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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Sistemática Molecular de Thaptomys Thomas, 1916 (Rodentia, Cricetidae) Juçara Albina da Silva Gomes Vitória, ES Fevereiro, 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Sistemática Molecular de Thaptomys Thomas, 1916

(Rodentia, Cricetidae)

Juçara Albina da Silva Gomes

Vitória, ES

Fevereiro, 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Sistemática Molecular de Thaptomys Thomas, 1916

(Rodentia, Cricetidae)

Juçara Albina da Silva Gomes

Orientador(a): Valéria Fagundes

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências Biológicas (Biologia Animal) da Universidade

Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Biologia Animal.

Vitória, ES

Fevereiro, 2008

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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Gomes, Juçara Albina da Silva, 1982- G633s

Sistemática molecular de Thaptomys Thomas, 1916 (Rodentia, Cricetidae) / Juçara Albina da Silva Gomes. – 2008.

45 f. : il. Orientadora: Valéria Fagundes. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) – Universidade

Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais.

1. Diversidade biológica. 2. Citocromo b. 3. Thaptomys. I.

Fagundes, Valéria. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Humanas e Naturais. III. Título.

CDU: 57

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AGRADECIMENTOS

Diversas pessoas colaboraram direta ou indiretamente para este trabalho, com

sugestões, idéias, críticas e opiniões. Outros contribuíram com amizade, carinho e afeto,

provavelmente os ingredientes mais importantes para um bom trabalho. Temendo esquecer

alguém, agradeço a todos que conviveram comigo, torceram por mim e/ou me ajudaram de

alguma forma nesses últimos dois anos, em especial algumas pessoas que gostaria de

destacar:

À minha orientadora, Profª Drª Valéria Fagundes, a quem admiro e respeito

e com quem aprendi muito nos últimos três anos. Val, obrigada por todo o

apoio, dedicação e paciência.

Ao Dr. Ulyses F. J. Pardinãs pela doação dos tecidos da Argentina e pela

atenção demonstrada em muitos e-mails trocados.

Ao Dr. Guillermo D’Élia pela doação de uma das seqüências de Thaptomys

da Argentina.

Aos Profs. Drs. Leonora Costa e Yuri Leite pela concessão de alguns

tecidos de Thaptomys de Minas Gerais.

À Profª Drª Lena Geise pela concessão de tecidos do Rio de Janeiro.

À Profª Drª Renata Pardini pela concessão de tecidos de São Paulo e Bahia.

À Raquel Teixeira Moura pela doação de tecidos da Bahia.

Ao Prof. Dr. João Alves Oliveira pela concessão de tecidos do Paraná.

A Conservation International, pela bolsa concedida no programa CEPF

(Critical Ecosystem Partnership Fund).

Ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico), pela bolsa concedida através do Programa de Taxonomia.

À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (FAPES) pelo

financiamento de projeto de pesquisa (Processo 31.179.103/2005)

Ao Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Município de Vitória

(FACITEC) pelo financiamento de projeto de pesquisa (Processo

4.355.161/06)

À Profª Drª Patrícia Fernandes (UFES) e ao Núcleo de Genética Humana e

Molecular (NGHM) pela disponibilização do espaço físico e equipamentos

em muitos momentos da execução deste trabalho.

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A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal

(PPGBAN) com quem aprendi muito nesses dois anos de mestrado.

Ao nosso estimado Secretário do PPGBAN Bruno Reggio, pelos muitos

favores prestados. Bruno, o que seria de nós, pobres alunos do mestrado,

sem você.

À minha família, irmãos, sobrinhos e cunhadas (e cunhado também) por

sempre confiar e acreditar em mim, especialmente meu pai, Seu Fernando,

minha mãe, Dona Maria e meu irmão mais novo, Johnathan, pelo apoio,

incentivo e dedicação durante todos estes anos e principalmente pela

paciência em agüentar muitas das minhas crises. Família, muito obrigada

por sempre acreditar na minha capacidade de atingir meus objetivos. Amo

muito vocês.

Aos amigos do Laboratório de Genética Animal: Arturo Martinelli, Clara

Scarpati, Cristie Setúbal, Ernesto Pozzatto, Leonardo Baião, Lorena Dinelli,

Ludmilla Coutinho, Lucas Vianna, Roberta Paresque, Sara Posses, Victor

Colombi; e em especial às amigas Marianna Machado e Núbia Thomazini

pelos muitos momentos vividos juntas durante os últimos três anos. Galera,

obrigada pela torcida e principalmente, pela compreensão nos meus

momentos de desespero.

À turma de mestrado 2006, principalmente aos amigos Geovanni Loiola,

Silvia Lopes e Vilácio Caldara Júnior. Amigos, mais uma conquista que

obtivemos juntos. Torço muito por vocês, sempre.

Às minhas amigas Carla Zandonadi, Núbia Thomazini e Silvia Lopes por

toda amizade, companheirismo e paciência, principalmente nos momentos

mais delicados da execução deste trabalho. Meninas, obrigada por tudo. A

amizade de vocês foi, é e sempre será muito importante na minha vida.

Aos amigos da graduação, turma 2001/1, que mesmo distantes estiveram

presentes nestes últimos anos. Muitas saudades de todos vocês.

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SUMÁRIO

Lista de tabelas................................................................................................................... 07

Lista de figuras................................................................................................................... 08

Resumo .............................................................................................................................. 09

Abstract .............................................................................................................................. 11

Introdução .......................................................................................................................... 12

Material e Métodos ........................................................................................................... 14

Amostras, extrações e sequenciamento ........................................................................ 14

Análise das Sequências ................................................................................................. 18

Análises Intrapopulacionais ......................................................................................... 18

Análises Interpopulacionais ......................................................................................... 18

Relações filogenéticas intraespecíficas ........................................................................ 19

Resultados........................................................................................................................... 20

Caracterização genética das populações ...................................................................... 20

Análises demográficas das populações ......................................................................... 24

Análises interpopulacionais .......................................................................................... 26

Relações filogenéticas .................................................................................................... 27

Testando os cenários hipotéticos .................................................................................. 28

Discussão............................................................................................................................. 33

Composição Sistemática de Thaptomys ....................................................................... 35

Referências ........................................................................................................................ 39

Apêndice ............................................................................................................................ 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Procedência, número de indivíduos (n) e número diplóide (2n) de

Thaptomys.........................................................................................................................

16

Tabela 2. Posição dos 71 sítios polimórficos em cada haplótipo (H) determinado por

833 pb do gene mitocondrial citocromo b em

Thaptomys..................................................................................................................................................

21

Tabela 3. Freqüências relativas (em porcentagem) de cada haplótipo do gene

mitocondrial citb de Thaptomys por localidade. No quadrado sombreado estão

localidades distantes entre si a menos de 200 km. Abreviações para as localidades

estão na Tabela 1...............................................................................................................

22

Tabela 4. Número de haplótipos (nH), número de sítios polimórficos por população

(nSP), diversidade haplotípica (h), diversidade nucleotídica (dn), testes de distribuição

de freqüências pareadas (SSD e τ) e valores dos testes D de Tajima e Fs de Fu de

Thaptomys. Abreviações para as localidades estão na Tabela 1.......................................

23

Tabela 5. Valores par-a-par de Φst entre as populações (abaixo) e distância geográfica

em quilômetros entre as populações (acima)....................................................................

26

Tabela 6. Número de migrantes por geração (Nm) para cada par de populações............ 27

Tabela 7. Análise da variação genética (AMOVA) entre grupos, testando os diferentes

cenários da organização taxonômica em Thaptomys........................................................

32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cenários hipotéticos da organização taxonômica. a) Thaptomys é um gêneno

monotípico, segundo Musser & Carleton (2005); b) Thaptomys é subdividido em dois

táxons, segundo Cabrera (1961); c) Thaptomys é dividido em dois táxons com

cariótipos distintos, segundo Ventura et al. (2004); d) Thaptomys é dividido em dois

táxons, com uma forma variante, segundo Moreira (2007)...............................................

15

Figura 2. Localidades de Thaptomys no Brasil e Argentina (AR). UNA=Una, BA;

EBSL=Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES; PEPA=Parque Estadual da

Pedra Azul, Domingos Martins, ES; PNC=Parque Nacional do Caparaó, Dores do Rio

Preto, ES; FER=Fervedouro, MG; OPR=Ouro Preto, MG; PNI=Parque Nacional de

Itatiaia, RJ; PSQ=Santa Rita do Passa-Quatro, MG; DMR=Delfim Moreira, MG;

SJBV=São João da Boa Vista, SP; RMG=Reserva de Morro Grande, Ibiúna, SP;

EBB=Estação Biológica de Boracéia, Salesópolis, SP; IGU=Iguape, SP;

PIR=Piraquara, PR; MAQ=Maquiné, RS; MIS=Arroio Cuña Pirú, Misiones,

Argentina............................................................................................................................

17

Figura 3. Distribuição das diferenças nucleotídicas par-a-par entre os indivíduos de

cada população (distribuição mismatch) de Thaptomys. As colunas indicam as

freqüências observadas, enquanto as linhas indicam a freqüência esperada baseada no

modelo de expansão populacional. Os valores do eixo X indicam o número de

diferenças entre os haplótipos e o eixo Y a freqüência dos haplótipos.............................

25

Figura 4. Rede de haplótipos representando as relações filogenéticas entre os

haplótipos do gene citb. O tamanho dos círculos é proporcional à freqüência de cada

haplótipo na amostra total. Os haplótipos estão designados na Tabela 3..........................

29

Figura 5. Árvores filogenéticas: a) Método de Parcimônia; b) Método de Máxima

Verossimilhança utilizando o modelo TrN + G + I. Valores de bootstrap acima de 50%

estão representados sobre os galhos. Akodon orophilus (Aor), Akodon cursor (Acu),

Necromys lasiurus (Nla), Necromys urichi (Nur) e Oxymycterus delator (Ode) foram

utilizados como grupos externos. Para detalhes, ver Tabela 3..........................................

30

Figura 6. Cenário hipotético da organização sistemática de Thaptomys, baseado em

dados de seqüências de DNA: Thaptomys é subdividido em quatro filogrupos distintos

geneticamente.....................................................................................................................

31

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RESUMO

Thaptomys é um gênero monotípico, sendo Thaptomys nigrita sua única espécie

reconhecida, embora a história taxonômica do gênero revele que mais de uma espécie já

foi descrita na literatura. Atualmente, existem quatro cenários taxonômicos apresentados

na literatura para o gênero: 1) Uma única espécie, sem divisão subespecífica, com grande

distribuição geográfica; 2) Uma espécie com duas subespécies, sendo Thaptomys nigrita

nigrita distribuída entre o sul da Bahia até o norte de Santa Catarina e Thaptomys nigrita

subterraneus distribuída do sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul, incluindo o

leste do Paraguai e o nordeste da Argentina; 3) Duas espécies com distinção cariotípica,

sendo Thaptomys sp. restrita ao sul da Bahia com 2n=50 e Thaptomys nigrita ocorrendo no

restante da distribuição do gênero com 2n=52; 4) Duas espécies, com uma forma variante,

com diferenciação morfológica, sendo Thaptomys sp. encontrado no sul da Bahia e

Thaptomys nigrita representado pelo indivíduos encontrados no resto da distribuição do

gênero, e uma forma variante encontrada no Paraná. Dessa forma, o objetivo deste trabalho

foi avaliar os quatro cenários de divisão do gênero Thaptomys utilizando marcadores

moleculares, e testar a existência de mais de uma unidade taxonômica para o gênero, a

partir do estudo de 833 pb do gene nuclear citocromo b (citb). Para isso foram feitas

análises de variabilidade genética intrapopulacionais, análises de demográficas das

populações, análises filogenéticas e análises de variação molecular interpopulacional

(AMOVA). Nossos resultados revelaram que as populações das extremidades da

distribuição de Thaptomys se encontram em equilíbrio demográfico e as populações do

centro da distribuição estão em expansão populacional. Os tempos desde a expansão

revelam que as populações do norte se expandiram em direção ao sul e as populações do

sul em direção ao norte. As análises filogenéticas e as análises de AMOVA revelam a

existência de quatro unidades evolutivamente significantes. Dessa forma, propomos a

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existência de quatro unidades taxonômicas para o gênero Thaptomys: Thaptomys sp1, com

2n=50 para o sul da Bahia, Thaptomys nigrita para Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro e norte de São Paulo, com 2n=52; Thaptomys sp 2 para o centro e leste de São

Paulo e Thaptomys subterraneus para sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul, incluindo

o nordeste da Argentina.

PALAVRAS-CHAVE: Diversidade populacional, Citocromo b, Thaptomys

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ABSTRACT

Thaptomys is a monotypic genus. Thaptomys nigrita is only species recognized to

the genus to the moment, although the taxonomic history of genus reveals more than one

species has been described in the literature. Currently, there are four scenarios presented in

taxonomic literature for the genus: 1) A single species, without subspecies, with wide

geographical distribution, 2) One species with two subspecies, being Thaptomys nigrita

nigrita distributed between southern of Bahia to northern of Santa Catarina and Thaptomys

nigrita subterraneus distributed south of São Paulo to the north of Rio Grande do Sul,

including eastern of Paraguay and northeastern of Argentina; 3) Two species with

karyotype distinction, being Thaptomys sp. restricted to the south of Bahia with 2n = 50

and Thaptomys nigrita occurring in the rest of the genus distribution with 2n = 52, 4) Two

species with morphological differentiation and one variant form, being Thaptomys sp.

found in southern of Bahia and Thaptomys nigrita represented by the individuals found in

the rest of the distribution of the genus, and a variant form found in Paraná. Thus, the

objective of this study was to evaluate the four scenarios to the genus Thaptomys using

molecular markers, and to test the existence of more than one taxonomic unit for the genus,

from the study of 833 bp of nuclear gene cytochrome b (cit b). For this, we used population

genetics analyzes, phylogenetic analyzes and analyzes of molecular variation (AMOVA).

Our results revealed that the populations of the ends of the distribution are balanced

demographic and population center of the distribution are expanding population. The time

since the expansion reveal that the northern populations expanded to southward and

southern populations expanded to northward. Phylogenetic analyzes and AMOVA reveal

the existence of four evolutionarily significant units. Thus, we propose the existence of

four taxonomic units for the genus Thaptomys: Thaptomys sp1, with 2n = 50 to the south of

Bahia, Thaptomys nigrita to Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro and north of São

Paulo, with 2n = 52; Thaptomys sp 2 to the center and east of São Paulo and Thaptomys

subterraneus to south of São Paulo to Rio Grande do Sul, including northeastern to

Argentina.

KEY WORDS: Population genetics, Cytochrome b, Thaptomys

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INTRODUÇÃO

O gênero Thaptomys Thomas, 1916 pertence à família Cricetidae, subfamília

Sigmodontinae, tribo Akodontini. Na compilação mais recente de mamíferos do mundo,

Thaptomys é um gênero monotípico, endêmico da América do Sul, distribuído desde a

Bahia até o Rio Grande do Sul na costa atlântica brasileira, leste do Paraguai e nordeste da

Argentina (Musser & Carleton 2005). Os roedores desse gênero apresentam olhos

reduzidos, cauda extremamente curta, rostro curto, ossos nasais longos e incisivos

proodontes, caracteres associados ao hábito semifossorial. Apresentam hábitos

predominantemente diurnos e parecem não realizar grandes deslocamentos migratórios,

sendo sua área de vida inferior a 100 metros (Hershkovitz 1998). Thaptomys nigrita

Lichtenstein, 1829 é a única espécie atualmente reconhecida nesse gênero (Musser &

Carleton 2005).

Embora atualmente monotípico, a história taxonômica de Thaptomys revela que

mais de uma espécie já foi reconhecida para o gênero. Lichtenstein (1829) descreveu Mus

nigrita, com localidade-tipo nos arredores do Rio de Janeiro. Mais tarde essa espécie foi

transferida para o gênero Hesperomys por Wagner (1843). Em 1873, Hensel descreveu a

espécie Hesperomys subterraneus, com a localidade-tipo restrita à Taquara do Mundo

Novo, Rio Grande do Sul. Em 1898, Trouessart incluiu M. nigrita e H. subterraneus no

gênero Akodon, sem especificar subgêneros, sendo as espécies chamadas de A. nigrita e A.

subterraneus. Em 1916, Thomas descreveu o gênero Thaptomys para acomodar a espécie

Hesperomys subterraneus Hensel, 1873, tornando Taquara do Mundo Novo, Rio Grande

do Sul a localidade-tipo de Thaptomys. Em 1932, Gyldenstolpe incluiu A. nigrita no

gênero Thaptomys, ficando o gênero representado por duas espécies: Thaptomys

subterraneus e Thaptomys nigrita. Contudo, Ellerman (1941) considerou Thaptomys

subgênero de Akodon, embora o considerasse “um grupo bem diferenciado” dentro da tribo

Akodontini, chamando as espécies de Akodon (Thaptomys) nigrita e Akodon (Thaptomys)

subterraneus. Em estudo subseqüente, Cabrera (1961) sinonimizou as duas espécies, e as

separou em duas subespécies: Akodon (Thaptomys) nigrita nigrita, distribuída entre o sul

da Bahia até o norte de Santa Catarina e Akodon (Thaptomys) nigrita subterraneus,

distribuída do sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul, incluindo o leste do

Paraguai e o nordeste da Argentina. No entanto, esta divisão subespecífica não foi citada

pelos autores subseqüentes (Reig 1987).

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Thaptomys foi considerado um gênero válido a partir dos estudos de Hershkovitz

(1990, 1998), nos quais o autor destacou características morfológicas que seriam

suficientes para distinguir Thaptomys como um gênero à parte de Akodon. Sua opinião foi

posteriormente corroborada por estudos moleculares utilizando o gene mitocondrial

citocromo b (Smith & Patton 1999), que revelaram divergência genética alta entre os

gêneros Akodon e Thaptomys, reafirmando-os como grupos-irmãos.

Estudos citogenéticos mostraram que no gênero Thaptomys é observado um

cariótipo muito conservado, com 2n=52 na maior parte de sua distribuição geográfica

(Yonenaga 1975; Souza 1981; Fagundes 1993; Paresque 2001), exceto para indivíduos

coletados no município de Una, sul da Bahia, que apresentaram 2n=50 (Ventura et al.

2004). As análises de comparação cariotípica usando técnicas de bandeamento

cromossômico e localização de telômeros pela técnica de FISH (Fluorescent in situ

hybridization) sugeriram que uma fusão cromossômica seria o evento suficiente para atuar

como barreira reprodutiva entre as duas formas cromossômicas. Assim, Ventura et al.

(2004) sugeriram a existência de dois táxons distintos pelo cariótipo: Thaptomys sp.

(2n=50) para o sul da Bahia e Thaptomys nigrita (2n=52) para o restante da distribuição

geográfica.

Um estudo recente de morfometria craniana revelou uma diferenciação grande entre

os indivíduos de Una, Bahia e os indivíduos do restante da distribuição de Thaptomys,

reafirmando a hipótese de uma possível separação entre os indivíduos com cariótipos

distintos, e sugerindo a existência de pelo menos duas unidades evolutivas independentes:

Thaptomys sp. (2n=50 e NF=50) para o sul da Bahia e Thaptomys nigrita (2n=52 e NF=52)

para o restante da distribuição (Moreira 2007). Além dessa separação, Moreira encontrou

uma grande variação morfológica nos indivíduos coletados nos municípios de Piraquara e

Telêmaco Borba, no estado do Paraná, quando comparados aos indivíduos das outras

localidades.

Dessa forma, baseando-se em dados da literatura, observam-se quatro cenários para

a organização taxônomica do gênero Thaptomys: i) Uma única espécie, sem divisão

subespecífica, com grande distribuição geográfica (Musser & Carleton 2005; Figura 1a); ii)

Uma espécie com duas subespécies, sendo Thaptomys nigrita nigrita distribuída entre o sul

da Bahia até o norte de Santa Catarina e Thaptomys nigrita subterraneus distribuída do sul

de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul, incluindo o leste do Paraguai e o nordeste

da Argentina (Cabrera 1961; Figura 1b); iii) Duas espécies com distinção cariotípica,

sendo Thaptomys sp. restrita ao sul da Bahia com 2n=50 e Thaptomys nigrita ocorrendo no

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restante da distribuição do gênero com 2n=52 (Ventura et al. 2004; Figura 1c); iv) Duas

espécies, com uma forma variante, com diferenciação morfológica, sendo Thaptomys sp.

encontrada no sul da Bahia e Thaptomys nigrita representado pelo indivíduos encontrados

no resto da distribuição do gênero, e a forma variante encontrada no Paraná (Moreira 2007;

Figura 1d).

Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os quatro cenários de divisão do

gênero Thaptomys utilizando marcadores moleculares, e testar a existência de mais de uma

unidade taxonômica para o gênero.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras, extração e sequenciamento do DNA

Foram analisados 74 exemplares do gênero Thaptomys provenientes de 15

localidades do Brasil e uma da Argentina (Tabela 1, Figura 2, Apêndice). A seqüência de

um exemplar da Estação Biológica de Boracéia, São Paulo foi obtida do Genbank (número

de acesso AF108666).

Amostras de tecido (orelha, fígado, músculo) foram submetidas ao protocolo de

extração de DNA total (SDS/NaCl/Proteinase K) segundo Bruford et al. (1992). O gene

mitocondrial citocromo b (citb) foi amplificado através da clonagem in vitro pela Reação

em Cadeia da Polimerase (PCR), utilizando-se os primers MVZ 05 (5’-

CGAAGCTTGATATGAAAAACCATCGTTG-3’; Smith & Patton 1991) e MVZ 14 (5’-

GGTCTTCATCTYHGGYTTACAAGAC-3’; Smith & Patton, 1993), gerando um

fragmento de 1140 pb; ou os primers MVZ 05 e MVZ 16 (5’-

AAATAGGAARTATCAYTCTGGTTTRAT-3’; Smith & Patton 1993), gerando um

fragmento de 860 pb.

Após a amplificação, o tamanho dos fragmentos dos produtos de PCR foi estimado

utilizando gel de agarose 1% e marcador molecular de 1 Kb (Invitrogen, Inc.). Os produtos

de PCR foram purificados com o Kit de Purificação de PCR (Invitrogen, Inc.),

quantificados utilizando eletroforese em agarose 2% e o marcador molecular Low Ladder

Mass (Invitrogen, Inc.) e seqüenciados utilizando-se os primers MVZ 05 e MVZ 127 (5’-

CTACCATGAGGACAAATATC-3’) em um seqüenciador automático ABI 377 (Applied

Biosystems).

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Figura 1. Cenários hipotéticos da organização taxonômica. a) Thaptomys é um gênero

monotípico, segundo Musser & Carleton (2005); b) Thaptomys é subdividido em dois

táxons, segundo Cabrera (1961); c) Thaptomys é dividido em dois táxons com cariótipos

distintos, segundo Ventura et al. (2004); d) Thaptomys é dividido em dois táxons, com uma

forma variante, segundo Moreira (2007).

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Tabela 1. Procedência, número de indivíduos (n) e número diplóide (2n) de

Thaptomys.

PAÍS ESTADO MUNÍCIPIO SIGLA1 n 2n

2

BRASIL

Bahia Una UNA 8 50

Espírito Santo

Santa Teresa EBSL 14 52

Domingos Martins PEPA 4 52

Dores do Rio Preto PNC 5 52

Minas Gerais

Delfim Moreira DMR 1 ND

Passa Quatro PSQ 1 ND

Ouro Preto OPR 1 ND

Fervedouro FER 7 ND

Rio de Janeiro Itatiaia PNI 2 52

São Paulo

Salesópolis EBB 1 ND

São João da Boa Vista SJBV 1 52

Ibiúna RMG 7 52

Iguape IGU 8 52

Paraná Piraquara PIR 6 52

Rio Grande do Sul Maquiné MAQ 5 52

ARGENTINA Misiones Arroio Cunã Pirú MIS 3 ND

TOTAL 74

1 Detalhes no Apêndice.

2 ND=não determinado

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Figura 2. Localidades de Thaptomys no Brasil e Argentina (AR). UNA=Una, BA;

EBSL=Estação Biológica de Santa Lúcia, Santa Teresa, ES; PEPA=Parque Estadual da

Pedra Azul, Domingos Martins, ES; PNC=Parque Nacional do Caparaó, Dores do Rio

Preto, ES; FER=Fervedouro, MG; OPR=Ouro Preto, MG; PNI=Parque Nacional de

Itatiaia, RJ; PSQ=Santa Rita do Passa-Quatro, MG; DMR=Delfim Moreira, MG;

SJBV=São João da Boa Vista, SP; RMG=Reserva de Morro Grande, Ibiúna, SP;

EBB=Estação Biológica de Boracéia, Salesópolis, SP; IGU=Iguape, SP; PIR=Piraquara,

PR; MAQ=Maquiné, RS; MIS=Arroio Cuña Pirú, Misiones, Argentina.

1- UNA

2- EBSL

3- PEPA

4- PNC

5- FER

6- OPR

7- PNI

8- PSQ

9- DMR

10- SJBV

11- RMG

12- EBB

13- IGU

14- PIR

15- MIS

16- MAQ

ES

MG

SP

PR

RJ

BA

RS

AR

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Análise das Seqüências

O programa MEGA 4.0 (Tamura et al. 2007) foi utilizado para alinhar as

seqüências de DNA, resultando em 833 pb do início do gene citb alinhados. O alinhamento

das seqüências foi realizado manualmente, concomitante à correção das seqüências. A

análise de similaridade com o gene citb foi realizada no GenBank

(http://ncbi.nclm.nih.gov) utilizando a ferramenta BLAST (Basic Local Alignment Search

Tool).

Análises intrapopulacionais

As análises da diversidade genética intrapopulacional foram realizadas utilizando

os algoritmos implementados no programa ARLEQUIN versão 3.1 (Excoffier et al. 2005):

número de haplótipos, freqüência dos haplótipos, diversidade haplotípica (h) e diversidade

nucleotídica (dn) dentro de cada população. Para essas análises, foram consideradas

populações as localidades com no mínimo três indivíduos. Os dados foram considerados

significativos quando os valores de P foram inferiores a 0,05 (P<0,05).

A distribuição de mismatch calculada no programa ARLEQUIN 3.1 foi utilizada

para a investigação da história demográfica das populações (Rogers & Harpending 1992,

Harpending et al. 1998). A soma do desvio dos quadrados (SSD) foi utilizada para

verificar o desvio entre as curvas observada e esperada da distribuição de mismatch dentro

do modelo de expansão populacional. Além disso, o tempo relativo desde a expansão

populacional (τ) foi estimado. Foram realizados também os testes de neutralidade D de

Tajima (Tajima 1989) e Fs de Fu (Fu 1997), os quais sugerem ocorrência de expansão

populacional recente quando observados valores negativos de significância (Fu 1997;

Schneider & Excoffier 1999).

Análises interpopulacionais

Todos os cálculos das análises interpopulacionais foram feitos com o programa

ARLEQUIN 3.1. A diferenciação genética entre as populações foi avaliada a partir dos

cálculos de diferença par-a-par entre as seqüências (estatística-Φ), utilizando-se o modelo

de Kimura 2-parâmetros, sem correção de gamma e testada com 10.000 permutações. O

número de migrantes por geração (Nm) para cada par de populações foi estimado

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assumindo que a taxa de mutação foi insignificante através da formula Nm=(1-Φst)/2Φst,

para genomas haplóides (Slatkin & Maddison 1989). A análise hierárquica da variação

genética entre e dentro dos grupos de populações foi feita a partir da análise de variância

molecular (AMOVA), utilizando-se índices de fixação para se avaliar a proporção de

variação dentro das populações (Φst), entre os grupos (Φct) e entre as populações dentro

dos grupos (Φsc). O teste de Mantel foi realizado para avaliar a correlação entre

divergência genética e distância geográfica.

Relações filogenéticas intraespecíficas

Para estabelecer a relação hierárquica entre os haplótipos observados foi feita uma

rede de haplótipos utilizando o programa NETWORK 4.1 (Rohl 2000; http://www.fluxus-

engineering.com), baseada na implementação do algoritmo median–joining, o qual gera

uma árvore (minimum spanning tree) e adiciona os intermediários ausentes usando o

algoritmo de máxima parcimônia de Farris (Bandelt et al. 1999).

Para a construção das árvores filogenéticas foram utilizadas as análises de Máxima

Parcimônia (MP) a partir do programa PAUP 4.0.b.10 (Swofford 2002), com 1.000

replicações de bootstrap, e Máxima Verossimilhança (MV) utilizando o programa

PHYML (Guindon et al. 2005; http://atgc.lirmm.fr/phyml/) com 500 replicações de

bootstrap. O modelo de substituição nucleotídica apropriado para a análise de MV (TrN +

I + G, com I=0,4738 e G=0,5568) foi determinado utilizando o programa MODELTEST

3.06 (Posada & Crandall 1998). Os grupos externos utilizados foram obtidos do

GENBANK: Akodon orophilus (Aor; número de acesso M35699), Akodon cursor (Acu;

número de acesso EF206814), Necromys lasiurus (Nla; número de acesso AY273912),

Necromys urichi (Nur; número de acesso U03549) e Oxymycterus delator (Ode; número de

acesso AY275125).

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RESULTADOS

Caracterização genética das populações

A análise dos 833 pb do gene citocromo b de 74 indivíduos do gênero Thaptomys

revelou 71 sítios polimórficos, definindo 46 haplótipos (Tabela 2). A diversidade

haplotípica global foi alta (h=0,9759), sendo a freqüência das bases A: 27,92%, C: 29,54%

G: 13,71% e T: 28,82%. Dos 46 haplótipos, somente cinco foram compartilhados, sendo

dois (H11 e H12) entre as populações do Espírito Santo, um (H13) entre populações do

Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, um (H35) entre as populações de São Paulo

e Argentina, e um (H26) entre duas localidades de Minas Gerais (Tabela 3).

Das populações (n≥3), os maiores índices de diversidade haplotípica foram obtidos

na população da Bahia (UNA; h=1,0 e n=8), com oito haplótipos e 21 sítios polimórficos,

seguido Minas Gerais (FER; h=1,0 e n=7), com sete haplótipos e nove sítios polimórficos e

Espírito Santo (PNC; h=1,0 e n=5), com cinco haplótipos e 10 sítios polimórficos. No

Espírito Santo, altos índices de diversidade também foram observados em EBSL

(h=0,8352; n=14), com seis haplótipos e 10 sítios polimórficos e PEPA (h=0,8333; n=4)

com três haplótipos e dois sítios polimórficos. Em São Paulo, IGU apresentou baixa

diversidade haplotípica em relação às outras populações (h=0,6786; n=8), com quatro

haplótipos e três sítios polimórficos, enquanto RMG apresentou uma das mais altas taxas

(h=0,9524; n=7), com seis haplótipos e nove sítios polimórficos. No Paraná, a diversidade

de PIR também foi alta (h=0,9333; n=6), com cinco haplótipos e nove sítios polimórficos.

As populações de MAQ no Rio Grande do Sul (h=0,7000; n=5) e MIS na Argentina

(h=0,6667; n=3), apresentaram valores comparativamente menores que as demais

populações, similares à taxa de IGU em São Paulo (Tabela 4).

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Tabela 2. Posição dos 71 sítios polimórficos em cada haplótipo (H) determinado por 833 pb do gene mitocondrial citocromo b em Thaptomys.

1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8

2 5 6 7 0 0 1 2 6 4 5 8 8 9 9 9 9 0 2 3 4 4 5 6 8 8 9 9 0 1 1 2 3 4 6 7 8 9 0 0 0 1 2 3 5 5 5 6 6 8 8 9 0 0 6 6 9 1 4 5 5 6 9 0 1 1 1 2 2 3

7 8 7 3 2 2 8 6 6 8 3 5 2 4 1 3 4 7 3 7 1 2 5 5 9 4 7 6 9 5 4 5 6 2 4 2 7 1 8 1 4 8 9 9 1 3 5 8 1 7 2 8 4 3 8 3 9 0 7 4 0 9 5 2 7 3 6 9 2 8 2

H01 AC T A AG AC T T T C A T T T CC AT GT CC CT GG TA AT CT TC CG T C CG TC TC AC T T CT GC CT CA CT C A T T AA G T TC T

H02 . . . G . . . . . C . . . . . . . . . . . C . T . . A . . G . . . C CT T . . T . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . G . . . . . C C . .

H03 . . . G . . . . . C . . . . . . . . . . . C . T . . A . . . . . . C CT T . . T . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . G . . . . . . . . .

H04 . . . G . . . . . C . . . . . . . . . . . C . T . . A . . G . . . C CT T . . T . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . G . . . . . . . . .

H05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T G . . . G A . . . .

H06 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T G . . . G A . . . .

H07 . . . . . . . . . . . T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C CT T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . T . . G . . . . . . . . .

H08 . . . . . . . . . . . T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . G . . . G A . . . .

H09 . . . . G . . . . C . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . G . . C . C . . . . . . . C . . . . G . A . . T .

H10 . . . . G . . . . C . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . G . . C . C . . . . . . . . . . C . . . A . . T .

H11 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . C . . . A . . T .

H12 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . AA . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . A . . T .

H13 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . A . . T .

H14 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . T G . . . G A . . . .

H15 . . . . G . . . . . C . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . A . . T .

H16 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C . T . . A . . . . . . C CT T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . TG . . . G . . . . A . . T .

H17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C . T . . A . . . . . . C CT T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . A . . T .

H18 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . TC . T . . A . . . . . . C C . T . . . . A . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . C . . . A . . T .

H19 . . . . G . . . . . . . . . C . . T . . . C . T . . AA . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . C . . . A . . T .

H20 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H21 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . A . . T A

H22 . . . . G . . . . . C . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . G . . . . . C . C . . . C . . . . . . . . . . AC C T A

H23 . . . . G . . . . . C . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . C . . . . . . . . . . A . . T A

H24 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . AC . T A

H25 . . . . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . AA . . . . . C C . T . C . . . C . . . . . . C . C . . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H26 . . C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . A . T . . . . . . . . C . C . T . . . . . . . . . . . . A . . T .

H27 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C . T . . A . C . . . . C CT T . . . . . . . . . . . . C . C . . . . T . . . . . . C . . A . . T .

H28 . T C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . TA . C C . T . A . T . . . . . . . . C . C . T . . . . . . . . . . . . AC C T A

H29 . . C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . A . T . . . . . . . . C . C . T . . . . . . . . . C . . AC C T A

H30 . . C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . A . T . . . . . . T AC T . . T . . . . . . . . . . . . AC C T A

H31 . . C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . A . T . . . . . . . . C . C . T . . . . . . . . . . . . AC C T A

H32 . . C . GA . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . T . A . T . . . . . . . . C T .

C

. T . . . . . . . . . . . . AC C T A

H33 . . C . G . . . . . . . . . C . . . . . . C . T . . A . . . . . GC C . T . A . T . . . . . . . . C . C . T . . . . . . . . . C . . AC C T A

H24 . . C . G . . . . . . . . C C C . . . . . C . T . . A . . . . . . C C . TT A . T . . . . T . . . C TC . T . . . . . . . . . . . . A . . . .

H35 . . . . GA G . . . . . G . . . . . . . . C T T . . A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H36 . . . . GA G . . . . . G . . . . . . . . C T T . C A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H37 . . . . GA G . . . . . . . . . . . . . . C T T . . A . . . . . . C . . T . . . T . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H38 . . . . GA . . . . . . G . . . . . G . . C T T . . A . . . . . . C . . T . . . T . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H39 . . . . GA G . A . . . G . . . . . . . . C T T . . A . C . . . . C . . T . . . . . C . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H40 G . . . GA G . A . . . G . . . . . . . . C T T . . A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H41 G . . . GA G . A . . . G . . . . . . . . C T . . . A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H42 . . . . GA G . A . . . G . . . . . . . . C T T T . A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T A

H43 . . . . GA GT . . . . . . . . . . . C . C T . . . A . . G . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . . C . . .

H44 . . . . GA G . . . . . G . . . . . . . . C T . . . A . . . . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . A . . . . . . . . . . . . C . . .

H45 . . . . GA G . . . . . G . . . G . . . . C T T . . A . . G . . . C . . T . . . . . . . . . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . AC C T .

H46 . . . . GA G . . . . T G . . . . . . . . C T T . . A . . . . . AC . . T . . . . . . . G . . . . C . C A . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Tabela 3. Freqüências relativas (em porcentagem) de cada haplótipo do gene mitocondrial citb de Thaptomys por localidade. No quadrado

sombreado estão localidades distantes entre si a menos de 200 km. Abreviações para as localidades estão na Tabela 1.

Hapl UNA EBSL PEPA PNC FER OPR PNI DMR PSQ SJBV RMG EBB IGU PIR MAQ MIS

H1 1 (12,5)

H2 1 (12,5)

H3 1 (12,5)

H4 1 (12,5)

H5 1 (12,5)

H6 1 (12,5)

H7 1 (12,5)

H8 1 (12,5)

H9 5 (35,7)

H10 1 (7,15)

H11 3 (21,4) 2 (50,0) 1 (16,7)

H12 2 (14,3) 1 (25,0)

H13 2 (14,3) 1 (25,0) 1 (14,3) 2 (100,0)

H14 1 (7,15)

H15 1 (16,7)

H16 1 (16,7)

H17 1 (16,7)

H18 1 (16,7)

H19 1 (14,3)

H20 1 (14,3)

H21 1 (14,3)

H22 1 (14,3)

H23 1 (14,3)

H24 1 (14,3)

H25 1 (100,0)

H26 1 (100,0) 1 (100,0)

H27 1 (100,0)

H28 1 (14,3)

H29 1 (14,3)

H30 1 (14,3)

H31 2 (28,6)

H32 1 (14,3)

H33 1 (14,3)

H34 1 (100,0)

H35 3 (37,5) 2 (66,7)

H36 4 (50,0)

H37 1 (12,5)

H38 1 (16,7)

H39 1 (16,7)

H40 1 (16,7)

H41 1 (16,7)

H42 2 (33,3)

H43 3 (60,0)

H44 1 (20,0)

H45 1 (20,0)

H46 1 (33,3)

Total 8 14 4 6 7 1 2 1 1 1 7 1 8 6 5 3

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Tabela 4. Número de haplótipos (nH), número de sítios polimórficos por população (nSP), diversidade haplotípica (h), diversidade

nucleotídica (dn), testes de distribuição de freqüências pareadas (SSD e τ) e valores dos testes D de Tajima e Fs de Fu de Thaptomys.

Abreviações para as localidades estão na Tabela 1.

Populações nH nSP h dn SSD* (P-valor) τ* D (P-valor) Fs (P-valor)

UNA 8 21 1,0000 (+/-0,0625) 0,012156 (+/- 0,0071) 0,0226 (0,820) 16.240 1,20196 (0,8890) -2,18251 (0,0730)

EBSL 6 10 0,8352 (+/-0,0704) 0,004007 (+/- 0,0024) 0,0620 (0,070) 4.969 0,21565 (0,6460) 0,36423 (0,6040)

PEPA 3 2 0,8333 (+/-0,2224) 0,001403 (+/- 0,0013) 0,0373 (0,620) 1.510 0,59158 (0,8220) -0,65789 (0,1480)

PNC 5 10 1,0000 (+/-0,1265) 0,005800 (+/- 0,0039) 0,0748 (0,290) 3.027 0,00000 (0,5850) -1,41093 (0,1140)

FER 7 9 1,0000 (+/-0,0764) 0,004365 (+/- 0,0029) 0,0200 (0,620) 3.123 -0,07874 (0,4950) -3,85649 (0,0050)

RMG 6 9 0,9524 (+/-0,0955) 0,003556 (+/- 0,0024) 0,0067 (0,890) 3.148 -1,04329 (0,1770) -2,27552 (0,0440)

IGU 4 3 0,6786 (+/-0,1220) 0,001289 (+/- 0,0011) 0,0208 (0,560) 0.938 -0,30441 (0,3990) 0,32985 (0,5010)

PIR 5 9 0,9333 (+/-0,1217) 0,004100 (+/- 0,0028) 0,0400 (0,400) 3.834 -0,81841 (0,2660) -1,04528 (0,1650)

MAQ 3 10 0,7000 (+/-0,2184) 0,005562 (+/- 0,0038) 0,1681 (0,080) 8.021 -0,29817 (0,4780) 2,14132 (0,8370)

MIS 2 8 0,6667 (+/-0,3143) 0,006448 (+/- 0,0053) 0,4242 (0,030) 9.037 0,00000 (0,7460) 3,10109 (0,8790)

*SSD= Soma do desvio dos quadrados e τ= tempo (em anos) do evento de expansão populacional.

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Análises Demográficas das populações

O teste da soma do desvio dos quadrados (SSD, Tabela 4) da distribuição de

mismatch foi não-significativo para a maioria das populações, indicando que o modo

pelo qual as populações expandiram segue um padrão uni, bi ou multimodal, segundo a

curva de distribuição de mismatch esperada, e não a observada (Figura 3). Dessa forma,

as populações de PEPA-ES, PNC-ES, FER-MG, RMG-SP, IGU-SP e PIR-PR (Figuras

3c a 3h, respectivamente) apresentaram curva de distribuição esperada unimodal, o que

indica que essas populações estão em expansão populacional. As populações de UNA-

BA e MAQ-RS (Figuras 3a e 3i) apresentaram curva esperada multimodal e a

população de EBSL-ES uma curva bimodal (Figura 3b), e ambas as curvas sugerem

equilíbrio populacional. Apenas a população MIS-AR apresentou desvio significativo

do modelo de expansão esperado, de acordo com o teste da soma dos desvios dos

quadrados (SSD, Tabela 4) da distribuição de mismatch, e a curva observada bimodal

(Figura 3j) indica que esta população encontra-se em equilíbrio demográfico.

O teste de neutralidade de Fu foi significativo apenas para as populações de

FER-MG (Fs=-3,85649; P<0,05) e RMG-SP (Fs=-2,27552; P<0,05) (Tabela 4)

reforçando a sugestão de que essas populações estão em expansão demográfica. O

maior valor absoluto de tempo desde a expansão (τ) foi observado na população de

UNA-BA, seguida pelas populações de MIS-AR, MAQ-RS e EBSL-ES.

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a b

c d

e f

g h

i j

Figura 3. Distribuição das diferenças nucleotídicas par-a-par entre os indivíduos

de cada população (distribuição mismatch) de Thaptomys. As barras indicam as

freqüências observadas, enquanto as linhas indicam a freqüência esperada

baseada no modelo de expansão populacional. Os valores do eixo X indicam o

número de diferenças entre os haplótipos e o eixo Y a freqüência dos haplótipos.

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Análises Interpopulacionais

Os valores de Φst foram significativos para a maioria das populações e variaram

de Φst=0,19251 a 0,90312 (Tabela 5). A população de PEPA-ES apresentou valores de

Φst não-significativos quando comparada às populações de EBSL-ES, PNC-ES e FER-

MG, sugerindo não diferenciação entre essas populações. O mesmo ocorreu com a

população de MIS-AR, que apresentou valores de Φst não-significativos quando

comparada às populações de IGU-SP e MAQ-RS. O maior valor de Φst encontrado foi

entre as populações de PEPA-ES e IGU-SP (Φst=0,90312), mostrando haver grande

diferenciação entre as duas populações.

Os valores de número de migrantes por geração (Nm) indicam haver fluxo

gênico entre algumas populações, como EBSL-ES e PEPA-ES (Nm=6), EBSL-ES e

PNC-ES (Nm=2), EBSL-ES e FER-ES (Nm=1), PEPA-ES e PNC-ES (Nm=26), PEPA-

ES e FER-MG (Nm=2), PNC-ES e FER-MG (Nm=2), IGU-SP e MIS-AR (Nm=1) e

PIR-PR e MIS-AR (Nm=2) (Tabela 6). O teste de Mantel mostra que a relação de

diferenciação genética entre as populações está relacionada com a distância geográfica

(r=0,40; P<0,01).

Tabela 5. Valores de Φst entre as populações (abaixo) e distância geográfica em

quilômetros (acima) entre as populações.

UNA EBSL PEPA PNC FER RMG IGU PIR MAQ MIS

UNA 533 582 644 698 1235 1367 1523 2020 2096

EBSL 0,55660 50 141 214 772 891 1057 1550 1664

PEPA 0,46866 0,07355 120 191 740 856 1022 1489 1632

PNC 0,37027 0,19277 0,01870 73 632 754 918 1385 1522

FER 0,51486 0,27294 0,16850 0,19251 561 684 848 1322 1450

RMG 0,66888 0,70820 0,75364 0,67385 0,60525 137 289 761 890

IGU 0,70979 0,80789 0,90312 0,80187 0,78021 0,84626 168 637 785

PIR 0,65446 0,77099 0,80612 0,71775 0,70652 0,77868 0,33383 502 613

MAQ 0,54467 0,75008 0,76690 0,67693 0,71499 0,80408 0,68555 0,58283 520

MIS 0,52525 0,71428 0,74891 0,60835 0,63774 0,75929 0,26072 0,20050 0,35787

Em negrito estão os valores significativos, com P<0,05

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Tabela 6. Número de migrantes por geração (Nm) para cada par de populações.

UNA EBSL PEPA PNC FER RMG IGU PIR MAQ

EBSL 0,4

PEPA 0,6 6,3

PNC 0,9 2,1 26,2

FER 0,5 1,3 2,5 2,1

RMG 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3

IGU 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

PIR 0,3 0,1 0,1 0,2 0,2 0,1 1,0

MAQ 0,4 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,2 0,4

MIS 0,5 0,2 0,2 0,3 0,3 0,2 1,4 2,0 0,9

Relações filogenéticas

A rede de haplótipos mostrou a formação de quatro grupos de populações. Um

grupo foi formado pelas amostras da população de UNA-BA, no extremo norte da

distribuição de Thaptomys. Um segundo grupo é formado pelas populações de EBSL-

ES, PEPA-ES, PNC-ES, FER-MG e PNI-RJ, e pelas amostras de OPR-MG e SJBV-SP,

populações localizadas na porção central-norte da distribuição do gênero. Um terceiro

grupo é formado pela população de RMG-SP juntamente com as amostras de PSQ-MG,

DMR-MG e EBB-SP, localizado na porção central-sul da distribuição. Um quarto grupo

é formado pelas populações de IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS e MIS-AR, no extremo sul

da distribuição de Thaptomys (Figura 4).

As árvores filogenéticas de MP e MV (Figura 5) mostraram topologias

congruentes, apresentando Thaptomys como um grupo monofilético, com alto suporte

(99 e 100%, respectivamente). As duas árvores mostraram o grupo norte, formado pela

população de UNA-BA, como um clado monofilético, com suporte baixo (>50%). A

relação hierárquica entre os haplótipos das populações do Espírito Santo e Minas Gerais

(grupo central-norte) não ficou bem esclarecida com os 833 pb do citb, formando uma

politomia basal. O grupo central-sul, formado pelas amostras de RMG-SP, EBB-SP,

DMR-MG e PSQ-MG, aparece como um grupo monofilético nas duas árvores

filogenéticas, com suporte acima de 60%. O grupo sul, formado pelas populações de

IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS e MIS-AR, aparece como um grupo monofilético na árvore

de MP com suporte de 58% (Figura 5a), embora apareça na árvore de MV (Figura 5b)

apenas a população de PIR-PR como um clado monofilético com suporte acima de

50%. O restante dos haplótipos do grupo sul forma uma politomia basal.

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Existe uma congruência entre a rede de haplótipos e as árvores filogenéticas,

com a formação de quatro grupos, com estruturação geográfica. Estes quatro grupos

ganham sustentação com as análises interpopulacionais, que mostram valores de Φst

maior entre as populações de grupos diferentes (Tabela 5). Estes quatro filogrupos serão

nomeados considerando a localidade-tipo de cada forma, como se segue: Thaptomys sp1

para o grupo norte, composto pelas amostras de UNA-BA; Thaptomys nigrita para o

grupo central-norte formado pelas amostras de EBSL-ES, PEPA-ES, PNC-ES, FER-

MG, PNI-RJ, OPR-MG e SJBV-SP; Thaptomys sp2 para o grupo central-sul, formado

pelas amostras de RMG-SP, EBB-SP, DMR-MG e PSQ-MG e Thaptomys subterraneus

para o grupo sul formado pelas amostras de IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS e MIS-AR.

Deste modo, nossos dados moleculares propõem a formação de um quinto cenário para

a organização sistemática do gênero Thaptomys, como é representado na Figura 6.

Testando os cenários hipotéticos

O objetivo deste trabalho foi testar a existência de mais de uma unidade

taxonômica para o gênero Thaptomys, avaliando os cenários de divisão do gênero.

Dessa forma, foram feitos agrupamentos de acordo com cada cenário hipotético

apresentado nas Figuras 1 e 6 (Tabela 7) para avaliar a variação molecular (AMOVA)

entre os grupos.

O cenário considerado como sendo o mais provável seria aquele que

apresentasse a maior variação entre os grupos (Φct), mostrando distinção entre eles; e a

menor variação entre as populações dentro dos grupos (Φsc), o que indicaria

homogeneidade dentro do grupo. O cenário menos favorável foi o cenário I, que

apresentou o maior valor para Φsc (65,7), seguido pelos cenários III e IV que

apresentaram valores baixos para Φct (22,65 e 21,50, respectivamente), mostrando

pouca diferença entre os grupos e valores altos para Φsc (48,61 e 48,33,

respectivamente), revelando grande variação dentro dos grupos. O cenário II apresentou

valor alto para Φct (44,56) e valor baixo para Φsc (28,78). Porém, o cenário mais

favorável foi o cenário V, que apresentou o maior valor para Φct (56,93), revelando

distinção entre os grupos e o menor valor para Φsc (13,11), mostrando homogeneidade

em cada grupo, reforçando a proposta de existência de quatro filogrupos para o gênero.

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Figura 4. Rede de haplótipos representando as relações filogenéticas entre os haplótipos do gene citb. O tamanho dos círculos é

proporcional à freqüência de cada haplótipo na amostra total. Os haplótipos estão designados na Tabela 3.

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a) b)

Figura 5. Árvores filogenéticas: a) Método de Parcimônia; b) Método de Máxima

Verossimilhança utilizando o modelo TrN + G + I. Valores de bootstrap acima de 50% estão

representados sobre os galhos. Akodon orophilus (Aor), Akodon cursor (Acu), Necromys lasiurus

(Nla), Necromys urichi (Nur) e Oxymycterus delator (Ode) foram utilizados como grupos

externos. Para detalhes, ver Tabela 3.

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Figura 6. Cenário hipotético da organização sistemática de Thaptomys, baseado em dados de

seqüências de DNA: Thaptomys é subdividido em quatro filogrupos distintos geneticamente.

Thaptomys sp 1

Thaptomys nigrita

Thaptomys sp 2

Thaptomys subterraneus

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Tabela 7. Análise da variação genética (AMOVA) entre grupos, testando os diferentes cenários da organização taxonômica em

Thaptomys.

Cenário Hipótese Composição dos Grupos

% de Variação

Фct Фsc Фst

I Um único táxon Um grupo:

1. Todas as populações - 65,7 34,93

II

Dois táxons segundo Cabrera (1961)

- T. nigrita nigrita

- T. nigrita subterraneus

Dois grupos:

1. UNA-BA, ESBL-ES, PEPA-ES, PNC-ES, OPR-MG, FER-MG, PSQ-MG,

DMR-MG, PNI-RJ, SJBV-SP, RMG-SP, EBB-SP

2. IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS, MIS-AR

44,56 28,78 26,66

III

Dois táxons segundo Ventura et al. (2004)

- Thaptomys sp (2n=50)

- T. nigrita (2n=52)

Dois grupos:

1. UNA-BA

2. ESBL-ES, PEPA-ES, PNC-ES, OPR-MG, FER-MG, PSQ-MG, DMR-

MG, PNI-RJ, SJBV-SP, RMG-SP, EBB-SP, IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS,

MIS-AR

22,65* 48,61 28,74

IV

Três táxons segundo Moreira (2007)

- Thaptomys sp

- T. nigrita

- T. nigrita (var.)

Três grupos:

1. UNA-BA

2. ESBL-ES, PEPA-ES, PNC-ES, OPR-MG, FER-MG, PSQ-MG, DMR-

MG, PNI-RJ, SJBV-SP, RMG-SP, EBB-SP, IGU-SP, MAQ-RS, MIS-AR

3. PIR-PR

21,50 48,33 30,16

V

Quatro táxons segundo presente estudo

- Thaptomys sp1

- T. nigrita

- Thaptomys sp2

- T. subterraneus

Quatro grupos:

1. UNA-BA

2. ESBL-ES, PEPA-ES, PNC-ES, OPR-MG, FER-MG, PNI-RJ, SJBV-SP

3. PSQ-MG, DMR-MG, RMG-SP, EBB-SP

4. IGU-SP, PIR-PR, MAQ-RS, MIS-AR

56,93 13,11 29,96

* P>0,05. Фct: Variação entre os grupos de populações; Фsc: Variação entre as populações dentro dos grupos; Фst: Variação dentro das populações.

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DISCUSSÃO

Estudos moleculares foram importantes para validar o gênero Thaptomys e

compreender sua relação com os outros gêneros da tribo Akodontini (Smith & Patton

1999). Os dados moleculares representam um passo promissor para a melhor

compreensão sistemática do gênero com a análise de 74 exemplares de 16 localidades,

distribuídas ao longo da distribuição de Thaptomys.

Seis das dez populações de Thaptomys, localizadas nos estados do Espírito

Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (EBSL, PEPA, FER, RMG, IGU e PIR),

apresentaram diversidade haplotípica alta (h>0,5) e diversidade nucleotídica baixa

(dn<0,005). Por outro lado, quatro populações, localizadas na Bahia, Espírito Santo,

Rio Grande do Sul e Argentina (UNA, PNC, MAQ, MIS), apresentaram valores altos

tanto para a diversidade haplotípica (h>0,5) quanto para a diversidade nucleotídica

(dn>0,005).

A estrutura genética das populações pode revelar possíveis processos

demográficos de gargalo populacional e crescimento (ou expansão) populacional pelos

quais tenham sofrido. Segundo Grant e Bowel (1998), populações com altos valores de

diversidade haplotípica (h>0,5) e com baixos valores de diversidade nucleotídica

(dn<0,005) passaram por processo de gargalo populacional seguido de rápido

crescimento demográfico e acúmulo de mutações; enquanto que populações com

valores altos tanto para diversidade haplotípica quanto nucleotídica podem ser

populações com grande estabilidade populacional e longa história evolutiva ou podem

ter tido contado secundário entre linhagens diferentes.

Sendo assim, as populações de Thaptomys na margem norte e sul de sua

distribuição têm indícios de estabilidade populacional e longa história evolutiva,

enquanto que as populações da região central da distribuição mostram indícios de terem

sofrido gargalo populacional seguido de rápido crescimento demográfico. As análises

da distribuição de mismatch das populações de Thaptomys corroboraram com estes

dados, mostrando que as populações de PEPA, FER, RMG, IGU e PIR podem estar

sofrendo crescimento demográfico, enquanto as populações de UNA, MAQ e MIS

parecem estar em equilíbrio populacional. Os dados para a população de EBSL mostram

expansão pelos dados de diversidade haplotípica e nucleotídica e estabilidade pelos

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dados de distribuição de mismatch, o que provavelmente reflete um possível contado

secundário entre linhagens alopátricas diferentes (Grant & Bowel 1998). Da mesma

forma, a população de PNC parece estar em expansão segundo dados de distribuição de

mismatch, mas ter sofrido contato secundário entre linhagens diferentes pelos dados de

diversidade haplotípica e nucleotídica.

A partir desses dados, observamos um padrão interessante, no qual as

populações dos extremos da distribuição do gênero (UNA: extremidade norte; MAQ e

MIS: extremidade sul) parecem estar em equilíbrio populacional, e as populações

intermediárias da distribuição parecem ter sofrido gargalo populacional com posterior

expansão. Os dados do tempo decorrido desde a expansão indicam que a populações de

UNA, EBSL e FER sofreram expansão a aproximadamente 16.240, 4.969 e 3.123 anos

atrás, respectivamente (Tabela 4), sugerindo um padrão de ocupação/expansão do norte

para o sul, ao longo do tempo. Contrariamente, as populações do extremo sul de

Thaptomys (MIS, MAQ, PIR e IGU) mostram expansão populacional a 9.037, 8.021,

3.834 e 938 anos atrás, respectivamente (Tabela 4) sugerindo um padrão de expansão do

sul para o norte ao longo do tempo.

O período de expansão da maioria das populações de Thaptomys (exceto UNA,

Bahia) data de menos de 10 mil anos, período após a última glaciação (Behling &

Lichte 1997). Durante esse período de glaciação houve contração da floresta, com a

formação de pastagens na região central do Brasil (Behling & Lichte 1998), o que

provavelmente impediu a migração dos indivíduos desse gênero, uma vez que estes são

registrados em florestas úmidas, composta por vegetação sempre verde e árvores entre

1,5 e 4,0 metros de altura (Bonvicino et al. 1997), geralmente em lugares pouco

perturbados e em regiões de mata madura da Mata Atlântica (Pardini & Umetsu 2006).

Com o final da glaciação e mudanças nas condições climáticas, as florestas voltaram a

se expandir (Behling & Lichte 1998), possibilitando a expansão demográfica das

populações. Populações que experimentam uma rápida expansão após um gargalo

populacional apresentam uma baixa diversidade nucleotídica, ocasionada pela perda de

alelos e grandes efeitos da deriva genética e fixação de mutações novas, associado com

grande expansão populacional pelo fato da competição ser baixa e permitir explorar

diferentes nichos (Ridley 2006). Essa hipótese pode explicar porque populações muito

distantes como UNA e MIS (distância geográfica de 2.096 km) apresentaram distância

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genética menor (Φst=0,52525) do que populações mais próximas como IGU e PEPA

(distância geográfica de 856 km), que apresentaram a maior distância genética par-a-par

(Φst=0,90312).

Segundo nossa proposta, dois grupos de populações coexistiam num período

com distribuição geográfica disjunta, um grupo sul, ocupando a região nordeste da

Argentina e sul do Brasil, e um grupo norte, ocupando a região sul da Bahia. Após um

período de grandes expansões populacionais, pequenos grupos fundaram novas

populações da direção sul-norte e norte-sul (efeito do fundador, Mayr 1963). Dessa

forma podemos sugerir que as populações se expandiram após um gargalo populacional

caracterizado pelo efeito de fundador, o que resultou em populações mais recentes com

uma diversidade genética menor em relação à sua população de origem (Hewitt 1996).

Composição sistemática de Thaptomys

Tanto as análises interpopulacionais (Φct, Φsc, Φst, Tabela 7) quanto as análises

filogenéticas (rede de haplótipos, Figura 4) sugeriram a separação de Thaptomys em

mais de um grupo. Primeiramente, cada clado identificado neste estudo foi considerado

como “grupo”, seguindo a terminologia utilizada por Merriam (1895) e Davis (1940).

As análises de AMOVA evidenciaram a existência de quatro grupos com estruturação

geográfica, corroborado com as análises filogenéticas.

O grupo denominado Thaptomys sp1 apareceu como um clado monofilético

tanto nas árvores filogenéticas de MP e MV (embora com baixo suporte) quanto na rede

de haplótipos. Este grupo, composto pela amostras de UNA, apresentou valores altos de

Φst, revelando grande diferenciação desta população com as demais (Excoffier et al.

1992). Nossos dados reforçam a hipótese de que as amostras provenientes do município

de Una, sul da Bahia, com 2n=50, sejam de uma espécie distinta de Thaptomys, ainda

não nominada. Ventura et al (2004) propuseram que uma barreira reprodutiva causada

por uma fusão cromossômica tenha sido o evento suficiente para separar este grupo da

espécie Thaptomys nigrita, levando em consideração o conceito biológico de espécie,

segundo Mayr (1963), no qual espécies são grupos de populações naturais que

intercruzam e estão reprodutivamente isoladas de outros grupos desse tipo. Moreira

(2007) também encontrou nos dados morfológicos indícios que os indivíduos de Una

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fossem de uma unidade taxonômica evolutivamente significativa, uma vez que

encontrou um padrão diferenciado de modificação de tamanho e forma multivariados do

crânio com relação aos outros grupos de populações. Neste sentido, baseado no conceito

fenético ou morfológico de espécie, o qual define espécie como conjunto de indivíduos

que são feneticamente semelhantes e diferentes dos outros conjuntos de indivíduos

(Sneath & Sokal 1973), esse grupo também se mostrou distinto dos demais. Nossos

dados indicam grande distância genética entre esta população com as demais e

obtivemos a formação de um clado monofilético. Sendo assim, baseando-se no conceito

filogenético de espécie (Cracraft 1989), no qual uma espécie é qualquer grupo que

forma um ramo independente em uma filogenia e que, para serem consideradas

diferentes espécies nesse conceito, as populações devem ter passado um período

evolutivo suficientemente longo para que os caracteres diagnósticos tenham aparecido,

também indicamos a população da Bahia como uma unidade evolutivamente

significante, distinta de Thaptomys nigrita.

O grupo chamado Thaptomys nigrita engloba populações do Espírito Santo,

Minas Gerais e Rio de Janeiro, e ganhou este nome por incluir o Rio de Janeiro,

localidade-tipo de Mus nigrita (Lichtenstein 1829). Os valores de Φst entre as

populações deste grupo foram baixos (0,01870<Φst<0,27294) quando comparados com

os valores de Φst das populações deste grupo com as demais (0,60525<Φst<0,90312),

indicando que a distância genética interpopulacional dentro deste grupo é baixa (Tabela

5). A pouca variabilidade entre as populações também é apresentada pelo alto número

de migrantes entre elas (Nm>1, Tabela 6), o que confere homogeneização genética

dentro do grupo. Este grupo apresenta os menores valores de tempos desde a expansão,

indicando que as populações começaram a expandir recentemente (τ<5 mil anos, Tabela

4). No entanto, os dados moleculares não foram suficientes para mostrar relação entre

os haplótipos nas árvores filogenéticas (Figura 5). Essa falta de esclarecimento pode ser

explicada pelo fato de árvores filogenéticas não conseguirem revelar as relações entre

grupos quando há ausência de haplótipos intermediários na amostragem (Bandelt et al.

1999). Esses haplótipos intermediários são mostrados como nós na rede de haplótipos

(Figura 4), mostrando forte relação entre as populações do grupo Thaptomys nigrita.

O grupo Thaptomys sp2 é formado por amostras do leste e centro de São Paulo e

por uma pequena porção do sul de Minas Gerais. Os dados na literatura não indicam a

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separação desse grupo de Thaptomys nigrita, sendo as características morfológicas

(Geise 1995, Hershkovitz 1998, Moreira 2007) e cariotípicas (Yonenaga 1975; Souza

1981; Fagundes 1993; Moreira 2007) semelhantes às de Thaptomys nigrita. No entanto,

este grupo revelou-se como um clado monofilético tanto na árvore de MP, com suporte

de 63%, quanto na árvore de MV, com suporte de 64% (Figura 5), assim como na rede

de haplótipos (Figura 4), com forte relação entre os haplótipos. A análise de AMOVA

também mostra estruturação para este grupo (Tabela 7). A população de RMG-SP,

única população deste grupo presente nas análises populacionais, apresentou índices

altos de distância genética em relação às outras populações (Φst>0,60), e ausência de

fluxo gênico desta população com as demais, indicando grande diferenciação deste

grupo (Nm<1, Tabela 6). Apesar da falta de populações adequadamente amostradas

para este grupo e a ausência de dados na literatura dificultarem a inferência sobre a

posição sistemática do grupo Thaptomys sp2, os dados moleculares apontam para uma

nova forma de Thaptomys, distinta de Thaptomys nigrita. Estudos adicionais com novas

amostragens nessa área serão fundamentais para esclarecer esse aspecto.

O grupo denominado Thaptomys subterraneus inclui espécimes do Sul de São

Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Misiones na Argentina, e ganhou este nome por

abranger o Rio Grande do Sul, localidade-tipo de Hesperomys subterraneus. Este grupo

aparece como um clado basal aos outros grupos nas árvores filogenéticas, sendo

monofilético na árvore de MP com suporte de 58%, e mostram grande relação entre os

haplótipos do grupo na rede de haplótipos. Possui populações com tempos de expansão

antigos (τ=9.037 anos para MIS) e recentes (τ=938 anos para IGU). De acordo com os

dados das análises interpopulacionais, este grupo parece estar expandindo do sul para o

norte, sendo que a população da extremidade norte da distribuição deste grupo (IGU)

apresenta altos valores de distância genética com as populações dos outros grupos.

Dentro do grupo, a população de MAQ parece ser a mais divergente, baseado nos dados

de Φst par-a-par, embora as análises de Φst indiquem ausência de divergência desta

população com a população de MIS. O grupo de PIR aparece como um clado

monofilético nas árvores de MP e MV (Figura 5). Esse dado é congruente com os dados

de morfologia obtidos por Moreira (2007), que mostram uma variação nas amostras de

Piraquara em relação às outras populações. A designação de Thaptomys subterraneus

distinta de T. nigrita corrobora com a divisão proposta por Cabrera (1961) para

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Thaptomys nigrita subterraneus e para Hesperomys subterraneus (Hensel 1873), um

táxon que foi subjugado pela ciência nos últimos 40 anos. Dessa forma, propomos que

Thaptomys subterraneus seja considerada uma unidade taxonômica significante.

Destacamos que análises adicionais são necessárias, principalmente relacionadas à

espécie-tipo, descrita como Hesperomys nigrita e que foi excluída da literatura sem

maiores explicações.

Sendo assim, baseados em dados moleculares, propomos a existência de quatro

unidades taxonômicas para o gênero Thaptomys: Thaptomys sp, com 2n=50 para o sul

da Bahia, Thaptomys nigrita para Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e norte

de São Paulo, Thaptomys sp2 para o centro e leste de São Paulo e Thaptomys

subterraneus para sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul, incluindo o nordeste da

Argentina.

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APÊNDICE

Espécimes utilizados na análise da seqüência do gene citocromo b:

PAÍS - ESTADO: Município (coordenada geográfica): localidade: número de

identificação do exemplar (haplótipo).

Siglas referentes às coleções ou coletores: AC: Alexandre Christoff, LGA: Laboratório

de Genética Animal, UFES; MN: Museu Nacional, UFRJ; UFMG: Coleção de

Mamíferos do Departamento de Zoologia, Instituto de Ciências Biológicas,

ICB/UFMG; HGB: Helena de Godoy Bergallo; JAO: João Alves Oliveira; RP: Renata

Pardini; UP: Ulyses Pardinãs.

BRASIL – BAHIA: Una (15º18’S; 39º04’W): Fazenda Jueirana: UFMG 2017 (H3),

UFMG 2018 (H4), UFMG 2180 (H1), UFMG 2181 (H2); Reserva Biológica de

Una: UFMG 2019 (H5), RP 57 (H7), RP 65 (H8); Fazenda Bolandeira: UFMG

2020 (H6). ESPÍRITO SANTO: Santa Tereza (19º55'S, 40º36'W): Estação

Biológica de Santa Lúcia: LGA 77 (H9), LGA 81 (H9), LGA 83 (H9), LGA 93

(H10), LGA 94 (H9), LGA 98 (H11), LGA 102 (H12), LGA 105 (H11), LGA 111

(H9), LGA 116 (H11), LGA 117 (H13), LGA 127 (H14), LGA 703 (H12), LGA

997 (H13); Domingos Martins (20º22'S, 40º40'W): Parque Estadual Pedra Azul:

LGA 958 (H13), LGA 959 (H11), LGA 974 (H12), LGA 977 (H11); Dores do

Rio Preto (20º28’S, 41º49’W): Parque Nacional do Caparaó: LGA 1376 (H15),

LGA 1632 (H16), LGA 1635 (H11), LGA 1652 (H17), LGA 1678 (H18). MINAS

GERAIS: Delfim Moreira (22º30’S, 45º17’W): Fazenda da Onça: UFMG 1839

(H26); Passa Quatro (22º24'S, 44º59'W): Fazenda do Itaguaré: UFMG 1838

(H26); Ouro Preto (20º18’S, 43º31’W): UFMG 1851 (H25); Fervedouro

(20º43’S, 42º28’W): Fazenda Neblina: UFMG 1841 (H19), UFMG 1843 (H13),

UFMG 1846 (H20), UFMG 1847 (H21), UFMG 1848 (H22), UFMG 1849 (H24),

UFMG 1850 (H23). RIO DE JANEIRO: Itatiaia (22°23’S, 44°43’W): Parque

Nacional de Itatiaia: MN 48074 (H13), HGB 385 (H13). SÃO PAULO: São João

da Boa Vista (21°58´S, 46°47´W): Fazenda Santa Tereza: HGB DB 05 (H27);

Ibiúna (23º37’S, 46º56’W): Reserva de Morro Grande: Animal 54 (H29), Animal

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66 (H28), Animal 155 (H30), Animal 162 (H31), Animal 167 (H32), Animal 169

(H31), Animal 193 (H33); Iguape (24º43’S, 47º33’W): CIT 204 (H35), CIT 260

(H36), CIT 261 (H35), CIT 320 (H37), CIT 324 (H35), CIT 325 (H36), CIT 330

(H36), CIT 332 (H36). PARANÁ: Piraquara (25º21’S, 49º04’W): Mananciais da

Serra: JAO 1020 (H38), JAO 1021 (H39), JAO 1024 (H40), JAO 1563 (H41),

JAO 1573 (H42), JAO 1575 (H42). RIO GRANDE DO SUL: Maquiné

(29°40’S, 50°34’W): AC 666 (H43), AC 667 (H44), AC 675 (H43), AC 679

(H43), LGA 323 (H45)

ARGENTINA – MISIONES: Valle del Arroyo Cunã Pirú (27°05’S, 54°57’W):

Reserva Privada de la UNLP: UP 149 (H46), UP 735 (H35), UP 736 (H35)