síntese crítica dos decretos 2208 97 e 5154 04 alcemir campelo

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 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICO DISPESP ALCEMIR CORDEIRO CAMPELO SÍNTESE CRÍTICA DOS DECRETOS 2.208/97 E 5.154/4 MANAUS 2007 Síntese Crítica solicitado pela disciplina Políticas Educacionais e Legislação da Educacional Profissional e Tecnológica do curso de Docência em Educação Profissionalizante e Tecnológica da CEFET

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  • 5/26/2018 Sntese Crtica Dos Decretos 2208 97 e 5154 04 Alcemir Campelo

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    CENTRO FEDERAL DE EDUCAO TECNOLGICO

    DISPESP

    ALCEMIR CORDEIRO CAMPELO

    SNTESE CRTICA DOS DECRETOS 2.208/97 E 5.154/4

    MANAUS

    2007

    Sntese Crtica solicitado pela disciplina PolticasEducacionais e Legislao da EducacionalProfissional e Tecnolgica do curso de Docnciaem Educao Profissionalizante e Tecnolgica daCEFET

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    SNTESE CRTICA DOS DECRETOS 2.208/97 E 5.154/4

    Alcemir Cordeiro Campelo1

    RESUMO

    Esta sntese compreende o significado dos decretos 2.208/97 do Governo FHC e 5.154/04 do

    Governo Lula e seus impactos na Educao Profissional e Tecnologia do Brasil, buscando o

    embasamento terico no livro Polticas para o Ensino Profissional de Maria Auxiliadora M. Oliveira e

    do texto O Ensino Profissional do Governo: um percurso controvertido dos autores Gaudncio

    Frigotto, Maria Ciavatta e Marise Ramos.

    PALAVRAS-CHAVES: educao, profissional, tecnologia.

    Sntese

    A atual ordem mundial rene alguns blocos econmicos que no decorrer do

    tempo conseguiram acumular as riquezas produzidas pela humanidade constituindo-

    se em verdadeiros imprios econmicos cujo poder ultrapassa as fronteirasinternacionais impondo costumes, culturas, tecnologias, tendncias, modas, emfim,

    a prpria maneira de viver dos indivduos.

    O mundo do trabalho no escapa desta regra: o processo produtivo est a

    servio destes blocos econmicos. Particularmente, permita-me a incluir nesta

    anlise a minha prpria experincia: estou engajado (segundo o grupo sou

    classificado de colaborador) em uma fbrica multinacional onde se impe costumes

    e valores que priorizam o processo produtivo moldado nos padres internacionaislucro, lucro, lucro... em favor da prpria organizao (os objetivos e metas impostos

    pela matriz). Frigotto expressa esta concentrao de poder como um poder que

    engloba a riqueza, a cincia e a tecnologia de ponta de uma forma avassaladora e

    sem procedente, e Martin & Schumann sintetiza esta tendncia com a idia

    metafrica de sociedade 20 por 80, isto quer dizer que, 80 por cento dos indivduos

    produzem as riquezas e somente 20% usufrui. Em minha opinio esta estatstica

    um tanto otimista.1Graduado em engenharia mecnica pelo Instituto de Tecnologia da Amaznia, aluno de ps-graduao do

    curso Docncia do Ensino Profissionalizante e Tecnolgico do Centro Federal Tecnolgico do Amazonas.

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    No se pode negar que de certo modo, as polticas dos pases perifricos

    recebam influncias dos interesses destes grupos monopolistas e das polticas

    pretencionistas dos paises centrais.

    A histria comprova que, desde o imprio, no Brasil, houve um favoritismo

    das classes sociais mais abastadas em detrimento das classes populares, as

    primeiras sempre foi assegurado o acesso educao propedutica e de cunho

    geral voltadas para o prosseguimento dos estudos e aquisio de status e poder.

    grande maioria restara a educao menos privilegiada, marcada pela dicotomia

    entre trabalho manual e intelectual. Neste panorama se desenrola a poltica que os

    governos adotaram em relao ao ensino profissional.

    Das vrias leis que foram elaboradas para dar diretriz e base para educaobrasileira, no houve interesse em relao educao profissional. As

    consideraes sempre suprfluas e inscipientes, evidenciando a omisso das

    autoridades em relao ao tema.

    A nossa LDB comprova isto, pois foram dedicados somente quatros artigos

    do captulo III e o artigo 39 onde se encontra referncia da educao tecnologia

    bsica, alm da explcita desvinculao entre a educao profissional e o Sistema

    Educacional Nacional.Segundo Oliveira (2003), antes da aprovao da nova LDB, em setembro de

    1995 foi aprovado o documento Construindo o projeto poltico-pedaggico das

    Escolas Tcnicas Federais e dos Cefets, cuja elaborao teve a participao

    consistente de pesquisadores e educadores brasileiros, trabalho fundamentado na

    contemplao de uma viso ampla de currculo, englobando o ensino, a pesquisa e

    a extenso. O currculo contemplava a formao profissional integrada ao sujeito

    histrico-tico e a cidadania.Ser que tal documento foi aceito pelas autoridades? A resposta foi a

    aprovao do PL n. 1.603/96, o qual foi gestado em um curto espao de tempo, no

    levando em considerao ao trabalho mencionado acima. Oliveira relata:

    Em relao aos Cefets, a divulgao do PL n. 1.603/96 trouxe grandeperplexidade, pois contrariava toda a concepo de educao tecnolgica,todo o ethosda instituio, toda a tradio de educao de qualidade quevinha caracterizando o ensino das instituies em apreo. (p. 53)

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    Com a vigncia da LDB de 96, sai de cena o PL n. 1603/96. O artigo 40 da

    nova LDB fala do desenvolvimento da articulao da educao profissional com o

    ensino regular, porm possibilita dupla interpretao, se de um lado poderia

    contribuir com a continuidade do ensino integrado, ministrado pelos Cefets, por outro

    lado, esta possibilidade de integrao foi inicialmente excluda pelo PL n. 1603/96 e,

    posteriormente totalmente pelo Decreto n. 2.208/97.

    O Art. 5 do Decreto n. 2.208/97

    A educao profissional de nvel tcnico ter organizao curricular prpria

    e independente do ensino mdio, podendo ser oferecida de forma

    concomitante ou seqencial a este.

    Claramente fica evidenciada a excluso da integrao entre o ensino

    profissional e o ensino mdio. Aqui notamos que a articulao compreende a

    concomitncia e a seqncia. Com a vigncia deste Decreto, houve um impacto

    negativo nas instituies federais que ministravam este ensino. Classificados por

    alguns autores como um verdadeiro desmantelamento e extino da educao

    tecnolgica nos Cefets que at ento se constitui um referencial nesta modalidadede ensino.

    Kuenzer(......) citado por Oliveira (2003) relaciona os seguintes pressupostos

    deste Decreto:

    a) A racionalidade financeira, reflexo da influncia por rgos internacionais

    que defendem interesse dos paises centrais (BID, Banco Mundial e FMI).

    Esta racionalidade objetiva a reduo dos gastos com o ensino,

    ofertando uma formao mais aligeirada e inconsistente, em plenasintonia com a lgica da polarizao: para a grande maioria, propostas

    pontuais, sucateadas de educao profissional; para a minoria includa

    procura-se garantir uma educao diferenciada com qualidade.

    b) Ruptura com o princpio da equidade entre educao geral e profissional.

    O efeito desta ruptura provoca duas trajetrias diferentes: uma que leva

    umas minorias aos nveis escolares superiores ocupando os cargos mais

    elevados das indstrias; outra que conduz a grande maioria ao cho de

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    fbrica, no qual desempenhar, caso consiga um emprego, tarefas

    simplesmente, rotineiras, mesmo que informatizadas.

    c) Educao profissional em substituio educao geral.

    Ainda baseado nas pesquisas de Oliveira, esta reforma, tem causado os

    seguintes impactos negativos nos Cefets:

    a) Aumento dos nveis de evaso, repetncia, trancamento de matrculas.

    b) Com o aumento dos cursos oferecidos e a poltica de reduo

    oramentria, constatou-se que todos os setores esto sentindo a

    carncia de recursos que, cada vez, so menos suficientes, tendo emvista no apenas o j exposto, mas tambm o aumento de preos.

    c) Capacitao docente e a carreira docente processo de extino.

    Quanto ao Decreto n. 5.154/2004, o qual revoga o Decreto n. 2.208/97, no

    Art. 40 encontramos: ... A articulao entre a educao profissional tcnica de nvel

    mdio e o ensino mdio dar-se- de forma:...Integral,... concomitante e.

    subseqente....Em termos gerais o que diferencia estes dois Decretos a introduo da

    forma articulada de integrao, o que no garante a integrao de fato. Segundo

    Frigotto (2005) a sobreposio de disciplinas consideradas de formao geral e de

    formao especfica no decorrer do curso no o mesmo que integrao, assim

    como no o a adio de um ano de estudos profissionais a trs de ensino mdio. A

    verdadeira integrao exige que a relao entre conhecimentos gerais e especficos

    seja construda continuamente ao longo da formao, sob os eixos do trabalho, dacincia e da cultura.

    Referencial Bibliogrfico

    DECRETO 2.208/97.Disponvem em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec2208.pdf. Acesso em

    21/02/07.

    DECRETO 5.154/94.

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    Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/dec5154.pdf. cesso em21/02/07

    FRIGOTTO, Gaudncio, CIAVATTA, Maria e RAMOS, Marise. A Poltica de

    Educao Profissional no Governo Lula: Um Percurso Histrico Controvertido.Educ. Soc., Oct. 2005, vol. 26, no. 92, p. 1087. ISSN 0101-7330.Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/es/v26n92/v26n92a17.pdf . Acesso em21/02/07.

    LEI DE DIRETRIZES E BASES, LEI no. 9.394/96.Disponvel em: http://grad.unifesp.br/alunos/cg/l. Acesso em 21/02/07

    OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro. Polticas Pblicas para o Ensino Profissional.Editora Papirus, Campinas, SP. 2003.

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