sistema inteligente para tomada rápida de decisões nos...

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Universidade Federal de Itajubá Sistema Inteligente para Tomada Rápida de Decisões nos Sistemas Elétricos Milton Nunes da Silva Filho Orientador: Prof. Germano Lambert Torres Co-orientador: Prof. Luiz Eduardo Borges da Silva Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal de Itajubá, para obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica. Dezembro/2006

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  • Universidade Federal de Itajub

    Sistema Inteligente para Tomada Rpida de

    Decises nos Sistemas Eltricos

    Milton Nunes da Silva Filho

    Orientador: Prof. Germano Lambert Torres

    Co-orientador: Prof. Luiz Eduardo Borges da Silva

    Tese de Doutorado apresentada

    Universidade Federal de Itajub, para

    obteno do ttulo de Doutor em

    Engenharia Eltrica.

    Dezembro/2006

  • ii

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Mau Bibliotecria Cristiane N. C. Carpinteiro- CRB_6/1702

    S586s Silva Filho, Milton Nunes da Sistema inteligente para tomada rpida de decises nos sistemas eltricos / por Milton Nunes da Silva Filho. -- Itajub (MG) : [s.n.], 2006. 221 p. : il. Orientador : Prof. Dr. Germano Lambert Torres Co-Orientador : Prof. Dr. Luiz Eduardo Borges da Silva Tese (Doutorado) Universidade Federal de Itajub 1. Sistemas especialistas. 2. Sistemas inteligentes. 3. Extrao de conhecimento. 4. Minerao de dados. 5. Integrao de sistemas. I. Torres, Germano Lambert, orient. II. Silva, Luiz Eduardo Borges da, co-orient. III. Universidade Federal de Itajub. IV. Ttulo. CDU 004.8 : 621.311 (043.2)

  • iii

    Dedico este trabalho

    Luisa, Pedro e Rose,

    filha, filho e esposa amados

    que sacrificaram nossos bons momentos

    em prol de nosso crescimento,

    e a Irena e Milto, meus pais queridos.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Ao Engenheiro Josias Matos de Arajo por incentivar o meu desenvolvimento

    acadmico iniciado em 2000 com uma especializao, seguido de mestrado e culminando

    no doutorado em 2006. Sem o seu esforo e ajuda, possibilitando as condies ideais junto

    ELETRONORTE, nada teria sido possvel.

    Aos professores doutores: Germano Lambert Torres e Luiz Eduardo Borges

    da Silva pela dedicao e orientao a este doutorado.

    Ao colega acadmico, agora doutor, Carlos Henrique Valrio de Moraes, pela

    pacincia e auxlio nos diversos pleitos consultivos.

    A todos os colegas da ELETRONORTE que dispuseram seu tempo para

    ensinar o seu ofcio, particularmente pelas muitas discusses e crticas que produziram um

    trabalho melhor.

    Aos meus pais e minha famlia que com sua fora e compreenso me

    impulsionaram para um horizonte melhor.

  • v

    NDICE

    Captulo 1 Introduo 1

    1.1 Definio do Problema 1

    1.2 Objetivos 2

    1.3 Estrutura desta Tese de Doutorado 3

    Captulo 2 Centros de Operao e o Banco de Dados de Desligamentos 5

    2.1 Operao do Sistema de Potncia 6

    2.2 Insumos Necessrios Atividade de Execuo de Manobras e Anlises de

    Ocorrncias 8

    2.3 Caracterstica das Ferramentas Computacionais para a Soluo dos Problemas

    relacionados aos Sistemas de Potncia 11

    Captulo 3 Metodologias das Ferramentas de Extrao e Representao do Conhecimento

    25

    3.1 Caractersticas do Sistema Especialista Desenvolvido 26

    3.1.1 Base de Conhecimento 26

    3.1.2 Mquina de Inferncia 28

    3.1.3 Estruturas Disponveis para a Confeco da Base de Conhecimento 31

    3.1.4 Interface com o Usurio 36

    3.2 Caractersticas do Programa de Extrao de Conhecimento 41

    3.2.1 Conceitos Bsicos da Teoria dos Conjuntos Aproximados 41

    3.2.2 Algoritmo de Extrao de Conhecimentos da Base de Dados 44

    3.2.3 Interface com o Usurio 53

    Captulo 4 Estudo de Caso: ELETRONORTE 56

    4.1 A Empresa 57

    4.1.1 Servios Prestados 57

    4.1.2 Cenrios para os Prximos Anos 59

    4.1.3 Estrutura Organizacional 60

    4.2 Estrutura do Centro de Operao de Transmisso 61

    Captulo 5 Estruturao da Operao Conjunta dos Sistemas SAP/R3, SAGE e

    INFO_OPR 66

    5.1 Mdulo PM do Sistema SAP / R3 67

    5.2 Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia - SAGE 71

    5.3 Sistema de Gerenciamento de Informaes Informativo Operacional (INFO_OPR)

    75

  • vi

    Captulo 6 Modelo de Operao Conjunta dos Sistemas SAP/R3, SAGE e INFO_OPR 79

    6.1 Interface entre INFO_OPR, Mdulo PM do SAP/R3 e SAGE 79

    6.2 Programa de Integrao INFO_OPR com SAGE 81

    6.2.1 O Integrador em Funcionamento 82

    6.3 Programa de Integrao INFO_OPR com o Mdulo PM do SAP/R3 84

    6.3.1 O Integrador em Funcionamento 84

    6.4 Estrutura dos Bancos de Dados utilizados 85

    6.4.1 Banco de dados de sistemas eltricos 85

    6.4.2 Banco de dados de equipamentos 86

    6.4.3 Banco de dados de Interrupes 87

    6.4.4 Banco Estatstico de Interrupes 88

    6.4.5 Banco de Indicadores de Desempenho 92

    6.4.6 Banco de Regras 92

    6.4.7 Banco de Equipamentos_Regras 92

    6.5 Sistema Extrator de Eventos de Ocorrncias 93

    6.6 Estruturao da Consolidao 98

    6.6.1 Relacionamentos entre as entidades 99

    6.6.2 Indicadores e Definies Associadas 99

    6.6.3 Domnio de Equipamentos 102

    6.6.4 Pontos Controlados e Abrangncia 102

    6.6.5 Classes de classificao: estados operacionais de equipamentos 104

    6.6.6 Formulao dos ndices calculados 104

    6.6.7 Procedimentos de clculo 105

    6.6.8 Planilha de desempenho consolidada 107

    Captulo 7 Concluses 110

    7.1 Resumo dos objetivos alcanados 110

    7.2 Etapas do desenvolvimento 110

    7.3 O sistema em funcionamento na ELETRONORTE 111

    7.4 Principal contribuio cientfica 112

    7.5 Contribuies secundrias 113

    7.6 Trabalhos futuros 113

    Referncias bibliogrficas 114

    Anexo I Regras NBR7274 117

    Anexo II Interface com Usurios, Telas e Funes do Sistema Especialista 121

    Anexo III Programa de Extrao de Caractersticas 136

  • vii

    Anexo IV Tecnologia da Informao na ELETRONORTE 145

    Anexo V Sistema Integrado de Gesto Corporativa - SIN 149

    Anexo VI Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia - SAGE 152

    Anexo VII Sistema de Gerenciamento de Informaes Informativo operacional

    (INFO_OPR) 155

    Anexo VIII Estatstica de Desligamentos 166

    Anexo IX Indicadores de Desempenho 171

    Anexo X Programa de Integrao INFO_OPR com SAGE 173

    Anexo XI Sistema de Anlise de Ocorrncias 183

    Anexo XII Monitor de Ocorrncias 194

    Anexo XIII Relacionamento com o usurio final 203

  • viii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Estrutura do Centro de Informaes da Eletronorte 5

    Figura 2.2 - Atividades dos operadores e despachantes 6

    Figura 2.3 - Uma viso simplificada da aplicao de Sistemas Baseados em

    Conhecimento em Sistemas de Potncia 17

    Figura 2.4 - Relao entre velocidade de resposta e nvel de stress a que est

    submetido o profissional da rea de operao de sistemas de energia 21

    Figura 2.5 - Diagrama geral, representativo da utilizao de Sistemas Especialistas

    para auxlio a manobras e diagnstico de faltas em sistemas eltricos 23

    Figura 3.1 Estrutura de um Sistema Especialista 27

    Figura 3.2 Funcionamento da Mquina de Inferncia em Encadeamento Direto:

    (a) executando a regra R1 e (b) executando a regra R2 29

    Figura 3.3 Funcionamento da Mquina de Inferncia e da rea de Trabalho:

    (a) primeira passagem pela regra R1, (b) final da primeira passagem

    pela base de conhecimento e (c) segunda passagem pela regra R1 31

    Figura 3.4 - Janela principal do programa 37

    Figura 3.5 - Abrindo gerenciador de regras 38

    Figura 3.6 - Gerenciador de regras 38

    Figura 3.7 - Colorao tpica da linguagem 39

    Figura 3.8 - Erro encontrado no cdigo das regras 39

    Figura 3.9 - Iniciando anlise dos dados 40

    Figura 3.10 - Grandezas de sada atualizadas com a anlise 40

    Figura 3.11 Conjuntos de Aproximao e Regies de Interesse 42

    Figura 3.12 Conjuntos de Aproximao Superior e Inferior e Conjunto Procurado 43

    Figura 3.13 Janela Principal do Programa de Extrao de Conhecimento 53

    Figura 3.14 Janela no Item Opes 54

    Figura 3.15a Janela com Valores Preenchidos 54

    Figura 3.15b Janela com Valores Preenchidos 55

    Figura 3.16 Janela com as Regras Extradas 55

    Figura 4.1 - Localizao Geogrfica 62

    Figura 4.2 - Estrutura Organizacional 62

    Figura 4.3 - Sistemas Eltricos da Eletronorte 64

    Figura 4.4 - Relacionamento entre os Centros de Operao 65

    Figura 5.1 - rvore de falha/dag/defeito tpica de uma unidade geradora 69

    Figura 5.2 - rvore de falhas das unidades geradoras de 350 MW da UHE Tucuru 70

  • ix

    Figura 5.3 - Relatrio de custos 70

    Figura 5.4 - Rede de superviso da ELETRONORTE 74

    Figura 5.5 - Rede de Superviso - rea Par 75

    Figura 5.6 Tela Principal do INFO_OPR 77

    Figura 5.7 - Diagramas Unifilares 77

    Figura 5.8 - Tabela de Classificao de Estado Operacional 78

    Figura 6.1 Fluxo de Aes, Eventos e Dados 81

    Figura 6.2 - Iniciando integrador automaticamente 82

    Figura 6.3 - cone do programa na barra do sistema 82

    Figura 6.4 - Menu de opes 82

    Figura 6.5 - Janela de configuraes 83

    Figura 6.6 - Balo de mensagem de erro 84

    Figura 6.7 Acessando o Mdulo PM 85

    Figura 6.8 - Banco de dados de interrupes 87

    Figura 6.9 - Exemplos de estruturas de bancos de interrupes 88

    Figura 6.10 Banco estatstico de interrupes 89

    Figura 6.11 - Amostragem de ocorrncias para o exerccio 90

    Figura 6.12 - Resultados do exerccio 90

    Figura 6.13 - Grfico resultante da base estatstica de desligamento 91

    Figura 6.14 - Banco de indicadores de desempenho 92

    Figura 6.15 - Banco de Regras 92

    Figura 6.16 - Banco de Equipamentos_Regras 93

    Figura 6.17 Tabela de ocorrncias para seleo e anlise 94

    Figura 6.18 - Tabela de eventos extrados 95

    Figura 6.19 Removendo a coluna de perodos 95

    Figura 6.20 Informando o equipamento de sada para anlise 96

    Figura 6.21 Resultado do reduto 1 96

    Figura 6.22 Resultado do reduto 2 97

    Figura 6.23 Resultado do reduto 3 97

    Figura 6.24 Resultado do reduto 4 97

    Figura 6.25 - Console de gerenciamento do SQL Server com os bancos e servidores

    reais utilizados neste sistema 98

    Figura 6.26 - Modelo de Entidade x Relacionamento para Obteno de

    Indicadores de Desempenho 99

    Figura 6.27 - Pontos controlados 103

    Figura 6.28 - Planilha mensal de desempenho 108

    Figura II.1 Janela principal do programa 121

  • x

    Figura II.2 Barra de ferramentas principal 122

    Figura II.3 Barra de ferramentas para edio de ensaios 122

    Figura II.4 Adicionando um novo ensaio 123

    Figura II.5 Editando valor em um campo 124

    Figura II.6 Colando valores na tabela de ensaios 124

    Figura II.7 Removendo o ensaio selecionado 125

    Figura II.8 Funes para grandezas 125

    Figura II.9 Inserindo uma nova grandeza/coluna 126

    Figura II.10 Fornecendo o nome da nova grandeza 126

    Figura II.11 Nova grandeza inserida 126

    Figura II.12 - Alterando o nome de uma grandeza/coluna 127

    Figura II.13 Fornecendo o novo nome da grandeza 127

    Figura II.14 Novo nome j alterado 127

    Figura II.15 Abrindo gerenciador de regras 128

    Figura II.16 Gerenciador de regras 128

    Figura II.17 Barra de ferramentas do gerenciador de regras 128

    Figura II.18 - Adicionando regras 129

    Figura II.19 Novo grupo de regras em branco 129

    Figura II.20 Selecionando o grupo de regras 130

    Figura II.21 Pressionando o boto alterao de nome 130

    Figura II.22 Alterando o grupo de regras 130

    Figura II.23 Finalizando a alterao de nome 131

    Figura II.24 Editando grupo de regras 131

    Figura II.25 Janela de edio de regras 132

    Figura II.26 Colorao tpica da linguagem 132

    Figura II.27 Confirmando regras 133

    Figura II.28 Erro encontrado no cdigo das regras 133

    Figura II.29 Retornando ao gerenciador de regras 133

    Figura II.30 Removendo regras 134

    Figura II.31 Iniciando anlise dos ensaios 134

    Figura II.32 Trmino dos ensaios 135

    Figura II.33 Grandezas de sada atualizadas com a anlise 135

    Figura II.34 Resultados das anlises em detalhes 135

    Figura III.1 Barra de ferramentas principal 136

    Figura III.2 Barra de ferramentas edio 136

    Figura III.3 Opes de anlise 137

    Figura III.4 Criando nova anlise 138

  • xi

    Figura III.5 Inserindo novas grandezas 138

    Figura III.6 Definindo nomes das grandezas 139

    Figura III.7 Editando uma clula 139

    Figura III.8 Modo de colagem 140

    Figura III.9 Dados a serem colados 140

    Figura III.10 Valores preenchidos 141

    Figura III.11 Inserindo faixas 142

    Figura III.12 Inserindo intervalo de valores 142

    Figura III.13 Definindo grupos de valores 142

    Figura III.14 Iniciando anlise 143

    Figura III.15 Localizando redutos 143

    Figura III.16 Resultados obtidos 144

    Figura III.17 Regras extradas 144

    Figura IV.1 Rede Corporativa NETNORTE 146

    Figura IV.2 Viso geral de uma rede 147

    Figura IV.3 Interligaes WAN atuais 148

    Figura V.1 Ambiente de sistemas antes do SAP R/3 151

    Figura V.2 Ambiente de sistemas com o SAP R/3 151

    Figura VI.1 Rede de superviso da ELETRONORTE 153

    Figura VI.2 Trfico de dados no Supervisivo 153

    Figura VI.3 Disponibilidade de ligaes no SAGE 154

    Figura VI.4 Rede de superviso rea Par 154

    Figura VII.1 Modelo entidade x relacionamento do INFO_OPR 157

    Figura VII-2 Tela principal do sistema 158

    Figura VII-3 Mdulo de Cadastro de Equipamentos 158

    Figura VII-4 Mdulo de Diagramas unifilares 159

    Figura VII-5 Tabela de classificao de estado operacional 159

    Figura VII-6 Tabela de pagamento-base mensal em reais 160

    Figura VII-7 Mdulo Dados de gerao 160

    Figura VII-8 Gerao horria 161

    Figura VII-9 Mdulo Dados de hidrologia 161

    Figura VII-10 Situao operacional 162

    Figura VII-11 Seleo de ocorrncias 162

    Figura VII-12 Incluso de ocorrncias 163

    Figura VII-13 Desligamentos totais, sistema Amap, setembro/2004 163

    Figura VII-14 Desligamentos programados, sistema Amap, setembro/2004 164

    Figura VII-15 Desligamentos no programados, sistema Amap, setembro/2004 164

  • xii

    Figura VII-16 Desligamentos no programados, sistema Amap,

    equipamentos de maior impacto 165

    Figura VII-17 Fluxo de energia de 14 de outubro de 2004, sistema Amap 165

    Figura VIII-1 Estatstica de equipamentos: extenso de linhas da ELETRONORTE 167

    Figura VIII-2 Parmetros de seleo para a estatstica de desligamentos 168

    Figura VIII-3 Nmero de ocorrncias por perodo 168

    Figura VIII-4 Durao das ocorrncias por perodo 169

    Figura VIII-5 Distribuio dos desligamentos programados por tipo 169

    Figura VIII-6 Distribuio de desligamentos no programados por tipo 170

    Figura IX-1 Parmetros de seleo para indicadores de desempenho 171

    Figura IX-2 ELETRONORTE Total Interligados DISP (%) 2004 171

    Figura IX-3 ELETRONORTE DST (%) 2004 172

    Figura IX-4 Sistema Maranho Parcela varivel (reais) 2003 e 2004 172

    Figura X.1 - Iniciando integrador automaticamente 173

    Figura X.2 - Executando manualmente o integrador 173

    Figura X.3 - cone do programa na barra do sistema 174

    Figura X.4 - Menu de opes 174

    Figura X.5 - Janela de configuraes 175

    Figura X.6 - Provedor de Acesso do banco de dados 176

    Figura X.7 - Fornecendo servidor, usurio e banco de dados 177

    Figura X.8 - Provedor para Access 97 ou anterior 178

    Figura X.9 - Provedor para Access 2000 ou superior 178

    Figura X.10 - Conexo com arquivo local 179

    Figura X.11 - Selecionado arquivo local de banco de dados 179

    Figura X.12 - Arquivo de banco de dados j indicado na conexo 180

    Figura X.13 - Balo de mensagem de erro 181

    Figura XI.1 - Fluxograma de funcionamento do sistema 184

    Figura XI.1 Progresso da anlise das ocorrncias 184

    Figura XI.2 - Configuraes do programa 185

    Figura XI.3 - Selecionando o perodo de anlise de ocorrncias 185

    Figura XI.4 - Selecionando o agrupamento de ocorrncias de anlise 186

    Figura XI.6 - Tabela de eventos extrada 186

    Figura XI.7 - Executando funo de preenchimento 187

    Figura XI.8 - Executando a funo de enumerao 188

    Figura XI.9 - Janela principal do programa RoughSets 189

    Figura XI.10 - Colando tabela de eventos 189

    Figura XI.11 - Removendo coluna de perodos 190

  • xiii

    Figura XI.12 - Informando o equipamento de sada para anlise 190

    Figura XI.13 - Resultados da anlise 191

    Figura XI.14 - Resultado do Reduto 1 191

    Figura XI.15 - Resultado para o Reduto 2 192

    Figura XI.16 - Resultado para o Reduto 3 192

    Figura XI.17 - Resultado para o Reduto 4 193

    Figura XII.1 - cone do programa na barra do sistema 194

    Figura XII.2 - Menu de opes 194

    Figura XII.3 - Descrio do programa monitor 195

    Figura XII.4 - Janela de configuraes 195

    Figura XII.5 - Provedor de Acesso do banco de dados 196

    Figura XII.6 - Fornecendo servidor, usurio e banco de dados 197

    Figura XII.7 - Provedor para Access 97 ou anterior 198

    Figura XII.8 - Provedor para Access 2000 ou superior 198

    Figura XII.9 - Conexo com arquivo local 199

    Figura XII.10 - Selecionado arquivo local de banco de dados 199

    Figura XII.11 - Arquivo de banco de dados j indicado na conexo 200

    Figura XII.12 - Estados possveis do monitor 201

    Figura XII.13 - Balo de mensagem de erro 201

  • xiv

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1 - Trabalhos na rea de sistemas de Potncia entre 1986 e 2003 14

    Tabela 3.1 Base de Dados 46

    Tabela 3.2 Base de Dados em Faixas 47

    Tabela 3.3 Base de Dados em Faixas sem Atributos Idnticos 48

    Tabela 3.4 Base de Dados em Faixas sem Atributos Idnticos sem

    Exemplos Idnticos 49

    Tabela 3.5 Base de Dados em Faixas sem Atributos Idnticos sem Exemplos Idnticos

    e sem Atributos Dispensveis 49

    Tabela 3.6 Base de Dados Conjunto Ncleo Bsico 50

    Tabela 3.7 Base de Dados Conjunto Reduo 51

    Tabela 3.8 Base de Dados Conjunto de Regras 51

    Tabela 3.9 Base de Dados Conjunto Final de Regras 52

    Tabela 4.1 Dados da Eletronorte e de sua regio de atuao

    (posio em 31/12/2005) 61

    Tabela 6.1 Eventos do Mdulo PM do Programa SAP/R3 80

    Tabela 6.2 Eventos do Programa SAGE 80

    Tabela 6.3 Eventos do Programa INFO_OPR 80

    Tabela II.1 Funes da barra de ferramentas da tela principal 122

    Tabela II.2 Funes da barra de ferramentas da edio de ensaio 123

    Tabela II.3 Funes da barra de ferramentas para edio de grandezas 125

    Tabela II.4 Funes da barra de ferramentas do gerenciador de regras 129

    Tabela X.1 Funes do Integrador 174

    Tabela X.2 Configuraes do Integrador 175

    Tabela X.3 Estados do Integrador 181

    Tabela XI.1 Funes do Monitor 195

    Tabela XI.2 Estados do Monitor 201

    Tabela XIII.1 Horas de utilizao das ferramentas de apoio operao 204

  • xv

    LEGENDA

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    CCT Contratos de Conexo de Transmisso

    CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Eltrica

    COL Centros de Operao de Sistemas Locais

    COR Centros de Operao de Sistemas Regionais

    COS Centros de Operao de Sistemas

    COSRN Centro de Operao de Sistema Regional da Regio Do norte

    COSR_SE Centro de Operao de Sistema Regional da Regio de Sudeste

    COT Centro de Informao e Anlise de Transmisso,

    CNOS Centro de Operao de Sistema Nacional

    CPST Contrato de Prestao de Servios de Transmisso

    DC Direo de Produo e Comercializao de Energia da

    ELETRONORTE

    Dem. Mx. Demanda Mxima do Sistema em MWh/h

    DISP Disponibilidade de equipamentos

    DREQ Durao Equivalente

    DST Desempenho do Sistema da Transmisso

    Durao Durao em horas das interrupes

    ELETRONORTE Centrais Eltricas do Norte do Brasil SA

    EXT.LT Extenso da Linha em Quilmetros dividido por 100

    FREQ Freqncia Equivalente

    GPS General Problem Solver

    HP Horas do Perodo

    HD Horas Disponveis

    HFS Horas Fora de Servio

    HI Horas Indisponveis

    HIMF Horas Indisponveis devido a Manuteno Forada

    HIMP Horas Indisponveis devido a Manuteno Programada

    HIR Horas Indisponveis para Operao e entregue para a Manuteno

    HS Horas de Servio

    INDISPMF Indisponibilidade para Manuteno Forada de Equipamentos

    INDISPMP Indisponibilidade para Manuteno Programada de Equipamentos

    INFO_OPR Sistema de Informaes de Operao de Sistemas Eltricos

    MAE Mercado Atacadista de Energia

  • xvi

    MYCIN Sistema Baseado em Conhecimento

    NBR 7274 Norma Brasleira

    NDF Nmero de Desligamentos Forados

    NF Nmero de Falhas

    NF Anual Nmero de Falhas no Ano

    ODBC Conexes em tempo real de bancos de dados

    ONS Operador Nacional de Sistemas Eltricos

    ORACLE Gerenciador de banco de dados

    PM Mdulo de gerenciamento de manuteno

    POT Potncia Interrompida da interrupo em MW

    PV Parcela varivel

    Rough Sets Teoria dos Conjuntos Aproximados

    SAGE Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia

    SAGE/SCADA Superviso e controle de redes eltricas

    SAGE/EMS Anlise de Redes em tempo real e de estudos

    SAGE/GBH Gerenciamento da base de dados histricos

    SAGE/SIA Subsistema de Inteligncia Artificial

    SAGE/ACG Controle Automtico de Gerao

    SAGE/SIM Subsistema de Treinamento e Simulao

    SAP/R3 Empresa alem desenvolvedora do Mdulo PM

    SE Sistema Especialista

    SIN Sistema Interligado Nacional

    SGI Sistema de Gerenciamento de Intervenes

    TPM Manuteno Produtiva Total

    TDF Taxa de Desligamento Forado

    TF Taxa de Falhas

    TMRF Tempo Mdio de Reparo da Funo

    UHE Usina Hidreltrica

    VBScript Compilador da linguagem Visual Basic

  • xvii

    RESUMO

    Esta tese apresenta uma metodologia, baseada em tcnicas de inteligncia

    artificial, notadamente de sistemas especialistas e conjuntos aproximados, para auxiliar no

    processo de tomada de deciso. A idia central foi desenvolver um conjunto de regras que

    possam auxiliar os operadores durante a anlise de ocorrncias e na recomposio

    sistmica da rede da ELETRONORTE. Para isto, foi desenvolvida uma metodologia que

    utiliza alm de uma base de conhecimento prpria, a integrao com os sistemas

    INFO_OPR, SAP/R3 e SAGE, j disponveis na concessionria. Foi tambm concebido e

    implementado um sistema extrator de conhecimento de grandes bases de dados que

    funciona em conjunto com um sistema especialista. Este sistema inteligente hierrquico

    aciona rotinas computacionais externas de apoio, bem como bases de dados existentes na

    companhia.

    Para alcanar este objetivo o trabalho foi dividido em etapas:

    Integrao de sistemas de informao de operao e manuteno, onde se buscou

    centralizar e otimizar as informaes histricas necessrias formao da base de

    dados.

    Extrao e armazenamento do conhecimento existente da base integrada, atravs de

    um algoritmo baseado na Teoria dos Conjuntos Aproximados.

    Monitoramento dos novos eventos atravs da execuo em tempo-real das regras do

    banco de conhecimento.

    Anlise dos novos eventos sob o foco das regras do banco de conhecimento.

    Consolidao dos resultados atravs da estruturao e o clculo dos indicadores de

    desempenho da ELETRONORTE. Estes indicadores de desempenho so regidos

    pelos manuais e regras de consolidao disponibilizados pelo Operador Nacional de

    Sistemas ONS.

    Este sistema encontra-se em operao na ELETRONORTE.

    Palavras-chaves: Sistemas Especialistas, Sistemas Inteligentes, Extrao de Conhecimento,

    Minerao de Dados, Anlise de Ocorrncias, Integrao de Sistemas.

  • xviii

    ABSTRACT

    This thesis presents a methodology, based on techniques of artificial

    intelligence, especially of specialist and united systems approximate, to aid in the process of

    electric outlet of decision. The central idea was to develop a group of rules that you/they can

    aid the operators during the analysis of occurrences and in the system recompose of the net

    of ELETRONORTE. For this, it was developed a methodology that uses besides an own

    knowledge base, the integration with the systems INFO_OPR, SAP/R3 and SAGE, already

    available in the concessionary. It was also become pregnant and implemented a system

    extractor of knowledge of great bases of data that works together with a specialist system.

    This hierarchical intelligent system works routines external computations of support, as well

    as bases of existent data in the company.

    To reach this I aim at the work it was divided in stages:

    Integration of systems of operation information and maintenance, where she looked

    for to centralize and to optimize the necessary historical information to the formation

    of the base of data.

    Extraction and storage of the existent knowledge of the integrated base, through an

    algorithm based on the Theory of the Approximate Groups.

    Monitoring of the new events through the execution in time-Real of the rules of the

    knowledge bank.

    Analysis of the new events under the focus of the rules of the knowledge bank.

    Consolidation of the results through the structuring and the calculation of the

    indicators of acting of ELETRONORTE. These acting indicators are governed by the

    manuals and rules of consolidation avaliable by the National Operator of Systems -

    ONS.

    This system is in operation in ELETRONORTE.

    Word-keys: Specialist systems, Intelligent Systems, Extraction of Knowledge, Mining of Data,

    Analysis of Occurrences, Integration of Systems.

  • 1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1 Definio do Problema

    Os sistemas baseados em conhecimento, como os sistemas especialistas,

    tm sido largamente utilizados para auxiliar o trabalho de profissionais da rea de sistemas

    eltricos de potncia, principalmente aqueles que exercem funes que necessitam de

    experincia para efetuarem tomadas de decises [1]. Especificamente no domnio de

    sistemas de potncia, as decises devem ser tomadas baseando-se em um grande nmero

    de informaes relevantes, de cuja interpretao depende a garantia da mxima

    continuidade do servio. Assim, torna-se bvia a importncia de se oferecer ao profissional

    da rea, uma ferramenta com uma arquitetura tal, que a torne apta a gerenciar aquelas

    informaes e ainda, a fornecer auxlio ao usurio no desenvolver de suas atividades.

    Diversas pesquisas reportam os avanos conseguidos na aplicao de

    sistemas baseados em conhecimento no auxlio operao de sistemas eltricos [2]. A

    importncia desta alternativa cresce medida que estes sistemas se tornam mais

    complexos, o que dificulta profundamente ao operador, deter o domnio completo e seguro

    de todas as reas envolvidas, reduzindo consideravelmente sua capacidade de tomada de

    decises rpidas e corretas sem assistncia externa [3].

    Dada complexidade de tais sistemas, o advindo das subestaes

    automatizadas e a carncia de ferramentas numricas tradicionais que analisem as causas

    das interrupes no programadas, faz-se necessria uma abordagem no tradicional, que

    auxiliem o engenheiro eletricista a entender melhor o sistema com que trabalha, permitindo o

    melhor gerenciamento de sua disponibilidade.

    Segundo afirma Lambert-Torres [4], na medida em que os sistemas se tornam

    mais complexos, mais imprescindvel que a deciso tomada esteja correta, e mais difcil

    torna-se ao profissional executar aes sem auxlio externo. Em virtude de grande nmero

  • 2

    de mudanas de estado operacional dos equipamentos, tanto em situaes normais ou

    programadas, torna-se muito difcil para um engenheiro ter uma real imagem de um sistema

    eltrico sem condensar as informaes em indicadores representativos. Para obter estes

    valores, partindo de um grande nmero de dados, precisamos desenvolver sistemas e

    programas que incluam o processo de negcio destes especialistas.

    Este trabalho pretende propor uma metodologia para agregar e extrair o

    conhecimento dos grandes bancos de dados heterogneos gerados pelos Sistemas

    Eltricos utilizando a Teoria dos Conjuntos Aproximados. Os sistemas que sero integrados

    so o SAP/R3, o SAGE e o INFO_OPR. Pretende-se possibilitar aos agentes melhores

    condies de monitorao e anlise das condies operacionais dos equipamentos e medir

    esta eficcia com a consolidao dos Indicadores de Desempenho.

    1.2 Objetivos

    Os dados gerados pela operao e manuteno apresentam grandes

    diferenciaes em seus atributos: suprimento, gerao, desligamentos, hidrologia,

    perturbaes e manutenes que geram anlises, recomendaes e relatrios diversos.

    So todos em grande volume: estima-se em 40.000 dados dirios gerados

    pela Regio Norte, j filtrados e selecionados como importantes e representativos.

    Na tentativa de informatizar o acesso a estes dados, as empresas recorrem

    ao desenvolvimento de sistemas que em geral so simples armazenadores de dados. Sem

    integrao e sem padronizao, estes estimulam o desenvolvimento de sistemas e bancos

    heterogneos volumosos, mas oferecem pouco conhecimento.

    Muitos destes dados so relativos e dependem do conhecimento do

    especialista como, por exemplo, a anlise e descrio das alteraes dos estados

    operacionais dos equipamentos. Visto que penalidades como a Parcela Varivel so

    inerentes classificao feita da ocorrncia pelo especialista, o condicionamento destas

    informaes relativas pode ter grande impacto na receita de uma empresa eltrica.

    Portanto transformar este grande volume de dados gerados por um sistema

    eltrico em informao e conhecimento tornou-se fundamental para as empresas do ramo.

    So ento objetivos deste trabalho:

  • 3

    1. Integrao dos sistemas SAP/R3, SAGE e INFO_OPR, sistemas de informao de

    operao e manuteno, onde se buscou centralizar e otimizar as informaes

    histricas necessrias formao da base de dados.

    2. Implantao de metodologia de extrao do conhecimento existente, atravs de um

    algoritmo baseado na Teoria dos Conjuntos Aproximados (Rough Sets).

    3. Gerao de um banco de conhecimento atravs do armazenamento das regras

    obtidas pela extrao e pelo sistema especialista.

    4. Monitoramento e preveno de novos eventos atravs da execuo em tempo-real

    das regras do banco de conhecimento.

    5. Anlise dos novos eventos sob o foco das regras do banco de conhecimento.

    6. Consolidao atravs de indicadores de desempenho.

    A principal contribuio deste trabalho ser integrar e extrair conhecimento de

    grandes bancos de dados histricos de operao e manuteno de sistemas eltricos

    heterogneos. Fugindo da tradicional abordagem de anlise da variao de tenso e carga,

    o trabalho pretende buscar o conhecimento inserido por especialistas nos bancos de dados

    de anlise de ocorrncias e perturbaes utilizando a Teoria dos Conjuntos Aproximados.

    1.3 Estrutura desta Tese de Doutorado

    Este trabalho foi estruturado em captulos que compreendem:

    Captulo 1, introduo com a definio do problema, sua justificativa e objetivos.

    Captulo 2, caracterizao de Centros de Operao e Bancos de Dados de

    Desligamentos.

    Captulo 3, introduo nas metodologias das ferramentas de extrao e

    representao do Conhecimento utilizadas neste trabalho.

    Captulo 4, apresentao do estudo de caso: a ELETRONORTE.

    Captulo 5, apresentao da estrutura dos sistemas de informao que sero

    necessariamente integrados para a formao do banco de dados histrico de

    desligamentos.

  • 4

    Captulo 6, apresentao dos resultados da integrao, das extraes de regras,

    monitorao, consolidao de desempenho e suas respectivas bases resultantes.

    Captulo 7, concluses finais do trabalho, principais contribuies e trabalhos futuros.

  • 5

    Captulo 2

    Centros de Operao e o Banco de Dados de Desligamentos

    O problema do desempenho pode ser bastante complexo dependendo da

    maneira como abordado. O tratamento das grandezas do sistema de potncia exige

    ferramentas computacionais capazes de considerar grande volume de dados bem como de

    ser eficientes e suficientemente rpidas para que tenham condies de oferecer respostas

    corretas e em tempo hbil.

    Para a caracterizao do domnio considerado no presente trabalho,

    necessrio primeiramente esclarecer como realizada a operao do sistema de potncia,

    identificar, dentre as diversas tarefas relacionadas, onde se deseja atuar, conhecer quais os

    profissionais envolvidos e como realizam seu trabalho em conjunto e individualmente. Ser

    necessrio ainda identificar quais os insumos utilizados para a realizao das tarefas e, por

    fim, o produto: o banco de dados de desligamentos.

    A figura 2.1 mostra a estrutura do Centro de Informaes da ELETRONORTE

    (Centrais Eltricas do Norte do Brasil S.A.) como exemplo.

    Figura 2.1 Estrutura do Centro de Informaes da EL ETRONORTE

  • 6

    2.1 Operao do Sistema de Potncia

    A tarefa de operar o sistema eltrico envolve diversas atividades que vo

    desde o monitoramento de grandezas e realizao de pequenos ajustes em tapes de

    transformadores ou em mquinas, at chaveamentos dos equipamentos tanto para controle

    quanto para isolao ou energizao. Por chaveamentos se devem entender as aes de

    abertura ou fechamento de disjuntores e chaves seccionadoras presentes nas subestaes.

    Os profissionais envolvidos com a tarefa de operar o sistema de potncia so:

    o despachante - encarregado de observar o sistema de modo global, sendo dotado de

    informaes a respeito de todas as subestaes presentes e das grandezas de cada uma

    delas, e o operador - presente na prpria subestao, que exerce funes locais,

    diretamente nos equipamentos, com ou sem superviso do despachante. Na maioria dos

    casos, os operadores de subestao no detm informaes de todo o sistema eltrico, se

    concentrando praticamente apenas sua rea de atuao.

    A figura 2.2 oferece uma idia, de modo bastante compacto, da rea de

    atuao e do modo de trabalho destes profissionais.

    Usinas

    Subest.

    Cargas

    Centro de Operao(despachantes)

    Operadores

    Os despachantes observam o sistema globalOs operadores so responsveis por aeslocaisO despachante solicita aes ao operadorO operador informa os problemas locais aodespachante

    Figura 2.2 - Atividades dos operadores e despachant es

    Para que possam exercer mais facilmente seu trabalho, disponibilizado aos

    profissionais da rea, o sistema de superviso, que nada mais que um sistema

    computadorizado de aquisio de dados dos equipamentos e grandezas do sistema eltrico

    capaz de disponibiliz-los em tempo real, ao operador e despachante. Em muitos casos, o

  • 7

    sistema de superviso permite aes dos encarregados diretamente nos equipamentos

    instalados nas subestaes via terminal de computador.

    Quando se leva em conta o nvel de stress a que est submetido o

    profissional encarregado da operao, podem-se dividir em dois grupos as condies

    operativas: operao normal e operao em contingncia. A operao normal se d quando

    as aes a serem executadas no sistema eltrico so bem planejadas e todos os passos so

    analisados previamente. Neste caso, os executores esto sob um estado psicolgico

    bastante tranqilo. Quando ocorre, entretanto, alguma anormalidade no sistema, geralmente

    com o desligamento de determinados equipamentos, situao na qual se estabelecem

    situaes inesperadas, com perda de carga, com equipamentos sobrecarregados ou com

    trechos cujas grandezas supervisionadas passem a ficar fora da faixa aceitvel, o

    encarregado deve agir com o fim de restabelecer a situao normal o mais rpido possvel.

    Esta segunda situao caracterizada como situao de contingncia, nestes casos, o nvel

    de stress do encarregado muito elevado, dele exigido um raciocnio rpido que o

    possibilite identificar a causa do problema e decidir que aes devem tomar.

    Pretendemos abordar basicamente, dentro das diversas tarefas relacionadas

    funo de operar o sistema eltrico, o auxlio operao, primordialmente para identificar

    as causas das anormalidades no sistema eltrico, decorrentes da presena de faltas que

    acarretem a atuao do sistema de proteo existente, com a conseqente desenergizao

    de alguns trechos, mais precisamente nas subestaes de energia. Em seguida, oferecer ao

    usurio um direcionamento no sentido de restabelecer a situao normal.

    Observa-se, entretanto, que ao se analisar mais profundamente o problema

    de anlise das anormalidades descritas no pargrafo anterior, percebe-se que a tarefa de

    oferecer um direcionamento para a recomposio envolve a manipulao de um tipo de

    conhecimento que pode tambm ser utilizado, como ser abordado posteriormente, para

    oferecer auxlio em situao de plena normalidade, que o caso das manobras no sistema

    eltrico. Em vista deste fato, tornou-se tambm objetivo deste trabalho, oferecer ao

    profissional, a possibilidade de obter auxlio para as manobras, no momento em que

    estiverem sendo planejadas, como forma de tornar esta tarefa mais simples e confivel.

    Assim, pode-se finalmente salientar, as reas a serem abordadas no presente

    caso:

    Auxlio a manobras nas Subestaes de Energia - neste caso, devem ser

    consideradas as condies apropriadas para a execuo de chaveamentos para

    isolao ou reenergizao de equipamentos em condies normais.

  • 8

    Anlise de faltas nas Subestaes - neste caso, devem ser analisadas as condies

    do sistema antes e aps as ocorrncias e ento proceder com a identificao do

    ocorrido.

    Auxlio recomposio - aps a identificao dos problemas ocorridos devido s

    faltas, resta direcionar as aes no sentido de retornar situao normal.

    2.2 Insumos Necessrios Atividade de Execuo de Manobras e Anlises

    de Ocorrncias

    As manobras nas subestaes so executadas pelo operador, via

    acionamento direto nos painis das salas de comando o localmente nos prprios

    equipamentos, ou pelo despachante, via sistema de superviso, quando o telecomando est

    disponvel. Normalmente, as manobras tm a funo de exercer controle de tenso ou de

    carregamento, quando so chaveados reatores, bancos de capacitores, linhas de

    transmisso, transformadores, etc. Na prtica, as manobras descritas anteriormente, tm a

    funo de fazer pequenos ajustes no ponto de operao do sistema, com o fim de manter

    todas as grandezas dentro dos limites normais. Os setores responsveis pelo estudo do

    sistema de energia nas empresas realizam estudos peridicos, que prevem as

    necessidades de controle do sistema durante as horas do dia, e deles, so elaboradas

    instrues de operao que contemplam os casos necessrios ao desenvolvimento de uma

    operao segura e tranqila. Resta aos operadores e despachantes, o estudo criterioso das

    instrues relativas ao sistema que operam, para que tenham condio de exercer sua

    tarefa corretamente.

    Um outro grupo de manobras realizadas pelos profissionais da rea, diz

    respeito quelas resultantes de solicitaes da manuteno, que normalmente, tm a funo

    de isolar determinado equipamento para liber-lo para os testes necessrios. Este tipo de

    manobra nem sempre est descrita nas instrues, visto que os passos para a sua

    realizao dependem da configurao em que o sistema se encontra no momento da

    solicitao. Para tentar atender alguns destes casos, se estabelecem nas empresas da rea,

    instrues padro, baseadas na configurao mais comum do sistema eltrico. importante

    ressaltar que uma conseqncia direta das manobras de isolao so as manobras de

  • 9

    reenergizao, realizadas to logo o equipamento seja devolvido operao aps os testes

    executados.

    Um terceiro grupo de manobras contempla aquelas manobras que devem ser

    realizadas aps desligamentos intempestivos, ou seja, aqueles decorrentes da atuao dos

    sistemas de proteo sobre os disjuntores presentes. Este grupo conhecido como

    manobras de restaurao. Estas manobras dificilmente tm seus passos estabelecidos nas

    instrues, muitas vezes o mximo que se dispe so de diretrizes de recomposio. A pr-

    condio mais importante para a sua realizao, a perfeita identificao do ocorrido, s

    aps esta etapa que se pode iniciar o processo de recomposio. Diversas so as

    filosofias utilizadas para definir como realizar o processo de recomposio, normalmente os

    procedimentos variam de empresa para empresa. Via de regra, como descrevem Adibi [5] e

    Kirschen et all [6], pode-se classificar em duas, as etapas da recomposio:

    Fase da recomposio Fluente: a etapa do processo de recomposio na qual

    dispensada comunicao entre operador e despachante. Neste caso, o processo

    normalmente utilizado o de distribuir previamente, pelas diversas unidades do

    sistema, instrues que orientam e padronizam as aes dos operadores em caso de

    desligamento. Estas instrues se restringem a reas ou aes cuja execuo pode

    ser realizada sem afetar o resto do sistema, e que servem para agilizar o processo de

    recomposio. Normalmente, para casos de desligamentos gerais, so preparados

    todos os circuitos antes da recomposio, com o fim de impedir que cargas

    incompatveis com as capacidades das fontes sejam alimentadas. Quando so

    necessrias aes para recebimento de tenso, so executadas manobras que vo

    desde desligamento de bancos de capacitores ou reatores at comutao de tapes

    de transformadores ou preparao de barramentos para energizao.

    Fase da recomposio coordenada: nesta etapa, as aes devem ser

    necessariamente realizadas sob a coordenao dos COSs ou CORs, ou seja, as

    aes do operador so direcionadas pelo despachante. Esta fase se inicia logo aps

    a fase fluente. Em geral so realizadas operaes de sincronismo, fechamento de

    anis e entrada ou sada de circuitos paralelos, energizao de carga adicional, etc.

    Alm das manobras, sejam estas programadas ou de emergncia, resta ao

    profissional da operao, a execuo de uma das mais importantes atividades pertencentes

    ao seu trabalho: a anlise de ocorrncias intempestivas. Esta atividade tem caractersticas

    peculiares, que a tornam uma atividade difcil e desgastante.

  • 10

    O conhecimento utilizado pelo profissional para realizar anlises de

    ocorrncia bastante vasto. O entendimento dos sistemas de proteo e alarmes presentes

    dificultado em funo de existirem, nas diversas subestaes do sistema, determinadas

    particularidades que as levam por vezes a serem bastante diferentes.

    A possibilidade de falha nos esquemas de proteo acarreta conseqncias

    que podem atrapalhar a anlise, visto que a situao que se monta, deixa de ser comum, e a

    ausncia de um padro que sirva de comparao contribuem para a insegurana da

    concluso obtida.

    A periodicidade das ocorrncias variada, assim como as suas

    caractersticas, este fato dificulta ao profissional manter em mente todo o conhecimento

    necessrio anlise. Muitas vezes, simplesmente o profissional no se lembra mais, das

    filosofias e dos esquemas existentes. Isso ocorre principalmente, em funo de dois motivos:

    Existe um grande nmero de esquemas e particularidades a serem consideradas.

    Determinado esquema pode passar um longo perodo adormecido e de repente, vir

    a ser acionado.

    A necessidade de resposta quase sempre urgente, no dispondo o

    profissional de tempo hbil para realizar consultas longas em manuais. Alm da rpida, a

    concluso deve ser correta, visto que, em caso de aes erradas, a situao pode vir a se

    tornar ainda mais crtica. Em vista disso, o profissional invariavelmente se depara com

    instantes de grande tenso emocional.

    Finalizando, pode-se evidenciar que as caractersticas inerentes s atividades

    de operao do sistema eltrico, principalmente relacionadas s manobras e anlises de

    ocorrncias, nos levam a pensar em uma ferramenta capaz de tratar o conhecimento

    relacionado rea e oferecer auxlio de modo rpido e eficiente ao profissional envolvido. A

    palavra conhecimento empregada no perodo anterior foi bastante providencial, visto que,

    este se identifica como fator primordial, ou seja, como principal insumo s atividades postas

    em nfase, at o presente momento. A principal razo disto a inexistncia de um padro a

    ser seguido, cada caso um caso, cada situao possui particularidades que nem sempre

    esto previstas, com isso, praticamente impossvel a implantao de aes pr-

    estabelecidas e padronizadas, deste modo, a nica soluo exigir do profissional envolvido

    o conhecimento do sistema que comanda, s assim estar apto a tomar decises para agir

    corretamente frente s diversas situaes que se apresentem a ele.

  • 11

    2.3 Caracterstica das Ferramentas Computacionais para a Soluo dos

    Problemas relacionados aos Sistemas de Potncia

    A inteno principal desta seo fornecer uma viso de como evoluram as

    aplicaes que envolvem Sistemas Especialistas em Sistemas de Potncia, de modo que se

    possa posicionar o presente trabalho no contexto atual, bem como explicitar suas

    contribuies e as possibilidades de avano que decorrem naturalmente da sua concluso.

    A operao e planejamento de Sistemas Eltricos sempre se constituram em

    um grande desafio para a Engenharia Eltrica. Na medida em que os recursos vo se

    tornando mais escassos, existe uma necessidade maior de aproveitamento de todas as

    potencialidades do sistema eltrico, este fato resulta em sistemas mais sobrecarregados,

    com margens de segurana reduzidas e mais suscetveis a ocorrncias. Isto faz com que a

    operao destes sistemas se torne cada vez mais complexa e com um grau de liberdade

    cada vez menor no que diz respeito a erros de operao.

    Os trabalhos pioneiros em anlise de sistemas de potncia, at os anos 60,

    consistiam na sua maioria no desenvolvimento de modelos matemticos para os diversos

    componentes presentes em um sistema de potncia, principalmente geradores e linhas de

    transmisso. Com o desenvolvimento das ferramentas que exploravam o uso de

    computadores digitais, os esforos, que em grande parte procuravam fornecer solues

    analticas fechadas, ou seja, com modelos constitudos por equaes que descreviam o

    fenmeno de maneira mais prxima possvel da realidade, passaram a incorporar mtodos

    numricos e iterativos. Decorrem deste perodo, mtodos eficientes para a soluo de

    problemas de fluxo de carga e simulaes para anlise da estabilidade dinmica, que se

    constituram em passos importantes na direo da anlise off-line do sistema de potncia.

    Em sua essncia, estes mtodos se constituam de um modelo matemtico, seguido de

    sofisticadas tcnicas de soluo numrica ou de programaes matemticas.

    Restava, todavia, uma classe de problemas com uma caracterstica particular:

    a soluo a ser alcanada, passava mais por uma necessidade de anlise baseada na

    experincia humana para a tomada de uma deciso, que por uma estrita definio

    matemtica e complexa estratgia de processamento numrico.

    Os fatores principais de caracterizao desta classe de problemas so:

  • 12

    Impossibilidade de desenvolvimento de um modelo matemtico que reflita o problema

    com suficiente preciso. O uso de modelos simplificados compromete a validade dos

    resultados.

    A natureza do problema tal que algumas restries so impropriamente

    especificadas e no podem ser expressas matematicamente.

    A complexidade do problema tal que as solues completas se tornam inviveis,

    pois tomam elevado tempo de processamento.

    A metodologia empregada pelo especialista humano no pode ser expressa

    facilmente de forma algortmica ou matemtica. Muitas vezes baseada

    simplesmente no seu sentimento do problema.

    Em uma pesquisa realizada na Europa, Germond & Niebur [7] apresentam por

    sua vez, mais algumas caractersticas desta classe de problemas:

    Inconsistncia de dados: pertencem a esta categoria problemas como diagnstico e

    processamento de alarmes. Percebe-se claramente, que para estes casos, seria

    difcil um tratamento convencional, visto que deveriam ser consideradas abordagens

    a partir de situaes com carncia de dados.

    Natureza combinatria das solues: consideram-se aqui os problemas de

    restabelecimento ps-faltas, que requerem estratgias de buscas em virtude de

    existirem diversas alternativas para a soluo.

    A abordagem para esta classe de problemas, contudo, resultou de uma outra

    forma de pensar, cujos primeiros relatos decorrem de 1950, como ser descrita nos

    pargrafos seguintes.

    Com o crescimento das possibilidades dos computadores, com avanos na

    lgica matemtica e na psicologia cognitiva, a busca do ser humano para conseguir

    mquinas inteligentes pareceu estar prxima de um desfecho. A dcada de 50 foi um marco

    para a rea de estudos denominada Inteligncia Artificial, com a realizao do Seminrio de

    Vero em Inteligncia Artificial de Darthmouth em 1956 [8]. Nesta poca, a euforia foi

    grande, a idia do General Problem Solver (GPS), parecia promissora aos pesquisadores,

    que chegaram a acreditar ter encontrado a mquina inteligente. A euforia inicial, entretanto,

    foi logo seguida de um perodo de descrdito, visto que, cedo se percebeu que a tecnologia

    possua recursos limitados. Durante a dcada de 60, as pesquisas continuaram com

  • 13

    esforos de poucos pesquisadores, que foram por fim os responsveis pelo retorno do

    interesse e alcance de alguns avanos, anos mais tarde.

    A partir da dcada de 70, ressurgiu no mundo cientfico o interesse pela

    Inteligncia Artificial, com o desenvolvimento de alguns sistemas, cuja aplicabilidade

    mostrou-se satisfatria. O primeiro grande sistema, agora conhecido como Sistema Baseado

    em Conhecimento, a ser desenvolvido foi o MYCIN [9], que passou a ser visto como um

    padro para definir o que era um Sistema Especialista. Este sistema foi desenvolvido em

    meados de 1970, na Universidade de Stanford, tinha como funo ajudar no diagnstico e

    tratamento da meningite e outras infeces bacterianas do sangue [10].

    Nos anos 80, principalmente, percebeu-se um grande crescimento nas reas

    de aplicao dos Sistemas Especialistas, que incluam reas de negcios, medicina e

    engenharia [11].

    Como descrito por Huneault et all [12], a partir da dcada de 80, houve duas

    frentes de desenvolvimento de Sistema Especialistas em paralelo: por um lado, aquela que

    se utilizava tcnicas de representao de conhecimento e processamento com o fim de

    implementao de programas genricos, os shells, e, por outro, as pesquisas em problemas

    com domnio especfico e delimitao bem definida, tal qual a rea de sistemas de potncia.

    O que acontece na realidade, infelizmente, que os shells so desenvolvidos por

    pesquisadores que muitas vezes no detm um perfeito domnio das particularidades de

    certas reas, este fato resulta algumas vezes na ineficincia do sistema.

    Ao se analisar a literatura, percebe-se que particularmente na rea de

    sistemas de potncia, existe um nmero enorme de aplicaes descrevendo a utilizao de

    sistemas especialistas. O trabalho de Lambert-Torres & Silva [13], retrata um levantamento

    realizado no perodo de 1986 a 1993, no qual foi estabelecida a seguinte distribuio de

    trabalhos que utilizam Sistemas Especialistas como ferramentas de soluo de problemas

    na rea de sistemas de potncia:

  • 14

    Tabela 2.1 - Trabalhos na rea de sistemas de Potn cia entre 1986 e 2003

    REA DE INTERESSE AMOSTRAGEM DE TRABALHOS (%)

    Operao de Sistemas 23

    Operao de Usinas 16

    Diagnstico de Problemas de Gerao 8

    Anlise de segurana on line 8

    Restaurao de Sistemas 7

    Automao da Distribuio 7

    Restaurao de Subestaes 5

    Planejamento da Transmisso 3

    Instruo e Treinamento 3

    Diagnstico de Problemas da Transmisso 2

    Outros 18

    De acordo com o levantamento realizado por Germond & Niebur [7], realizado

    na Europa, no ano de 1991, as principais reas onde se percebe a aplicao de Sistemas

    Especialistas na rea se sistemas de potncia, podem ser assim separadas:

    Reduo de alarmes e diagnsticos

    Segurana do regime permanente e segurana dinmica

    Controles corretivos

    Restaurao ps-faltas

    Gerenciamento, seqenciamento de aes e planejamento.

    Monitorao e controle de subestaes

    Desenvolvimento para ambientes para auxlio operao

    Desenvolvimento de modelos, mtodos e ferramentas.

    Paralelamente, retomada do interesse pela rea, diversas ferramentas

    foram desenvolvidas, que fornecem ambientes de programao capazes de proporcionar

    boas facilidades para implementao de Sistemas Especialistas. Estas ferramentas podem

    ser classificadas de acordo com o ambiente e com a forma de representao do

    conhecimento. Algumas delas permitem a formao de regras de produo (sistemas

  • 15

    baseados em regras). Particularmente nestes casos, o conhecimento pode ser estruturado

    convenientemente de forma a facilitar sua manipulao. Outras ferramentas permitem a

    representao do conhecimento, por meio de orientao a objeto. Nestes casos, o princpio

    fundamental est centrado na possibilidade de abordagem por classes com itens e subitens

    pertencentes a elas. A organizao do conhecimento pode ser feita de forma que classes

    gerais (pais) possam passar caractersticas a classes ou itens particulares (filhos) por um

    mecanismo de herana.

    Retomando o foco da rea de sistemas de potncia, e considerando os

    principais setores, que conforme descrito anteriormente, foram alvo de pesquisas, resultando

    em diversos trabalhos, percebe-se que interessante relatar as principais caractersticas de

    cada um destes setores, o que ser feito a seguir, como forma de localizar o presente

    trabalho e sua rea de atuao:

    Sistemas para reduo de alarmes e diagnsticos - este tipo de trabalho faz parte da

    rea de Operao de Usinas e Subestaes, principalmente no auxlio identificao

    de faltas. Os sistemas de diagnstico e localizao de faltas so naturalmente

    necessrios, to logo a tarefa de identificao dos alarmes esteja coerentemente

    concluda. A anlise dos alarmes em determinadas situaes da rotina da operao

    dos sistemas eltricos, no uma tarefa fcil. Em funo da grande quantidade de

    alarmes gerados durante ocorrncias em sistemas de potncia e tambm da

    importncia da anlise rpida dos mesmos, surgiu a necessidade de uma ferramenta

    capaz de fazer uma pr-anlise. Sempre que possvel esta ferramenta deve realizar

    uma filtragem de forma que os alarmes que devam ser realmente verificados pelo

    encarregado da operao sejam colocados em nfase, em detrimento daqueles cuja

    leitura no acarretaria em aumento da segurana ou rapidez para o alcance de uma

    concluso.

    Segurana Dinmica e de Regime Permanente - este tipo de trabalho tambm faz

    parte da rea de Operao de Usinas e Subestaes, sendo que para estes casos,

    necessria, normalmente, tambm a utilizao de ferramentas numricas de auxlio.

    So abordadas sistemticas de verificao das conseqncias de distrbios na

    transmisso e gerao, anlise de sobrecargas, dentre outros.

    Controles corretivos - trabalhos que utilizam buscas heursticas, guiadas por sistemas

    especialistas, muitas vezes combinadas com ferramentas numricas tm sido

    utilizados para auxlio nos chaveamentos de linhas de transmisso, gerenciamento e

    controle de tenso e auxlio deciso a operadores. Tomando como referncia ao

  • 16

    trabalho de Germond & Niebur [7], detecta-se que 6,4 % das aplicaes de sistemas

    especialistas na Europa tm abordado esta rea.

    Restaurao de sistemas eltricos ps-faltas - em vista da necessidade de reduo

    do tempo de interrupo, fato este que afeta diretamente na arrecadao das

    empresas de energia. Alguns trabalhos tambm so desenvolvidos nesta rea. Neste

    caso, a natureza combinatria do problema, uma das caractersticas que mais

    incitam a aplicao da tecnologia de sistemas especialistas. Em muitos casos, so

    adicionados ao sistema especialista ferramentas de simulao, para facilitar a anlise

    das estratgias de restaurao.

    Gerenciamento, Seqenciamento de Aes e Planejamento - nestes casos,

    encontram-se trabalhos para gerenciamento dos recursos do sistema eltrico,

    potncia ativa e reativa. Um dos aspectos importantes da operao dos sistemas

    eltricos o planejamento (seqenciamento) da gerao. O objetivo preparar a

    tabela para operao das unidades de gerao levando em conta as restries das

    mesmas e suas necessidades de manuteno.

    Monitorao e Controle de Subestaes - uma das reas mais importantes

    abordadas a anlise de ocorrncias. So encontradas tambm abordagens para

    estabelecimento de manobras, que muitas vezes utilizam um mdulo de explicao

    que pode ser utilizado para realizao de treinamentos.

    Desenvolvimento de ambientes para auxlio operao - estas ferramentas procuram

    auxiliar a operao de sistemas de energia, sua principal motivao est centrada no

    fato de existirem situaes completamente distintas no que diz respeito tarefa de

    operar o sistema eltrico quando a situao est normal ou em emergncia. Segundo

    Germond & Niebur [7], 9,2 % dos trabalhos identificados na Europa, tratam do auxlio

    operao, considerando o gerenciamento das informaes essenciais em situaes

    de contingncias.

    Ao se reportar ao uso de Sistemas Especialistas em Sistemas de Potncia,

    Liu [14] apresenta esta tecnologia com sendo capaz de oferecer pelo menos trs

    oportunidades: a primeira, a possibilidade de automatizar a tomada de deciso humana. A

    segunda seria a aplicao de novas tcnicas, que teriam foco um tanto quanto diferente das

    tcnicas tradicionais, relacionadas principalmente com abordagens numricas. A terceira

    oportunidade estaria relacionada com a capacidade de utilizar bases de conhecimento que

    serviriam como estoques de conhecimento humano. Este fato bastante interessante, visto

  • 17

    que a sada de engenheiros antigos das empresas em geral, resultam em perda da

    experincia. Um grfico mostrado na figura 2.3 ilustra de maneira simplificada, segundo a

    viso de Liu, como esto distribudos os esforos na aplicao de sistemas baseados em

    conhecimento na rea de sistemas de potncia. Nesta figura, Liu procura demonstrar o nvel

    de complexidade, a rea de abrangncia e o nvel de aplicabilidade prtica dos trabalhos. A

    representao da aplicabilidade passa pela idealizao do sistema, seguida do prottipo,

    implementao e testes e utilizao prtica. Na verdade, esta a seqncia natural do

    desenvolvimento de toda ferramenta, em qualquer rea. O nvel de complexidade se inicia

    com a representao do conhecimento por meio de regras, representao atravs da

    programao orientada a objeto, incluso de verificaes e validao de dados (cheque de

    consistncia), tcnicas que utilizam linguagem natural, auto-aprendizado e utilizao de

    sistemas distribudos.

    Nvel de praticidade

    Em uso

    Em teste

    Prottipos

    Idias .

    reas de aplicao

    Com plex idade das tcn icas

    Sist. de regras

    Orient a ob jeto

    Ling. natural

    Auto - aprendizado

    Sist. d istrbudos

    A B C D

    E F

    A - process. de alarm es

    B - diagnstico

    C - restaurao

    D - aes de controle

    E - Segurana

    F - Planejamento Figura 2.3 - Uma viso simplificada da aplicao de Sistemas Baseados em

    Conhecimento em Sistemas de Potncia [14]

    A importncia da utilizao de tcnicas de Inteligncia Artificial na soluo de

    problemas de Sistemas de Potncia um fato amplamente defendido. Rahman [15], em sua

    pesquisa sobre a utilizao destas tcnicas no Japo, revela que a indstria japonesa

    concentrou grandes esforos para empregar estas ferramentas na operao e planejamento

    de Sistemas de Potncia. Todo o trabalho se iniciou praticamente na dcada de 80, com a

    aplicao em problemas simples, fortemente relacionados com as atividades dirias dos

  • 18

    engenheiros e operadores. As principais aplicaes estavam relacionadas a diagnsticos de

    situaes anormais e auxlio operao. Na medida em que foi crescendo o nmero de

    pessoas treinadas na utilizao destas ferramentas, as reas de abrangncia e a

    complexidade foram aumentando. Um trabalho combinado de fabricantes e universidades se

    iniciou, do qual resultaram diversas ferramentas e aplicaes.

    Diversos outros trabalhos ressaltam a importncia dos Sistemas Baseados

    em Conhecimento para os sistemas de potncia. Bann et all, [16] coerentemente salientam

    em sua pesquisa, as principais vantagens, bem como explicitam algumas das principais

    limitaes dos Sistemas Especialistas. A permanncia, como indicam, considerada uma

    grande vantagem dos sistemas especialistas, um especialista precisa praticar

    constantemente, para manter a sua eficincia na atuao em determinada rea, um perodo

    significativamente grande de inatividade pode afetar seriamente sua performance. A

    facilidade de transferncia e documentao do conhecimento contido no sistema especialista

    tambm considerada uma grande vantagem. Observam ainda, que um sistema

    especialista produz respostas mais consistentes, visto que o conhecimento utilizado pelo

    homem em diversas situaes no produz aes idnticas, j que influenciado por fatores

    emocionais. Por exemplo, um ser humano pode esquecer uma regra importante,

    dependendo da presso a que esteja submetido, fato que no ocorrer com um sistema

    especialista. Finalmente, o baixo custo de um sistema especialista considerado um fator

    preponderante para a sua utilizao, j que especialistas humanos, alm de serem

    escassos, so bastante caros. Na verdade o custo do sistema especialista est contido

    basicamente no seu desenvolvimento, pois para a sua operao, o mesmo se reduz,

    basicamente, ao valor do equipamento no qual o programa ir rodar.

    Embora os resultados com sistemas especialistas se mostrem promissores,

    existem algumas limitaes, tambm citadas no trabalho de Bann et all [16], que ainda os

    posicionam em situao claramente inferior, se comparados esperteza humana. Uma

    destas limitaes bastante evidente quando se considera a criatividade humana. Enquanto

    o homem tem condies de avaliar e reorganizar as informaes para gerar um novo

    conhecimento, mesmo o mais esperto dos sistemas especialistas tende a se comportar

    dentro de uma rotina padro. Na rea do aprendizado, percebe-se tambm que os sistemas

    especialistas no so bem adaptados para absorverem novas regras e conceitos. Os

    progressos encontrados nesta rea limitam-se a domnios bastante restritos. A manipulao

    de idias e conceitos, fator preponderante na utilizao de sistemas especialistas,

    constituindo-se praticamente, no seu ponto mais fundamental, no muito adequada para

  • 19

    avaliar sons, cheiros ou gostos, tendo os mesmos que serem quantificados e transformados

    em smbolos, para que possam ser tratados e considerados.

    As idias e consideraes apresentadas por Bann et all [16] so

    compartilhadas por diversos autores, praticamente so estabelecidas como caractersticas

    bsicas dos sistemas que utilizam um processamento simblico, trabalhando com uma base

    de conhecimento, de onde buscam e manipulam dados, com o fim de fornecerem

    concluses para as mais diversas situaes que lhe so apresentadas.

    Restringindo o ponto de vista, procurando enfocar dentre as diversas reas de

    aplicao dos sistemas baseados em conhecimento em sistemas de potncia, aquela

    relacionada a auxlio operao, pode-se perceber na literatura diversos esforos no sentido

    de classificar bem o problema, identificar os insumos necessrios sua soluo e por fim,

    encontrar alternativas que possibilitem a elaborao de ferramentas eficazes para o

    tratamento do mesmo. Bastante relacionado operao propriamente dita, o problema de

    anlise de faltas e auxlio a manobras, se apresenta como sendo de grande relevncia,

    principalmente em situaes de contingncias, nas quais a exigncia de aes rpidas e

    precisas fator imprescindvel realizao satisfatria do trabalho.

    A filosofia bsica de um sistema de auxlio operao, passa por uma

    avaliao do estado geral do sistema supervisionado, no qual, busca-se oferecer de forma

    rpida ao usurio, informaes sobre a configurao atual e um acompanhamento de certos

    limites. Adicionada a esta funo, percebe-se em alguns casos, sistemas que procuram

    oferecer auxlio no que diz respeito s manobras que so realizadas no sistema, tanto

    aquelas executadas em situaes normais, quanto em situaes de contingncia. Ainda,

    nota-se, em um grande nmero de trabalhos, uma tratativa que tornam possveis anlises do

    sistema em situaes pr e ps-faltas e conseqentes inferncias com o fim de fornecer ao

    usurio uma concluso do ocorrido. Por fim, percebe-se tentativas de utilizao de todo o

    conhecimento necessrio realizao das tarefas acima descritas, para promover

    treinamentos aos usurios.

    Os sistemas especialistas idealizados com finalidade de fornecer auxlio

    operao no que toca superviso de grandezas e tambm no acompanhamento do estado

    geral do sistema tm normalmente associados ferramentas numricas, cujo processamento,

    dirigido pelo sistema especialista propriamente dito, fornece subsdios anlise. Germond &

    Niebur [7] relatam em seu trabalho, sistemas desenvolvidos para auxlio operao em

    regime permanente. O estado de regime normal ou permanente definido como sendo

    aquele em que toda a demanda atendida e no se verifica qualquer violao em limites de

  • 20

    equipamentos. Estes limites so basicamente definidos por freqncias, tenses e correntes

    em linhas e transformadores.

    A execuo de manobras em sistemas eltricos deve ser alicerada em

    estudos que visam a propiciar uma boa margem de segurana na sua execuo. As

    manobras executadas nas Subestaes de energia exigem um bom conhecimento por parte

    do responsvel, das condies necessrias sua realizao, bem como de suas

    conseqncias.

    Pode-se classificar as manobras, de um modo geral, em normais ou de

    recomposio. Encontra-se no primeiro grupo, aquelas ditas programadas, cujo

    seqenciamento foi previamente analisado e que no momento de sua realizao, o estado

    de normalidade das condies do sistema est estabelecido, o que acarreta em ltima

    anlise, um clima de tranqilidade emocional no executor. No segundo grupo esto

    colocadas as manobras que nem sempre podem ser previamente analisadas, so realizadas

    com finalidade, principalmente, de recomposio do sistema ps-perturbao ou em

    condies emergenciais, nas quais so necessrias medidas de controle para manter o

    sistema eltrico sob condies normais de operao. No comum encontrar na literatura,

    sistemas criados para fornecer auxlio apenas na execuo de manobras normais.

    Encontram-se, principalmente, sistemas projetados para fornecer auxlio recomposio,

    normalmente associados a sistemas que promovem diagnsticos de contingncias.

    O auxlio recomposio de grande relevncia ao responsvel pela

    operao do sistema eltrico. A condio ps-contingncia associada a uma grande

    presso emocional por parte do despachante e operador. A figura 2.4 explicita de modo

    bastante simples a velocidade de resposta, e deve-se entender por este termo, a capacidade

    de raciocnio, a segurana das aes e principalmente, a capacidade de anlise em caso de

    aparecimento de novos problemas, do operador em funo do nvel de stress a que esteja

    submetido.

    fcil de se perceber, portanto, em virtude de ser imperativo que o operador

    e despachante tenham capacidade de ao sob quaisquer circunstncias, a validade das

    ferramentas de auxlio. extremamente necessrio que o sistema de energia mantenha sua

    continuidade de operao. Ribeiro [17], Fauquembergue [18], Motta [19], Toledo [20],

    Talukdar [21], Lee [22] e outros demonstram, aplicaes capazes sugerir manobras com o

    fim de fornecer auxlio recomposio em situaes ps-faltas. Ressalta-se, entretanto, que

    situaes normais de operao so muito importantes para consideraes de treinamento e

    tambm de aperfeioamento da rotina, sendo por estes motivos, imprescindvel consider-

  • 21

    las quando se procura obter uma ferramenta completa de auxlio. Uma das contribuies que

    se procura destacar no presente trabalho a identificao de tal necessidade, que permitir,

    como ser explicitado em pargrafos futuros, a adaptao do sistema proposto de modo a

    permitir a execuo de treinamentos no horrio de trabalho, bem como o fornecimento de

    auxlio nas situaes rotineiras de preparao de manobras.

    Figura 2.4 --Relao entre velocidade de resposta e nvel de stress a que est submetido o profissional da rea de operao de sis temas de energia.

    A tarefa de diagnstico de faltas, abordada dentre outros por Tomsovic

    Shinohara [24] e Minakawa [25], baseada na anlise de ocorrncias em linhas de

    transmisso, subtransmisso e inclusive alimentadores de distribuio, realizada atravs

    da utilizao de sistemas baseados em regras. Em alguns casos, adicionam-se funes que

    buscam ponderar concluses, com o fim de separar aquelas mais provveis. Normalmente,

    busca-se utilizar informaes advindas dos estados dos equipamentos e dos rels de

    proteo atuados para fornecer solues. Percebem-se tambm esforos no sentido de

    fornecer ao usurio alm do diagnstico, o plano de recomposio (Talukdar [21], Lee [22],

    Ribeiro(2) [26]), nestes casos, uma importante funo adicionada, visto que o

    direcionamento da ao ao usurio, aps a perturbao, certamente torna mais rpida sua

    tarefa. O que pode ser ressaltado, entretanto, que no muito comum, uma possibilidade

    de questionamento do usurio sobre a concluso fornecida pelos sistemas desenvolvidos.

    Esta observao mostra sua relevncia, quando se analisa o trabalho rotineiro do

    despachante e do operador nas empresas de energia. Desde que os sistemas

    desenvolvidos, so ferramentas de auxlio operao, sendo, portanto planejados para

    fornecer direcionamento de raciocnio e no de controle, ou seja, a execuo de aes

    velocidade

    do operador

    colapso

    baixo limite alto

    nvel de stress

  • 22

    propriamente dita deve ser autorizada pelo usurio e no prontamente realizada pelo prprio

    sistema, percebe-se que de fundamental importncia a possibilidade de questionamento

    por parte do usurio a respeito da concluso obtida.

    O questionamento referido anteriormente deve ser entendido de forma mais

    ampla do que simplesmente uma pergunta feita pelo usurio do tipo: Por que a concluso foi

    esta? O que se pretende dizer com isto, que devem ser mostrados pontos falhos

    identificados, suas conseqncias para o sistema, alm de ser permitido a incluso de novos

    dados para possibilitar anlises mais completas. Um outro fator que de extrema

    importncia, a necessidade de fornecimento de concluses, mesmo na ausncia de dados

    completos. A aplicabilidade de uma ferramenta como esta em sistemas reais est

    intimamente relacionada com a sua aceitao por parte do usurio. Para tanto, percebe-se

    que ela sempre deve fornecer uma soluo. Aceitvel o oferecimento de diversas opes

    caso uma nica soluo no seja possvel, adicionando-se a isso possibilidade de incluso

    de novos dados manualmente. Entretanto, a ausncia de concluso por falta de dados

    dificulta grandemente o estabelecimento de uma confiana na ferramenta.

    Pretende-se, portanto, considerar tambm como uma contribuio do

    presente trabalho, a caracterstica que lhe foi conferida de poder oferecer diversas

    concluses em caso de carncia de dados, deixando a tarefa ao usurio de aceit-las e

    adicionar informaes, caso necessrio, com o fim de promover seu refinamento e com isso

    alcanar uma soluo satisfatria.

    A figura 2.5 abaixo demonstra de uma forma geral, a maneira segundo a qual

    so abordados os problemas de auxlio a manobras e diagnstico de faltas. importante

    observar, entretanto, que a arquitetura apresentada foi sugerida observando-se as diversas

    abordagens encontradas, assim como por meio da observao da rotina diria de trabalho

    dos profissionais da rea na ELETRONORTE.

    Os trabalhos encontrados na literatura, nem sempre buscam alcanar uma

    soluo completa, ou seja, tratar todos os itens descritos na referida figura. Eles abordam

    simplesmente, em muitas vezes, trechos do diagrama representado. Nota-se ainda, que a

    estrutura apresentada pode ser deduzida naturalmente quando se faz uma anlise dos

    diversos casos apresentados na literatura, procurando chegar a uma forma de complement-

    los entre si.

    Finalizando, salienta-se que o presente trabalho, procura demonstrar as reais

    necessidades da ferramenta e dar uma idia geral de como ela deve ser estruturada com o

    fim de fornecer um auxlio da forma mais completa possvel, sem, entretanto, deixar de

  • 23

    considerar a simplicidade e adaptabilidade. Analisando a rotina das empresas de energia,

    percebe-se que estes so fatores to importantes, que qualquer projeto, certamente

    incorrer em risco de impossibilidade de aplicao prtica se o seu desenvolvimento

    depender de grande dispndio de tempo e de mquinas sofisticadas.

    Figura 2.5 - Diagrama geral, representativo da util izao de Sistemas Especialistas

    para auxlio a manobras e diagnstico de faltas em sistemas eltricos.

  • 24

    Fazendo uma anlise comparativa, pode-se posicionar o presente trabalho

    como sendo um sistema baseado em conhecimento, que utiliza a representao feita por

    meio de fatos e regras, de cuja manipulao resultam as concluses e questionamentos.

    Existem alguns avanos principalmente relacionados parte de interao. Buscou-se

    tambm, como ser detalhado nos prximos itens, alcanar uma boa generalizao do

    sistema, de modo que possa ser alterado facilmente com o fim de atender novas instalaes.

  • 25

    Captulo 3

    Metodologias das Ferramentas de Extrao e Representao do Conhecimento

    Este captulo aborda o desenvolvimento das ferramentas de extrao e

    representao do conhecimento desenvolvido para efetuar o processo incorporao dos

    conceitos e ndices de manuteno nas decises operativas do sistema eltrico.

    Desta forma, foi desenvolvido inicialmente, um sistema que fosse capaz de

    apresentar o conhecimento disponvel na empresa. Isto feito atravs de regras de

    produo na forma Se Ento. A idia central foi criar uma ferramenta que auxiliasse os

    tcnicos a expressar de forma lgica e coerente as decises que eles tomavam tendo por

    base o seu conhecimento, a sua viso do problema e as possveis alternativas de soluo.

    Em seguida, estas regras incorporadas a uma base de conhecimento de um

    sistema especialista para que via um processo organizado pela mquina de inferncia possa

    gerar a resposta a um determinado processo de tomada de deciso.

    Por outro lado, foi tambm desenvolvida uma estratgia de extrao de

    conhecimento das bases de dados disponveis. Estas bases de dados so em geral so de

    grande porte, com milhes de registros, que possuem um conhecimento em seu interior,

    mas que no est disponvel de forma tcita para seus usurios. Inclusive, devido ao seu

    porte, muitas relaes so completamente desconhecidas pelos usurios.

    Assim, a estratgia desenvolvida tem a funo de extrair estas relaes

    (conhecimentos) entre os diversos atributos (itens da base de dados) existentes e expressa-

    los na forma de regras de produo. Estas regras por sua vez, sero incorporadas base de

    conhecimento do sistema especialista desenvolvido e trabalharo de forma harmoniosa com

    as regras editadas anteriormente.

    As sees deste captulo tm a funo de tornar este documento o mais auto-

    contido possvel. Desta forma, apresentam as funes bsicas das teorias utilizadas neste

    desenvolvimento. Estas sees no tm a motivao de apresentar essas tcnicas de forma

    completa, mas explicitar somente aquelas partes necessrias para o entendimento do

    modelo desenvolvido.

  • 26

    3.1 Caractersticas do Sistema Especialista Desenvolvido

    Um sistema especialista (SE) simula a realizao da tarefa por um

    especialista, ou seja, ele tenta imitar o ser humano na sua capacidade de deduo, inclusive

    utilizando processos de lgica formal e representao de conhecimento.

    Os SE surgiram em oposio aos sistemas generalistas perseguidos na

    dcada de 60. Aconselha-se restringir o SE a um domnio pequeno de aplicao, pois

    quanto mais generalizado construir-se esse sistema, maior dificuldade em se ter uma base

    de conhecimento completa, maior o tempo de processamento e maiores as probabilidades

    de erros durante a criao e gerncia de regras.

    Para projetar um SE, o desenvolvedor necessita de uma estrutura bsica

    capaz de armazenar o conhecimento, process-lo e trocar mensagens com o usurio. Estas

    trs atividades determinam de forma clara as trs partes de um SE, a saber,

    respectivamente: base de conhecimento, mquina (ou motor) de inferncia e interface com o

    usurio.

    A base de conhecimento contm fatos e regras para o funcionamento

    adequado da aplicao, ou seja, contm o conhecimento sobre o processo que se quer

    tomar uma deciso. A mquina de Inferncia tem a funo de consultar as regras e os fatos

    contidos na base de conhecimento, inferir sobre esses conhecimentos e retornar uma

    concluso ao usurio via a Interface. A interface com o usurio pode ser dividida em duas

    partes: uma para o usurio e outra para o desenvolvedor. A interface com o usurio permite

    que ele possa apresentar um problema mquina de inferncia e receber dela a resposta

    encontrada. J, a interface com o desenvolvedor, permite que ele possa modificar a base de

    conhecimento do SE, incorporando, complementando, alterando ou eliminando certas partes

    do conhecimento. A figura 3.1 mostra uma representao de um sistema especialista.

    3.1.1 Base de Conhecimento

    Como dito anteriormente, a base de conhecimento composta por regras e

    fatos. Os fatos representam um conhecimento que sempre verdadeiro, independentemente

    do que est sendo tratado. Estes fatos podem ser classificados de uma forma didtica em

  • 27

    estticos e dinmicos. Os fatos estticos so aqueles de no se alteram constantemente;

    por exemplo: a potncia nominal de um transformador, seu nmero de srie ou a sua

    localizao. Os fatos dinmicos so aqueles que se alteram de forma mais corriqueira; por

    exemplo: o carregamento do transformador, a quantidade de um determinado gs imerso em

    seu leo ou o nmero de manutenes sofridas.

    Interface com o Usurio

    Interface com o Desenvolvedor

    Mquina de Inferncia

    rea de Trabalho

    Fatos Regras

    Base de Conhecimento

    Sistema Especialista

    Usurio Desenvolvedor

    Figura 3.1 Estrutura de um Sistema Especialista

    Todos estes exemplos (estticos ou dinmicos) constituem-se em fatos, pois

    so independentes das anlises realizadas. Por exemplo, a potncia nominal de um

    transformador aquela determinada no registro da base de dados independentemente do

    processo de tomada de deciso que esto ocorrendo. E mais, este fato dito esttico, pois

    este valor pode at ser alterado, por um problema momentneo do transformador, mas

    quase nunca isto acontece. Da mesma forma, o carregamento do transformador, que se

    altera a cada medio realizada (por isto, um fato dinmico), tambm independente do

    domnio, ou seja, da anlise que est sendo realizada. Por ele passa neste instante esta

    potncia e isto um fato.

  • 28

    As regras so conhecimentos que podem ser verdadeiros, necessitando para

    a sua validao a cada anlise. importante no confundir um conhecimento verdadeiro

    com um conhecimento correto. Por exemplo, a regra Se o carregamento do transformador

    for maior do que sua potncia nominal ento este transformador est em sobrecarga.

    correta, mas depende de validao da premissa para ser verdadeira no contexto que est

    sendo avaliado.

    3.1.2 Mquina de Inferncia

    A validao de uma regra feita pela mquina de inferncia, que no projeto

    desenvolvido trabalha na forma de encadeamento direto. Existem duas formas de

    encadeamento: direto e reverso. No encadeamento direto (ou tambm dito para frente), a

    validao da regra feita atravs da validao de sua premissa. Se todos os itens que

    compe a premissa forem fatos (e, por conseguinte, afirmaes verdadeiras), a concluso

    tambm verdadeira e a regra validada, ou seja, ela executada acrescentando rea de

    trabalho um novo conjunto de novos fatos contidos na concluso. A rea de trabalho uma

    rea voltil, em que so colocados todos os fatos verdadeiros ocorridos durante uma

    anlise. Quando a mquina de inferncia termina uma anlise, ela apagada, ou seja,

    funciona como um rascunho para a soluo de um dado problema.

    Um exemplo do processo de funcionamento da mquina de inferncia pode

    ser visto nas figuras 3.2 (a) e (b).

  • 29

    F1: A. F2: B. F3: C. F4: D. R1: Se A e C ento F. R2: Se A e G ento H.

    Base de Conhecimento

    A. B. C. D.

    rea de Trabalho

    Executando a Regra R1

    F1: A. F2: B. F3: C. F4: D. R1: Se A e C ento F. R2: Se A e G ento H.

    Base de Conhecimento

    A. B. C. D. F.

    rea de Trabalho

    (a)

    F1: A. F2: B. F3: C. F4: D. R1: Se A e C ento F. R2: Se A e G ento H.

    Base de Conhecimento

    A. B. C. D. F.

    rea de Trabalho

    Executando a Regra R2

    F1: A. F2: B. F3: C. F4: D. R1: Se A e C ento F. R2: Se A e G ento H.

    Base de Conhecimento

    A. B. C. D. F.

    rea de Trabalho

    (b)

    Figura 3.2 Funcionamento da Mquina de Inferncia em Encadeamento Direto: (a) executando a regra R1 e (b) executando a regra R2

    Na figura 3.2 (a), a mquina de inferncia encontra-se a ponto de executar a

    tentativa de validao da regra R1. Assim, para que ela seja verdadeira a premissa A e C

    deve ser verdadeira. Por se tratar de uma conjuno (e) que une as duas assertivas, para

    que a premissa seja verdadeira, tanto a assertiva A quanto a assertiva C devem ser

    verdadeiras, ou seja, devem estar na base de conhecimento. Como pode ver visto, isto

    ocorre, logo tanto A quanto C so verdadeiros e assim a premissa tambm verdadeira. Por

    este motivo, a mquina de inferncia conclui que a assertiva F tambm verdadeira e a

    adiciona na base de conhecimento. A regra ento dita verificada e executada.

    Na figura 3.2 (b), a mquina de inferncia encontra-se a ponto de executar a

    tentativa de validao da regra R2. Assim, para que ela seja verdadeira a premissa A e G

    deve ser verdadeira. Da mesma forma, por se tratar de uma conjuno (e), tanto a assertiva

    A quanto a assertiva G devem ser verdadeiras, ou seja, devem estar na base de

    conhecimento. Como pode ver visto, a assertiva G no faz parte da base de conhecimento,

    ento ela dita falsa. Isto leva a premissa tambm ser falsa, no podendo se dizer nada a

    respeito da concluso. A regra ento dita verificada mas no executada.

  • 30

    Este ponto interessante e merece uma observao. Se a premissa falsa,

    pode parecer a princpio que a concluso tambm falsa, concluindo-se que no H seja

    verdadeiro. Isto incorreto. A falha na verificao da premissa no leva a qualquer indicao

    de verdade ou falsidade da concluso. Um exemplo disto pode ser verificado com a seguinte

    regra Se transformador operar mais de 3 horas e ele estiver em sobrecarga ento o

    transformador liga o sistema de ventilao forada.. Neste exemplo, se a premissa falhar,

    no se pode concluir que o sistema de ventilao forada no foi ligado, pois isto pode

    oco