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Page 1: Sítios arqueológicos da região sul do Rio Grande do Sul ... - pucrs.br · arqueológicos da região sul do estado do Rio Grande do Sul, conhecidos como “cerritos” ou “aterros”

X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009

X Salão de

Iniciação Científica PUCRS

Sítios arqueológicos da região sul do Rio Grande do Sul:

os “Cerritos”.

Luana Gabriela da Rocha (Graduanda do Curso de História-PUCRS),

Profª Drª Gislene Monticelli (Orientadora)

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, PUCRS.

Introdução

O presente trabalho consiste de um levantamento preliminar e parcial de sítios

arqueológicos da região sul do estado do Rio Grande do Sul, conhecidos como “cerritos” ou

“aterros”. Preliminar, pois caracteriza a primeira parte de uma pesquisa mais consistente

nestes conjuntos. Parcial, devido à existência de sítios ainda não conhecidos e não catalogados

e a impossibilidade de acesso a alguns registros até este momento.

O quê são “cerritos”? De acordo com definições de vários autores, “cerritos” são

elevações do terreno produzidas pela ação humana, constituídos de terra e restos de alimentos,

de formato circular, oval ou elíptico, que podem chegar até 100m de diâmetro e 7m de altura.

Encontram-se próximos às lagoas e em banhados e várzeas ao longo dos rios. Geralmente

apresentam-se em agrupamentos, pequenos – com 2, 3, 8 elevações – ou grandes – como é o

caso registrado no Depto. de Treinta y Tres no Uruguai, onde em 1km² contaram-se mais de

40 elevações – mas também aparecem algumas estruturas isoladas. Entende-se terem sido

resultado da ocupação de grupos caçadores-coletores que habitaram a região sul do Rio

Grande do Sul. Estas áreas são conhecidas e “protegidas” por muitos proprietários de terra,

pois, nas épocas de cheias dos rios, são usados para manter o gado a salvo das águas e até para

construírem suas casas sobre eles. Esta “proteção” é relativa, pois, construções sobre os

aterros acabam por destruí-los, assim como o movimento do gado também os perturba e há

também a destruição destes sítios pelo cultivo de arroz, onde os terrenos são nivelados para

melhor aproveitamento.

Metodologia

Com base na bibliografia existente, busca-se promover um levantamento dos dados já

produzidos sobre os “cerritos”, quanto aos sítios arqueológicos catalogados, assim como

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localização e concentração dos mesmos e de onde partiram estes registros, onde estão

depositados os acervos, além de seus pesquisadores e os trabalhos executados a partir dos

dados obtidos em escavações e análises em laboratório. Desta forma, possibilita-se também a

comparação posterior com resultados das pesquisas em território uruguaio, que se encontram,

atualmente, muito mais desenvolvidas do que as pesquisas brasileiras.

O trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, em registros e acervos materiais de

diversos laboratórios de pesquisas no estado do Rio Grande do Sul, assim como registros de

sítios arqueológicos disponíveis no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAN) (SISTEMA, 2009).

Resultados Os primeiros registros destes tipos de sítios arqueológicos próximos ao Rio Grande do

Sul aparecem nas primeiras décadas do século XX, com pesquisadores argentinos ao longo do

Rio Paraná. No Rio Grande do Sul, noticiou-se a presença de aterros identificados como

“cerritos” nas margens da Lagoa dos Patos, e nos terrenos entre as Lagoas Mirim e Mangueira

em meados da década de 1960, sendo desenvolvidas diversas pesquisas deste período até fins

de 1980 com equipes de arqueólogos de vários institutos de pesquisa arqueológica, como o

Instituto Anchietano de Pesquisa (IAP/UNISINOS) (COPÉ, 1985; SCHMITZ et al, 1991 e

1993), Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da PUCRS (CEPA/PUCRS), entre

outros, quando houve certo abandono dos estudos destas ocorrências, salvo pelo trabalho de

Cláudio C. Pereira (UCPel) em 2006 (PEREIRA, 2008), sobre a ocupação de

Guenoas/Minuanos na campanha gaúcha.

Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho promover uma recuperação de

informações, a comparação dos acervos principalmente do CEPA-PUCRS, possibilitando

assim uma retomada das pesquisas em sítios arqueológicos já identificados, procurando

conhecê-los melhor e preservá-los. Podendo também aproveitar-se os resultados obtidos nas

pesquisas uruguaias, que avançam seus estudos enfocando discussões sobre a complexidade

destes conjuntos de sítios, quanto à organização do espaço ocupado, finalidades cerimoniais,

funerárias e domésticas.

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Figura 1 - Croqui de um cerrito (RS 170A) em Santa Vitória do Palmar e dois perfis (RS 170A e RS 163), mostrando a distribuição no terreno e sua relação com os arroios (SCHMITZ, In: KERN, 1991, p. 245).

Figura 2 – Distribuição dos aterros ou cerritos na Banda Oriental do Rio Uruguai, Rio Grande do Sul e Uruguai. Observa-se a maior presença deles na Bacia da Lagoa Mirim e no alto do Rio Negro (PEREIRA, 2008, p. 51). Conclusão Assim, procura-se estabelecer uma relação entre as diversas informações já existentes

no contexto gaúcho, comparando-as com as pesquisas executadas no Uruguai. O objetivo é

discutir a utilização destes aterros na organização social dos grupos caçadores-coletores,

depois ceramistas, buscando compreender melhor seu desenvolvimento, mas, principalmente,

procurando retomar as pesquisas nos “cerritos”, que foram quase totalmente abandonadas nos

últimos 20 anos, contribuindo para a ampliação do conhecimento sobre estas sociedades.

Referências

COPÉ, S. M. Aspectos da ocupação pré-colonial no Vale do Rio Jaguarão - RS. 1985. 268 f. Dissertação (Mestrado em História), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo.

PEREIRA, C. C. Minuanos/Guenoas: os cerritos da bacia da Lagoa Mirim e as origens de uma nação pampiana. Porto Alegre: Fundação Cultural Gaúcha – MTG, 2008. 200 p.

SCHMITZ, P. I.; GIRELLI, M.; ROSA, A. O. Pesquisas Arqueológicas em Santa Vitória do Palmar, RS. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil - Documentos 07. São Leopoldo: IAP/UNISINOS, 1997. 95 p.

SCHMITZ, P. I.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I. I. Os aterros dos Campos do Sul: A Tradição Vieira. In: KERN, A. A. (org). Arqueologia pré-histórica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991. p. 221-250.

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO. IPHAN. Disponível em: www.iphan.gov.br. Acesso em: 05 de junho de 2009.

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