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1 SLIDE 01 CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS PGM/CEJUR Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) Makarius Sepetauskas Procurador do Município Departamento de Procedimentos Disciplinares (PROCED) Outubro/2019 SLIDE 02 Da Probidade Administrativa Probidade administrativa consiste no dever de o funcionário servir à Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções sempre no intuito de realizar os interesses públicos, sem se aproveitar dos poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer. (Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1970, tomo 2, p. 684) A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou a outrem (José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2009, p.49-50)

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SLIDE 01

CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS – PGM/CEJUR

Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa)

Makarius Sepetauskas

Procurador do Município

Departamento de Procedimentos Disciplinares (PROCED)

Outubro/2019

SLIDE 02

Da Probidade Administrativa Probidade administrativa consiste no dever de o funcionário servir à Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções sempre no intuito de realizar os interesses públicos, sem se aproveitar dos poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer. (Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1970, tomo 2, p. 684) A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou a outrem (José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2009, p.49-50)

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SLIDE 03

Improbidade Administrativa - Previsão legal:

Constituição Federal (art. 37, §4º)

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão

a suspensão dos direitos políticos,

a perda da função pública,

a indisponibilidade dos bens e

o ressarcimento ao erário,

na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Independência das instâncias Penal, Civil e Administrativa - De acordo com o princípio da independência das instâncias, a decisão proferida em uma delas, em regra, não interfere na decisão da outra.

Exceção: ação penal transitada em julgado que reconheça a inexistência do fato ou negue a autoria imputada: nestes casos, tal decisão impedirá a condenação do agente, pelos mesmos fatos conforme artigo 935, do Código Civil e artigo 126, da Lei Federal nº 8.112/90.

SLIDE 04

Improbidade Administrativa – Lei nº 8.429/92:

Tipologia dos Atos de Improbidade

1) Enriquecimento ilícito: auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida [conduta sempre dolosa];

2) Lesão ao erário: qualquer ação ou omissão […] que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de bens ou haveres [conduta dolosa ou culposa];

3) Ato atentatório aos princípios da Administração Pública: qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade [conduta sempre dolosa];

- Sujeito Ativo: agente público em sentido amplo

- Sujeito Passivo: ente público lesado ou assemelhado

- Ato ímprobo: ação (ou omissão) que acarrete enriquecimento ilícito, dano ao erário ou violação aos princípios da Administração Pública.

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SLIDE 05

Níveis de Lesividade das Condutas

1) Ínfimo poder ofensivo: podem encontrar crítica no Código de Ética Profissional do Servidor Público (Decreto Municipal nº 56.130/15);

2) Mediano poder ofensivo à moralidade: podem ser enquadradas no Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais - Lei nº 8.989/79 e ensejar a aplicação de sanções disciplinares;

3) Elevado poder ofensivo à moralidade (com dano ao erário, enriquecimento ilícito ou afronta aos princípios reitores da Administração): podem ser enquadradas na Lei nº 8.429/92 (imoralidade administrativa qualificada).

SLIDE 06

Níveis de Lesividade das Condutas

Informação nº 1064/2019-PGM.AJC: Abertura de processo sumário. Inexistência de justificativa para abertura de Sindicância Especial de Improbidade Administrativa em relação a fato sujeito a processo sumário, uma vez que a severidade das sanções prevista na Lei nº 8.429/92 não se coadunam com o procedimento punitivo mais brando.

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STJ: a consideração da má-fé para caracterização da improbidade

É cediço que a má-fé é premissa do ato ilegal e ímprobo.

Consectariamente, a ilegalidade só adquire o status de improbidade administrativa quando a conduta antijurídica fere os principios constitucionais da Administração Pública coadjuvados pela má-fé do administrador. A improbidade administrativa, mais que um ato ilegal, deve traduzir, necessariamente, a falta de boa-fé, a desonestidade (RESP nº 480.387/SP – 1ª Turma, Relator Min. Luiz Fux – DJU 16/03/2004)

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Sujeito Passivo (Vítima do ato de improbidade administrativa)

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a

(i) administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,

(ii) de empresa incorporada ao patrimônio público ou

(iii) de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual (empresa estatal dependente – artigo 2º, III, da LRF)

serão punidos na forma desta lei.

- Entes da Federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios;

- Corporações legislativas nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal (Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado, Assembleia Legislativa e Câmara dos Vereadores);

- Órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Tribunais de Contas.

- Entidades Administração Indireta: Autarquias; Agências reguladoras (ANATEL, ANP, ANEEL, ANA, ANVISA, ANAC); Fundações instituídas pelo Poder Público; Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas; Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005);

- Empresas Incorporadas ao patrimônio público: sociedade por ações de natureza privada absorvidas por empresas públicas ou sociedades de economia mista, que lhe sucedem em direitos e obrigações (art. 227, da Lei nº 6.404/76 – Lei das S/As)

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SLIDE 09

Sujeito Passivo (Vítima do ato de improbidade administrativa)

Art. 1º […]

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio

(iv) de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como

(v) daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual,

limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

- Entidades Privadas do Terceiro Setor: Serviços Sociais Autônomos (SENAI, SENAC, SESI, SESC, SEBRAE);

- Súmula 516, do STF: competência da justiça estadual para julgar ações envolvendo os Serviços Sociais Autônomos. Nesse sentido, ainda, RE 366.168, RE 414.375 e RE 766.674.

- Organizações sociais sem fins lucrativos (ONGs) – Lei nº 9.637/98

- Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) – Lei nº 9.790/99

- Organizações da sociedade civil (OSCs) – Lei nº 13.019/14

- Conselhos de Fiscalização do Exercício Profissional (CRM, CREA, etc.)

- Partidos Políticos (fundo partidário)

“Tratando-se de atividade desenvolvida em caráter exclusivamente privado, com limitada inserção de recursos públicos, tem-se que a própria incidência do referencial de juridicidade é direcionada, primordialmente, à preservação do patrimônio público, não à transposição, para a iniciativa privada, de toda uma sistemática que não lhe diz respeito.” (Emerson Garcia. Improbidade Administrativa. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 314)

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SLIDE 10

Sujeito Passivo (Vítima do ato de improbidade administrativa)

TJSP – Agravo de Instrumento nº 98.387: “Nos termos do artigo 1º da Lei Federal nº 8.429/92 onde houver um único centavo em dinheiro público envolvido, a lei terá incidência, independentemente da entidade exercer atividade de natureza pública ou privada”

SLIDE 11

Sujeito Ativo do ato de improbidade (agente público que pratica o ato ímprobo)

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

SLIDE 12

Sujeito Ativo do ato de improbidade (agente público que pratica o ato ímprobo)

1) agentes políticos

2) agentes autônomos (membros do Poder Judiciário, dos Ministério Públicos, dos Tribunais de Contas);

3) servidores públicos (estatutários, empregados públicos (CLT), servidores temporários, servidores comissionados);

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Sujeito Ativo do ato de improbidade (agente público que pratica o ato ímprobo)

4) Particulares em colaboração com o Poder Público

pessoas físicas que gerenciam verbas públicas: - em empresas controladas pelo Estado; - em entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público (ONGs e OSCIPs); - em entidades que recebam contribuições parafiscais (SENAI, SENAC, SEBRAE);

Informação nº 027/2017-PGM.AJC: dirigentes de entidades conveniadas com a Administração Direta são considerados agentes públicos para fins de aplicação da Lei de Improbidade Administrativa.

SLIDE 14

Sujeito Ativo do ato de improbidade (agente público que pratica o ato ímprobo)

5) Delegatários das Serventias Extrajudiciais (Notários e Oficiais de Registro)

6) Agentes Honoríficos (jurados, mesários)

7) Estagiários

8) Agentes de fato (agente que, em colaboração e com a aquiescência do Poder Público, executam determinada atividade em situação excepcional (ex: calamidade, guerra).

STJ: “hospitais e médicos conveniados ao SUS que, além de exercerem função pública delegada, administram verbas públicas, são sujeitos ativos dos atos de improbidade (STJ – RESP nº 416.329/RS, rel. Min. Luiz Fux, j, em 13/082002, DJ de 23/09/2002, p. 254)

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SLIDE 15

A Lei 8.429/92 aplica-se, no que couber:

a) aos indutores, concorrentes ou beneficiários da prática do ato de improbidade administrativa (sujeitos ativos impróprios), os quais se sujeitam a todas as penalidades da Lei nº 8.429/92 – artigo 3º, da LIA;

- pode ser pessoa física ou pessoa jurídica;

- em relação ao terceiro que se beneficia do ato ímprobo é necessária a comprovação do conhecimento da origem ilícita do benefício auferido.

1º) Induzir significa incutir, incitar, criando no agente o estado mental tendente à prática do ilícito (auxílio moral)

2º) Concorrer: pode consistir na divisão de tarefas com o agente público ou na mera prestação de auxílio material (ex: fornecimento de veículo para o transporte de bens e valores desviados do patrimônio público)

O TJPR já decidiu que o proprietário de imóvel que o locou ao Município, pelo valor de mercado, não pode ser responsabilizado, sem prova do liame subjetivo, pelos atos ilícitos praticados pelo Prefeito Municipal que desrespeitou a Lei de Licitações (4ª CC, AP nº 0542352-9, rel. Desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima, j. em 04/08/2009)

b) aos sucessores (dos terceiros e dos agentes públicos), que estão sujeitos as cominações da LIA até o limite do valor da herança – artigo 8º, da LIA.

- Transmissão somente das penalidades de natureza patrimonial: perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento ao erário e a multa civil.

SLIDE 16

Necessidade da presença do agente público no polo passivo da ação

Obs: É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. (RESP nº 1409940/SP – 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 04/09/2014 e AgRg no RESP nº 1413729/PA – 2ª Turma, rel. Min. Humberto Martins, j. em 22/04/2014)

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SLIDE 17

Penalidades (artigo 12, da LIA)

- Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio

- Ressarcimento integral do dano ao erário

- Perda da Função Pública

Artigo 9º

(Enriquecimento Ilícito) Artigo 10

(Dano ao erário) Artigo 11

(Violação aos Princípios)

Suspensão dos direitos políticos 8 a 10 anos 05 a 08 anos 03 a 05 anos

Proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da

qual seja sócio majoritário

10 anos 05 anos 03 anos

Multa civil até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial

até 2 vezes o valor do dano ao erário

até 100 vezes o valor da remuneração percebida

pelo agente

Observação: Artigo 12, inciso V: na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

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SLIDE 18

Da Prescrição

É a perda do direito de o Estado promover as ações voltadas à responsabilização do agente pela prática do ato de improbidade administrativa (art. 23).

1) Agentes políticos e cargos comissionados

Art. 23, inciso I - cinco anos, contados do término do exercício de mandato, cargo em comissão ou função de confiança.

No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas ações de improbidade administrativa deve ser contado a partir do término do último mandato. (AgRg no AREsp nº 161420/TO – 2ª Turma, Min. Humberto Martins, j. em 03/04/2014 e REsp nº 1290824/MG – 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, j. em 19/11/2013)

SLIDE 19

Da Prescrição

2) Servidores Efetivos

Art. 23, inciso II - prazo prescricional cabível para apuração das faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público.

Lei Municipal n° 8.989/79 – Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de São Paulo:

Art. 196 - Prescreverá:

I - em 2 (dois) anos, a falta que sujeite às penas de repreensão ou suspensão;

II - em 5 (cinco) anos, a falta que sujeite às penas de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

Parágrafo único - A falta também prevista como crime na lei penal prescreverá juntamente com ele, aplicando-se ao procedimento disciplinar, neste caso, os prazos prescricionais estabelecidos no Código Penal, quando superiores a 5 (cinco) anos.

Demais, fixa a legislação estatutária municipal: Art. 197 - A prescrição começa a correr da data em que a autoridade tomar conhecimento da existência da falta. § 1º - O curso da prescrição interrompe-se pela abertura do competente procedimento administrativo. § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, todo o prazo começa a correr novamente, do dia da interrupção.

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SLIDE 20

Da Prescrição

3) Dirigente de Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.

Art. 23, inciso III – cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. (artigo incluído pela Lei nº 13.019, de 2014 e que entrou em vigor em 23/01/2016).

4) Prazo Prescricional aplicável ao terceiro que concorre, induz ou se beneficia da prática do ato ímprobo (sujeito ativo impróprio)

O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitude (REsp 1433552/SP – 2ª Turma, rel. Min. Humberto Martins, j. em 25/11/2014 e Resp 1405346/SP – 1ª Turma, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. em 15/05/2014).

SLIDE 21

Da Prescrição (ressarcimento ao erário)

CF, art. 37

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

STF Tema 897 (RE 852.475/SP): São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.

- ato culposo de improbidade administrativa, portanto, é prescritível.

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SLIDE 22

Tipologia dos Atos de Improbidade - Enriquecimento ilícito

Lei nº 8.429/92:

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, e notadamente: As condutas ilícitas destacadas nos incisos do artigo 9º são indicadas pelos verbos auferir, receber, perceber, aceitar, utilizar, usar, adquirir e incorporar, os quais sempre terão por objeto uma vantagem patrimonial não autorizada em Lei.

O agente público que tão somente solicita a vantagem indevida, não materializando o seu intento, terá sua conduta passível de enquadramento na tipologia do artigo 11, da Lei nº 8.429/1992, já que não configurado o enriquecimento ilícito. (Emerson Garcia. Improbidade Administrativa. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 390)

Dentre as infrações penais, será comumente identificada a prática dos crimes de peculato (art. 312), peculato mediante erro de outrem (art. 313), concussão (art. 316) e corrupção passiva (art. 317).

SLIDE 23

Tipologia dos Atos de Improbidade - Enriquecimento ilícito

Lei nº 8.429/92:

Art. 9º […] auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida [conduta sempre dolosa];

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

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SLIDE 24

Tipologia dos Atos de Improbidade - Enriquecimento ilícito

Lei nº 8.429/92:

Art. 9º […] auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida [conduta sempre dolosa];

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

SLIDE 25

Tipologia dos Atos de Improbidade - Enriquecimento ilícito

Uso em obra ou serviço particular de pessoal e bens de entidades públicas e assemelhadas

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

Apropriação de bens ou valores públicos

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

Uso particular de bens ou valores públicos

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Obs: não afasta a improbidade a sua reposição espontânea e integral.

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SLIDE 26

Improbidade Administrativa – Tipologia dos Atos de Improbidade

Exercício de outras atividades profissionais incompatíveis

Art. 9º […]

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

- Código de Conduta Funcional (Decreto Municipal nº 56.130/15);

Art. 12. Suscita conflito de interesses o exercício de atividades por agente público, incluído o da alta administração, que contrarie o interesse público e beneficie interesses particulares, como:

I - a prestação de serviços à pessoa física ou jurídica ou manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva do Município, em matéria que se relacione com a finalidade da unidade ou serviço em que esteja lotado;

II - o uso de influência, de forma direta ou indireta, cujo agente tenha acesso em razão do cargo, para benefício privado próprio ou de outrem;

III - o uso ou vazamento seletivo de informação sigilosa, em proveito próprio ou de outrem, à qual o agente tenha acesso em razão do cargo.

Parágrafo Único - A ocorrência de conflito de interesses independe do recebimento direto ou por meio de terceiros de qualquer ganho ou retribuição pelo agente público.

- Conflito de interesses (Lei Federal nº 12.813/2013)

Art. 12. O agente público que praticar os atos previstos nos arts. 5º e 6º desta Lei incorre em improbidade administrativa, na forma do art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, quando não caracterizada qualquer das condutas descritas nos arts. 9º e 10 daquela Lei.

Lei nº 12.813/2013 Art. 5º Configura conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal: I - divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito próprio ou de terceiro, obtida em razão das atividades exercidas;

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II - exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe; III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da sua natureza seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego, considerando-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias correlatas; IV - atuar, ainda que informalmente, como procurador, consultor, assessor ou intermediário de interesses privados nos órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; V - praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão; VI - receber presente de quem tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe fora dos limites e condições estabelecidos em regulamento; e VII - prestar serviços, ainda que eventuais, a empresa cuja atividade seja controlada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao qual o agente público está vinculado. Parágrafo único. As situações que configuram conflito de interesses estabelecidas neste artigo aplicam-se aos ocupantes dos cargos ou empregos mencionados no art. 2º ainda que em gozo de licença ou em período de afastamento.

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Improbidade Administrativa – Evolução Patrimonial Incompatível

Art. 9º […]

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

- Decreto nº 54.838/14 (disciplina a Sindicância Patrimonial).

- Dispensa-se a comprovação de qualquer ilícito antecedente;

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1º A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2º deste artigo.

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SLIDE 28

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

- perda patrimonial: desfalque de bens e haveres públicos;

- desvio: desvirtuamento do destino legal de coisa pública (tredestinação)

- malbaratamento: dissipação, a venda de bem público por preço irrisório

- dilapidação: desperdício, esbanjamento.

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

SLIDE 29

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Art. 10. […]

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades públicas e assemelhadas; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades públicas e assemelhadas, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades públicas e assemelhadas, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

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SLIDE 30

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Art. 10. […]

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

SLIDE 31

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Descumprimento de Normas de Direito Financeiro

Art. 10. […]

“a tredestinação de verba pública causa lesão ao erário, posto que fica desfalcado dos recursos que deveriam servir para a finalidade prevista em lei; tanto mais grave na espécie, em que a verba pública desviada estava destinada à educação” (1ª Turma, EDcl nos EDcl no AGRG. no ARESP 166.481/RJ, rel. Min. Ari Pargendler, j. em 06/02/2014)

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

“Qualquer operação financeira, por envolver patrimônio público, tem que cumprir rigorosamente as normas de finanças públicas. Seu descumprimento, geralmente, compromete a gestão fiscal, afeta o equilíbrio das contas públicas e, pois, causa lesão ao erário” (Marino Pazzaglini Filho, p. 78)

- LRF art. 26, art. 28, art. 32, §1º, I, III e V, art. 36 e art. 38, IV

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

- a concessão de benefício tributário que configura renúncia de receita (anistia, isenção tributária, redução de tributos ou contribuições) deve atender os requisitos estabelecidos no art. 14, I e II, da LRF.

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SLIDE 32

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Descumprimento de Normas de Direito Financeiro

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

- aumento de despesas com pessoal nos 180 dias anteriores ao fina do mandato (art. 21, parágrafo único, da LFR)

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

Liberação ilegal de verba pública:

- pagamento de despesas sem prévio empenho;

- liquidação e pagamento antes do cumprimento da obrigação contratual;

- quitação de débito constante de precatório fora da ordem cronológica de sua apresentação;

Aplicação irregular de verba pública

- emprego de recursos legalmente vinculados na lei orçamentária anual a específico fim em finalidade diversa;

- utilização de dinheiro público em programas e projetos não incluidos na lei orçamentária;

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.

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SLIDE 33

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Descumprimento das Normas relativas aos consórcios e à gestão associada

Art. 10. […]

XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.107, de 6/4/2005)

XV - celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.107, de 6/4/2005)

SLIDE 34

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Descumprimento das Normas relativas à celebração e fiscalização de contratos administrativos e parcerias

Art. 10. […]

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.

(Inciso acrescido pela Lei nº 13.019, de 31/7/2014, publicada no DOU de 1/8/2014, em vigor 540 dias após a publicação)

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SLIDE 35

Improbidade Administrativa – Dano ao erário

Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.

A Lei Complementar nº 116/2003 trata do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS ou ISSQN)

SLIDE 36

Improbidade Administrativa – Violação aos Princípios

Princípios da Administração Pública (artigo 37, da CF)

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…)

Lei º 8.429/92:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

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SLIDE 37

Órgãos de Controle

Departamento de Procedimentos Disciplinares (PROCED)

Controladoria Geral do Município (CGM)

Controladoria Geral da União (CGU)

Tribunal de Contas do Município (TCM)

Tribunal de Contas do Estado (TCE)

Tribunal de Contas da União (TCU)

Ministério Público (10 Promotorias do Patrimônio Público e Social)

Autoridade Administrativa (Secretários Municipais)

Poder Judiciário

Diagrama de risco (avaliação da ocorrência do ato de improbidade)

SLIDE 38

Improbidade Administrativa – Violação aos Princípios

- O artigo 32, da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) definiu um rol de ilícitos relacionados à inobservância dos seus termos, bem como a sujeição do infrator aos termos da Lei nº 8.429/92. (Princípio da Publicidade e Legalidade).

Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou militar:

I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;

II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;

III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação;

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IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;

V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem;

VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e

VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do Estado.

§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.

SLIDE 39

Improbidade Administrativa – Violação aos Princípios

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

A prestação de declaração falsa inserida em documento público (apresentação de nota de importação inexistente) caracteriza improbidade administrativa prevista no artigo 11, I, da Lei nº 8.429/92, por ter como efeito a liberação de arma de fogo de uso proibido (STJ – AgRg no RESP 1.331.116/PR, rel. Min. Herman Benjamim, j. 01/03/2011)

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

- Juiza de Direito que retarda dois processos penais eleitorais em que figura como parte pessoa que possui laços de parentesco e vínculos políticos com o esposo da Magistrada, que concorria nas eleições de 2002 ao cargo de Deputado Federal, tendo o Ministério Público deixado claro que tais processos foram os únicos a serem retidos pela Magistrada. (REsp 1249531/RN, rel. Min. Mauro Campbell, j. em 20/11/2012)

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;

- artigo 198, do CTN (vedação à divulgação de informações fiscais)

- artigo 94, da Lei nº 8.666/93 (devassar o sigilo de proposta apresentada em licitação)

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SLIDE 40

Improbidade Administrativa – Violação aos Princípios

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

TJSP – Apelação nº 0009136-71.2012.8.26.0302 - Prefeito Municipal e Secretário Municipal de Economia e Finanças que retardaram a publicação de atos normativos que dispunham sobre alterações orçamentárias, infringindo, ainda, o limite de abertura de crédito adicional suplementar estabelecido nas Leis Municipais nºs 4.228/2008 e 4.391/2009 – Prática devidamente comprovada – Ofensa aos princípios constitucionais da Administração Pública.

V - frustrar a licitude de concurso público;

SLIDE 41

Improbidade Administrativa – Violação aos Princípios

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

- a mera apresentação tardia de contas não evidencia o dolo exigido pelo artigo 11, VI (STJ – RESP 1.307.925 – 2ª Turma, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j. em 14/08/2012)

- o mesmo ocorrendo no caso de posterior prestação e aprovação das contas pelo Tribunal de Contas (STJ – RESP 1.293.330/PE – 2ª Turma, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j. em 21.06.2012)

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço;

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

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SLIDE 42

Improbidade Administrativa – CASUÍSTICA

- concessão de habite-se a obra que ainda não preenchia os requisitos legais (STJ – RESP 977.013/DF)

- Não atendimento às requisições do Ministério Público (STJ – RESP 1.116.964/PI)

Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública):

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.

Estando a Câmara Municipal autorizada a requerer informações do Poder Executivo e de seu secretariado, conforme assegurado pela Lei Orgânica e, após regular aprovação pelo Plenário dos pedidos de informações, não é concebível que os requeridos simplesmente ignorem os aludidos pedidos, o que demonstra flagrante violação aos princípios (TJMG – AP 1.0000.00.318956-0/000)

SLIDE 43

Improbidade Administrativa – CASUÍSTICA

- TJSP – Apelação nº 1049053-46.2015.8.26.0053 - Alegação da prática de inúmeras irregularidades na arrecadação e destinação das verbas provenientes de multas por infração de trânsito. Vedação do custeio de obras com as verbas do FMDT e de custos operacionais da CET. Interpretação sistemática do art. 320 do CTB, art. 2º da LM 14.488/07, da Portaria DENATRAN 407 e das Resoluções CONTRAN 191/11 e 638/16. Conjunto probatório que não autoriza a conclusão de ter havido a prática de atos de improbidade pelo correqueridos em razão de interpretação elástica, mas razoável, das disposições legais. Elemento subjetivo que é circunstância elementar dos atos de improbidade.

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SLIDE 44

Improbidade Administrativa – CASUÍSTICA

- Contratação sem concurso público (STJ – AGRG no ARESP 122.682/MG)

TJSP – Apelação nº 1001367-49.2014.8.26.0132 - Reconhecida a improbidade administrativa, em razão da repetida utilização de funcionários contratados pela Santa Casa para realização de serviços atinentes à Prefeitura consistentes na execução dos trabalhos de motorista de ambulância e agente comunitário de saúde, em detrimento da contratação de funcionários concursados pela própria Edilidade.

SLIDE 45

Improbidade Administrativa – CASUÍSTICA

Violação ao Princípio da Impessoalidade

Art. 37, §1º, da CF

§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

- Prefeito que, após incêndio em hospital local, vinculou sua imagem a repasse de verbas públicas como se fosse doação pessoal (STJ – RESP 884.083/PR)

“Sendo a imagem do administrador associada a determinado símbolo ou objeto, este não poderá ser utilizado em informes publicitários do Poder Público” ((Emerson Garcia. Improbidade Administrativa. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 390)

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SLIDE 46

Improbidade Administrativa – CASUÍSTICA

- Nepotismo

Sumula Vinculante nº 13, do STF:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

TJSP - Apelação 1007053-87.2017.8.26.0529 - Nepotismo – Cargos de natureza política - Ação julgada improcedente – A aplicação da Súmula Vinculante nº 13 aos agentes políticos já foi objeto de apreciação pelo STF, que se posicionou no sentido de que os cargos políticos, a princípio, não se submetem ao referido enunciado, ressalvados os casos de inequívoca falta de razoabilidade, por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral.

SLIDE 47

Inobservância do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001)

Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:

I – (VETADO)

II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio público, conforme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei;

III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei;

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IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Lei;

V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em desacordo com o previsto no § 1o do art. 33 desta Lei;

VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III do § 4o do art. 40 desta Lei;

VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto no § 3o do art. 40 e no art. 50 desta Lei;

VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei, pelo valor da proposta apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de mercado.

SLIDE 48

OBRIGADO A TODOS