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Instituto Politécnico de Setúbal – Escola Superior de Educação de Setúbal Licenciatura em Educação Básica, 3ºAno, Turma B
UC: Introdução à Didáctica do Português Docente: Helena Camacho
2009/2010
Trabalho realizado por: Susana Gonçalves
Nº 070142027
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“Por ter descoberto o mundo através da linguagem, pensei durante muito tempo,
que a linguagem era o mundo”.
Jean Paul Sartre
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No decurso do primeiro módulo da unidade curricular Introdução à Didáctica do
Português, foram abordados diversos conceitos e competências sobre uma grande
temática, designadamente, a temática da Didáctica das Línguas: alguns conceitos
básicos.
O presente documento apresentará uma breve síntese sobre os conteúdos e os
conceitos abordados na temática referida anteriormente.
Na temática abordada (Didáctica das Línguas: alguns conceitos básicos) foram
referidos diversos conceitos, nomeadamente, os conceitos de língua natural (é
aprendida como língua materna, sendo uma manifestação espontânea da capacidade
de linguagem e não é criada pelo homem), de língua artificial (é arquitectada por uma
pessoa ou por um pequeno grupo de pessoas num curto espaço de tempo, não sendo
desenvolvida espontaneamente), de faculdade da linguagem (mecanismo universal
que permite compreender e construir, através de sons e de um conhecimento
gramatical implícito, uma infinidade de expressões linguísticas), de universais
linguísticos (conjunto de sons que podem ser utilizados pelas línguas naturais), de
aquisição da linguagem (processo comum a todas as crianças, qualquer que seja a
língua que estas ouvem falar ao seu redor. É considerada um processo gradual, ou
seja, progride do estado inicial do conhecimento linguístico até à mestria adulta), entre
outros.
Relativamente à aquisição da linguagem, o ser humano possui um órgão com
características fundamentais que contribui para a aquisição e desenvolvimento da
linguagem, o cérebro. Este encontra-se dividido em dois hemisférios: o hemisfério
esquerdo, que é responsável pela linguagem verbal e o hemisfério direito, que é
responsável pelo processamento da informação não-verbal e pela avaliação do espaço.
Existem três principais teorias que foram o motor seminal das inúmeras investigações
sobre a aquisição da linguagem, nomeadamente, a Teoria Behaviorista, a Teoria
Inatista e a Teoria Construtivista.
A perspectiva behaviorista tinha como método a aprendizagem, caracterizando o
desenvolvimento da linguagem como o resultado de um conjunto sistematizado de
aprendizagens. Desta forma, para vários seguidores desta perspectiva, a criança
possuía capacidades de aprendizagem não especifica e, essas competências eram
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consideradas por um comportamento de cariz verbal. Esse comportamento era
modelado e reforçado pelos adultos que privavam com a criança, acabando esta por
imitá-los.
A perspectiva inatista defendia que o desenvolvimento da linguagem consistia na
materialização da aquisição da gramática da língua, sendo esta conseguida pela
capacidade inata e pela existência de mecanismos específicos presentes na mente da
criança.
A perspectiva construtivista era uma perspectiva que abrangia os conceitos das
anteriores perspectivas abordadas, complementando-as. Assim sendo, para os
seguidores desta perspectiva, a criança nascia com determinadas capacidades
específicas e, através da interacção com o meio, acabaria por desenvolve-las mais
pormenorizadamente, ou seja, a capacidade inata e a interacção com o meio
desenvolvem a capacidade de aquisição da linguagem.
O processo de aquisição da linguagem é estimulado através de diversos factores,
nomeadamente, através do afecto, da relação com o outro, da interacção, do género,
do maternalês, dos Media / TIC, entre outros.
Neste contexto surge três conceitos fundamentais interligados: linguagem, que é um
conjunto complexo de processos que torna possível a aquisição e o emprego concreto
de uma língua, servindo como meio de comunicação entre os indivíduos. Assim sendo,
esta é um meio de expressão de sentimentos e pensamentos e permite interpretar,
organizar e associar os elementos e as coisas descobertas pelos sentidos; língua, que é
o sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos; fala, a concretização das
possibilidades que a língua oferece. Todavia, aparecem dois outros conceitos
importantes, nomeadamente, o discurso, que é considerado a língua no acto, ou seja,
na execução individual; e o sociolinguista, que é o ramo da linguística que estuda a
língua como fenómeno social e cultural.
No que refere à linguagem, esta desempenha diferentes funções: função informativa
ou referencial, função emotiva ou expressiva, função apelativa, função prática,
função metalinguística e função poética. Além disso, pode ser desempenhada a vários
níveis: corrente, familiar, popular e cuidada.
A língua é estudada através de dois processos: diacrónico, em que as diferentes
escritas são comparadas ao longo do tempo, e sincrónico, que analisa o sistema
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linguístico português dentro de cada época. Esta é considerada um processo constante
de evolução, apresentando variações linguísticas, como variação diatópica, diferentes
usos de uma língua a nível regional; variação diastrática, que é a variação que colide
com normas restritas; variação diafásica, que se relaciona directamente com os
registos de língua; variação diacrónica, que ocorre nas línguas ao longo do tempo e é
notória de geração para geração.
Outro facto crucial abordado nesta temática foi a importância da Língua Portuguesa
em contexto escolar, em que o Português deve ser um meio de comunicação e
socialização; um objecto de estudo por parte dos indivíduos; um instrumento de
aprendizagem de outras áreas presentes no currículo.
É crucial salientar a importância da formação de professores de Língua Portuguesa e a
importância do Professor neste processo, pois, este deverá interessar-se pelo uso
correcto e adequado da Língua Portuguesa por parte dos seus alunos.
Relativamente ao conceito de didáctica abordado nesta temática, é essencial referir
que a didáctica apoia-se no diálogo entre os acontecimentos de sala de aula e dos
sujeitos que os vivem, bem como da investigação dos actos educativos.
Existem três tipos de didáctica, nomeadamente, a didáctica instrumental (tendência
normativa prescritiva; área de desenvolvimento de instrumentos e práticas ao serviço
da formação de professores), a didáctica específica (dinâmica e confiante; sequência
de um esforço de autonomização da didáctica; especificidade de uma determinada
língua; o professor é reflexivo, investigador; defende o diálogo entre professor e aluno)
e a didáctica do plurilinguismo (“globalização, acessibilidade à informação ao
conhecimento, complexidade do saber, multiculturalidade e cidadania; deixa de se
entender apenas como de sala de aula para ser uma didáctica de recursos” Andrade e
Araújo e Sá, 2001). Desta forma, a didáctica do plurilinguismo acentua as origens
comuns no ensino-aprendizagem das línguas, aproximando-as entre si e de outros
meios, enaltecendo a centralidade e o domínio da língua materna neste procedimento.
No que refere à didáctica do Português, esta valoriza a diversidade linguística e
cultural, fortalecendo, através do papel dos media e dos hipermédia, a comunicação
pluricultural, bem como defende uma educação linguístico-comunicativa, que
originará, assim, a intercompreensão entre os povos. Por isso, é crucial reflectir sobre
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esta didáctica, perceber as suas particularidades e alcançar as diferentes vertentes em
que se encontra organizada.
Um subtema abordado nesta temática é as competências. O conceito de competência
tem uma pluralidade de definições. Desta forma, poderemos considerar que
competência, como define Ferraz (2007:28): é “Dominar saberes, saber-fazer, saber-
ser, saber tornar-se, eis as condições necessárias para se ser competente”.
Existem diversos tipos de competência, designadamente, a competência comunicativa
(aptidão de um indivíduo para comportar-se de modo eficaz e apropriado numa
determinada comunidade linguística, respeitando um conjunto de regras gramaticais,
assim como as regras de uso da língua, relacionadas com o contexto socio-cultural em
que ocorre a comunicação; aptidão de formular enunciados gramaticalmente
correctos e socialmente apropriados. Concludentemente, é ser capaz de usar a língua
para produzir enunciados moldados às diversas situações do quotidiano, de acordo
com as intenções, estatutos ou papéis sociais assumidos pelo indivíduo), linguística
(inclui saberes e capacidades lexicais, morfológicas, fonológicas e sintáctica; conhecer
e possuir estratégias de leitura; conhecimento implícito ou consciente da própria
língua. Desta forma, é crucial que o contexto pedagógico da sala de aula implemente
estratégias e utilize metodologias favorecedoras do desenvolvimento linguístico do
público-alvo presente nesse contexto), sociolinguística (sensível às convenções sociais;
conhecimento das doutrinas socioculturais que disciplinam o comportamento
comunicativo nos diferentes campos do uso linguístico; capacidade de adaptação das
pessoas às características do contexto e à condição de comunicação), pragmática
(noção das formas linguísticas mais eficientes para alcançar as suas intenções
comunicativas; escolha dos actos de fala mais apropriados aos acontecimentos
existentes), plurilingue e pluri ou intercultural (esta competência opõe-se à
competência monolingue e provém do contacto de línguas e culturas. Desta forma, o
falante de várias línguas gere as divisas entre elas e demonstra capacidade de mediar e
de suceder de um contexto (linguístico e cultural) para outro).
Além das competências apresentadas, existem outras que favorecem as competências
comunicativas, nomeadamente, a competência estratégica (eficácia comunicativa;
aptidão para organizar a interacção), literária (competência de produção e apreensão
de textos literários), semiológica (saberes, habilidades e posturas na análise de
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utilização e formas iconoverbais dos métodos de comunicação e de publicidade),
textual ou discursiva (aptidão de produção e percepção de diversos modelos de
textos), referencial (noção dos domínios de experiência e dos objectos do mundo e as
suas conexões) e de aprendizagem (“saber como ou estar disposto a conhecer o
outro”).
As competências referidas são essenciais na formação de um professor ou de um
indivíduo, tornando-os seres proficientes em diversos contextos do seu quotidiano.
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Bibliografia
SIM-SIM, Inês (1998), O Desenvolvimento da Linguagem, Lisboa: Universidade
Aberta;
MATEUS, Maria Helena Mira; Villalva, Alina, O essencial sobre a linguística –
Editora Caminho, SA, Lisboa – 2006;
DUARTE, Inês (2001). “A formação em Língua Portuguesa na dupla perspectiva
do formando como utilizador e como futuro docente da língua materna”. pp. 27-34;
DUARTE, Inês; Língua Portuguesa – Instrumentos de análise…
CARDEANO, Natércia; Pinto, Ana Luísa; Rodrigues, Amélia, Evolução da
comunicação Linguística, Língua Portuguesa: estrutura e comunicação - Didáctica da
Gramática;