sÍntese, dopagem e caracterizaÇÃo da polianilina...

84
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA YONIS FORNAZIER FILHO SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA COM SAIS DE Fe (II) e Fe (III) Vitória 2009

Upload: doandieu

Post on 21-Feb-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

YONIS FORNAZIER FILHO

SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA

POLIANILINA COM SAIS DE Fe (II) e Fe (III)

Vitória 2009

Page 2: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

ii

YONIS FORNAZIER FILHO

SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA

POLIANILINA COM SAIS DE Fe (II) e Fe (III)

Vitória 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Química na área de concentração Síntese e Caracterização de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Eloi Alves da Silva Filho

Co-Orientador: Prof. Dr. Evaristo Nunes Filho

Page 3: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

iii

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Fornazier Filho, Yonis, 1971- F727s Síntese, dopagem e caracterização da polianilina com sais de

Fe (II) e Fe (III) / Yonis Fornazier Filho. – 2009. 84 f. : il. Orientador: Eloi Alves da Silva Filho. Co-Orientador: Evaristo Nunes Filho. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito

Santo, Centro de Ciências Exatas. 1. Polímeros condutores. 2. Semicondutores - Dopagem. 3.

Nitrogênio. 4. Ions de ferro. I. Silva Filho, Eloi Alves da. II. Nunes Filho, Evaristo, 1951- III. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Exatas. IV. Título.

CDU: 54

Page 4: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

iv

Page 5: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

v

Dedico esta dissertação a minha irmã Alessandra

Page 6: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

vi

AGRADECIMENTOS Aos meus pais Lecy Louzada Fornazier e Yonis Fornazier por todo investimento feito na minha educação. Ao meu orientador, Prof. Dr. Eloi Alves da Silva Filho, por toda paciência, dedicação e auxílio necessário ao desenvolvimento deste trabalho. Ao meu co-orientador Prof. Dr. Evaristo Nunes Filho pelo auxílio nas medidas de Espectroscopia Mössbauer e Resistividade e pelas explicações necessárias para o entendimento dos resultados destas técnicas e de Difratometria de Raios X. Ao Prof. Dr. Geovane Lopes de Sena e ao Prof. Dr. Fernando Gomes de Souza Júnior por aceitarem participar na comissão avaliadora desta dissertação. A FAPES/FUNCITEC pela bolsa de Mestrado, que foi de imensa importância para uma maior dedicação ao projeto.

Aos amigos do Laboratório de Físico-Química, Vadilson, Vinicius, Eric, Nickson, Antônio Carlos, Alan, Patrícia, Gabriela e Eloilson, e ao Artur “TchuTchu” do Laboratório de Química Orgânica pelo apoio e amizade durante estes anos.

A secretaria do Programa de Pós-Graduação em Química, e as secretárias Ângela e Dirce pelo apoio nas necessidades burocráticas. Aos técnicos do DQUI da UFES, Guto e Emanuel pelo apoio nas análises de FTIR.

A equipe do LPT, do LMC e do LEMAG do DFIS da UFES, especialmente ao Miguel, Cleiton “piabinha”, Jorge, Carlos Gilmar, Fabrício, Angelita, ao Prof. Dr. Alfredo Gonçalves Cunha e ao Prof. Dr. Armando Takeuchi, pelas sugestões e apoio nas análises de DSC, MEV, EDS, Resistividade e Espectroscopia Mössbauer. Ao LabPetro do DQUI da UFES e ao Renzo (“LabRenzo”) pelas análises termogravimétricas e análise elementar. Ao Professor Dr. Italo Odone Mazali do IQ-UNICAMP e ao Paulo do DFIS-UFES pelas análises de Difratometria de Raios X. A todos que direta ou indiretamente tiveram participação na conclusão deste projeto.

Page 7: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

“Porque se chamava moço Também se chamava estrada Viagem de ventania Nem lembra se olhou pra trás Ao primeiro passo, aço, aço... Porque se chamava homem Também se chamavam sonhos E sonhos não envelhecem Em meio a tantos gases lacrimogêneos Ficam calmos, calmos... E lá se vai mais um dia... E basta contar compasso E basta contar consigo Que a chama não tem pavio De tudo se faz canção e o coração Na curva de um rio, rio... E lá se vai mais um dia... E o rio de asfalto e gente Entorna pelas ladeiras Entope o meio-fio Esquina mais de um milhão quero ver então A gente, gente, gente... E lá se vai mais um dia...”

Milton Nascimento / Lô Borges / Márcio Borges “Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja

sentida”. Bob Marley “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”. Albert Einstein

vii

Page 8: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

8

RESUMO

Neste trabalho foi feita a síntese e caracterização da polianilina na forma de sal

esmeraldina (Pani-ES), utilizando-se anilina e (NH4)2S2O8 em meio ácido à temperatura

de 0°C. Obteve-se um polímero sólido, com um rendimento de 60,4% e com massa

molecular de 246,13 kg/mol, determinada pela técnica de viscosimetria. Ao polímero

sintetizado foram adicionados sais de Fe(II) e Fe(III) para estudar as mudanças nas

suas propriedades estruturais, térmicas e de condutividade. As amostras foram

estudadas pelas técnicas de análise elementar, espectroscopia no Infravermelho (FTIR),

no Ultravioleta-Visível (UV-VIS) e Mössbauer, Difração de Raios-X, MEV, EDS, Análise

Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das soluções de polianilina e

resistividade por pressão das amostras poliméricas sólidas. Os resultados, obtidos com

o uso destas técnicas experimentais mostraram que os íons Fe(II) interagiram com os

nitrogênios benzenóides. Os dados de Mössbauer e resistividade comprovaram essas

observações, sugerido que ocorre a formação de um complexo Pani-Fe(II). Por outro

lado, os íons Fe(III) adicionados a Polianilina não mostraram interação significativa com

a cadeia polimérica. Portanto, foi observado que é possível a interação de íons Fe(II) e

Fe(III) com a polianilina na forma sal esmeraldina, sendo mantida suas propriedades

condutoras.

viii

Page 9: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

9

ABSTRACT In present work, the synthesis and characterization of polyaniline has been done.

The Polyaniline was prepared using aniline and (NH4)2S2O8 in acid medium at 0°C. A

polymer solid was obtained yield was equal 60.4% and with molecular weight of 246.13

kg/mol, determined by the technique of viscosity. The synthesized polymer was added

salts of Fe (II) and Fe (III), to study the changes in their structural properties, thermals

and the conductivity. The samples were studied by techniques of elemental analysis,

infrared spectroscopy (FTIR) in the Ultraviolet-Visible (UV-VIS) and Mössbauer, X-ray

diffraction, SEM, EDS, Thermal Analysis (TG and DSC), and measures to of solutions of

polyaniline conductivity and resistivity under pressure of solid polymer samples. The

experimental results using these techniques showed that the ions Fe (II) interact with the

benzenoids nitrogen supported by data from Mössbauer and resistivity, and thus can be

suggested is that the formation of a complex Pani-Fe (II). Furthermore, the ions Fe (III)

added to Polyaniline showed no significant interaction with the polymer chain. Therefore,

it was observed that it is possible the interaction of ions Fe (II) and Fe (III) with

polyaniline as esmeraldine salt, and kept its conductive properties.

ix

Page 10: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

10

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BC Bhf

Banda ou faixa de condução Campo magnético hiperfino

BV Banda ou faixa de valência Cp d

Concentração de polímero Densidade

DFIS Departamento de Física DQUI Departamento de Química DOC Document – Extensão de arquivo de processamento DMF N,N Dimetil Formamida DRX Difração de Raios X DSC Differential Scanning Calorimetry (Calorimetria Diferencial de Varredura) DTA Differential Thermal Analysis (Análise Térmica Diferencial) DTG Análise Termogravimétrica Derivativa EDS Energy Dispersive Scanning (Espectroscopia de Energia Dispersiva)

EM Espectroscopia Mössbauer FTIR Fourier Transform Infra Red (Espectroscopia vibracional de absorção no

infravermelho por transformada de Fourier) GIF Graphics Interchange Format (Formato de Intercâmbio Gráfico) Graf. Gráfico HTML Hypertext Markup Language (Linguagem de Marcação de Hipertexto) HTTP

I Hypertext Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Hipertexto)

Corrente elétrica IQ Instituto de Química IR Infrared (Infravermelho) L LabPetro LE LEMAG LMC LPT

Distância ou espessura Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para Análises de Petróleo Leucoesmeraldina Laboratório de Eletromagnetismo e Espectroscopia Mössbauer Laboratório de Materiais Carbonosos Laboratório de Plasma Térmico

IS ou δ Isomer Shift (Deslocamento Isomérico) m Massa M Massa molar MEV Microscopia Eletrônica de Varredura MPs Materiais Poliméricos MS-DOS Microsoft Disk Operating System n Índice de refração

Nn ou GP Grau de polimerização

NMP 1-metil-2-pirrolidona P Pressão Pani Polianilina Pani-EB Base Esmeraldina Pani-ES Sal esmeraldina Pani-Fe(II) Sal esmeraldina dopada com ferro (II) Pani-Fe(III) PC

Sal esmeraldina dopada com ferro (III)

Personal Computer (Computador Pessoal)

x

Page 11: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

11

PN PDB

QS ou ΔEQ R

Pernigranilina Picos de Difração de Bragg Electric Quadrupole Splitting (Interação Elétrica Quadrupolar) Resistência Elétrica

t Tempo tM Tempo médio T Temperatura Tg Glass transition temperature (Temperatura de transição vítrea) Tm Temperatura de fusão TG Termogravimetria UFES Universidade Federal do Espírito Santo UNICAMP Universidade Estadual de Campinas URL Uniform Resource Location UV Ultravioleta UV-VIS Espectroscopia Ultravioleta-Vísivel X Grau de cristalização www World Wide Web ΔEq ou QS Electric Quadrupole Splitting (Interação Elétrica Quadrupolar)

σ Condutividade

ρ Resitividade Elétrica [η] Viscosidade Intrínseca

sp Viscosidade Especifica

η rel Viscosidade Relativa

η inh

Viscosidade Inerente

xi

Page 12: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

12

LISTA DE UNIDADES

Å Angstrom atm

A c

Atmosferas

Ampère Coulomb

cm Centímetro (10-2 m) cm2

cP Centímetro quadrado

Centipoise °C Grau Celsius eV Elétron volt g Grama h hora Hz Hertz in Polegadas (0,0254 m) K

kg Kelvin Kilogramas

keV Quilo elétron-volt kHz Quilohertz kPa Quilo pascal kV

kΩ Quilo volt

Quilo ohm m metro m2

Metro quadrado mbar Milibar meV Milielétronvolt mL Mililitro Mm

MPa Milímetro (10-3 m) MegaPascal

nm Nanômetro (10-9 m) N.m-2

P Newton por metro quadrado Poise

Pa Pascal ppm Partes por milhão psi

S Pounds per square (Libra-força por polegada)

Siemens s

ton V

segundo

Tonelada Volts

μL Microlitro μm Micrômetro (10-6 m) μs

μS Microsegundo

microsiemens μN Micro-Newton

Ω Ohm

xii

Page 13: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

13

LISTA DE FIGURAS

Número

Descrição Página

Figura 1 Condutividade elétrica de diversos materiais 21

Figura 2 Esquema das bandas BV e BC no polímero condutor 24

Figura 3 Representação de “sólitons” em uma molécula de trans-poliacetileno.

25

Figura 4

Modelo esquemático para um pôlaron e bipôlaron para a polianilina

26

Figura 5 Estados de oxidação da polianilina 27

Figura 6 Formas Amina (Benzenóide) e Imina (Quinóide) da Pani 28

Figura 7 Mecanismo de condução polarônica da polianilina 29

Figura 8 Mecanismo proposto para a polimerização da polianilina 31

Figura 9 Variação do rendimento da reação e da condutividade em função do valor de K

33

Figura 10 Interações hiperfinas para o núcleo do átomo de 57Fe onde podem ser vistos os diagramas de energia

38

Figura 11 Relação entre o deslocamento isomérico e a interação elétrica qu quadrupolar e os estados de oxidação do ferro

40

Figura 12 Desdobramento dos níveis energético em campo octaédrico 42

Figura 13 Esquema do modelo de alto e baixo spin para o átomo de Fe neutro

43

Figura 14 Esquema simplificado da síntese e dopagem da polianilina 47

Figura 15 Cilindro de acrílico utilizado para medidas das resistências DC das amostras sintetizadas

51

Figura 16 Material utilizado para medidas das resistências DC das amostras sintetizadas

52

Figura 17 Espectros Material utilizado para medidas de resistências DC das amostras sintetizadas

53

xiii

Page 14: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

14

Figura 18 Esquema do espectrômetro Mössbauer 54

Figura 19 Gráfico da viscosidade específica (cP) em função da concentração da solução de Pani (g/L), usado no cálculo da massa molar da Pani.

56

Figura 20 Espectros FTIR das amostras a) Pani-ES b) Pani-Fe(II) c) Pani-Fe (III) d) Pani-EB.

58

Figura 21 Curvas da análise termogravimétrica para as amostras (a) Pani-ES (b) Pani-Fe(III) (c) Pani-Fe(II).

61

Figura 22

Termogramas do DSC para as amostras de Pani-ES, Pani-Fe (II) e Pani-Fe (III)

63

Figura 23

Espectros UV-VIS das amostras de Pani em solução de NMP 65

Figura 24

Micrografias das amostras de polianilina: Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II).

66

Figura 25

DRX das amostras Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II) 68

Figura 26

Espectro Mössbauer da Pani-Fe (II) à temperatura ambiente 71

Figura 27

Espectro Mössbauer da Pani-Fe(III) à temperatura ambiente 72

Figura 28

Condutividade das amostras de Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II).

74

Figura 29

Estrutura sugerida para Pani-Fe(III) 76

Figura 30

Estrutura sugerida para Pani-Fe(II) 77

xiv

Page 15: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

15

LISTA DE TABELAS

Número

Descrição Página

Tabela 1 Estrutura de alguns polímeros condutores 22

Tabela 2 Equações e definições relativas à medida da viscosidade 36

Tabela 3 Dados das soluções de Pani para medidas da viscosidade a

temperatura de 25°C em NMP

55

Tabela 4 Percentagens medidas e da literatura para análise elementar das

amostras 57

Tabela 5 Algumas bandas de absorção na região do infravermelho para as amostras

60

Tabela 6

EDS das amostras de Pani

67

Tabela 7 Parâmetros hiperfinos para a amostra Pani-Fe(II)

71

Tabela 8

Parâmetros hiperfinos para a amostra Pani-Fe(III) 72

xv

Page 16: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

16

Sumário Dedicatória ......................................................................................................................... v Agradecimentos ................................................................................................................ vi Epígrafe............................................................................................................................... vii Resumo .............................................................................................................................. viii Abstract............................................................................................................................... ix Lista de Siglas e Abreviaturas.......................................................................................... x Lista de Unidades.............................................................................................................. xii Lista de Figuras.................................................................................................................. xiii Lista de Tabelas................................................................................................................. xv

1.1 Introdução .................................................................................................................. 18 1.2 Objetivos..................................................................................................................... 19 1.3 Divisão da Dissertação.............................................................................................. 19

2.1 Polímeros Condutores............................................................................................... 20 2.2 Modelos que Explicam a Condutividade dos Polímeros........................................ 23

2.2.1 Modelo das Bandas e Propriedades de Condução................................................... 23 2.3 Polianilina................................................................................................................... 26 2.4 Síntese da Polianilina................................................................................................ 30 2.5 Métodos de Dopagem da Polianilina....................................................................... 34

3.1 Técnicas de Caracterização de Polímeros............................................................. 35 3.2 Viscosimetria............................................................................................................. 36 3.3 Espectroscopia Mössbauer..................................................................................... 36 3.3.1 Interações Hiperfinas............................................................................................... 37

3.3.1.1 Deslocamento Isomérico (δ)................................................................................. 38 3.3.1.2 Interação Elétrica Quadrupolar (ΔEQ)................................................................... 38 3.3.1.3 Interação Magnética............................................................................................. 39 3.1.4 Relação Entre o Deslocamento Isomérico e a Interação Elétrica Quadrupolar...... 39 3.4 Resistividade, Resistência e Lei de Ohm............................................................... 43

Capítulo 1 Introdução

Capítulo 2 Revisão Bibliográfica

Capítulo 3 Caracterização de Polímeros

xvi

Page 17: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

17

5.1 Síntese e Caracterização da Pani-ES e Pani-EB....................................................... 55 5.2 Análise Elementar........................................................................................................ 47 5.3 Espectroscopia no Infravermelho.............................................................................. 58 5.4 Análise Térmica............................................................................................................ 61 5.4.1 Termogravimetria (TG)................................................................................................ 61

5.4.2 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC).............................................................. 63 5.5 Espectroscopia no UV-VIS.......................................................................................... 64 5.6 MEV e EDS.................................................................................................................... 66 5.7 Difratometria de Raios-X............................................................................................. 68 5.8 Espectroscopia Mössbauer........................................................................................ 70 5.9 Resistividade e Condutividade das Amostras Sólidas............................................ 73

Capítulo 4 Experimental

4.1 Síntese Química da Pani-ES.......................................................................................... 46 4.2 Dopagem da Pani com íons Fe(II) e Fe(III)................................................................... 46 4.3 Análise Elementar.......................................................................................................... 47 4.4 Espectroscopia no UV-VIS............................................................................................ 48 4.5 Espectroscopia no Infravermelho................................................................................ 48 4.6 Determinação da Massa Molecular pelo Método da Viscosimetria.......................... 48 4.7 Análise Térmica.............................................................................................................. 49 4.7.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)................................................................ 49 4.7.2 Análise Termogravimétrica (TG)................................................................................... 49 4.8 Difratometria de Raios-X (DRX).................................................................................... 49 4.9 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS)..................................................................................................................

50

4.10 Medidas das Resistências DC nos Materiais Sintetizados...................................... 50 4.11 Espectroscopia Mössbauer......................................................................................... 53

Capítulo 5 Resultados e Discussão

Capítulo 6 Conclusões e Sugestões Para Trabalhos Futuros

6.1 Conclusões................................................................................................................... 78 6.2 Sugestões Para Trabalhos Futuros........................................................................... 79 Referências Bibliográficas................................................................................................ 80

xvii

Page 18: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

18

Capítulo 1 Introdução

1.1 Introdução

O desenvolvimento da tecnologia de síntese e caracterização dos polímeros é um

dos assuntos científicos e tecnológicos mais importantes dos últimos anos. Isto foi

observado a partir da Segunda Guerra Mundial, onde ocorreu uma grande

popularização do uso de polímeros pela sociedade. A partir daí, surgiram diversos

grupos de pesquisas em todo o mundo que buscavam solucionar questões importantes

sobre a estrutura, composição e durabilidade desses novos materiais. As aplicações de

materiais políméricos para o dia-a-dia são imensas, podendo ser utilizados para

fabricação de plásticos, eletrodos, materiais de revestimento, anti-corrosivos para tintas,

dispositivos eletrocrômicos, células solares, músculos artificiais, entre outras (FAEZ et

al., 2000). Portanto, o desenvolvimento dos processos de síntese, caracterização e

mudanças das propriedades físicas e químicas de polímeros é de grande importância

não somente acadêmica, mas também tecnológica e industrial.

A Polianilina (Pani) estudada neste trabalho é fundamental para o entendimento

de alguns aspectos ligados às propriedades dos polímeros, relacionados com o estudo

da síntese e dopagem deste material. Este é o polímero condutor mais estudado por

diversos autores, pois é de fácil obtenção, baixo custo e não exige sofisticação na

aparelhagem para a sua síntese.

Page 19: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

19

1.2 Objetivos:

O Objetivo geral deste trabalho é fazer a síntese química e caracterização da

polianilina na forma sal esmeraldina (Pani-ES).

O Objetivo geral deste trabalho é fazer a síntese química e caracterização da

polianilina na forma sal esmeraldina (Pani-ES).

Como objetivos específicos:

Estudar a dopagem da Pani-ES com sais de Fe (II) e Fe (III) utilizando as técnicas

experimentais de espectroscopia no infravermelho, UV-VIS, Mössbauer e medidas de

resistividade sob efeito da pressão.

Determinar as diferenças na curva termogravimétrica e no valor da temperatura de

transição vítrea quando a Pani-ES é dopada com ácido clorídrico e com sais de Fe (II) e

Fe (III).

Estudar a morfologia da Pani dopada pelas técnicas de Difratometria de Raios X

e MEV.

1.3 Divisão da dissertação

Esta dissertação foi escrita em cinco capítulos: No Capítulo 1 é feita uma

introdução sobre polímeros condutores, síntese e métodos de dopagem e aplicações.

No Capítulo 2 é feito uma revisão bibliográfica sobre polímeros

condutores.Seções especificas do Capitulo 2 descrevem a Polianilina (Pani),

detalhando suas propriedades físicas e químicas, usos na indústria, em pesquisas e

principais rotas sintéticas para sua obtenção .

No Capítulo 3 é feito uma descrição sobre as técnicas de análise mais

importantes empregadas para caracterização dos polímeros. Será apresentada apenas

uma breve introdução sobre viscosimetria, resistividade e Espectroscopia Mössbauer.

Os materiais e métodos utilizados nesta dissertação estão descritos no Capitulo 4,

incluindo os procedimentos experimentais utilizados para obtenção das amostras e

métodos de caracterização. No Capitulo 5 são apresentados os resultados

experimentais e discussão. Finalmente no Capítulo 6 são apresentadas as conclusões,

e sugestões para futuras pesquisas.

Page 20: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

20

Capítulo 2 Revisão Bibliográfica

2.1 Polímeros Condutores

Com o desenvolvimento tecnológico, se tornou bastante comum a utilização de

polímeros no cotidiano. Primeiramente, na indústria elétrica, estes materiais foram

utilizados como isolantes. Sua aceitação foi imensa por serem materiais leves, baratos e

altamente isolantes no que diz respeito à corrente elétrica (ZOPPI e DE PAOLI, 1993). E

mais recentemente, houve um grande avanço na utilização destes materiais em baterias

recarregáveis, diodos, dispositivos eletrocrômicos, sensores químicos e térmicos, etc.

(MATTOSO, 1996).

Inicialmente, a idéia de associar as propriedades condutoras dos metais às

propriedades mecânicas dos materiais poliméricos ocorreu por volta da década de 50.

Incorporando-se cargas condutoras tais como negro de fumo a estes materiais,

produziam-se os chamados “polímeros condutores extrínsecos”, pois as cargas

condutoras são adicionadas. Somente em meados da década de 70, obtiveram-se

materiais poliméricos que conduzem corrente elétrica sem a incorporação de cargas

condutoras. A descoberta dos polímeros condutores ocorreu acidentalmente no

laboratório de Shirakawa, no Instituto de Tecnologia de Tóquio. Na tentativa de sintetizar

poliacetileno (um pó preto), um aluno de Shirakawa produziu um filme prateado,

bastante parecido com uma folha de alumínio. Repetindo a experiência, foi observado

que havia sido utilizada uma quantidade de catalisador (I2) 1000 vezes maior que a

necessária (FAEZ et al., 2000).

Em 1977, Shirakawa trabalhando em colaboração com Heeger e MacDiarmid na

Universidade da Pensilvânia, observou que com a dopagem de poliacetileno com iodo, o

filme prateado tornou-se uma folha metálica dourada, e que a condutividade aumentava

sensivelmente. Na década de 80, Naarmann e Theophilou, utilizaram um novo

catalisador e aumentaram mais ainda a condutividade de poliacetileno, chegando

próximo a condutividade do cobre metálico à temperatura ambiente, cerca de 106 S/cm

Page 21: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

21

(FAEZ et al., 2000). A partir daí, mostrou-se que é perfeitamente possível um material

orgânico ter propriedades condutoras, e diversos grupos de pesquisa passaram a

investigar outros tipos de polímeros. Então eles passaram a ser chamados de “metais

sintéticos”, pois possuem propriedades elétricas, ópticas e magnéticas de metais e

semicondutores. A Figura 1 mostra as propriedades elétricas de diversos materiais.

Figura 1. Condutividade elétrica de diversos materiais (VETENSKAPSADEMIEN, 2000)

O termo “polímeros conjugados” também é muito comum para polímeros

condutores porque são formados com ligações C=C conjugadas. Esta alternância das

ligações π é que permite que seja criado um fluxo de elétrons em condições específicas

(FAEZ et al., 2000). A Tabela 1 mostra a estrutura dos principais polímeros condutores e

suas condutividades médias.

Page 22: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

22

Tabela 1. Estrutura de alguns polímeros condutores (FAEZ et al., 2000)

Polímero Condutor

Condutividade (S/cm)

Poliacetileno

103 a 106

Polianilina

10 a 103

Polipirrol

600

Politiofeno

200

Poli(p-fenileno)

500

Poli(p-fenileno vinileno)

1

Page 23: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

23

Na Tabela 1, os exemplos mostram que as estruturas moleculares dos

polímeros condutores apresentam deslocalizações eletrônicas ao longo de toda cadeia,

evidenciando a característica condutora destes polímeros como pode ser observado

pela alta condutividade, principalmente a polianilina que foi usada nesta pesquisa.

Os elétrons π da dupla ligação podem ser removidos com bastante facilidade.

Suas remoções podem formar íons poliméricos. Da mesma forma, pode ocorrer a

adição de elétrons. A oxidação ou redução da cadeia polimérica ocorre com adição de

agentes aceptores ou doadores de elétrons, transformando o polímero de isolante em

condutor ou semicondutor. Estes doadores ou receptores de elétrons são chamados de

“dopantes”. Adicionando estes agentes dopantes, ocorre a transferência de cargas e a

formação do íon gerando um fluxo de elétrons. Isto ocorre da mesma maneira que nos

semicondutores inorgânicos. A partir destas descobertas, modelos apareceram para

explicar a condutividade dos polímeros (FAEZ, et al., 2000).

2.2 Modelos que explicam a condutividade dos polímeros

2.2.1 Modelo das Bandas e Propriedades de Condução

As propriedades da condutividade dos polímeros foram inicialmente explicadas

pelo “modelo das bandas”, semelhante aos semicondutores inorgânicos. Desta forma,

tanto no cristal como no polímero, a interação da cela unitária com todos os seus

vizinhos leva à formação de bandas eletrônicas (ZOPPI e DE PAOLI, 1993; PRATT,

1996; FAEZ et al., 2000).

Segundo este modelo os elétrons podem ocupar dois níveis eletrônicos: Os níveis

eletrônicos ocupados de mais alta energia formam a “Banda ou Faixa de Valência” (BV)

e os níveis eletrônicos vazios de menor energia formam a “Banda ou Faixa de

Condução” (BC). Entre as bandas BV e BC há uma faixa de separação de energia,

proibida chamada de “band-gap” (também chamada de “hiato”), cuja largura determina

as propriedades elétricas intrínsecas do material, como e esquematizado na Figura 2.

Page 24: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

24

Figura 2. Esquema das bandas BV e BC no polímero condutor.

Um outro modelo, que é muito importante para estudar as propriedades de

condutividade do polímero é no caso de haver a remoção de elétrons.

Este modelo foi originado a partir dos trabalhos dos pesquisadores Su, Schrieffer

e Heeger, denominado de “modelo SSH” (BREDAS e STREET, 1985; ZOPPI e DE

PAOLI, 1993) e propõem a existência de defeitos estruturais na cadeia originados

durante a polimerização, com formação de radicais no estado não dopado. O defeito

deslocalizado é exemplificado para o trans-poliacetileno, chamado de “sóliton neutro”

(Figura 3) e leva ao aparecimento de um nível eletrônico semipreenchido (1 elétron) no

meio do “band-gap”, como é representado na Figura 3.

Page 25: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

25

Figura 3. Representação de “sólitons” em uma molécula de trans-poliacetileno: sóliton negativo , sóliton neutro e sóliton positivo (NOGUEIRA, 2008).

Um átomo doador (sódio, por exemplo: Figura 3) pode adicionar um elétron ao

trans-poliacetileno (redução) e um grupo receptor (I2, por exemplo: Figura 3) pode

remover um elétron de um sóliton neutro (oxidação), formando sólitons carregados com

spin zero.

Após a dopagem o sóliton se torna carregado positiva ou negativamente e o

sistema passa a apresentar portadores de carga livres, que então respondem ao campo

elétrico. Alguns polímeros condutores como o polipirrol, politiofeno e polianilina não

apresentam sólitons livres, pois o estado fundamental não é degenerado. Neste caso, é

necessário analisar a existência da dopagem tipo “p”, remoção inicial de um elétron da

Page 26: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

26

cadeia que leva à formação de um estado eletrônico denominado “polaron”, ao qual está

associada uma distorção da cadeia, da forma aromática para a quinóide.

Quando um segundo elétron é retirado de um polímero já oxidado, podem ocorrer

duas situações: o elétron pode ser retirado de segmentos diferentes da cadeia, criando

outro “polaron”, ou o elétron pode ser retirado de um “polaron” já existente, formando um

dicátion radical, que é chamado de “bipolaron”.

A energia necessária para a criação de um “bipolaron” é exatamente igual à

energia necessária para a formação de dois “polarons” independentes. Entretanto, a

formação de um “bipolaron” leva a uma diminuição da energia de ionização do polímero,

motivo pelo qual um “bipolaron” é termodinamicamente mais estável que dois “polarons”.

Um polaron, assim como um bipolaron podem se mover pela cadeia polimérica por um

rearranjo das ligações duplas e simples que pode ocorrer em um sistema conjugado,

quando expostos a um campo elétrico (DE CASTRO, 2004), como é observado para o

polímero Polianilina que foi utitlizado neste trabalho, representado na Figura 4.

Figura 4. Modelo esquemático para um polaron e bipolaron para a polianilina (adaptado de MIQUELINO, 1991).

2.3 Polianilina

A polianilina é um dos polímeros condutores mais estudados, pois possui grande

estabilidade em condições ambientais, facilidade de polimerização e dopagem e

facilidade de caracterização (MATTOSO, 1996). Também possui uma característica

peculiar em relação aos outros polímeros: ela pode ser dopada por protonação, isto é,

sem que ocorra alteração do número de elétrons (oxidação/redução) associados à

cadeia polimérica (MATTOSO, 1996; KANG, NEOH e TAN, 1998; ZOPPEI, 1999, FAEZ

et al., 2000; DE CASTRO, 2004). Caracterizada pelo arranjo de unidades repetitivas,

Page 27: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

27

as quais contêm quatro anéis separados por átomos de nitrogênio, a polianilina

apresenta diversos estados de oxidação possíveis, entre os quais os três mais

importantes são: leucoesmeraldina (amarela), esmeraldina (a base é azul e o sal é

verde) e pernigranilina (púrpura), conforme ilustrado na Figura 5.

Figura 5. Estados de oxidação da polianilina (DE CASTRO, 2004)

A base esmeraldina, que é a forma não oxidada da polianilina, é isolante. Quando

reage com ácido, ela é convertida para sal esmeraldina, que é a forma condutora.

A reação de protonação ocorre preferencialmente nos nitrogênios imínicos (─N═).

Analisando com mais rigor a estrutura da polianilina, tem a fórmula geral

[─B─NH─B─NH─)y(─B─N═Q═N─)1-y]x (KANG, NEOH e TAN, 1998; ZUEV, 2008), onde

B e Q reapresentam as formas benzenóide (aromática ou amina) e quinóide (ou imina)

respectivamente, como representado na Figura 6.

Page 28: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

28

Figura 6. Formas Amina (Benzenóide) e Imina (Quinóide) da Pani.

A forma quinóide apresenta a fórmula geral com grupos ( ─ N ═ ) e a forma

benzenóide ( ─ NH ─ ). Quando a polianilina está no estado de oxidação

“pernigranilina”, PN, o valor de y é igual a 0. Para a forma “leucoesmeraldina”, LE, y=1 e

para a forma “esmeraldina”, ES, y=0,5 (Kang, Neoh e Tan, 1998). O sal esmeraldina

(Pani-ES) é a forma da polianilina que apresenta os maiores valores de condutividade

(10 a 103 S/cm) podendo apresentar até o caráter metálico. A leucoesmeraldina e a

pernigranilina também podem ser protonadas, mas não formam espécies condutoras

(DE CASTRO, 2004). A polianilina dopada é formada por cátions radicais, chamados de

poli(semiquinona), que originam uma banda de condução polaronica. A Figura 7 mostra

o mecanismo de condução via polaron na polianilina.

Os íons H+ em solução interagem com um átomo de nitrogênio, retirando 1

elétron, e formando uma carga positiva e um nitrogênio quinóide. Por ressonância, o

elétron restante, localizado na dupla ligação irá migrar pelo anel benzênico, atraindo um

elétron de outro nitrogênio da cadeia polimérica (Figura 7). Isto leva a uma transferência

de cargas que ocorre através das duplas ligações da cadeia polimérica da Pani.

Page 29: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

29

Figura 7. Mecanismo de condução polaronica da polianilina (DE CASTRO, 2004)

Quanto às propriedades Físico-Químicas da polianilina, pode-se afirmar que são

fortemente influenciadas pelo tipo de dopante, seja orgânico, inorgânico ou poliácido.

Izumi et al. (2006) concluiu que a dopagem pode não somente aumentar a

condutividade, mas também modificar sua solubilidade com diversos solventes, e a

estrutura cristalina e suas propriedades mecânicas. Além da dopagem com ácidos, têm

sido muito comum à dopagem da polianilina com diversos metais, tais como ferro,

cobalto, gálio, estanho e alumínio (IZUMI et al., 2006). Polianilina (Pani) pode ser

considerada não somente como uma base de Brönsted, mas também como uma base

de Lewis e pode ser dopada com ácidos de Lewis. Portanto, a Pani, quando dopada

com metais de transição, doa elétrons para o grupo metálico. Isto pode acontecer tanto

nos grupos iminas ou aminas na estrutura da polianilina (GOSK, KULSZEWICZ-BAJER

e TWARDOWSKI, 2006).

Page 30: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

30

2.4 Síntese da Polianilina

A polianilina (Pani) foi um dos primeiros polímeros condutores sintetizados

como descrito por Huang, Humphrey, e MacDiarmid (1986). Pode ser sintetizada na

forma de pó, utilizando-se um oxidante químico apropriado, ou na forma de filmes, que

ocorre pela oxidação eletroquímica do monômero (anilina), sobre eletrodos de materiais

inertes (MATTOSO, 1996).

A síntese da Pani é bastante simples e produz um resultado satisfatório para um

monômero de baixo custo. A síntese química convencional tem a grande vantagem de

produzir um polímero de alto peso molecular e de elevada pureza, que pode ser obtido

diretamente no estado dopado, na forma de um pó verde, conhecido como sal

esmeraldina ou Pani-ES. A síntese eletroquímica possui algumas vantagens sobre a

síntese química convencional, pois não necessita de agente oxidante e catalisador, é de

fácil caracterização por técnicas espectroscópicas e é obtido diretamente na forma de

filmes. Porém, no estudo das propriedades físicas e aplicações tecnológicas, a síntese

química convencional tem sido a mais utilizada (MATTOSO, 1996).

A síntese química convencional da Pani foi descrita de uma forma revisada por

Mattoso (1996), Devendrapa, Rao e Power (2006) e Brozová et al., (2008). Neste caso,

é feita utilizando-se uma variedade de agentes oxidantes ((NH4)2S2O8, MnO2, H2O2,

K2Cr2O7, KClO3) e diferentes ácidos (HCl, H2SO4, H3PO4, HClO4, HPF6, poliácidos como

poli(vinilssulfônico) e poli(estirenossulfônico), ácidos funcionalizados como

canforssulfônico e dodecilbenzenossulfônico, sendo o sistema mais utilizado o

persulfato de amônio em solução aquosa de HCl (pH entre 0 e 2).

Na síntese, a razão molar oxidante/monômero varia, em geral, entre 2 a 1,onde o

agente oxidante é adicionado ao meio reacional, levando à formação de um cátion

radical. Alguns parâmetros afetam o curso da reação de polimerização. Entre estes,

pode-se destacar a relação molar monômero/oxidante, o tempo de reação, a

temperatura do meio reacional e o tipo de dopante (DE CASTRO, 2004).

Mattoso (1996) descreve que foi obtida uma polianilina analiticamente pura

(>99%), utilizando-se anilina em excesso, com uma razão molar de agente oxidante por

monômero igual a 0,25.

Page 31: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

31

Quando a Pani-ES reage com solução aquosa de hidróxido de amônio, ocorre a

produção de um pó azul, chamado base esmeraldina (Pani-EB). Este método de síntese

permite a obtenção de um polímero não substituído, completamente solúvel em

solventes orgânicos. Com isto, tornou-se possível o processamento da Pani na forma de

filmes e fibras por solução (MATTOSO, 1996).

Devido a grande variedade de métodos utilizados para a síntese química da Pani a

natureza e propriedades dos produtos podem diferir drasticamente. Vários mecanismos

têm sido propostos (DE CASTRO, 2004). Como a polimerização da Pani é oxidativa, o

mecanismo mais aceito está esquematizado na Figura 8.

Figura 8. Mecanismo proposto para a polimerização da polianilina (DE CASTRO, 2004).

Na primeira etapa, observa-se a oxidação da anilina a um cátion radical. Isto

leva a formação de um dímero. Este dímero é rapidamente oxidado, formando os íons

Page 32: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

32

diimina (ou quinoidal). Um ataque eletrofílico do monômero anilina, tanto por íons

diimina como por íons nitrênio, iniciaria a etapa de crescimento do polímero. A reação

prossegue, chegando rapidamente ao produto final (DE CASTRO, 2004).

A relação monômero/oxidante tem influência direta no rendimento da reação de

polimerização, como também na obtenção de polímeros com maior valor de

condutividade. Foram realizados estudos com diferentes agentes oxidantes, onde as

amostras foram preparadas variando a relação entre o monômero e o oxidante. Esta

relação foi apresentado como um parâmetro K, definido pela equação 1 (DE CASTRO,

2004).

K = 2,5 na

n neox. (Equação 1)

Onde: na é o número de mols de anilina, nox é o número de mols de agente

oxidante e ηe é o número de elétrons para produzir uma molécula do agente oxidante,

que para o S2O8-2 corresponde a 2, pois está baseado na seguinte reação:

S2O8-2 + 2e- 2 SO4

2- (Equação 2)

O conhecimento destas relações permite selecionar as melhores condições de

síntese para que se obtenham um bom rendimento e boas condutividades. Na Figura 9

é apresentado um gráfico do rendimento da reação e condutividade em função de K.

Page 33: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

33

Figura 9. Variação do rendimento da reação e da condutividade em função do valor de K. “x” representa (NH4)2S2O8 e “о” representa KIO3 (DE CASTRO, 2004).

Por outro lado, a síntese eletroquímica da polianilina ocorre pela oxidação

anódica da anilina sobre um eletrodo de metal inerte, como platina, ouro, vidro condutor

ou carbono vítreo. Também é possível depositar polianilina em metais menos

convencionais, tais como cobre e aços inoxidáveis (MIQUELINO, 1991 e MATTOSO,

1996).

Utilizam-se bastante os métodos de corrente e de potencial controlado. No

último caso, aplica-se um potencial com valor entre 0,7 e 1,2 V (versus eletrodo de

calomelano saturado, ECS) ou voltametria cíclica, com potencial entre -0,2 e 1,2 V

(versus ECS), com uma velocidade de varredura de potencial de 10 a 100 mV/s.

O eletrólito é uma solução ácida (HCl, H2SO4, HNO3, HBF4, HClO4, CF3COOH,

ácido poli(vinilsulfônico) - PVS, ácido cânforssulfônico - CSA, entre outros). A

concentração do eletrólito influencia a taxa de eletrodeposição, o peso molecular do

polímero, o tipo de ânion, a morfologia e a solubilidade da polianilina (MATTOSO,

1996). A morfologia do polímero depende do método de síntese, concentração do

monômero e eletrólito suporte.

Page 34: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

34

2.5 Métodos de Dopagem da Polianilina

A dopagem é a principal característica que diferencia os polímeros condutores

dos polímeros tradicionais. Os métodos clássicos de dopagem de polímeros envolvem

a oxidação química parcial ou eletroquímica (dopagem tipo p, em analogia aos

semicondutores) ou (eletroquímica dopagem tipo n) da cadeia principal do polímero

(ZOPPEI, 1999).

Os métodos de dopagem da polianilina são conhecidos a partir da síntese

química através de dopagem por protonação, que consiste na adição de ácido ao

polímero para torná-lo condutor, onde o número de elétrons permanece inalterado e o

número de prótons é variável. O segundo método utilizado é o “Casting” (ZOPPEI, 1999

e IZUMI et al., 2006). Este método consiste na formação de uma solução 10 a 20%, que

é vazado sobre uma superfície e segue para um processo lento de evaporação do

solvente.

Neste trabalho, foi utilizado o método da evaporação de solvente após agitação

para a dopagem da Pani com os sais dos metais Fe (II) e Fe (III), e será descrito

posteriormente na seção 4.2.

Page 35: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

35

Capítulo 3 Caracterização de Polímeros

3.1 Técnicas de Caracterização de Polímeros

Para se fazer a caracterização de materiais poliméricos, diversas técnicas

podem ser utilizadas, dependendo dos objetivos propostos. Entre as técnicas mais

utilizadas, citamos a espectroscopia no infravermelho (FTIR) (ALCÂNTARA, 2002;

CANEVAROLO Jr., 2003; SILVERSTEIN, WEBSTER e KIEMLE; 2007), de absorção no

Ultravioleta-Visível (UV-VIS) (SOLOMONS, 1991; SKOOG, HOLLER e NEEMAN, 2002),

espectroscopia de energia dispersiva (EDS) (SKOOG, HOLLER e NEEMAN, 2002) e

fluorescência (TREVISAN, 2003), onde é possível determinar os grupos funcionais do

polímero. A determinação da massa molar do polímero pode se feita pela técnica da

viscosimetria (LUCAS, SOARES e MONTEIRO, 2001; YANG, ADAMS e MATTES,

2001; MARINHO, 2005; PINTO, 2008). Para a análise da cristalinidade são utilizadas as

técnicas de Difração de Raios-X (DRX) (CULLITY, 1978; SKOOG, HOLLER e NEEMAN,

2002; CANEVAROLO Jr., 2003) e de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

(BOZZOLA e RUSSEL, 1992; GOLDSTEIN, 1992). Para análise das propriedades

caracteristicas das amostras, são utilizadas técnicas de análise térmica: Análise

Termogravimétrica (TG), Análise Termogravimétrica Derivada (DTG) e Calorimetria

Exploratória Diferencial (DSC) (LUCAS, SOARES e MONTEIRO, 2001; SKOOG,

HOLLER e NEEMAN, 2002; CANEVAROLO Jr., 2003).

Como este trabalho também teve o objetivo de observar as interações dos íons

Fe (II) e Fe (III) com a cadeia polimérica, outras técnicas complementares foram

necessárias: A Espectroscopia Mössbauer que é utilizada para determinar a forma de

interação dos íons ferro com a cadeia polimérica (McCAMMON, 1995) e medidas de

resistividade e condutividade para poder observar as mudanças nas interações elétricas

do material (GIROTTO e SANTOS, 2002; SHÁNCHEZ-GONZÁLEZ et al., 2005;

ZUCOLOTTO Jr. , 2006).

Neste trabalho foram utilizadas as técnicas de FTIR, UV-VIS, DRX, MEV, EDS,

Espectroscopia Mössbauer, Viscosimetria, TG, DSC, Condutometria e Medidas de

Resistividade. A seguir é feito um resumo teórico das técnicas Espectroscopia

Mössbauer, medidas de viscosidade e resistividade.

Page 36: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

36

3.2 Viscosimetria

Este é um método que se baseia na medida do tempo de escoamento de uma

solução por um tubo capilar. Primeiramente, mede-se o tempo de escoamento de um

solvente puro (to), e após, o tempo de escoamento de uma solução de um polímero em

várias concentrações ( t ). O quociente ( t/to ) fornece a viscosidade relativa (η rel) em

cada concentração, e com estes valores, calcula-se a viscosidade inerente (η inh).

Os valores de η inh são colocados num gráfico de η inh em função da concentração

“c” e extrapolado até c = 0. O valor do coeficiente linear da reta fornece a viscosidade

intrínseca [η]. O valor de [η] é relacionado com o peso molecular de polímeros pela

equação de Mark-Houwink, onde K e a são constantes tabelados para cada tipo de

polímero em determinado solvente e M é a massa molar. A tabela 2 apresenta um

resumo das equações e definições relativas às medidas de viscosidade (YANG, ADAMS

e MATTES, 2001; MARINHO, 2005 e PINTO, 2008).

Tabela 2. Equações e definições relativas à medida da viscosidade.

Nome Equação Observações

Mark-Houwink (3)

Viscosidade Intrínseca [η] (4) Definição de viscosidade intrínseca

Viscosidade Relativa (rel)

(5)

sol é a viscosidade da solução polimérica

0 é a viscosidade do solvente puro

Viscosidade Especifica (sp)

(6)

É a razão entre a diferença da viscosidade da solução

e a do solvente puro.

Viscosidade Inerente (iner)

(7)

É a razão logarítmica da viscosidade relativa e a

concentração da solução.

Page 37: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

37

3.3 Espectroscopia Mössbauer

Esta é uma técnica em que um núcleo emissor que se encontra em um estado

excitado efetua uma transição para o seu estado fundamental, emitindo radiação γ. A

radiação é absorvida em seguida por um núcleo não excitado, da mesma espécie que o

primeiro, e que efetua transição para um estado excitado idêntico àquele em que se

encontrava o núcleo emissor. Todo este processo acontece sem a criação de fônons

nas redes onde se encontram o átomo emissor e absorvedor da radiação (SANTOS,

2000). É uma técnica que apresenta vários parâmetros que podem ser estudados, os

chamados parâmetros hiperfinos (deslocamento isomérico, interação elétrica

quadrupolar e interação magnética). É de rápida medida e não exige que o sistema a

ser estudado seja cristalino (GREENWOOD e GIBB, 1971).

A Espectroscopia Mössbauer pode ser aplicada a uma variedade de sólidos. É

um método bastante eficiente para a avaliação da densidade eletrônica do núcleo. A

simples interpretação do deslocamento isomérico dá uma série de informações

importantes como, por exemplo, o número de oxidação e coordenação (LELIS, 2003). A

interpretação do deslocamento elétrico quadrupolar e da interação magnética, pode ser

usada para o melhor entendimento das propriedades semicondutoras de semimetais,

compostos inorgânicos e organometálicos, propriedades magnéticas e um melhor

entendimento da natureza das ligações dos sólidos (GONSER, 1975).

3.3.1 Interações Hiperfinas

As interações hiperfinas são interações eletromagnéticas entre as distribuições

de carga e spins eletrônicos e as distribuições nucleares do átomo.

As principais contribuições para as interações hiperfinas são a interação elétrica

monopolar, que dá origem a um deslocamento do espectro Mössbauer, chamado

“deslocamento isomérico”, a interação dipolar magnética, que provoca um

desdobramento hiperfino do espectro em certo número de linhas, dependendo do spin

nuclear e a interação quadupolar elétrica, que também provoca um desdobramento,

porém em um menor número de linhas espectrais (SANTOS, 2000). A Figura 10 mostra

esquematicamente estas interações.

Page 38: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

38

Figura 10. Interações hiperfinas para o núcleo do átomo de 57Fe onde podem ser vistos os diagramas de energia (1) núcleo livre (2) deslocamento isomérico (3) deslocamento quadrupolar (4) campo magnético hiperfino (McCAMMON, 1995).

3.3.1.1 Deslocamento Isomérico (δ)

O deslocamento isomérico (δ) é originado da interação elétrica monopolar

(LELIS, 2003) e ocorre devido a uma interação entre o núcleo positivamente carregado

e os elétrons “s” que estão negativamente carregados (NIEMANTSVERDRIET, 1995). O

espectro sofre deslocamento para energias maiores ou menores, devido a maior ou

menor concentração de energia eletrônica no núcleo. O deslocamento isomérico pode

ser observado na Figura 10 (2). A densidade de elétrons “s” no núcleo depende do

estado de oxidação e covalência das ligações (LELIS, 2003). Estas propriedades são

estudadas por meio da medida de δ.

3.3.1.2 Interação Elétrica Quadrupolar (ΔEQ)

A interação elétrica quadrupolar é causada pela interação do momento de

quadrupolo elétrico do núcleo com o gradiente do campo elétrico

(NIEMANTSVERDRIET, 1995). Este gradiente é devido às contribuições dos elétrons de

valência do átomo de 57Fe, das cargas do ligante na rede e dos elétrons de condução

Page 39: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

39

(simetria). Em conseqüência destas interações, ocorre um desdobramento da linha de

ressonância do espectro Mössbauer do 57Fe (NIEMANTSVRDRIET, 1995 e LELIS,

2003). Na Figura 10 (3) é mostrado um estado excitado I = 3/2 em dois níveis,

produzindo um espectro em duas linhas. A distância entre as linhas corresponde ao

desdobramento quadropolar, que fornece informações acerca da simetria do sítio

ocupado pelo átomo Mössbauer, populações de elétrons nos orbitais “p” e “d”,

semicondução e defeitos em sólidos em geral (LELIS, 2003).

3.3.1.3 Interação Magnética

É uma interação hiperfina que dá origem ao desdobramento magnético, pois são

interações com o campo magnético externo. Desdobra o 57Fe em estado excitado

nuclear I = 3/2 para quatro níveis: I = +3/2, +1/2, -3/2 e -1/2 e o estado excitado em dois

níveis: I = +1/2 e -1/2. Portanto, observa-se um espectro de seis linhas, como mostrado

na Figura 10 (4). A magnitude do desdobramento é proporcional à intensidade do

campo hiperfino (Bhf) experimentado pelo núcleo. Este campo magnético tem origem na

própria esfera eletrônica atômica ou se aplicada sobre a amostra por ação de um campo

magnético externo. Para uma amostra paramagnética, em que momentos magnéticos

da camada eletrônica não estão alinhados na ausência de campo aplicado, Bhf = 0, mas

ΔEQ pode ser diferente de zero (LELIS, 2003).

3.3.1.4 Relação Entre o Deslocamento Isomérico e a Interação Elétrica

Quadrupolar

Para uma discussão ampla dos resultados descritos na técnica, é necessário

mostrar alguns conceitos que ajudaram no entendimento. Em primeiro lugar, as

interações hiperfinas observadas para as amostras deste trabalho, foram o

deslocamento isomérico (δ) e a interação elétrica quadrupolar (ΔEQ). Para os objetivos

deste trabalho, não há necessidade de uma discussão aprofundada da interação

magnética, pois não foram observadas experimentalmente. Em primeiro lugar, devemos

considerar a Figura 11, que mostra uma relação entre o deslocamento isomérico (δ) e a

interação elétrica quadrupolar (ΔEQ) para os estados de oxidação do ferro.

Page 40: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

40

Figura 11. Relação entre o deslocamento isomérico e a interação elétrica quadrupolar e os estados de oxidação do ferro (NIEMANTSVERDRIET, 1995).

A Figura 11 mostra as seguintes relações:

a) Os valores de deslocamento isomérico entre 0,4 mm/s e 1,1 mm/s e da interação

elétrica quadrupolar entre 0 e 1,3 mm/s indicam que há átomos de Fe (III) em alto spin.

b) Os valores de deslocamento isomérico entre 1,1mm/s e 2,0 mm/s indicam que há

átomos e da interação elétrica quadrupolar entre 1,3 mm/s e 3,6 mm/s indicam que há

Fe (II) alto spin.

c) Os valores de deslocamento isomérico entre - 0,1 mm/s e 0,7 mm/s e da interação

elétrica quadrupolar entre 0 e 2,6 mm/s indicam que há átomos de Fe (II) e Fe (III) baixo

spin.

Page 41: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

41

Quando se fala em compostos de ferro com baixo ou alto spin, devem-se

recordar alguns conceitos básicos da química inorgânica, relacionados à “Teoria do

Campo Cristalino” (LEE, 1980). O metal de transição que constitui o átomo central é

encarado como um íon positivo que é circundado por ligantes negativos ou moléculas

neutras, que possuem um par de elétrons isolados. Se o ligante for uma molécula

neutra, a extremidade do dipolo se dirige para o íon metálico. Os elétrons do metal

central encontram-se sob ação de forças repulsivas dos ligantes, e irão, em

conseqüência, ocupar os orbitais d mais distantes da direção segundo a qual se

aproximam dos ligantes (LEE, 1980).

Na teoria do campo cristalino, são válidas as seguintes suposições:

1. Os ligantes são tratados como cargas pontuais.

2. Não há interação entre os orbitais dos metais e os orbitais dos ligantes.

3. Os orbitais d do metal, de mesma energia ou “degenerados” no átomo

metálico isolado, tem esta “degenerescência” destruída por ocasião da

formação do complexo, por ação dos ligantes.

Em um íon metálico gasoso isolado, os cinco orbitais d apresentam a mesma

energia e são e são denominados “degenerados”. Se um campo simétrico esférico

de cargas negativas circundarem o íon metálico, os orbitais d continuarão

“degenerados”, mas sua energia aumenta por causa da repulsão entre o campo e os

elétrons do metal. Na maioria dos complexos há seis ou quatro ligantes em torno do

metal, formando estruturas octaédricas ou tetraédricas, e o campo produzido pelos

ligantes não tem simetria esférica, de modo que os orbitais d não são todos afetados

igualmente pelo campo dos ligantes (LEE, 1980).

Um átomo de ferro no estado fundamental apresenta a configuração 1s2 2s2

2p6 3s2 3p6 4s2 3d6. O íon Fe (II) apresenta configuração 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6. O íon

Fe (III) apresenta configuração 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d5. Portanto, para estes íons, os

orbitais 3d seriam os orbitais da camada de valência. Quando os orbitais d são

Page 42: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

42

submetidos a um campo vindo de ligantes, ocorre um desdobramento de energia dos

orbitais d, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12. Desdobramento dos níveis energético em campo octaédrico (LEE, 1980)

Vale ressaltar que o desdobramento citado na Figura 12, vale para um composto

com estrutura octaédrica. Se o composto tiver estrutura tetraédrica, a energia dos

orbitais eg é menor que a energia dos orbitais t2g, mas uma explicação detalha sobre

este fenômeno está fora dos objetivos deste trabalho, pois todos os compostos que

formam complexos tetrédricos são de spin alto (LEE, 1980).

Observando o desdobramento demonstrado na figura 12, pode-se notar que o

preenchimento dos orbitais tem a possibilidade de ocorrer de duas formas distintas, que

diferem quanto ao número de elétrons desemparelhados: Aquele com maior número de

elétrons desemparelhados é chamado de “spin alto” ou “spins isolados”; o arranjo com

menos número dede elétrons desemparelhados é chamado de “spin baixo” ou “spins

pareados”. A figura 13 mostra um esquema simples para alto e baixo spin em um átomo

de ferro neutro. Portanto, se um composto com átomo de ferro possui spin alto, pelo fato

dele apresentar elétrons desemparelhados, faz com que possua propriedades

magnéticas. Se apresentar elétrons emparelhados, não apresenta propriedades

magnéticas.

Page 43: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

43

Figura 13. Esquema do modelo de alto e baixo spin para o átomo de Fe neutro

Com estes modelos e com conhecimento dos resultados dos parâmetros

hiperfinos, a espectroscopia Mössbauer se torna uma ferramenta poderosa para uma

análise profunda envolvendo a estrutura dos polímeros dopados com sais de ferro.

3.4 Resistência, Resistividade e Lei de Ohm:

Por se estar trabalhando com polianilina, um polímero condutor, tem-se a

necessidade de estudar suas propriedades em relação à condução de corrente elétrica.

Estas são propriedades muito importantes tanto para o meio acadêmico, quanto para o

meio tecnológico. O comportamento elétrico de um sistema químico depende de

diversos fatores que são altamente interligados e que podem possuir tempos de

respostas distintos para qualquer tipo de excitação sofrida pelo sistema. Um dos

parâmetros físicos de maior importância para o estudo das características condutoras

dos materiais é a resistividade elétrica (ρ), que é uma característica ou propriedade

física de cada material (GIROTTO e SANTOS, 2002). Portanto, é necessária uma boa

introdução teórica sobre alguns conceitos físicos importantes, tais como resistência

elétrica, resistividade, lei de Ohm e condutividade de um material.

Pode-se definir uma corrente pela equação 9 (HALLIDAY e RESNICK, 1994):

dq = idt ( Equação 9 )

Page 44: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

44

onde: dq é a quantidade de carga que passa em um tempo dt através de uma

superfície imaginária que corta o condutor transversalmente e i é corrente, que em

unidades SI é o ampère (1 A = 1 C/s).

A resistência elétrica, ou simplesmente “resistência”, é definida como a diferença

de potencial (ou tensão elétrica) entre dois pontos quaisquer de um material e a corrente

medida entre eles. A equação matemática deste conceito é mostrada na equação 10

(GIROTTO e SANTOS, 2002).

R = Vi (Equação 10)

A unidade do SI para resistência é “Ohm” (símbolo Ω), onde 1 Ω = 1 V/A.

A equação 10 é a expressão matemática da “Lei de Ohm”. Um

determinado condutor obedece a Lei de Ohm, se sua resistência R for independente da

diferença de potencial que for aplicada (HALLIDAY e RESNICK, 1994).

A densidade de corrente elétrica no material (J) se relaciona com o campo

elétrico aplicado, através da equação 11 (GIROTTO e SANTOS, 2002):

E = ρJ (Equação 11)

sendo ρ é a resistividade elétrica. Também se pode definir a condutividade elétrica de

um material (σ), que é o inverso da resistividade, pela equação 12 (HALLIDAY e

RESNICK, 1994 e GIROTTO e SANTOS, 2002):

σ = 1 / ρ (Equação 12)

Page 45: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

45

A unidade no SI para resistividade é ohm.m (Ωm) e da condutividade seu

inverso (Ωm)-1. Também é muito empregado Sm-1(S - Siemens é o inverso de ohms). A

resistência R para um condutor cilíndrico de comprimento L e área transversal a é

definida pela equação 13 (HALLIDAY e RESNICK, 1994; SHÁNCHEZ-GONZÁLEZ et

al., 2005):

R = ρ(L/A) (Equação 13)

Portanto, pode-se também definir a condutividade elétrica de um material pela

equação 14 (GIROTTO e SANTOS, 2002; SHÁNCHEZ-GONZÁLEZ et al., 2005;

ZUCOLOTTO Jr., 2006):

σ = (AR / L)-1 (Equação 14)

Onde A é a área da seção transversal, R a resistência da amostra (em Ω) e L é a

espessura do material.

Page 46: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

46

Capítulo 4 Experimental

4.1 Síntese Química da Pani-ES

A síntese da Polianilina for feita de acordo com o método proposto por

Devendrappa, Rao e Prasad (2006), que utilizaram a razão molar de agente oxidante

por monômero de 0,25.

Neste método, é feita a preparação inicial do agente oxidante persulfato de

amônia, (NH4)2S2O8 (Cromaline), onde uma massa de 5,7701 g foi dissolvida em 100 mL

de HCl 1,0 mol/L, e em seguida foi separado uma alíquota de 10 mL de anilina (Nuclear)

bidestilada a vácuo, sendo a mesma adicionada em 150 mL da solução de HCl 1,0

mol/L e colocada em banho de gelo até estabilização a 0°C. O agente oxidante foi

adicionado lentamente à anilina, sob agitação constante por duas horas. Após este

tempo, filtrou-se a vácuo em papel de filtro quantitativo (J Prolab 42) faixa azul com 12,5

cm de diâmetro, que posteriormente foi lavado com acetona e o produto formado foi

seco por 20 horas.

Após seco, foram acrescentados hidróxido de amônia, NH4OH 0,1 mol/L sob

agitação à temperatura ambiente por 16 horas. Filtrou-se a vácuo e secou-se. E por fim,

adicionou-se ao produto seco HCl 1,0 mol/L sob agitação por 24 horas. Após filtração a

vácuo, secou-se o material final, como mostrado na Figura 14.

4.2 Dopagem da Pani com íons Fe (III) e Fe (II)

A dopagem da Pani-ES com sais de Ferro foram feitas de acordo com o

procedimento descrito por Izumi et al. (2006), no qual utilizou-se o método onde o

solvente é evaporado após a mistura da polianilina com os sais de ferro. Para a

dopagem, foi usada uma massa de 1,000 g de Pani-ES para 1,000g de FeCl36H2O

(Neon Comercial LTDA) seguida da adição de 80 mL de Dimetilformamida (DMF)

(Vetec) a um balão de 150 mL, e após dissolvidos, foram mantidos sob agitação à

Page 47: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

47

temperatura ambiente por 16 horas. Em seguida filtrou-se, lavou-se com acetona e

secou-se a vácuo por 24 horas. O mesmo procedimento foi utilizado para uma mistura

de Pani-ES e Fe(NH4)2(SO4)26H2O (Vetec).

A Figura 14 mostra um esquema simplificado da síntese da Pani-EB, Pani-ES

e posteriormente a dopagem da Pani-ES com Fe(II) e Fe(III) usando o solvente DMF.

4.3 Análise Elementar (CHN)

A análise elementar das amostras Pani-EB, Pani-ES, Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III)

deste trabalho foram realizadas utilizando-se o aparelho Flash EA 1112 CHNSO,

Thermo Electron Corporation do LabPetro, DQUI / UFES. Na metodologia empregada,

5 mg de amostra foram condicionadas em um porta-amostra de estanho, que foi

inserido em um tubo reator de quartzo com atmosfera oxidante. No reator, ocorreu a

combustão da amostra e a posterior redução dos gases da queima.

Figura 14. Esquema simplificado da síntese e dopagem da polianilina

Page 48: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

48

4.4 Espectroscopia UV-VIS

Os espectros no UV-VIS foram feitos preparando-se soluções das amostras

Pani-ES, Pani-Fe (II) e Pani-Fe (III). Foram pesados 0,1000g de cada amostra e

adicionados a 50 mL de DMF, de acordo com o método proposto por Reoder (2005). Da

amostra preparada foi retirado uma alíquota de 1,0 mL e completado para 25 mL. Os

espectros de absorção no UV-VIS foram obtidos no espectrofotômetro Cary 1 E (Varian).

Mediram-se as absorbâncias das amostras nos comprimentos de onda de 250 a 800 nm.

4.5 Espectroscopia no Infravermelho

Os espectros de FTIR foram obtidos no espectrômetro da Midac Corporation

modelo Prospect-IR na região de 4000 a 500 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e

utilizando-se amostras da Pani preparadas em pastilhas de KBr, sob pressão de oito

toneladas, prensa Caver Laboratory Press, modelo C.

4.6 Determinação da Massa Molecular pela Técnica da Viscosimetria

A determinação da massa molecular pela técnica da viscosimetria foi feita

seguindo o método descrito por Yang, Adams e Mattes (2001). Neste método foi

preparada uma solução de Pani-ES tendo como solvente 1-metil-2-pirrolidona (NMP),

utilizando-se o viscosímetro Cannon-Fenske (Schott CT S2, AVS 350), com o capilar de

10/100, a temperatura de 25°C, mantida por banho termostático. As soluções de

Pani-ES foram preparadas em concentrações na faixa de 0,0117 a 0,25 g/L, onde

posteriormente realizou-se medidas do tempo de escoamento através da leitura de cinco

repetições, conforme resultados mostrados na Tabela 3 do item 5.1.

Page 49: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

49

4.7 Análise Térmica

4.7.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

As medidas foram efetuadas para as amostras Pani-ES, Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III)

no equipamento DSC-50 da Schimadzu do LMC-DFIS (UFES), com o registro das

variações do fluxo de calor em temperatura ambiente (25°C) até 300°C, com taxa de

aquecimento de 15°C/min. Foi utilizada atmosfera inerte de argônio, com fluxo de

30 mL/min.

4.7.2 Análise Termogravimétrica (TG)

As análises termograviméticas foram efetuadas no equipamento SDT Q 600 da TA

instruments do LabPetro-DQUI (UFES) para amostras Pani-ES, Pani-Fe(II) e de

Pani-Fe(III). A variação da temperatura foi de 25°C (temperatura ambiente) até 700°C

com taxa de aquecimento de 20°C/min e utilizando-se atmosfera inerte de nitrogênio,

com fluxo de 100 mL/min.

4.8 Difratometria de Raios X (DRX)

As medidas de difratometria de raios X foram feitas à temperatura ambiente para

as amostras Pani-ES, Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III). Utilizou-se o difratômetro de raios X com

alvo de Cu-Kα, λ = 1,54978 nm, no equipamento Shimadzu XD3A, do IQ-Unicamp,

sendo utilizado um monocromador de feixe difratado e um discriminador eletrônico, para

separar a radiação desejada. As análises foram realizadas para as três amostras, com

um ângulo de difração (2Ө) variando de 5 a 80° em intervalos de 0,5°.

Page 50: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

50

4.9 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS)

As micrografias dos sólidos pela técnica de Microscopia Eletrônica da

Varredura (MEV) e análises de Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) foram feitas

no aparelho Shimadzu SSX-550, do LPT-DFIS (UFES), onde cada amostra foi

metalizada com ouro em um metalizador Shimadzu IC-50. As imagens foram observadas

para as amostras Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II), com diâmetro de 1 μm, 2μ e 1μm

respectivamente.

4.10 Medidas das Resistências DC nos Materiais Sintetizados

A técnica utilizada foi uma adaptação das medidas feitas por Shánchez-González

et al. (2005) e Zucolotto Jr. (2006). Para as medidas de resistividade elétrica DC foi

utilizado um cilindro de acrílico com 7,5 cm de altura, perfurado internamente com um

diâmetro de 6,5 mm onde se encaixam dois pistões de cobre que servem de contato

para o material a ter sua resistência medida. Cada pino tem cabeça circular com

diâmetro de 5,0 cm que se encaixa no cilindro de acrílico.

A base de cada pistão possui encaixes para cabos de energia, onde é efetuado o

contato elétrico (Figura 15). O pistão maior tem 6,0 cm de altura com base de 1,0 cm. O

pistão menor tem 1,5 cm de altura com base de 1,0 cm. O peso total do conjunto vazio é

de 601,572 g. Todo o conjunto foi isolado de contato com a prensa por duas placas de

teflon.

Page 51: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

51

Figura 15. Cilindro de acrílico utilizado para medidas das resistências DC das amostras sintetizadas. (A) Detalhe da armação do cilindro com a amostra, pistões e cabos ligados; (B) Detalhe do isolamento do cilindro com placas de teflon.

Como fonte de tensão DC e para a medida de resistência foi utilizado um

Multímetro Digital 3440 A1 Digital Multimeter da Agilent. Para realização de pressão

sobre o sistema foi utilizada uma prensa Modelo C da Carvel Laboratory Press (Figura

16).

Para a medida de resistência da Pani-ES foi utilizado massa de 1,608 g. O

material foi colocado dentro do tubo de acrílico, fechado com os pinos ligados ao

multímetro por quatro cabos e após foi passada uma corrente DC e procedeu-se a

medida da resistência em ohm (). O multímetro estava regulado para medida de

resistência com a função 4W ativada. A medida inicial foi feita à pressão atmosférica.

Após a primeira medida foi efetuado um aumento gradual de pressão a 1,38; 4,14; 5,52;

6,89; 8,27; 9,65; 11,0; 12;4; 13,8; 15,2; 16,5; 17,9 e 19,3 MPa respectivamente. Para

cada intervalo de aumento de força foram efetuadas três medidas de resistência (três

leituras) no intervalo de cinco minutos.

Amostra

Cilindro de acrílico

Pistão 2

Pistão 1

(A) (B)

Teflon

Cabos de energia

Page 52: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

52

Figura 16. Material utilizado para medidas das resistências DC das amostras sintetizadas. (C) Multímetro e fonte (D) Multímetro ligado ao cilindro dentro da prensa.

Também foram efetuadas as medidas de resistência das outras amostras, nas

mesmas variações de pressão e intervalos de tempo descritos anteriormente, conforme

os dados:

● Amostra de Pani-Fe (II) – massa de 1,602 g e resistência medida em .

● Amostra de Pani-Fe (III) – massa de 1,718 g e resistência medida em .

● Amostra de Pani-EB – massa de 1,766 g, resistência medida em k.

(C) (D)

Page 53: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

53

Figura 17. Material utilizado para medidas de resistências DC das amostras sintetizadas. (E) Vista lateral da prensa (F) Vista frontal da prensa e cilindro com amostra.

A medida da espessura e largura das amostras foi efetuada com um paquímetro.

Os dados de resistividade foram tabelados, transformados em condutividade e

analisados graficamente.

4.11 Espectroscopia Mössbauer

As amostras de Pani-Fe (II) e Pani-Fe (III) foram submetidas à análise por

Espectroscopia Mössbauer no espectrômetro do LEMAG - DFIS (UFES), com um

contador proporcional de Kr à pressão atmosférica da marca Austin Science

Associates, modelo PC Kr-1, com catodo de alumínio e tensão de operação de 1000 a

2000 V, utilizado como detector. Utilizou-se a fonte radioativa 57Co em matriz de Pd.

O aparelho completo e suas funções são descritas por Nascimento (2000) e pode ser

representado de maneira esquemática na Figura 18.

(E) (F)

Page 54: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

54

Figura 18. Esquema do espectrômetro Mössbauer: (1) Módulo de potência para o transdutor de velocidade (2) Transdutor de velocidade (3) Fonte radioativa (4) Absorvedor (5) Contador proporcional (6) Pré-amplificador (7) Gerador de tensão (8) Amplificador/TSCA (9) PC-XT (NASCIMENTO, 2000).

As medidas foram feitas utilizando os procedimentos descritos por Genoud et al.

2000, Kulszewicz-Bajer et al., 2001 e Bienkowski et al., 2005. O porta-amostra foi levado

para o absorvedor onde foi colocado e mantido a temperatura ambiente (300 K). As

medidas foram efetuadas, com a fonte e o absorvedor mantidos a mesma temperatura.

A calibração das velocidades foi feita com uma folha de Fe-α, com alto grau de pureza.

Os dados foram tratados numericamente no computador e ajustados, seguindo o

programa NORMOS (SANTOS, 2000).

Page 55: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

55

Capítulo 5 Resultados e Discussão

5.1 Síntese e Caracterização da Pani-ES e Pani-EB

Os resultados apresentados a seguir são discutidos inicialmente pela reação de

síntese da polianilina, conforme descrito no Capítulo 4 e utilizando o procedimento

proposto por Devendrappa, Rao e Prasad (2006) onde se obteve o polímero condutor

(Pani-ES) com conversão de 60,4% tendo uma razão molar do agente oxidante por

monômero igual a 0,25 que segundo Mattoso (1996) produz uma Pani com rendimento

satisfatório. O valor de K foi 5, conforme calculado pela Equação 1, valor este que foi

concordante com o existente na literatura (DE CASTRO, 2004). A desprotonação feita

com NH4OH 0,1 mol/L gerou a base esmeraldina, um sólido azul, e a nova protonação

com HCl 1,0 mol/L gerou novamente o sal esmeraldina. Este processo é chamado de

Redopagem (MacDIARMID e EPSTEIN, 1995).

Para a determinação da massa molar da Pani-ES, foram feitas medidas de

viscosidade das soluções apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3. Dados das soluções de Pani para medidas da viscosidade a temperatura de 25°C em NMP.

Solução

[C]

(g/L)

t

(s)

(L/g)

Solvente NMP - 109,77 (to) 0,00000

1 0,0066 131,28 0,23118

2 0,0105 113,20 0,29759

3 0,0880 120,66 1,12736

4 0,1830 166,78 2,08869

Page 56: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

56

Os dados da Tabela 3 foram usados para construção do gráfico de

em função da concentração das soluções de Pani–ES, como é mostrado na Figura 19.

Do gráfico da concentração da Pani-ES em função da viscosidade específica e

extrapolando para a c 0 tem-se a viscosidade intrínseca conforme a Equação 5.

0,00 0,03 0,06 0,09 0,12 0,15 0,18

0,0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8

2,1

2,4

2,7

3,0

[(t/to-1)/c] = 0,1699 + 10,67[C]

R2 = 0,99936

CPani-ES

(g/L)

Figura 19. Gráfico da viscosidade específica (cP) em função da concentração da solução de Pani (g/L), usado no cálculo da massa molar da Pani-ES.

A correlação entre a massa molecular média (M) e a viscosidade intrínseca [η] é

descrita pela equação de Mark-Houwink ( [η] = KMa, Equação 3 ), onde K e a são

constantes para um dado sistema polímero-solvente. Para a polianilina em NMP,

a = 0,77 e K = 1,210-5

Lg-1 (YANG, ADAMS e MATTES, 2001). Após a utilização da

Equação 3, foi obtido uma massa molar de 246,13 kg/mol. Segundo Yang, Adams e

Mattes (2001), a Polianilina pode apresentar massa molar média entre 31,00 e

235,00 kg/mol. Mattoso (1996) descreve que polianilinas com massa molecular média

entre 50,00 a 400,00 kg/mol foram obtidas pelo método da síntese química. Portanto, o

valor obtido está de acordo com a literatura.

(L/g)

Page 57: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

57

5.2 Análise Elementar (CHN) A Tabela 4 mostra as quantidades percentuais para cada elemento (C, H e N)

obtidas em cada amostra e sua comparação com as da literatura e a percentagem de

erro para o valor teórico, considerando-se a fórmula empírica C24H18N4 para a Pani-EB

(ZUEV, 2008) e C24H18N4Cl2 para a Pani-ES (SILVA, 2000).

Tabela 4. Percentagens medidas e da literatura para análise elementar das amostras. Carbono Hidrogênio Nitrogênio

Amostra

%

Medida

%

Literatura

%

Erro

%

Medida

%

Literatura

%

Erro

%

Medida

%

Literatu ra

%

Erro

Pani-EB 70,31 78,95 (a)

10,96 4,55 4,92 (a)

7,50 13,64 15,25 (a)

10,56

Pani-ES 50,65 61,10 (b)

17,10 4,48 5,10 (b)

12,16 10,24 11,90 (b)

13,95

Pani-Fe (II) 32,42 - - 4,46 - - 10,07 - -

Pani-Fe (III) 49,33 39,90 (c)

23,63 4,20 3,03 (c)

38,6 11,27 9,43 (c)

19,51

(a) ZUEV, 2008; (b) SILVA, 2000; (c) GENOUD et al., 2000.

Os dados de CHN para a Pani-EB não apresentaram valores próximos aos

obtidos por Zuev (2008) pois depende das quantidades (mol/L) utilizadas na síntese.

Observou-se que para a Pani-ES ocorre uma diminuição das percentagens de C, H e N

em razão de ser a forma condutora. Para a Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III) a diminuição dos

valores percentuais de C, H e N continua a diminuir em decorrência da mudança na

matriz polimérica da Pani.

Quando foi feita a adição de FeCl3, os valores da dopagem da Pani-ES com

Fe(III) não mostraram uma grande alteração em relação a Pani-ES. Os valores

encontrados experimentalmente não se mostraram muito próximos aos valores

encontrados na literatura (GENOUD et al., 2000). A amostra Pani-Fe(II) demonstrou

uma brusca diminuição para a percentagem de carbono e pequena para o nitrogênio.

Portanto, pode ter ocorrido mudanças na matriz da cadeia polimérica, o que demonstra

Page 58: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

58

ter ocorrido a interação do polímero com átomos de Fe(II), considerando-se os

resultados de análise elementar.

5.3 Espectroscopia no Infravermelho Os resultados de espectroscopia no infravermelho foram obtidos para as

amostras de Pani-ES, Pani-EB, Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III) conforme é apresentado na

Figura 20.

Figura 20. Espectros FTIR das amostras a) Pani-ES b) Pani-Fe(II) c) Pani-Fe (III) d) Pani-EB.

A Pani-ES obtida pode ser comparada com os dados da literatura

(DEVENDRAPPA, RAO e PRASAD, 2006), que mostra uma banda de vibração em

2000 1750 1500 1250 1000 750 500

2

3

4

5

6

800

1130

130014701553

Pani-ES

% T

cm-1

(a)

2000 1750 1500 1250 1000 750 500

35

40

45

50

55

60

595800

1135

130014971583

Pani-Fe(II)

% T

cm-1

(b)

2000 1750 1500 1250 1000 750 500

40

45

50

55

802

1114

130214771567

Pani-Fe(III)

% T

cm-1

(c)

2000 1750 1500 1250 1000 750 500

40

45

50

55

60

65

830

1157

1302

1494

1588

Pani-EB

% T

cm-1

(d)

Page 59: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

59

1600 cm-1 relativo ao estiramento do nitrogênio quinóide e em 1500 cm-1 relativo ao

estiramento no nitrogênio benzenóide. As outras bandas ocorrem em 1350, 1130 e 820

cm-1. Estes dados da literatura quando comparados com o espectro da Pani-ES obtido

neste trabalho mostraram uma boa concordância, onde observaram-se bandas em 1553

e 1470 cm-1, relativos aos nitrogênios quinóides e benzenóides, respectivamente. E

outras bandas foram observadas em 1300, 1130 e 800 cm-1. As atribuições para as

outras bandas de vibração são descritos na Tabela 5.

Observando-se a Figura 20, os espectros das amostras de Pani-ES e Pani-

EB apresentam diferenças em alguns bandas, mostrando que atribuições de bandas

revelam a dopagem com HCl. A Tabela 5 mostra as atribuições para o espectro FTIR

da Pani-EB. Foi observada uma banda característica em 1588 cm-1, relativo ao

estiramento dos anéis quinóides e em 1494 cm-1, que mostra um estiramento no anel

benzênico. Também há freqüências em 1302,1157 e 830 cm-1, mostrando que os dados

experimentais estão concordantes com a literatura (KANG, NEOH e TAN, 1998 e

BROZOVÁ et al., 2008). Portanto, ocorreu a desprotonação da Pani-ES e a posterior

formação da Pani-EB.

A amostra Pani-Fe(II) mostra algumas alterações em relação a Pani-ES.

Observa-se um pico em 1583 cm-1, relativo ao estiramento no nitrogênio quinóide e um

pico em 1497 cm-1, relativo ao estiramento no nitrogênio benzenóide. Observa-se um

pico a mais que a Pani-ES, em 595 cm-1, relativo a torção do anel aromático. Portanto,

observa-se uma mudança na cadeia polimérica, que foi comprovada pelo espectro FTIR.

A Tabela 5 mostra as freqüências e os modos de absorção para a amostra Pani-Fe(II).

A amostra Pani-Fe(III) não mostra muitas mudanças em relação a Pani-ES.

Observou-se um pico em 1567 cm-1, relativo ao estiramento no nitrogênio quinóide e em

1114 cm-1, relativo à torção de C-H no plano 1,2,4 do anel. Através da análise do

espectro FTIR da Pani-Fe(III), não foi possível concluir se houve alguma mudança

estrutural significativa na matriz da cadeia polimérica. Portanto, outras técnicas de

análise devem ser utilizadas para se chegar a resultados mais conclusivos. A tabela 5

mostra as freqüências e os modos de absorção da amostra Pani-Fe(III).

Page 60: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

60

Tabela 5. Algumas bandas de absorção na região do infravermelho obtidas para as amostras.

Onde: Q = Quinóide; B = benzenóide (KANG, NEOH e TAN, 1998).

Amostra

Número de onda

( cm-1 )

Modo de Vibração

Pani-EB

1588 Estiramento de N=Q=N

1494 Estiramento no anel benzênico

1302 Estiramento C-N em QBQ, QBB, BBQ

1157 Um modo de absorção de N=Q=N

830 Torção fora do plano do anel 1,4

Pani-ES

1553 Estiramento de N=Q=N

1450 Estiramento do anel benzênico

1300 Estiramento C-N em QBQ, QBB, BBQ

1130 Um modo de Q=N+H-B

800 Torção fora do plano do anel 1,4

Pani-Fe(II)

1583 Estiramento de N-Q-N

1497 Estiramento de N-B-N

1300 Estiramento C-N benzenóide

1135 Torção no plano C-H no anel 1,4

800 Torção C-H fora do plano do anel 1,4

595 Torção do anel aromático

Pani-Fe(III)

1567 Estiramento N=Q=N

1477 Estiramento do anel benzênico

1302 Estiramento em C-N benzenóide

1114 Torção de C-H no plano 1,2,4 do anel

802 Torção de C-H fora do plano do anel

1,2

Page 61: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

61

5.4 Análise Térmica

5.4.1 Termogravimetria (TG)

A Figura 21 mostra os gráficos das curvas TG das três amostras

(a)

(b)

(c)

Figura 21. Curvas da análise termogravimétrica para as amostras (a) Pani-ES (b) Pani-Fe(III) (c) Pani-Fe(II).

Observando-se a Figura 21, podem-se discutir os fenômenos observados

separadamente para cada amostra, e após, compara-los:

Pani-ES: Foram observadas três regiões de perda de massa:

1) Entre 25 e 150°C: 16,64% de perda, relativa à eliminação de água (MATTOSO,

1996; SILVA, 2000).

2) Entre 150 e 350°C: 10,53% de perda, relativa à evaporação do solvente, DMF,

que tem PE = 153°C (CETESB, 2008).

Page 62: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

62

3) Entre 350 e 700°C: 30,18% de perda, relativo à decomposição do polímero, que

ocorre a T = 400°C (HARDAKER e GREGORY, 1999).

Pani-Fe(III): Foram observadas três regiões:

1) Entre 25 e 125°C: 13,86% de perda, relativos à eliminação de água.

2) Entre 125 e 325°C: 16,57% de perda, relativos à evaporação do solvente e a

decomposição do sal de ferro em FeCl2.Cl2 que ocorre antes da ebulição (LEE, 1980;

CETESB,2008).

3) Entre 325 e 700°C: 17,97% de perda, relativos à decomposição do polímero.

Pani-Fe(II): Foram observadas cinco regiões:

1) Entre 25 e 100°C: 5,151% de perda, relativos à eliminação de água.

2) Entre 110 e 200°C: 9,027% de perda, relativo à decomposição do sal de ferro,

que ocorre a 110°C (CETESB, 2008) e eliminação de solvente.

3) Entre 200 e 325°C; 8,764 de perda, relativa à perda de dopante.

4) Entre 325 e 425°C: 4,373% de perda, relativo à decomposição do sal de Fe(III)

gerado a partir da oxidação do sal de ferro (II) (LEE, 1980)

5) Entre 425 e 700°C: perda de 13,66% relativa à decomposição do polímero.

Pelas observações dos resultados descritos, nota-se que houve mudanças nas

propriedades das amostras Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II). Para a primeira, a temperatura de

evaporação do solvente aconteceu em um intervalo menor que o da amostra Pani-ES, o

que mostra que a interação com do Fe(III) com a cadeia polimérica ocorreu.

As cinco regiões da amostra Pani-Fe(II) também eram esperadas, pois sabe-se que

nem todo sal de Fe(II) interagiu com a cadeia polimérica, e que eles são oxidados a Fe (III),

o que foi observado nos valores da decomposição. Também ocorreram mudanças nos

valores das propriedades da Pani-Fe(II) em relação a Pani-ES.

Page 63: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

63

5.4.2 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

Os termogramas obtidos da Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II) são apresentados

na figura 22 indicando que os íons Fe(III) e Fe(II) destes sais possuem efeito

endotérmico sobre a matriz polimérica.

30 60 90 120 150 180 210 240 270 300

-0,7

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1

Pani-Fe(II)

Pani-Fe(III)

Pani-ES

Flux

o de

Cal

or (

mW

/mg

)

Temperatura / oC

Figura 22. Termogramas do DSC para as amostras de Pani-ES, Pani-Fe(II) e Pani-Fe(III)

(FORNAZIER FILHO, SILVA FILHO e NUNES FILHO, 2008)

A Pani-ES é caracterizada por uma transição endotérmica começando em 55°C e

com um pico máximo em 95°C, que foram concordantes com os dados da literatura

(PIELICHOWSKI et al., 1997). Esta transição indica a evaporação de moléculas de água

da matriz polimérica. A transição endotérmica em torno de 150°C indica a evaporação

de solvente, tal como observado nas análises termogravimétricas. Observa-se uma

pequena transição endotérmica entre 210 a 220°C, relativa à transição vítrea

(HARDAKER e GREGORY, 1999). A partir de 250°C, pode-se observar outra mudança,

relativo à fusão e o começo da decomposição do polímero.

Page 64: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

64

Para amostra Pani-Fe(II), observaram-se duas regiões endotérmicas, um em

76,5°C e o outro coincidente com o da Pani-ES. Nesta região começa a fusão do sal de

Fe (II) que não interagiu com a matriz polimérica, que ocorre em torno de 100°C.

Observa-se também a evaporação do solvente e a transição vítrea em torno de 180°C.

Na amostra Pani-Fe(III) foi observado um pico em 76,5°C, evidenciando

mudança na temperatura de evaporação das moléculas de água. O valor da transição

vítrea diminui para 140°C.

Segundo Mattoso (1996), a temperatura de transição vítrea diminui linearmente

de 220 para 140°C quando é adicionado o solvente. Este solvente residual age como

plastificante para a polianilina, diminuindo a temperatura de transição vítrea e

aumentando, portanto, a faixa de temperatura de processabilidade do polímero

(MATTOSO, 1996). Isto foi verificado experimentalmente, pois foi necessária a adição

de solvente para a dopagem com os sais de ferros. Estes valores, aliados aos

resultados da análise termogravimétrica indicaram que as propriedades térmicas da

Pani sofreram alterações, indicando a provável interação dos íons Fe(II) e Fe(III) com a

cadeia polimérica (FORNAZIER FILHO, SILVA FILHO e NUNES FILHO, 2008).

5.5 Espectroscopia no UV-VIS

A Figura 23 mostra os espectros UV-VIS das amostras Pani-EB, Pani-ES, Pani-

Fe(II) e Pani-Fe(III) em solução com NMP.

Page 65: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

65

Figura 23. Espectros UV-VIS das amostras de Pani em solução de NMP

A amostra da solução Pani-EB em NMP apresenta duas bandas de absorção: a

banda em 335 nm corresponde à transição π – π* no anel benzênico, que ocorre por

causa da sobreposição dos orbitais pz dos carbonos hibridizados sp2 (ZUEV, 2008); a

banda de 638 nm é associada à presença de um seguimento quinóide no anel

benzênico (NASCIMENTO et al., 2007). Estes valores estão de acordo com a literatura

(MATTOSO, 1996; IZUMI et al., 2006; NASCIMENTO et al., 2007; BROZOVÁ et al.,

2008; ZUEV, 2008).

A Pani-ES apresenta bandas de absorção em 280 nm relativa a transição π – π*

no anel benzênico, em 435 nm relativa a presença de uma transição polarônica e 508

nm, relativa ao comprimento de onda de absorção da luz verde (ZUEV, 2008). Estes

valores para a Pani-ES estão acordo com a literatura (IZUMI et al., 2006). Portanto, a

mudança na banda de absorção de 638 para 435 nm, demonstrou que ocorreu a

dopagem da Pani-EB para Pani-ES.

Page 66: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

66

A amostra Pani-Fe(III) mostrou apenas uma banda de absorção em 294 nm,

mostrando uma diminuição em relação a Pani-ES. Izumi et al. (2006), encontrou um

espectro UV-VIS da Pani dopada com Fe (III) com o mesmo perfil da Pani-ES, e com as

mesmas bandas de absorção. Os íons Fe(III) formam um polaron deslocalizado na

cadeia polimérica, que pode ocorrer tanto nos nitrogênio na forma imina ou amina

(IZUMI et al., 2007)

As bandas de absorção para a amostra Pani-Fe(II) ocorreram em 280, 364 e

506 nm. As mudanças nos valores das bandas de absorção mostram que ocorreu a

interação da cadeia polimérica com os íons Fe(II).

5.6 MEV e EDS

A figura 24 mostra as micrografias do MEV obtidas para as três amostras.

Figura 24. Micrografias das amostras de polianilina: Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II).

Page 67: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

67

Segundo Chao et al. (2005), a morfologia e a cristalinidade da Pani dependem da

maneira como o polímero é sintetizado. O controle da temperatura, o tempo de reação, a

pureza dos reagentes e principalmente a rota de síntese e dopagem da Pani, afetam a

morfologia e a forma sua forma cristalina. A análise desta morfologia e cristalinidade foi

feita com auxílio da microscopia eletrônica de varredura.

A Figura 24 mostra a imagem da amostra Pani-ES com aumento de 10.000

vezes. Pode-se observar a presença de uma estrutura granular na amostra, que

segundo Mattoso (1996), ocorre na Pani na forma dopada. A Figura 24 também mostra

a imagem da amostra Pani-Fe(III) com aumento de 8.000 vezes. Observou-se uma

diminuição da granulação com a adição dos íons Fe(III). A amostra Pani-Fe(II)

observada na Figura 24 com aumento de 15.000 vezes mostrou uma diminuição na

granulação em relação as outras duas amostras, sugerindo mudanças na morfologia da

amostra.

Para os resultados de EDS, podem-se observar como dados mais relevantes em

termos de percentagem de peso em massa a relação da Tabela 6:

Tabela 6. EDS das amostras de Pani

Amostra C (%) Fe (%) Cl (%) Au (%)

Pani-ES 59,263 - - 21,823 Pani-Fe(III) 49,457 5,314 16,176 9,596

Pani-Fe(II) 34,865 14,824 4,692 6,801

Comparando-se com a análise elementar, observam-se valores satisfatórios e

coincidentes para a percentagem de carbono: Pani-ES, 50,65%; Pani-Fe(III), 49,33% e

Pani-Fe(II), 32,33% na análise CHN, discutidas no item 5.2. Na amostra Pani-Fe(III),

quantidade de cloro (16,176%), é cerca do triplo da quantidade de ferro, o que coincide

com a fórmula molecular do cloreto de ferro III (FeCl3), isto é, três átomos de cloro para

cada átomo de ferro. Isto significa que há átomos de Fe (III) fora da cadeia polimérica,

na forma de FeCl3, que não interagiram com a cadeia polimérica. Na amostra Pani-Fe(II),

a relação estequiométrica não é seguida, demonstrando ter ocorrido interações dos

átomos de ferro com a matriz da cadeia polimérica, pois a porcentagem de ferro é maior

Page 68: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

68

que na amostra Pani-Fe(III). Outros elementos não foram descritos nesta discussão, pois

não fazem parte dos objetivos propostos.

5.7 Difratometria nos Raios-X (DRX)

Os resultados de DRX das amostras Pani-ES e Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II) são

mostradas na Figura 25. Pode-se observar que existem três Picos de Difração de Bragg

(PDB) para a Pani-ES em 2 = 21,0° e 25,0° respectivamente.

Figura 25. DRX das amostras Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II)

Page 69: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

69

Segundo Zengin et al. (2007), a Pani apresenta ordem cristalina de curto

alcance (menor cristalinidade) quando mostra PDB mais alargados e apresenta ordem

cristalina de longo alcance (maior cristalinidade) quando seus PDB são mais fechados

ou agudos. Isto foi observado nos difratogramas da Figura 25, onde podem ser vistos

PDB alargados para a Pani-ES. Este resultado está de acordo com a literatura (ZENGIN

et al., 2007). Também foi observado pelos autores, que quando a Pani-ES é obtida a

temperaturas de -25 e -41°C, a intensidade dos PDB e a ordem cristalográfica é maior

do que a da Pani-ES obtida a 0°C. Como a amostra deste trabalho foi obtida a uma

temperatura de 0°C, era esperada uma Pani de ordem de cristalinidade de curto

alcance. Isto foi observado experimentalmente (Figura 25) e está de acordo com a

literatura (ZENGIN et al., 2007).

O grau de cristalinidade (GP) foi calculado utilizando-se o método sugerido por

Canevarolo Jr., 2003. Encontraram-se os seguintes valores para as três amostras: Pani-

ES 21,7%, Pani-Fe(III) 15,43% e Pani-Fe(II) 19,26% de fração cristalina. Segundo

Mattoso (1996), a Pani é um material semicristalino, e isto foi observado pelos valores

dos grau de cristalinidade.

O difratograma da amostra Pani-Fe(III) mostra PDB mais alargados e deslocados

em relação a Pani-ES para região de baixos ângulos. Portanto, a amostra mostrou uma

menor ordem de cristalinidade de curto alcance e, portanto uma diminuição na

cristalinidade com a adição dos íons Fe (III). A amostra Pani-Fe(II) também mostrou um

alargamento dos PDB em relação a Pani-ES exibindo portanto uma redução na ordem

cristalográfica. Portanto, a adição dos sais de Fe(II) e Fe(III) a Pani-ES mostrou uma

redução do parâmetro de rede, o que sugere alterações na ordem cristalográfica da

amostra, resultados estes que mostraram concordância com as análises do MEV.

A Figura 25 também mostra os valores dos PDB para as amostras Pani-Fe(III) e

Pani-Fe(II). Foram observados um maior número de PDB para a amostra Pani-Fe(II) do

que para Pani-Fe(III). Os PDB observados para amostra Pani-Fe(II) foram 2θ = 9,00°,

15,0°, 21,0°, 34,0°, 43,3°, 52,0° e 63,2°. Os PDB em 2θ = 9,00° e 21,0° são associados

ao Fe(II) (PALMER, WONG e LEE, 1972). Já os PDB 2θ = 15,0°, 34,0°, 43,3° e 52,0°

Page 70: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

70

são relativos ao íon Fe(III) (TROYANOV, 1993). Portanto, a análise de DRX mostrou

haver na amostra íons Fe(II) e Fe(III).

A amostra Pani-Fe(III) mostrou um pico de baixa intensidade em 2θ = 15,0° é

equivalente a presença de íons Fe(III) (TROYANOV, 1993). Também foi observado uma

redução do parâmetro de rede para a amostra Pani-Fe(III) em relação a amostra Pani-

ES. Portanto, a análise de DRX para a amostra mostrou haver íons Fe(III) em pequena

quantidade.

5.8 Espectroscopia Mössbauer

Após dopagem com o sal de Fe (II), foi obtido o Espectro Mössbauer a

temperatura ambiente (300 K), conforme mostrado na Figura 26.

Figura 26. Espectro Mössbauer da Pani-Fe (II) à temperatura ambiente

No espectro Mössbauer apresentado na Figura 26, observam-se dois dubletos,

que apresentam os parâmetros hiperfinos mostrados na Tabela 7 :

Page 71: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

71

Tabela 7. Parâmetros hiperfinos para a amostra Pani-Fe(II)

Parâmetro Hiperfino

Velocidade (mm/s)

Dubleto 1 Dubleto2

δ(IS) 0,34 1,58

ΔEQ (QS) 1,98 1,71

Observando e comparando os valores dos parâmetros hiperfinos com os dados

da figura 26, observa-se que há Fe (II) e Fe (III) com baixo spin e Fe (II) em alto spin na

cadeia polimérica. O sub-espectro associado ao Fe (III) observado realmente era o

esperado, pois sais de Fe (II) são facilmente oxidados a Fe (III) (LEE, 1980). Como

ocorreu também o fato da dopagem ter sido feita na relação em massa 1:1, nem todo

íon ferro do sal interagiu com a cadeia polimérica, facilitando a oxidação. Esse resultado

é refletido no Espectro Mössbauer pelos valores dos parâmetros hiperfinos (δ e ΔEQ).

Portanto, os íons Fe (II) que interagiram com a cadeia polimérica foram protegidos da

oxidação. Outro fenômeno observado, é que a Pani está nas formas amina

(benzenóide) e imina (quinóide), que podem ocorrer na cadeia polimérica

(KULSZEWICZ-BAJER et al., 1999 e 2001). As duas formas são observadas pelos dois

dubletos no Espectro Mössbauer, o que reforça a estabilidade da forma dopada com Fe

(II). As áreas mostram valores de 57,2% e 42,8% respectivamente. Portanto, há Fe na

forma amina (benzenóide) em maior quantidade e imina (quinóide) em menor

quantidade, pois a interação dos íons Fe com a cadeia polimérica ocorre

preferencialmente nos nitrogênios benzenóides (GENOUD et al., 2000).

A Figura 27 mostra o espectro Mössbauer a temperatura ambiente (300 K) para

a amostra Pani-Fe(III).

Page 72: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

72

Figura 27. Espectro Mössbauer da Pani-Fe(III) à temperatura ambiente

O Espectro Mössbauer da amostra Pani-Fe(III) foi ajustado com dois sub-

espectros, com os parâmetros hiperfinos apresentados na Tabela 8:

Tabela 8. Parâmetros hiperfinos para a amostra Pani-Fe(III)

Parâmetro Hiperfino

Velocidade (mm/s)

Dubleto 1 Dubleto 2

δ(IS) 0,23 0,41

ΔEQ (QS) 0,50 0,75

Para o espectro Mössbauer da amostra Pani-Fe(III), observou-se um sinal

muito fraco e com valores dispersos, o que sugere pouca interação dos íons Fe com a

cadeia polimérica. Após o ajuste dos parâmetros hiperfinos, pode-se observar pelos

Page 73: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

73

valores de δ e ΔEQ que há Fe (III) com baixo spin e Fe (III) em alto spin na cadeia

polimérica em quantidades pequenas. Bienkowiski et al. (2005) obtiveram δ = 0,31 mm/s

e ΔEq = 0,38 mm/s à temperatura de 77 K. Portanto, os valores obtidos estão dentro

dos valores esperados. O ajuste do Espectro Mössbauer mostrou a presença de dois

dubletos, e, portanto das formas imina e amina na cadeia polimérica, tal como descrito

por Bienkowiski et al. (2005).

Levando-se em conta os dados do Espectro Mössbauer, não é possível afirmar

se realmente houve uma interação dos íons Fe (III) com a cadeia polimérica. As

medidas de condutividade podem auxiliar a uma conclusão, e serão discutidas

posteriormente.

5.9 Resistência e Condutividade das Amostras Sólidas

Medidas de resistência e condutividade elétrica em sólidos poliméricos na

forma de pó são difíceis de serem realizadas. Algumas tentativas foram feitas neste

trabalho, utilizando-se amostras prensadas e medidas diretamente no multímetro, mas a

variação observada foi muito grande. À medida que os terminais eram levemente

pressionados na amostra, observava-se uma brusca mudança na resistência, e

logicamente na condutividade dos materiais. Portanto as condutividades dos materiais

variavam com a pressão. Daí seria necessário buscar uma técnica em que se pudesse

medir a resistência e a condutividade em função da pressão. Portanto, foi utilizada a

técnica descrita na seção 3.11.

Os cálculos da condutividade foram feitos de acordo com a equação 13, onde A é

a área da pastilha prensada, no valor fixo de 3,310-3 cm, R a resistência das amostras

(em Ω), medida diretamente no ohmímetro e L é a espessura da amostra, que varia de

acordo com a pressão aplicada, medida em cm. Portanto, a condutividade foi medida em

(Ωcm)-1 ou Scm-1. Os resultados foram plotados em um gráfico, que é mostrado na

figura 28. A partir deste gráfico foi possível observar a variação da condutividade em

função da pressão.

Page 74: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

74

Figura 28. Condutividade das amostras de Pani-ES, Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II).

O pó é formado por diversos micro-grãos que não possuem formas definidas.

Portanto, a condutividade elétrica resulta de diversos fatores, nas quais as principais

são: a condutividade, a resistividade e o fator de empacotamento de uma única partícula

e principalmente as mudanças morfológicas que podem ocorrer durante a compactação

(SHÁNCHEZ-GONZÁLEZ et al., 2005; ZUCOLOTTO Jr., 2006). A diminuição destes

fatores pode ocorrer com as medidas realizadas através de diferentes pressões sobre a

amostra. Quando a pressão é aumentada, o contato entre os grãos é aumentado, o que

modifica a resistência, a resistividade e a condutividade do material. A pressão aplicada

sobre o sistema proporciona uma força maior, o que aumenta a superfície de contato da

amostra.

As medidas foram feitas pelo método onde a medida da resistência é indireta,

medindo-se a queda da tensão sobre a amostra quando esta é percorrida por uma

corrente definida. Utilizou-se o intervalo de tempo em 5 minutos como forma de esperar

a estabilização das resistências e de se obter um valor mais confiável. Além das três

amostras que se deseja estudar, foram medidas as resistências da amostra Pani-EB,

para fins de comparação e melhor discussão dos resultados observados.

A forma Pani-EB, segundo Mattoso (1996), Faez et al. (2000) e Zuev (2008) é a

forma isolante da Pani. A resistência deste material partiu da ordem de 1,7104 kΩ

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Con

dutiv

idad

e . 1

03 (S.c

m-1)

Pressão (MPa)

Pani - ES

Pani - Fe(III)

Pani - Fe (II)

Figura 28. Condutividade das amostras de Pani

Page 75: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

75

chegando até 5,4104 kΩ. As medidas de resistência variaram bastante, sem demonstrar

estabilidade no intervalo de tempo definido. As condutividades atingiram a ordem de 10-5

a 10-6 Scm-1. Portanto, apresentaram baixa condutividade, tal como descritos na

literatura (FAEZ et al., 2000).

Nas medidas da Pani-ES foram observadas resistências na ordem de Ω, entre

valores de 0,057 e 0,032 Ω. Observou-se, portanto a diminuição da resistência. Isto

significa que tendo baixa resistência, a Pani-ES tem alta condutividade, o que era

esperado segundo a literatura (MATTOSO, 1996; FAEZ et al., 2000; ZUEV, 2008).

Também não houve muita variação nos valores da resistividade, sendo observada uma

rápida estabilização em 0,032Ω e com facilidade de medidas. Isto comprova a alta

condutividade do material. A Pani-ES atingiu valores de condutividade da ordem de 103

Scm-1, o que está de acordo com a literatura (MATTOSO, 1996; Faez et al., 2000). Isto

comprova a alta condutividade desta forma da Pani.

Para a Pani-Fe(III) foram observadas resistências na ordem de Ω, e com

estabilidade mais constante em relação a Pani-ES. Não houve muita variação nas

medidas, sendo fácil de medir, pois a estabilidade foi maior. A condutividade variou

entre 3,3.103 e 5,6.103 S.cm-1, valores próximos e um pouco abaixo dos medidos para a

Pani-ES (Figura 31).

Para amostra Pani-Fe(II), foram observadas resistências na ordem de Ω, mas

com valores maiores em relação a Pani-ES e a Pani-Fe (III). Também manteve uma

estabilidade, mas com variação menor em relação às outras duas amostras, não

ocorrendo muita variação. As condutividades variaram de 3,9102 a 1,2103 S.cm-1,

atingido, portanto, valores menores que as outras duas amostras.

Segundo Mattoso (1996), estudos demonstraram que o máximo na

condutividade ocorre na forma 50% oxidada. E a reação de protonação ocorre

preferencialmente nos nitrogênios imínicos (quinóides). Portanto, a forma mais

condutora seria quando a protonção ocorre na forma quinóide (imina). A Pani-ES tem

cerca de 50% de sua cadeia protonada nos nitrogênios imínicos. O restante da cadeia

polimérica apresenta, portanto, preferencialmente nitrogênios na forma benzenóide

(amina), que seria a forma onde ocorre a menor condutividade da Pani. Sendo assim,

Page 76: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

76

quando os íons ferro foram adicionados, eles ocupariam preferencialmente os

nitrogênios amínicos (benzenóides) (GENOUD et al., 2000).

As condutividades das amostras sólidas de Pani-Fe(III) e Pani-Fe(II), foram

inferiores as da amostra Pani-ES. Estes resultados demonstram que os íons ferro,

ocuparam em sua maior parte os nitrogênios amínicos. Também podem existir íons ferro

em nitrogênios imínicos, tal como foi demonstrado nos espectros FTIR e Mössbauer.

Mas os testes de condutividade demonstraram que estes íons ocuparam em sua maior

parte os nitrogênios benzenóides. Portanto, para interação dos íons Fe(III) com a cadeia

polimérica, pode-se sugerir uma estrutura análoga a indicada por Genoud et al. (2000) e

Bienkowsk et al. (2005), e que está representada na figura 29.

Figura 29. Estrutura sugerida para Pani-Fe(III) (GENOUD et al., 2000 e BIENKOWSK et al. 2005).

A Figura 32 mostra os íons ferro ligados aos nitrogênios benzenóides e a

forma protonada com HCl nos nitrogênios quinóides. Esta provavelmente seria a forma

predominante da Pani-Fe(III), levando-se em conta as discussões dos espectros FTIR,

Mössbauer e condutividades das soluções. Vale ressaltar que, tal como mostrou o

Espectro Mössbauer, também existem íons Fe(III) em nitrogênios quinóides.

Para a amostra Pani-Fe(II), levando-se em conta apenas a interação dos íons

Fe(II), pode-se sugerir a estrutura mostrada na figura 30.

Page 77: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

77

Figura 30. Estrutura sugerida para Pani-Fe(II) (GENOUD et al., 2000 e BIENKOWSK et al. 2005).

Observa-se na Figura 30 que os íons Fe (II) estão interagindo com os

nitrogênios benzenóides e os nitrogênios quinóides estão protonados com HCl. Como

demonstrado pelo espectro Mössbauer, também pode haver íons Fe (III), mas que não

foram mostrados na estrutura acima. Vale ressaltar que, tal como mostrou o espectro

Mössbauer, também existem íons Fe(II) em nitrogênios quinóides. Portanto, houve a

formação de um complexo dos íons ferro com a cadeia polimérica.

Page 78: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

78

Capítulo 6 Conclusões e Sugestões Para Futuros Trabalhos 6.1 Conclusões

Neste trabalho, foi feita a síntese química da polianilina na forma Pani-ES e

acrescentados a sua cadeia polimérica os íons Fe(II) e Fe(III), com a intenção de

observar como pode ocorrer a interação destes íons com o polímero. Após o estudo e

análise de diversas técnicas de caracterização, podem-se chegar as seguintes

conclusões:

1) A reação de obtenção do polímero mostrou-se eficiente e fácil de ser

efetuada, obtendo-se um polímero condutor puro e com rendimento de 60,4%,

mostrando-se ser um método de síntese adequado para se obter o polímero.

2) As técnicas utilizadas na caracterização da Pani-ES mostraram resultados

com boa concordância com os dados da literatura, mostrando serem adequadas para

sua caracterização.

3) Os íons Fe(II) mostraram uma boa interação com a cadeia polimérica, que foi

comprovada com as técnicas de análise elementar, EDS, DRX, análise térmica e

Espectroscopia Mössbauer.

4) Os íons Fe(II) ocuparam preferencialmente os nitrogênios benzenóides

(amina) tal como descrito na literatura. Este resultado foi comprovado pelas técnicas de

espectroscopia no UV-VIS, FTIR, Espectroscopia Mössbauer e resistividade por

aplicação da pressão, pois não houve aumento na condutividade em relação à Pani-ES.

5) Os íons Fe(II) que interagiram com a cadeia polimérica não foram oxidados a

Fe(III), mas aqueles que foram oxidados, também interagiram com a cadeia polimérica.

6) Os íons Fe(III) não mostraram um boa interação com a cadeia polimérica, tal

como foi observado pelas técnicas de análise elementar, EDS, DRX, análise térmica e

Espectroscopia Mössbauer. A técnica de condutividade por aplicação de pressão

mostrou valores intermediários entre as condutividades da Pani-ES e Pani-Fe(II), que

mostra uma menor interação dos íons Fe(III) e a cadeia polimérica.

Page 79: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

79

7) Os poucos íons Fe(III) que interagiram com a cadeia polimérica também

ocuparam preferencialmente os nitrogênios benzenóides.

8) É possível a interação de íons Fe(II) e Fe(III) com a polianilina na forma sal

esmeraldina, formando um complexo e mantendo suas propriedades condutoras.

6.2 Sugestões Para Futuros Trabalhos

Após observar os resultados, algumas sugestões serão feitas, pois ainda é

necessário um entendimento mais amplo sobre a interação da Pani-ES com íons Fe(II) e

Fe(III).

1) Fazer a adição dos íons Fe (II) e Fe (III) em quantidades diferentes das

apresentadas neste trabalho. Estas quantidades podem ser tanto maiores

quanto menores que a relação massa / massa 1:1.

2) Medir-se a massa molar da Pani por outras técnicas, tais como osmometria e

cromatografia de permeabilidade em gel (GPC) (KOLLA et al., 2005).

3) Fazer as medidas da Espectroscopia Mössbauer a baixas temperaturas,

sendo sugerido 77 K (BIENKOWSKI, 2005).

4) Fazer medidas de suscetibilidade magnética para as amostras Pani-Fe (II) e

Pani-Fe(III), para um estudo mais detalhado das suas propredades

magnéticas.

5) Fazer medidas de analise termogravimétrica em atmosfera de oxigênio, para

a determinação quantitativa de ferro nas amostras,

6) Utilizar a técnica de absorção atômica para também determinar a quantidade

de ferro que realmente interagiu com a amostra. Também utilizar a técnica

para analisar a quantidade de ferro na água da lavagem na filtração após a

dopagem.

7) Utilizar o método eletroquímico para fazer a síntese e dopagem da Pani

Page 80: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

80

Referências Bibliográficas

ALCANTARA Jr., P., Espectroscopia Molecular – Física Moderna II, Universidade Federal do Pará, Centro de Ciências Exatas e Naturais, 2002, Disponível em http://www.ufpa.br/ccen/fisica/didatico/espectroscopia.pdf. Acessado em 03 de Janeiro de 2009 as 14h05min. ARROMBA, R.S., ARAÚJO, O.A., DE FREITAS, P.S. e DE PAOLI, M.A., Tratamento de Resíduos Gerados na Síntese da Polianilina em Escala Pré-Piloto, Química Nova, volume 26 n.6, 2003, 938-942. BIENKOWSKI, K., KULSZEWISCZ-BAJER, I., GENOUD, F., ODDOU, J.L., and PRON, A., Mixed Doping of Polyaniline With Iron (III) Chloride in The Presence of Hexfluoroacetylacetone: Chemical and Structural Consequences, Materials Chemistry and Physics 92 (2005) 27-32. BOZZOLA, JOHN J. and RUSSELL, LONNIE D., Electron Microscopy, 2a edição, Jones e Bartlett Publishers, Boston, 1992. BREDAS, J.L. and STRREET, G.B.; Polarons, Bipolarons and Solitons in Conducting Polymers, Accounting of Chemical Research (1985), 18, 309-315. BROZOVÁ, L., HOLLER, P., KOVÁROVÁ, J., STEJSKAL, J. and TRCHOVÁ, M., The Stability of Polyaniline in Strongly Alkaline or Acidic Aqueous Media, Polymer Degradation and Stability, 93 (2008) 592-600. CANEVALORO Jr. (org), Técnicas de Caracterização de Polímeros, Artliber Editora, São Carlos, 2007. CELZARD, A., MARÊCHÉ, J.F., PAYOT, F and FUDIN, G., Eletrical Conduductivity of Carbonaceus Powders, Carbon, v.40, 2801-2815, 2002. CHAO, D., CHEN, J., LU, X., CHEN, L., ZHANG, W. and WEI, Y., SEM Study of the Morphology of High Molecular Weight Polyaniline, Synthetic Metals, 150 (2005), 47-51. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente SP (CETESB). Disponível no site www.cetesb.sp.gov.br/energia/produtos/ ficha_completa. Acessado em 21 de outubro de 2008 as 9h50min. CULLITY, B.D., Elements of X-Ray Diffracction, Second Ediction, Addison- Wesley Publishing Company, Menlo Park, 1978. DE CASTRO, E.G., Híbridos Orgânicos/ Inorgânicos Formados Entre Polímeros Condutores e Géis de Polifosfato de Alumínio, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2004.

Page 81: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

81

DEVENDRAPPA, H.; RAO, U. V. S. e PRASAD, M. V. N. A., Study of DC Conductivity and Battery Application of Polyethylene Oxide/Polyaniline and Its Composites, Journal Power Sources 2006 (155), 368-374. FAEZ, R., REIS, C., SCANDIUCCI DE FREITAS. P., KOSIMA, O.K., RUGGERI, G., e DE PAOLI, M.A., Polímeros Condutores, Química Nova na Escola, n.11, Maio de 2000, p. 13-18. FORNAZIER FILHO, Y., SILVA FILHO, E.A. e NUNES FILHO, E., Polianilina Dopada com Sais de Ferro Caracterizada Por Calorimetria e Espectroscopia no Infravermelho, Livro de Resumos, 31a Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2008. GENOUD, F., C., BEDEL, A., ODDOU, J.L., JEANDEY, C. and PRON, A., Lewis acid doped polyaniline. Part II: Spectroscopic Studies of Esmeraldine Base and Esmeraldine Hydrochloride Complexation With FeCl3, Materials Chemistry and Physics 12 (2000) 744-749.

GIROTTO, E. M. e SANTOS, I.A., Medidas de Resistividade Elétrica DC em Sólidos: Como Efetua-las Corretamente, Química Nova, vol. 25, n. 4, 639-647, 2002. GOLDSTEIN, J.I., Scanning Electron Microscopy and X-Ray Microscopy – A Textbook for Biologist, Materials Cientists and Geologists, Plenium Press, New York, 1992. GONSER, U., Topic in Applied Phisics: Mössbauer Spectroscopy, Springer-Verlag, New York, 1975. GREENWOOD, N.N. and GIBB, T.C., Mössbauer Spectroscopy, Ed. Chapman and Hall Ltda, London, 1971. GOSK, J.B., KULSZEWISCZ-BAJER, I. e TWARDOWSKI. A., Magnetic Properties of Polyaniline Doped With FeCl3, Syntethic Metals 156 (2006) 773-778. HALLIDAY, D. e RESNICK, R., Fundamentos de Física, vol. 3, 3

a LTC Editora, Rio de

Janeiro, 1994. HARDAKER, S.S e GREGORY, R.V, Polyaniline, Polimer Data Handbook, Oxford University Press, 1999. HUANG, W.S., HUMPHREY, B.D. e MacDIARMID, A.G, Polyaniliine: a Novel Conducting Polymer – Morphology and Chemistry of Its Oxidation and Reduction Aqueors Electrlytes, Journal Chemical Societaty Faraday Transitions I (1986), 82, 2385.

Page 82: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

82

IZUMI, C.M.S., CONSTANTINO, V.R.L., FERREIRA, A.M.C. e TEMPERINI, M.L.A., Spectroscopic Characterization of Polyaniline Doped With Transition Metal Salts, Synthetic Metals 156 (2006) 654-663. IZUMI, C.M.S, FERREIRA, A.M.C., CONSTANTINO, V.R.L. e TEMPERINI, M.L.A., Studies on the Interaction of Esmeraldine Base With Cu(II), Fe(III) and Zn(II) Ions in Solutions and Films, Macromolecules (2007), 40, 3204-3212. KANG, E.T., NEOH, K.G. e TAN, K.L., Polyaniline: A Polyner With Many Interesting Intrinsic Redox States, Progress in Polymer Science, vol.23, 277-324, 1998. KOLLA, H.S., SURWADE, S.P., ZHANG, X., MacDIARMID, A.G. e MANOHAR, S.K., Absolute Molecular Weight of Polyanillyne, Journal of the American Chemical Society, 2005, 127 (48), 16770-16771. KULSZEWISCZ-BAJER, I., PRON, A., ABRAMOWICZ, J., JEANDEY, C., ODDOU, J.L. E SOBCZAK, J.W., Lewis Acid Doped Polyaniline: Preparation and Spectroscopic Characterization, Materials Chemistry and Physics 11 (1999) 552-556. KULSZEWISCZ-BAJER, I. SUWALSKI, J., Mössbauer Spectroscopic Studies of Polyaniline Doped With FeCl3, Synthetic Metals, 119 (2001) 343-344. LEE, J.D., Química Inorgânica – Um Novo Texto Conciso, Editora Edgard Blücher, São Paulo, 1980. LELIS, M.F.F., Ferritas Dopadas com Níquel ou Cobalto: Síntese, Caracterização e Ação Catalítica na Oxidação do Monóxido de Carbono, Tese de Doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, 2003. LUCAS, E.F., SOARES, B.G. e MONTEIRO, Caracterização de Polímeros – Determinação de Peso Molecular e Análise Térmica, E-Papers, Rio de Janeiro, 2001. MacDIARMID, A.G. e EPSTEIN, A.J., Secondary Doping in Polyaniline, Synthetic Metals, 69 (1995) 85-92. MARINHO, J.R.D., Macromoléculas e Polímeros, Ed. Manole, Barueri, 2005. MATTOSO, L.H.C., Polianilinas: Síntese, Estruturas e Propriedades, Química Nova, v.19, n.4, p.388-399, 1996. McCAMMON, C., Mössbauer Spectroscopy of Minerals, Mineral Physics and Crystallography, 10 (1995) 332-346. MIQUELINO, F.L.C., Comportamento Fotoeletroquímico da Polianilina, Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 1991.

Page 83: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

83

NASCIMENTO, V.P., Estudo das Propriedades Estruturais e Magnéticas de Ligas de Nanocristais Fe2Co e (Fe2Co)0,30Cu0,70 Obtidos por Moagem de Altas Energias, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, 2000. NASCIMENTO, G.M., KOBATA, P.Y.G, MILLEN, R.P. e TEMPERINI, M.L.A., Raman, Dispersion in Polyaniline Base Forms, Synthetic Metals, 157 (2007) 247-251. NIEMANTSVERDRIET, J.W., Spectroscopy in Catalysis: An Introduction VHC, Germany, 1995, 116-124. NOGUEIRA, A. F., Introdução aos Polímeros Condutores, Instituto de Química, (UNICAMP). Disponível no site http://lnes.iqm.unicamp.br/aula3.ppt. Acessado em 28 de dezembro de 2008 às 15h30min. PALMER, D.J., WONG, R. Y. e LEE, K.S., The Cristal Structure of Ferric Ammonium Sulfate Thihydrate, Acta Crystallographic, 28, 1972, 236-241. PANREAC QUÍMICA. Disponível em www.panreac.com/new/esp/fds. Acessado em 28 de Outubro de 2008 às 12h40min. PIELICHOWSKI, K., PIELICHOWSKI, J., IQBAL, J. e GURTAT, P., Polyaniline-based Catalysts Characterzed by Dinamic DSC, Applied Catalysis A: General 161 (1997) 25-28. PINTO, M. R., Viscosidade de Soluções Diluídas de Polímeros, Departamento de Físico-Química, Instituto de Química da Unicamp. Disponível em http:// iqm.unicamp.br/~wloh/cursos/qf732/viscosidade1.pdf, Acessado em 18 de Julho de 2008 as 10h00min. PRATT, C.; Conducting Polymers. 22/02/1996. Disponível em: http://homepage.ntlworld.com/colin.pratt/cpoly.pdf. Acesso em 25 de Novembro de 2008. REODER, J., Obtenção e Avaliação das Propriedades Físico-Químicas de Membranas Poliméricas SPEEK/ PANI de Condução Mista para Aplicação na Interface Membrana / Eletrodo em Células em Células Combustíveis, Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. SANTOS, W, R., Formação de Fases Amorfas e Nanocristalinas Induzidas por Síntese Mecânicas em Ligas de ErFe2, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, 2000. SHÁNCHEZ-GONZÁLEZ, J., Eletrical Conductivity of Carbon Blacks Under Comperssion, Carbon, v. 43, 741-747, 2005.

Page 84: SÍNTESE, DOPAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLIANILINA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4645/1/tese_3511_YONIS FORNAZIER... · Térmica (TG e DSC), e medidas de condutividade das

84

SILVA. K.F.F., Imobilização de Horseradish Peroxidase em Diferentes Polianilinas: Aplicações Analíticas, Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 2000. SILVERSTEIN, R.M., WEBSTER, F.X. e KIEMLE, D.J.; Identificação Espectroscópica de Compostos Orgânicos, 7

a edição, Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de

Janeiro, 2007. SKOOG, D.A., HOLLER, F.J. e NIEMAN, T.A., Princípios de Análise Instrumental, 5a edição, Bookman, Porto Alegre, 2002. SOLOMONS, T.W.G., Química Orgânica – vol. 1, LTC Editora, Rio de Janeiro, 1991. TREVISAN, M.G., Aplicações de Métodos Quimiométricos de Ordem Superior e Flourescência Molecular na Análise em Matrizes Biológicas, Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 2003. TROYANOV, S.I., Cristal Structure of FeCl3 Polytyped Modifications, Zhurnal Noerganicheskoi Khimii (1993), 38, 1946-49. VETENSKAPSADEMIEN, K.; The Nobel Prize in Chemistry: Conductive Polymers. The Royal Swedish Academy of Sciences, Sweden, 2000.

YANG, D., ADAMS, P.N. and MATTES, B.N., Intrinsic Viscosity Measurement of Dilute Esmeraldine Base Solutions for Estimating the Weight Average Molecular Weight of Polyaniline, Synthetic Metals 119 (2001) 301-302. ZENGIN, H., SPENCER, H.G., ZENGIN, G. e GREGORY, R., Studies of Solution Properties of Polyaniline by Membrane Osmometry, Synthetic Metals 157 (2007) 147-154. ZOPPEI, R.T., Polianilina: Síntese, Filmes, Dopagem e Condução DC, Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, 1999. ZOPPI, R.A. e DE PAOLI, M.A., Aplicações Tecnológicas de Polímeros Intrinsecamente Condutores: Perspectivas Atuais, Química Nova 16 (6) 1993, p.560-569. ZUCOLOTTO Jr., C.G., Geração de Hidrogênio e Negro de Fumo Pela Pirólise do Gás Natural Utilizando Uma Tocha de Plasma, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, 2006. ZUEV, V.V, Synthesis of Polyanilines With Pendant Fluorescent Units, Journal of Polymer Research, (2008) 15, 351-356.