slides sobre a teoria dos atos de fala de austin e searle

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ato locucionário (ato de proferir o enunciado); ato ilocucionário (ato realizado ao proferir o enunciado); e ato perlocucionário (ato referente à ação realizada e à consequência resultante ao proferir o ato de fala).Ato representativo; 2- Ato direto; 3- Ato comissivo; 4- Ato expressivo; e 5- Ato declarativo.

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Sobre a Teoria dos Atos de Fala de Austin e Searle.

Disciplina: Filosofia da Linguagem(UFSM 2008). Prof Dr Dirk Greimann UFF.

Por: Juliano Gustavo Ozga. Filosofia UFSM-UFOP.

Neste ensaio ser abordada a teoria dos atos de fala de Austin e a contribuio posterior de

Searle relacionada aos novos conceitosfundamentais para classificar os atos

lingusticos em cinco (5) categorias.

Na primeira parte ser apresentada a distino deAustin entre enunciados constatativos/descritivos e enunciados performativos. Na segunda parte ser apresentada a definio de condies de felicidade dos atos de fala, sendo essa, uma

condio de enunciado performativo que deve serefetuada para que a ao do ato de fala se realize, sendo rotulado o enunciado de bem sucedido e feliz ou mal sucedido e infeliz.

Na terceira parte ser abordada a teoria

dos atos de fala de Austin, dividida em atolocucionrio (ato de proferir o enunciado); ato

ilocucionrio (ato realizado ao proferir oenunciado); e ato perlocucionrio (ato

referente ao realizada e consequnciaresultante ao proferir o ato de fala).

Na quarta parte ser apresentada a contribuio de Searle aos atos de fala, classificando-os em cinco (5) categorias: 1- Ato representativo; 2- Ato direto; 3- Ato comissivo; 4- Ato expressivo; e

5- Ato declarativo, finalizando essa restrita abordagem sobre acontribuio de Austin e Searle pragmtica e a linguagem, expondo a linguagem no apenas como descrio do mundo, mas como

entidade ativo-formadora perante o mundo fsico, ou seja, umaentidade performativa.

No incio ser apresentado a crtica de Austin

aos neo-positivistas, com influncia da viso deWittgenstein (Segundo Wittgenstein: Investigaes lgicas), relacionado posio dos neo-positivistas perante a linguagem. Os partidrios neopositivistas abordam a linguagem como sendo um mero instrumento de descrio do mundo fsico, constatao e relatos dos fatos e eventos fsicos.

Essa viso neo-positivista sendo descritiva, atribui a captao e aquisio de conhecimento aos dados dos sentidos, determinando uma verificabilidade do enunciado, necessitando de uma referncia no mundo fsico, podendo ser rotulado de verdadeiro ou falso.

Assim Austin, influenciado por Wittgenstein diretamente, e por G. Frege indiretamente, atribua no somente esse aspecto da linguagem como mero

instrumento descritivo do mundo e seus estados de coisa,mas um aspecto ativo/formador da linguagem perante o mundo, devido ao fato de a linguagem conter em seu interior, aes e formaes relacionadas ao mundo fsico. Portanto, Austin atribua a linguagem como sendo

constatativa/descritiva e tambm como sendoperformativo-ativa perante o mundo.

A partir disso, Austin prope uma nova diferenciao relacionada aos enunciados. Essa distino elaborada entre os enunciados constatativos, possuidores e portadores de valor de verdade e enunciados performativos, possuidores de uma ao, atribuda sua condio de realizao no mundo fsico.

Os enunciados constatativos so enunciados queproferem e descrevem estados de coisa do mundo fsico, como descries e asseres relacionadas aos eventos do mundo fsico. Os enunciados constatativos possuem valor de verdade, devido a sua verificabilidade da referncia do

significado no mundo fsico, podendo esses seremverdadeiros ou falsos. Um exemplo bsico de enunciado constatativo : Meu carro verde; esse enunciado pode

ser verificado no mundo fsico, podendo eu atribuir se ele verdadeiro ou falso, conforme o estado de coisa no mundo, ou seja, se meu carro realmente da cor verde.

Enunciados constatativos so determinados pelos seus valores de verdade e verificabilidade. No entanto, os enunciados performativos so de outra espcie, ou possuem outra caracterstica; eles no so verdadeiros ou falsos, pelo fato desses no serem descries do mundo fsico; enunciados performativos so referentes s aes que os enunciados possuem em sua estrutura.

Portanto, os enunciados performativos so

declaraes que expressam uma inteno de aoperante o mundo ou para o ouvinte. Um exemplo:

Voc pode me alcanar meu bandolim?; nessecaso o enunciado proferido por um locutor se refere inteno do mesmo sobre outro ouvinte, no caso, querer que o ouvinte alcance o instrumento musical; meu desejo e inteno no saber se o

ouvinte est capacitado fisicamente para mealcanar o instrumento e muito menos receber uma resposta sim ou no.

Essa pode ser uma caracterstica bsica e relevante dos enunciados performativos, onde sua constituio no expressa por valores de verdade e verificabilidade, como no caso dos enunciados constatativos, e sim na caracterstica de inteno em agir sobre o mundo fsico, no caso a ao inclusa no enunciado.

Por se tratar de aes, os enunciados performativos (de performative utterance) realizam aes (do verbo to performe) e essas aes so felizes e bem-sucedidas ou infelizes e mal sucedidos. Esse fator vai depender da condio de felicidade do enunciado. As condies de

felicidade de um enunciado so expressas pela condiode felicidade do ato do enunciado se realizar e ser feliz e bem sucedido. No caso contrrio quando o enunciado proferido, mas sua ao no efetuada no mundo, rotulamos esse enunciado como infeliz e mal sucedido.

Um dos fatores que determinam a condio defelicidade de um enunciado a autoridade. A

condio de autoridade relevante para afelicidade de um argumento. No enunciado de um juiz de direito, no tribunal: Eu lhe condeno priso; esse enunciado satisfaz a condio do ato de condenar realizar-se, pelo fato do juiz em seu

pleno exerccio no tribunal, deter a autoridade paraefetuar a condenao.

Outro aspecto a condio de contexto da definio da condio de felicidade. Se o mesmo juiz de direito profere o enunciado: Eu lhe condeno priso, porm no balco de um bar, a situao no vai satisfazer a condio de felicidade, devido ao fato de que o juiz de direito, na mesa de um bar, est fora da sua jurisdio e no possui o poder e autoridade para efetuar uma condenao, portanto esse enunciado, nesse exato contexto torne-se infeliz e mal sucedido.

Nesta terceira parte, apresento a posioseguinte, onde Austin sintetiza e expe sua

teoria dos atos de fala, dividindo os atos em trs(3) grupos: 1- Ato locucionrio (ato de proferir a

sentena); 2- Ato ilocucionrio (ato realizado aoproferir o enunciado); e 3- Ato perlocucionrio

(ato referente ao e consequncia resultanteao proferir o ato de fala).

Os atos locucionrios so enunciados quedistinguimos sua parte fontica, quando

proferidos o som das letras do enunciado. Aparte sinttica relacionada com a construo

gramatical e sua estrutura verbal. A partesemntica a que atribui significado ao

referente do enunciado. Os atos locucionriosreferem-se apenas ao gesto do proferir o enunciado.

Os atos ilocucionrios esto relacionados aoato realizado ao proferir o enunciado, est ligado fora ilocucionria contida no enunciado (referente G. Frege). Os atos ilocucionrios so expressos por enunciados afirmativos: Seu carro est

pegando fogo; interrogativos: Onde a suacasa?; e exclamativos: Como frio nesse lugar!. Os atos ilocucionrios representam a fora (a intensidade do pedido e da resposta) com que proferimos o enunciado.

No entanto, os atos perlocucionrios esto relacionados ao consequente do proferir o ato de fala; o que podemos fazer com a linguagem,

qual a sua ao resultante. O ato perlocucionrio caracterizado pelo grau de felicidade e pelo fato de

o ato lingustico ser bem sucedido e ser efetuadono mundo fsico. Assim ficam expostos os atos de fala de Austin, que posteriormente foi base para a elaborao de Searle referente aos seus cinco (5) grupos-categorias dos atos de fala.

O primeiro ato do grupo o ato representativo: o ato expresso pela crena do falante perante um fato do mundo fsico. expresso por uma assero, afirmao. Nesse caso a linguagem submetida e se adequa ao mundo. Um exemplo bsico : Hoje est chovendo; ele expressa minha crena de que est chovendo nesse dia presente.

O segundo ato o ato direto: expressa uma inteno de ao sobre o ouvinte e sobre o mundo. expresso por uma ordem, declarao, como no seguinte enunciado: Eu lhe ordeno ir embora; expressa uma ordem de minha vontade sobre o ouvinte. Nesse caso o mundo (ouvinte) deve se submeter e adequar-se linguagem e seu pedido.

No terceiro ato, os atos comissivos, tratam de situaes que conferem compromisso futuro do locutor do enunciado. So expressos por

promessas, garantias, como no caso seguinte: Eulhe prometo escrever uma cano sobre sua vida:

expressa uma promessa futura conferida ao locutorperante um ouvinte. Nesse caso o mundo deve se

submeter e adequar-se linguagem, deve haveruma ao para valorizar a promessa proferida.

O quarto ato o ato expressivo, referente s expresses de sentimentos do enunciado. So expressos por elogios, agradecimentos, gratido. No enunciado Eu estou grato pelo presente, estou expressando uma gratido em relao ao ouvinte. Nesse caso o mundo e a linguagem no se submetem entre si, a situao nula.

O quinto ato, o ato declarativo, o que expressa realizao de um novo evento ou ao. So os casos de declaraes, batismos, como no exemplo: Eu lhe batizo com o nome Gunnar, estou dando um nome a uma pessoa annima, que agora tornar-se- um ente com o nome Gunnar; eu realizo a ao nova de batizar algum, lhe atribuo um nome. Aqui tanto o mundo como a linguagem se adquam entre si.

Assim sendo, acabo com essa simples e restrita exposio sobre a teoria dos atos de fala de Austin, com a posterior contribuio de Searle; ambos

passam a atribuir linguagem um valor antesignorado, ou seja, o fato de a linguagem no ser um

mero instrumento de descrio de estados de coisa,mas sim uma linguagem ativo-formativa, ou seja, uma linguagem performativa de aes perante o mundo fsico e seus ouvintes, sendo uma grande contribuio para a pragmtica e para a linguagem..

O trabalho de ambos reconhecido e digno de valor, expondo a gama de abordagens e novas propriedades da linguagem como ao perante o mundo fsico.

Bibliografia:

Bibliografia: 1- AUSTIN, J. L. Quando Dizer Fazer. Traduo: Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1990.2- AUSTIN, J.L. Philosophical Paper. Oxford: Oxford University Press, 1979.

3- SEARLE, J. R. Intencionalidade. Traduo: Jlio Fischer e Toms Rosa Bueno. So Paulo: Martins Fontes, 1995.4- SEARLE, J.R. Expresso e Significado. Estudos sobre a teoria do atos de fala. So Paulo: Martins Fontes, 2002. 5- SEARLE, J. R. Speech Acts. A Essay in the Philosophy of Language. New York, Cambridge University Press, 1994.