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Itamaraty

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    Ministrio das Relaes Exteriores: Poltica Externa

    Compilao das informaes contidas no endereo eletrnico do MRE: www.itamaraty.gov.br

    Contedo

    1. Diplomacia Econmica, Comercial e Financeira ....................................................................................................... 4

    1.1. Diplomacia comercial .......................................................................................................................................... 4

    1.2. Comrcio internacional ....................................................................................................................................... 5

    1.2.1. Porque negociar acordos extrarregionais de comrcio? ................................................................................. 5

    1.2.2. Acordos extrarregionais do MERCOSUL .......................................................................................................... 6

    1.2.3. Organizao Mundial do Comrcio ................................................................................................................. 6

    1.2.4. Normas do sistema multilateral de comrcio .................................................................................................. 7

    1.2.5. IX Conferncia Ministerial da OMC (Bali, 2013) ............................................................................................... 8

    1.2.6. Rodada de Doha da OMC ................................................................................................................................ 8

    1.3. Agenda Financeira ............................................................................................................................................... 9

    1.3.1. G20 .................................................................................................................................................................. 9

    1.3.2. Fundo Monetrio Internacional .................................................................................................................... 10

    1.3.3. Banco Mundial .............................................................................................................................................. 10

    2. Direitos Humanos e Temas sociais ......................................................................................................................... 11

    2.1. Poltica externa para direitos humanos ............................................................................................................. 11

    2.2. Reviso peridica universal ............................................................................................................................... 12

    2.3. Grupos vulnerveis ............................................................................................................................................ 13

    2.4. Novos temas ...................................................................................................................................................... 13

    2.5. Temas sociais ..................................................................................................................................................... 13

    2.5.1. Poltica externa para temas sociais................................................................................................................ 13

    2.5.2. Sade............................................................................................................................................................. 14

    2.5.3. Trabalho ........................................................................................................................................................ 14

    3. Diplomacia Cultural ................................................................................................................................................ 14

    4. Desenvolvimento sustentvel e meio ambiente .................................................................................................... 19

    4.1. O Brasil e o meio ambiente ................................................................................................................................ 19

    4.2. Desenvolvimento Sustentvel ........................................................................................................................... 20

    4.2.1. O Brasil e o desenvolvimento sustentvel ..................................................................................................... 20

    4.2.2. Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel (ODS) ........................................................................................ 20

    4.2.3. Agenda de Desenvolvimento Ps-2015 ......................................................................................................... 21

    4.3. Meio ambiente e mudana do clima ................................................................................................................. 21

  • 2

    4.3.1. Biodiversidade ............................................................................................................................................... 21

    4.3.2. Biossegurana ............................................................................................................................................... 22

    4.3.3. Mudana no clima ......................................................................................................................................... 22

    4.3.4. Desertificao ................................................................................................................................................ 23

    4.3.5. Espcies ameaadas ...................................................................................................................................... 24

    4.3.6. Florestas ........................................................................................................................................................ 25

    4.3.7. Recursos hdricos........................................................................................................................................... 26

    4.4. Mar, Antrtida e Espao .................................................................................................................................... 27

    4.4.1. Antrtida ....................................................................................................................................................... 27

    4.4.2. Plataforma continental brasileira .................................................................................................................. 28

    4.4.3. Programa espacial brasileiro ......................................................................................................................... 28

    4.4.4. Espao ........................................................................................................................................................... 29

    5. Integrao Regional ............................................................................................................................................... 29

    5.1. MERCOSUL......................................................................................................................................................... 29

    5.2. Unio de Naes Sul-Americanas ...................................................................................................................... 30

    5.3. Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos ................................................................................ 32

    5.4. Organizao do Tratado de Cooperao Amaznica (OTCA) ............................................................................. 33

    5.5. Associao Latino-Americana de Integrao (ALADI) ......................................................................................... 34

    6. Energia ................................................................................................................................................................... 35

    7. Cooperao ............................................................................................................................................................ 37

    7.1. Cooperao tcnica ........................................................................................................................................... 37

    7.2. Cooperao educacional ................................................................................................................................... 38

    7.3. Cooperao esportiva ........................................................................................................................................ 39

    8. Paz e Segurana Internacionais .............................................................................................................................. 40

    8.1. Manuteno e consolidao da paz ................................................................................................................... 40

    8.1.1. Reformando o Conselho de Segurana da ONU ............................................................................................ 40

    8.1.2. O Brasil e o Conselho de Segurana da ONU ................................................................................................. 40

    8.1.3. Operaes de paz das Naes Unidas ........................................................................................................... 41

    8.1.4. O Brasil e as operaes de manuteno da paz da ONU ............................................................................... 42

    8.1.5. Misso de Estabilizao das Naes Unidas no Haiti ..................................................................................... 42

    8.1.6. O Brasil e a consolidao da paz .................................................................................................................... 43

    8.2. Desarmamento e no proliferao .................................................................................................................... 43

    8.2.1. Desarmamento e controle de armas ............................................................................................................. 43

    8.2.2. Desarmamento nuclear e no proliferao ................................................................................................... 44

    8.2.3. Armas qumicas e biolgicas .......................................................................................................................... 45

    8.2.4. Preveno de corrida armamentista no espao ............................................................................................ 45

    8.2.5. Regimes de controle de exportao .............................................................................................................. 45

  • 3

    8.2.6. Armas convencionais ..................................................................................................................................... 45

    8.3. Outros temas ..................................................................................................................................................... 46

    8.3.1. Temas oramentrios e administrativos da ONU .......................................................................................... 46

    8.3.2. Tribunal Penal Internacional .......................................................................................................................... 47

    8.3.3. Zona de Paz e Cooperao do Atlntico Sul .................................................................................................. 48

    9. Mecanismos inter-regionais ................................................................................................................................... 48

    9.1. BRICS Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul ............................................................................................. 48

    9.2. IBAS Frum de Dilogo ndia, Brasil e frica do Sul......................................................................................... 50

    9.3. Cpula Amrica do SulPases rabes (ASPA) .................................................................................................... 52

    9.4. Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa .................................................................................................. 53

    9.5. Frum de Cooperao Amrica Latinasia do Leste ........................................................................................ 54

    9.6. Conferncia Ibero-Americana ............................................................................................................................ 55

    9.7. Unio Africana ................................................................................................................................................... 55

    9.8. Liga dos Estados rabes ..................................................................................................................................... 56

    9.9. Aliana de Civilizaes ....................................................................................................................................... 56

    9.10. G-15 ............................................................................................................................................................... 57

    10. Cincia, tecnologia e inovao ........................................................................................................................... 57

    10.1. Cooperao em cincia, tecnologia e inovao ............................................................................................. 57

    10.2. Governana da Internet ................................................................................................................................ 57

    10.3. Inovao ........................................................................................................................................................ 58

    10.4. Tecnologias da informao e das comunicaes ........................................................................................... 58

    10.5. TV Digital ....................................................................................................................................................... 59

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    1. Diplomacia Econmica, Comercial e Financeira 1.1. Diplomacia comercial

    Nenhuma outra instituio brasileira, pblica ou privada, conta com estrutura de promoo comercial no exterior to ampla quanto a do Itamaraty, o que demonstra o papel do Ministrio na estratgia comercial brasileira tanto no aspecto poltico, mediante realizao de contatos governamentais e empresariais, quanto no operacional, por meio da produo de informaes para subsidiar a promoo do comrcio exterior.

    No Ministrio das Relaes Exteriores, cabe ao Departamento de Promoo Comercial e Investimentos (DPR) e rede de Setores de Promoo Comercial (SECOMs) instalados em Embaixadas e em Consulados brasileiros, promover o comrcio e o turismo, atrair investimentos estrangeiros e contribuir para a internacionalizao de empresas brasileiras.

    O Departamento de Promoo Comercial e Investimentos est organizado em quatro divises:

    Diviso de Investimentos (DINV);

    Diviso de Inteligncia Comercial (DIC);

    Diviso de Programas de Promoo Comercial (DPG) e

    Diviso de Operaes de Promoo Comercial (DOC).

    No exterior, os Setores de Promoo Comercial nas Embaixadas e Consulados brasileiros so pontos de referncia para a promoo comercial e a atrao de investimentos. Dentre suas atribuies est realizar estudos de mercado e intermediar reclamaes comerciais.

    O Ministrio das Relaes Exteriores atua para atrair capital estrangeiro, contribuindo para o desenvolvimento industrial e de servios, como tambm para fortalecer o mercado financeiro nacional. So desenvolvidas, tambm, iniciativas para estimular a participao estrangeira em setores estratgicos, promovendo desenvolvimento econmico com incluso social.

    Com o objetivo de contribuir para a internacionalizao de empresas brasileiras, o Itamaraty divulga estudos sobre oportunidades em mercados potenciais e realiza gestes oficiais junto a Governos estrangeiros sobre interesses especficos de empresas brasileiras. Essas atividades so coordenadas pela Diviso de Investimentos.

    Por meio do portal Brasil Export, supervisionado pelaDiviso de Programas de Promoo Comercial, o Itamaraty divulga pesquisas e informaes sobre economia e comrcio exterior. A Diviso de Inteligncia Comercial tambm apoia diretamente o empresariado, a exemplo do atendimento a consultas comerciais e da elaborao de publicaes sobre temas de comrcio exterior, com o objetivo de identificar e criar oportunidades de negcio em outros pases e contribuir para os debates acerca da estratgia de promoo das exportaes nacionais. Por aprofundarem laos de comrcio, de investimento e de integrao com outros pases, tais iniciativas so, tambm, instrumentos de poltica externa.

    Por meio da Diviso de Operaes de Promoo Comercial, o Itamaraty organiza misses comerciais das quais, muitas vezes, participam autoridades governamentais brasileiras, em nvel presidencial ou ministerial. Eventos de promoo comercial resultam em aes diretas e imediatas de divulgao dos produtos, das empresas e do turismo brasileiros no exterior.

    Parcerias na promoo comercial brasileira

    O Itamaraty no atua isoladamente na elaborao e na execuo da estratgia de promoo comercial brasileira desenvolve suas iniciativas em coordenao e cooperao com outros rgos do Governo brasileiro envolvidos com o tema.

    No setor pblico, destacam-se os esforos empreendidos conjuntamente com o Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), com o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), com o BNDES e com o Banco do Brasil alm de dilogo e eventos realizados em parceria com a ApexBrasil. Dessa colaborao resultam projetos para o fortalecimento das polticas de promoo comercial brasileiras. A promoo do turismo no

    mailto:[email protected]://www.brasilexport.gov.br/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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    Brasil realizada por meio de parcerias com o Ministrio do Turismo, com a Embratur, com Secretarias Estaduais e Municipais de turismo, com outras agncias governamentais e com entidades privadas.

    No setor privado, destacam-se as iniciativas empreendidas na rea internacional por entidades como a Confederao Nacional da Indstria e as Federaes Estaduais de Indstria, alm das associaes setoriais e das Cmaras de Comrcio bilaterais.

    1.2. Comrcio internacional 1.2.1. Porque negociar acordos extrarregionais de comrcio?

    A OMC autoriza seus membros a integrar acordos de livre comrcio, com base no princpio do "regionalismo aberto" ou seja, desde que o mecanismo para liberalizar exportaes e importaes entre as Partes de um Acordo no desvie excessivamente o comrcio com os no-membros do grupo.

    Os pases-membros do MERCOSUL se comprometeram a negociar em conjunto os acordos de comrcio que envolvam concesses tarifrias. Tomada por meio da Deciso n 32/2000 do Conselho Mercado Comum do MERCOSUL, essa deciso decorre do objetivo maior de preservar a unio aduaneira entre os pases do bloco, o que demanda uma poltica comercial externa nica.

    O Brasil busca aumentar seu acesso a mercados estrangeiros contribuindo ativamente para as negociaes de acordos de comrcio entre o MERCOSUL e parceiros extrarregionais que, alm de aprofundar as relaes com o resto do mundo, aumentam a competitividade interna. Entre as modalidades desses acordos esto os de "livre comrcio" (reduo das tarifas de importao a zero sobre a grande maioria dos bens) e os de "preferncias tarifrias" (outorga de preferncias nas tarifas de alguns bens para os membros do acordo), os ltimos podendo ser celebrados por pases em desenvolvimento ao amparo da clusula de habilitao da OMC.

    No Itamaraty, a negociao desses acordos responsabilidade do Departamento de Negociaes Internacionais e das Divises de Negociaes Extrarregionais do MERCOSUL, unidades subordinadas Subsecretaria de Assuntos Econmicos e Financeiros.

    A negociao de acordos comerciais leva em conta a necessidade de preservar e promover polticas pblicas dedicadas ao desenvolvimento nas reas econmica, social, ambiental, industrial, da cincia e tecnologia e da agricultura familiar, entre outras. Para tanto, fundamental o constante dilogo entre o Governo, os setores produtivos e a sociedade civil.

    Acordos comerciais podem contribuir para fortalecer a competitividade interna e externa dos setores produtivos nacionais e dos demais pases do MERCOSUL. No plano interno, atraem investimentos estrangeiros diretos, aumentando a oferta de empregos e promovendo transferncia de tecnologia. No plano externo, contribuem para expandir nossas exportaes e para a integrao da do Brasil economia global o que possibilita no apenas adquirir insumos a custos mais acessveis, como tambm exportar a preos mais competitivos.

    O engajamento do MERCOSUL nas negociaes de acordos comerciais tem grande significado poltico, pois contribui para consolidar o bloco como protagonista no cenrio internacional. Desde sua criao, o MERCOSUL concluiu acordos comerciais com importantes parceiros extrarregionais: ndia (2004); Israel (2007); Unio Aduaneira da frica Austral SACU (2009); Egito (2010) e Palestina (2011). Foram tambm firmados Acordos-Quadro com diversos outros pases em desenvolvimento, o que a primeira etapa para negociao de um acordo comercial.

    As negociaes extrarregionais do Mercosul tm contribudo para a diversificao e a ampliao de mercados para as exportaes do Brasil, alm de estreitarem as relaes econmicas e polticas com parceiros no-tradicionais.

    Acordo de Associao entre o MERCOSUL e a Unio Europeia

    O Brasil confere prioridade s negociaes para um Acordo de Associao entre o MERCOSUL e a Unio Europeia. As negociaes foram lanadas em 1995, quando os blocos firmaram um Acordo-Quadro de Cooperao Interregional, estabelecendo que as relaes bi-regionais se desenvolveriam em trs pilares: dilogo poltico, cooperao e livre comrcio. Em 2010, atingiu-se consenso sobre os parmetros para o relanamento dessas negociaes, havendo um

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    compromisso mtuo de que o acordo seja abrangente, equilibrado e ambicioso. Consultas pblicas realizadas em 2012 revelaram o firme apoio do setor privado brasileiro em favor da concluso das negociaes com a Unio Europeia. Em janeiro de 2013, em Reunio Ministerial MERCOSULUnio Europeia realizada em Santiago, os blocos decidiram trocar ofertas de acesso a mercados at o fim de 2013.

    1.2.2. Acordos extrarregionais do MERCOSUL

    Acordos firmados

    Acordo de Livre Comrcio MERCOSULIsrael (vigente)

    Acordo de Preferncias Tarifrias MERCOSULndia (vigente)

    Acordo de Livre Comrcio MERCOSULPalestina (em processo de ratificao)

    Acordo de Preferncias Tarifrias MERCOSULEgito (em processo de ratificao)

    Acordo de Preferncias Tarifrias MERCOSULSACU (em processo de ratificao)

    Em negociao

    MERCOSULUnio Europeia

    Dilogos Econmico-Comerciais

    MERCOSULAustrlia e Nova Zelndia

    MERCOSULCanad

    MERCOSULChina

    MERCOSULEFTA

    MERCOSULJapo

    1.2.3. Organizao Mundial do Comrcio

    A Organizao Mundial do Comrcio (OMC) iniciou suas atividades em 1 de janeiro de 1995 e desde ento tem atuado como a principal instncia para administrar o sistema multilateral de comrcio. A organizao tem por objetivo estabelecer um marco institucional comum para regular as relaes comerciais entre os diversos Membros que a compem, estabelecer um mecanismo de soluo pacfica das controvrsias comerciais, tendo como base os acordos comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a negociao de novos acordos comerciais entre os Membros. Atualmente, a OMC conta com 160 Membros, sendo o Brasil um dos Membros fundadores. A sede da OMC est localizada em Genebra (Sua) e as trs lnguas oficiais da organizao so o ingls, o francs e o espanhol.

    As origens da OMC remontam assinatura do Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio (GATT), em 1947, mecanismo que foi responsvel, entre os anos de 1948 a 1994, pela criao e gerenciamento das regras do sistema multilateral de comrcio. No mbito do GATT, foram realizadas oito rodadas de negociaes comerciais, que tiveram por objetivo promover a progressiva reduo de tarifas e outras barreiras ao comrcio. A oitava rodada, conhecida como Rodada Uruguai, culminou com a criao de OMC e de um novo conjunto de acordos multilaterais que formaram o corpo normativo da nova Organizao.

    A OMC herdou do GATT um conjunto de princpios que fundamentam a regulamentao multilateral do comrcio, dentre os quais se destacam:

    o da nao-mais-favorecida, segundo o qual um Membro da OMC deve estender a todos os seus parceiros comerciais qualquer concesso, benefcio ou privilgio concedido a outro Membro;

    o do tratamento nacional, pelo qual um produto ou servio importado deve receber o mesmo tratamento que o produto ou servio similar quando entra no territrio do Membro importador;

    o da consolidao dos compromissos, de acordo com o qual um Membro deve conferir aos demais tratamento no menos favorvel que aquele estabelecido na sua lista de compromissos; e

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    o da transparncia, por meio do qual os Membros devem dar publicidade s leis, regulamentos e decises de aplicao geral relacionados a comrcio internacional, de modo que possam ser amplamente conhecidas por seus destinatrios.

    A OMC composta por diversos rgos, sendo os principais:

    a Conferncia Ministerial, instncia mxima da organizao composta pelos Ministros das Relaes Exteriores ou de Comrcio Exterior dos Membros;

    o Conselho Geral, rgo composto pelos representantes permanentes dos Membros em Genebra, que ora se rene como rgo de Soluo de Controvrsias (OSC) e ora como rgo de Reviso de Poltica Comercial;

    o Conselho para o Comrcio de Bens;

    o Conselho para o Comrcio de Servios;

    o Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comrcio;

    os diversos Comits, entre eles os Comits de Acesso a Mercados, Agrcola e de Subsdios, entre outros; e

    o Secretariado, que tem por funo apoiar as atividades da organizao e composto por cerca de 700 funcionrios, dirigidos pelo Diretor-Geral da OMC.

    At o presente momento, j foram realizadas nove Conferncias Ministeriais da OMC, sendo elas: Cingapura (1996); Genebra (1998); Seattle (1999); Doha (2001); Cancun (2003); Hong Kong (2005); Genebra (2009); Genebra (2011); e Bali (2013).

    Especialmente relevante, entre estas, foi a Conferncia Ministerial de Doha, que estabeleceu o mandato para o lanamento da Rodada de Doha, primeira rodada negociadora realizada no mbito da OMC, cujas negociaes seguem em curso.

    1.2.4. Normas do sistema multilateral de comrcio

    O acordo multilateral que cria a OMC o Acordo de Marraqueche, firmado ao final da Rodada Uruguai do GATT (1986-1994), o qual serve de base para todos os demais acordos multilaterais em vigor. Esse acordo estabelece a finalidade, as funes e a estrutura da OMC, alm de dispor sobre o Secretariado, a personalidade jurdica e o processo decisrio da organizao (normalmente por consenso, mas que tambm prev a possibilidade de decises por maioria).

    O Anexo 1 ao Acordo de Marraqueche estabelece a lista dos acordos multilaterais firmados ao final da Rodada Uruguai, isto , aqueles que se tornaram obrigatrios para todos os Membros da OMC. O Anexo 1A estabelece os acordos sobre o comercio de bens, entre os quais esto abrangidos os seguintes:

    Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio 1994 (GATT 1994), que abrange o GATT 1947;

    Acordo sobre Agricultura;

    Acordo sobre a Aplicao das Medidas Sanitrias e Fitossanitrias;

    Acordo sobre Txteis e Vesturio;

    Acordo sobre Barreiras Tcnicas ao Comrcio;

    Acordo sobre Medidas de Investimento relacionadas ao Comrcio;

    Acordo Antidumping;

    Acordo sobre Valorao Aduaneira;

    Acordo de Inspeo Pr-Embarque;

    Acordo sobre Regras de Origem;

    Acordo sobre Procedimentos de Licenciamento de Importao;

    Acordo sobre Subsdios e Medidas Compensatrias;

    Acordo sobre Salvaguardas.

    O Anexo 1B estabelece o Acordo Geral sobre o Comrcio de Servios (GATS) e o Anexo 1C compreende o Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comrcio (TRIPS). O Anexo 2 estabelece o Entendimento sobre Soluo de Controvrsias (ESC) e o Anexo 3 dispe sobre o Mecanismo de Reviso de Poltica Comercial.

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    O Anexo 4, por fim, compreende os Acordos Plurilaterais, isto , aqueles que somente produzem efeitos para os seus signatrios, sendo eles:

    o Acordo sobre o Comrcio de Aeronaves Civis;

    o Acordo sobre Compras Governamentais;

    o Acordo sobre Produtos Lcteos (no est mais em vigor);

    o Acordo sobre Carne Bovina (no est mais em vigor); e

    o Acordo sobre Tecnologia da Informao.

    O Brasil no signatrio de nenhum dos acordos plurilaterais negociados na OMC.

    Por ocasio da Conferncia Ministerial de Bali, realizada em dezembro de 2013, foram aprovadas pela primeira vez desde a criao da OMC novas disciplinas multilaterais, como o Acordo de Facilitao do Comrcio, a Deciso sobre Estoques Pblicos para fins de Segurana Alimentar e o Entendimento sobre as Disciplinas para a Administrao de Quotas Tarifrias para Produtos Agrcolas.

    Alm da administrao dos diversos acordos comerciais negociados, as atividades empreendidas pela OMC compreendem a promoo de capacitao tcnica dos funcionrios pblicos originrios dos pases-membros em matria de comrcio internacional, a prestao de auxlio no processo de acesso dos pases que ainda no so Membros; a realizao de pesquisas e anlises econmicas, e ainda a coleta e a disseminao de dados sobre comrcio internacional.

    1.2.5. IX Conferncia Ministerial da OMC (Bali, 2013)

    Realizada em Bali (Indonsia) em dezembro de 2013, a IX Conferncia Ministerial da OMC levou concluso de um pacote antecipado de resultados para a Rodada. Ao aprovar os primeiros acordos negociados na OMC desde sua criao, revitalizou a vertente normativa da Organizao e, assim, reabriu o caminho para a atualizao e fortalecimento do sistema multilateral de comrcio.

    Os resultados da Conferncia Ministerial de Bali foram amplamente positivos para o Brasil. O acordo de Facilitao de Comrcio, de grande interesse para o empresariado e para o governo brasileiros, impulsionar reformas que j esto sendo implementadas no Pas e facilitar o acesso de nossos produtos a mercados em todo o mundo, ao simplificar e desburocratizar procedimentos aduaneiros.

    Em agricultura, foram aprovadas regras para o preenchimento automtico de quotas tarifrias, de grande importncia para exportadores agrcolas, alm de Declarao que recoloca a eliminao de todas as formas de subsdio exportao no centro das negociaes da OMC. A Organizao reconheceu a legitimidade dos programas de segurana alimentar no mundo em desenvolvimento, permitindo a manuteno de polticas de estoques pblicos, acompanhadas por salvaguardas que previnem distores comerciais.

    Alm disso, a Conferncia Ministerial ps fim a anos de paralisia da Rodada Doha e mandatou a OMC a preparar, nos prximos doze meses, programa de trabalho para a retomada das negociaes, com foco nos temas centrais da Rodada, de interesse primordial para o Brasil, sobretudo agricultura.

    1.2.6. Rodada de Doha da OMC

    Em novembro de 2001, em Doha, no Catar, foi lanada a Rodada de Doha da OMC, tambm conhecida como Rodada de Doha para o Desenvolvimento, por meio da qual os Ministros das Relaes Exteriores e de Comrcio comprometeram-se a buscar a liberalizao comercial e o crescimento econmico, com nfase nas necessidades dos pases em desenvolvimento.

    As negociaes da Rodada incluam agricultura, acesso a mercados para bens no-agrcolas (NAMA), comrcio de servios, regras (sobre aplicao de direitos antidumping, subsdios e medidas compensatrias, subsdios pesca e acordos regionais), comrcio e meio ambiente (includo o comrcio de bens ambientais), facilitao do comrcio e alguns aspectos de propriedade intelectual, alm de uma discusso horizontal sobre tratamento especial e diferenciado a favor

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    de pases em desenvolvimento. Fora do mandato formal da Rodada, mas em paralelo a suas tratativas, eram discutidos aperfeioamentos das regras sobre soluo de controvrsias.

    O Brasil e diversos outros pases em desenvolvimento entenderam que o centro das negociaes da Rodada Doha deveria ser as negociaes em agricultura, setor em que se concentram boa parte das exportaes desses pases. Deve-se ressaltar que, durante as rodadas negociadoras do antigo GATT, esse setor foi objeto de um esforo de liberalizao significativamente modesto, quando comparado ao setor de bens manufaturados, razo pela qual ainda goza de elevada proteo contra importaes em muitos pases e est sujeito a disciplinas menos exigentes. Nesse sentido, a Rodada de Doha deveria ter por objetivo corrigir tanto quanto possvel as distores que prevalecem no comrcio agrcola, promovendo a eliminao dos subsdios exportao, reduo substancial e disciplinamento dos subsdios produo (apoio interno), alm de ampliao do acesso aos mercados desses bens.

    No contexto das negociaes agrcolas da Rodada, foi criado, em agosto de 2003, s vsperas da Conferncia Ministerial de Cancun, o agrupamento denominado G-20 Comercial. Esse grupo, composto por pases em desenvolvimento de trs continentes (Amrica Latina, sia e frica), defende o cumprimento, de forma ambiciosa, dos trs pilares do mandato agrcola da Rodada Doha: acesso a mercados (reduo de tarifas), eliminao dos subsdios exportao e reduo dos subsdios de apoio interno (mormente produo). O Brasil exerceu papel de grande relevo na coordenao das posies dessa coalizo durante as negociaes agrcolas na OMC.

    No cenrio atual de recuperao ps-crise econmica e financeira global e de preocupao com o recrudescimento do protecionismo comercial, a concluso da Rodada e o fortalecimento do sistema multilateral do comrcio, em bases equilibradas, transparentes e inclusivas, tornam-se ainda mais necessrios. Os progressos obtidos nas negociaes, entretanto, foram insuficientes, especialmente a partir de julho de 2008, quando reunio de ministros em Genebra fracassou na tentativa de aprovar acordo nas reas de agricultura e NAMA.

    1.3. Agenda Financeira 1.3.1. G20

    O Grupo dos 20 foi criado em 1999, no contexto das crises de balano de pagamentos em economias emergentes, que tiveram incio em meados daquela dcada. um foro para a cooperao internacional em temas econmicos e financeiros, congregando pases desenvolvidos e em desenvolvimento com projeo sistmica na economia mundial, para dilogo e cooperao centrados em temas financeiros. Por nove anos, o G20 funcionou em nvel de Ministros de Finanas.

    Em 2008, o ento Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, convidou os Lderes do G20 para reunio em Washington. A iniciativa sinalizou interesse e necessidade de cooperao internacional mais ampla, alm do marco delimitado pelo G8 (Alemanha, Canad, Estados Unidos, Frana, Itlia, Japo, Reino Unido e Rssia), para dar uma resposta mais eficaz crise gerada nas economias desenvolvidas a partir daquele ano. O G20 consolidou-se como foro de Chefes de Estado e Governo, que se rene anualmente, com objetivos mais ambiciosos do que o encontro de Ministros.

    Alm do Brasil, o G20 tem os seguintes integrantes: frica do Sul, Alemanha, Arbia Saudita, Argentina, Austrlia, Canad, China, Repblica da Coria, Estados Unidos, Frana, ndia, Indonsia, Itlia, Japo, Mxico, Reino Unido, Rssia, Turquia e Unio Europeia. Os pases que integram o G20 representam 90% do PIB mundial, 80% do comrcio internacional e 2/3 da populao mundial e 84 % da emisso de gases de efeito estufa.

    O G20 no uma organizao internacional, diversamente do que ocorre com o Fundo Monetrio Internacional e o Banco Mundial. Por essa razo, no possui secretariado permanente nem recursos prprios. A tarefa de preparao e seguimento dos entendimentos assumida pelo pas que exerce a presidncia de turno que muda anualmente, em rotao baseada em grupos de pases, buscando alternncia entre regies geogrficas e entre pases desenvolvidos e emergentes.

    Dentre os principais objetivos do G20 esto: coordenar polticas entre seus membros para promover o crescimento sustentvel e a estabilidade econmica; promover regulao financeira que reduza o risco de futuras crises financeiras e reformar a arquitetura financeira internacional.

    http://www.g20.org/

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    Os trabalhos preparatrios e de seguimento s cpulas so subdivididos em dois trilhos. O trilho dos representantes pessoais dos lderes (sherpas) coordenado pelo Itamaraty e o de Ministros de Finanas, pelo Ministrio da Fazenda. O sherpa brasileiro o Subsecretrio-Geral de Assuntos Econmicos e Financeiros, Embaixador Enio Cordeiro, que assessorado pelo Diretor do Departamento de Assuntos Financeiros e de Servios, Ministro Lus Antonio Balduino.

    1.3.2. Fundo Monetrio Internacional

    O Fundo Monetrio Internacional (FMI) uma organizao internacional que resultou da Conferncia de Bretton Woods (1944). Concebida no final da Segunda Guerra Mundial, seus idealizadores tinham por objetivo construir um arcabouo para cooperao que evitasse a repetio das polticas econmicas que levaram Grande Depresso dos anos 1930 e ao conflito global que se seguiu.

    Os objetivos declarados da organizao so promover a cooperao econmica internacional, o comrcio internacional, o emprego e a estabilidade cambial, inclusive mediante a disponibilizao de recursos financeiros para os pases membros para ajudar no equilbrio de suas balanas de pagamentos.

    Os 188 pases membros contribuem colocando disposio do FMI uma parte de suas reservas internacionais. Se necessrio, o Fundo utiliza esses recursos para operaes de emprstimo visando a ajudar pases que enfrentam desequilbrios de pagamentos. Os recursos so desembolsados mediante o cumprimento de requisitos estabelecidos em um programa negociado com o Fundo.

    Alm dos emprstimos para socorrer pases em dificuldades, o FMI faz um acompanhamento peridico da poltica econmica de seus membros e faz recomendaes. O secretariado do FMI elabora pesquisas, faz levantamentos estatsticos e apresenta previses econmicas globais, regionais e por pas. O Fundo tambm prov assistncia tcnica e treinamento na sua rea de competncia.

    diferena do que ocorre em outras organizaes internacionais, onde as decises so tomadas segundo o princpio de um pas um voto, o FMI segue um modelo corporativo de tomada de decises. O poder do voto de cada pas determinado pela proporo de quotas que possui no Fundo.

    A reviso da distribuio de quotas realizada periodicamente, constituindo oportunidade para que a instituio passe a refletir o aumento da participao relativa dos pases emergentes na economia mundial. O Brasil est empenhado na promoo da reforma do FMI, com vistas ao aumento do peso de economias emergentes e em desenvolvimento na instituio.

    A estrutura organizacional do FMI encabeada pela Assembleia de Governadores (onde o titular brasileiro o Ministro da Fazenda), que toma decises e elege o Conselho de Diretores. H apenas 24 diretores, o que faz com que muitos diretores representem um grupo de pases (constituency). No caso do Brasil, o Diretor brasileiro representa, alm do Pas, os seguintes membros: Cabo Verde, Equador, Guiana, Haiti, Nicargua, Panam, Repblica Dominicana, Timor Leste, Trinidad e Tobago.

    As diretrizes polticas da organizao so definidas em reunies bianuais de nvel ministerial do Conselho de Assuntos Financeiros e Monetrios. Essas reunies, realizadas geralmente na sede em abril e outubro, congregam um nmero de ministros correspondente ao nmero de diretores. No caso do Brasil, o representante o Ministro da Fazenda.

    1.3.3. Banco Mundial

    O Banco Mundial uma organizao internacional que surgiu da Conferncia de Bretton Woods (1944) para atender s necessidades de financiamento da reconstruo dos pases devastados pela Segunda Guerra Mundial. O nome oficial da instituio criada em Bretton Woods era "Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento" (BIRD). A instituio, que se capitalizou a partir da venda de ttulos ao mercado garantidos pelos pases membros, mudou gradualmente seu foco para os pases em desenvolvimento, muitos dos quais se tornaram naes independentes no ps-Guerra.

    http://www.imf.org/http://www.worldbank.org/

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    A estrutura da organizao tornou-se mais complexa e deu origem a outras instituies que hoje conformam o grupo Banco Mundial criadas para suprir demandas que o BIRD no podia atender. Em 1956, surgiu a Corporao Financeira Internacional (CFI), com o objetivo de promover a expanso do investimento privado nos pases em desenvolvimento. Seguiu-se, em 1960, a criao da Associao Internacional de Desenvolvimento (AID), que tornou possvel a concesso de emprstimos aos pases mais pobres que no preenchiam as condies para aceder aos emprstimos concedidos pelo BIRD. Entre os pases em desenvolvimento, o Brasil tem sido um dos maiores doadores da AID.

    O Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI) e a Agncia Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI) foram criadas respectivamente em 1966 e 1988, dentro da perspectiva de alavancar o investimento estrangeiro nos pases em desenvolvimento.

    O Banco Mundial tornou-se uma referncia importante por suas anlises e experimentos relacionados ao processo de desenvolvimento. A instituio j foi alvo de crticas, por financiar projetos que provocaram desastres ambientais ou desconsideraram impactos sociais. O Banco Mundial, entretanto, sofisticou seus procedimentos para elaborao, anlise e seguimento dos projetos que financia. Para os mais pobres pases em desenvolvimento do mundo, os planos de assistncia do Banco so baseados em estratgias de reduo da pobreza.

    O xito econmico de muitos pases em desenvolvimento, que hoje tm acesso a fontes de financiamento privado para seus investimentos, encorajou o Banco Mundial a reorientar seu foco priorizando os pases mais necessitados. Temticas como a proteo ao meio ambiente e a mudana do clima passaram a figurar com destaque na agenda da instituio.

    A estrutura organizacional do Banco Mundial assemelha-se do FMI, com uma Assembleia de Governadores, onde o poder de voto distribudo de acordo com a participao de cada pas como garante do capital do Banco em caso de inadimplncia, (algo que nunca ocorreu), e um Conselho de 25 Diretores, eleito a cada dois anos pelos 188 diretores. A Diretoria integrada pelo Brasil tambm representa os seguintes pases: Colmbia, Equador Filipinas, Guiana, Haiti, Repblica Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago.

    Em 2010, o poder de voto no Banco Mundial foi revisto para aumentar a voz dos pases em desenvolvimento. Os pases com maior poder de voto so, no momento, os Estados Unidos (com poder de veto), Japo, China, Alemanha, o Reino Unido, Frana, e ndia. Brasil, Coreia do Sul, Espanha, ndia, Mxico e Turquia, dentre outros, obtiveram ganhos significativos.

    As diretrizes polticas do Banco Mundial so discutidas e aprovadas em reunies bianuais (abril e outubro) de nvel ministerial no mbito do Comit de Desenvolvimento. O Comit composto por 25 membros, refletindo a composio do Conselho de Diretores.

    2. Direitos Humanos e Temas sociais 2.1. Poltica externa para direitos humanos

    A poltica externa para direitos humanos apresenta um pas aberto ao mundo, disposto a cooperar e a debater seus pontos fortes e fracos. A maneira transparente e construtiva com que enfrenta seus desafios e o modo no seletivo e no politizado com que aborda os direitos humanos fazem com que o Brasil seja visto internacionalmente como um interlocutor coerente e equilibrado.

    A Constituio Federal determina a prevalncia dos direitos humanos como um dos princpios que devem reger as relaes internacionais do Brasil, alm de abrir a possibilidade de que direitos reconhecidos em tratados internacionais se somem aos direitos e garantias fundamentais j consagrados no texto constitucional.

    Poltica externa para direitos humanos no plano multilateral

    O Brasil exerce, entre 2013 e 2015, seu terceiro mandato no Conselho de Direitos Humanos das Naes Unidas (CDH), tendo sido eleito com a expressiva votao de 184 sufrgios do total de 193 pases com direito a voto, o que representou o reconhecimento da comunidade internacional pelo empenho brasileiro na promoo e na proteo dos direitos humanos. Nesse rgo, o Brasil tem trabalhado pelo fortalecimento do CDH e enfatiza a no politizao e no seletividade; o combate a todas as formas de discriminao e o direito sade, bem como a ampliao da cooperao

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    entre os pases no combate a violaes transnacionais e no intercmbio de experincias bem-sucedidas. Os outros dois mandatos brasileiros no CDH foram entre 2006-2008 e entre 2009-2011.

    Composto por 47 pases, o CDH responsvel pelo fortalecimento da promoo e da proteo dos direitos humanos no mundo. Foi criado pela Assembleia Geral da ONU em 2006 e realiza, dentre outras iniciativas, a Reviso Peridica Universal, mecanismo que permite a avaliao da situao dos direitos humanos em todos os Estados-Membros das Naes Unidas.

    O Brasil aderiu quase totalidade dos instrumentos internacionais sobre a promoo e a proteo dos direitos humanos. Ademais, estende convite permanente para a visita de Relatores Especiais e Peritos Independentes do CDH dedicados a averiguar a situao dos direitos humanos pelo mundo. Cabe ao Itamaraty tratar das datas e dos locais das visitas junto s autoridades locais. Desde 1998, o Brasil j recebeu a visita de mais de vinte desses representantes.

    Ainda no plano multilateral, o Brasil tambm acompanha o trabalho dos comits encarregados de monitorar a implementao dos tratados de direitos humanos. Cabe ao Brasil ao Itamaraty, em coordenao com a Secretaria de Diretos Humanos (SDH) e outros rgos federais encaminhar relatrios peridicos sobre a promoo e a proteo no pas dos direitos consagrados nesses tratados.

    Poltica externa para direitos humanos no plano regional

    O Brasil participa ativamente dos trabalhos da Organizao dos Estados Americanos, e particularmente do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. A participao no sistema propiciou avanos no tratamento de questes crticas em reas como segurana pblica, combate ao racismo e ao trabalho escravo, melhoria das condies carcerrias e preveno da violncia contra mulheres. A eleio do brasileiro Roberto Caldas para o cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do brasileiro Paulo Vannuchi para integrar a Comisso Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) demonstra esse engajamento. Braslia sediou sesso extraordinria da Corte Interamericana em novembro de 2013.

    No MERCOSUL, os principais foros dedicados a esse tema so a Reunio de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH) e a Reunio de Autoridades sobre Povos Indgenas (RAPIM). A RAADH realizou em novembro de 2013 sua XXIV reunio, e conta com a participao das chancelarias e dos rgos de governo responsveis por direitos humanos, como a SDH, no caso brasileiro. A RAPIM dever ser criada na prxima Cpula do MERCOSUL e ser encarregada de tratar da promoo dos direitos dos povos indgenas. Pelo Brasil, o Itamaraty apoiar a liderana da Fundao Nacional do ndio (FUNAI) nesse rgo.

    Na UNASUL, o tratamento de direitos humanos dar-se- no Grupo de Alto Nvel de Cooperao e Coordenao em Direitos Humanos. O rgo ainda definir sua estrutura, sua agenda e suas formas de participao.

    2.2. Reviso peridica universal

    No mbito do Conselho de Direitos Humanos, o Brasil j participou duas vezes (2008 e 2012) do mecanismo de Reviso Peridica Universal, por meio do qual todos os membros da ONU so avaliados quanto a sua situao de proteo dos direitos humanos. A participao do Brasil nesse mecanismo capitaneada pelo Itamaraty, em coordenao com a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a Secretaria de Promoo de Polticas de Igualdade Racial (SEPPIR) e a Secretaria de Polticas para as Mulheres (SPM), entre outros.

    Em 2012, o Brasil recebeu 170 recomendaes nas mais diferentes reas, como desenvolvimento e incluso social; promoo da igualdade; educao; segurana alimentar; moradia adequada; defensores de direitos humanos; memria e verdade; segurana, justia e sistema prisional; crianas e adolescentes; pessoas com deficincia; pessoas idosas e povos indgenas. significativo que o Governo brasileiro tenha acolhido todas essas manifestaes com exceo de uma, que trata da estrutura das polcias no Brasil e que conflita com a Constituio brasileira.

    Esse elevado nmero de aceitaes reflete o comprometimento do Governo brasileiro com suas obrigaes internacionais em direitos humanos, ao dialogar de maneira transparente e cooperativa com os mecanismos internacionais que atuam de forma independente e imparcial, segundo padres multilateralmente estabelecidos.

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    Por meio desse mecanismo, a comunidade internacional pode tambm reconhecer o impacto positivo gerado por diversas polticas pblicas recentes para a implementao dos direitos humanos no Brasil. Quase um tero das recomendaes adotou a expresso "continuar os esforos" e duas delas se referiram a "compartilhar com outros pases as boas prticas e progressos alcanados", especialmente em matria de reduo da pobreza e de incluso social.

    2.3. Grupos vulnerveis

    A poltica externa para assuntos de gnero promove uma agenda orientada por valores como igualdade de gnero, empoderamento das mulheres, incluso econmica, reconhecimento de direitos sexuais e reprodutivos e enfrentamento da violncia contra a mulher.

    A diplomacia brasileira ativa no fortalecimento dos regimes internacionais de proteo de crianas, adolescentes e idosos. No mbito da OEA, h negociaes voltadas para a adoo de uma Conveno Interamericana dos Direitos da Pessoa Idosa. O Governo brasileiro tambm busca fazer avanar os debates sobre uma Conveno sobre idosos na ONU.

    Atribumos grande importncia ao processo de implementao da Declarao e Plano de Ao de Durban contra Discriminao Racial, Xenofobia e Intolerncia Correlata. Apoiamos a criao, pela CELAC, da Dcada dos Afrodescendentes Latinoamericanos e Caribenhos e trabalhamos para que o combate ao racismo e a promoo da igualdade racial sejam temas de destaque em foros regionais e multilaterais.

    A diplomacia brasileira tambm tem contribudo para mobilizar a comunidade internacional no enfrentamento violncia contra Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgneros (LGBT). Por iniciativa brasileira, em 2013 a Assembleia Geral da OEA aprovou a Conveno Interamericana contra Toda Forma de Discriminao e Intolerncia. Na ONU, temos atuado em favor do tratamento, pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH), da promoo e proteo dos direitos das pessoas LGBT.

    O Brasil est empenhado na implementao da Conveno Internacional das Pessoas com Deficincia, de 2007, e na promoo da incluso social desse grupo de pessoas. A diplomacia brasileira trabalha por novos avanos na rea, a exemplo da assinatura do Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas para Pessoas Cegas, com Deficincia Visual ou outras Deficincias.

    2.4. Novos temas

    Em 2013, a Assembleia Geral da ONU aprovou a resoluo A/RES/68/167, intitulada "O direito privacidade na era digital", originalmente proposta por Brasil e Alemanha. O fato de que foi aprovada pelo consenso dos 193 Estados-membros demonstra o reconhecimento pela comunidade internacional, de princpios universais defendidos pelo Brasil, como a proteo do direito privacidade e liberdade de expresso, especialmente contra aes extraterritoriais de pases em matria de coleta de dados, monitoramento e interceptao de comunicaes. O documento inovou, tambm, ao expressar o reconhecimento de que os direitos dos cidados devem ser protegidos tanto "offline" como "online". A resoluo prev que, no mbito das Naes Unidas, se d continuidade ao dilogo e se aprofundem as discusses sobre o direito privacidade nas comunicaes eletrnicas.

    O Governo brasileiro tambm est em engajado em aes internacionais relacionadas ao direito memria. O Brasil coopera com pases vizinhos no intercmbio de documentos relacionados a graves violaes de direitos humanos ocorridas durante os respectivos regimes militares iniciativa que constitui contribuio importante para os trabalhos da Comisso Nacional da Verdade.

    2.5. Temas sociais 2.5.1. Poltica externa para temas sociais

    Os avanos sociais alcanados pelo Brasil nos ltimos foram reconhecidos internacionalmente e despertaram interesse de outros pases pelas polticas pblicas brasileiras. O Brasil percebido como capaz de liderar uma agenda criativa e inovadora sobre temas sociais no plano internacional. A cooperao em tecnologias sociais tema de interesse dos nossos parceiros, especialmente na Amrica Latina e Caribe e na frica.

    http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/68/167

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    Alm de exprimirem e projetarem nossos valores no plano internacional, as parcerias e compromissos internacionais contribuem para aperfeioar as polticas pblicas nacionais nesse campo, proporcionando melhorias concretas na vida dos cidados.

    No sistema das Naes Unidas, a Organizao Mundial da Sade (OMS) coordena os trabalhos relacionados sade. Dentre as diversas atribuies da OMS esto: liderar os debates sobre temas como sade global, doenas no-transmissveis e HIV/AIDS; promover a pesquisa em sade; estabelecer normas e padres; fornecer apoio tcnico aos Estados; e atuar na preveno, avaliao, monitoramento e combate a pandemias. A Organizao Panamericana da Sade (OPAS) o Escritrio Regional para as Amricas da OMS, integrando simultaneamente os sistemas da OEA e da ONU.

    Criada em 1919, a Organizao Internacional do Trabalho (OIT) desempenha papel central na formulao e aplicao das normas internacionais nesse campo. O "trabalho decente", conceito formalizado em 1999, sintetiza a misso de promover oportunidades para que todos tenham um trabalho produtivo e de qualidade condio fundamental para superar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, garantir a governabilidade democrtica e promover o desenvolvimento sustentvel.

    O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o rgo da ONU responsvel por promover o desenvolvimento e trabalhar para eliminar a pobreza no mundo. Entre outras atribuies, cabe ao PNUD a coordenao e o monitoramento da implementao dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODMs).

    O Fundo de Populao das Naes Unidas (UNFPA), criado em 1969, a principal entidade da ONU na rea de populao e desenvolvimento. A Conferncia Internacional sobre Populao e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo em 1994, aprovou o "Programa de Ao do Cairo", que se transformou na pedra fundamental do trabalho do UNFPA.

    2.5.2. Sade

    Nos ltimos anos, a agenda global na rea de sade tem ganhado cada vez mais abrangncia, importncia e visibilidade. Nesse perodo, cresceu o protagonismo do Brasil nos debates da Organizao Mundial da Sade (OMS), no Programa das Naes Unidas para o HIV/AIDS (UNAIDS) e em outros foros. Nos ltimos anos, em complementao ao foco sobre doenas transmissveis e acesso a medicamentos, a atuao do Brasil foi fundamental para que a agenda internacional de sade incorporasse, entre suas discusses centrais, a preveno e tratamento de doenas crnicas no transmissveis, os determinantes sociais da sade e a universalizao dos sistemas de sade.

    2.5.3. Trabalho

    No plano internacional, o Governo brasileiro tem defendido em diversos foros, especialmente no G-20 Financeiro, a importncia das polticas de emprego e proteo social para fazer frente crise econmica internacional.

    O Brasil est empenhado para que a comunidade internacional d seguimento Agenda de Trabalho Decente da Organizao Internacional do Trabalho. Somos, tambm, um dos principais prestadores de cooperao trilateral Sul-Sul em parceria com a OIT, com projetos em diversos pases.

    Alm disso, o Brasil tem liderado os debates internacionais sobre a erradicao das piores prticas, em especial o trabalho escravo e infantil. Em outubro de 2013, o Brasil sediou a III Conferncia Global sobre Trabalho Infantil, com participao de 154 pases ocasio em que se aprovou a Declarao de Braslia sobre Trabalho Infantil.

    3. Diplomacia Cultural

    A diplomacia cultural um instrumento importante de aproximao entre os povos, contribuindo para abrir mercados para a indstria cultural e para o estabelecimento de vnculos culturais e lingusticos. , tambm, ferramenta para estimular os dilogos poltico e econmico, pois fomenta o entendimento mtuo e cria confiana, interesse e respeito entre as naes.

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    A diplomacia brasileira promove a divulgao da cultura e das artes brasileiras em suas mltiplas dimenses, procurando estimular a cooperao cultural e o ensino da lngua portuguesa. Se, por um lado, ressalta a singularidade de nossa cultura, por outro, revela as afinidades que a unem a outros povos particularmente significativas, j que nosso pas acolheu fluxos migratrios das mais diversas origens.

    No exterior, a difuso da cultura brasileira executada por meio dos setores culturais das Embaixadas e Consulados. Cabe-lhes coordenar-se com instituies culturais estrangeiras, entre as quais universidades, museus, festivais de cinema, salas de concerto e teatros. Para a consecuo dos objetivos culturais, o Ministrio vale-se do Programa Anual do Departamento Cultural, das Comisses Mistas Culturais e dos Programas Executivos Culturais. Na esfera pblica, so tradicionais parceiros do Itamaraty o Ministrio da Cultura, a Fundao Biblioteca Nacional, as Universidades federais e estaduais e as Secretarias de Cultura dos Estados e Municpios.

    O Ministrio divulga, igualmente, a literatura brasileira, por meio de traduo e publicao, no exterior, de escritores nacionais. Obras de diversos autores brasileiros clssicos e contemporneos tm sido traduzidas para idiomas estrangeiros, com apoio do Itamaraty.

    O Departamento Cultural do Itamaraty, responsvel pela difuso da cultura brasileira no exterior, est organizado em cinco unidades:

    A Diviso de Promoo da Lngua Portuguesa (DPLP) promove a difuso da lngua portuguesa na sua vertente falada no Brasil, bem como coordena a gesto da Rede Brasil Cultural, formada por Centros Culturais Brasileiros, Ncleos de Estudos Brasileiros e Leitorados.

    A Diviso de Operaes de Difuso Cultural (DODC) difunde e promove a cultura e a arte brasileiras em suas mltiplas e diversas vertentes e participa da negociao e da implementao de acordos bilaterais de cooperao cultural.

    A Diviso de Promoo do Audiovisual (DAV) tem a atribuio de promover o cinema nacional, a produo independente para a TV e a publicidade brasileira no exterior.

    A Coordenao de Divulgao (DIVULG) responsvel pela disseminao, no exterior, de informaes sobre a cultura, atualidades e outros aspectos da realidade brasileira, e pelo compartilhamento, no Brasil, de aspectos das polticas pblicas de outros pases que contribuam para o enriquecimento da discusso e da formulao de polticas nacionais.

    A Diviso de Acordos e Assuntos Multilaterais Culturais (DAMC) responde pelos temas de cultura tratados em organismos multilaterais, como UNESCO, MERCOSUL, UNASUL, OEA, CELAC e OEI.

    A Diviso de Temas Educacionais (DCE) cuida dos temas ligados Educao no Ministrio das Relaes Exteriores, como a cooperao educacional oferecida pelo Brasil e recebida de outros pases, organismos internacionais ou agncias estrangeiras; participa da negociao e acompanha a execuo de acordos referentes cooperao educacional; divulga oportunidades de bolsas de estudos oferecidas a brasileiros no exterior e estrangeiros no Brasil.

    Diviso de Promoo da Lngua Portuguesa (DPLP)

    Diviso de Promoo da Lngua Portuguesa (DPLP): promove a difuso da lngua portuguesa na sua vertente falada no Brasil, bem como coordena a gesto da Rede Brasil Cultural.

    Rede Brasil Cultural

    A Rede Brasil Cultural instrumento do Ministrio das Relaes Exteriores para a promoo da lngua portuguesa no exterior. Presente em mais de quarenta pases em todos os continentes, formada por vinte e quatro Centros Culturais, cinco Ncleos de Estudo e cerca de quarenta leitorados.

    Os Centros Culturais Brasileiros so extenses de embaixadas em que se oferecem cursos de lngua portuguesa, bem como atividades relacionadas cultura brasileira. Os primeiros centros resultaram de misses culturais enviadas pelo Itamaraty, nos anos 1940, a embaixadas na Amrica do Sul. As atividades dos Centros Culturais concentram-se no ensino da lngua portuguesa, em sua vertente brasileira. Alm de cursos regulares do idioma, os Centros Culturais oferecem

    http://dc.itamaraty.gov.br/http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DPLPhttp://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DODChttp://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DAVhttp://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DIVULGhttp://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DAMChttp://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=698:diplomacia-cultural&catid=38&Itemid=215&tmpl=component&print=1&layout=default&page=&lang=pt-br#DCEhttp://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/https://maps.google.com/maps/u/0/ms?hl=pt-BR&ie=UTF8&oe=UTF8&msa=0&msid=212143358079224373469.0004da1ad8008c85456dd&dg=feature

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    mdulos temticos como idioma para diplomatas, para militares e para funes jurdicas e preparatrios para o CELPE-Bras, exame de proficincia em lngua portuguesa.

    Os Ncleos de Estudos Brasileiros tambm esto vinculados a embaixadas do Brasil no exterior. Os Ncleos dedicam-se ao ensino da lngua portuguesa e promoo da cultura brasileira, mas tm estruturas menores que os Centros Culturais. Atualmente, esto localizados em Islamabade (Paquisto), Malabo (Guine Equatorial), Cidade da Guatemala (Guatemala) e Uruguai (Artigas e Ro Branco).

    Os Leitores Brasileiros so professores universitrios selecionados por concurso pblico promovido pela CAPES para atuar em universidades estrangeiras. Durante seu perodo no exterior, os leitores ministram aulas da vertente brasileira da lngua portuguesa, bem como trabalham temas relacionados s manifestaes culturais do Brasil.

    A Rede Brasil Cultural promove, ainda, o Portugus como Lngua de Herana junto sComunidades Brasileiras no Exterior. Anualmente, apoiam-se projetos que estimulem o aprendizado e a utilizao da lngua portuguesa por descendentes de brasileiros que vivem no exterior.

    Com apoio da Rede Brasil Cultural, aplica-se internacionalmente o CELPE-Bras, exame de proficincia em lngua portuguesa, vertente brasileira. Diversos Centros Culturais Brasileiros so postos aplicadores do exame no exterior. O CELPE-Bras aceito por empresas e instituies de ensino como comprovao de competncia na lngua portuguesa e, no Brasil, pr-requisito para que estudantes estrangeiros possam realizar cursos de graduao e ps-graduao.

    Para saber mais: http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br

    Para acompanhar notcias da Rede Brasil Cultural: www.facebook.com/redebrasilcultural

    Diviso de Operaes de Difuso Cultural (DODC)

    Cabe Diviso de Operaes de Difuso Cultural (DODC) promover e difundir, no exterior, a cultura brasileira em seus mais diversos aspectos, como as artes visuais, as artes cnicas, a msica e a literatura.

    Os principais instrumentos utilizados pela DODC para alcanar tais objetivos so os Programas de Difuso Cultural dos Postos no exterior (PDC); a instrumentalizao dos acordos bilaterais de cooperao cultural; e os projetos temticos voltados para a promoo da nova gerao de msicos, artistas visuais e dramaturgos brasileiros.

    Programa de Difuso Cultural (PDC)

    O PDC a programao executada com periodicidade anual pelos Postos (Embaixadas e Consulados), sob a coordenao da DODC. Os Postos avaliam quais manifestaes culturais podem despertar maior curiosidade no pas em que esto sediados e submetem proposta de programao cultural avaliao da DODC. Esta, ento, analisa as propostas, as aprova e administra, seguindo critrios pr-determinados, tais como disponibilidade oramentria; excelncia artstica; inovao; diversidade de manifestaes culturais; interesse local; potencial formador de mercado; repercusso na imprensa e fortalecimento das relaes culturais bilaterais e da coeso da comunidade brasileira residente naquele pas. Cada projeto executado novamente avaliado com base nos relatrios elaborados pelo Posto responsvel e pelos artistas envolvidos e na intensidade da repercusso nas imprensas local e brasileira.

    Acordos Bilaterais de Cooperao Cultural

    Compete tambm DODC coordenar a negociao e a implementao dos instrumentos jurdicos bilaterais que tm o objetivo de aproximar a cultura do Brasil daquelas de outros pases. A assinatura de acordos bilaterais culturais tem por desdobramento a criao e realizao peridica de reunies das chamadas Comisses Mistas (Comistas). Por meio destas, propem-se atividades conjuntas voltadas para o intercmbio cultural entre os pases e para a divulgao de suas artes. Um dos principais resultados das Comistas a elaborao peridica dos Programas Executivos Culturais, que visam execuo de propostas concretas de cooperao cultural, em perodos pr-definidos.

    https://maps.google.com/maps/ms?hl=pt-BR&ie=UTF8&oe=UTF8&msa=0&msid=212143358079224373469.0004e08be135ca55e560d&dg=featurehttp://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/http://www.facebook.com/redebrasilcultural

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    Novas Vozes do Brasil

    Lanado em 2011, o Projeto Novas Vozes do Brasil visa a levar alguns dos mais expressivos nomes da nova gerao da msica popular brasileira para apresentaes inditas no exterior, em especial, nos principais mercados fonogrficos mundiais. O apoio dado a artistas que estejam em fase inicial da carreira e que j tenham seus lbuns de estreia lanados no Brasil, com bom reconhecimento do pblico e da crtica especializada.

    Projeto de Residncias Artsticas no Exterior

    Lanado em 2011, o Projeto de Residncias Artsticas no Exterior consiste no apoio ao intercmbio de artistas brasileiros em renomadas instituies estrangeiras, tais como museus, centros culturais e escolas de arte. Uma vez no exterior, os artistas contemplados ganham a oportunidade de trocar experincias com artistas de diversas origens, alm de estudar tcnicas e materiais pouco conhecidos e de realizar workshops, exposies e projetos comunitrios. Cientes de que o acervo de artes do Itamaraty constitui-se em importante instrumento de divulgao das artes brasileiras no mundo, os artistas contemplados concordam em doar uma obra por eles criadas no mbito do projeto.

    Nova Dramaturgia Brasileira

    Lanado em 2013, em parceria com o Ministrio da Cultura e a Associao Cena Brasil Internacional, o Projeto Nova Dramaturgia Brasileira tem como objetivo ampliar a difuso internacional do teatro nacional.

    A estratgia do projeto centra-se na publicao, em diversos idiomas, de coletnea de obras de dramaturgos brasileiros contemporneos e na realizao, em paralelo, de leituras dramticas das obras, dado que a apresentao por artistas locais tende a despertar maior interesse no pblico.

    Como resultado, o projeto acaba por facilitar o estabelecimento de contatos entre atores, produtores, diretores e roteiristas brasileiros nos pases onde a coletnea lanada.

    Diviso de Promoo do Audiovisual (DAV)

    Diviso de Promoo do Audiovisual (DAV) tem por intuito divulgar, promover e apoiar a presena do cinema nacional, da produo independente para TV e da publicidade brasileira no exterior. Sua criao, em 2006, reflete um maior envolvimento institucional do MRE nas polticas pblicas relacionadas ao audiovisual, em articulao com outros rgos pblicos dedicados ao tema, como a Secretaria do Audiovisual do Ministrio da Cultura (SAV) e a Agncia Nacional do Cinema (Ancine). Busca-se, assim, uma afinao entre a poltica de consolidao da indstria audiovisual brasileira tanto no mbito nacional quanto no mbito externo.

    Entre as competncias da DAV est o apoio participao brasileira em festivais, mostras e outros eventos no exterior, por meio do envio de filmes e de profissionais da rea, alm da organizao e apoio diretos de mostras e festivais junto rede de Postos no exterior. Esses esforos inserem-se numa lgica de capacitao de pessoal e de prospeco de novas oportunidades comerciais para o setor audiovisual brasileiro, preocupaes que permeiam as iniciativas da Diviso.

    A nfase na capacitao de pessoal norteia a manuteno de uma linha de apoio a jovens talentos para participao em laboratrios de formao, e desdobra-se na realizao de oficinas de roteiro no Brasil que permitem o intercmbio de conhecimento com profissionais de importantes mercados cinematogrficos estrangeiros.

    A busca de oportunidades comerciais para as produes brasileiras concentra-se no s no incentivo a coprodues internacionais e no apoio a eventos especficos, mas igualmente na publicao de pesquisas de mercado audiovisual voltadas a identificar oportunidades de insero competitiva em determinados pases.

    Dessa maneira, cabe DAV apoiar e organizar mostras, festivais e exibies de produtos audiovisuais brasileiros em circuitos comerciais e alternativos, bem como nas instalaes dos Centros de Estudos Brasileiros, Institutos Culturais e Postos no exterior, apoiar a participao de diretores, atores, produtores e outros profissionais do setor audiovisual brasileiro, bem como de produtos audiovisuais brasileiros, em festivais, mostras e outros eventos no exterior; estimular a digitalizao, traduo e legendagem de produtos audiovisuais brasileiros para exibio no exterior; elaborar, coletar e

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    adquirir, bem como distribuir no Brasil ou no exterior, publicaes, folhetos e outros materiais para a promoo do audiovisual brasileiro, voltada a identificar oportunidades de insero competitiva em mercados estratgicos ao redor do mundo.

    Coordenao de Divulgao (DIVULG)

    A Coordenao de Divulgao (DIVULG) responsvel pela disseminao, no exterior, de informaes sobre a cultura, atualidades e outros aspectos da realidade brasileira. Alm disso, busca compartilhar, no Brasil, aspectos das polticas pblicas de outros pases que contribuam para o enriquecimento da discusso e da formulao de polticas nacionais.

    Por meio do Programa de Divulgao da Realidade Brasileira, planejado e executado em coordenao com a rede de Postos em todo o mundo, realiza exposies, palestras, concertos e programas de rdio.

    A DIVULG coordena, igualmente, o Programa Formadores de Opinio, que convida jornalistas e outras personalidades-chaves estrangeiros a visitarem o Brasil, para conhecer projetos exitosos em setores como cultura, cincia e tecnologia e infraestrutura, e levar a seus pases de origem informaes atualizadas sobre o Pas, ajudando a construir uma imagem do Brasil mais precisa, positiva e despida de esteretipos.

    A Coordenao edita, ainda, publicaes, em diversos idiomas, sobre temas como msica brasileira, culinria, capoeira, festas populares, teatro, futebol, moda, cultura sul-americana e outros. Essas publicaes so distribudas gratuitamente ao pblico, em especial por meio da rede de Postos. So publicados tambm volumes que compilam iniciativas de outros pases em diferentes esferas da ao pblica, como polticas de promoo da inovao, iniciativas em prol da educao bsica do e ensino mdio e polticas de promoo da igualdade racial, entre outros temas de especial importncia estratgica.

    Vrias das publicaes da DIVULG podem ser encontradas em formato digital na pgina do Departamento Cultural. Na mesma pgina so publicadas notcias sobre os eventos culturais realizados pelo Departamento Cultural.

    Diviso de Acordos e Assuntos Multilaterais Culturais (DAMC)

    Diviso de Acordos e Assuntos Multilaterais Culturais (DAMC) responsvel pelos temas de cultura tratados no mbito de organismos multilaterais. Compete DAMC negociar o contedo e a forma dos acordos multilaterais culturais, alm de acompanhar sua tramitao at a ratificao. Tambm coordena a participao do Brasil nos programas relacionados Conveno do Patrimnio Mundial e nas demais Convenes culturais no mbito da UNESCO, como a de Diversidade Cultural e Economia da Cultura e as de Patrimnio Material e Imaterial.

    No que se refere aos organismos multilaterais, cabe DAMC estabelecer as linhas de atuao junto UNESCO, em todas as reas de atuao da Organizao, ou seja, Educao, Cincias Naturais, Cincias Humanas, Cultura e Informao, em coordenao com as demais unidades pertinentes do MRE. Na Organizao, o Brasil defende o fortalecimento do mandato na defesa da cultura e da diversidade cultural, entendida como elemento essencial do desenvolvimento sustentvel, posio alinhada do documento final da Conferncia Rio+20, "O Futuro que Queremos"

    O Brasil apoia, ademais, o fortalecimento da atuao da UNESCO no campo da tica e da privacidade no ciberespao, com vistas preservao da credibilidade das tecnologias de comunicao e informao e sua utilizao como plataforma de desenvolvimento e de fortalecimento democrtico. O Pas sublinha a importncia da promoo da diversidade cultural e do multilinguismo no ambiente digital.

    Ainda, a DAMC atende s demandas de natureza cultural surgidas nos demais organismos multilaterais, incluindo os regionais, como: i) Conselho Sul-Americano de Cultura; ii) MERCOSUL Cultural; iii) UNASUL, iv) Organizao dos Estados Iberoamericanos (OEI); v) Organizao dos Estados Americanos (OEA); e vi) Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC).

    Diviso de Temas Educacionais (DCE)

    http://dc.itamaraty.gov.br/

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    Cooperao educacional

    A cooperao em temas educacionais um instrumento poltico para promover a aproximao entre os Estados por meio de suas sociedades. Iniciativas brasileiras nessa rea em parceria com outros pases em desenvolvimento contribuem para projetar o Brasil como pas cuja atuao internacional solidria. Ademais, a convivncia com outras culturas, o aprendizado de idiomas estrangeiros e a troca de experincias levam formao de um ambiente de integrao e conhecimento mtuo, propiciando maior compreenso, respeito diversidade e tolerncia.

    Veja a seguir algumas iniciativas da Diviso de Temas Educacionais, em parceria com outros pases, organismos internacionais e rgos governamentais:

    Programa Cincia sem Fronteiras

    Em parceria com o Ministrio da Educao e com o Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao, o Itamaraty acompanha a implementao no exterior do programa Cincia sem Fronteiras (CsF). Desde 2011, ano de criao do Programa, foram concedidas mais de 80 mil bolsas de estudo. Em 25 de junho de 2014, a segunda fase do programa foi anunciada pela Presidenta da Repblica.

    O governo federal conceder 100 mil novas bolsas de estudo at 2019, a fim de seguir estimulando o intercmbio acadmico em reas de conhecimento consideradas prioritrias para o desenvolvimento nacional. As bolsas do programa permitem tanto o envio de universitrios e pesquisadores brasileiros para instituies de ensino no exterior, como a atrao de acadmicos estrangeiros para as universidades e centros de pesquisa brasileiros.

    Programa de Apoio a Estudantes Brasileiros (PAEB)

    Por meio da rede Embaixadas e Consulados brasileiros no exterior, o Itamaraty presta apoio aos bolsistas brasileiros do Cincia sem Fronteiras no exterior por meio do Programa de Apoio a Estudantes Brasileiros. Veja aqui algumas aes implementadas no mbito do PAEB, como seminrios e encontros de orientao a bolsistas.

    Consulte os manuais voltados a bolsistas brasileiros do Cincia sem Fronteiras elaborados por nossos Consulados e Embaixadas em alguns pases de destino.

    Saiba mais acessando o site da Diviso de Temas Educacionais do Itamaraty.

    Programa de Estudantes-Convnio de Graduao (PEC-G)

    Vagas em cursos de graduao em universidades brasileiras para estudantes de pases em desenvolvimentos com o quais o Brasil tem acordo de cooperao educacional

    Consulte o Manual do estudante-Convnio atualizado

    Programa de Estudantes-Convnio de Ps-Graduao (PEC-PG)

    Bolsas de ps-graduao em universidades brasileiras para estudantes de pases em desenvolvimentos com o quais o Brasil tem acordo de cooperao educacional

    Oportunidades de bolsas de estudos oferecidas a brasileiros por governos estrangeiros e organismos internacionais

    4. Desenvolvimento sustentvel e meio ambiente 4.1. O Brasil e o meio ambiente

    A discusso sobre o desenvolvimento sustentvel realizada em foros multilaterais tem grande relevncia para a formao de polticas nacionais e conta com o engajamento da sociedade civil. O Brasil desempenha papel de crescente

    http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csfhttp://www.dce.mre.gov.br/paeb.phphttp://www.dce.mre.gov.br/paeb.phphttp://www.dce.mre.gov.br/paeb.phphttp://www.dce.mre.gov.br/csf.phphttp://www.dce.mre.gov.br/index.phphttp://www.dce.mre.gov.br/PEC/PECG.phphttp://www.dce.mre.gov.br/PEC/PECG.phphttp://www.dce.mre.gov.br/PEC/G/docs/Manual_do_Estudante-Convenio.pdfhttp://www.dce.mre.gov.br/PEC/PECPG.phphttp://www.dce.mre.gov.br/PEC/PECPG.phphttp://www.dce.mre.gov.br/oportunidades.html

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    importncia no tema, tanto pelos recentes avanos domsticos nos aspectos ambiental, social e econmico quanto por sua consistente atuao nos foros internacionais.

    O Brasil sediou as duas conferncias internacionais sobre sustentabilidade mais importantes da histria: a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92) e a Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel (Rio+20).

    A Rio92 consolidou o conceito de desenvolvimento sustentvel como a promoo simultnea e equilibrada da proteo ambiental, da incluso social e do crescimento econmico. Nessa conferncia, o Brasil assumiu postura ambiciosa nas discusses e teve papel determinante na aprovao de documentos cruciais, como a Agenda 21, a Declarao do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Declarao de Princpios sobre Florestas e as Convenes sobre Biodiversidade, sobre Mudana Climtica e sobre Desertificao.

    4.2. Desenvolvimento Sustentvel 4.2.1. O Brasil e o desenvolvimento sustentvel

    A discusso sobre o desenvolvimento sustentvel realizada em foros multilaterais tem grande relevncia para a formao de polticas nacionais e conta com o engajamento da sociedade civil. O Brasil desempenha papel de crescente importncia no tema, tanto pelos recentes avanos domsticos nos aspectos ambiental, social e econmico quanto por sua consistente atuao nos foros internacionais.

    O Brasil sediou as duas conferncias internacionais sobre sustentabilidade mais importantes da histria: a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92) e a Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel (Rio+20).

    A Rio92 consolidou o conceito de desenvolvimento sustentvel como a promoo simultnea e equilibrada da proteo ambiental, da incluso social e do crescimento econmico. Nessa conferncia, o Brasil assumiu postura ambiciosa nas discusses e teve papel determinante na aprovao de documentos cruciais, como a Agenda 21, a Declarao do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Declarao de Princpios sobre Florestas e as Convenes sobre Biodiversidade, sobre Mudana Climtica e sobre Desertificao.

    4.2.2. Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel (ODS)

    Desde 2013, seguindo mandato da Conferncia Rio+20, as Naes Unidas vm discutindo um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel (ODS), que devero orientar as polticas nacionais e as atividades de cooperao internacional nos prximos quinze anos, sucedendo os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM).

    As discusses se desenvolveram ao longo de 13 sesses, entre maro de 2013 e julho de 2014, no mbito de Grupo de Trabalho Aberto, formado por 70 pases membros da Assembleia Geral. O Brasil participou de todas as sesses, em assento compartilhado com a Nicargua. O Grupo de Trabalho chegou a uma proposta que contm 17 Objetivos e 169 metas, envolvendo temticas diversificadas, como erradicao da pobreza, segurana alimentar e agricultura, sade, educao, igualdade de gnero, reduo das desigualdades, energia, gua e saneamento, padres sustentveis de produo e de consumo, mudana do clima, cidades sustentveis, proteo e uso sustentvel dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econmico inclusivo, infraestrutura e industrializao, governana, e meios de implementao. Confira a ntegra da proposta de ODS.

    O Brasil desempenhou papel fundamental na implementao dos ODM e tem mostrado grande empenho no processo em torno dos ODS, com representao nos diversos comits criados para apoiar o processo ps-2015. Tendo sediado a primeira Conferncia sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), bem como a Conferncia Rio +20, em 2012, o Brasil tem um papel importante a desempenhar na promoo da Agenda Ps-2015. As inovaes brasileiras em termos

    http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/ODS-port.pdf

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    de polticas pblicas tambm so vistas como contribuies para a integrao das dimenses econmica, social e ambiental do desenvolvimento sustentvel.

    A coordenao nacional em torno da Agenda Ps-2015 e dos ODS resultou no documento de "Elementos Orientadores da Posio Brasileira", elaborado a partir dos trabalhos de seminrios com representantes da sociedade civil; de oficinas com representantes das entidades municipais organizadas pela Secretaria de Relaes Institucionais/PR e pelo Ministrio das Cidades; e das deliberaes do Grupo de Trabalho Interministerial sobre a Agenda Ps-2015, que reuniu 27 Ministrios e rgos da administrao pblica federal.Confira o documento que contm os elementos orientadores da posio brasileira.

    4.2.3. Agenda de Desenvolvimento Ps-2015

    A Agenda de Desenvolvimento Ps-2015 pode ser definida como o conjunto de diretrizes que nortear as aes da ONU e de seus Estados-Membros com vistas promoo do desenvolvimento aps 2015. Nesse ano termina a vigncia dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM) e dever ser finalizado o processo de definio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentvel (ODS), lanado na Rio+20.

    O Brasil considera que a Agenda dever promover a continuidade dos esforos para a erradicao da pobreza, iniciados pelos ODM, e a efetiva integrao das trs dimenses do desenvolvimento sustentvel a social, a econmica e a ambiental. A Agenda vem sendo discutida em diversos foros, como o Grupo de Trabalho Aberto sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel (GTA/ODS) e o Evento Especial sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, ocorrido em setembro de 2013, que avaliou os resultados alcanados pelos ODM at aquele momento e discutiu formas de integr-los na Agenda de Desenvolvimento Ps-2015.

    4.3. Meio ambiente e mudana do clima 4.3.1. Biodiversidade

    A Conveno sobre Diversidade Biolgica (CDB) aberta para assinatura na Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992 tem como objetivos a conservao da diversidade biolgica, o uso sustentvel de seus componentes e a repartio justa e equitativa dos benefcios decorrentes da utilizao dos recursos genticos. Alm disso, reconhece a soberania dos pases sobre seus recursos genticos bem como o direito de cada pas determinar, por lei nacional, o regime de acesso aos recursos de sua biodiversidade. O Brasil foi o primeiro pas a assinar a Conveno, a tendo ratificado em 1994.

    Pas megadiverso, o Brasil possui a maior cobertura florestal tropical do mundo e concentra cerca de 12% da biodiversidade do planeta. O Governo brasileiro tem sido um dos mais atuantes nas negociaes desencadeadas pela Conveno, em razo da importncia que tm os recursos da diversidade biolgica para o desenvolvimento econmico e social do pas. Os Estados-Partes da Conveno se renem a cada dois anos em Conferncias das Partes (COP). O atual Secretrio-Executivo da CDB o brasileiro Brulio Dias.

    Na 10 Conferncia das Partes da CDB (COP-10), realizada em Nagoia, em 2010, aprovou-se um Plano Estratgico para a Conservao da Biodiversidade para o perodo de 2011 a 2020, com 20 metas para a reduo da perda de biodiversidade. Estas sero implementadas por cada pas de acordo com suas circunstncias, necessidades e capacidades nacionais.

    Durante a COP-10, concluram-se as negociaes para um regime sobre repartio de benefcios da utilizao de recursos genticos e de conhecimentos tradicionais associados e, com isso, adotou-se o Protocolo de Nagoia sobre Acesso a Recursos Genticos e Repartio Justa e Equitativa de Benefcios Derivados de sua Utilizao. Espera-se que, uma vez em vigor, auxilie no combate biopirataria e na proteo dos direitos dos povos indgenas e comunidades locais. O Brasil foi um dos primeiros a assinar o Protocolo de Nagoia, cujo texto encontra-se em anlise no Congresso Nacional. O Protocolo entrar em vigor quando 50 pases o tiverem ratificado.

    O acesso aos recursos da biodiversidade tambm discutido no mbito da Comisso de Recursos Genticos (CRGAA) da FAO e do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenticos para Alimentao e Agricultura (TIRFAA), adotado em 2004. Reunindo a maior biodiversidade do planeta com setores de pesquisa e produo agrcola avanados, o Brasil sempre foi

    http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/ODS-pos-bras.pdfhttp://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/ODS-pos-bras.pdfhttp://www.cbd.int/http://www.cbd.int/abs/http://www.cbd.int/abs/http://www.fao.org/nr/cgrfa/cgrfa-home/en/http://www.planttreaty.org/

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    um dos mais atuantes nesses fruns. A Comisso possui mandato negociador sobre recursos genticos vegetais, animais, florestais, aquticos, de invertebrados e microorganismos de interesse para a segurana alimentar. O TIRFAA enfoca as espcies vegetais utilizadas na alimentao e agricultura e criou sistema de acesso facilitado a 64 espcies vegetais que formam a base de 80% da alimentao humana. O Tratado tambm estabelece mecanismo multilateral de repartio de benefcios que prev o compartilhamento de pesquisas realizadas ou o pagamento de percentual pelos benefcios comerciais auferidos.

    O Brasil empenhou-se para a criao da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Servios Ecossistmicos (IPBES), que promove a interface entre cincia e polticas pblicas relacionadas biodiversidade. Estabelecida em 2012 como um frum intergovernamental independente, aberta a todos os membros das Naes Unidas, a IPBES conta com 114 membros. No estando vinculada a uma conveno especfica, a IPBES pode responder a solicitaes tanto dos Estados-Partes, como das convenes relacionadas biodiversidade a exemplo da CDB da Conveno sobre o Comrcio Internacional das Espcies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extino (CITES), da Conveno das Naes Unidas de Combate Desertificao (UNCCD), da Conveno sobre Espcies Migratrias (CMS) ou da Conveno de Ramsar.

    4.3.2. Biossegurana

    Questes que envolvem biossegurana e, particularmente, organismos vivos modificados (OVMs) aqueles cujo material gentico foi modificado pela introduo de gene modificado ou pertencente a outra variedade ou espcie tm provocado debates, em especial nas comunidades cientfica e acadmica e nos setores ambiental, agroindustrial e comercial.

    No plano internacional, o principal document