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jul - ago 2019 siradx - boletim nº 14 sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu desmatamento 2019 desmatamento acumulado até dezembro de 2018 bacia hidrográfica do rio Xingu corredor de diversidade socioambiental do Xingu áreas protegidas área crítica corpos d’água N S E W desmatados em julho 22.152 ha desmatados em agosto 37% de aumento em relação ao mesmo período de 2018 MUNICÍPIOS Entre julho e agosto, os municípios de Altamira e São Félix do Xingu (PA) foram os campeões de desmatamento na bacia do Xingu e na Amazônia, segundo o Sirad X e o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon. Ao todo, foram detectados 31.495 ha de floresta derrubada nesses dois municípios, 69% de todo o desmatamento na bacia. No Mato Grosso, Peixoto de Azevedo e Cláudia lideraram o ranking com 690 ha e 517 ha, respectivamente. 5000 10000 15000 20000 16.548 ha 517 ha 0 Altamira - PA São Félix do Xingu - PA Senador José Porfírio - PA Cumaru do Norte - PA Anapu - PA Itaituba - PA Medicilândia - PA Peixoto de Azevedo - MT Uruará - PA Cláudia - MT área desmatada (ha) julho agosto TERRAS INDÍGENAS Em julho e agosto o desmatamento dentro de Terras Indígenas cresceu 158% em relação ao mesmo período de 2018, e 383% em relação a maio e junho de 2019. No total, 11.186 ha de desmatamento ilegal foram detectados, sendo 3.642 ha somente na Terra Indígena Apyterewa, a TI mais desmatada da bacia do Xingu desde maio deste ano. As Terras Indígenas Cachoeira Seca, Ituna Itatá e Trincheira Bacajá também apresentaram altas taxas de desmatamento nesse período. Em todas elas, os conflitos violentos por disputa de terras têm se acirrado, colocando em risco a integridade física dos povos indígenas que ali vivem. julho agosto 3.639 ha 438 ha área desmatada (ha) Apyterewa Cachoeira Seca do Iriri Ituna / Itatá Trincheira / Bacajá Kayapó 1000 2000 3000 4000 0 15.708 ha Foram desmatados entre julho e agosto em Unidades de Conservação na bacia Nas Unidades de Conservação da bacia foram detectados 15.708 ha de desmatamento entre julho de agosto, um aumento de 196% em relação ao mesmo período do ano passado. Líder no ranking com 11.960 hectares derrubados, a APA Triunfo do Xingu mantém um intenso ritmo de desmatamento ligado a processos de especulação fundiária. No final do mês de agosto, por meio de uma articulação do governo estadual e federal, foi realizada ostensiva operação de fiscalização dentro da APA que destruiu nove acampamentos clandestinos. A Flona de Altamira também teve altos índices de desmatamento no período analisado, com 1.123 hectares de floresta destruídos apenas em agosto. Parte desse desmatamento está no entorno de áreas já ocupadas no interior da UC, na sua porção sudoeste. Além disso, foi detectado o aumento da perda de floresta em área de garimpo ilegal e a abertura de uma pista de pouso clandestina. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO julho agosto 11.960 ha 165 ha APA Triunfo do Xingu FLONA de Altamira REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo ESEC da Terra do Meio FES do Iriri área desmatada (ha) 12500 10000 7500 5000 2500 0 ÁREA CRÍTICA Entre maio e junho houve um aumento de 17.400% na taxa de desmatamento na Floresta Estadual (FES) do Iriri, passando de 1 ha para 175 ha. Ainda que em julho a área total desmatada tenha caído para 57 ha, em agosto houve novamente um aumento (106 ha), indicando a permanência de uma frente ativa de desmatamento dentro da UC. Na área existem fortes indícios de atividade de grupos ligados à grilagem de terras. Análises do registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) incidentes sobre a UC mostram 181 registros de imóveis rurais, totalizando uma área superior a 290 mil hectares, que corresponde a 67% da área total da FES. Na região sul alguns registros do CAR sobrepõem-se a outros, um indício de disputa de terras por grupos diferentes de grileiros. Do total do desmatamento detectado dentro da FES em 2019, 88% dele aconteceu dentro de imóveis irregularmente inscritos no CAR. Floresta Estadual é uma categoria de Unidades de Conservação que não permite terras privadas em seu interior. Em 2018, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade (Ideflor-bio) requereu a suspensão dos registros de CAR incidentes sobre a FES e em janeiro de 2019, a 7ª Promotoria de Justiça de Altamira reiterou esse pedido em ofício à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. Contudo, até agosto de 2019, nenhum dos cadastros incidentes sobre a FES foi suspenso. 23.233 ha Veja os polígonos de desmatamento atualizados mensalmente no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X e os alertas de desmatamento publicados mensalmente. Escreva um email para a gente no [email protected] O Boletim SIRAD X é publicado a cada dois meses na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br) Os polígonos e boletins estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX 1 Altamira 2 São Félix do Xingu 3 Senador José Porfírio 4 Cumaru do Norte 5 Anapu 6 Itaituba 7 Medicilândia 8 Peixoto de Azevedo 9 Uruará 10 Cláudia 45.385 hectares de floresta desmatados entre julho e agosto na bacia do Xingu Nos meses de julho e agosto 45.385 ha de desmatamento foram detectados na bacia do Xingu. Isso representa um aumento de 37% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse aumento é ainda maior ao se comparar os dados de desmatamento dentro das Áreas Protegidas. Somente dentro do Corredor Xingu, a supressão de vegetação nativa cresceu em 172% em relação a julho e agosto de 2018, evidenciando um aumento significativo de invasões e ataques às Terras Indígenas e Unidades de Conservação que deveriam ser de uso exclusivo de povos indígenas e comunidades tradicionais ou exclusivamente destinadas a sua proteção integral. APRESENTAÇÃO 271% RESULTADOS A área desmatada nos últimos dois meses diminuiu em comparação ao mês de junho, contudo chama a atenção o aumento do número de ocorrências detectadas neste período. De 3.304 polígonos de desmatamento registrados em maio e junho, o número passou para 5.714 em julho e agosto, um aumento de 73%. Essa tendência pode ser explicada pela redução do tamanho médio das áreas desmatadas que em junho foi de 12 ha e em agosto passou a ser apenas 7 ha. Além disso, o número de focos de de calor na bacia do Xingu entre julho e agosto de 2019 aumentou 271% em relação ao mesmo período de 2018, segundo os dados da Agência Espacial Americana (NASA). É a porcentagem de aumento de focos de calor na bacia entre julho e agosto DESMATAMENTO DETECTADO EM JULHO E AGOSTO DE 2019 NA BACIA DO XINGU POR ESTADO PA 91% MT 9% 1 TI Kuruáya 2 TI Baú 3 Flona de Altamira 4 ESEC da Terra do Meio 5 APA Triunfo do Xingu 6 PARNA do Jamaxim estradas corpos d’água bacia do rio Xingu terras indígenas UC federal UC estadual FES do Iriri cadastro ambiental rural (CAR) CAR - sobreposição desmatamento 2019 desmatamento acumulado 2018 km 0 75 150 300 2018 2019 jul jul ago ago set out nov dez jan fev mai jun mar abr 0 pol. 1.000 pol. 3.000 pol. 4.000 pol. 2.000 pol. 10.000 ha 15.000 ha 5.000 ha 20.000 ha 25.000 ha 0 ha nº de polígonos área desmatada no PA área desmatada no MT 4 3 1 7 2 8 10 9 6 5 1 2 3 4 6 5

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jul - ago2019

siradx - boletim nº 14sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu

desmatamento 2019

desmatamento acumulado até dezembro de 2018

bacia hidrográfica do rio Xingu

corredor de diversidade socioambiental do Xingu

áreas protegidas

área crítica

corpos d’água

N

S

EW

desmatados em julho

22.152 hadesmatados em agosto

↑ 37%de aumento em relação ao mesmo período de 2018

MUNICÍPIOS Entre julho e agosto, os municípios de Altamira e São Félix do Xingu (PA) foram os campeões de desmatamento na bacia do Xingu e na Amazônia, segundo o Sirad X e o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon. Ao todo, foram detectados 31.495 ha de floresta derrubada nesses dois municípios, 69% de todo o desmatamento na bacia. No Mato Grosso, Peixoto de Azevedo e Cláudia lideraram o ranking com 690 ha e 517 ha, respectivamente.

5000 10000 15000 20000

16.548 ha517 ha

0

Altamira - PA

São Félix do Xingu - PA

Senador José Porfírio - PA

Cumaru do Norte - PA

Anapu - PA

Itaituba - PA

Medicilândia - PA

Peixoto de Azevedo - MT

Uruará - PA

Cláudia - MT

área desmatada (ha) julho agosto

TERRAS INDÍGENAS

Em julho e agosto o desmatamento dentro de Terras Indígenas cresceu 158% em relação ao mesmo período de 2018, e 383% em relação a maio e junho de 2019. No total, 11.186 ha de desmatamento ilegal foram detectados,

sendo 3.642 ha somente na Terra Indígena Apyterewa, a TI mais desmatada da bacia do Xingu desde maio deste ano. As Terras Indígenas Cachoeira Seca, Ituna Itatá e Trincheira Bacajá também apresentaram

altas taxas de desmatamento nesse período. Em todas elas, os conflitos violentos por disputa de terras têm se acirrado, colocando em risco a integridade física dos povos indígenas que ali vivem.

julhoagosto

3.639 ha438 ha

área desmatada (ha)

ApyterewaCachoeira Seca do Iriri

Ituna / ItatáTrincheira / Bacajá

Kayapó

1000 2000 3000 40000

15.708 haForam desmatados entre julho e agosto em Unidades de Conservação na bacia

Nas Unidades de Conservação da bacia foram detectados 15.708 ha de desmatamento entre julho de agosto, um aumento de 196% em relação ao mesmo período do ano passado. Líder no ranking com 11.960 hectares derrubados, a APA Triunfo do Xingu mantém um intenso ritmo de desmatamento ligado a processos de especulação fundiária.

No final do mês de agosto, por meio de uma articulação do governo estadual e federal, foi realizada ostensiva operação de fiscalização dentro da APA que destruiu nove acampamentos clandestinos.

A Flona de Altamira também teve altos índices de desmatamento no período

analisado, com 1.123 hectares de floresta destruídos apenas em agosto. Parte desse desmatamento está no entorno de áreas já ocupadas no interior da UC, na sua porção sudoeste. Além disso, foi detectado o aumento da perda de floresta em área de garimpo ilegal e a abertura de uma pista de pouso clandestina.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

julho agosto

11.960 ha165 haAPA Triunfo do Xingu

FLONA de AltamiraREBIO Nascentes da Serra

do CachimboESEC da Terra do Meio

FES do Iriri

área desmatada (ha)

12500100007500500025000

ÁREA CRÍTICA

Entre maio e junho houve um aumento de 17.400% na taxa de desmatamento na Floresta Estadual (FES) do Iriri, passando de 1 ha para 175 ha. Ainda que em julho a área total desmatada tenha caído para 57 ha, em agosto houve novamente um aumento (106 ha), indicando a permanência de uma frente ativa de desmatamento dentro da UC. Na área existem fortes indícios de atividade de grupos ligados à grilagem de terras.

Análises do registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) incidentes sobre a UC mostram 181 registros de imóveis rurais, totalizando uma área superior a 290 mil hectares, que corresponde a 67% da área total da FES. Na região sul alguns registros do CAR sobrepõem-se a outros, um indício de disputa de terras por grupos diferentes de grileiros.

Do total do desmatamento detectado dentro da FES em 2019, 88% dele aconteceu dentro de imóveis irregularmente inscritos no CAR. Floresta Estadual é uma categoria de Unidades de Conservação que não permite terras privadas em seu interior.

Em 2018, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade (Ideflor-bio) requereu a suspensão dos registros de CAR incidentes sobre a FES e em janeiro de 2019, a 7ª Promotoria de Justiça de Altamira reiterou esse pedido em ofício à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. Contudo, até agosto de 2019, nenhum dos cadastros incidentes sobre a FES foi suspenso.

23.233 ha

Veja os polígonos de desmatamento atualizados mensalmente no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao

Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X e os alertas de desmatamento publicados mensalmente.

Escreva um email para a gente no [email protected]

O Boletim SIRAD X é publicado a cada dois meses na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br)

Os polígonos e boletins estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX

1 Altamira2 São Félix do Xingu3 Senador José Porfírio4 Cumaru do Norte5 Anapu6 Itaituba7 Medicilândia8 Peixoto de Azevedo9 Uruará10 Cláudia

45.385hectares de floresta desmatados entre julho e agosto na bacia do Xingu

Nos meses de julho e agosto 45.385 ha de desmatamento foram detectados na bacia do Xingu. Isso representa um aumento de 37% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse aumento é ainda maior ao se comparar os dados de desmatamento dentro das Áreas Protegidas. Somente dentro do Corredor Xingu, a supressão de vegetação nativa cresceu em 172% em relação a julho e agosto de 2018, evidenciando um aumento significativo de invasões e ataques às Terras Indígenas e Unidades de Conservação que deveriam ser de uso exclusivo de povos indígenas e comunidades tradicionais ou exclusivamente destinadas a sua proteção integral.

APRESENTAÇÃO

271%RESULTADOS A área desmatada nos últimos dois meses diminuiu em comparação ao mês de junho, contudo chama a atenção o aumento do número de ocorrências detectadas neste período. De 3.304 polígonos de desmatamento registrados em maio e junho, o número passou para 5.714 em julho e agosto, um aumento de 73%. Essa tendência pode ser

explicada pela redução do tamanho médio das áreas desmatadas que em junho foi de 12 ha e em agosto passou a ser apenas 7 ha.

Além disso, o número de focos de de calor na bacia do Xingu entre julho e agosto de 2019 aumentou 271% em relação ao mesmo período de 2018, segundo os dados da Agência Espacial Americana (NASA).

É a porcentagem de aumento de focos de calor na bacia entre julho e agosto

DESMATAMENTO DETECTADO EM JULHO E AGOSTO DE 2019 NA BACIA DO XINGU POR ESTADO

PA 91%

MT 9%

1 TI Kuruáya2 TI Baú3 Flona de Altamira4 ESEC da Terra do Meio5 APA Triunfo do Xingu6 PARNA do Jamaxim

estradas corpos d’água bacia do rio Xingu terras indígenas UC federal UC estadual FES do Iriri cadastro ambiental rural (CAR)

CAR - sobreposição desmatamento 2019 desmatamento acumulado 2018

km0 75 150 300

2018 2019

jul julago agoset out nov dez jan fev mai junmar abr

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1.000 pol.

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4.000 pol.

2.000 pol.10.000 ha

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