síntese do 1ºmódulo

8
Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação de Setúbal Licenciatura em Educação Básica, 3ºAno, Turma B UC: Introdução à Didáctica do Português Docente: Helena Camacho 2009/2010 Trabalho realizado por: Susana Gonçalves Nº 070142027

Upload: susana-goncalves

Post on 10-Mar-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

síntese do 1ºmódulo

TRANSCRIPT

Page 1: Síntese do 1ºmódulo

Instituto Politécnico de Setúbal – Escola Superior de Educação de Setúbal Licenciatura em Educação Básica, 3ºAno, Turma B

UC: Introdução à Didáctica do Português Docente: Helena Camacho

2009/2010

Trabalho realizado por: Susana Gonçalves

Nº 070142027

Page 2: Síntese do 1ºmódulo

2

“Por ter descoberto o mundo através da linguagem, pensei durante muito tempo,

que a linguagem era o mundo”.

Jean Paul Sartre

Page 3: Síntese do 1ºmódulo

3

No decurso do primeiro módulo da unidade curricular Introdução à Didáctica do

Português, foram abordados diversos conceitos e competências sobre uma grande

temática, designadamente, a temática da Didáctica das Línguas: alguns conceitos

básicos.

O presente documento apresentará uma breve síntese sobre os conteúdos e os

conceitos abordados na temática referida anteriormente.

Na temática abordada (Didáctica das Línguas: alguns conceitos básicos) foram

referidos diversos conceitos, nomeadamente, os conceitos de língua natural (é

aprendida como língua materna, sendo uma manifestação espontânea da capacidade

de linguagem e não é criada pelo homem), de língua artificial (é arquitectada por uma

pessoa ou por um pequeno grupo de pessoas num curto espaço de tempo, não sendo

desenvolvida espontaneamente), de faculdade da linguagem (mecanismo universal

que permite compreender e construir, através de sons e de um conhecimento

gramatical implícito, uma infinidade de expressões linguísticas), de universais

linguísticos (conjunto de sons que podem ser utilizados pelas línguas naturais), de

aquisição da linguagem (processo comum a todas as crianças, qualquer que seja a

língua que estas ouvem falar ao seu redor. É considerada um processo gradual, ou

seja, progride do estado inicial do conhecimento linguístico até à mestria adulta), entre

outros.

Relativamente à aquisição da linguagem, o ser humano possui um órgão com

características fundamentais que contribui para a aquisição e desenvolvimento da

linguagem, o cérebro. Este encontra-se dividido em dois hemisférios: o hemisfério

esquerdo, que é responsável pela linguagem verbal e o hemisfério direito, que é

responsável pelo processamento da informação não-verbal e pela avaliação do espaço.

Existem três principais teorias que foram o motor seminal das inúmeras investigações

sobre a aquisição da linguagem, nomeadamente, a Teoria Behaviorista, a Teoria

Inatista e a Teoria Construtivista.

A perspectiva behaviorista tinha como método a aprendizagem, caracterizando o

desenvolvimento da linguagem como o resultado de um conjunto sistematizado de

aprendizagens. Desta forma, para vários seguidores desta perspectiva, a criança

possuía capacidades de aprendizagem não especifica e, essas competências eram

Page 4: Síntese do 1ºmódulo

4

consideradas por um comportamento de cariz verbal. Esse comportamento era

modelado e reforçado pelos adultos que privavam com a criança, acabando esta por

imitá-los.

A perspectiva inatista defendia que o desenvolvimento da linguagem consistia na

materialização da aquisição da gramática da língua, sendo esta conseguida pela

capacidade inata e pela existência de mecanismos específicos presentes na mente da

criança.

A perspectiva construtivista era uma perspectiva que abrangia os conceitos das

anteriores perspectivas abordadas, complementando-as. Assim sendo, para os

seguidores desta perspectiva, a criança nascia com determinadas capacidades

específicas e, através da interacção com o meio, acabaria por desenvolve-las mais

pormenorizadamente, ou seja, a capacidade inata e a interacção com o meio

desenvolvem a capacidade de aquisição da linguagem.

O processo de aquisição da linguagem é estimulado através de diversos factores,

nomeadamente, através do afecto, da relação com o outro, da interacção, do género,

do maternalês, dos Media / TIC, entre outros.

Neste contexto surge três conceitos fundamentais interligados: linguagem, que é um

conjunto complexo de processos que torna possível a aquisição e o emprego concreto

de uma língua, servindo como meio de comunicação entre os indivíduos. Assim sendo,

esta é um meio de expressão de sentimentos e pensamentos e permite interpretar,

organizar e associar os elementos e as coisas descobertas pelos sentidos; língua, que é

o sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos; fala, a concretização das

possibilidades que a língua oferece. Todavia, aparecem dois outros conceitos

importantes, nomeadamente, o discurso, que é considerado a língua no acto, ou seja,

na execução individual; e o sociolinguista, que é o ramo da linguística que estuda a

língua como fenómeno social e cultural.

No que refere à linguagem, esta desempenha diferentes funções: função informativa

ou referencial, função emotiva ou expressiva, função apelativa, função prática,

função metalinguística e função poética. Além disso, pode ser desempenhada a vários

níveis: corrente, familiar, popular e cuidada.

A língua é estudada através de dois processos: diacrónico, em que as diferentes

escritas são comparadas ao longo do tempo, e sincrónico, que analisa o sistema

Page 5: Síntese do 1ºmódulo

5

linguístico português dentro de cada época. Esta é considerada um processo constante

de evolução, apresentando variações linguísticas, como variação diatópica, diferentes

usos de uma língua a nível regional; variação diastrática, que é a variação que colide

com normas restritas; variação diafásica, que se relaciona directamente com os

registos de língua; variação diacrónica, que ocorre nas línguas ao longo do tempo e é

notória de geração para geração.

Outro facto crucial abordado nesta temática foi a importância da Língua Portuguesa

em contexto escolar, em que o Português deve ser um meio de comunicação e

socialização; um objecto de estudo por parte dos indivíduos; um instrumento de

aprendizagem de outras áreas presentes no currículo.

É crucial salientar a importância da formação de professores de Língua Portuguesa e a

importância do Professor neste processo, pois, este deverá interessar-se pelo uso

correcto e adequado da Língua Portuguesa por parte dos seus alunos.

Relativamente ao conceito de didáctica abordado nesta temática, é essencial referir

que a didáctica apoia-se no diálogo entre os acontecimentos de sala de aula e dos

sujeitos que os vivem, bem como da investigação dos actos educativos.

Existem três tipos de didáctica, nomeadamente, a didáctica instrumental (tendência

normativa prescritiva; área de desenvolvimento de instrumentos e práticas ao serviço

da formação de professores), a didáctica específica (dinâmica e confiante; sequência

de um esforço de autonomização da didáctica; especificidade de uma determinada

língua; o professor é reflexivo, investigador; defende o diálogo entre professor e aluno)

e a didáctica do plurilinguismo (“globalização, acessibilidade à informação ao

conhecimento, complexidade do saber, multiculturalidade e cidadania; deixa de se

entender apenas como de sala de aula para ser uma didáctica de recursos” Andrade e

Araújo e Sá, 2001). Desta forma, a didáctica do plurilinguismo acentua as origens

comuns no ensino-aprendizagem das línguas, aproximando-as entre si e de outros

meios, enaltecendo a centralidade e o domínio da língua materna neste procedimento.

No que refere à didáctica do Português, esta valoriza a diversidade linguística e

cultural, fortalecendo, através do papel dos media e dos hipermédia, a comunicação

pluricultural, bem como defende uma educação linguístico-comunicativa, que

originará, assim, a intercompreensão entre os povos. Por isso, é crucial reflectir sobre

Page 6: Síntese do 1ºmódulo

6

esta didáctica, perceber as suas particularidades e alcançar as diferentes vertentes em

que se encontra organizada.

Um subtema abordado nesta temática é as competências. O conceito de competência

tem uma pluralidade de definições. Desta forma, poderemos considerar que

competência, como define Ferraz (2007:28): é “Dominar saberes, saber-fazer, saber-

ser, saber tornar-se, eis as condições necessárias para se ser competente”.

Existem diversos tipos de competência, designadamente, a competência comunicativa

(aptidão de um indivíduo para comportar-se de modo eficaz e apropriado numa

determinada comunidade linguística, respeitando um conjunto de regras gramaticais,

assim como as regras de uso da língua, relacionadas com o contexto socio-cultural em

que ocorre a comunicação; aptidão de formular enunciados gramaticalmente

correctos e socialmente apropriados. Concludentemente, é ser capaz de usar a língua

para produzir enunciados moldados às diversas situações do quotidiano, de acordo

com as intenções, estatutos ou papéis sociais assumidos pelo indivíduo), linguística

(inclui saberes e capacidades lexicais, morfológicas, fonológicas e sintáctica; conhecer

e possuir estratégias de leitura; conhecimento implícito ou consciente da própria

língua. Desta forma, é crucial que o contexto pedagógico da sala de aula implemente

estratégias e utilize metodologias favorecedoras do desenvolvimento linguístico do

público-alvo presente nesse contexto), sociolinguística (sensível às convenções sociais;

conhecimento das doutrinas socioculturais que disciplinam o comportamento

comunicativo nos diferentes campos do uso linguístico; capacidade de adaptação das

pessoas às características do contexto e à condição de comunicação), pragmática

(noção das formas linguísticas mais eficientes para alcançar as suas intenções

comunicativas; escolha dos actos de fala mais apropriados aos acontecimentos

existentes), plurilingue e pluri ou intercultural (esta competência opõe-se à

competência monolingue e provém do contacto de línguas e culturas. Desta forma, o

falante de várias línguas gere as divisas entre elas e demonstra capacidade de mediar e

de suceder de um contexto (linguístico e cultural) para outro).

Além das competências apresentadas, existem outras que favorecem as competências

comunicativas, nomeadamente, a competência estratégica (eficácia comunicativa;

aptidão para organizar a interacção), literária (competência de produção e apreensão

de textos literários), semiológica (saberes, habilidades e posturas na análise de

Page 7: Síntese do 1ºmódulo

7

utilização e formas iconoverbais dos métodos de comunicação e de publicidade),

textual ou discursiva (aptidão de produção e percepção de diversos modelos de

textos), referencial (noção dos domínios de experiência e dos objectos do mundo e as

suas conexões) e de aprendizagem (“saber como ou estar disposto a conhecer o

outro”).

As competências referidas são essenciais na formação de um professor ou de um

indivíduo, tornando-os seres proficientes em diversos contextos do seu quotidiano.

Page 8: Síntese do 1ºmódulo

8

Bibliografia

SIM-SIM, Inês (1998), O Desenvolvimento da Linguagem, Lisboa: Universidade

Aberta;

MATEUS, Maria Helena Mira; Villalva, Alina, O essencial sobre a linguística –

Editora Caminho, SA, Lisboa – 2006;

DUARTE, Inês (2001). “A formação em Língua Portuguesa na dupla perspectiva

do formando como utilizador e como futuro docente da língua materna”. pp. 27-34;

DUARTE, Inês; Língua Portuguesa – Instrumentos de análise…

CARDEANO, Natércia; Pinto, Ana Luísa; Rodrigues, Amélia, Evolução da

comunicação Linguística, Língua Portuguesa: estrutura e comunicação - Didáctica da

Gramática;