apostila - temas de execucao e recursos - pge-pgm

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    Nota da Redação:

    O presente trabalho foi organizado pela equipe do Portal “Estudando Direito”, tendo porobjetivo a seleção de temas atuais e importantes para concursos de Procuradorias. Nossointuito não foi o de esgotar o conteúdo da disciplina, mas tão somente de selecionar potenciaisassuntos para provas futuras, sendo indispensável que o aluno complemente o estudo comuma doutrina ou com suas anotações pessoais sobre os fundamentos da matéria.

    O material foi organizado na forma de resumo, com o intuito de condensar o conteúdo e

    otimizar o estudo. Por isso, serão comuns expressões abreviadas e coloquiais.

     Abraços e bons estudos!

    CAPÍTULO 1 – TEMAS SOBRE RECURSOS

    1.1 – Reexame Necessário

    Em que consiste o reexame necessário?

    O reexame necessário consiste em uma prerrogativa processual da fazenda pública prevista noart. 475 do CPC, o qual traz um rol de sentenças contrárias ao poder público que estão sujeitasa uma reapreciação obrigatória pelo tribunal, independente da interposição de recurso deApelação:

     Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois deconfirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

    I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquiase fundações de direito público;

    II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa daFazenda Pública (art. 585, VI).

    § 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ounão apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou dotribunal superior competente.

    Perceba que o §2º do referido artigo traz uma limitação quantitativa à exigência do reexame

    necessário. Assim, só será aplicável a remessa obrigatória às condenações superiores a 60

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    salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execuçãode dívida ativa de mesmo valor.

    Nessas hipóteses, a sentença não produz efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal. Emoutras palavras, o reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua reapreciaçãopelo tribunal ao qual está vinculado o juiz que a proferiu.

    Qual a natureza jurídica do reexame necessário?

    Atualmente, a doutrina e a jurisprudência entendem quase que pacificamente pela naturezade CONDIÇÃO DE EFICÁCIA DA SENTENÇA.

    O reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua reapreciação pelo tribunal ao

    qual está vinculado o juiz que a proferiu. Enquanto não for procedida a reanálise da sentença,esta não transita em julgado, não produzindo seus regulares efeitos.

    Sendo assim, encontra-se superada a clássica posição sustentada por Araken de Assis, segundoo qual o reexame necessário poderia ser entendido como um “recurso de ofício”.  Tal natureza recursal não pode ser aceita em virtude do princípio da taxatividade, sendo certoque a legislação não prevê o reexame necessário como recurso. Ademais, o reexamenecessário não atende ao princípio da voluntariedade, o qual exige que o recurso sejainterposto através de provocação espontânea de um dos legitimados previstos em lei.

    Estão sujeitas ao reexame necessário as sentenças proferidas contra empresas públicas esociedades de economia mista?

    NÃO. O art. 475 é claro ao se referir à sentença proferida contra a União, o Estado, o DistritoFederal, o Município e suas respectivas autarquias e fundações de direito público.

    Sendo assim, uma vez que as empresas públicas e sociedades de econômica mista são pessoas jurídicas de direito PRIVADO, não se encaixando no conceito de fazenda pública, as sentençasa elas contrárias não se sujeitam ao reexame necessário.

     A exigência do reexame necessário alcança as decisões interlocutórias?

    NÃO. A exigência do reexame necessário alcança apenas as sentenças, não atingindo asdecisões interlocutórias proferidas contra as pessoas jurídicas de direito público. Nesse sentidoé a jurisprudência do STJ:

    “A decisão que antecipa os efeitos da tutela proferida no curso do processo tem natureza deinterlocutória, não lhe cabendo aplicar o art. 475 do CPC, o qual se dirige a dar condição deeficácia às sentenças proferidas contra a Fazenda Pública, quando terminativas com apreciaçãodo mérito (art. 269 do CPC).” (Acórdão unânime da 6ª Turma do STJ, REsp 659.200/DF, rel. Min.Hélio Quaglia Barbosa, j. 21/9/2004, DJ de 11/10/2004, p. 384)

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     Aplica-se o reexame necessário à sentença que julga reconvenção ou ação declaratóriacontrariamente à fazenda pública?

    SIM. Se a reconvenção ou a ação declaratória incidental forem julgadas contrariamente àFazenda Pública estarão igualmente sujeitas ao reexame necessário. Nesse sentido, convémtranscrever as lições de Leonardo Carneiro:

    “A circunstância de estarem inseridas num processo principal não retira delas a natureza deação. Mesmo porque poderiam, perfeitamente, constituir ação autônoma. Devendo, em nossoentender ser a respectiva sentença, na parte em que prejudica aquelas pessoas de direito público, submetida ao juízo ad quem, não produzindo, nesta parte, efeito algum senão depois dereapreci ada pelo Tribunal.”  

    O reexame alcança as sentenças terminativas?

    NÃO. Em que pese a existência de tese contrária (defendida, por exemplo, por CândidoDinamarco), o STJ entende que as sentenças de extinção do processo SEM julgamento demérito (art. 267 do CPC), NÃO são atingidas pela remessa necessária. Assim, o reexamenecessário só se aplica às sentenças definitivas, e não às terminativas.

    “RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475 DO CPC.INAPLICABILIDADE ÀS SENTENÇAS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.PROCEDENTES.É cediço o entendimento de que a exigência do duplo grau de jurisdição obrigatório, previstano artigo 475 do Código Buzaid, somente se aplica às sentenças de mérito. Consoante lição dosilustres processualistas Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, ‘as sentenças deextinção do processo sem julgamento de mérito (CPC 267), bem como todas as decisões

     provisórias, não definitivas, como é o caso das liminares e das tutelas antecipadas, não sãoatingidas pela remessa necessária. (...). Apenas as sentenças de mérito, desde que subsumíveisàs hipóteses do CPC 475, é que somente produzem efeitos depois de reexaminadas pelo tribunal’(in ‘Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual Civil em  Vigor’. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2002, p. 780, nota n. 3 ao artigo 475 do CPC). Nesse diapasão, a colendaSexta Turma desta egrégia Corte Superior de Justiça, em recente julgado, asseverou que o artigo475 do Código de Processo Civil ‘se dirige a  dar condição de eficácia às sentenças proferidascontra a Fazenda Pública, quando terminativas com apreciação do mérito (art. 269 do CPC).’(REsp 659.200/DF, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 11.10.2004. No mesmo sentido, confira-se: REsp 424.863/RS, da relatoria deste Magistrado, DJ 15.09.2003) Recurso especial improvido.” (Acórdão unânime da 2ª Turma do STJ, REsp 688.931/PB, rel. Min.Franciulli Netto, j. 14/12/2004, DJ de 25/4/2005, p. 324)

    PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475 DO CPC. SENTENÇA QUE EXTINGUE OPROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF.1. Não está sujeita ao reexame necessário (art. 475 do CPC) a sentença que extingue o processo sem julgamento de mérito. Precedentes: REsp 640.651/RJ, Min. Castro Meira, 2ªTurma, DJ 07.11.2005; REsp 688.931/PB, Min. Franciulli Netto, 2ª Turma, DJ 25.04.2005)

     Admite-se a “reformatio in pejus” em reexame necessário?  

    NÃO. Assim como ocorre no recurso de apelação, não se admite a reforma da sentença emreexame necessário no sentido de agravar a condenação da fazenda. Assim, se a fazenda foicondenada a pagar, por exemplo, 100 mil reais, não poderia o tribunal, em sede reexamenecessário, impor uma condenação de R$200 mil.

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    STJ, Súmula nº 45: No reexame necessário, é defeso, ao tribunal, agravar a condenação impostaà Fazenda Publica.

     Aplica-se ao reexame necessário a sistemática do art. 557 do CPC (possibilidade de julgamento monocrático pelo relator)?

    SIM. Ao reexame necessário também se aplica o art. 557 do CPC, podendo o relator, emdecisão monocrática, negar ou dar provimento à remessa nas hipóteses previstas no referidoartigo. Nesse sentido, há entendimento sumulado do STJ:

    STJ, Súmula 253: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a decidir o recurso, alcança o reexamenecessário.

     Admite-se a interposição de embargos infringentes da decisão por maioria do tribunal emreexame necessário?

    De acordo com o STJ, NÃO.NÃO cabem embargos infringentes de acórdão que, por maioria de votos, dá provimento aoreexame necessário. Nesse sentido:

    STJ, Súmula 390: “Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargosinfringentes”  

    É admissível recurso extraordinário ou especial interposto pela Fazenda contra o acórdão proferido em reexame necessário, ainda que aquela tenha deixado de apelar da sentença?

    Imagine a seguinte situação: a fazenda pública é condenada em 1º grau e a sentença ésubmetida ao reexame necessário, sendo reapreciada pelo tribunal sem que a fazenda tenhainterposto recurso de apelação. Caso venha a perder também no tribunal, em última instância,seria possível a interposição de recurso extraordinário ou recurso especial dessa decisão?

    Antigamente, o STJ entendia que não, argumentando que teria havido preclusão lógica: nãotendo a fazenda publica se irresignado contra a sentença através do recurso de apelação,eventual recurso especial ou extraordinário em face do acórdão do tribunal que confirmou a

    sentença revelaria uma conduta contraditória.

    No entanto, a corte especial do STJ acabou pacificando o entendimento de que NÃO há que sefalar em preclusão lógica no caso, tendo em vista que não se vislumbra aquiescência tácitaquando a Fazenda Pública deixa de interpor recurso de apelação. Isso porque se trata de umato omissivo da fazenda, sendo certo que a preclusão lógica pressupõe a prática de atoinequivocamente incompatível com a vontade de recorrer (é o caso, por exemplo, do réusucumbente que paga a dívida materializada na sentença).

    Nesse sentido, destaca-se o seguinte precedente:

    “PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - REEXAME NECESSÁRIO –   AUSÊNCIA DE APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO –   PRECLUSÃO LÓGICA AFASTADA –   CABIMENTO DO RECURSO

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    ESPECIAL. 1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 905.771/CE (rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/06/2010, acórdão pendente de publicação), afastou a tese da preclusão lógica eadotou o entendimento de que a Fazenda Pública, ainda que não tenha apresentado recurso deapelação contra a sentença que lhe foi desfavorável, pode interpor recurso especial. 2. Embargos

    de divergência conhecidos e providos.” (grifou-se) (STJ. Corte Especial. ERESP 201000652941.Relatora: Min. Eliana Calmon. DJE DATA:08/11/2010)

    O Supremo Tribunal Federal também possui jurisprudência no mesmo sentido:

    CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ANISTIA. MILITAR. PROMOÇÃO. ART. 8º ADCT/88. REMESSA NECESSÁRIA. AUSÊNCIA DEPRECLUSÃO. 1. Não há que falar em preclusão porquanto o recurso de ofício devolve à instânciasuperior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que decidido na sentença.Precedentes. 2. Recurso extraordinário provido com fundamento em entendimento do Plenárioda Suprema Corte: RE 165.438/DF, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 23.08.2002. 3. Agravoregimental improvido.” (STF. RE 540508 AgR –   RJ. 2ª Turma. Relatora: Min. Ellen Gracie. DJEdata: 22/11/2008).

    Desse modo, ainda que não haja a interposição do recurso de apelação pela fazenda pública, ésim possível a interposição de recurso especial ou recurso extraordinário da decisão dotribunal que confirma a sentença em reexame necessário, desde que preenchidos os requisitosespecíficos de admissibilidade e cabimento desses recursos.

    1.2 – Efeitos dos Recursos

    A doutrina costuma citar uma série de outros efeitos produzidos pelos recursos. Vejamosseparadamente:

    1 – Efeito Obstativo: O recurso impede o trânsito em julgado da decisão recorrida. É um efeitode todo e qualquer recurso.

    2  –  Efeito Regressivo: É a possibilidade de  juízo de retratação pelo juiz. É um efeitoexcepcional, que em regra não é aplicável, já que o art. 463 do CPC diz que publicada asentença o juiz só poderá alterá-la em caso de erro material ou em caso de interposição deembargos de declaração. Na apelação, em regra, não há efeito regressivo. No entanto, oordenamento jurídico prevê 3 exceções:

    -> Art. 296 do CPC: apelação contra sentença que indefere a inicial (48 horas para seretratar)

    -> Art. 198 do ECA: na apelação (ECA), possibilidade de retratação, no prazo de 5 dias.-> Art. 285-A, §1º: apelação contra sentença que julga improcedente o pedido

    liminarmente (possibilidade de retratação também em 5 dias).

    3 -  Efeito substitutivo (art. 512 do CPC): a decisão proferida em sede de recurso substitui adecisão recorrida. O acórdão do tribunal, por exemplo, substitui a sentença. Isso temimportância principalmente para fins de ação rescisória, pois em virtude desse efeito é oacórdão que deve ser objeto da rescisão, e não a sentença substituída.

    4 –

      Efeito devolutivo: é o efeito segundo o qual toda a matéria recorrida é submetida àapreciação de outro órgão do poder judiciário. É comum a quase todos os recursos, com

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    exceção dos embargos de declaração e dos embargos infringentes de alçada (cabíveis contrasentença proferida em execução fiscal com valor de até 50 OTN; não se confundem com osembargos infringentes do CPC).

    Esse efeito pode ser dividido em 2 espécies:- Efeito devolutivo horizontal (no plano da extensão)- Efeito devolutivo vertical (no plano da profundidade)

    No plano da extensão, devolvem-se ao tribunal os PEDIDOS formulados pelo autor.No plano da profundidade, devolvem-se ao tribunal os ARGUMENTOS das partes sobre essespedidos.

    Exemplo: Ação pleiteando dano moral e dano material.São 2 pedidos (dano material e dano moral).

    Cada um desses pedidos tem seus argumentos (Ex: dano material -> responsabilidade civilsubjetiva alegada pelo autor e culpa exclusiva da vítima alegada pelo réu)

    No plano da extensão, devolvem-se os pedidos (dano moral e dano material)No plano da profundidade, devolvem-se os argumentos (responsabilidade civil subjetiva eculpa exclusiva da vítima).

    E qual a importância dessa subdivisão?No plano da extensão quem define quais os pedidos que serão devolvidos ao tribunal é oAPELANTE.Se ele recorrer do dano moral e do dano material, o tribunal aprecia os 2. Mas se ele recorrersó do dano material, o tribunal não pode apreciar o dano moral.

     Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

    Assim, o tribunal só pode conhecer do que está na apelação (o que foi impugnado). É o famosoprincípio do “tantum devolutum quantum apelatum”: só se devolve ao tribunal o que estáimpugnado na apelação.

    Mas esse princípio só vale para o efeito devolutivo HORIZONTAL (plano da extensão).No efeito devolutivo VERTICAL (plano da profundidade), a regra é diferente: quem define osargumentos que serão devolvidos é a própria LEI, e não o autor.E a LEI diz que todos os argumentos são devolvidos ao tribunal.

     Art 515, § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas asquestões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.

    Por isso é tão importante distinguir o efeito devolutivo horizontal do vertical, para nãoconfundir a regra do caput do art. 515 com a regra do §1º.

    No exemplo mencionado, ainda que só se recorra do pedido de dano material, os argumentossão devolvidos por inteiro (responsabilidade civil subjetiva e culpa exclusiva da vítima).Todos os argumentos suscitados para o pedido são devolvidos ao tribunal, ainda que não

    tratados na sentença ou na apelação.

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    Observação: Alguns autores chamam o efeito devolutivo vertical de EFEITO TRANSLATIVO DORECURSO.

    5 –

     Efeito suspensivo: os efeitos da sentença ficam suspensos até que ela transite em julgado.É a regra no recurso de apelação, segundo o caput do art. 520. No entanto, este mesmodispositivo já traz as exceções, dispondo 6 incisos situações em que o efeito suspensivo nãoserá aplicado como regra. Vejamos:

    CPC, Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, noentanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:I - homologar a divisão ou a demarcaçãoII - condenar à prestação de alimentos;III - RevogadoIV - decidir o processo cautelar;V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.

    VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;

    Entretanto, o relator, em alguns casos, pode atribuir ao recurso de apelação o efeitosuspensivo que a lei não deu como regra. Para isso, são necessários 2 requisitos:- Possibilidade de causar ao devedor da execução provisória grave lesão.- Relevantes fundamentos para se reverter a sentença.

    CPC, Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e emoutros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendorelevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara.

    Quanto aos recursos especiais e extraordinários, a sistemática é diferente: o efeito suspensivonão é aplicável como regra, somente se admitindo em casos excepcionais.

    CPC, Art 542, § 2o Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeitodevolutivo.

    Sobre o tema, veja a jurisprudência do STF:

    RECURSO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE. EMBARGOSRECEBIDOS COMO AGRAVO. AÇÃO CAUTELAR MANEJADA PARA ATRIBUIÇÃO DEEFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE JURÍDICA DA PRETENSÃO. QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL. MEDIDA LIMINARINDEFERIDA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. A atribuição de efeito suspensivoa recurso extraordinário é medida extrema que deve ser concedida em situaçõesexcepcionalíssimas, sob pena de tornar inócuo o disposto no § 2º do art. 542 do CPC .(STF - AC: 3138 SC , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 22/05/2012,Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-109 DIVULG 04-06-2012 PUBLIC 05-06-2012)

    Nesses casos, admite-se a propositura de uma cautelar atípica, voltada especificamente aconferir efeito suspensivo ao recurso extraordinário e ao recurso especial. O tribunalcompetente para julgar essa cautelar irá depender do fato de ter havido ou não o exame deadmissibilidade do recurso pelo tribunal de origem. Sobre o tema confira as súmulas 634 e 634

    do STF, sempre muito cobradas em provas:

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    STF, Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para darefeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade naorigem.

    STF, Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelarem recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

    PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR. CONCESSÃO DE EFEITOSUSPENSIVO A RECURSO PENDENTE DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. SÚMULAS N.º 634 E 635 DOSTF. 1. Compete ao Tribunal de origem à apreciação de pedido de efeito suspensivo a recursoespecial pendente de admissibilidade. Incidência dos verbetes sumulares n.ºs 634 e 635 do STF.(...) 3. Agravo regimental desprovido.(STJ - AgRg na MC: 10248 SP 2005/0100230-5, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento:06/09/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 26/09/2005 p. 178)

    6 –

     Efeito extensivo:

    O efeito extensivo dos recursos, também chamado de efeito EXPANSIVO, ocorre quando háuma ampliação do objeto ou dos sujeitos afetados pela decisão, para além do que foiimpugnado no recurso.

    De acordo com Daniel Assumpção Neves, “haverá efeito expansivo dos recursos toda vez que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada –   ouainda quando atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de serem

     partes na demanda” 1 

    Dessa leitura, fica claro que o efeito extensivo ou expansivo subdivide-se em duas espécies:- Efeito expansivo subjetivo.- Efeito expansivo objetivo.

    O efeito expansivo subjetivo ocorre na hipótese de litisconsórcio unitário  e consiste napossibilidade de um recurso atingir determinado sujeito processual que não recorreu dadecisão.

    No litisconsórcio unitário, como a decisão precisa ser a mesma para ambos os litisconsortes,caso o recurso de um dos litisconsortes seja provido, ao outro também aproveitará, por haverfundamento comum entre eles, atendendo ao comando do artigo 509 do CPC.

     Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ouopostos os seus interesses.

    Pense por exemplo na hipótese de A e B serem litisconsortes passivos em uma determinadaação, havendo entre eles litisconsórcio necessário. Sobrevindo uma sentença a elesdesfavorável, A apela e B se mantém inerte. Caso a apelação de A seja provida, a decisãotambém aproveitará à B, uma vez que o fundamento do recurso lhe é comum, por se tratar delitisconsórcio unitário.

    1

     (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2 ed. Rio de Janeiro:Forense;São Paulo: Método, 2010, p. 545)

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    Parte da doutrina ainda entende ser possível a aplicação de tal efeito às hipóteses delitisconsórcio simples, especialmente quando se vislumbra caso de solidariedade entre os

    litisconsortes. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese do parágrafo único do art. 509.

     Art. 509, P.U: Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitaráaos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.

    Entretanto, se evidenciado que são distintos ou opostos os interesses dos litisconsortes,inviável seria a aplicação do efeito expansivo subjetivo, pois tal situação não atenderia à partefinal do caput do art. 509. 

    Já o efeito expansivo objetivo refere-se à ampliação do objeto do recurso (da matériaimpugnada). Pode ainda ser subdivido em:- Efeito expansivo objetivo interno  – Quando o julgamento acarretar modificação da própriadecisão recorrida, a partir do julgamento de “capítulos” que não foram impugnados, mas queserão atingidos pelo recurso, em virtude de um vínculo de prejudicialidade.Sobre o tema, exemplifica Cassio Scarpinella Bueno com o caso em que “se dá provimento aapelação para anular sentença proferida a despeito da não-ocorrência das condições da açãoou dos pressupostos processuais ou quando se dá provimento para julgar improcedente o

     pedido condenatório acolhido em primeira instância, restando prejudicada, com isto, a fixaçãodo valor pago pelo réu em atenção ao art. 475, § 3º”. 

    - Efeito expansivo objetivo externo: Ocorre quando o julgamento do recurso atinge outros atosdo processo (que não a própria decisão recorrida).Exemplificando, Cassio Scarpinella Bueno menciona que “é o que se verifica quando se dá

     provimento a agravo de instrumento tirado contra decisão que indeferira, por ocasião do art.331, §§ 2º e 3º, a produção de prova pericial, que terá função verdadeiramente rescindente dasentença eventualmente proferida com o desfazimento de todos os atos processuais praticadosdesde então”. Outro exemplo é quando há o provimento do recurso e há uma execução provisória em curso.Como a execução provisória fundava-se em uma sentença que foi desconstituída pelo recurso,todos os atos executórios serão prejudicados.

    1.3 – Teoria da Causa Madura:

    Está prevista no art. 515, §3º do CPC.

     Art 515, § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver emcondições de imediato julgamento. 

    É uma hipótese excepcional em que o tribunal, na apelação, pode apreciar diretamente omérito da causa, mesmo que o processo tenha sido extinto em 1ª instância sem resolução domérito.

    É uma hipótese excepcional. Em regra, não pode ser aplicada.

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    A regra é que, no provimento de apelação contra decisão que julgou o processo sem resoluçãodo mérito, o tribunal deve anular essa sentença (por error in procedendo) e mandar o processoseguir em 1º instância para a instrução probatória e a posterior resolução do mérito.

    Mas, excepcionalmente, é possível que o tribunal anule a sentença e ingresse diretamente nomérito da causa. Isso tem que ser excepcional, pois violaria o direito ao duplo grau de

     jurisdição, em uma clara supressão de instância.

    E isso pode ocorrer quando a causa já estiver “madura” para ter o mérito julgado de imediato.Mas para tanto, é preciso que sejam preenchidos os requisitos do art. 515, §3º:- A causa deve versar exclusivamente sobre questão de direito.- A causa deve estar em condições de imediato julgamento (Ex: já teve toda a instruçãoprobatória, as provas já foram produzidas).- A sentença apelada não resolveu o mérito.

    Preenchidos esses requisitos, o tribunal pode julgar desde logo o mérito da lide, com base noart. 515, §3º.

     A aplicação da teoria da causa madura pode desrespeitar o princípio da “non reformatio in

     pejus”?  A aplicação da teoria da causa madura PODE sim gerar reforma para pior. Ela pode gerar umapiora da situação do apelante, sendo uma exceção ao princípio da “non reformatio in pejus”. Quando a sentença era sem resolução de mérito na 1ª instancia, o pretenso apelante poderiapropor a ação novamente, em virtude de inexistir coisa julgada material, mas tão somenteformal.Mas se ele apela dessa sentença e o tribunal julga diretamente o mérito com base na teoria dacausa madura, haverá coisa julgada material e o sujeito não poderá propor novamente a ação.

     A teoria da causa madura pode ser aplicada sem pedido expresso do apelante, de ofício pelotribunal?  1ª corrente: Didier defende que não, pois a teoria da causa madura pode piorar a situação doapelante. Por isso, ele precisa ter pedido o julgamento de mérito pelo tribunal. Se ele só pediua anulação da sentença, não poderia o tribunal adentrar ao mérito.2ª corrente: Já Alexandre Camara e Dinamarco entendem que pode sim, pois ainda que oapelante não tenha feito pedido expresso, a lei (no art. 515, §3º) impôs o ônus da parte desuportar essa possibilidade. É uma faculdade do tribunal aplicá-la.

    O STJ adota essa segunda corrente e entende pela possibilidade de aplicação de ofício dateoria da causa madura (AgRg no REsp: 1192287 SP).

    PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSOESPECIAL. EMBARGOS ÀEXECUÇÃO. ICMS. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃOCONFIGURADA. SENTENÇA PROFERIDASEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ARTIGO 515,§ 3º, DO CPC. APLICABILIDADE DA TEORIA DA CAUSAMADURA. (...). 2. Ademais, consoante entendimento pacífico do STJ, extinto o processo sem julgamento de mérito, o Tribunal pode de imediato julgar o feito, ainda que inexista pedidoexpresso nesse sentido, caso a controvérsia trate de questão de direito, tese conhecida comoteoria da causa madura. 3. Agravo regimental não provido.

    (STJ - AgRg no REsp: 1192287 SP 2009/0101676-4, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES,Data de Julgamento: 03/05/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/05/2011)

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    CAPÍTULO 2 – TEMAS SOBRE EXECUÇÃO

    2.1 – Atipicidade dos meios executivos:

    Apesar do enorme rol de meios executivos previsto no CPC (penhora, expropriação, busca eapreensão etc), a doutrina é pacífica no entendimento de se tratar de rol meramenteexemplificativo, podendo o juiz adotar outros meios executivos que não estejamexpressamente consagrados em lei.

    Trata-se do princípio da ATIPICIDADE DOS MEIOS EXECUTIVOS, previsto no art. 461, §5º :

    § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como aimposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

    Nesse sentido, o STJ já consolidou o entendimento pela admissão de bloqueio de verbaspúblicas para efetivar a execução de uma ordem de fornecimento de medicamento,considerando que a proteção constitucional à saúde, à vida e à dignidade humana prevalecesobre os princípios de direito financeiro e administrativo (AgRg no EREsp 796.509/RS).

    PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO.MEDIDAS EXECUTIVAS. BLOQUEIO DE VALORES DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE (ART. 461,§ 5º, DO CPC). MEDIDA EXCEPCIONAL. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.1. O entendimento pacífico desta Corte Superior é no sentido de que é possível ao juiz - ex officioou a requerimento da parte -, em casos que envolvam o fornecimento de medicamentos a portador de doença grave, determinar medidas executivas para a efetivação da tutela, inclusivea imposição do bloqueio de verbas públicas, ainda que em caráter excepcional.

    Tais meios podem inclusive ser adotados de ofício pelo juiz, mas devem levar em conta oprincípio da razoabilidade e o da menor onerosidade ao executado (art. 620 do CPC)

    2.2 – Meios de coerção na execução: 

    1)  Meios de coerção:

    A coerção do executado pode se dar principalmente através dos seguintes meios:- Pessoais: são excepcionais. Hoje existe só a prisão civil como meio de coerção pessoal, umavez que incide sobre a pessoa do executado. No entanto, com a declaração deinconstitucionalidade da prisão civil do depositário infiel, admite-se hoje tão somente a prisãocivil pelo inadimplemento de prestação alimentícia.- Patrimoniais: o principal são as multas, No Brasil usa-se o modelo francês de multas que é omodelo das astreintes. A multa não tem limite de valor e nem limite de tempo. Ocomportamento do devedor altera o valor da multa. Isso gera um questionamento sobreenriquecimento sem causa, porque no Brasil as astreintes revertem para a parte contrária, eacaba que às vezes a multa é muito maior que o valor da obrigação.

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    Já tentou se limitar o valor da multa utilizando-se do limite da cláusula penal no direito civil. Oproblema é que essas multas não têm relação com a resolução da lide, e sim com interessespúblicos, como a efetividade do processo. Por isso, essa solução de equiparar as astreintes

    com a cláusula penal é equivocada.

    Um outro modelo de coerção é o chamado “contempt of court”. Seria reputar qualquer ato dode embaraço à execução pelo executado como um desrespeito à corte, sujeito até mesmo àprisão por crime de desobediência. É muito comum no direito norte-americano. Dinamarco é omaior defensor desse pensamento no Brasil, defendendo que estaria previsto nas sanções pelolitigante de má-fé. Mas a doutrina não é pacífica acerca desse entendimento.Informativo 407 do STF -> o ministro Celso de Mello diz que não é crime o descumprimento daastreinte. Portanto, essa tese da contempt of court   , nos moldes norte-americanos, não semostrou vitoriosa na jurisprudência pátria.

    Qual a diferença entre as multas previstas no art. 461 e 461-A e a multa prevista no art. 475- J?As multas previstas no art. 461 e 461-A são estipuladas para execuções de obrigação de fazer(ou não fazer) e execuções para entrega de coisa, respectivamente.

     Art. 461, § 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multadiária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com aobrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº8.952, de 13.12.1994)

    Essas duas multas seguem o modelo das astreintes acima estudado, não tendo valor nem

    forma de cálculo especificada pela lei. Ademais, podem ser aumentadas ou reduzidas pelo juiz,mesmo após o cumprimento da obrigação pelo executado. O STJ, indo além entende que essamulta pode ser revista até mesmo após o trânsito em julgado:

     AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS.MULTA COMINATÓRIA. REVISÃO. POSSIBILIDADE. COISA JULGADA. PRECLUSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, o artigo 461 do Código deProcesso Civil permite que o magistrado, de ofício ou a requerimento da parte, afaste ou altere ovalor da multa quando este se tornar insuficiente ou excessivo, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, não havendo espaço para falar em preclusão ou em ofensa à coisa julgada.2. Agravo regimental não provido.(STJ - AgRg no REsp: 1440720 SP 2011/0014223-8, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔASCUEVA, Data de Julgamento: 07/08/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe

    19/08/2014)

    Já a multa do art. 475-J refere-se ao cumprimento de sentença para obrigações de pagarquantia, sendo fixa (10%) e incidindo uma única vez.A aplicação de tal multa depende da intimação específica do advogado, que só pode ser feitaapós o trânsito em julgado. Ademais, tendo em vista que o cumprimento de sentença dependede requerimento da parte para ser iniciado, esta multa não pode ser aplicada de ofício pelo

     juiz, incidindo “ex lege” após o descumprimento do prazo previsto no art. 475-J.

     Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada emliquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido demulta no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art.

    614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

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    Tais multas são aplicáveis à fazenda pública?De acordo com o STJ, as multas do art. 461 e 461-A são sim aplicáveis à Fazenda Pública, uma

    vez que o procedimento de execução para obrigação de fazer ou para entrega de coisa em faceda fazenda não apresentam grande peculiaridades.No entanto, em relação à multa do art. 475-J, esta NÃO é aplicável à fazenda pública, tendoem vista que não se aplica à fazenda a sistemática do cumprimento de sentença, devendo elaser citada para opor embargos, na forma do art. 730 do CPC.

     A multa fixada em sede de tutela antecipada pode ser exigida antes do transito em julgado?O tema não é pacífico, nem mesmo na jurisprudência do STJ.Uma 1ª corrente, favorável à fazenda pública, é no sentido de que NÃO é possível que talmulta seja exigida antes do trânsito em julgado, tendo em vista que a decisão na tutela de

    urgência é precária. Não confirmada a tutela antecipada pela sentença, a multa deixará deexistir. Ademais, como visto, a multa poderia ser revista após o cumprimento da obrigação eaté mesmo após o trânsito em julgado.Não obstante, há uma segunda corrente doutrinária que entende pela possibilidade deexigência da multa do art. 461, tão logo haja o descumprimento da obrigação. Assim, logoapós o descumprimento da decisão que fixou a multa seria possível ao beneficiário executá-la.Essa era a corrente adotada pelo STJ (AgRg no AREsp 50.816/RJ).O STJ, por outro lado, parece esta pacificando sua jurisprudência em uma 3ª corrente, nosentido de que só seria possível a execução provisória das astreintes após a sua confirmaçãopela sentença de mérito, e desde que eventual recurso contra ela interposto não seja dotadode efeito suspensivo. Assim, não se exigiria o trânsito em julgado para a exigibilidade da multa,mas seria necessário ao menos uma sentença de mérito a confirmando. O tema foi tratado norecente Informativo 546:

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE MULTA COMINATÓRIA FIXADA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). A multa diária prevista no § 4º do art. 461 do CPC, devida desde o dia em que configurado odescumprimento, quando fixada em antecipação de tutela, somente poderá ser objeto deexecução provisória após a sua confirmação pela sentença de mérito e desde que o recursoeventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo.  Isso porque se deve prestigiar a segurança jurídica e evitar que a parte se beneficie de quantia que, posteriormente,venha se saber indevida, reduzindo, dessa forma, o inconveniente de um eventual pedido derepetição de indébito que, por vezes, não se mostra exitoso. Ademais, o termo "sentença", assimcomo utilizado nos arts. 475-O e 475-N, I, do CPC, deve ser interpretado de forma restrita, razão pela qual é inadmissível a execução provisória de multa fixada por decisão interlocutória emantecipação dos efeitos da tutela, ainda que ocorra a sua confirmação por acórdão. Esclareça-seque a ratificação de decisão interlocutória que arbitra multa cominatória por posterior acórdão,em razão da interposição de recurso contra ela interposto, continuará tendo em sua gêneseapenas a análise dos requisitos de prova inequívoca e verossimilhança, próprios da cogniçãosumária que ensejaram o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela. De modo diverso, aconfirmação por sentença da decisão interlocutória que impõe multa cominatória decorre do próprio reconhecimento da existência do direito material reclamado que lhe dá suporte, o qual éapurado após ampla dilação probatória e exercício do contraditório. Desta feita, o risco decassação da multa e, por conseguinte, a sobrevinda de prejuízo à parte contrária em decorrênciade sua cobrança prematura, tornar-se-á reduzido após a prolação da sentença, ao invés dequando a execução ainda estiver amparada em decisão interlocutória proferida no início do processo, inclusive no que toca à possibilidade de modificação do seu valor ou da sua periodicidade. REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 1º/7/2014.

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    Essa suspensão terá natureza cautelar, a partir da plausibilidade das alegações do executado( periculum in mora e  fumus boni iuris) e depende da garantia do juízo (que se dá com apenhora).

     Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desdeque relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamentesuscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

    No entanto, ainda que concedido o efeito suspensivo, se o exequente oferecer caução aexecução poderá ir adiante. Assim, mesmo com a plausibilidade dos argumentos doexecutado, a execução irá seguir diante da caução prestada.

    § 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer oprosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

    OBS: Em prol da dignidade da pessoa humana, a caução pode ser relevada motivadamentepelo juiz, aplicando-se por analogia o disposto no art. 475-O, §2º, relativo à execuçãoprovisória.

    B)  Embargos do executado:

    A natureza dos embargos é diferente da impugnação e da exceção de pré-executividade(incidentes processuais), uma vez que os embargos inauguram uma nova ação na execução, decunho cognitivo.

    Hoje, os embargos do executado são a modalidade de defesa para a execução por títulosextrajudiciais ou para a execução fiscal.

    Requisitos para propositura:- Tempestividade (15 dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação). Sehouver litisconsórcio, não  se aplica o artigo 191 do CPC, mas o prazo pra cada um vai sercontado a partir da juntada do respectivo mandado.Exceção: quando os executados forem cônjuges, caso em que se aplicará a regra geral doprocesso de conhecimento (juntada do último mandado citatório)

    OBS: Hoje pode haver a apresentação dos embargos independentemente de penhora, cauçãoou depósito.

     Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se àexecução por meio de embargos.

    Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados emapartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradasautênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal.

    A partir da reforma de 2005, com o oferecimento dos embargos, eles serão recebidos,processados e julgados. Mas eles não têm mais efeito suspensivo automático.

    Essa é a regra geral, mas há exceções.A suspensão da execução pode ser feita pelo juiz cautelarmente.

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    Para haver esse efeito suspensivo, é preciso que haja um juízo de plausibilidade do alegado eperigo de lesão grave e irreparável ,caso não seja suspensa a execução. Para suspendertambém é indispensável a garantia do juízo!

    OBS: Na execução fiscal  a sistemática é bem diferente, uma vez que lá os embargos dependemde garantia do juízo, ainda que o executado seja beneficiário da justiça gratuita (vide recenteInformativo 538 do STJ, do ano de 2014).

    OBS²: Caso entenda necessário, o juiz pode suspender apenas parcialmente a execução.Ademais, se os embargos atacarem excesso de execução, o juiz pode suspender só o excesso,deixando correr a execução em relação ao valor incontroverso.

     Art. 739-A. Os embargos do executadonão terão efeito suspensivo

    § 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos

    quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução jáesteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, sermodificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando ascircunstâncias que a motivaram§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte doobjeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante.§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados nãosuspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disserrespeito exclusivamente ao embargante.§ 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverádeclarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento§ 6o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e deavaliação dos bens. 

    Os embargos serão julgados por sentença, que será apelável.Essa apelação não tem, em regra, efeito suspensivo.

    Qual a natureza da execução na pendência de embargos?O STJ, através da súmula 317, entendeu que se tratava de execução definitiva, ainda quependente o julgamento de apelação contra a sentença dos embargos.

    STJ, súmula 317 “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelaçãocontra sentença que julgue improcedentes os embargos”  

    Mais aí veio a nova redação do artigo 587, que trouxe um entendimento diferente:

     Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendenteapelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos comefeito suspensivo (art. 739).

    Assim, quando a apelação da sentença de improcedência dos embargos for recebida comefeito suspensivo, a execução passa a ser PROVISÓRIA.

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    C) 

    Exceção de pré-executividade:

    Não possui nenhuma previsão na legislação, tendo sido criada pela doutrina e pela

     jurisprudência.

    Surgiu porque havia na execução brasileira uma concentração da defesa nos embargos, quedependiam de garantia do juízo. Assim, a jurisprudência consagrou a possibilidade de exceçãode pré-executividade, com fundamento no acesso à justiça.

    No entanto, este incidente só seria cabível quando o vício fosse escandaloso e o juiz pudesseconhecer de ofício a matéria.

    Assim, a exceção de pré-executividade só pode versar sobre matérias de ordem pública(cognoscíveis de ofício pelo juiz, como inconstitucionalidade da norma, condições da ação,

    pressupostos de validade do título etc).OBS: O STJ já admitiu a prescrição como matéria alegável em exceção de pré-executividade.No entanto, não é admissível a exceção de pré-executividade para discutir questão delegitimidade, quando esta demandar dilação probatória, vide recente precedente do STJ:

    PROCESSO CIVIL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO DE CRÉDITOS DE ITBI -ILEGITIMIDADE PASSIVA DO RECORRENTE - RECONHECIMENTO EM EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - DESCABIMENTO - SÚMULA 7/STJ. 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento doREsp 1.104.900/ES, submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou entendimento de sóadmitir a exceção de pré-executividade quando não se fizer necessária a dilação probatória. 2.No caso dos autos, a instância de origem asseverou estar a matéria acerca da legitimidade doagravante para figurar no polo passivo de ação de cobrança do ITBI na dependência deapreciação mais aprofundada do conjunto fático-probatório. Incidência do óbice da Súmula

    7/STJ. 3. O agravo ataca decisão não fundamentada em precedente de recurso repetitivo, sendoinjustificável a aplicação de multa do art. 557, § 2º, do CPC. 4. Agravo regimental não provido.(STJ - AgRg no AREsp: 63483 SP 2011/0175247-8, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 03/09/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/09/2013)

    É necessária a garantia do juízo?NÃO. A segurança do juízo não é e nunca foi necessária para a exceção de pré-executividade.Era uma alternativa barata para os embargos, antigamente.A exceção de pré-executividade também não possui efeito suspensivo.

    Qual o prazo para apresentação?

    Como levanta matérias de ordem pública, poderia haver a cognição a qualquer tempo pelo juiz. Portanto, essa exceção também não teria prazo.

    E cabível em execução fiscal?SIM, desde que sejam matérias cognoscíveis de oficio e que não demandem dilaçãoprobatória.

    Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente àsmatérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

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    2.4 – Execução contra a Fazenda Pública: 

    Sobre execução contra a Fazenda Pública, as peculiaridades se dão em relação à execução porquantia certa. Em relação às demais espécies de execução (fazer, não fazer, etc.) não hápeculiaridades, aplicando-se o Código de Processo Civil.

    A grande particularidade é que os bens da Fazenda Pública são impenhoráveis (não sãopassíveis de constrição judicial). Dessa forma, como toda execução por quantia certaenvolve a penhora e a expropriação de bens do devedor, é preciso que o exequente ajuízeuma ação autônoma de execução, requerendo a citação da fazenda pública para oporembargos, na forma do art. 730 do CPC. Assim, nas execuções por quantia certa, não seaplica a sistemática do cumprimento de sentença à fazenda pública, mas sim a do art. 730do CPC.

     Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora paraopor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão asseguintes regras:I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivocrédito.

    OBS: Embora o caput do art. 730 mencione o prazo de 10 dias para a apresentação dosembargos, o art. 1º-B da L9494 alterou esse prazo para 30 dias.

     Art. 1o-B. O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 daConsolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a ser de trinta dias (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 

    Ademais, não há atos de expropriação na execução intentada contra a Fazenda Pública,devendo o pagamento submeter-se à sistemática do precatório (ou da Requisição de PequenoValor). Em outras palavras, ajuíza-se a execução, através do procedimento previsto no art. 730do CPC, seguindo-se a oposição de embargos pela Fazenda Pública para, ao final, ser, então,expedido o precatório, em atendimento à regra inscrita no art. 100 da Constituição Federal de1988.

    Os embargos pela fazenda pública dependem de garantia do juízo para terem efeito

    suspensivo?

    NÃO. Como vimos, a regra no processo civil em geral é que os embargos não dependem degarantia do juízo (salvo na execução fiscal) e não possuem mais efeito suspensivo automático(salvo se, garantido o juízo, o juiz assim o determinar, havendo juízo de plausibilidade doalegado e perigo de lesão grave e irreparável).No entanto, essa sistemática é inaplicável à fazenda pública. Em outras palavras, não precisa afazenda pública garantir o juízo pra embargar, sendo que estes embargos terão efeitosuspensivo automático.

    Dois são os fundamentos para tanto:

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    (I)  – Como o efeito suspensivo depende de penhora, depósito ou caução e a Fazenda Públicanão se sujeita a essas medidas de constrição e expropriação – por conta da impenhorabilidadede seus bens - não será necessária a garantia do juízo;

    (II) - a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor depende do prévio trânsito em julgado (CF/88, art. 100, parágrafos 3º e 5º), de modo que somente pode ser determinado opagamento se não houver mais qualquer discussão quanto ao valor executado, devendo havero efeito suspensivo automático com a apresentação dos embargos pela fazenda.

    Não obstante, nos termos do parágrafo 3º do art. 739-A do CPC, quando os embargos foremparciais, a execução, prosseguirá quanto à parte não embargada. Assim o STJ entende que épossível a expedição de precatório ou a requisição de pequeno valor em relação à parteincontroversa (que não foi embargada).

    PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EMBARGOS PARCIAIS. PROSSEGUIMENTO DAEXECUÇÃO PELA PARTE INCONTROVERSA. POSSIBILIDADE. 1. Em se tratando de execução contra a Fazenda

    Pública, fundada em sentença transitada em julgado, a propositura de embargos parciais não impede oseu prosseguimento, com a expedição de precatório (ou, se for o caso, de requisição de pequeno valor),relativamente à parte não embargada, como prevê o art. 739, § 2º, do CPC. Tratando-se de parcelaincontroversa, tanto na fase cognitiva, quanto na fase executória, está atendido, em relação a ela, orequisito do trânsito em julgado previsto nos §§ 1º e 3º do art. 100 da CF. (STJ - EREsp: 551991 RS2005/0129409-3, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 22/02/2006, S1 -PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 20/03/2006 p. 182)

    Há reexame necessário do julgamento dos embargos da fazenda pública?NÃO.Julgados os embargos opostos pela Fazenda Pública, a sentença não está sujeita ao reexamenecessário, uma vez que o reexame já foi procedido em relação à sentença do anterior

    processo de conhecimento. Ademais, o art. 475, II, do CPC alude apenas aos embargos opostosà execução fiscal (que são apresentados pelo devedor executado em uma execução fiscal),excluindo-se aqueles opostos à execução não fiscal, fundada em sentença condenatória.

    Qual o recurso cabível contra a sentença que julga os embargos da fazenda pública?O recurso cabível contra essa sentença é a apelação, que será recebida em seu duplo efeito,uma vez que a expedição de precatório ou de requisição de pequeno valor depende do préviotrânsito em julgado (CF/88, art. 100, parágrafos 3º e 5º).

    E contra as decisões interlocutórias na execução?Embora autores como Leonardo Carneiro sustentem que eventuais decisões interlocutórias na

    execução devam, em regra, ser atacadas por agravo retido, o STJ já firmou posição de que esterecurso é incompatível com a sistemática executória. Assim, o agravo de instrumento é orecurso cabível para buscar a impugnação de decisões interlocutórias em execução.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONVERSÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AGRAVO RETIDO NO ÂMBITODE EXECUÇÃO.O agravo de instrumento não pode ser convertido em agravo retido quando interposto com o objetivode impugnar decisão proferida no âmbito de execução. Isso porque a retenção do referido recurso éincompatível com o procedimento adotado na execução, em que não há sentença final de mérito.Precedentes citados: AgRg no AREsp 5.997-RS, Primeira Turma, DJe 16/3/2012; e REsp 418.349-PR,Terceira Turma, DJe 10/12/2009. RMS 30.269-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/6/2013(Informativo nº 0526).

    “  A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, contra decisão interlocutória proferida em processo deexecução é cabível agravo de instrumento, mesmo após o advento da Lei 11.187 /05, por ser o agravo

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    retido incompatível com a sistemática do processo de execução.” (  AgRg no AREsp 5997 RS 2011/0081204-0 (STJ)

    Isenção de Honorários:

    O artigo 1º-D da Lei 9494 de 1997 isenta a Fazenda do pagamento de honorários quandoela não embargar a execução:

    Lei nº 9494/97. Art. 1º-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nasexecuções não embargadas. 

    No entanto, o STF decidiu que esse dispositivo só se aplica às execuções superiores a 60salários mínimos, porque apenas essas são regidas pelo sistema de precatórios. Assim,

    excluiu-se a incidência da norma para as execuções de pequeno valor, sujeitas aopagamento através de RPV, caso em que não haverá a referida isenção. Desse modo, nasexecuções de pequeno valor, havendo ou não embargos pela fazenda, deverá ser fixada averba referente aos honorários advocatícios.

    PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE PEQUENO VALOR CONTRA A FAZENDA PÚBLICA -HONORÁRIOS - CABIMENTO - MULTA PROCESSUAL - INCABIMENTO - SÚMULA 98/STJ. 1. O STF,no RE 420.816/PR, interpretou a MP 2.180/2001 à luz do art. 100, § 3º da CF/88, estabelecendocomo exceção à regra as execuções de pequeno valor, em que serão devidos honoráriosadvocatícios pela Fazenda Pública. 2. Embargos de declaração opostos para prequestionarquestão federal não são protelatórios, nos termos da Súmula 98/STJ. 3. Recurso especial provido.(STJ - REsp: 1186880 GO 2010/0050234-3, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de

     Julgamento: 20/05/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/05/2010)

    PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIALCONTRA A FAZENDA PÚBLICA. RENÚNCIA A VALOR EXCEDENTE A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR.1. A Seção de Direito Público do STJ, no julgamento dos EREsp 676.719/SC, firmou a orientaçãode que, nas execuções de título judicial contra a Fazenda Pública ajuizadas após a vigência daMedida Provisória 2.180-35/2001 e não embargadas, os honorários advocatícios serão devidosna hipótese de se tratar de débitos de pequeno valor .2. Vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários advocatícios é estabelecida de acordocom o art. 20, § 4º, do CPC, de forma equitativa pelo juiz, sem a imposição de observância aoslimites previstos no § 3º do mesmo dispositivo legal.3. Agravo Regimental não provido.” (Acórdão da 2ª Turma do STJ, AgRg no REsp 1.275.875/RS,rel. Min. Herman Benjamin, j. 7/2/2012, DJe de 13/4/2012)

    OBS: Ainda que a execução se submeta à sistemática do precatório, é possível ao autorrenunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de Pequeno Valor -RPV. Nessa situação, haverá honorários na execução, ainda que não haja embargos.

    “Processual Civil - Administrativo - Agravo Regimental no Recurso Especial - Execução -Requisição de Pequeno Valor (RPV) - Renúncia de Valor Excedente a Quarenta SaláriosMínimos - Condenação em Honorários - Cabimento.1. É cabível a condenação da Fazenda em honorários, mesmo nos casos em que a parte exequente renuncie aos valores excedentes a 40 (quarenta) salários mínimos, a fim de possibilitar o pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor - RPV.2. Agravo regimental não provido.” (Acórdão da 2ª Turma do STJ, AgRg no REsp1.328.643/RS, rel. Min. Eliana Calmon, j. 23/10/2012, DJe de 30/10/2012

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    OBS²: O art. 1º-D não  se aplica às execuções individuais de sentença coletiva  em face dafazenda pública.

    Nessa hipótese, aplica-se o art. 20, parágrafo 4º do CPC, e não o art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997(STJ, EDREsp 475.573/PR, rel. Min. Eliana Calmon, j. 5/6/2003).

    Nesse sentido, súmula 345 do STJ:

    STJ, Súmula 345: “ São devidos os honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuçõesindividuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas”. 

    Assim, na execução individual fundada em sentença coletiva proposta contra a FazendaPública haverá a condenação em honorários com ou sem a apresentação de embargos.

    Leonardo Carneiro discorda dessa orientação.

    Para o autor, é preciso que o STJ ajuste-se ao entendimento do STF (Recurso Extraordinário420.816/PR), estabelecendo-se que, nos casos de sentença coletiva, cabem honorários nosprocessos de liquidação individual, e não nas execuções individuais.Isso porque, no caso das execuções de sentenças coletivas, é o incidente de liquidação queapresenta cunho cognitivo, uma vez que nele é que será aferido se o exequente possui ou nãoo direito concedido por uma sentença coletiva e em que medida deve se dar sua reparação.Após a liquidação, sobrevém a execução, na qual não deveria haver honorários, aplicando-se odisposto no art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997 (salvo em se tratando de execuções de pequenovalor, sem precatório, à luz do entendimento do STF).

    São devidos honorários na execuções fundadas em títulos EXTRAJUDICIAIS em face da fazenda pública?SIM. Nas execuções fundadas em títulos extrajudiciais em face da fazenda pública, ainda queseja caso de precatório e não haja a apresentação de embargos, deve haver a condenação emhonorários. Em outras palavras, o art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997 não se aplica às execuçõesfundadas em título executivo extrajudicial.

    Sobre o tema, importante lembrar da Súmula 279 do STJ:

    Súmula nº 279: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.

    É o caso, por exemplo, de uma dívida liquidada em um contrato administrativo ou de umcheque não pago pela Administração Pública. Nessas hipóteses, como a fazenda pública foiinadimplente, deu causa ao processo de execução, sendo devidos os honoráriosindependentemente do valor da execução e da apresentação de embargos, em virtude doprincípio da causalidade.

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