusitanas está indubitavelmente confirmada.
Com base nessa amostra desenvolvemos um modelo interpretativo da evolução
cronológica da exportação, dos tipos de carga dos navios e das rotas de navegação
utilizadas. Desde logo salta à vista a diversidade de tipologias de carga que são
transversais à diferentes épocas.
Nota: O naufrágio de Golfo de Asinara – Daedalus 2 não se encontra contabilizado nas tipologias de carga por dificuldade de classificação. Este
naufrágio revela a existência de uma carga onde várias dezenas de ânforas lusitanas Almagro 51c surgem, provavelmente, associadas ao
comércio de mineral ou minério.
Tanques de salga de Tróia
1-Puerto de Cartagena Yacimiento 2; 2- Bajo de la Campana 3; 3- Escolletes 1; 4- Escombreras 4; 5- Grum de Sal; 6- Cabrera I; 7- Cabrera II; 8- Porto
de Mahón; 9- Planier 7; 10- Tiboulen-de-Maire; 11- Cap Benát 1; 12- Chrétienne D; 13- Punta Vecchia 1; 14- Punta Ala A; 15- Porticcio A; 16- Sud-
Lavezzi 1; 17- Punta Sardegna A; 18-Golfo de Asinara-Daedalus 3; 19-Golfo de Asinara-Daedalus 2; 20- Cala Reale A; 21- Mandriola A; 22- Fontana-
mare A; 23- Femina Morta; 24- Randello; 25- Marzameni F
Dressel 14 Almagro 51c Keay 78/Sado 1 Almagro 51 a-b Beltrán 72 Sado 3
Naufrágio de Cala Reale A (Sardenha)
BOMBICO, S. (2015) - “Salted-Fish industry in Roman Lusitania: Trade Memories between Oceanus and Mare Nostrum” in Filipe Themudo Barata and João Magalhães Rocha (Eds.) Heritages and Memories from the Sea - Conference Proceedings,1st International Conference of the UNESCO Chair in Intangible Heritage and Traditional Know-How: Linking Heritage, Évora, p.19-39. ÉTIENNE, R. e MAYET, F. (1993-1994) - “La place de la Lusitanie dans le commerce méditerranéen” in Conimbriga, 32-33, p. 01-218. FABIÃO, C. (2009) - “Cetárias, ânforas e sal: a exploração de recursos marinhos na Lusitânia” in Estudos Arqueológicos de Oeiras, 17, p. 555-594. PARKER, A. J. (1992) - Ancient shipwrecks of the Mediterranean and Roman Provinces, BAR International Series 580.
Bibliografia
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Evolução Cronológica
Naufrágios