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SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE PROCESSO BASEADA EM RISCO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Felipe Silva Lobo Leite Rio de Janeiro Agosto de 2018 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Petróleo. Orientador: Carlos André Vaz Junior Co-orientador: Regis da Rocha Motta

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SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE PROCESSO

BASEADA EM RISCO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

Felipe Silva Lobo Leite

Rio de Janeiro

Agosto de 2018

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Petróleo da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Petróleo.

Orientador: Carlos André Vaz Junior

Co-orientador: Regis da Rocha Motta

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Leite, Felipe Silva Lobo

SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE PROCESSO

BASEADA EM RISCO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO /

Felipe Silva Lobo Leite – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica, 2018.

XIV, 67 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Carlos André Vaz Junior

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia de Petróleo, 2018.

Referências Bibliográficas: p.63-67.

1. Segurança de Processo. 2. Indicador de desempenho. 3.

Gerenciamento de Risco. 4. Petróleo.

I. Junior, Carlos André Vaz. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Petróleo.

III. SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE PROCESSO

BASEADA EM RISCO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO.

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“Não se melhora o que não se mede”

(Autor desconhecido)

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v

AGRADECIMENTO

Primeiramente, a minha família, por me guiar e acreditar em mim.

A meus irmãos Gabriel e Gustavo, pelo amor e apoio durante todos os

momentos.

À Luciene, pelo companheirismo e amor diários e ininterruptos.

Ao Fridão, pelos momentos únicos.

Ao querido amigo Pedro Ivo, pela amizade e parceria em toda nossa história.

Ao amigo Tiago Jacques, pelas orientações e apoio ao longo do trabalho e

diariamente na ANP.

Ao Prof. Carlos André Vaz, pela oportunidade, dedicação e apoio

imprescindível para a realização desse trabalho.

Aos amigos da faculdade, pelos momentos de estudo, de diversão e descontração

ao longo do curso.

À equipe da ANP, pela confiança e aprendizados diários.

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RESUMO

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Petróleo.

SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE PROCESSO BASEADA EM RISCO

NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

Felipe Silva Lobo Leite

Agosto/2018

Orientador: Carlos André Vaz Junior

Co-orientador: Regis da Rocha Motta

Curso: Engenharia de Petróleo

As atividades da indústria do petróleo são essenciais para a economia do Brasil.

Expectativas positivas apontam para um crescimento dos níveis de atividade no setor

para os próximos anos, devido às descobertas do pré-sal. Entretanto, o risco de

acidentes de grandes proporções pode ameaçar o desenvolvimento do setor, impactando

a sociedade. Nesse contexto, vê-se a importância do estabelecimento de um sistema de

gestão de segurança de processo eficiente para a continuidade das operações, proteção

da vida humana e do meio ambiente. O presente trabalho visa avaliar a abordagem da

implantação de um Sistema de Gestão de Segurança de Processo Baseada em Risco nas

instalações, com o estabelecimento de um processo de gerenciamento de riscos e

métricas e indicadores de segurança. Concluiu-se que a implementação de um sistema

de gestão e o gerenciamento de riscos, auxiliados à medição do desempenho, avaliam a

eficácia com que os riscos estão sendo controlados e permite aferir o desempenho das

ações e projetos do sistema de gestão. Usados de forma eficaz, os indicadores de

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segurança de processo podem fornecer um aviso antecipado, antes de uma falha

catastrófica.

Palavras-chave: Segurança de Processo, Indicador de desempenho, Gerenciamento de

Risco, Petróleo.

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ABSTRACT

Abstract of Undergraduate Project presented to Escola Politécnica/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Petroleum Engineer.

Risk-Based Process Safety Management System in the Petroleum Industry

Felipe Silva Lobo Leite

August/2018

Advisor: Carlos André Vaz Junior

Co-advisor: Regis da Rocha Motta

Course: Petroleum Engineering

The activities of the petroleum industry are essential for the Brazilian economy. Positive

expectations point to a growth in the activity level of the sector in the next few years

due to pre-salt discoveries. However, the risk of major accidents can threaten the

development of the sector, impacting the society. In this context, it is important to

establish an efficient process safety management system for the continuity of

operations, protection of human life and the environment. The present work aims to

evaluate the approach of the implementation of a Risk-Based Process Safety

Management System in the facilities, with the establishment of a risk management

process and metrics and process safety indicators. It was concluded that the

implementation of a management system and risk management, with the contribution of

the measurement of performance, can evaluate the effectiveness which risks are being

controlled and allow evaluating the performance of the actions and projects of the

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management system. Used effectively, process safety indicators can provide early

warning before a catastrophic failure.

Keywords: Process Safety, Performance Indicators, Risk Management, Petroleum.

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SUMÁRIO

I. Introdução e Motivação ................................................................................................. 1

I.1 Metodologia ............................................................................................................. 2

I.2 Objetivo.................................................................................................................... 2

I.3 Estrutura do trabalho ................................................................................................ 2

II. Aspectos Gerais da Indústria do Petróleo .................................................................... 4

II.1 A Evolução da Indústria do Petróleo ...................................................................... 4

II.2 Acidentes na Indústria do Petróleo ......................................................................... 8

II.2.1 Plataforma P-36 ............................................................................................... 9

II.2.2 FPSO Cidade de São Mateus ......................................................................... 10

II.2.3 Refinaria de Texas City .................................................................................. 11

II.2.4 Piper Alpha .................................................................................................... 11

II.2.5 Deepwater Horizon ........................................................................................ 12

II.3 Considerações ....................................................................................................... 13

III. Segurança de Processo.............................................................................................. 14

III.1 Introdução............................................................................................................ 14

III.2 Gestão da Segurança de Processo baseado em Padrões ...................................... 15

III.3 Gestão da Segurança de Processo baseada na conformidade .............................. 16

III.4 Gestão da Segurança de Processo baseada em melhoria contínua ...................... 17

III.5 Gestão da Segurança de Processo Baseada em Risco ......................................... 17

III.5.1 Cultura de Segurança de Processo ............................................................... 19

III.5.2 Conformidade com Padrões e Normas ......................................................... 19

III.5.3 Competência em Segurança de Processo ..................................................... 19

III.5.4 Participação da Força de Trabalho ............................................................. 20

III.5.5 Abrangência às Partes Interessadas ............................................................. 20

III.5.6 Gestão do Conhecimento de Processo .......................................................... 21

III.5.7 Identificação de Perigos e Análise de Risco ................................................. 21

III.5.8 Procedimentos Operacionais ........................................................................ 21

III.5.9 Práticas de Trabalho Seguro ........................................................................ 23

III.5.10 Integridade de Ativos e Confiabilidade ...................................................... 23

III.5.11 Gestão de Contratadas ............................................................................... 25

III.5.12 Treinamento e Competência ....................................................................... 25

III.5.13 Gestão de Mudanças (MOC) ...................................................................... 26

III.5.14 Prontidão Operacional ............................................................................... 28

III.5.15 Realização das Operações .......................................................................... 28

III.5.16 Gestão de Emergências............................................................................... 29

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III.5.17 Investigação de Incidentes .......................................................................... 30

III.5.18 Auditoria ..................................................................................................... 31

III.5.19 Métricas e Indicadores ............................................................................... 31

III.5.20 Análise da Gestão e Melhoria Contínua ..................................................... 32

III.6 Considerações finais ............................................................................................ 32

IV. Gerenciamento de Riscos ......................................................................................... 33

IV.1 Processo de Gerenciamento de Riscos ................................................................ 33

IV.2 Estabelecimento do contexto .............................................................................. 34

IV.3 Identificação de riscos ......................................................................................... 34

IV.4 Análise de riscos ................................................................................................. 34

IV.4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) ............................................................. 36

IV.4.2 Hazard and Operability Studies (HAZOP) ................................................... 39

IV.4.3 Layer of Protection Analysis (LOPA) ........................................................... 41

IV.4.4 Análise Quantitativa de Riscos (AQR) .......................................................... 44

IV.5 Avaliação de riscos ............................................................................................. 44

IV.6 Tratamento de riscos ........................................................................................... 45

IV.7 Comunicação e consulta...................................................................................... 45

IV.8 Monitoramento e análise crítica .......................................................................... 45

IV.9 Considerações ..................................................................................................... 46

V. Métricas e Indicadores de Segurança ........................................................................ 47

V.1 Introdução ............................................................................................................. 47

V.2 Indicadores proativos e reativos ........................................................................... 49

V.3 Indicadores de segurança na Indústria do Petróleo .............................................. 49

V.4 Indicadores de Segurança de Processo Baseada em Risco ................................... 53

V.4.1 Exemplos de indicadores ................................................................................ 53

V.5 Considerações finais ............................................................................................. 60

VI. Conclusão ................................................................................................................. 61

VII. Bibliografia ............................................................................................................. 63

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Conceito de acidente e quase acidente como tipos de incidentes. .................... 9

Figura 2. Evolução das estratégias de Segurança de Processo ...................................... 15

Figura 3. Processo de Gerenciamento de Riscos ........................................................... 34

Figura 4. Diagrama de fluxo da metodologia HAZOP ................................................... 41

Figura 5. Diagrama do modelo do “queijo suíço” ......................................................... 48

Figura 6. Pirâmide de hierarquização de eventos de segurança de processo ................. 50

Figura 7. Etapas do processo de seleção e revisão de indicadores de segurança de

processo .......................................................................................................................... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Reservas provadas de petróleo no mundo. ....................................................... 6

Tabela 2. Princípios de Segurança de Processo Baseada em Risco ............................... 18

Tabela 3. Técnicas de análise de riscos .......................................................................... 35

Tabela 4. Planilha de Análise Preliminar de Riscos ....................................................... 37

Tabela 5. Categorias de frequência................................................................................. 37

Tabela 6. Categorias de severidade ................................................................................ 38

Tabela 7. Categorias de risco ......................................................................................... 39

Tabela 8. Matriz de tolerabilidade de risco ................................................................... 39

Tabela 9. Lista de possíveis desvios de processo. .......................................................... 40

Tabela 10. Exemplo de planilha de LOPA ..................................................................... 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Reservas provadas de petróleo no mundo por continente. .............................. 7

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I. Introdução e Motivação

O petróleo é um produto de grande importância para a sociedade atual, visto que,

além de sua utilização como fonte de energia, é matéria-prima para a fabricação de

diversos materiais.

Segundo a US Energy Information Administration (EIA) (2016), nos próximos

25 anos os consumos de gás natural e petróleo ao redor do mundo irão aumentar,

respectivamente, 50% e 20%.

No contexto brasileiro, os reservatórios dos prospectos em regiões de pré-sal

aumentaram as reservas petrolíferas e introduzem novos anseios para um mercado em

expansão. Os desafios tecnológicos introduzidos pela indústria do petróleo em

condições fora do comum no mundo implicam em investimentos para o

desenvolvimento tecnológico e estratégico.

Entretanto, com o crescimento das atividades, aumenta-se o risco de eventos

acidentais de grandes proporções, tais como o da plataforma P-36, no Brasil e o da

plataforma Piper Alpha, no Reino Unido, impactando negativamente a indústria do

petróleo, causando perdas de um número considerável de vidas e danos significativos ao

meio ambiente.

Recentemente, o acidente com a plataforma Deepwater Horizon aumentou

drasticamente as preocupações da sociedade acerca do nível de segurança das atividades

petrolíferas. Este acidente gerou prejuízos estimados em cerca de 37 bilhões de dólares

à empresa British Petroleum (BP), contabilizando apenas os gastos com a contenção do

derramamento e demais compensações diretas pelo ocorrido, no entanto, sem ponderar

os prejuízos referentes à desvalorização do valor de mercado da empresa, por exemplo

(SMITH, L.; SMITH,M.; ASHCROFT, 2010).

De acordo com a AIChE (2007), a ocorrência de grandes acidentes demonstra

que, quando em sincronia, as falhas resultantes de um sistema de gerenciamento de

riscos mal implementado ou inexistente em uma organização resultam em grandes

perdas.

Diante desse cenário, ao longo dos anos algumas ferramentas foram

desenvolvidas para que quando implementadas em conjunto, consistam um sistema de

gestão de segurança, com foco no gerenciamento dos riscos envolvidos na operação da

instalação. Dessa forma, a implementação de um sistema de gestão efetivo e eficiente

evita a ocorrência de perdas relacionadas com os acidentes, através da identificação e

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manutenção de salvaguardas e a identificação de desvios para o estabelecimento de

ações corretivas e preventivas, mantendo assim a melhoria contínua das operações.

I.1 Metodologia

A metodologia utilizada para a elaboração deste documento foi a realização de

uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Buscou-se referências em

diretrizes e normas recomendadas da indústria, regulamentações, tanto do Brasil quanto

de outros países, bem como em dissertações, teses e artigos científicos.

I.2 Objetivo

O presente trabalho tem o objetivo de descrever e demonstrar a importância de

um sistema de gestão de segurança de processo numa organização baseado em: (i)

gerenciamento de riscos; (ii) indicadores de desempenho preventivos e reativos. Para

tal, utiliza-se a abordagem do Center for Chemical Process Safety (CCPS), pertencente

à American Institute for Chemical Engineers (AIChE), que estabeleceu a Segurança de

Processo Baseada em Risco (RBPS) como alicerce para a gestão de segurança de

processo.

Por sua vez, os objetivos específicos buscam:

Avaliar o nível de alinhamento internacional entre os diversos atores da

indústria do petróleo: agências reguladoras, associações, operadores,

entre outros.

Descrever as etapas do processo de Gerenciamento de Riscos e as

principais técnicas de análise de riscos.

Apresentar os indicadores de segurança de processo mais praticados

internacionalmente.

I.3 Estrutura do trabalho

A introdução do trabalho apresenta uma visão geral do tema estudado, os

objetivos gerais e específicos, além da estrutura deste projeto.

No capítulo II elaborou-se a fundamentação teórica relativa aos conceitos

fundamentais do estudo, como a evolução da indústria do petróleo São abordados,

ainda, o contexto brasileiro e o histórico de acidentes catastróficos.

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No capítulo III estão dispostos os fundamentos de Segurança de Processo com

foco na abordagem da Segurança de Processo Baseada em Risco, identificando sua

relevância em normas, guidelines e regulamentações mundiais.

No capítulo IV tem-se por objeto, apresentar o processo de gerenciamento de

riscos, onde são apresentadas as etapas do processo e as principais técnicas aplicadas à

análise dos riscos das instalações.

O capítulo V está disposto à análise das métricas e indicadores de segurança de

processo. Apresenta-se, ainda, exemplos de indicadores reativos e preventivos mais

difundidos na indústria.

Os resultados serão apresentados e analisados no capítulo VI, onde serão feitas

as considerações finais concluindo sobre a importância da implantação de um sistema

de gestão de RBPS, que se apresenta como uma oportunidade de correção de

deficiências e aprimoramento da gestão da segurança de processo, além de permitir a

priorização da alocação de recursos nos riscos mais significativos.

Ao final são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas.

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II. Aspectos Gerais da Indústria do Petróleo

Neste capítulo são apresentadas informações gerais sobre a indústria do petróleo

e seu desenvolvimento ao longo dos anos, de forma a contextualizar a importância deste

setor no Brasil e no mundo. Além disso, são apresentados alguns acidentes catastróficos

que ocorreram nessa indústria ao longo de sua história.

II.1 A Evolução da Indústria do Petróleo

A história do petróleo no mundo teve seu início na década de 1860, nos Estados

Unidos, com a descoberta da primeira jazida comercial, no estado da Pensilvânia.

Edwin L. Drake descobriu vestígios de petróleo ao perfurar um poço rudimentar de

pouca profundidade.

Quase 80 anos depois da descoberta de Edwin Drake, que o petróleo teve sua

primeira descoberta no Brasil. Foi em Lobato, no Recôncavo Baiano, em 1939, que

ocorreu a descoberta da primeira acumulação de petróleo em solo brasileiro (MORAIS,

J., 2013).

A partir dessa primeira acumulação, dezesseis novos poços foram perfurados

em Lobato. Posteriormente, essa área em volta de Lobato foi nacionalizada pelo

governo federal como “área petrolífera” para efeito de continuidade das explorações.

Essa descoberta deu início a uma extensa atividade de exploração e extração no Brasil,

o que gerou descobertas nos Campos de Candeias, Itaparica e Aratu, em 1941-1942, e

outros campos no estado da Bahia.

Segundo o autor, naquela época, o que se viu foi uma busca intensa pela

autossuficiência do petróleo. Porém, somente 35 anos depois das descobertas iniciais

que se revelou a possibilidade de se produzir petróleo em volumes capazes de viabilizar

a autossuficiência brasileira na produção, com a revelação dos primeiros campos de

petróleo na Bacia de Campos, em 1974-1976 (MORAIS, J., 2013).

Em seu artigo “A Idade de Petróleo”, ROSA (2004) rotula a era do petróleo

como uma segunda revolução industrial, com suas grandes realizações técnicas e a

organização de grandes setores industriais. Além disso, este autor situa a indústria

petrolífera como sendo o centro do sistema produtivo contemporâneo, e explica: “o

petróleo é (ainda) a principal fonte de energia que move a produção material quer

porque vários e muito poderosos setores industriais se desenvolveram sobre ela:

automóvel, aeronáutica, química, materiais sintéticos, dentre outros”.

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A importância do petróleo e de seus derivados é reforçada devido ao caráter

estratégico associado aos países que detêm essa matéria prima, as tecnologias e

estruturas para produção e refino do petróleo. Em termos de vantagens estratégicas, os

ganhos são relativos à importância na geopolítica mundial, segurança interna nos setores

de transporte e geração de energia elétrica (ANEEL, 2008).

A maior parte das reservas provadas1 de petróleo no mundo encontra-se na

região do Oriente Médio. Essa região é responsável por 47,7% das reservas mundiais. A

região com a segunda maior concentração de jazidas de petróleo é a região da América

do Sul e América Central, com 19,2% das reservas, seguido pela América do Norte e

Europa & Eurásia, com 13,3% e 9,5%, respectivamente (Gráfico 1).

Dentre as maiores reservas, os países que se destacam são os participantes da

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo: Venezuela (17,6%), Arábia

Saudita (15,6%), Irã (9,3%) e Iraque (9,0%). O Canadá, com 10,0% das reservas, é o

único país não pertencente à OPEP com concentração expressiva das reservas

petrolíferas mundiais. O Brasil ficou na 16ª posição no ranking mundial de reservas

provadas de petróleo, com um volume de 12,6 milhões de barris (Tabela 1).

No que se refere à produção de petróleo, em 2016, a produção brasileira ficou

em torno de 2,6 milhões de barris diários, de modo que o país alcançou a 10ª posição no

ranking dos produtores mundiais. Em comparação com o ano de 2015, a produção

nacional apresentou um aumento de 3,2% (ANP, 2017).

O crescimento da produção de petróleo brasileira está vinculado à elevação da

produção no pré-sal, que aumentou 33,1% em relação a 2015. Segundo a Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de petróleo no

pré-sal passou de 280,1 milhões de barris em 2016, representando 40,6% da produção

nacional total.

1 Segundo o “BP Statistical Review, 2017”, reservas provadas são as quantidades de petróleo

que, com razoável certeza, podem ser produzidas no futuro com a utilização de condições

operacionais e econômicas existentes atualmente. Com a evolução na tecnologia e qualidade das

informações, essas reservas podem mudar ao longo do tempo, aumentando ou diminuindo a

estimativa de produção de uma área.

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Tabela 1. Reservas provadas de petróleo no mundo (Modificado de BP Statistical

Review, 2017).

País / Região

1996

(bilhões de

barris)

2006

(bilhões de

barris)

2015

(bilhões de

barris)

2016

Bilhões de

barris % total

Estados Unidos 29,8 29,4 48,0 48,0 2,8

Canadá 48,9 179,4 171,5 171,5 10,0

México 48,5 12,8 8,0 8,0 0,5

América do Norte 127,3 221,7 227,5 227,5 13,3%

Argentina 2,6 2,6 2,4 2,4 0,1

Brasil 6,7 12,2 13,0 12,6 0,7

Colômbia 2,8 1,5 2,3 2,0 0,1

Equador 3,5 4,5 8,0 8,0 0,5

Peru 0,8 1,1 1,2 1,2 0,1

Trinidad & Tobago 0,7 0,8 0,7 0,2 < 0,005

Venezuela 72,7 87,3 300,9

90,5

300,9 17,6

Outros 1,0 0,8 0,5 0,5 < 0,005

América do Sul e Central 90,7 110,8 329,0 327,9 19,2%

Azerbaijão 1,2 7,0 7,0 7,0 0,4

Dinamarca 0,9 1,2 0,5 0,4 < 0,005

Itália 0,8 0,5 0,6 0,5 < 0,005

Cazaquistão 5,3 9,0 30,0 30,0 1,8

Noruega 11,7 8,5 8,0 7,6 0,4

Romênia 1,0 0,5 0,6 0,6 < 0,005

Rússia 113,6 104,0 102,4 109,5 6,4

Turcomenistão 0,5 0,6 0,6 0,6 < 0,005

Reino Unido 5,0 3,6 2,5 2,5 0,1

Uzbequistão 0,6 0,6 0,6 0,6 < 0,005

Outros 2,4 2,2 2,1 2,1 0,1

Europa e Eurásia 142,8 137,6 154,9 161,5 9,5%

Irã 92,6 138,4 158,4 158,4 9,3

Iraque 112,0 115,0 142,5 153,0 9,0

Kuwait 96,5 101,5 101,5 101,5 5,9

Omã 5,3 5,6 5,3 5,4 0,3

Qatar 3,7 27,4 25,2 25,2 1,5

Arábia Saudita 261,4 264,3 266,6 266,5 15,6

Síria 2,5 3,0 2,5 2,5 0,1

Emirados Árabes 97,8 97,8 97,8 97,8 5,7

Iêmen 2,0 2,8 3,0 3,0 0,2

Outros 0,2 0,1 0,2 0,2 < 0,005

Oriente Médio 674,0 755,9 803,0 813,5 47,7%

Argélia 10,8 12,3 12,2 12,2 0,7

Angola 3,7 9,0 11,8 11,6 0,7

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7

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

América do

Norte

América do

Sul e Central

Europa e

Eurásia

Oriente

Médio

África Ásia Pacífico

Tabela 1. Reservas provadas de petróleo no mundo – Continuação (Modificado de BP

Statistical Review, 2017).

País / Região

1996

(bilhões de

barris)

2006

(bilhões de

barris)

2015

(bilhões de

barris)

2016

Bilhões de

barris % total

Chade - 1,5 1,5 1,5 0,1

República do Congo 1,6 1,6 1,6 1,6 0,1

Egito 3,8 3,7 3,5 3,5 0,2

Guiné Equatorial 0,6 1,8 1,1 1,1 0,1

Gabão 2,8 2,2 2,0 2,0 0,1

Líbia 29,5 41,5 48,4 48,4 2,8

Nigéria 20,8 37,2 37,1 37,1 2,2

Sudão do Sul - - 3,5 3,5 0,2

Sudão 0,3 5,0 1,5 1,5 0,1

Tunísia 0,3 0,6 0,4 0,4 < 0,005

Outros 0,7 0,7 3,7 3,7 0,2

África 74,9 116,9 128,2 128,0 7,5%

Austrália 3,8 3,5 4,0 4,0 0,2

Brunei 1,1 1,2 1,1 1,1 0,1

China 16,4 20,2 25,7 25,7 1,5

Índia 5,5 5,7 4,8 4,7 0,3

Indonésia 4,7 4,4 3,6 3,3 0,2

Malásia 5,0 5,4 3,6 3,6 0,2

Tailândia 0,2 0,5 0,4 0,4 < 0,005

Vietnã 0,9 3,3 4,4 4,4 0,3

Outros 1,3 1,4 1,3 1,3 0,1

Ásia Pacífico 39,0 45,5 48,8 48,4 2,8%

Total no mundo 1148,8 1388,3 1691,5 1706,7 100%

(-) Informação indisponível

Gráfico 1. Reservas provadas de petróleo no mundo por continente (Elaboração própria

com base em BP Statistical Review, 2017).

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De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – ligada ao Ministério

de Minas e Energia (2017), a previsão para 2026 é que a produção brasileira de petróleo

atinja o patamar de 5,2 milhões de barris por dia, representando o dobro do valor

registrado em 2016. Além disso, espera-se que o pré-sal responda por cerca de 74% da

produção nacional.

O petróleo no Brasil é responsável por 33% da matriz energética brasileira, e o

gás natural por 7,2%. Dessa forma, apesar de buscas por fontes alternativas de energia,

o petróleo, gás natural e o carvão continuam as principais fontes de energia, no cenário

atual. Com isso, por sua relevância na matriz energética brasileira, a produção de

petróleo deve atender a critérios de sustentabilidade, uma vez que os incidentes têm alto

impacto para as empresas e para a sociedade (CHIANCA, M. 2010).

II.2 Acidentes na Indústria do Petróleo

Por se tratar de uma indústria com processos de alta complexidade e

envolvimento de substâncias perigosas, qualquer tipo de vazamento pode surtir grande

impacto na vida marinha e nos seres humanos. Eventualmente, devido a causas

distintas, podem ocorrer acidentes catastróficos, como por exemplo uma explosão.

Geralmente incidentes desse porte são decorrentes de uma série de eventos precursores

não controlados, que escalonaram para eventos de grandes proporções. A seguir, serão

apresentados grandes acidentes na indústria do petróleo.

Para a elaboração deste trabalho, considera-se a terminologia da área de

segurança operacional para incidente, conforme definição da Resolução ANP nº

44/2009:

“Incidente é qualquer ocorrência, decorrente de fato ou ato intencional ou

acidental, envolvendo: risco de dano ao meio ambiente ou à saúde humana; dano ao

meio ambiente ou à saúde humana; prejuízos materiais ao patrimônio; ocorrência de

fatalidades ou ferimentos graves; ou interrupção não programada das operações por

mais de 24 (vinte e quatro) horas”.

Para os termos acidente e quase acidente considera-se a definição da Resolução

ANP nº 43/2007:

“Acidente é qualquer ocorrência indesejada que cause consequências negativas,

tais como poluição ou danos ao meio ambiente, à saúde humana, ao patrimônio

(próprio ou de terceiros) ou descontinuidade operacional.”

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“Quase acidente é qualquer ocorrência indesejada que tenha potencial de

causar consequências negativas, tais como poluição ou danos ao meio ambiente, à

saúde humana, ao patrimônio (próprio ou de terceiros) ou descontinuidade

operacional, embora não as tenha causado, tendo em vista que não houve elementos ou

circunstâncias suficientes para tal.”

Portanto, incidente representa o conjunto de acidentes e quase acidentes,

conforme demonstrado de forma resumida na Figura 1. Dessa forma, uma explosão com

fatalidades (acidente) e uma queda de objeto que não gerou consequências (quase

acidente) são denominados incidentes.

Figura 1. Conceito de acidente e quase acidente como tipos de incidentes.

II.2.1 Plataforma P-36

Ocorrido em março de 2001, esse acidente pode ser considerado um dos maiores

da história da indústria. Na época do acidente esta era a maior plataforma de produção

de petróleo offshore em operação no mundo. A unidade P-36 situava-se no Campo de

Roncador, na Bacia de Campos. O acidente ocorreu devido a explosões em tanques de

óleo e gás. Identificou-se o evento crítico como sendo a pressurização excessiva no

tanque de popa boreste da unidade, que foi gerada por falhas operacionais. O acidente

acarretou em onze fatalidades, sendo todos integrantes da equipe de emergência, que

estavam próximos ao local em que ocorrera uma das explosões (ANP, 2001).

Com as explosões, diversos módulos da unidade foram alagados com água, óleo

e gás, o que acabou provocando uma inclinação de 16 graus na plataforma.

Durante a emergência foi possível evacuar 138 pessoas e mantidas a bordo

apenas a equipe responsável pela resposta à emergência.

Incidente

Acidente

Quase acidente

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De forma a compensar a inclinação da plataforma, operadores da Petrobras

admitiram água em tanque situado no lado oposto aos módulos que haviam sido

alagados com a explosão. Essa medida acarretou no aumento indesejável do calado2 e

na submersão contínua da unidade. Após verificarem que as possibilidades de manter a

plataforma nivelada havia se esgotado, a equipe de resposta à emergência abandonou a

plataforma.

Diversas tentativas de reverter a situação e reflutuar a unidade ocorreram, como

por exemplo, a injeção de nitrogênio e ar comprimido para expulsar a água dos

compartimentos alagados, porém elas não tiveram êxito. A submersão total da unidade

ocorreu no dia 20 de março de 2001.

Após investigação, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP) concluiu que as causas do acidente foram não conformidades

identificadas quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto. Ainda

segundo a ANP, “o acidente foi causado por uma série de fatores que, isoladamente, não

seriam suficientes para determiná-lo”.

II.2.2 FPSO Cidade de São Mateus

Ocorrido em fevereiro de 2015, o acidente do FPSO Cidade de São Mateus

(CDSM) é aquele de grandes proporções mais recente ocorrido no Brasil. O FPSO3 era

operado pela empresa BW Offshore, sob concessão da Petrobras e situava-se nos

campos de Camarupim e Camarupim Norte, na Bacia do Espírito Santo. O acidente

ocorreu devido a vazamento de condensado de gás natural na casa de bombas da

unidade. Com o vazamento, detectores de gás foram sensibilizados e alarmos sonoros e

visuais da plataforma foram ativados.

Com a presença confirmada de atmosfera explosiva na casa de bombas, três

equipes distintas foram enviadas até o local em momentos diferentes, a fim de

investigarem a origem da ocorrência, limpar a poça de líquido no local e apertar os

parafusos da conexão que apresentava vazamento. No momento da descida da terceira

equipe de emergência, houve uma grande explosão.

2 É a designação dada à profundidade que se encontra o ponto mais baixo de uma embarcação a

partir da superfície da água. 3 Unidade flutuante de produção, processamento, armazenagem e transferência de petróleo e gás

natural.

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Após investigação, a ANP concluiu que a causa do acidente foi a falta de

estruturação da empresa concessionária e da operadora da instalação para o

gerenciamento da segurança operacional da unidade. O processo de investigação do

acidente indicou 61 recomendações mandatórias para a indústria no segmento de

produção de petróleo e gás natural. Tais recomendações possuem o objetivo de evitar a

recorrência de acidentes semelhantes.

Além de nove vítimas fatais, o acidente também resultou em 26 feridos.

II.2.3 Refinaria de Texas City

Ocorrido em março de 2005, o acidente na refinaria da British Petroleum (BP)

na cidade de Texas é considerado uma das maiores catástrofes industriais dos Estados

Unidos (EUA). A refinaria, na época, era a terceira maior dos Estados Unidos. O

acidente ocorreu devido a um transbordamento de torre de destilação com

hidrocarbonetos, que gerou explosões (CSB, 2007).

Alarmes críticos e instrumentos de controle falharam e não foram capazes de

alertar os operadores da unidade sobre o nível excessivo de hidrocarbonetos na torre. O

transbordamento gerou vazamento e uma liberação de líquido inflamável para a

atmosfera.

Após investigação, o CSB concluiu que o desastre de Texas City foi causado por

diversos desvios de segurança de processo e organizacionais em todos os níveis da

empresa. Ademais, o CSB também observou que:

“Sinais de um possível desastre estiveram presentes por diversos anos, porém

gestores da empresa não interviram de forma eficiente para prevenir o

acidente.” (BP Texas City – Final Investigation Report – página 18)

O acidente resultou em quinze fatalidades, além de 180 feridos. Muitas das

vítimas estavam dentro ou perto de estações de trabalho que situavam-se próximas à

torre de destilação que originou a explosão.

II.2.4 Piper Alpha

Ocorrido em 1988, a explosão na plataforma Piper Alpha, no Mar do Norte, é

considerado o maior acidente da indústria do petróleo. No dia 6 de julho de 1988,

ocorreu um grande vazamento de condensado de gás na plataforma. Este entrou em

ignição, causando uma explosão que gerou incêndio de grandes proporções. A

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plataforma Piper Alpha era conectada a outras plataformas por meio de dutos de

transferência de óleo e gás. A explosão inicial rompeu os dutos e destruiu a sala de

controle da unidade (Oil & Gas UK, 2008).

Devido à destruição, a comunicação com instalações vizinhas não foi

estabelecida, de forma que a Piper Alpha continuou a receber hidrocarbonetos

provenientes de dutos. Com isso, o calor do incêndio inicial auxiliado pelo inventário

constante de gás proveniente das instalações vizinhas gerou uma nova explosão,

também de enormes proporções. O desastre foi de escala catastrófica. No total, 167

pessoas morreram e apenas 62 sobreviveram.

No Reino Unido, uma comissão presidida pelo juiz escocês William Cullen foi

estabelecida para investigar o acidente. Segundo o relatório de Cullen, as causas do

acidente foram falha na gestão de integridade da unidade, falta de treinamento dos

trabalhadores em certos procedimentos operacionais e gestão de riscos ineficiente. O

relatório fez 106 recomendações para a indústria, com o objetivo de alterar os

procedimentos de segurança do Mar do Norte. Entre as recomendações mais

importantes está a designação do órgão de Saúde e Segurança do Reino Unidade

(Health and Safety Executive – HSE) como responsável pela regulação e supervisão das

operações no Mar do Norte; e a introdução do Safety Case, documento que Operadores

devem submeter ao HSE antes da instalação entrar em operação. Este documento deve

evidenciar, com detalhes, que a gestão da segurança operacional e o controle de

acidentes graves serão efetivos. De forma resumida, segundo “Oil & Gas UK”:

“O Safety Case, por exemplo, deve demonstrar que a empresa possui um sistema

de gestão da segurança operacional, identificou os riscos e os reduziu ao nível mais

baixo possível, introduziu sistemas de controle, providenciou um refúgio temporário na

instalação e providenciou rotas de fuga”.

II.2.5 Deepwater Horizon

Ocorrido em 2010, o acidente com a sonda de perfuração Deepwater Horizon no

Golfo do México é considerado a maior catástrofe ambiental dos Estados Unidos. No

dia 20 de abril de 2010, um evento de perda de controle de poço gerou um vazamento

de hidrocarbonetos, resultando em explosões e incêndios na sonda. O incêndio

continuou por 36 horas até o momento em que a sonda afundou. Porém, o vazamento

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continuou por 87 dias, descarregando mais de 4,9 milhões de barris de óleo no mar. No

total, onze trabalhadores morreram devido à explosão (BP, 2010).

Segundo o relatório de investigação do acidente, emitido em setembro de 2010

pela British Petroleum, empresa que era operadora do contrato do bloco de exploração,

desafios tecnológicos e ambientais do poço Macondo, decisões críticas dos engenheiros

de perfuração e falhas na gestão da indústria, foram definidas como causas raiz do

evento. O relatório fez diversas recomendações, que se dividem a necessidade de

implementação de um Sistema de Gestão e relacionadas à BP e sua gestão de serviços e

empresas contratadas. Dentre as recomendações supracitadas, destaca-se a

recomendação 4.1, referente à Gestão da Segurança de Processo, no qual se preconiza o

estabelecimento de indicadores reativos e proativos.

A regulação da segurança offshore nos Estados Unidos foi profundamente

modificada após serem analisadas as conclusões das investigações do acidente, com a

adoção de regulação baseada em desempenho após a publicação do Code of Federal

Regulation 30 CFR part 250, subpart S. Este regulamento estabelece como mandatória

a implantação de um Sistema de Gestão de Segurança e Meio Ambiente (SEMS) em

todas as operações offshore nos Estados Unidos da América.

II.3 Considerações

Frente ao exposto, a indústria do petróleo apresenta papel fundamental na

sociedade atual, porém precisa garantir que as atividades da Indústria do Petróleo

ocorram de forma controlada e com o mínimo de impacto social, ambiental e

econômico.

Com isso, de forma a prevenir acidentes como os expostos, a adoção das

melhores práticas da indústria, em especial a implantação de um Sistema de Gestão de

Segurança de Processos e um processo de Gerenciamento de Riscos torna-se primordial,

inclusive para a sustentabilidade das empresas.

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III. Segurança de Processo

A Occupational Safety and Health Administration (OSHA), órgão americano

responsável pela segurança do trabalhador, define Segurança de Processo como

responsável pela prevenção de possíveis incidentes, e se utiliza de técnicas para

identificação dos riscos presentes e mitigação desses antes que um incidente ocorra.

A gestão da Segurança de Processo é amplamente reconhecida como

responsável pela redução do risco de acidentes de grandes proporções e pelo processo

de melhoria do desempenho da indústria. (AIChE/CCPS, 2007).

A Norma Técnica CETESB P4.261 (2011) define perigo como “uma ou mais

condições físicas ou químicas com potencial para causar danos às pessoas, à

propriedade e ao meio ambiente” e risco como “medida de danos à vida humana,

resultante da combinação entre frequência da ocorrência de um ou mais cenários

acidentais e a magnitude dos efeitos físicos associados a esses cenários”.

Para o presente trabalho, considera-se risco não só como uma medida de danos à

vida humana, mas também o dano ao meio ambiente e ao patrimônio.

Assim sendo, neste capítulo apresentam-se os fundamentos de Segurança de

Processo, abordando com mais detalhe a filosofia da Segurança de Processo Baseada

em Risco.

III.1 Introdução

A Segurança de Processo faz parte da Gestão de Segurança e está direcionada às

preocupações com os riscos de grandes impactos aos seres humanos, segurança, danos

ao meio ambiente e prejuízos materiais (API RP 75, 2004).

É importante entender que, mesmo com objetivos próximos, a Segurança

Ocupacional (ou segurança do trabalho) é diferente da Segurança de Processo. Riscos

pessoais ou ocupacionais, tais como escorregões, quedas e cortes, costumam produzir

efeitos sobre um único trabalhador. Por outro lado, riscos de processo podem ocasionar

acidentes maiores, envolvendo liberação de materiais com alto potencial de dano,

incêndios e explosões (AIChE/CCPS, 2008).

Os incidentes de segurança de processo podem ter efeitos catastróficos e podem

resultar em múltiplas mortes e feridos, assim como danos à economia, à propriedade e

ao meio ambiente. Além disso, diferente de incidentes individuais, incidentes de

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segurança de processo podem causar dano tanto aos trabalhadores no interior de uma

unidade, quanto nas pessoas que vivem próximas, comunidades vizinhas, por exemplo.

As práticas de Segurança de Processo e os sistemas de gestão de segurança estão

em vigor, em algumas empresas, há muitos anos. Porém, muitas vezes, devido à maior

frequência e facilidade na avaliação das lesões dos trabalhadores, os recursos das

empresas são desproporcionais, focando em segurança do trabalho ou ocupacional ao

invés da segurança de processo (AIChE/CCPS, 2007).

Ao longo dos anos, as indústrias desenvolveram diversas abordagens

relacionadas à Segurança de Processo. A seguir, na Figura 2, é apresentada a evolução

dessas estratégias.

Figura 2. Evolução das estratégias de Segurança de Processo (Adaptado de

AIChE/CCPS, 2007).

III.2 Gestão da Segurança de Processo Baseada em Padrões

A primeira estratégia na gestão da segurança de processo, que perdurou durante

um longo período na indústria, dependia apenas das normas baseadas na experiência.

Como experiência, incluíam-se tanto práticas internas da empresa, quanto padrões

reconhecidos da indústria, como as normas do Instituto Nacional Americano de Padrões

(ANSI) e do Instituto Americano do Petróleo (API).

Utilizando-se de uma estratégia baseada em Padrões e experiência, a

organização depende da aplicação das práticas amplamente comprovadas, que

evoluíram e foram desenvolvidas, muitas vezes, após acidentes e eventos de perdas.

Entretanto, incidentes de Segurança de Processo costumam ser pouco frequentes e,

dessa forma, apenas a experiência passada não é o suficiente na prevenção de acidentes

futuros (AIChE/CCPS, 2007).

Estratégia

Baseada em

Padrões

Estratégia

Baseada na

Conformidade

Estratégia

Baseada na

Melhoria

Contínua

Estratégia

Baseada em

Risco

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III.3 Gestão da Segurança de Processo Baseada na Conformidade

Com o passar do tempo, preocupados com os potenciais acidentes na indústria

de processos químicos, agências governamentais começaram a estabelecer

regulamentações definindo requisitos mínimos de atividades de prevenção de acidentes.

Regulamentações baseadas em desempenho, incluindo as normas da ANP para o

Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO), norma OSHA 3231 dos

EUA e a norma Offshore Petroleum and Greenhouse Gas Storage Act 2006 (OPGGS

Act) da NOPSEMA4, estabelecem requisitos para implementação de um sistema de

gerenciamento de segurança pela adoção de práticas não prescritivas. Esta abordagem

não cria entraves ao avanço à inovação e ao avanço tecnológico da indústria, permitindo

que os operadores moldem suas próprias ações de Segurança de Processo ao nível de

risco apropriado.

A norma OSHA 3231 (2000), por exemplo, estabelece que os operadores

possuam uma Process Safety Management (PSM), em português, Gestão de Segurança

de Processo. O principal foco da PSM é a análise de riscos, preconizando que

operadores identifiquem os cenários de maiores riscos e realizem uma avaliação e

tratamento desses riscos. Além disso, essa norma prevê o uso de um sistema de gestão

composto por 14 elementos, que são aplicáveis durante toda a vida útil da instalação. O

sistema auxilia na prevenção e mitigação dos efeitos de liberações indesejadas de

produtos químicos e energia, provenientes de um processo contendo produtos perigosos.

No Brasil, o Regulamento Técnico do SGSO é aplicável às instalações

marítimas de perfuração e produção de petróleo e gás natural. O SGSO é composto por

17 práticas de gestão orientadas ao desempenho e à gestão de risco, conduzindo o

processo de melhoria contínua na operação das instalações.

De acordo com a ANP (2007), a supervisão da segurança operacional das

instalações tem o objetivo de identificar se o operador cumpre as boas práticas de

gestão, e estabelece a cultura de segurança nas operações.

Instalações petrolíferas offshore e atividades ou operações correlacionadas nas

águas jurisdicionais australianas são reguladas pelo “Offshore Petroleum and

4 National Offshore Petroleum Safety and Environmental Management Authority (NOPSEMA)

atua como órgão regulador da Austrália, com atribuição de regular os aspectos de saúde e

segurança, integridade de poço e gerenciamento ambiental das operações offshore de petróleo e

gás.

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Greenhouse Gas Storage Act 2006 – OPGGSA”, que trata sobre exploração e

desenvolvimento de todas as atividades de petróleo offshore da Austrália, e inclui três

documentos: o “Environment Plan”, “Safety Case” e “Well Operations Management

Plan”. É uma legislação predominantemente não prescritiva, baseada em desempenho,

com exceção à parte de segurança ocupacional, que também consta no Safety Case, e

possui parâmetros prescritivos. No Brasil, segurança ocupacional é de competência do

Ministério do Trabalho e Emprego, e também é predominantemente prescritiva.

Segundo o AIChE/CCPS (2007), “as regulamentações da Gestão da Segurança

de Processo estabelecem exigências mínimas que, em determinadas situações, podem

não ser suficientes para gerenciar riscos adequadamente, enquanto, em outros casos,

podem forçar as empresas a dar atenção excessiva às questões da Segurança de

Processo”.

III.4 Gestão da Segurança de Processo Baseada em Melhoria Contínua

As expectativas da sociedade no que concerne à segurança aumentam

constantemente. De forma a cumprir com essas expectativas, as empresas passaram a

incorporar padrões de melhoria contínua referentes à segurança, saúde e políticas

ambientais, uma abordagem semelhante aquela já adotada em sistemas de qualidade,

por exemplo (AIChE/CCPS, 2007).

De acordo com a ISO 9001 (2008), referente à Sistema de Gestão da Qualidade,

um modelo de gestão baseado em melhoria contínua deve utilizar indicadores de

desempenho (métricas) para conduzir mudanças. Entretanto, esta estratégia pode não ser

a mais adequada para gerenciar a Segurança de Processo, já que muitos indicadores são

reativos, baseados em incidentes de baixa frequência e de consequências elevadas, o que

não necessariamente indicam o nível de segurança de uma unidade.

III.5 Gestão da Segurança de Processo Baseada em Risco

A abordagem de Segurança de Processo Baseada em Risco (RBPS) combina as

estratégias anteriores, cumprindo as exigências regulatórias, aplica as lições aprendidas

através da experiência na empresa ou na indústria, e utiliza os indicadores de

desempenho na condução da Segurança de Processo. Além disso, utiliza de um

programa de gerenciamento de riscos e indicadores de tendência (indicadores

proativos), ajudando a medir e antever, de modo confiável, o desempenho dos diversos

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aspectos do sistema de segurança, independentemente de quaisquer eventos de perda

(AIChE/CCPS, 2007).

A Tabela 2 apresenta os quatro pilares do Sistema de Gestão de Segurança de

Processo Baseada em Risco proposto pelo AIChE/CCPS (2007).

Tabela 2. Princípios de Segurança de Processo Baseada em Risco (Adaptado de

Diretrizes para Segurança de Processo Baseada em Risco, AIChE/CCPS, 2007).

Pilares do Sistema de Gestão de Segurança de Processo Baseada em Risco

Comprometimento com a Segurança de Processo

Cultura de Segurança de Processo

Conformidade com Padrões e Normas

Competência em Segurança de Processo

Participação da Força de Trabalho

Abrangência às Partes Interessadas

Compreensão dos Riscos e Perigos

Gestão do Conhecimento de Processo

Identificação de Perigos e Análise de Risco

Gestão de Risco

Procedimentos Operacionais

Práticas de Trabalho Seguro

Integridade de Ativos e Confiabilidade

Gestão de Contratadas

Garantia de Treinamento e Competência

Gestão de Mudanças (MOC)

Prontidão Operacional

Realização das Operações

Gestão de Emergências

Aprender com a experiência

Investigação de Incidentes

Auditoria

Medição e Métricas

Análise da Gestão e Melhoria Contínua

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III.5.1 Cultura de Segurança de Processo

O HSE5 (2005) define Cultura de Segurança como sendo o conjunto de valores

individuais e de grupo, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamento

que determinam o compromisso e a competência referentes à saúde e segurança de uma

organização.

Organizações com uma cultura de segurança bem desenvolvida são

caracterizadas por comunicações baseadas na confiança mútua, compreensão da

importância da segurança e pela confiança na prevenção de acidentes.

Fraquezas comuns na cultura de segurança de processos foram identificadas no

acidente de Piper Alpha. Após investigações, foram apontadas ausências em

características essenciais de uma cultura adequada, como a falta da conscientização dos

riscos e a falha da comunicação e confiança (AIChE/CCPS, 2007).

Decisões de gerenciamento que aparentam colocar produção ou custo antes da

segurança, e violações sistemáticas generalizadas de procedimentos são alguns sintomas

de fatores culturais de segurança mal desenvolvidos (HSE, 2005).

III.5.2 Conformidade com Padrões e Normas

A operação segura das instalações industriais exige que os sistemas de gestão de

segurança de processo permaneçam em conformidade com regulamentos e leis

aplicáveis, assim como com padrões e normas, incluindo padrões adotados de forma

voluntária pela empresa.

Vale ressaltar que mesmo com a aplicação das melhores práticas e padrões, sem

uma cultura apropriada, as operações não acontecerão conforme as normas e códigos

(AIChE/CCPS, 2007).

III.5.3 Competência em Segurança de Processo

O elemento de Competência em Segurança de Processo aplica práticas de gestão

para identificar de forma proativa necessidades de aprendizagem para a segurança de

processo, compartilhando experiências e desenvolvendo competências no auxílio à

tomada de decisão baseada em risco.

5 O Health and Safety Executive (HSE) é o órgão responsável pela regulamentação e aplicação

de diretrizes relacionadas a saúde, segurança e bem-estar no Reino Unido.

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Uma Gestão da Segurança de Processo baseada em risco preconiza que os

seguintes princípios fundamentais devem ser desenvolvidos na organização:

I. Prática segura

II. Manutenção e aperfeiçoamento da competência em segurança de

processo

III. Avaliação e compartilhamento dos resultados desenvolvendo a

aprendizagem na organização e na indústria.

III.5.4 Participação da Força de Trabalho

Outro elemento importante do pilar de comprometimento com a Segurança de

Processo é a participação ativa da Força de Trabalho6. De acordo com o HSE (2005), a

gestão deve desenvolver uma cultura de segurança no qual os funcionários lembrem-se

de que a segurança é papel de todos e que depende da participação de cada um.

O envolvimento da Força de Trabalho no compromisso com a segurança teve

seu desenvolvimento no Reino Unido após relatório da Comissão de Inquérito em

Segurança e Saúde no Trabalho, no qual se derivou uma recomendação fundamental

que previa a mudança da ênfase da segurança do governo para a auto regulação,

exigindo que os operadores colaborassem na criação de ambientes de trabalho mais

seguros (CULLEN REPORT, 1990).

No Brasil, a ANP (2007) preconiza que o Operador da Instalação é responsável

por estabelecer condições para que haja participação da força de trabalho no

desenvolvimento do sistema de gestão de segurança de processo. Além disso, o

Operador deve promover atividades de conscientização e informação relacionadas com

a segurança das operações, propiciando oportunidades para participação dos operadores

conforme seu envolvimento.

III.5.5 Abrangência às Partes Interessadas

O próximo elemento refere-se ao gerenciamento das partes interessadas. Este

elemento tem como objetivo assegurar que uma instalação possua um relacionamento

6 A definição de Força de Trabalho de acordo com o Regulamento Técnico do SGSO da

ANP (2007) é “Todo o pessoal envolvido na operação da Instalação, empregados do

operador ou contratadas”.

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com os acionistas, grupos industriais, governamentais e públicos relevantes

(AIChE/CCPS, 2007).

III.5.6 Gestão do Conhecimento de Processo

Primeiro elemento do pilar de Compreensão dos Riscos e Perigos, a gestão do

conhecimento de processo tem como objetivo definir procedimentos de elaboração,

divulgação, atualização, controle e acesso à documentação relativa ao processo.

Segundo o AIChE/CCPS (2007), o Operador deve desenvolver, documentar e

manter o conhecimento do processo de maneira estruturada durante todo o ciclo de vida

da instalação.

A Gestão do Conhecimento de Processo deve estar alinhada à participação da

Força de Trabalho. A Organização deve garantir o acesso às informações, na medida em

que são desenvolvidas e alteradas, para a Força de Trabalho.

III.5.7 Identificação de Perigos e Análise de Risco

A Identificação de Perigos e Análise de Risco é um elemento essencial do

RBPS. A prática de identificação e análise de riscos que podem resultar em eventos,

deve ser conduzida em todas as fases do ciclo de vida da instalação.

Muitas técnicas para identificar riscos existem, porém em todos os casos, a

pergunta básica “O que pode dar errado?” deve ser respondida.

Devido à importância de um processo de Gerenciamento de Riscos, o capítulo

IV abordará com mais profundidade esse elemento.

III.5.8 Procedimentos Operacionais

O primeiro elemento do pilar de Gestão de Riscos é o de Procedimentos

Operacionais. Esse elemento prevê que para, gerenciar o risco, o Operador deve focar

em desenvolver procedimentos que descrevam de forma segura como iniciar, operar e

encerrar processos. Deve ainda disponibilizar procedimentos específicos instruindo

operadores a como abordar condições perigosas e anormais (AIChE/CCPS, 2007).

A abordagem de Procedimentos Operacionais também existe em normas e

regulamentos. A PSM possui um elemento específico sobre procedimentos

operacionais, que se refere ao desenvolvimento e implementação de procedimentos

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operacionais escritos para os processos químicos, incluindo procedimentos para cada

fase operacional, limitações e faixas de operação e considerações de segurança e saúde

(OSHA, 2000)

A norma API RP 75 (2004) estabelece que o sistema de gestão deve incluir

requisitos para procedimentos operacionais, projetados para tornar as operações mais

eficientes, seguras e ambientalmente saudáveis. Além disso, uma organização pode

aplicar um mesmo procedimento para múltiplas instalações, desde que previamente

avaliados e com todas as diferenças estudadas.

O nível de detalhamento necessário de um procedimento deve estar adequado ao

risco associado à tarefa. Procedimentos ou atividades que são de alto risco ou alto

perigo, necessitam de um escopo mais minucioso e um nível maior de detalhes

(AIChE/CCPS, 2007).

A gestão ineficiente do elemento de Procedimentos Operacionais foi uma das

causas raiz identificadas na investigação do acidente do FPSO Cidade de São Mateus. A

causa raiz CR14 refere-se a procedimento operacional incompleto e com ausência de

instruções claras (ANP, 2015). Dessa causa raiz, derivaram-se três recomendações

mandatórias para a indústria, estabelecendo que:

I. Os procedimentos operacionais devem possui instruções e proibições

bem definidas.

II. Devem garantir a integridade e clareza das informações traduzidas.

III. Deve-se estabelecer em procedimento escrito os limites e valores de

parâmetros operacionais manipuláveis a serem considerados na operação

dos sistemas para o controle de riscos operacionais.

A ANP (2007), por meio do Regulamento Técnico do SGSO, estabelece a

terminologia “procedimento crítico”. Um procedimento é considerado crítico quando

essencial para a prevenção ou mitigação ou que, em caso de falha, possa provocar um

acidente operacional. Portanto, o Operador, a partir da identificação de perigos e análise

de risco, deve identificar os procedimentos críticos da instalação. De acordo com a

ANP, o gerenciamento e controle desses procedimentos devem aplicar mais esforços e

recursos do Operador, de forma a serem priorizados.

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III.5.9 Práticas de Trabalho Seguro

O elemento de Práticas de Trabalho Seguro tem o objetivo de estabelecer um

sistema de controle para gerenciar atividades em ambientes de perigo. As atividades que

forem identificadas em áreas de risco devem contemplar medidas adicionais de

precaução e mitigação, para que o trabalho seja realizado com segurança.

Além disso, o Operador deve estabelecer um sistema de inspeção nas áreas de

trabalho para determinar se os procedimentos estão sendo seguidos, se as condições da

permissão de trabalho estão sendo seguidas e se permanecem apropriadas.

As Práticas de Trabalho Seguro devem ser projetadas para minimizar os riscos

associados à operação, manutenção, atividades de modificação e manuseio de materiais

e substâncias que possam afetar a segurança ou o meio ambiente. Além disso, fatores

humanos devem ser considerados no desenvolvimento de práticas seguras (API RP 75,

2004).

A falta de medidas adicionais de precaução de trabalhos foi observada como

uma das causas do acidente de Piper Alpha. O Relatório de Lord Cullen (1990)

destacou que o sistema de Permissão para Trabalho (PT) não era estabelecido conforme

o procedimento. O Relatório destaca como exemplo o fato dos responsáveis pelo

monitoramento dos locais de trabalho não inspecionarem o local de trabalho durante as

atividades. Destaca ainda ocasiões em que os supervisores frequentemente deixavam os

documentos da PT na sala de controle, em vez de devolvê-los ao representante de

operações responsável, conforme exigido pelo procedimento.

Os procedimentos operacionais e as práticas de trabalho seguro se

complementam. Os procedimentos fornecem detalhes sobre a execução do trabalho. As

permissões devem descrever os perigos específicos e as salvaguardas do trabalho.

Ambos os elementos ajudam a garantir que a Força de Trabalho entenda os perigos e

tomem as medidas necessárias para gerenciar os riscos durante atividades não rotineiras

(AIChE/CCPS, 2007).

III.5.10 Integridade de Ativos e Confiabilidade

As atividades de integridade dos ativos consistem na implantação sistemática de

atividades de inspeção e manutenção de equipamentos para garantir a integridade

mecânica.

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A Prática de gestão nº 13, do RT-SGSO da ANP (2007) descreve requisitos para

o planejamento de inspeção, teste, manutenção e suprimento de materiais, a fim de

buscar a integridade mecânica dos sistemas, estruturas e equipamentos.

É importante ressaltar que essa prática de gestão possui uma das maiores

frequências de não conformidades apontadas em auditorias realizadas em 2016 em

sondas e instalações de produção marítimas (ANP, 2016).

Segundo a API RP 75 (2004), o gerenciamento da integridade deve incluir os

seguintes aspectos:

a. Procedimentos e práticas de trabalho de forma a manter a integridade

mecânica dos equipamentos.

b. Treinamento da Força de Trabalho responsável pelas inspeções, testes e

manutenções na aplicação de procedimentos, riscos das tarefas e práticas

de trabalho seguras.

c. Procedimentos de controle de qualidade para verificar o atendimento às

especificações de projeto.

d. Procedimentos para verificação de mudanças na instalação.

Inspeções e testes devem ser realizados em conformidade com procedimentos

que seguem boas práticas reconhecidas da indústria. A frequência das inspeções e testes

de equipamentos devem seguir as recomendações dos fabricantes e as boas práticas, ou

caso determinado por experiência operacional prévia. Cada inspeção e teste deve ser

documentado, identificando a data da inspeção ou teste, o nome do responsável pela

execução, o número de identificação do equipamento, uma descrição da inspeção ou

teste realizado e os resultados (OSHA, 2000).

Falhas na gestão da integridade foram observadas no acidente de Texas City. De

acordo com o Relatório de investigação produzido pelo CSB (2007), vários

instrumentos estavam em falha, provavelmente devido a manutenção e testes

inadequados, contribuindo para o incidente.

Instrumentos com histórico de problemas, como o alarme de nível alto da torre,

não foram rastreados para garantir a ação adequada e evitar a manutenção corretiva. As

deficiências de integridade mecânica da unidade resultaram no start-up da torre de

destilação sem um transmissor de nível devidamente calibrado, sem um alarme de nível

alto da torre em funcionamento, sem um visor de nível e sem um alarme de nível alto no

tambor de purga (CSB, 2007).

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A NORSOK Z-013 (2001) apresenta uma metodologia muito utilizada na

indústria que tange a Gestão de Integridade, que é a Risk Based Inspection (RBI). A

RBI é uma metodologia que visa estabelecer um programa de inspeção baseado em

mecanismos de falha que pode estar sujeito a inspeção (corrosão, vibração, etc.).

A metodologia combina uma análise de risco ao processo de inspeção. A entrada

para a análise é a probabilidade de falha do equipamento e a consequência para os

ativos. A RBI fornecerá informações sobre os mecanismos e frequências de falha,

provendo dados para a otimização dos programas de inspeção.

III.5.11 Gestão de Contratadas

Uma parte importante do pilar de gestão de riscos é o gerenciamento de

contratadas ou terceirizadas. De acordo com a ANP (2007), o Operador deve conduzir

uma prática de gestão de modo a estabelecer parâmetros para a seleção e avaliação de

contratadas, considerando aspectos de segurança operacional nas atividades.

A PSA7 (2017) estabelece, em sua regulamentação, que o Operador deve

garantir que os contratados e fornecedores estejam qualificados para cumprir a

regulamentação relativa à saúde, segurança e meio ambiente. Além disso, o Operador

deve assegurar que quaisquer deficiências no sistema de gestão das contratadas sejam

corrigidas e os ajustes necessários sejam feitos, para assegurar a uniformidade

necessária.

III.5.12 Treinamento e Competência

De acordo com a OSHA (2000), a implantação de um programa de treinamento

eficiente é uma das etapas mais importantes na gestão da segurança de processo baseada

em risco. A PSM exige que a Força de Trabalho envolvida na operação de um processo

deve ser treinada em uma visão geral do processo e em seus procedimentos

operacionais. O treinamento deve focar na conscientização dos riscos de segurança de

processo, operações de emergência, incluindo operações de Emergency Shutdown, e

outras práticas de trabalho que se aplicam às tarefas do operador.

7 Petroleum Safety Authority (PSA) atua como órgão regulador na Noruega, sendo responsável

pela segurança, resposta à emergência e ambiente de trabalho nas atividades da indústria do

petróleo na Noruega.

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A partir do relatório de investigação do acidente da Deepwater Horizon (2010),

destaca-se a recomendação referente a gestão de treinamento. Essa recomendação

estabelece que o Operador deve desenvolver um programa avançado de treinamento em

controle de poços em águas profundas, de forma que os resultados dos treinamentos

desenvolveriam uma maior capacidade de resposta e um entendimento mais profundo

das condições exclusivas de controle de poço existentes na perfuração em águas

profundas.

Atualmente diversas empresas trabalham com o conceito de “Matriz de

Treinamentos”. A matriz relaciona o cargo com os treinamentos necessários,

especificando ainda o grau de profundidade requerido em cada caso (ex: treinamento

introdutório, intermediário, ou avançado).

De forma a alcançar altos níveis de confiabilidade humana, os elementos de

Procedimentos, Treinamento e Cultura devem estar alinhados.

Os procedimentos operacionais documentados, atuais e precisos ajudam a

garantir que cada equipe e operador execute sua função de modo seguro e consistente.

Entretanto, nada disso será eficaz caso o elemento de Cultura de Segurança não englobe

a utilização de sistemas de gestão confiáveis e o treinamento da Força de Trabalho nos

procedimentos não seja realizado periodicamente (AIChE/CCPS, 2007).

A identificação de perigos e análise de riscos tem papel fundamental na gestão

de treinamentos. A partir dos cenários de acidentes identificados, definem-se diversas

características do sistema de gestão, tais como: periodicidade do treinamento, tipo de

treinamento, entre outros.

III.5.13 Gestão de Mudanças (MOC)

Um dos principais elementos do pilar de Gestão de riscos, e toda a Gestão da

Segurança de Processos baseada em Risco (RBPS) é o de Gestão de Mudanças ou

MOC. Esse elemento prevê que o Operador deve garantir que as mudanças não

aumentem os riscos existentes (AIChE/CCPS, 2007).

Uma instalação está sujeita a mudança contínua para aumentar a eficiência,

melhorar as operações e acomodar inovações tecnológicas. Reparos, conexões e outras

modificações podem ser realizados por necessidade operacional. Dessa forma, qualquer

mudança, não originalmente prevista e analisada, pode introduzir novos riscos,

comprometer as salvaguardas existentes, etc.

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O sistema de gestão deve estabelecer procedimentos para identificar e controlar

os perigos associados às mudanças, sendo elas tanto mudanças nas instalações, quanto

mudanças na Força de Trabalho (API RP 75, 2004). Mudanças de fornecedores de

matérias-primas ou equipamentos também são consideradas. Mudanças de diretores,

gerentes, compras, aquisições e fusões também devem ser gerenciados em MOC.

Os tipos de alterações que exigem o uso do procedimento de Gestão de

Mudanças devem ser definidos pelo procedimento (AIChE/CCPS, 2011). Normalmente

incluem-se:

Alterações nos equipamentos, instalações e parâmetros operacionais fora

dos limites definidos pelos estudos e documentos de segurança de

processo da instalação.

Modificações no controle de processos.

Introdução de novos produtos químicos.

Alterações nas especificações químicas ou fornecedores.

Locais de construção e padrões de ocupação.

Questões organizacionais, como níveis de pessoal e atribuições de

trabalho.

Dependendo da natureza da mudança, o Operador deve escolher uma ou mais

técnicas a serem utilizadas para a análise dos riscos. Entretanto, a análise de riscos, para

mudanças mais simples, podem se resumir ao preenchimento de checklists se

precisamente definidos, que a depender dos critérios, pode dispensar a necessidade de

análises robustas.

A partir das causas raiz identificadas, a ANP (2015) estabeleceu recomendações

consideradas necessárias para evitar a recorrência de acidentes semelhantes ao do FPSO

Cidade de São Mateus. Dentre as recomendações oriundas da investigação do acidente,

as recomendações R01 e R11 referem-se à prática de gerenciamento de mudanças, já

que duas das causas raiz identificadas no acidente foram o gerenciamento de mudanças

não realizado (R01) e ausência do gerenciamento de mudança de pessoas (R11):

“R01: Garantir que o gerenciamento de mudanças seja prática realizada

em todas as fases do ciclo de vida de uma unidade, incluindo o seu projeto, construção

e comissionamento.”

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“R11: Garantir a aplicação do processo de gerenciamento de mudanças

de pessoas, incluindo os casos de redução, aumento e acúmulo de funções, entrada e

saída de pessoas.”

Além do relatório de investigação de São Mateus, o relatório de investigação

realizado pelo CSB (2007) referente ao acidente na refinaria de Texas City também

observou diversas aplicações erradas no processo de Gestão de Mudanças. Entre essas

aplicações erradas, o CSB destaca que uma válvula de controle de pressão encontrava-

se fora de operação, entretanto, a partida da torre de destilação prosseguiu sem iniciar o

processo de gestão de mudança.

Várias mudanças também foram realizadas nos procedimentos de start-up da

torre de destilação sem um gerenciamento adequado. O CSB também apontou diversas

alterações de projeto e equipamento para os vasos e tambores que não foram avaliados

sobre a política de MOC, embora estes equipamentos tenham sido designados pela

refinaria como sendo críticos para a segurança.

Outro ponto de falha no gerenciamento de mudanças referente ao acidente de BP

Texas City foram os trailers temporários localizados próximos à planta de processo.

Um processo de MOC eficaz seria capaz de analisar previamente os riscos da utilização

dos trailers adjacente à planta, identificando assim a localização mais favorável destas

habitações na qual a exposição humana aos perigos pudesse ser reduzida.

III.5.14 Prontidão Operacional

De acordo com o elemento de Prontidão Operacional, o sistema de gestão deve

garantir que os processos que foram desligados sejam reinicializados de forma segura.

Esse elemento é especialmente relevante para processos sazonais, que não operam o ano

todo.

O Operador deve assegurar que o processo de shutdown da instalação seja

avaliado para saber se as condições estão seguras para a reinicialização (AIChE/CCPS,

2007).

III.5.15 Realização das Operações

A condução das operações de forma confiável é um dos elementos do pilar de

gestão de riscos. De acordo com o AIChE/CCPS (2007), quando implementado

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adequadamente, a gestão das operações deve trabalhar junto com o projeto, o

treinamento, a manutenção e a engenharia, fornecendo resistência contra perdas.

III.5.16 Gestão de Emergências

Apesar do melhor planejamento, caso ocorra um incidente, é essencial que a

Força de Trabalho seja capaz de executar as ações adequadas. Dessa forma, um Plano

de Emergência deve ser desenvolvido e estabelecido (OSHA, 2000).

De acordo com a ANP (2007), o Operador deve assegurar o adequado

planejamento e gerenciamento de grandes emergências que possam ocorrer durante a

operação da Instalação, incluindo implantar um Plano de Emergência para a Unidade,

gerenciar recursos de resposta, e estabelecer exercícios simulados.

Segundo o HSE (2016), a resposta de emergência abrange a ação em resposta a

possíveis acidentes graves e também para alguns incidentes menores, especialmente

observados em operações offshore. Por exemplo, pessoas ao mar, doença ou ferimentos

a pessoas que necessitem de evacuação urgente da instalação para tratamento médico ou

recuperação.

A Gestão de Emergências está diretamente relacionada ao elemento do risco.

Para que sejam desenvolvidos planos de resposta a emergência, a identificação dos

cenários plausíveis de acidentes faz-se necessária. Os produtos do trabalho do elemento

de risco devem ser utilizados para limitar a faixa de acidentes que podem ocorrer

(AIChE/CCPS, 2007).

Ao se desenvolver planos para situações de emergência, é importante questionar

três pontos essenciais do risco (AIChE/CCPS, 2007):

I. O que pode dar errado? – Esse questionamento fornece informações dos

tipos de emergências que devem ser planejadas.

II. Quão severo pode ser? – Esse questionamento induz a identificação das

medidas necessárias de contingência.

III. Com que frequência pode acontecer? – Esse questionamento reflete se a

probabilidade de um determinado cenário é suficiente para justificar as

ações.

O elemento de Gestão de Emergências foi muito abordado no relatório da

Comissão de Sindicância sobre o acidente da P-36. Dentre os itens passíveis de atenção,

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na parte que versa sobre o aprimoramento dos procedimentos e planos de emergência, o

relatório aponta “a ida da brigada de incêncio diretamente para o local da ocorrência”.

O relatório sugere como medidas a serem adotadas o uso de detectores portáteis de gás e

de sistemas de comunicação durante as emergências (ANP, 2001).

III.5.17 Investigação de Incidentes

O primeiro elemento do pilar de Aprender com a Experiência é o de

Investigação de Incidentes. Segundo o AIChE/CCPS (2007), “a investigação de

incidentes é uma forma de aprender com os incidentes que ocorrem ao longo da vida de

uma instalação, e de comunicar as lições aprendidas para o pessoal interno e de outras

partes interessadas”.

A API RP 75 (2004) preconiza que um sistema de gestão de Segurança de

Processo deve estabelecer procedimentos para investigação de todos os incidentes de

sérias consequências para a segurança ou o meio ambiente.

Ainda segundo a API, a investigação de um incidente deve abordar:

I. A natureza do incidente.

II. Os fatores que contribuíram para o início do incidente e seu

desenvolvimento.

III. Recomendações para melhorias no sistema de gestão, visando evitar a

ocorrência de eventos similares.

A OSHA 3132, por meio da Process Safety Management (2000) possui

requisitos mandatórios relacionados à investigação de incidentes. Entre os requisitos,

destaca-se a obrigatoriedade de que a investigação do incidente deve ser iniciada tão

prontamente quanto possível, mas não depois de 48 horas após o incidente. Além disso,

a investigação deve ser realizada por uma equipe composta por pelo menos uma pessoa

que conheça os processos envolvidos, de forma que a equipe deve possuir pessoas com

conhecimento e experiência apropriados para investigar e analisar o incidente.

Em relação ao elemento de Investigação de Incidentes, o Regulamento Técnico

do Sistema de Gestão de Segurança Operacional da ANP (2007) estabelece que o

Operador da Instalação será responsável por estabelecer, documentar e instituir ações

corretivas para minimizar as consequências imediatas dos incidentes e ações preventivas

para evitar recorrências.

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III.5.18 Auditoria

O elemento de Auditoria refere-se a um processo capaz de avaliar a eficácia da

implantação e do funcionamento do sistema de gestão. O processo de auditoria deve

identificar e corrigir de maneira proativa as deficiências no projeto e no gerenciamento

da segurança (AIChE/CCPS, 2007).

A OSHA 3132 (2000) estabelece que os operadores devem avaliar o

cumprimento de suas disposições pelo menos a cada três anos, para que se tenha certeza

de que a gestão da segurança de processo é eficaz. Essas auditorias verificarão se os

procedimentos e as práticas desenvolvidas são adequadas e estão sendo seguidas.

Segundo a ANP (2007), a execução das auditorias deve utilizar informações

sobre auditorias anteriores, avaliações de desempenho, investigações de acidentes e o

risco da unidade.

A API RP 75 (2004) preconiza que o escopo das auditorias deve incluir o

seguinte:

I. Determinação se os elementos do programa de gerenciamento estão

adequados e incorporam os componentes necessários.

II. Avaliação do sistema de teste quanto à eficácia do sistema de gestão.

III. Identificação de pontos de melhoria na segurança e no gerenciamento da

segurança de processo.

III.5.19 Métricas e Indicadores

Este segundo elemento do pilar de Aprender com a Experiência possui o

objetivo de promover a melhoria contínua das condições de segurança das instalações.

Isso deve ser o resultado de um processo de estabelecimento e monitoramento de

métricas e indicadores de desempenho, assim como metas que avaliem a eficácia do

sistema de gestão.

Idealmente, as instalações, em vez de esperar pelo acontecimento de acidentes

ou a realização de auditorias, devem monitorar o desempenho em tempo real. Somente

assim é possível identificar falhas antes que acidentes ocorram, permitindo que medidas

sejam tomadas (ANP, 2007).

As características essenciais das métricas e indicadores são descritas mais

detalhadamente no Capítulo V.

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III.5.20 Análise da Gestão e Melhoria Contínua

A avaliação periódica do sistema de gestão, buscando o desempenho pretendido

e o alcance de metas, é preconizada pelo elemento de Análise da Gestão e Melhoria

Contínua (AIChE/CCPS, 2007).

Os resultados das análises da gestão devem ser monitorados ao longo do tempo,

e, em caso de oportunidades de melhoria, ou problemas evidentes, revisões do sistema

de gestão devem ser realizadas.

De forma geral, durante análise de gestão, o Operador deve ser capaz de

responder as seguintes questões:

Qual é a qualidade do nosso sistema de gestão da segurança de processo?

Estes são os resultados que queremos?

Estamos trabalhando nas circunstâncias certas?

III.6 Considerações finais

Neste capítulo, observa-se que a Gestão da Segurança de Processo Baseada em

Risco (RBPS) é difundida em toda a indústria, seja por meio de normas e guidelines

mundiais, como a API RP 75 e as “Diretrizes para Segurança de Processo Baseada em

Risco”, seja por meio de Regulamentações, como as diversas citadas.

Entretanto, os acidentes ocorridos na indústria do petróleo demonstram que,

apesar das instalações gerenciarem a segurança, muitas vezes as organizações não

estabeleceram métodos para a identificação de falhas latentes do sistema de

gerenciamento da segurança, e nem estabelecem suas respectivas ações de melhoria

contínua.

Alguns acidentes comprovam a mera passividade da gestão da segurança, já que

a organização não atua pró-ativamente, por meio de indicadores preventivos que

avaliam a confiabilidade do sistema de gestão.

Além disso, faz-se necessário o estabelecimento de um conjunto de indicadores

de desempenho de segurança para garantir que os riscos estão sendo controlados.

Nesse sentido, os elementos de Identificação de Perigos e Análise de Riscos, e

Métricas e Indicadores serão descritos com mais detalhes nos capítulos 3 e 4,

respectivamente.

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IV. Gerenciamento de Riscos

Sistemas de Gestão eficazes são necessários nas operações com hidrocarbonetos

para assegurar a segurança do processo, a saúde dos trabalhadores e a proteção do meio

ambiente. Nesse contexto, a indústria do petróleo deve investir na segurança e na

prevenção de eventos indesejados, fazendo uso de tecnologias propícias à identificação

dos perigos presentes em uma planta industrial e a eliminação ou redução dos cenários

acidentais relacionados a estes perigos.

Neste capítulo apresenta-se o conceito de Gerenciamento de Riscos, de forma a

contextualizar a importância da redução e mitigação dos riscos envolvidos nos

processos da indústria de petróleo.

IV.1 Processo de Gerenciamento de Riscos

Um processo de gerenciamento de riscos permite entende-los, identificar

possíveis cenários acidentais e avaliar suas probabilidades e consequências, de forma a

auxiliar na mitigação dos riscos. O grande objetivo no gerenciamento de riscos é

orientar a destinação equilibrada dos recursos para controlar e mitigar os riscos,

reduzindo os riscos para níveis toleráveis aceitáveis.

A Norma CEPRAM Nº 4578 (2017) define Programa de gerenciamento de

Riscos como “Aplicação sistemática de políticas de gerenciamento, procedimentos e

práticas de análises, avaliação e controle dos riscos para empreendimentos que

processam, produzem, armazenam, transportam ou, de alguma forma, utilizam as

substâncias que possam representar potencial de dano à integridade física das pessoas,

com o objetivo de proteger os funcionários, o público em geral, o meio ambiente e as

instalações, evitando a interrupção do processo”.

De forma geral, Gerenciamento de Riscos é um processo que envolve a

identificação, análise e avaliação dos riscos. Após a etapa de avaliação de riscos, o

tratamento e mitigação, visando controlar os riscos identificados, são fundamentais no

processo de gerenciamento de riscos, conforme demonstra a Figura 3 (ISO 31000,

2009).

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Figura 3. Processo de Gerenciamento de Riscos (Adaptado de ISO 31000, 2009).

IV.2 Estabelecimento do contexto

Para gerenciar riscos é necessário entender o contexto, considerando parâmetros

internos e externos à organização, como por exemplo, fatores culturais, políticos,

regulatórios, financeiros, entre outros.

Nessa etapa, a organização deve definir os objetivos da avaliação dos riscos, os

critérios de aceitação de risco.

IV.3 Identificação de riscos

Segundo a IEC/ISO 31010 (2009), identificar riscos é o processo de identificar,

reconhecer e registrar riscos.

O processo de identificação de riscos tem objetivo de identificar o que pode

acontecer ou situações vulneráveis que podem afetar um sistema, incluindo apontar as

causas e origens do risco. Ou seja, visa identificar os cenários acidentais.

IV.4 Análise de riscos

De acordo com o American Institute of Chemical Engineers (AIChE), a

identificação e análise de riscos deve ser aplicada a cada fase do ciclo de vida de uma

Estabelecimento do contexto

Identificação de riscos

Análise de riscos

Avaliação de riscos

Tratamento de riscos

Comunicação e

consulta

Monitoramento e

análise crítica

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instalação, através do uso de uma ou mais técnicas. Entretanto, é importante que a

identificação e análise de riscos sejam feitas o mais cedo possível, já que é

relativamente mais fácil e barato realizar modificações no início do ciclo de vida de uma

instalação, quando as mudanças podem ser incorporadas com menos impacto no custo e

no cronograma (AIChE/CCPS, 2008).

Uma análise completa e precisa dos perigos potenciais de uma instalação

controla o risco de impactos às pessoas, perda de equipamento e dano ao meio ambiente

(API RP 14J, 2001).

A Tabela 3 lista algumas técnicas de análise de risco classificadas de acordo com

sua finalidade e, usualmente, utilizadas na indústria do petróleo.

Tabela 3. Técnicas de análise de riscos (Adaptado de AIChE/CCPS, 2008).

Finalidade Técnicas aplicáveis

Identificação de perigos

Análise histórica

Checklist (Lista de verificação)

What if (“E se?”)

Hazard identification (HAZID)

Hazard and Operability Studies (HAZOP)

Análise Preliminar de Perigos (APP)

Failures Mode and Effect Analysis (FMEA)

Análise Preliminar de Riscos (APR)

Avaliação qualitativa de

riscos

Hazard and Operability Studies (HAZOP)

Análise Preliminar de Riscos (APR)

Failure mode, effects and criticality analysis (FMECA)

Análise de consequências

Event Tree Analysis (ETA)

Modelagem de efeitos físicos

Modelagem de vulnerabilidade

Avaliação quantitativa de

riscos Análise Quantitativa de Riscos (AQR)

Avaliação semi-quantitativa

de riscos Layer of Protection Analysis (LOPA)

As técnicas de análise de riscos podem ser classificadas como: qualitativas,

semi-quantitativas ou quantitativas.

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Técnicas qualitativas definem consequência, probabilidade e nível de risco, com

o objetivo de priorizar e determinar o conjunto de cenários que demandam mais

recursos para mitigação (IEC/ISO, 2009).

Métodos quantitativos são aplicados utilizando valores para probabilidade de o

evento acontecer, e para sua consequência. A consequência pode ser expressa em

termos de impactos humanos, impactos ambientais e impactos econômicos. A qualidade

de uma análise quantitativa de riscos depende da exatidão dos dados numéricos e na

validação dos modelos (AS/NZS 4360, 2004).

A seguir serão apresentadas algumas das técnicas de Análise de risco que são

mais disseminadas e utilizadas no mundo.

IV.4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR)

A Análise Preliminar de Riscos (APR), do inglês Preliminary Hazard Analysis

(PHA), é uma técnica para identificação de cenários acidentais potenciais de uma

instalação.

A APR deve analisar todos os possíveis cenários de acidentes na unidade,

incluindo as falhas intrínsecas de equipamentos, instrumentos e materiais, e erros

humanos (CETESB, 2011).

Esta técnica pode ser utilizada em todas as fases do ciclo de vida de uma

instalação, permitindo, para unidades já em operação, a realização de uma revisão dos

aspectos de segurança existentes.

Durante a análise são levantadas as causas e consequências de cada um dos

cenários identificados, avaliando qualitativamente a probabilidade em que o acidente

pode ocorrer, a severidade das consequências e, logo, o risco associado. Além disso, são

analisadas as salvaguardas8 existentes e são propostas medidas adicionais

(recomendações). Por se tratar de uma técnica qualitativa de análise de risco, a APR não

fornece estimativas numéricas (DNV GL, 2006).

Após o levantamento das informações supracitadas, no desenvolvimento da

análise realiza-se o preenchimento de uma planilha estruturada, como ilustrado na

Tabela 4.

8 Salvaguardas são dispositivos, sistemas ou ações capazes de interromper a cadeia de

eventos gerada a partir de um evento iniciador (AIChe, 2008).

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Tabela 4. Planilha de Análise Preliminar de Riscos (Adaptado de Resolução CEPRAM

Nº 4578/2017).

Perigo Causa Consequências Salvaguardas Probabilidade Severidade Riscos Recomendações

De acordo com a metodologia da Análise Preliminar de Riscos, os cenários de

acidente devem ser classificados em categorias de frequência, as quais fornecem uma

indicação qualitativa da frequência esperada de ocorrência para cada um dos cenários

identificados. A Tabela 5 apresenta um exemplo de categorização para a frequência de

ocorrência do cenário.

Tabela 5. Categorias de frequência (Adaptado de AIChE/CCPS, 2008).

Frequência Característica

Extremamente Conceitualmente possível, mas sem referências na indústria.

Remota Não esperado ocorrer, apesar de haver referências em instalações

similares na indústria.

Pouco provável Pouco provável de ocorrer durante a vida útil de um conjunto de

instalações similares.

Possível Possível de ocorrer uma vez durante a vida útil da instalação.

Frequente Possível de ocorrer muitas vezes durante a vida útil da instalação.

Também de acordo com a metodologia da APR, os cenários de acidente devem

ser classificados em categorias de severidade, fornecendo uma indicação do grau de

severidade das consequências de cada evento, conforme exemplo apresentado na Tabela

6.

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Tabela 6. Categorias de severidade (Adaptado de CETESB, 2011).

Severidade Característica

Desprezível

Sem lesões ou no máximo caso de primeiros socorros sem afastamento;

Sem dados ou danos insignificantes aos equipamentos ou instalações;

Sem danos ou danos mínimos ao meio ambiente;

Sem impacto à imagem da empresa.

Moderada

Lesões leves em funcionários e terceiros; Ausência de lesões extramuros.

Danos leves aos equipamentos ou instalações;

Danos devido a situações ou valores considerados toleráveis entre nível

mínimo e médio;

Impacto local à imagem da empresa.

Crítica

Lesões de gravidade moderada em pessoas intramuros; Lesões leves em

pessoas extramuros;

Dados severos a equipamentos ou instalações;

Danos devido a situações ou valores considerados toleráveis entre nível

médio e máximo;

Impacto regional à imagem da empresa.

Catastrófica

Provoca morte ou lesões graves em uma ou mais pessoas;

Danos irreparáveis a equipamentos ou instalações;

Danos devido a situações ou valores considerados acima dos níveis

máximos toleráveis;

Impacto nacional ou internacional à imagem da empresa.

Assim como frequência e severidade, os riscos também são classificados

qualitativamente. Combinando-se as categorias de frequência com as de severidade

obtém-se uma Matriz de Riscos, que fornece classificações de risco de cada cenário

identificado na análise. A Tabela 7 apresenta as categorias de riscos e a Tabela 8

apresenta um exemplo de Matriz de Risco.

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Tabela 7. Categorias de risco (Adaptado de DNV GL, 2006).

Categoria de risco Descrição do nível de controle necessário

Tolerável

Sem necessidade de medidas adicionais.

A monitoração é necessária para assegurar que os controles sejam

mantidos.

Moderado

Controles adicionais devem ser avaliados com o objetivo de

reduzir riscos. Estas modificações deverão considerar a

viabilidade econômica do projeto e a relação custo-benefício

obtida. Ou seja, os riscos serão mitigados de forma a torna-los o

menor possível.

Não Tolerável

Controles insuficientes.

Métodos alternativos devem ser considerados para reduzir a

probabilidade de ocorrência ou a severidade das consequências,

de forma a deslocar os riscos para regiões de menor magnitude.

Tabela 8. Matriz de tolerabilidade de risco (Adaptado de AIChE/CCPS, 2008).

Matriz de Risco

Frequência

Extremamente

remota Remota

Pouco

provável Possível Frequente

Sev

erid

ade

Catastrófica Moderado Moderado Não

Tolerável

Não

Tolerável

Não

Tolerável

Crítica Tolerável Moderado Moderado Não

Tolerável

Não

Tolerável

Moderada Tolerável Tolerável Moderado Moderado Moderado

Desprezível Tolerável Tolerável Tolerável Moderado Moderado

IV.4.2 Hazard and Operability Studies (HAZOP)

Outra técnica de análise qualitativa de risco é o HAZOP, em português “Estudo

de Perigos e Operabilidade”. O objetivo principal de um HAZOP é investigar de forma

metódica cada segmento de um processo, visando determinar todos os possíveis desvios

das condições normais de operação. A partir disso, identificam-se as causas

responsáveis por tais desvios e as respectivas consequências. Com isso, a metodologia

propõe medidas visando a eliminação ou controle dos riscos ou de forma corrigir o

problema de operabilidade da instalação (AIChE/CCPS, 2008).

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Esta metodologia utiliza um procedimento estruturado que gera perguntas

sistemáticas através do uso apropriado de um conjunto de palavras-guia durante a

análise. Fundamentalmente, a técnica realiza uma busca estruturada das causas de

possíveis desvios em variáveis de processo, por exemplo, temperatura, pressão, vazão

ou composição, em diferentes pontos do sistema. Esses pontos analisados são

denominados de “nós” (DNV GL, 2006).

As palavras-guia e as variáveis de processo são aplicadas a cada nó analisado,

de forma a determinar possíveis desvios nessas seções. Exemplificando: se utilizar a

palavra-guia “Mais” e combiná-la com o parâmetro de processo “Nível”, resulta-se na

possibilidade de um possível desvio de “Nível Alto” em um determinado caso (nó) (API

RP 14J, 2001).

A Tabela 9 apresenta outros exemplos da combinação de palavras-guia com

variáveis de processo na estipulação de desvios de processo.

Tabela 9. Lista de possíveis desvios de processo.

Palavras-guia Parâmetro Desvio

Nenhum + FLUXO = Nenhum fluxo

Mais + FLUXO = Mais fluxo

Reverso + FLUXO = Fluxo reverso

Menos + NÍVEL = Nível baixo

Mais + NÍVEL = Nível alto

Menos + PRESSÃO = Pressão baixa

Mais + PRESSÃO = Pressão alta

Menos + TEMPERATURA = Temperatura baixa

Mais + TEMPERATURA = Temperatura alta

Menos + VISCOSIDADE = Viscosidade baixa

Mais + VISCOSIDADE = Viscosidade alta

Após determinar os desvios, a próxima etapa do HAZOP consiste na análise das

possíveis causas e consequências. A premissa para a determinação das consequências é

que não há salvaguarda ou que todas as salvaguardas tenham falhado. Devem-se avaliar

as salvaguardas existentes no processo e, caso não sejam adequadas para garantir o nível

de risco adequado, devem ser desenvolvidas recomendações. A Figura 4 apresenta o

diagrama de fluxo da metodologia HAZOP.

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De forma análoga à APR, o registro de um HAZOP é em forma de planilha.

Suas colunas são comumente compostas pelas palavras-guia, desvios, causas,

consequências, salvaguardas e medidas de controle adicionais.

Figura 4. Diagrama de fluxo da metodologia HAZOP (Adaptado de AIChE/CCPS,

2008).

IV.4.3 Layer of Protection Analysis (LOPA)

A técnica Layer of Protection Analysis (LOPA), em português “Análise de

Camadas de Proteção”, é uma metodologia semi-quantitativa que analisa as

salvaguardas existentes em um processo para avaliar os riscos dos cenários existentes.

Essa técnica pode ser usada em qualquer ponto no ciclo de vida de um processo

ou planta, porém é mais utilizada na fase de projeto e situações que haja modificações

em um processo existente ou de sistemas de controle e segurança (SUMMERS, A. E.,

2007).

A LOPA é comumente aplicada em um conjunto com uma análise qualitativa de

riscos (APR, HAZOP, etc.) avaliando alguns dos cenários identificados. É muito

Seleção de seção do processo

(nó)

Seleção de variável de

processo

Aplicação de palavras-guia

para determinar possível

desvio

Avaliação de consequências

associadas ao respectivo

desvio

Repetir para todas as

palavras-guia, variáveis de

processo e nós

Proposição de recomendações

Avaliação de salvaguardas

existentes

Listagem de possíveis causas

do desvio

Identificação de salvaguardas

existentes

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aplicada quando se avalia que um cenário de alta complexidade em termos de

frequência, ou quando as consequências são muito severas, ou o risco intolerável. A

LOPA é uma abordagem prévia antes da execução de uma Avaliação Quantitativa de

Riscos.

Um conceito muito importante utilizado nessa técnica é o conceito de Camada

de Proteção Independente, do inglês, Independent Protection Layers (IPL). O

AIChE/CCPS (2008) define uma Camada de Proteção Independente como “um

dispositivo, equipamento, sistema ou ação que é capaz de impedir que a consequência

indesejada de um cenário ocorra, independente do evento iniciador ou da ação de

qualquer outra camada de proteção desse cenário”.

Para que uma salvaguarda seja considera uma IPL, ela deve respeitar os

seguintes critérios:

I. Deve ser eficaz na prevenção da consequência. Ou seja, basta que

apenas uma IPL atue para que o cenário seja evitado;

II. Deve ser independente do evento iniciador e da ação de qualquer outra

camada de proteção existente nesse cenário;

III. Deve ser auditável.

A eficácia de uma IPL é medida em termos da sua probabilidade de falha na

demanda (PFD), definida como a probabilidade de um sistema (neste caso a IPL) falhar

quando é demandada sua atuação. Dessa forma, quanto menor o valor do PFD, maior

será a confiança de que a IPL executará sua função corretamente (AIChE/CCPS, 2008).

O propósito primário da LOPA é determinar se as Camadas de Proteção

Independentes de um evento são suficientes, de forma a proporcionar um nível de risco

adequado.

Inicialmente, avaliam-se os cenários. A consequência é identificada por meio de

uma análise qualitativa de riscos. Após, estima-se a frequência do evento iniciador desse

cenário. A base de dados para a estimação dessa frequência pode vir de dados da

indústria, experiência da empresa ou dados de fabricantes.

A próxima etapa é a identificação das Camadas de Proteção Independentes

disponíveis e a definição da Probabilidade de Falha na Demanda de cada uma. Com

isso, é possível calcular a frequência do cenário, combinando a probabilidade de falha

na demanda das Camadas de Proteção Independentes com a frequência do evento

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iniciador. A partir disso, avalia-se o risco e, caso necessário, avaliam-se sugestões

adicionais de redução de risco.

As informações obtidas durante o processo de LOPA são documentadas em

forma de tabela. A seguir, a Tabela 10 apresenta um exemplo de tabela utilizada para o

desenvolvimento completo de um cenário (AIChE/CCPS, 2008).

Tabela 10. Exemplo de planilha de LOPA (Adaptado de AIChE/CCPS, 2008).

Cenário número 1 Cenário: Falha na água de refrigeração com reação de fuga e potencial para sobre pressão do reator,

vazamento, ruptura, ferimentos e fatalidades.

Data: ##/##/#### Descrição Probabilidade Frequência

(por ano)

Consequência Reação de fuga e potencial para sobre pressão do reator, vazamento, ruptura,

ferimentos e fatalidades.

Critério de

Tolerância de

risco

Inaceitável (Maior que)

Tolerável (Menor ou igual que)

1 x 10-4

1 x 10-6

Evento iniciador Perda de água de refrigeração 1 x 10-1

Condição/Evento

habilitador

Probabilidade que reator com reação de fuga possa acontecer durante perda de

água de refrigeração

0,5 (por

reator)

Modificadores

condicionais (se

aplicável)

Probabilidade de ignição N/A

Probabilidade de trabalhadores estarem em local afetado N/A

Probabilidade de fatalidade N/A

Outros N/A

Frequência da consequência não mitigada 5 x 10-2

Camadas de Proteção Independentes (IPL)

Alarme e ação

humana Adição de interrupção no alarme de temperatura do reator 1 x 10-1

Válvulas de alívio

de pressão (PSV) Necessárias modificações no sistema (Ver ações) 1 x 10

-2

Função

Instrumentada de

Segurança (SIF)

SIF para atuar válvulas de alívio (Ver ações para detalhes) 1 x 10-3

Salvaguardas não-

IPL's

Ação do operador. Outras ações de operadores não são independentes.

Sistema de resfriamento de emergência. Não creditado como uma IPL já que

possui muitos elementos em comum (tubulações, válvulas, etc.) que poderiam

ter iniciado a falha na água de resfrigeração.

Total da Probabilidade de Falha na Demanda para todas IPL's 1 x 10-6

Frequência da consequência mitigada 5 x 10-8

Critério de Tolerância de Risco é atendido? (SIM/NÃO): Sim com adição de SIF's

Ações necessárias

para atender ao

critério de

tolerância de risco

Adicionar SIS para todos os 3 reatores. Instalar SIF com PFD mínimo = 1 x 10-3

para atuação de válvulas de

alívio em condição de alta temperatura. Separar juntas e tubulações para cada PSV para minimizar o

bloqueio e a falha simultânea. Considerar purgas de nitrogênio sob todas as PSVs.

Grupo responsável / Pessoa / Data: Técnico da Planta / J. Doe / ## de janeiro

Observações Garantir que a resposta do operador à condição de alta temperatura atenda aos requisitos para IPL. Assegurar

que o projeto, instalação e manutenção das válvulas satisfaçam os requisitos para PFD 1 x 10-2

, no mínimo.

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IV.4.4 Análise Quantitativa de Riscos (AQR)

A Análise Quantitativa de Riscos (AQR) é comumente utilizada após análises

qualitativa de riscos, análise de vulnerabilidade e LOPA. Pedroso (2007) afirma que o

resultado principal da execução de uma análise qualitativa é a obtenção de uma

classificação de riscos, que será a entrada do processo de Análise Quantitativa.

Um dos marcos na utilização da AQR na indústria de petróleo foi em 1981,

quando foi publicado pela Norwegian Petroleum Directorate (NPD), diretrizes para a

Avaliação de projetos de plataformas, do inglês, “Guidelines for safety evaluation of

platform conceptual design”. Essas diretrizes estabeleciam que uma análise quantitativa

de riscos deveria ser realizada para todas os novos projetos de instalações offshore na

Noruega (NPD, 1981).

Outro marco no desenvolvimento da AQR na indústria foi resultado da

investigação do acidente de Piper Alpha. O relatório de Lord Cullen (1990) emitiu

recomendações da utilização da AQR e de sua implementação na legislação britânica.

A NASA (2015) define a AQR como “uma metodologia sistemática para

determinar a probabilidade de ocorrência e severidade de um evento indesejável e

avaliar o custo caso esse evento ocorra”.

Como o risco é função das consequências e frequências de eventos indesejáveis

ocorrerem, faz-se necessário estabelecer valores para as frequências de cada uma das

hipóteses acidentais. Para definição das frequências, são utilizados bancos de dados que,

assim como na LOPA, podem ser provenientes da indústria, experiência da empresa ou

dados de fabricantes.

Diferentemente da LOPA, na AQR, além da frequência, avaliam-se os cenários

de forma a mensurar suas severidades.

IV.5 Avaliação de riscos

De acordo com a ISO 31000 (2009), a etapa de avaliação de riscos tem o

objetivo de auxiliar a tomada de decisão baseada nos resultados das análises, de forma a

definir quais riscos necessitam de tratamento e priorizar recursos durante o processo de

tratamento e mitigação, ou seja, investir mais e de forma prioritária nos cenários de

risco mais elevado.

A avaliação de riscos deve comparar o nível de risco encontrado com os critérios

de risco estabelecidos quando o contexto foi considerado.

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IV.6 Tratamento de riscos

O processo de tratamento de riscos envolve a identificação das diversas opções

para a mitigação de riscos. Essas opções são avaliadas e preparadas, e a implementação

das ações ocorre por meio de planos para o tratamento (AS/NZS 4360, 2004).

Segundo a ISO 31000 (2009), as opções para o tratamento de riscos podem

incluir os seguintes aspectos:

I. Ação de evitar o risco, tomando a decisão de não iniciar ou descontinuar

a atividade que dá origem ao risco;

II. Ação de remover a fonte de risco;

III. Ação de alterar a probabilidade do risco;

IV. Ação de alterar a severidade do risco;

V. Ação de compartilhar o risco com outra parte ou partes;

VI. Ação de reter o risco, por meio de decisão técnica consciente.

De forma geral, as medidas de mitigação e tratamento de riscos devem incluir

ações para prevenir incidentes (isto é, reduzir a probabilidade de ocorrência), controlar

incidentes (isto é, limitar a extensão e a duração de um evento indesejável) e mitigar os

efeitos (isto é, reduzir as consequências) (ISO/DIS 10418, 2015).

IV.7 Comunicação e consulta

Comunicação e consulta são importantes e devem permear cada etapa do

processo de gerenciamento de riscos.

De acordo com a AS/NZS 4360 (2004), “uma comunicação interna e externa

eficaz é importante para assegurar que os responsáveis pela implementação do processo

de gerenciamento de riscos, e aqueles com interesse, entendam a base sobre a qual

decisões são tomadas e as causas das ações específicas necessárias”.

IV.8 Monitoramento e análise crítica

Monitoramento contínuo e análise crítica são essenciais no processo de

gerenciamento de riscos. A checagem e análise devem acontecer de forma regular, ou

em resposta a um evento específico.

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O monitoramento pode ocorrer por meio de verificações periódicas, com o uso

de indicadores de desempenho. A partir da análise dos indicadores, quando verificado

desempenho abaixo da meta, ou desvios em relação ao procedimento definido, a

organização deve estabelecer ações corretivas e preventivas.

A análise crítica dos resultados da implementação dos planos de tratamento de

riscos proporciona uma medida de desempenho e seus resultados devem ser registrados

e reportados externa e internamente (AS/NZS 4360, 2004).

IV.9 Considerações

Diante do exposto, uma compreensão dos perigos e dos riscos das instalações e

de suas operações é primordial para garantir a segurança. Dessa forma, os perigos e o

nível de risco associado com as operações devem ser a primeira etapa a ser considerada

no projeto e na melhoria das atividades de Gestão da Segurança de Processo.

Entretanto, a simples identificação de perigos e análise de risco não basta. É

preciso que tal estudo se transforme em melhorias reais, de forma que os riscos sejam

controlados e mitigados.

Portanto, o elemento de Identificação de Perigos e Análise de Riscos deve ser

usado em conjunto com outros elementos do RBPS para aumentar a eficácia e a

confiabilidade do Sistema de Gestão.

Como o foco é o gerenciamento da Segurança de Processo, então indicadores

específicos e relacionados ao gerenciamento de riscos de processo devem ser utilizados.

Este é o tópico do próximo capítulo, que descreverá o elemento de Métricas e

Indicadores de Segurança de Processo.

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V. Métricas e Indicadores de Segurança

A utilização de indicadores é o único modo de medir a melhoria contínua do

desempenho do processo. Neste sentido, mensurar os resultados dos elementos do

sistema de gestão é fundamental. O uso de indicadores de desempenho permite ao

Operador acompanhar a performance das práticas e aprimorar a tomada de decisão e o

gerenciamento de recursos. Este capítulo expõe o conceito de Indicadores de Segurança,

além de demonstrar suas aplicações na indústria do petróleo.

V.1 Introdução

A medição é um passo fundamental em qualquer processo de gestão e forma a

base de melhoria contínua. Se a medição não for realizada corretamente, a eficácia do

sistema de gestão de segurança de processo é prejudicada e perde-se o controle sobre os

riscos. Indicadores são utilizados em diversos ramos da indústria para a medição do

grau de satisfação de determinado processo. Medir é uma parte aceita do gerenciamento

do processo de melhoria contínua como “planejar-fazer-checar-agir” (PDCA). A

medição do desempenho deve ser parte integrada de um sistema de gestão de segurança

e saúde (HSE, 2001a).

De acordo com Mitchel (2004), “indicador” é definido como um instrumento

que possibilita a obtenção de informações sobre um dado processo, sendo caracterizado

pelo poder de sintetizar informações variadas, preservando apenas o significado

essencial dos aspectos analisados.

Bullen (1991) preconiza que “um indicador de desempenho define uma medição

de uma informação importante e útil sobre o desempenho de algo, expresso

numericamente, que é monitorada em intervalos regulares e comparada a um ou mais

critérios”.

Segundo a Organization of Economic Cooperation and Development (OECD), a

aplicação sistemática de um programa de indicadores de segurança é o caminho para a

obtenção dos seguintes resultados (OECD, 2008):

I. Redução de riscos de instalações.

II. Redução da ocorrência de acidentes e quase acidentes.

III. Redução de ferimentos e fatalidades.

IV. Redução de impactos ambientais.

V. Redução da área de impacto do acidente.

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VI. Redução do número de pessoas impactadas pelos incidentes.

VII. Extensão de iteração e colaboração de autoridades públicas e indústria,

levando à melhoria da segurança da instalação.

VIII. Melhoria da resposta a acidentes (redução do atraso e melhoria da

eficiência).

Incidentes de segurança de processo raramente são causados por uma única falha

catastrófica, mas frequentemente por múltiplos eventos ou falhas (fatores contribuintes)

que são coincidentes (API RP 754, 2016). Dessa forma, há que se implementar e

monitorar as camadas de proteção para a redução do risco da ocorrência de incidentes.

O modelo mostrado na Figura 5 explicita o conceito de camadas. Para que um

dano seja causado, várias falhas (desvios) devem ocorrer nos diferentes elementos

implementados do sistema de gestão de segurança de processo. Esta representação

visual é chamada de “queijo suíço”, sendo usada em vários relatórios de acidentes.

Cada fatia do queijo é uma camada preventiva, ou salvaguarda. Cada furo é uma

falha, muitas vezes desconhecida, dessa camada. É o alinhamento das falhas que

permite o acidente. Se apenas uma das camadas funcionam isso já basta para evitar o

acidente.

Figura 5. Diagrama do modelo do “queijo suíço” (Carvalho, 2009).

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Garcia (2013) descreve que estas falhas geralmente não são conhecidas e

estabelece que para evitar um acidente devem ser desenvolvidos e monitorados

conjuntamente indicadores proativos e indicadores reativos.

V.2 Indicadores proativos e reativos

Hopkins (1994) define indicadores proativos (Leading indicators) como sendo

aqueles capazes de medir resultados e fazer prognósticos de maneira antecipada

possibilitando interromper a evolução de um evento, reverter o processo e evitar o fato.

Já os indicadores reativos (Lagging Indicators) são aqueles capazes de medir resultados

após a ocorrência de eventos.

Os indicadores proativos devem atuar com condições, eventos e medidas que

precedam um evento indesejável e que tenham valor na predição da proximidade destes

eventos (acidentes, quase acidentes ou estados indesejáveis de segurança).

Os indicadores reativos tem a tendência de refletir a experiência do passado, os

eventos passados, e possuem relação com a adoção de medidas corretivas de controle,

de forma a evitar a recorrência de tais eventos.

Indicadores reativos precisam ser estabelecidos e utilizados em conjunto com

indicadores proativos, já que eventos acidentais em Segurança de Processo não são

frequentes (VINNEM, 2006).

De acordo com o guia “A Guide to Measuring Health & Safety Performance” do

HSE (2001a), nem todos os danos e falhas devem ser registrados como dados reativos.

Segundo o HSE, a falha de um alarme quando demandado, que permite a ocorrência ou

propagação de um acidente, é uma medida reativa. Já quando esse mesmo alarme falha

em teste de funcionalidade, essa é uma medida proativa.

V.3 Indicadores de segurança na Indústria do Petróleo

Na indústria do petróleo, a API, por meio da API RP 754 (2016), desenvolveu

uma pirâmide de hierarquização de eventos de segurança de processo. Essa pirâmide

representa dois conceitos-chave. Uma é que os eventos de segurança de processo podem

ser classificados conforme o nível de severidade, e o segundo é que ocorreram muitos

incidentes de consequências menores para cada incidente ocorrido com maiores

consequências. A Figura 6 apresenta a pirâmide hierárquica de eventos de segurança de

processo.

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Figura 6. Pirâmide de hierarquização de eventos de segurança de processo (API RP 754,

2016)

Tier 1 (T1) e Tier 2 (T2) são indicadores de performance reativos (Lagging

indicators) bem definidos, baseados no registro de incidentes de segurança de processo

que envolvem perdas de contenção, do inglês Loss of Primary Containment9 (LOPC),

que excedam níveis definidos de liberação de gás ou líquido, ou consequências graves,

como ferimentos ou incêndio.

Uma liberação de grande quantidade de gás inflamável, por exemplo, mesmo

que não resulte em fatalidades ou feridos, é um evento Tier 1. Ou seja, avalia-se o

potencial do evento, não pelo dano em si.

Por outro lado, eventos LOPC de pequena quantidade vazada (Tier 3)

proporcionam resultados preventivos quando são utilizados para a predição de grandes

acidentes.

Indicadores T3 e T4 fornecem um conceito mais amplo, com o objetivo de

encorajar os Operadores a introduzirem indicadores Leading, que representam

indicadores proativos.

O International Association of Oil&Gas Producers (IOGP) adota definições

similares à norma API RP 754 (2016). De acordo com o IOGP (2016), a seleção de

indicadores de segurança é um árduo desafio, ainda mais quando tratam-se de dados

preventivos que pretendem melhorar pró-ativamente o nível de segurança dos ativos.

9 O trecho correspondente na tradução é: Perda de Contenção Primária.

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Por meio do relatório 556, o IOGP (2016) elaborou as seguintes definições para

cada tipo de indicador, a partir das tipologias da API RP 754:

Indicadores Tier 1: Tratam-se de Eventos de Perdas de contenção

primária de produto perigoso ou inflamável de maiores consequências.

Indicadores Tier 2: Tratam-se de Eventos de Perdas de contenção

primária de produto perigoso ou inflamável de menores consequências..

Indicadores Tier 3: Tratam-se de Quase acidentes, consistindo-se de

perdas de contenção primárias menores ou falhas nos sistemas que

poderiam levar a um acidente, tais como: falha de instrumentos e baixa

espessura de tubulação.

Indicadores Tier 4: Tratam-se de Comportamentos inseguros ou

disciplina operacional insuficiente, consistindo-se de medidas para

assegurar que as barreiras de proteção e a disciplina operacional estão

sendo mantidas.

Na área de regulação, na Holanda, o National Institute for Public Health and the

Environment, desenvolveu um relatório preconizando a utilização de indicadores de

segurança de processo na mitigação e controle de grandes acidentes (RIVM, 2004). Esse

relatório estabelecia requisitos para o desenvolvimento de indicadores de desempenho

de segurança de processo por parte dos Operadores. Entre os requisitos específicos para

os indicadores, destacam-se:

I. Os Indicadores proativos devem dar sinais de preocupação quanto à

segurança futura.

II. Os Indicadores proativos devem mostrar o desempenho passado.

III. Os Indicadores devem identificar a degradação no desempenho de

segurança logo quando possível.

IV. Os Indicadores devem ser concebidos de acordo com o modo como serão

utilizados pelo regulador.

V. Deve-se considerar se os indicadores podem ser utilizados

individualmente.

VI. Devem-se alinhar os níveis de ação com a medição dos indicadores.

VII. Os Indicadores devem ser claramente definidos.

VIII. Os Indicadores não devem ser capazes de serem manipulados.

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IX. Ao longo do aprendizado oriundo do uso dos indicadores, mudanças

podem ser exigidas no conjunto de indicadores utilizados ou nos níveis

de ação associados.

X. Os Indicadores devem ser padronizados, quando possível, para facilitar

comparações entre empresas.

Selecionar indicadores de segurança de processo efetivos é um desafio, ainda

mais quando se tratam de indicadores Tier 3 e Tier 4. Por isso, o IOGP (2011)

recomenda uma abordagem de seis etapas para a seleção e revisão desses indicadores,

como mostra a Figura 7.

Figura 7. Etapas do processo de seleção e revisão de indicadores de segurança de

processo (Adaptado de IOGP, 2011).

Etapa 1

Garantir o gerenciamento e estabelecer equipe de implementação

Etapa 2

Estabelecer Indicadores Tier 1 e Tier 2 para avaliar o desempenho da empresa

Etapa 3

Garantir a integridade das salvaguardas de cenários críticos para evitar grandes

acidentes

Etapa 4

Selecionar indicadores Tier 3 e Tier 4 para monitorar salvaguardas de cenários

críticos da instalação

Etapa 5

Recolher dados e informações relevantes, analisar desempenho e tomar ações para

melhoria do sistema de gestão

Etapa 6

Revisar regularmente salvaguardas de cenários críticos, ações, desempenho e

eficácia dos indicadores

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V.4 Indicadores de Segurança de Processo Baseada em Risco

Entre as Key Organizational Findings da investigação do acidente de BP Texas

City, o CSB (2007) destacou que a confiança na baixa taxa de lesões corporais na

instalação (indicador típico de segurança ocupacional) como uma boa métrica de

segurança não forneceu uma imagem real do desempenho de segurança de processo e da

cultura de segurança.

Os indicadores de segurança ocupacional são importantes para rastrear

incidentes de baixa severidade e alta frequência, mas não são um bom indicador do

desempenho de segurança de processo (Kletz, 2003). Uma ênfase nas métricas de

segurança ocupacional pode levar as empresas a perder de vista a deterioração do

desempenho de segurança de processo (Hopkins, 2000).

Moura (2017) estabelece que a pouca utilização de indicadores proativos e o

foco nos indicadores reativos na indústria de alto risco se dá, principalmente, por causa

da pressão social após acidentes catastróficos, que dão impulso a processos abrangentes

de coleta de dados.

Neste sentido, há que se desenvolver o estabelecimento de indicadores na

indústria de petróleo. Portanto, na próxima seção serão apresentados alguns exemplos

de indicadores de Segurança de Processo Baseada em Risco que são mais difundidos e

utilizados na indústria do petróleo. Os seguintes elementos do RBPS terão indicadores

descritos:

I. Gestão de Mudanças (MOC)

II. Gestão de Emergências

III. Cultura de Segurança

IV. Identificação de Perigos e Análise de Riscos

V. Integridade Mecânica

VI. Gestão de Treinamentos

V.4.1 Exemplos de indicadores

Gestão de Mudanças (MOC)

Para a prática de gestão de mudanças, o HSE (2006) define alguns resultados

esperados em termo de segurança quando é aplicado efetivamente um sistema de gestão.

Para o caso de mudanças na planta de processo, como por exemplo, a mudança de uma

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válvula, mudança de especificação de tubulações, bombas, entre outros, devem ser

analisados os impactos da mudança.

Um resultado esperado de uma gestão de mudanças bem executada é a operação

em uma condição segura, com a execução de uma avaliação de risco adequada antes da

mudança.

Para esse exemplo, o HSE (2006) identifica alguns indicadores, citados a seguir:

i) Potenciais Indicadores reativos:

(1) Número de incidentes envolvendo perda de contenção de materiais

perigosos ou incêndio/explosão devido a falha de válvula ou mudança de

especificação de equipamentos, onde a mudança foi considerada como

um fator contribuinte.

(2) Número de vezes que o equipamento ou instalação está abaixo do padrão

desejado devido a deficiências na mudança.

ii) Potenciais Indicadores proativos:

(1) Avaliação se escopo e a definição do sistema de mudança são

especificados corretamente.

(2) Percentual de ações de mudança realizadas onde uma avaliação de risco

adequada foi realizada antes da mudança.

(3) Percentual de ações de mudança realizadas onde mudanças e resultados

foram documentados corretamente.

(4) Percentual de ações de mudança realizadas quando a autorização foi dada

antes da implementação.

(5) Percentual de ações de mudança realizadas quando verificações pós-

mudança foram realizadas.

O AIChE/CCPS, por meio de seu guia Process Safety Leading and Lagging

Metrics (2011), preconiza que um bom indicador preventivo para o elemento de Gestão

de Mudanças é o indicador da porcentagem de gerenciamentos de mudanças realizados

que satisfazem todos os aspectos do procedimento do Operador. Este indicador mede a

adequação das execuções ao procedimento, envolvendo uma auditoria periódica da

documentação de Gestão de Mudanças concluídas.

Outro indicador preventivo que deve ser incorporado ao sistema de gestão é a

porcentagem de alterações identificadas na Instalação que usaram o procedimento de

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Gestão de Mudanças antes da alteração. Este indicador tem o objetivo de medir se as

alterações que exigem uma Gestão de Mudanças estão sendo reconhecidas pela Força de

Trabalho.

Gestão de Emergências

Entre os indicadores de desempenho da Gestão de Emergências preconizados

pelo AIChE/CCPS (2010), destacam-se:

I. Número de membros da Equipe de Resposta a Emergência treinados em

cada turno: Esse indicador é fundamental para avaliar se a instalação

possui uma equipe dedicada no local ou se precisa convocar pessoas para

a instalação.

II. Percentual de equipamentos de respostas a emergências que falharam em

testes e simulados: Caso esta medição indique uma alta taxa de falhas,

isso aponta para uma necessidade de aprimoramento do sistema de

manutenção.

De acordo com o HSE (2006), o objetivo da gestão de emergências é, após a

ocorrência de um incidente grave, minimizar o seu impacto, tanto quanto possível.

Dessa forma, o HSE estabelece um potencial Indicador reativo como sendo o número de

elementos do procedimento de emergência que não funcionam com o padrão de

desempenho projetado.

Já para os indicadores proativos, o HSE preconiza a utilização dos seguintes

indicadores:

(1) Porcentagem de sistemas de shutdown e sistemas de isolamento que

funcionaram com o padrão de desempenho desejado quando testados.

(2) Porcentagem de funcionários que tomam as medidas corretas no caso de

uma emergência.

Vale ressaltar que com a automação dos sistemas de segurança, a organização

pode precisar de menos funcionários na equipe de resposta a emergência. Normas

específicas sobre o controle e mitigação de incêndios e explosões em instalações

offshore, como a ISO 13702 (2015) fornecem diretrizes sobre automações dos sistemas

de segurança, como o sistema de combate a incêndio. Entretanto, no Brasil, a norma

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ABNT NBR 14276 (2006), que é mandatória, estabelece requisitos para a brigada de

incêndio. Portanto, deve-se atentar para esse fato durante a análise de indicadores do

elemento de Gestão de Emergências.

Cultura de Segurança

Em 2010, o HSE publicou o estudo Safety culture maturity model (2010), o qual

contém propostas de como medir a cultura de Segurança de uma organização. Esse

estudo estabeleceu a execução de entrevistas e grupos de discussão entre a Força de

trabalho, incluindo especialistas em segurança, gerentes de operação e outros

funcionários.

A partir dessas entrevistas, o estudo proveu nove elementos que consistiriam em

uma maturidade da cultura de segurança de uma organização, sendo elas:

I. Comunicação

II. Produtividade versus Segurança

III. Organização da aprendizagem

IV. Recursos de segurança

V. Participação

VI. Percepções compartilhadas sobre segurança

VII. Confiança

VIII. Relações industriais e satisfação no trabalho

IX. Treinamento

Nesse sentido, por meio das entrevistas e discussões, foram respondidas

perguntas sobre cada um dos nove elementos. A partir dessas respostas, mediu-se a

maturidade da cultura de segurança da organização e da Força de Trabalho.

O estudo preconizava que as entrevistas deveriam ser realizadas periodicamente,

gerando métricas e indicadores, de forma a avaliar a evolução e melhoria contínua da

Cultura de Segurança.

Essas análises culturais também são preconizadas pelo AIChE/CCPS (2010)

como um mecanismo para medir a eficácia da cultura de segurança de processo nas

organizações da indústria do petróleo.

De acordo com o AIChE/CCPS (2010), uma pesquisa de cultura de segurança

deve ser realizada de tal forma que os resultados sejam anônimos, para que os

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participantes não sejam identificados e que não haja julgamentos negativos de forma a

não comprometer o levantamento.

Sobre a realização de uma pesquisa de cultura de segurança, o AIChE/CCPS

conclui que “a realização de uma pesquisa dessa natureza não permitirá a

comparação de resultados entre organizações, mas será benéfico na determinação de

mudanças na organização ao longo do tempo”.

Portanto, a realização periódica de uma pesquisa de cultura de segurança deve

permitir a identificação de oportunidades de melhoria do sistema de gestão.

Identificação de Perigos e Análise de Riscos

Basso et al (2004) sugerem alguns indicadores referentes ao elemento de

identificação de perigos e análise de riscos. Entre eles, destacam-se:

I. Número de incidentes ocorridos na instalação que não foram previstos

pelas análises de risco.

Essa métrica pode indicar que existem cenários não identificados pelas

análises de risco, o que indica a necessidade de revisão dos estudos.

II. Número de avaliações de riscos conduzidas na instalação.

Essa métrica é muito importante. Analisar a progressão dessa métrica com

o tempo pode indicar que os estudos de risco não estão sendo revisados,

demonstrando falha na gestão de riscos.

Esse último indicador também é citado como um potencial indicador pela API

RP 754 (2016). De acordo com a API, ele possibilita a identificação de lacunas no

planejamento de análises de risco da instalação.

A API RP 754 também cita um potencial indicador como sendo o número de

recomendações de análises de risco que se encontra encerrado e o número que se

encontra em aberto.

Segundo o AIChE/CCPS (2007), a utilização do número de análises de risco que

estão vencidas como um indicador é muito eficaz, já que um número alto pode indicar

restrição de recurso ou indicar que as obrigações não estão sendo cumpridas.

Outro indicador é o número de recomendações por estudo ou por ano. Este

número, em teoria, deve declinar com o tempo. No entanto, novas questões podem

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surgir a partir de mudanças nos processos, procedimentos e tolerâncias ao risco, por

exemplo. Um declínio nesse número pode indicar que os responsáveis pela elaboração

das análises de risco não estão sendo meticulosos o suficiente ou que as equipes estão

com os critérios de aceitação de risco muito elevados.

O IOGP (2001) apresenta alguns exemplos de indicadores de desempenho para o

elemento de identificação de perigos e análise de riscos. O número de eventos de

perda de contenção que uma falha na avaliação de riscos foi um fator causal é um dos

indicadores citados. Além desse, são expostos:

(1) Número de eventos de perda de contenção, não importando a quantidade,

que teve uma falha no processo de gerenciamento de riscos como fator

causal.

(2) Número de ocorrências de ações de correção na lógica de instrumentação

identificadas a partir de uma APR.

(3) Número de análises de risco executadas no prazo determinado.

(4) Média do número de horas gastas durante condução de análises de risco.

Integridade Mecânica

Segundo o AIChE/CCPS (2007), um dos objetivos da integridade de ativos é

descobrir e corrigir falhas ocultas, antes que elas levem a acidentes catastróficos.

Portanto, um indicador da porcentagem de tarefas de inspeção, testes e manutenções

preventivas que revelam uma falha é fundamental em uma organização. Essa métrica

pode indicar que o risco associado com falha de equipamento está aumentando

gradualmente, suscitando medidas e ações de controle.

Por outro lado, uma porcentagem muito baixa de falha, pode indicar que os

procedimentos de inspeção, teste e manutenção não estão sendo executados

corretamente pela Força de Trabalho. Portanto, uma atenção durante a análise desse

indicador é fundamental.

Outra métrica proposta pelo AIChE/CCPS (2013) remete à confiabilidade dos

equipamentos. Uma diminuição na confiabilidade, assim como o indicador anterior,

pode apontar aumento no risco.

Para o elemento de Integridade Mecânica, o HSE (2006) estipula o seguinte

indicador: número de incidentes inesperados de perda de contenção devido à falha de

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equipamentos. Esse indicador, por se tratar de uma falha que ocasiona um incidente,

refere-se, portanto, a um indicador reativo.

Como proposta de indicadores preventivos, também são citadas as porcentagens

de elementos que operam conforme especificados quando testados e porcentagens de

inspeções planejadas e executadas.

Outra proposta para Key Performance Indicators (KPI), em português

Indicadores chave de desempenho, foi realizada por Lauder (2012). Lauder defende

que, para determinar se a gestão da integridade está sendo efetiva, é necessário que

seja analisado o backlog de manutenções, inspeções e testes, ou seja, o total de

notificações de manutenção, inspeção e teste a serem executadas.

Gestão de Treinamentos

O elemento de Gestão de Treinamentos possui diversas métricas e indicadores

aplicáveis. Alguns desses indicadores encontram-se a seguir (AIChE/CCPS, 2014):

(1) Porcentagem de incidentes com as causas-raiz relacionadas ao

desempenho e treinamento da Força de Trabalho.

(2) Percentual de trabalhadores cujo treinamento está atrasado.

(3) Percentual de trabalhadores que perdem uma sessão de treinamento

programado.

(4) Variação percentual no orçamento do treinamento.

(5) Percentual de trabalhadores que acreditam que o treinamento é adequado.

Um indicador que deve ser analisado com atenção pela Organização é o de

tempo gasto no treinamento de indivíduos, turnos, departamentos e cargos. Uma métrica

alta, ao passo que pode representar um investimento da organização na capacitação da

Força de Trabalho, também pode indicar que os treinamentos estão muito longos,

tornando cansativo o aprendizado.

Para o elemento de Treinamentos, o HSE (2006) estabelece como indicador a

medição de ocorrências em que um determinado procedimento não ocorre conforme

planejado devido a erros cometidos por funcionários sem competência necessária para

tomar as ações corretas requeridas pelo procedimento.

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Além desse, o HSE (2005) também preconiza a medição do percentual da Força

de Trabalho que possui o nível de competência10

necessário para o sucesso na execução

de determinado procedimento.

Outra proposta para indicadores do elemento de gestão de treinamentos,

apontada pelo IOGP (2011), são as ocorrências de eventos de perda de contenção,

parada da planta de processo por motivos de trip ou dano a equipamentos que possuem

relação com falta de competência técnica, falta de experiência, treinamento inadequado

ou falta de habilidade na equipe.

Uma forma de medir a eficiência dos treinamentos é por meio da análise dos

acidentes ocorridos na instalação que tiveram relação com a falha operacional. Por

exemplo, se o treinamento em certo procedimento está sendo realizado adequadamente,

porém o número de incidentes gerados por falha nesse procedimento não muda, isso

indica que o treinamento não está sendo eficiente.

V.5 Considerações finais

Este capítulo apresentou os fundamentos do elemento de Métricas e Indicadores

de Segurança do RBPS. Foi demonstrado o processo de criação e manutenção de

indicadores que levam à segurança de processo, monitorando, em tempo quase real, a

eficácia do sistema de gestão.

Neste sentido, foi exposto que, embora os acidentes graves de segurança de

processos ocorram com pouca frequência, quando eles ocorrem, geralmente envolvem

falhas em diversos elementos do sistema de gestão.

Portanto, o acompanhamento do desempenho, por meio de métricas e

indicadores, permite que os problemas sejam identificados, e as medidas corretivas e

preventivas sejam tomadas antes da ocorrência de um grave acidente.

10

De acordo com o HSE, a empresa determinará o tipo de treinamento e a experiência

necessária para atingir a competência.

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VI. Conclusão

A Indústria do petróleo no Brasil é uma atividade essencial para a economia do

país. Expectativas indicam que os níveis de atividade no setor irão crescer nos próximos

anos, a partir das descobertas do pré-sal. Dessa forma, para a garantia da continuidade

das operações, preservação da vida humana e do meio ambiente, vê-se a importância da

segurança de processos.

Neste sentido, este trabalho teve como objetivo analisar o Sistema de Gestão de

Segurança de Processo Baseada em Risco (RBPS) na indústria do Petróleo, analisando

com mais detalhes: (i) a identificação de perigos e análise de riscos, que é parte

fundamental do processo de gerenciamento de riscos; e (ii) o estabelecimento de

métricas e indicadores de desempenho. Para tal, foi analisada a evolução da indústria de

petróleo (capítulo II); segurança de processos (capítulo III); gerenciamento de riscos

(capítulo IV) e métricas e indicadores de segurança de processo (capítulo V).

Desse modo, conclui-se que o estabelecimento de um Sistema de Gestão de

Segurança de Processo Baseada em Risco é essencial para as organizações. O sistema

de gestão estudado integra as lições aprendidas na indústria, aplicando os princípios de

planejar, executar, verificar e agir. A partir das investigações de acidentes catastróficos

ocorridos, foram feitas recomendações para a implantação desse sistema de gestão em

toda a indústria. Além disso, pôde-se observar que os atores da indústria (Organizações,

Agências Reguladoras e Sociedade) estão alinhados.

Entretanto, deve-se ressaltar que, infelizmente, não foi possível comparar as

diretrizes propostas com os procedimentos desenvolvidos e implementados pelos

Operadores, por se tratarem de informações confidenciais das empresas.

No Brasil, observa-se que o Regulamento Técnico do Sistema de Gestão de

Segurança Operacional (RT-SGSO) da ANP, baseado em desempenho, está adequado

às melhoras práticas da indústria em termos de segurança de processo. O regulamento

influencia o mercado a desenvolver sua competência em segurança operacional, assim

como influencia o regulador a buscar o nível de excelência.

Por fim, conclui-se que a implantação de um sistema de gestão de segurança não

é visto apenas como uma conformidade legal pela Indústria do Petróleo, mas sim uma

boa prática na busca pelo mínimo de impacto aos seres humanos, ao meio ambiente e à

sociedade.

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Além disso, a medição do desempenho para avaliar a eficácia com que os riscos

estão sendo controlados é parte essencial de um sistema de gerenciamento de segurança

de processo. Usados de forma eficaz, os indicadores de segurança de processo podem

fornecer um aviso antecipado, antes de uma falha catastrófica.

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