sintaxe externa (testes).pdf

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581 - (UNICAMP SP) Os enunciados abaixo são parte de uma peça publicitária que anuncia um carro produzido por uma conhecida montadora de automóveis. (Adaptado de Superinteressante, jun. 2009, p. 9.) a) A menção à Organização Mundial da Saúde na peça publicitária é justificada pela apresentação de uma das características do produto anunciado. Qual é essa característica? Explique por que o modo como a característica é apresentada sustenta a referência à Organização Mundial da Saúde. b) A peça publicitária apresenta duas orações com o verbo caber. Contraste essas orações quanto à organização sintática. Que efeito é produzido por meio delas? 582 - (UFTM MG) Leia a manchete. Massacre no Realengo Justiça autoriza, e Google deve passar dados de atirador do Rio (www.uol.com.br) Na manchete, tem-se um período composto, no qual a segunda oração, introduzida pela conjunção “e”, coordena-se à anterior, expressando sentido de a) consequência, já que “passar dados” decorre da ação de “autorizar”. b) oposição, já que “Justiça” e “Google” se opõem contextualmente. c) causa, já que a informação “passar dados” é motivo de “autorizar”.

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Page 1: Sintaxe Externa (testes).pdf

581 - (UNICAMP SP)

Os enunciados abaixo são parte de uma peça publicitária que anuncia um carro produzido

por uma conhecida montadora de automóveis.

(Adaptado de Superinteressante, jun. 2009, p. 9.)

a) A menção à Organização Mundial da Saúde na peça publicitária é justificada pela

apresentação de uma das características do produto anunciado. Qual é essa

característica? Explique por que o modo como a característica é apresentada

sustenta a referência à Organização Mundial da Saúde.

b) A peça publicitária apresenta duas orações com o verbo caber. Contraste essas

orações quanto à organização sintática. Que efeito é produzido por meio delas?

582 - (UFTM MG)

Leia a manchete.

Massacre no Realengo

Justiça autoriza, e Google deve passar dados de atirador do Rio

(www.uol.com.br)

Na manchete, tem-se um período composto, no qual a segunda oração, introduzida pela

conjunção “e”, coordena-se à anterior, expressando sentido de

a) consequência, já que “passar dados” decorre da ação de “autorizar”.

b) oposição, já que “Justiça” e “Google” se opõem contextualmente.

c) causa, já que a informação “passar dados” é motivo de “autorizar”.

Page 2: Sintaxe Externa (testes).pdf

d) explicação, já que se justifica o que o Google fez em função da Justiça.

e) alternância, já que as ações se alternam para a Justiça e para o Google.

583 - (UFAM)

Assinale a opção em que a oração adjetiva delimita o significado do substantivo a que se

refere:

a) Em sua visita à Turquia, que pertence ao mundo islâmico, Bento XVI afirmou que

cristãos e muçulmanos são todos filhos do mesmo deus.

b) João Paulo II foi sucedido pelo cardeal Joseph Ratzinger, que era seu braço-direito.

c) Muito aprecio Rubem Braga, que escreveu as mais belas crônicas de nossa literatura.

d) Já ouviste dizer que cobra que não anda não engole sapo?

e) Nas folgas, costumava freqüentar a Ponta Negra, onde sempre encontrava velhos e

queridos amigos.

584 - (UFRN)

Justifique por que razão, nos períodos abaixo transcritos, as orações adjetivas em

destaque estão construídas de forma diferente: no primeiro caso, sem preposição antes do

pronome relativo; no segundo caso, com preposição antes do referido pronome.

1º Caso

Segundo os defensores do desarmamento, as armas, que representam uma ameaça à vida

dos cidadãos, devem ser confiscadas.

2º Caso

Na opinião dos que são contra o desarmamento, as armas, a que tanto se visa, poderiam

servir como instrumento de defesa dos cidadãos.

585 - (ITA SP)

Tem gente que junta os trapos, outros juntam os pedaços.

O que, empregado como conectivo, introduz uma oração:

a) substantiva.

b) adverbial causal.

Page 3: Sintaxe Externa (testes).pdf

c) adverbial consecutiva.

d) adjetiva explicativa.

e) adjetiva restritiva.

586 - (UNIFOR CE)

… vi homens a fazerem um barco.

Em relação à oração grifada acima SÓ NÃO está correto o que se afirma em:

a) Trata-se de uma oração subordinada reduzida de infinitivo.

b) A oração desenvolvida, de sentido idêntico, é que faziam um barco.

c) Essa oração exerce a função de subordinada adjetiva.

d) Ela é equivalente ao objeto direto do verbo da oração principal.

e) A construção vi que homens faziam um barco seria também correta, mas se alteraria

a função sintática da oração subordinada.

587 - (MACK SP)

Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos, espelho e luz.

Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é

de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há

mister olhos. Que cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em

si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é

necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre

com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.

Assinale a alternativa correta.

a) Conversão é idéia relacionada a um mundo com coisas independentes umas das

outras.

b) A visão de si mesmo é dada como um dom inato.

c) No final do texto, três orações subordinadas adjetivas concluem a tese

apresentada.

d) O homem apresenta-se isento de responsabilidades no ato de converter-se.

e) Toda a possibilidade de conversão dos homens é posta nas mãos do pregador.

Page 4: Sintaxe Externa (testes).pdf

588 - (MACK SP)

A propósito da exposição de Malfatti

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e

em conseqüência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida (...). A

outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na

à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e

lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos

os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro.

(...)

Se víssemos na Sra. Malfatti apenas uma -moça que pinta-, como há centenas

por aí, sem denunciar centelha de talento, calar-nos-íamos, ou talvez lhe déssemos

meia dúzia desses adjetivos -bombons-, que a crítica açucarada tem sempre à mão em se

tratando de moças.

É correto afirmar que:

a) há, cá e aí são vocábulos acentuados pela mesma razão.

b) em à mão (linha 6) o acento grave, indicador de crase, é facultativo.

c) normalmente e anormalmente são palavras formadas apenas por sufixação.

d) na linha 6, a palavra que introduz oração subordinada adjetiva.

e) substituindo víssemos (linha 5) pelo futuro do subjuntivo, tem-se vermos.

589 - (MACK SP)

As janelas estão fechadas. Meia-noite. Nenhum rumor na casa deserta.

Levanto-me, procuro uma vela, que a luz vai apagar-se. Não tenho sono. Deitar-me,

rolar no colchão até a madrugada, é uma tortura. Prefiro ficar sentado, concluindo isto.

Amanhã não terei com que me entreter.

Ponho a vela no castiçal, risco um fósforo e acendo-a. Sinto um arrepio. A lembrança

de Madalena persegue-me. Diligencio afastá-la e caminho em redor da mesa. Aperto

a mão de tal forma que me firo com as unhas , e quando caio em mim estou mordendo

os beiços a ponto de tirar sangue.

Page 5: Sintaxe Externa (testes).pdf

I. que me firo com as unhas indica, no contexto, uma idéia de finalidade.

II. que a luz vai apagar-se é oração subordinada adjetiva.

III. os pronomes me e la exercem a mesma função sintática.

Assinale:

a) se apenas I e II estiverem corretas.

b) se apenas III estiver correta.

c) se apenas I e III estiverem corretas.

d) se apenas II e III estiverem corretas.

e) se todas estiverem corretas.

590 - (FATEC SP)

Texto

(...)

Ia chover. Bem. A catinga ressuscitaria, a semente do gado voltaria ao curral, ele,

Fabiano, seria o vaqueiro daquela fazenda morta. Chocalhos de badalos de ossos

animariam a solidão. Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras,

Sinhá Vitória vestiria saias de ramagens vistosas. As vacas povoariam o curral. E a catinga

ficaria toda verde.

Lembrou-se dos filhos, da mulher, e da cachorra, que estavam lá em cima, debaixo de

um juazeiro, com sede. Lembrou-se do preá morto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se,

lento, para não derramar a água salobra. (...) Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com

pedras, matou a sede da família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aió, tirou o fuzil,

acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechas cavadas. Uma

labareda tremeu, elevou-se, tingiu-lhe o rosto queimado, a barba ruiva, os olhos azuis.

Minutos depois o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim.

Eram todos felizes. Sinhá Vitória vestiria uma saia larga de ramagens. (...) A fazenda

renasceria — e ele, Fabiano, seria o vaqueiro, para bem dizer seria dono daquele mundo.

Os troços minguados ajuntavam-se no chão: a espingarda de pederneira, o aió, a cuia

de água e o baú de folha pintada. A fogueira estalava, O preá chiava em cima das brasas.

Uma ressurreição. As cores da saúde voltariam àcara triste de Sinhá Vitória. (...) A

catinga ficaria verde.

Page 6: Sintaxe Externa (testes).pdf

Graciliano Ramos, Vidas Secas

O texto mistura trechos de monólogo interior da personagem Fabiano a trechos de fala do

narrador.

É correto afirmar:

a) quando fala o narrador, predomina a subordinação, em seqüências de orações

adjetivas.

b) nos trechos de monólogo interior predomina a subordinação; nos trechos em que fala

o narrador, a coordenação.

c) nos trechos de monólogo interior, destacam-se seqüências de orações subordinadas

sem conjunção explícita.

d) predomina em todo o texto a sintaxe de coordenação, em seqüências de orações

justapostas.

e) predomina em todo o texto a sintaxe fragmentada, de frases nominais, construídas

sem verbo.

591 - (PUC SP)

As orações subordinadas desempenham funções sintáticas nas orações principais.

Considerando, no terceiro trecho, os períodos:

I. “Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez.”

II. “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma

agreste”.

pode-se dizer que as orações sublinhadas desempenham, respectivamente, funções

sintáticas de:

a) objeto direto e adjunto adnominal.

b) adjunto adverbial e sujeito.

c) objeto indireto e adjunto adverbial.

d) sujeito e adjunto adverbial.

e) adjunto adnominal e sujeito.

Page 7: Sintaxe Externa (testes).pdf

592 - (UNIRIO RJ)

Em todas as orações abaixo há uma oração subordinada adjetiva, EXCETO em:

a) ESSE RIO, HOJE SECRETO, QUE CORRE COMO UM MALFEITOR DEBAIXO DE RUAS.

b) ...ENTÃO REEDITADO PELA JOSÉ OLYMPIO, UM ARTIGO QUE É UM VERDADEIRO

POEMA EM PROSA.

c) ... DIZ QUE CADA CASA DO VALE, COMO A SUA, TINHA SUA PONTE SOBRE O RIO...

d) A TROMBA D'ÁGUA QUE DESCIA DO CORCOVADO...

e) COM EXCEÇÃO DO RIO TIETÊ, QUE É PRATICAMENTE DO TAMANHO DO REINO...

593 - (ESCS DF)

1 Em primeiro lugar, uma boa notícia: a expectativa de 2 vida dos brasileiros aumentou.

Segundo o senso de 2010, nos 3 últimos 50 anos, a longevidade saltou de 48 anos para 4

73,4 anos. É muito provável que, em 2050, esse número chegue 5 a 80. Pessoas com idade

avançada, porém, requerem cuidado 6 extra com a saúde. A prevenção da osteoporose,

doença típica 7 da terceira idade, é uma medida natural nesse sentido. Existem 8 diversos

tratamentos da osteoporose, mas o mais importante é 9 identificá-la antes de uma fratura

ocorrer. É importante estar 10 atento à idade, à hereditariedade, a algumas doenças e 11

medicamentos que podem causar a perda da densidade óssea, 12 assim como à

menopausa, no caso das mulheres. Hábitos de 13 vida saudáveis desde a infância são

fundamentais para se 14 prevenir ou diminuir a ação da doença. Dieta rica em cálcio, 15

exercícios físicos e exposição ao sol nos horários indicados são 16 pontos-chave nesse

controle.

Planeta, ago./2012 (com adaptações).

Assinale a opção que apresenta análise correta de termo ou expressão do texto acima.

a) Com o emprego da expressão “a ação da doença” (Ref.14), o autor do texto sugere

que hábitos saudáveis são a melhor prevenção de doenças em geral.

b) A expressão “nesse controle” (Ref.16) significa, no texto, controle dos hábitos de vida

saudáveis.

c) No primeiro período do texto (Refs.1-2), o verbo da 1.ª oração está elíptico e o sinal

de dois pontos introduz um aposto oracional.

Page 8: Sintaxe Externa (testes).pdf

d) O conector “Segundo” (Ref.2) inicia o trecho que apresenta a segunda boa notícia.

e) No trecho “mas o mais importante” (Ref.8), está subentendido o vocábulo

tratamento.

594 - (IBMEC)

No período

“... nos inúmeros protestos que fizeram pelas ruas de Atenas...”, a oração grifada tem a

mesma função sintática que a destacada em

a) “...o ministro de Finanças, George Papaconstantinou, confirmou, ontem, que o país

vai adotar medidas para cortar 30 bilhões em déficit do orçamento até 2013.”

b) “...vai rolando esses débitos para a próxima vez que receber o mesmo salário.”

c) “... a bola de neve está tão grande que não é mais possível vencê-la sem uma

mudança.”

d) “Para vencer a crise, será preciso gastar menos nas despesas do Estado...”

e) “Para sair da crise, os gregos precisam acelerar o ritmo de seu crescimento...”

595 - (UFT TO)

Leia os versos de Drummond, retirados do poema A noite dissolve os homens:

“A noite

desceu. Que noite!

Já não enxergo meus irmãos.

E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam”.

(...)

Carlos Drummond de Andrade, in Sentimento do mundo.

Assinale a resposta INCORRETA:

Page 9: Sintaxe Externa (testes).pdf

a) O ponto de exclamação marca um estado de espírito do poeta, fazendo o leitor crer

que aquela noite tenha sido diferente das demais.

b) O poeta transita entre concreto e abstrato, utilizando-se da linguagem figurada, muito

comum nesse gênero textual.

c) O pronome relativo “que” em “que outrora me perturbavam” funciona como sujeito

da oração que introduz. Sua função é unir orações por coordenação.

d) Os versos narram, em primeira pessoa, a escuridão da noite, encadeando, por

gradação, o processo de dissolução dos homens.

596 - (UEPG PR)

Se existe

uma coisa que tem que valer

cada centavo

que você paga

é um banco.

(Revista Veja, abril 2008.

Em relação aos aspectos sintáticos contidos neste texto publicitário, assinale o que for

correto.

01. Todas as orações do período são subordinadas.

02. O primeiro "que" tem como referente a palavra "coisa".

04. O segmento "que valer cada centavo" funciona como objeto direto do verbo "ter".

08. O segmento "é um banco" funciona como aposto explicativo.

597 - (UFAM)

Assinale a opção em que o período é composto por coordenação e subordinação:

a) O exagerado consumo de álcool é muito mais danoso para o cérebro jovem do que

para o dos adultos.

Page 10: Sintaxe Externa (testes).pdf

b) Numa espécie de defesa, muitos adultos dizem que tomaram porres homéricos na

juventude, mas nem por isso se tornaram alcoólatras, como seria de esperar.

c) Sabe-se que o consumo imoderado de álcool na adolescência e na juventude deixa

marcas indeléveis no cérebro.

d) Embora cause danos à memória dos jovens, o consumo excessivo de álcool é um

hábito que, em geral, começa em casa.

e) Na maioria dos lares brasileiros, o consumo de bebida alcoólica por menores de idade

é incentivado pelos próprios pais, apesar de tal prática ser condenada pelos cientistas.

598 - (UFAM)

Assinale a opção constante de período composto por coordenação e subordinação:

a) Coelho Neto disse que o que sobe por favor deixa sempre um rasto de humilhação.

b) Sou contrário a que viajes neste tempo de apagão aéreo.

c) De uma coisa tenho certeza: que é preciso sorte e raça para vencer na vida.

d) Este rapaz não é somente um dos nossos melhores líricos, mas também um dos nossos

bons violinistas.

e) Começo declarando que meu nome é Severino, sou macérrimo e já completei mais de

meio século no último período carnavalesco.

599 - (UNIFEI MG)

Leia os seguintes versos da Estrofe 70 de Os Lusíadas e assinale a opção correta.

Sigamos estas Deusas e vejamos

Se fantásticas são, se verdadeiras.

Isto dito, velozes mais que gamos,

Se lançam a correr pelas ribeiras.

a) Os dois primeiros versos formam um período composto por coordenação e

subordinação em que se observam três orações.

b) O vocábulo “se”, em todas as suas ocorrências, é empregado para introduzir orações

subordinadas adverbiais condicionais.

Page 11: Sintaxe Externa (testes).pdf

c) Os termos “fantásticas” e “verdadeiras” exercem a função sintática de predicativo do

sujeito.

d) O sujeito da forma verbal “lançam” é indeterminado.

600 - (UEMS)

A oração contida no quarto verso do texto acima classifica–se sintaticamente como:

a) oração subordinada substantiva objetiva direta

b) oração subordinada adverbial temporal

c) oração subordinada adjetiva explicativa

d) oração principal

e) oração coordenada sindética aditiva

601 - (UNIFEI MG)

Durante a apresentação de um programa recente em um canal de TV, veiculou-se, na

Revista Veja (04/04/07), uma propaganda com os seguintes dizeres: “Amazônia: assista

antes que acabe.”

Dessa frase, pode-se falar, exceto:

a) as palavras “Amazônia” e “acabe” permitem uma dupla interpretação do enunciado.

b) o sujeito do verbo assistir é “Amazônia”.

c) uma das formas verbais está no Imperativo Afirmativo.

d) tem-se uma Oração Subordinada Adverbial Temporal iniciada por locução conjuntiva.

602 - (UFMS)

Analise os dois períodos abaixo.

I. Às quatro horas da madrugada, enquanto os habitantes da cidadezinha ainda

dormiam, as corujas foram testemunhas de um crime pavoroso.

II. Eram quatro horas da madrugada, os habitantes da cidadezinha ainda dormiam e as

corujas foram testemunhas de um crime pavoroso.

Page 12: Sintaxe Externa (testes).pdf

Assinale a alternativa correta.

a) Em I, tem-se um período composto por subordinação, constituído por uma oração

principal e por uma oração subordinada adjetiva explicativa; em II, tem-se um período

simples, no qual as três orações são independentes.

b) Em I, tem-se um período composto por subordinação, constituído por uma oração

principal e por uma oração subordinada adverbial temporal; em II, tem-se um período

composto por coordenação, cujas orações são sintaticamente independentes entre si.

c) Em I, a oração “enquanto os habitantes da cidadezinha ainda dormiam” é uma oração

subordinada substantiva apositiva; em II, tem-se um período composto por

coordenação e subordinação.

d) Em I, tem-se um período composto por subordinação, constituído por uma oração

principal e por uma oração subordinada substantiva subjetiva; em II, todas as orações

do período são coordenadas assindéticas.

e) Em I, a oração “enquanto os habitantes da cidadezinha ainda dormiam” é uma oração

subordinada adverbial causal; em II, tem-se um período simples, porém as orações são

dependentes entre si.

603 - (UFT TO)

Em produções escritas é comum o uso excessivo do elemento “que”. Substituí-lo por

substantivos e orações reduzidas pode ser uma alternativa no sentido de eliminar seu uso

exagerado.

Considerando o enunciado “A coordenadora exigiu que adiasse o encontro até que as

infrações que o funcionário cometeu fossem solucionadas.”, assinale a alternativa em que

a substituição do “que” por substantivos e/ou orações reduzidas pode deixar o texto mais

leve, sem alterar o sentido.

a) A coordenadora exigiu o adiamento do encontro com o funcionário até as infrações

serem solucionadas.

b) A coordenadora exigiu o adiamento do encontro até a solução das infrações

cometidas pelo funcionário.

c) A coordenadora exigiu o adiamento do encontro com o funcionário até as infrações

serem solucionadas por ele.

d) A coordenadora exigiu o adiamento do encontro até as infrações cometidas serem

solucionadas pelo funcionário.

Page 13: Sintaxe Externa (testes).pdf

e) A coordenadora exigiu o adiamento do encontro até o funcionário solucionar as

infrações cometidas por ele.

604 - (FFFCMPA RS)

Assinale a alternativa em que a oração reduzida está incorretamente desenvolvida.

a) No princípio, querendo impor-se, adotava atitudes postiças. No princípio, porque

queria impor-se, adotava atitudes postiças.

b) Assentando-te aqui, não verás os jogadores. Se te assentares aqui, não verás os

jogadores.

c) Estando ela de bom humor. A noite era das melhores. Quando ela estava de bom

humor, a noite era das melhores.

d) Chegando a seca, não se colheria um só fruto. Quando chegasse a seca, não se colheria

um só fruto.

e) Mesmo correndo muito, não alcançarás o expresso da meia-noite. Se correres muito,

não alcançarás o expresso da meia-noite.

605 - (MACK SP)

Adquirir a capacidade de usar bem a língua requer como toda atividade artística

uma rigorosa disciplina: só se pode manejar o meio, fazê-lo obedecer à nossa intenção

expressiva, quando por nossa vez obedecemos sem discutir à sua estrutura própria, que

nos precede e nos ultrapassa. No caso da escrita, é preciso seguir escrupulosamente a

ossatura do idioma, mesmo quando se quer trincá-lo de leve: conhecer e respeitar a

pontuação, a regência, a concordância, as normas de colocação das palavras na frase, as

regras de coordenação e subordinação das orações ... A arte de escrever consiste em

servir a língua para dela poder servir-se; a vassalagem é aqui condição do domínio do

meio e portanto da possibilidade de exercitar a liberdade criativa.

Renato Mezan

Assinale a alternativa correta.

a) No texto, o uso recorrente de orações reduzidas de infinitivo colabora para o efeito

de generalização.

b) O verbo “requerer” está corretamente flexionado na frase: “Seu domínio da língua

requis muita dedicação”.

Page 14: Sintaxe Externa (testes).pdf

c) Em seguir (...) a ossatura do idioma, o complemento do verbo pode ser corretamente

substituído pelo pronome “lhe”.

d) Substituindo-se obedecer por “respeitar” em obedecer à nossa intenção expressiva,

mantém-se o acento grave, indicador da crase.

e) No último período, a oposição entre vassalagem e domínio implica a exclusão de um

termo em relação ao outro.

606 - (MACK SP)

Um instante! disse Aurélia.

Chamou-me?

O passado está extinto. (…) agora ajoelho-me eu a teus pés, Fernando, e suplico-te

que aceites meu amor, este amor que nunca deixou de ser teu, ainda quando mais

cruelmente ofendia-te. Aquela que te humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar

onde ultrajou-te. Aqui a tens implorando teu perdão e feliz porque te adora, como o

senhor de sua alma.

As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o

hino misterioso do santo amor conjugal.

José de Alencar

Assinale a alternativa correta.

a) Um instante! È frase utilizada para chamar a atenção do interlocutor, por isso nela

predomina a função emotiva da linguagem.

b) Transpondo a frase suplico-te que aceites meu amor para o discurso indireto, o

correto seria: “ela lhe suplicaria que aceitasse seu amor”.

c) Em as auras da noite, acariciando o seio das flores, o verbo está empregado em

sentido denotativo.

d) No segmento no mesmo lugar onde ultrajou-te, onde pode ser corretamente

substituído por “o qual”.

e) A oração acariciando o seio das flores equivale a “enquanto acariciavam o seio das

flores”.

607 - (MACK SP)

Texto I

Page 15: Sintaxe Externa (testes).pdf

Bem não Vos amo, confesso,

Várias juras proferi,

Missa inteira nunca ouvi ...;

Gregório de Matos

Texto II

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,

E a boca, com prazer o mais jucundo,

Apalpar-lhe de neve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;

Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;

É este o maior gosto que há no mundo.

Bocage

Jucundo: alegre

Ditoso: feliz

Folho: tecido com pregas ou franzido, para enfeitar vestuário

Assinale a alternativa correta sobre os textos I e II.

a) Em II, as orações reduzidas de infinitivo constroem uma seqüência em que se percebe

um sentido gradativo.

b) Em II, o pronome oblíquo la (Vê-la) refere-se a figura distinta da indicada pelo lhe em

Beijar-lhe.

c) Em II, na expressão o mais jucundo, o o é expletivo, podendo ser excluído sem

prejuízo do sentido original.

d) Em I, várias e nunca são palavras igualmente classificadas como advérbio.

Page 16: Sintaxe Externa (testes).pdf

e) Em I, transpondo Várias juras proferi para a voz passiva sintética, obtém-se, de acordo

com o português culto, “Proferiu-se v·rias juras”.

608 - (UNIFOR CE)

Estamos todos, cientes ou não, querendo ou não…

A oração subordinada reduzida grifada acima exerce uma função:

a) adverbial, introduzindo uma noção de finalidade.

b) adverbial, com um sentido restritivo.

c) adjetiva explicativa, referindo-se a todos.

d) substantiva, por ser um complemento verbal.

e) substantiva, pois se estrutura como aposto de todos.

609 - (MACK SP)

É preciso casar João,

é preciso suportar Antônio,

é preciso odiar Melquíades,

é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,

é preciso crer em Deus,

é preciso pagar as dívidas,

é preciso comprar um rádio,

é preciso esquecer fulana.

Assinale a alternativa correta.

a) É preciso introduz uma oração reduzida com função de sujeito em todos os versos.

b) O verbo no infinitivo rege objeto direto em todos os versos.

Page 17: Sintaxe Externa (testes).pdf

c) Substituindo-se as dívidas (linha 7) por os credores mantém-se corretamente a

regência verbal.

d) Substituindo-se esquecer (linha 9) por esquecer-se mantém-se corretamente a

regência verbal.

e) A oração salvar o país (linha 5) pode ser substituída corretamente por que o país

seje salvo.

610 - (UNIMAR SP)

A maior parte dos professores classificados no último concurso municipal, optou pelo

regime de tempo parcial. Na frase há um erro de pontuação, pois a vírgula está separando

de modo incorreto:

a) o aposto e o objeto direto;

b) o adjunto adnominal e o predicativo do sujeito;

c) o sujeito e o predicado;

d) o objeto indireto e o complemento agente da passiva;

e) o sujeito e o predicativo do objeto direto.

611 - (ITA SP)

Assinale a opção em que o emprego da vírgula está em desacordo com as prescrições das

regras gramaticais da norma culta:

a) Com a vigência da nova lei, as instituições puderam usar processos alternativos ao

vestibular convencional, baseado, principalmente na avaliação dos conteúdos.” (Folha

de S. Paulo, 24/8/1999.)

b) Elevar-se é uma aspiração humana a que a música, essa arte próxima do divino, assiste

com uma harmonia quase celestial (Bravo! 7/1998.)

c) Estamos começando a mudar, mas ainda pagamos um preço por isso. (IstoÉ,

5/11/1997.)

d) Medicamentos de última geração, aliás, são apenas coadjuvantes no tratamento dos

males do sono (Época 3/8/1998.)

e) Acho impossível, e mesmo raso, analisar o que é o teatro infantil fora de um contexto

social. (O Estado de S. Paulo, 4/7/1999.)

Page 18: Sintaxe Externa (testes).pdf

612 - (FUVEST SP)

Os sinais de pontuação foram bem utilizados em:

a) Nesse instante, muito pálido, macérrimo, Prudente de Morais entrou no Catete,

sentou-se e, seco, declarou ao silêncio atônito dos que o contemplavam: “Voltei.”

b) “Mãe onde estão os nossos: os parentes, os amigos e os vizinhos?” Mãe, não

respondia.

c) Os estados, que ainda devem ao governo, não poderão obter financiamentos, mas os

estados que já resgataram suas dívidas ainda terão créditos.

d) Ao permitir a apreensão, de jornais e revistas, o projeto, retira do leitor o direito a ser

informado pelo veículo que ele escolheu.

e) Assim, passa-se a permitir, condenações absurdas, desproporcionais aos danos

causados.

613 - (UNIRIO RJ)

“ APELO”

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, pra dizer a

verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi

ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a

imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos

poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa

era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah,

Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite e eles se iam e eu ficava só, sem o

perdão de sua presença a todas as aflições do dia, com a última luz na varanda.

E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu

jeito de querer bem. Acaso é saudade. Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes

poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim

levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas

raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.”

DALTON TREVISAN, “Apelo”, em “O Conto Brasileiro Contemporâneo” (seleção de textos, introdução e

notas bibliográficas por Alfredo Bosi) 2ª ed., São Paulo, Cultrix, 1977, p.190.

Assinale a opção que NÃO apresenta exemplo de oração reduzida de infinitivo.

a) “Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, (...)” (L. 2)

Page 19: Sintaxe Externa (testes).pdf

b) “(...) bom chegar tarde, (...)” (L. 3)

c) “Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, (...)” (L. 9-10)

d) “(...) comecei a sentir falta (...)” (L. 14)

e) “(...) o meu jeito de querer bem.” (L. 15)

TEXTO: 1 - Comum à questão: 614

Ajude a salvar vidas.

Seja um doador de órgãos.

Você acabou de exercer seu papel de cidadão, votando consciente e elegendo um

representante para cuidar do seu município.

Esse é um ato de civismo.

Agora está na hora de você pensar na vida, nos seres humanos.

Esse é um ato de amor.

Existem muitas crianças, jovens e adultos que precisam de um gesto de carinho. Uma

doação de órgãos. Mas é comum essas mesmas pessoas ficarem esperando por um ato de

solidariedade durante um longo tempo. Converse com seus amigos, colegas e familiares

sobre o assunto e torne-se um doador. Esse é um ato de consciência.

Seja um salvador de vidas.

(Campanha Publicitária DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: um gesto de amor à vida. Iniciativa TER-RS, Assembléia

Legislativa do Estado e Amrigos)

614 - (FEEVALE RS)

Analise o emprego de vírgula nas afirmações a seguir e, após, aponte a única alternativa

correta.

Page 20: Sintaxe Externa (testes).pdf

I. Você acabou de exercer seu papel de cidadão, votando consciente e elegendo um

representante para cuidar do seu município.

II. Existem muitas crianças, jovens e adultos que precisam de um gesto de carinho.

III. Converse com seus amigos, colegas e familiares sobre o assunto e torne-se um

doador.

a) A vírgula, na afirmativa I, é motivada pela oração coordenada reduzida de infinitivo.

b) Na afirmativa II, a vírgula separa um adjunto adverbial deslocado.

c) Na afirmativa III, a vírgula é empregada para separar um vocativo.

d) As vírgulas empregadas nas afirmações II e III são motivadas pela mesma regra

gramatical.

e) Todas as afirmativas são virguladas pela mesma razão.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 615

Quando se fala em seca na Amazônia ou nos furacões no Sul dos Estados Unidos, a

primeira coisa que vem à cabeça é o aquecimento global. A terra está de fato ficando mais

quente, mas, segundo os especialistas, é impossível demonstrar um vínculo causal entre

esse aquecimento e fenômenos particulares, como os furacões e a seca. O que os

cientistas já sabem, no entanto, é que os dois fenômenos tiveram a mesma origem: o

aquecimento da água no norte do Oceano Atlântico.

Ao lado do aquecimento, o desmatamento também contribui para a seca. Onde há

floresta, a maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores. A água

evapora rapidamente e causa mais chuva. Em áreas desmatadas, com o solo pobre em

matéria orgânica, essa água escorre para os rios, indo para longe. Assim as duas causas

podem se encontrar em um ponto comum: ao “seqüestrar” gás carbono, a floresta

contribui para conter o efeito estufa e, com ele, o aquecimento global.

(Lourival Sant’Anna. O Estado de S. Paulo, A13, 16/10/2005)

615 - (UNIFOR CE)

... ao “seqüestrar” gás carbono, a floresta contribui para conter o efeito estufa ... (final do

texto)

Page 21: Sintaxe Externa (testes).pdf

A oração reduzida denota, considerando-se o contexto,

a) condição.

b) finalidade.

c) temporalidade.

d) conseqüência.

e) proporcionalidade.

TEXTO: 3 - Comum à questão: 616

BANZO

1. Visões que n’alma o céu do exílio incuba,

2. Mortais visões! Fuzila o azul infando...

3. Coleia, basilisco de ouro, ondeando,

4. Níger... Bramem leões de fulva juba...

5. Uivam chacais... Ressoa a fera tuba

6. Dos cafres, pelas grotas retumbando,

7. E a estralada das árvores que um bando

8. De paquidermes colossais derruba...

9. Como o guaraz nas rubras penas dorme,

10. Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...

11. Fuma o saibro africano incandescente...

Page 22: Sintaxe Externa (testes).pdf

12. Vai coa sombra crescendo o vulto enorme

13. Do baobá... E cresce n’alma o vulto

14. De uma tristeza imensa, imensamente.

616 - (UFAM)

Entre os versos 5 e 8, observa-se o seguinte enunciado:

“Ressoa a fera tuba dos cafres, pelas grotas retumbando, e a estralada das árvores, que

um bando de paquidermes colossais derruba...”

A respeito desse período, pode-se dizer:

I. É composto por coordenação e subordinação, possuindo um total de três orações.

II. O pronome relativo “que” refere-se a “árvores” e exerce a função de objeto direto.

III. “A fera tuba dos cafres” é o sujeito simples da primeira oração, a principal.

IV. A última oração é uma subordinada adjetiva.

Estão corretas:

a) apenas II e IV

b) apenas I e III

c) I, II e IV

d) I, II e III

e) apenas III e IV

TEXTO: 4 - Comum à questão: 617

A mulher das cavernas

Page 23: Sintaxe Externa (testes).pdf

Como foi que o homem chegou à América? Para a maior parte dos cientistas, essa é

uma pergunta simples: a porta de entrada foi o Alasca, por onde passaram os nômades

asiáticos que há cerca de 17 mil anos atravessaram uma grande geleira onde hoje está o

estreito de Bering. Desde os anos 50 essa é a hipótese oficial. Mas não a única. Outra idéia

é defendida por Niéde Guidon, uma das mais ativas arqueólogas brasileiras, e certamente

a mais polêmica. Até há pouco tempo, Niéde dizia que o homem estava na América há 57

mil anos – por isso era menosprezada pela comunidade científica. Agora, ele atualizou seus

estudos, com base em análises da Universidade do Texas. E mudou de idéia. "O homem

primitivo vive no continente há muito mais tempo; 100 mil anos", diz.

Essa análise foi baseada nas mesmas amostras que antes eram datadas em 57 mil

anos: lascas de fogueira encontradas por Niéde no Boqueirão da Pedra Furada, no Parque

Nacional da Serra da Capivara, no Piauí – que sempre foram objeto de descrença por

arqueólogos norte-americanos. A comprovação e o aumento da idade desses artefatos são

um trunfo que Niéde pretende utilizar para que cientistas do mundo todo debatam uma

nova hipótese para a ocupação das Américas. "O homem primitivo também pode ter vindo

para a América do Sul diretamente da África. Com isso, seriam africanos, e não asiáticos,

os verdadeiros ancestrais do continente. Eles teriam chegado até aqui navegando numa

época em que o Atlântico tinha nível mais baixo e era repleto de ilhas, o que tornava a

travessia bem mais fácil, diz a arqueóloga.

Para reforçar suas idéias, Niéde cita recentes descobertas no México e na costa leste

americana, todas com mais de trinta mil anos – e bem longe do Alasca. Além disso,

existem correntes marítimas no oceano Atlântico que passam pela costa africana e vêm

direto para o nordeste do Brasil e ilhas caribenhas. Recentemente, pescadores africanos

perderam suas velas numa tempestade e chegaram 3 dias depois ao Brasil, trazidos pelo

mar. Famintos e com sede. Mas vivos.

(Superinteressante, agosto/2005, p.22)

617 - (UEPG PR)

Sobre o período "A comprovação e o aumento da idade desses artefatos são um trunfo

que Niéde pretende utilizar para que cientistas do mundo todo debatam uma nova

hipótese para a ocupação das Américas", assinale o que for correto.

01. Contém três orações em sua estrutura.

02. É composto por subordinação.

04. A segunda oração tem valor adjetivo.

08. A última oração expressa circunstância de fim.

16. Não contém orações coordenadas.

Page 24: Sintaxe Externa (testes).pdf

TEXTO: 5 - Comum à questão: 618

Ribeirão Preto, SP – Uma quadrilha assaltou o Banco Nossa Caixa de São Simão, na região

de Ribeirão Preto, 314 quilômetros ao norte de São Paulo, na manhã desta quinta-feira.

[...] Funcionários e seguranças foram rendidos e trancados, e dois assaltantes pegaram o

dinheiro do cofre, valor não divulgado. A PM foi avisada às 10h30. Não há pistas do

bando.

(O Estado de S. Paulo, 23 jan. 2003.)

618 - (UFAC)

Ainda com relação ao texto da questão anterior, é INCORRETO afirmar que:

a) a palavra “norte” deveria ser grafada com inicial maiúscula.

b) não contraria a norma gramatical o uso da vírgula antes do terceiro “e” (L. 03).

c) na Linha 03, a oração de sujeito composto tem valor passivo.

d) na última oração, o verbo está empregado impessoalmente.

e) na palavra “bando” (L. 05), ocorrem dois fonemas vocálicos e dois fonemas

consonantais.

TEXTO: 6 - Comum à questão: 619

Entre as folhas do verde O1

(...) O príncipe acordou contente. Era dia de caçada.

Os cachorros latiam no pátio do castelo. (...)

Lá embaixo parecia uma festa. (...) Brilhavam os dentes abertos em risadas, as armas, as 5trompas que deram o sinal de partida.

Na floresta também ouviram a trompa e o alarido. (...) E cada um se escondeu como pôde.

Page 25: Sintaxe Externa (testes).pdf

Só a moça não se escondeu. Acordou com o som da tropa, e estava debruçada no regato

quando 10os caçadores chegaram.

Foi assim que o príncipe a viu. Metade mulher, metade corça, bebendo no regato. A

mulher tão linda. A corça tão ágil. A mulher ele queria amar, a corça ele queria matar. Se

chegasse perto será 15que ela fugia? Mexeu num galho, ela levantou a cabeça ouvindo.

Então o príncipe botou a flecha no arco, retesou a corda, atirou bem na pata direita. E

quando a corça-mulher dobrou os joelhos tentando arrancar a flecha, ele correu e 20a

segurou, chamando homens e cães.

Levaram a corça para o castelo. Veio o médico, trataram do ferimento. Puseram a corça

num quarto de porta trancada.

Todos os dias o príncipe ia visitá-la. Só ele tinha 25a chave. E cada vez se apaixonava mais.

Mas corça-mulher só falava a língua da floresta e o príncipe só sabia ouvir a língua do

palácio.

Então ficavam horas se olhando calados, com tanta coisa para dizer.

30Ele queria dizer que a amava tanto, que queria casar com ela e tê-la para sempre no

castelo, que a cobriria de roupas e jóias, que chamaria o melhor feiticeiro do reino para

fazê-la virar toda mulher.

35Ela queria dizer que o amava tanto, que queria casar com ele e levá-lo para a floresta,

que lhe ensinaria a gostar dos pássaros e das flores e que pediria à Rainha das Corças para

dar-lhe quatro patas ágeis e um belo pêlo castanho.

40Mas o príncipe tinha a chave da porta. E ela não tinha o segredo da palavra.

(...) E no dia em que a primeira lágrima rolou dos olhos dela, o príncipe pensou ter

entendido e mandou chamar o feiticeiro.

45Quando a corça acordou, já não era mais corça.

Duas pernas só e compridas, um corpo branco.

Tentou levantar, não conseguiu. O príncipe lhe deu a mão. Vieram as costureiras e a

cobriram de roupas. Vieram os joalheiros e a cobriram 50de jóias. (...) Só não tinha a

palavra. E o desejo de ser mulher.

Sete dias ela levou para aprender sete passos. E na manhã do oitavo dia, quando acordou

e viu a porta aberta, juntou sete passos e mais sete, 55atravessou o corredor, desceu a

escada, cruzou o pátio e correu para a floresta à procura da sua Rainha.

O sol ainda brilhava quando a corça saiu da floresta, só corça, não mais mulher. E se pôs a

pastar sob as janelas do palácio.

(COLASANTI, Marina. Uma idéia toda azul. São Paulo: Global, 1999.)

Page 26: Sintaxe Externa (testes).pdf

1Título retirado de um verso de uma canção popular da Idade Média.

619 - (UERJ)

Em um texto, existem estruturas que, iniciadas por conectivos, têm a função de qualificar

termos anteriores.

Um exemplo dessas estruturas está sublinhado em:

a) “Puseram a corça num quarto de porta trancada.” (l. 22 - 23)

b) “que lhe ensinaria a gostar dos pássaros e das flores” (l. 36 - 37)

c) “E no dia em que a primeira lágrima rolou dos olhos dela,” (l. 42 - 43)

d) “e correu para a floresta à procura da sua Rainha.” (l. 56 - 57)

TEXTO: 7 - Comum à questão: 620

O novo manifesto

Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo

fazer coisa alguma pela Pátria, pela família, pela humanidade.

Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas ver-se-ia bambo, pois teria,

certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele.

Contra as suas idéias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom

senso.

Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não farei coisa alguma, a não ser receber o

subsídio.

Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro

eleitorado sufrague o meu nome nas urnas.

Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mulher e aos filhos, ficando

mais generoso nas facadas aos amigos.

Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a

humanidade ganha. Ganha porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação

melhorando, essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte.

Page 27: Sintaxe Externa (testes).pdf

Concordarão os nossos leitores e prováveis eleitores que o meu propósito é lógico e as

razões apontadas para minha candidatura são bastante ponderosas.

De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país; que

nada sei da sua geografia; que nada entendo de ciências sociais e próximas, para que o

nobre eleitorado veja bem que vou dar um excelente deputado.

(Lima Barreto, Vida Urbana, 16.01.1915)

620 - (UFTM MG)

Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro

eleitorado sufrague o meu nome nas urnas.

A oração em destaque tem equivalente sintático e expressa igual circunstância na oração

grifada em

a) Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas ver-se-ia bambo.

b) Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a

humanidade ganha.

c) De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país.

d) Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não farei coisa alguma.

e) Ganha porque [...] essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte.

TEXTO: 8 - Comum à questão: 621

Relembrando Kipling

SE

Se tu consegues conservar a calma

ao ler diariamente o teu jornal

e mesmo que te aperte e doa a alma

tu vais para o trabalho habitual;

se ao ver que aumenta sempre a ladroeira

Page 28: Sintaxe Externa (testes).pdf

consegues mesmo assim ter paciência

até quando é bem grande a roubalheira

como nas fraudes, lá na Previdência;

[...]

Se agüentas tudo isso e lá no fundo,

mesmo explorado, exausto e sem dinheiro,

pensas que este é o melhor lugar do mundo,

não és louco não, meu filho: és brasileiro!

Jô Soares. In: VEJA, 5 de junho, 1991

621 - (UEPG PR)

Quanto à análise dos aspectos sintáticos do período: "pensas que este é o melhor lugar do

mundo, não és louco não, meu filho: és brasileiro!", assinale o que for correto.

01. O período é composto por quatro orações.

02. Louco é predicativo do verbo ser.

04. A segunda oração é objeto direto do verbo pensar.

08. Meu filho é sujeito do verbo ser.

16. Tu é sujeito determinado oculto dos verbos pensar e ser.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 622

1Hoje o homem vive simultaneamente em todas as regiões da Terra. Dói-lhe o mundo

inteiro como se fosse uma extensão sensível do seu corpo; os postes telegráficos e as

ondas de rádio são as células nervosas deste imenso organismo a transmitir-lhes

impressões e dores em forma de notícias. A primeira página de um jornal é o gráfico 5desta

vida nervosa suplementar, estampando diariamente a curva de nossas tristezas universais,

somando as parcelas do mundo em nosso comportamento mental e dividindo a nossa mal

distraída atenção pelos quatro recantos da Terra.

Nunca a unanimidade humana foi tão grande. Estamos interessados em tudo e todos.

Das experiências termonucleares às pesquisas sobre a dor reumática. Das 10multidões

Page 29: Sintaxe Externa (testes).pdf

esfomeadas da Índia à pobre menina brasileira que roubou um pão. Das reviravoltas

políticas da África às usinas de alumínio do Canadá.

Por isso mesmo, mereço este dia de praia e de sol, fechado por algum tempo nesta

felicidade deslumbrada feita de orgânico egoísmo. Hoje eu não sofreria nem por mim

mesmo. Nosso destino é morrer. Mas é também nascer. O resto é aflição de 15espírito.

(Paulo Mendes Campos. Unanimidade.)

622 - (UFMS)

Analise as proposições abaixo:

I. No período “A primeira página de um jornal é o gráfico desta vida nervosa

suplementar, estampando diariamente a curva de nossas tristezas universais,

somando as parcelas do mundo em nosso comportamento mental e dividindo a nossa

mal distraída atenção pelos quatro recantos da Terra.” há três orações reduzidas de

gerúndio que podem ser desenvolvidas em orações correspondentes de verbos na

forma finita e introduzidas por conectivos.

II. A forma negativa de “dói-lhe” não altera a posição do pronome, que se mantém

enclítico.

III. Em “como se fosse uma extensão sensível do seu corpo” (linha 2) e “os postes

telegráficos e as ondas de rádio são as células nervosas deste imenso organismo...”

(linhas 2 e 3), ocorre a presença de metáforas.

Está correto o que se afirma

a) apenas em I.

b) em II e III.

c) em I e III.

d) em I e II.

e) apenas em III.

TEXTO: 10 - Comum à questão: 623

Page 30: Sintaxe Externa (testes).pdf

Leia, a seguir, a mensagem do Banco Rural que foi publicada na revista Veja, em

21/12/2005.

01Bem do alto de um pico rochoso, a águia empurrava seus filhotes para a beirada do

ninho. Ao sentir a resistência dos bichinhos, seu coração se acelerou. Por que a emoção de

voar tem que começar com o medo de cair? Apesar de tudo, a águia sabia que aquele era

o momento. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, 05não haverá propósito para

a vida deles. Enquanto não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é

nascer águia.

A águia encheu-se de coragem. O empurrão era o maior presente que ela podia

oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. Então, um a um, ela os precipitou para o

abismo e eles voaram.

10Às vezes, em nossa vida, as circunstâncias fazem o papel de águia. São elas que nos

empurram para o desconhecido. E são elas que nos fazem descobrir que temos asas para

voar.

Em 2006, descubra suas possibilidades

Banco Rural

623 - (UFMS)

Assinale a(s) proposição(ões) correta(s).

01. No texto, o predomínio de verbos no pretérito e da narração em 3ª pessoa cria um

efeito de sentido de subjetividade, próprio do espírito natalino.

02. Filhotes e bichinhos, que se equivalem no anúncio do Banco Rural, são ambos

diminutivos que veiculam a idéia de pequenez.

04. “Ao sentir a resistência dos bichinhos...” (linha 02) e “para voar” (linha 12) são orações

reduzidas de infinitivo que exprimem circunstâncias, respectivamente, de tempo e de

finalidade.

08. Uma possível resposta, para a pergunta “Por que a emoção de voar...?” (linhas 02 e

03), deve ser iniciada pela forma “porquê”.

16. Em “Apesar de tudo, a águia sabia...” (linhas 03 e 04), o termo destacado retoma idéias

apresentadas anteriormente.

TEXTO: 11 - Comum à questão: 624

Page 31: Sintaxe Externa (testes).pdf

TEXTO 2

Pelo ralo

Os pratos estão empilhados de um dos lados da pia numa torre irregular, equilibrando-se

uns sobre os outros, como os destroços de um prédio bombardeado ameaçando cair.

Estão sujos. Muito sujos. Foram deixados ali já faz algum tempo, e os pedaços de detritos

sobre eles se cristalizaram, tomando formas absurdas, surreais. Há grãos e lascas, restos

de folhas amontoados. Copos e tigelas, também empilhados num desenho caótico, exibem

a superfície maculada, cheia de nódoas, e o metal das panelas, chamuscado e sujo, lembra

a fuselagem de um avião incendiado. Mas há mais do que isso. Há talheres por toda parte,

lâminas, cabos, extremidades pontiagudas que surgem por entre os pratos, em sugestões

inquietantes. E há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos e travessas,

igualmente sujos, estão quase submersos numa água escura, como se, num campo de

batalha, a chuva tivesse caído sobre as cinzas. O cenário é desolador.

A mulher se aproxima, os olhos fixos na pia. Suas mãos movem-se em torno da cintura e

caminham até as costas, levando as tiras do avental. E a mulher abre a torneira. Encostada

à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos. (...) A mulher

começa a lavar. Esfrega com vigor, começando pelas travessas que estavam imersas,

pegando em seguida os copos e, por fim, os pratos. Vai acumulando-os, de um dos lados

da pia, num trabalho longo, árduo. E só depois se põe a enxaguá-los, deixando que a água

escoe, levando consigo o que resta dos detritos.

De repente, a mulher sorri. As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça.

Sempre gostou. A sensação de água nas mãos, seu jato carregando as impurezas, são para

ela um bálsamo. “É bom assistir a essa passagem, à transformação do sujo em limpo”,

ouviu dizer um dia um poeta. Ficara feliz ao ouvir aquilo. Só então se dera conta do quanto

havia de beleza e poesia nesses gestos tão simples. Mas agora a mulher suspira. Queria

poder também lavar os erros do mundo, desfazer seus escombros, apagar-lhe as nódoas,

envolver em sabão todos os ódios e horrores, as misérias e mentiras. Porque, afinal, do

jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar – ele inteiro – descendo pelo

ralo.

(Heloísa Seixas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2001).

624 - (UFPE)

Explorando as relações semânticas estabelecidas no Texto 2, por diversas expressões

conectivas, podemos tecer os seguintes comentários.

Page 32: Sintaxe Externa (testes).pdf

00. Em: “Os pratos estão empilhados (...), equilibrando-se uns sobre os outros, como os

destroços de um prédio (...) ameaçando cair”, é evidente a relação de causalidade.

01. No trecho: “há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos (...) estão quase

submersos”, há um sentido de localização expresso pelo termo em destaque.

02. Em: “Suas mãos movem-se em torno da cintura e caminham até as costas”, a relação

estabelecida entre as duas orações é de adição.

03. No segmento: “As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça”, há o

acréscimo de um argumento; por isso o uso da aditiva.

04. Em: “Porque, afinal, do jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar

(...) descendo pelo ralo”, o autor apresenta uma espécie de justificativa ou explicação

para seu argumento.

TEXTO: 12 - Comum à questão: 625

TEXTO I

Frontal com fanta (fragmento)

(Jorge Furtado)

Eu não me lembro muito bem se tinha 13 ou 14 anos na primeira vez em que fiquei

invisível. [...]. É muito provável que eu já tivesse ficado invisível muitas vezes antes, tenho

certeza que sim. Quando a minha mãe e o meu pai discutiam, quando ele gritou que ela é

que quis ter filho e agora não gosta de ficar com as crianças e só quer viajar, quando ela

bebia e andava quase nua pela casa, quando o meu pai mudava a televisão de canal pouco

antes do fim do filme que eu estava assistindo havia mais de uma hora, é claro que eu

estava invisível, só que não percebia. [...]

Meu irmão mais velho vai chegar no próximo fim de semana [...]. Ele vem com a namorada

e vai dormir no meu quarto, eu vou dormir com a minha irmã, no chão do quarto dela.

[Minha mãe e minha irmã] falaram todo o tempo, decidindo o que ia acontecer comigo,

sem me ver. Comi frango com arroz e legumes e fui ao banheiro. Abri o armário dos

remédios, peguei um remédio da minha mãe, frontal. Li a bula. “Componente ativo:

alprazolam. Indicado no tratamento de estados de ansiedade. Seu mecanismo de ação é

desconhecido.” Talvez fosse isso, ansiedade se cura com remédio. Não é recomendado a

pacientes psicóticos. Os sintomas da ansiedade são: tensão, medo, aflição, agonia,

Page 33: Sintaxe Externa (testes).pdf

intranqüilidade, dificuldades de concentração, irritabilidade, insônia e ou hiperatividade.

Os sintomas da ansiedade sou eu. Peguei o vidro e fui para o meu quarto. Tomei dois,

devia ter pegado água, não é bom ter tomado remédio com fanta. Deitei e dormi.

Acordei, era outra pessoa. E continuava invisível.

625 - (ESCS DF)

A alternativa que descreve adequadamente as estruturas que se iniciam pela conjunção

“quando”, no primeiro parágrafo do texto I, é a seguinte:

a) orações coordenadas sindéticas alternativas que se ligam à oração coordenada

assindética “tenho certeza que sim”;

b) orações subordinadas adverbiais que se relacionam à oração principal “é claro que eu

estava invisível”;

c) orações subordinadas adverbiais que se relacionam à oração principal “Tenho certeza

que sim”;

d) frases nominais que não se relacionam a qualquer outra oração;

e) orações subordinadas adjetivas que se relacionam à oração principal “é claro que eu

estava invisível”.

TEXTO: 13 - Comum à questão: 626

TEXTO I

RACISMO DISTRAÍDO

Luis Fernando Veríssimo

(fragmento)

Nosso racismo tem a desculpa de ser distraído. O que nos absolve é que não nos

damos conta. O Grafite não considera o seu apelido racista. Como é negro e comprido,

deve achar o apelido bem bolado. Implícita neste racismo que não se reconhece está a

idéia de que caricaturar carinhosamente ou infantilizar o negro é uma maneira de consolá-

Page 34: Sintaxe Externa (testes).pdf

lo pela sua condição de diferente. Entre o negrão e o negrinho está a nossa incapacidade

de dar nome certo ao preconceito.

E não é só com negros. Há anos que o humor brasileiro recorre a estereótipos raciais

sem medir o insulto: o judeu sempre retratado como o avarento de sotaque carregado, o

japonês invariavelmente bobo, etc., além do negro em suas várias versões de primitivo

divertido.

626 - (IBMEC)

No trecho, “Implícita neste racismo que não se reconhece está a idéia de que caricaturar

carinhosamente ou infantilizar o negro é uma maneira de consolá-lo pela sua condição de

diferente.”, as duas orações sublinhadas são classificadas, respectivamente, como:

a) Subordinada adjetiva restritiva /subordinada substantiva completiva nominal

b) Subordinada adjetiva restritiva / subordinada substantiva objetiva indireta

c) Subordinada adjetiva explicativa / subordinada substantiva objetiva direta

d) Coordenada sindética explicativa / subordinada adverbial consecutiva

e) Subordinada adjetiva restritiva / subordinada substantiva objetiva direta

TEXTO: 14 - Comum à questão: 627

texto I

A lata de lixo

A lata de lixo, outrora sórdido caixote (salvo para os vira-latas), transformou-se hoje num

elegante objeto de plástico, em geral azul, perfeita esfera.

Embarcaríamos até nessa astronave!

5Manuel Bandeira viu certa vez um homem fuçando uma lata de lixo num pátio. Com esse

material mínimo escreveu uma poesia muito admirada também num determinado setor

das universidades de Roma e de Pisa. Roma! Os palácios vermelhos de 10Roma! Pisa! A

lâmpada de Galileu! As romanas! As pisanas!

Page 35: Sintaxe Externa (testes).pdf

Não é fácil ver-se o lixeiro. Trata-se de um personagem kafkiano, quase marciano. Deixa-se

a lata do lado de fora, e ele, pisando com pés de 15lã, invisível aos olhos mortais, discreto,

obediente, esvazia a esfera azul.

Só uma vez tive ocasião de encontrar um lixeiro, aqui em Roma, nas vésperas do Natal.

Bateu à minha porta, subvestido (subnutrido?), sorridente, 20anunciando: Eu sou o lixeiro.

Respondo logo, também sorridente: Bom dia. Como se chama o senhor?

Não tolero ignorar os nomes daqueles com quem trato. A função adâmica1 do poeta move-

o a nomear 25as coisas e as pessoas. Não só atribuir um nome aos que ainda não o têm,

mas informar-se dos que já o têm.

De resto um homem, antes de ser lixeiro, garçom ou motorista, é uma pessoa, quero saber

seu nome.

Eu me chamo, e todos os outros me chamam, Murilo. 30Dum ponto de vista puramente

eufônico2 e visual preferiria chamar-me por exemplo Goya, Velázquez ou Zurbarán.

Malandro e hipócrita sou! Bem vejo que não se trata de um ponto de vista puramente

eufônico e visual, 35trata-se de atenção à hierarquia dos valores: mesmo contrariando

Ortega y Gasset, mesmo reconhecendo o interesse dum certo lado da obra de Murilo, o

lado mais realista, não o situo no plano dos outros três pintores.

40Vaidade das vaidades: Tudo é vaidade, até mesmo a de querer mudar de nome para se

elevar, até mesmo a de embarcar numa astronave, percorrer o cosmo que um dia próximo

ou remoto, não sei, será despejado como lixo; e um mundo novo se levantará sobre 45latas, máquinas de plástico ou não, sobre as ruínas dos textos, as ruínas das ruínas: o

novo céu, a nova terra, previstos e anunciados pelo transformador e reformador de todas

as coisas visíveis e invisíveis, o Ser dialético3 por excelência.

Murilo MENDES

Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Vocabulário:

1adâmica – relativo a Adão, primeiro homem, segundo a Bíblia

2eufônico – de som agradável

3dialético – em que convivem os contrários

627 - (UERJ)

Considere a seguinte passagem:

Page 36: Sintaxe Externa (testes).pdf

mesmo contrariando Ortega y Gasset, mesmo reconhecendo o interesse dum certo lado

da obra de Murilo, o lado mais realista, não o situo no plano dos outros três pintores. (l.

35-39)

Classifique as orações reduzidas quanto à circunstância adverbial que expressam. Em

seguida, preservando esse sentido, reescreva as orações com tempo e modo adequados,

coordenando-as por meio de uma conjunção aditiva.

TEXTO: 15 - Comum à questão: 628

Texto 1

A escola que o prefeito inaugurara não ficava na avenida exatamente, mas numa das

ruelas que a ela davam e onde uns moradores aguavam diariamente as calçadas para

atenuar a poeira, pois não era asfaltada.

Tal localização gerou dissensão entre os vizinhos, uma vez que o terminal rodoviário ficava

muito longe.

628 - (UFMS)

Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01. A presença do pretérito-mais-que-perfeito no início do texto (linha 1) indica um

acontecimento anterior aos eventos narrados no pretérito perfeito e no imperfeito.

02. A oração adjetiva “que o prefeito inaugurara” (linha 1) restringe o sentido da palavra

“escola”, fazendo pressupor a existência de outras no local.

04. Deduz-se do texto que o ato de aguar as calçadas permitia que a poeira da ruela não

asfaltada fosse eliminada.

08. Em “tal localização”, o termo assinalado é um pronome demonstrativo que retoma

anaforicamente “ruela”.

16. O texto permite concluir que todas as ruelas adjacentes à avenida, inclusive a da

escola, não eram asfaltadas.

TEXTO: 16 - Comum à questão: 629

Page 37: Sintaxe Externa (testes).pdf

TEXTO 1

Ciência e aquecimento global

1O que até recentemente parecia ficção tomou forma na realidade como desafio que

exige – se não solução imediata, algo bem pouco provável – ao menos encaminhamento

promissor.

O aquecimento global, como conseqüência da liberação crescente na atmosfera 5de

gases de efeito estufa, é o maior impacto ambiental da história da civilização, o que não

significa que aponte para o final dos tempos.

[...]

O conhecimento científico tem participação ampla e profunda tanto no processo de

aquecimento da Terra como nos encaminhamentos para evitar uma tragédia de 10proporções inéditas para a humanidade. Foram avanços de natureza científica –

particularmente na termodinâmica, o estudo das transformações da energia – que

permitiram a substituição de músculos humanos e animais pelas engrenagens das

máquinas. Este mesmo conhecimento advertiu, já no século XIX, para o praticamente

inevitável aquecimento futuro da atmosfera por elementos tão insuspeitos quanto vapor

d’água e dióxido de 15carbono.

As manchetes dos jornais, anunciando a identificação do aquecimento global a partir

de atividades humanas, fizeram do dióxido de carbono um vilão quase indefensável ao

longo dos últimos meses. A verdade, no entanto, é que este gás é imprescindível para a

vida como a conhecemos e, além disso, atua como cobertor químico, para fazer da 20Terra

o mundo aconchegante que ela é.

Quais as possibilidades de o atual conhecimento científico permitir uma reversão deste

processo, ainda que nem tudo volte a ser como antes?

A identificação do aquecimento global como de origem antrópica, devidamente

separada de causas naturais que já foram responsáveis por esta ocorrência mais de uma 25vez na história da Terra, certamente não deve passar despercebida. Assim, o obstáculo

maior, ao que tudo indica, não está no estoque de conhecimentos – promissores ainda

que não ilimitados – mas na necessidade de mudança de hábitos, pela primeira vez na

história da civilização, de toda a humanidade.

Ponto de Vista. Scientific American Brasil, São Paulo,

n. 19, p. 7, dez. 2003. Ed. especial.

Page 38: Sintaxe Externa (testes).pdf

629 - (UFSC)

De acordo com o texto 1, é CORRETO afirmar que:

01. as palavras insuspeitos (linha 14), indefensável (linha 17), imprescindível (linha

18), despercebida (linha 25) e ilimitados (linha 27) apresentam prefixo com valor de

negação.

02. entre as palavras liberação (linha 4), substituição (linhas 11-12), identificação (linha

16), reversão (linha 21), há duas que não são derivadas de verbo pelo acréscimo de

sufixo.

04. as expressões sublinhadas no texto, tanto [...] como (linhas 8-9) e ainda que (linha

22), podem ser substituídas, respectivamente, por não só [...] mas também, e mesmo

que, sem prejuízo para o sentido de cada frase.

08. as palavras foram (linha 10) e que (linha 11) não podem ser retiradas da frase

simultaneamente, pois são necessárias para o entendimento da mesma.

16. as expressões sublinhadas em aquecimento futuro da atmosfera (linhas 13-14) e

manchetes dos jornais (linha 16) têm valor de substantivo nesses contextos.

32. o segundo parágrafo é constituído por um período composto cuja oração

principal é O aquecimento global é o maior impacto ambiental da história da

civilização.

64. as palavras hídrico, termodinâmica, obstáculo e científico não obedecem à mesma

regra de acentuação gráfica.

TEXTO: 17 - Comum à questão: 630

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé

brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco.

Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo

parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me

completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. No canal oscilava um

barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? quem as comprava?

em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? e que

mãos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais

criança, porém minha alma ficava completamente feliz. [...]

Page 39: Sintaxe Externa (testes).pdf

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela,

uns dizem que essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente,

que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Cecília Meireles, A arte de ser feliz.

Em Escolha seu sonho, p. 24.)

630 - (UFSCar SP)

Assinale a alternativa em que o trecho — Eu não era mais criança, porém minha alma

ficava completamente feliz. — está parafraseado por meio de uma subordinação.

a) Eu não era mais criança, mas minha alma ficava completamente feliz.

b) Eu não era mais criança, todavia minha alma ficava completamente feliz.

c) Embora eu não fosse mais criança, minha alma ficava completamente feliz.

d) Eu não era mais criança; minha alma ficava, entretanto, completamente feliz.

e) Eu não era mais criança; minha alma, contudo, ficava completamente feliz.

TEXTO: 18 - Comum à questão: 631

Texto 2

O latim nosso do dia-a-dia

Maria Helena de Moura Neves

O ensejo para esta reflexão é conjuntural: a recomendação do papa Bento 16 sobre o

uso do latim no rito das missas católicas, pelo menos das internacionais.

05Trata-se de um fato pontual, sem influência e sem reflexos como “sobrevida” do

latim nos nossos tempos e na nossa vida ou como incremento de seu cultivo, ensino e

entendimento, já que linguagem ritual é quase código cifrado, 10mágico, especialmente se

em língua estranha à da comunidade participante.

Sempre tive a consciência de que me beneficiei muito de meus árduos (e amados)

estudos de latim quando enveredei pelo trabalho 15com a linguagem.

Page 40: Sintaxe Externa (testes).pdf

Vem a pergunta: é preciso saber latim?

Na defesa da manutenção – ou da ressurreição – do estudo do latim, sempre se

invocou o que essa língua (...) representaria para o desenvolvimento 20do raciocínio, da

reflexão. Não vou por aí, que seria minimizar e artificializar o significado da empreitada.

Assim como não faz sentido colocar as atividades de aquisição do latim como

importantes 25para o acompanhamento de um ritual (a não ser para os profissionais do

culto ritualizado, que, na verdade, é o que o papa quer), não faz sentido defender essas

atividades simplesmente como instrumentos para o desenvolvimento do raciocínio 30ou da

reflexão, por se tratar de uma língua com casos.

Obviamente, a cada língua que o indivíduo adquire, ele terá passado por uma

experiência reflexiva enriquecedora, mas nunca se poderia 35dizer que é para isso que

alguém se põe a estudar outra língua.

Ao ensejo dessa medida papal (...), o que me vem à mente é, exatamente, a falta que

está fazendo o conhecimento do latim a um grupo que 40nada tem de fechado – o dos

profissionais da linguagem (e são tantos, “lato sensu”!), aí incluídos, destacadamente, os

profissionais de português.

Fique claro que, para saber português, não é 45preciso saber latim, pois cada falante

criado com uma comunidade é competente na língua dessa comunidade.

Mas, para refletir sobre o comportamento das peças e dos processos de

funcionamento de uma 50língua (especialmente de uma língua neolatina, como é a nossa),

muita luz se obtém nesse conhecimento.

Quem tem de falar sobre sua língua e levar outros (alunos, leitores) a considerá-la 55reflexivamente com certeza encontrará, no que estiver na origem dela, nas suas raízes de

significação, muito subsídio de compreensão e de explicação.

Eu diria que o argumento mais forte vai 60exatamente no sentido contrário do

geralmente invocado. Vai no sentido da fuga do encapsulamento de um grupo particular,

fechado em si, especialmente neste mundo globalizado, plurilíngüe.

65Convido os leitores a pensar se não é interessante ter instrumentos para (...) poder

entender toda essa história do termo mídia, por exemplo, que alguns adoram, outros

abominam, e a maioria nem sabe por quê.

70No mundo globalizado, a aldeia de cada um, por mais coretos e poéticos riachos que

tenha, é sempre uma aldeia global.

E, quem diria, a modernidade pede tradição, evidenciando o ciclo que constrói o saber

humano.

Adaptação do texto da Folha de S. Paulo, 18 de março de 2007. Mais!, p. 3.

Page 41: Sintaxe Externa (testes).pdf

631 - (UEM PR)

Em “Sempre tive a consciência de que me beneficiei muito de meus árduos (e amados)

estudos de latim quando enveredei pelo trabalho com a linguagem.” (linhas 12-15), as

orações do período são, respectivamente,

a) oração subordinada substantiva objetiva direta; oração principal; oração subordinada

adverbial temporal.

b) oração subordinada adverbial temporal; oração subordinada substantiva objetiva

indireta; oração subordinada adverbial temporal.

c) oração subordinada substantiva completiva nominal; oração principal; oração

subordinada adverbial temporal.

d) oração principal; oração subordinada substantiva completiva nominal; oração

subordinada adverbial temporal.

e) oração subordinada adverbial temporal; oração subordinada substantiva completiva

nominal; oração subordinada adverbial temporal.

TEXTO: 19 - Comum à questão: 632

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!

Não levo da existência uma saudade!

E tanta vida que meu peito enchia

Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! votei meus pobres dias

À sina douda de um amor sem fruto...

E minha alma na treva agora dorme

Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? morra comigo

A estrela de meus cândidos amores,

Page 42: Sintaxe Externa (testes).pdf

Já que não levo no meu peito morto

Um punhado sequer de murchas flores!

(Álvares de Azevedo, Adeus, meus sonhos!; em Lira dos Vinte Anos)

632 - (UFTM MG)

A oração em destaque no período – E tanta vida que meu peito enchia morreu – tem a

mesma classificação sintática que a oração destacada em:

a) Que me resta, meu Deus?

b) Morra comigo a estrela [...] já que não levo no meu peito morto.

c) Dorme como um olhar.

d) Adeus meus sonhos, eu pranteio e morro!

e) Como um olhar que a morte envolve em luto.

TEXTO: 20 - Comum à questão: 633

Resta a idéia de que o escravo morria jovem porque trabalhava demais. Na verdade, a

noção de excesso de trabalho é relativa. Não há dúvida de que os escravos trabalhavam

muito. De todos eles, e em qualquer serviço, os senhores exigiam de 15 a 17 horas de

trabalho diário, e a tradição os dá como implacáveis nesse ponto. (...)

No campo, alternam-se fases de paradeiro e outras de intensa atividade, ao ritmo das

colheitas e das estações. Nas minas, chuvas pesadas interrompem toda a atividade. E o

trabalho noturno é impossível, a não ser nos engenhos e durante a fase do cozimento do

melaço. Além disso, a jornada de trabalho era cortada por várias pausas. As crianças e os

velhos traziam aos trabalhadores do campo grandes vasilhas de água e sopa. Por outro

lado, os feriados são numerosos no calendário brasileiro: Maurício Goulart calculou que os

dias de trabalho não passavam de 250 por ano.

O excesso de trabalho não explica, portanto, a grande mortalidade entre os escravos.

A explicação estará mais facilmente, talvez, nas condições desse trabalho. O escravo o

pratica em climas muito severos. No nordeste, há calor e umidade, muita umidade,

durante todo o ano, e os saltos bruscos da temperatura são freqüentes. De uma hora para

outra, o termômetro pode passar de 24 a 18 graus. Ora, nessas regiões os escravos usam

habitualmente roupas leves, de algodão. Capas e casacos são raros e os resfriados ligeiros,

mal curados, fazem-se crônicos e provocam bronquites, anginas, pneumonias,

Page 43: Sintaxe Externa (testes).pdf

tuberculose. No centro, no oeste e no sul, o inverno é rigoroso, a temperatura cai

facilmente abaixo de zero e não existe qualquer espécie de calefação na casa do senhor ou

na senzala. Ocorre com freqüência que os escravos não possuam cobertores e roupas de lã

para se protegerem suficientemente do frio. E a terapêutica é muito tateante. Raros

médicos diplomados visitam as fazendas para cuidar de doentes.

(Kátia M. de Queirós Mattoso,

Ser escravo no Brasil.)

633 - (UNESP SP)

Compare estes trechos, extraídos do fragmento de Mattoso:

Resta a idéia de que o escravo morria jovem porque trabalhava demais.

O excesso de trabalho não explica, portanto, a grande mortalidade entre os escravos.

Comente o valor com que os termos destacados foram empregados, no texto, apontando

uma diferença na sua função de elementos relacionantes.

TEXTO: 21 - Comum à questão: 634

O BARBEIRO

01Perto de casa havia um barbeiro, que me 02conhecia de vista, amava a rabeca e não 03tocava inteiramente mal. Na ocasião em que ia 04passando, executava não sei que peça.

Parei 05na calçada a ouvi-lo (tudo são pretextos a um 06coração agoniado), ele viu-me, e

continuou a 07tocar. Não atendeu a um freguês, e logo a 08outro, que ali foram, a despeito

da hora e de 09ser domingo, confiar-lhe as caras à navalha. 10Perdeu-os sem perder uma

nota; ia tocando 11para mim. Esta consideração fez-me chegar 12francamente à porta da

loja, voltado para ele. 13Ao fundo, levantando a cortina de chita que 14fechava o interior da

casa, vi apontar uma 15moça trigueira, vestido claro, flor no cabelo. 16Era a mulher dele;

creio que me descobriu de 17dentro, e veio agradecer-me com a presença o 18favor que eu

fazia ao marido. Se me não 19engano, chegou a dizê-lo com os olhos. 20Quanto ao marido,

tocava agora com mais 21calor; sem ver a mulher, sem ver fregueses, 22grudava a face no

instrumento, passava a 23alma ao arco, e tocava, tocava…

24Divina arte! Ia-se formando um grupo, 25deixei a porta da loja e vim andando para 26casa; enfiei pelo corredor e subi as escadas 27sem estrépito. Nunca me esqueceu o caso 28deste barbeiro, ou por estar ligado a um 29momento grave de minha vida, ou por esta

Page 44: Sintaxe Externa (testes).pdf

30máxima, que os compiladores podiam tirar 31daqui e inserir nos compêndios da escola. A 32máxima é que a gente esquece devagar as 33boas ações que pratica, e verdadeiramente 34não as esquece nunca. Pobre barbeiro! Perdeu 35duas barbas naquela noite, que eram o

pão do 36dia seguinte, tudo para ser ouvido de um 37transeunte. Supõe agora que este, em

vez de 38ir-se embora, como eu fui, ficava à porta a 39ouvi-lo e namorar-lhe a mulher; então

é que 40ele, todo arco, todo rabeca, tocaria 41desesperadamente. Divina arte!

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro – obra

completa – vol. I, Aguilar, 2a ed. 1962.

634 - (UECE)

“Na ocasião em que ia passando, executava não sei que peça.” (linhas 03 e 04). A oração

sublinhada deve ser classificada como

a) subordinada adjetiva.

b) coordenada assindética.

c) subordinada adverbial.

d) subordinada substantiva.

TEXTO: 22 - Comum à questão: 635

Será?

Aqueles que procuram os Serviços de Atendimento ao Consumidor percebem, de

imediato, que entraram num jogo de resistência. Lançados de um lado para outro,

repassados de atendente em atendente, obrigados a escutar mensagens publicitárias e a

perder tempo ouvindo música, dão-se por felizes quando a ligação não cai.

Mas eis que o Chefe da Nação, em pessoa, parece vir em socorro da distinta freguesia.

(...) Decidiu o governo, numa canetada, que tais serviços têm de ser gratuitos, têm de

funcionar, ininterruptamente, 24 horas por dia, e têm, ainda, de promover o contato

imediato com um atendente. E o que é mais importante: as reclamações têm de ser

resolvidas em até cinco dias.

Não custa lembrar que os setores sob regulamentação do poder público originam o

maior número de queixas dos consumidores. São os serviços de telefonia, de água, energia

Page 45: Sintaxe Externa (testes).pdf

elétrica e transporte aéreo. São, também, os bancos e os planos de saúde. Em suma, são

empresas e empreendimentos sob acompanhamento direto do Governo. Se falham, é

porque a fiscalização tem sido igualmente falha. Fica, então, a dúvida: será que vai dar

certo?

Nossa tradição não recomenda a plenitude da boa fé no controle governamental das

ações e serviços públicos, sobretudo quando feito por decreto. Aqui, as leis já são muitas e

já são duras.

Mas lembram a velha piada do Inferno Brasileiro: aquele em cuja porta almas penadas

fazem filas quilométricas, enquanto o Inferno Americano e o Europeu, com leis mais

brandas, jazem vazios. Por quê? Resposta: porque, no daqui, o diabo não costuma dar

expediente.

(Jornal da Paraíba, 2/08/2008, p.6)

635 - (UFCG PB)

Observando-se a estrutura sintática e os valores semânticos das orações sublinhadas no

texto, pode-se afirmar que são orações

a) subordinadas adjetivas, que melhor expressam os propósitos comunicativos do autor.

b) subordinadas substantivas e parecem constituir-se o foco da atenção dos

interlocutores.

c) coordenadas que fundamentam a exposição dos fatos, sem fazer o texto progredir no

tema.

d) subordinadas adverbiais que complementam o que foi posto em primeiro plano pela

oração principal.

e) independentes, responsáveis pelas informações principais dos parágrafos.

TEXTO: 23 - Comum às questões: 636, 637

1Livremente inspirada no football association, a pelada é a matriz do futebol sul-americano

e, hoje em dia mais nitidamente, do africano. É praticada, como se sabe, por moleques de

pés descalços no meio da rua, em pirambeira, na linha de trem, dentro do ônibus, no

mangue, na areia fofa, em qualquer terreno pouco confiável. Em suma, pelada é uma

espécie de futebol que se joga apesar do chão. Nesse esporte descampado todas as linhas

são imaginárias - ou flutuantes, como a linha da água no 5futebol de praia - e o próprio gol

é coisa abstrata. O que conta mesmo é a bola e o moleque, o moleque e a bola, e por bola

Page 46: Sintaxe Externa (testes).pdf

pode se entender um coco, uma laranja ou um ovo, pois já vi fazerem embaixada com ovo.

Daí, quando o moleque encara uma bola de couro, mata a redonda no peito e faz a

embaixada com um pé nas costas. E quando ele corre de testa erguida no gramado liso

feito um mármore, com a passada de quem salta poças por instinto, é uma elegância. Mas

se a bola de futebol pode ser considerada a sublimação do coco, ou a reabilitação do ovo,

ou uma laranja em êxtase, para o peladeiro o campo 10oficial às vezes não passa de um

retângulo chato. Por isso mesmo, nas horas de folga, nossos profissionais correm atrás dos

rachas e do futevôlei, como o Garrincha largava as chuteiras no Maracanã para bater bola

em Pau Grande. É a bola e o moleque, o moleque e a bola.

636 - (UFMT)

A coluna da esquerda apresenta recursos expressivos usados na crônica e a da direita,

exemplos deles. Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.

1 - léxico relativo a futebol

2 - comparação

3 - enumeração de termos

4 - coesão por substituição

( ) Nesse esporte descampado todas as linhas são imaginárias - ou flutuantes, como a

linha da água no futebol de praia

( ) Em suma, pelada é uma espécie de futebol que se joga apesar do chão. Nesse esporte

descampado todas as linhas são imaginárias – ou flutuantes

( ) no meio da rua, em pirambeira, na linha de trem, dentro do ônibus, no mangue, na

areia fofa, em qualquer terreno pouco confiável

( ) o moleque encara uma bola de couro, mata a redonda no peito e faz a embaixada com

um pé nas costas

Assinale a seqüência correta.

a) 1, 2, 4, 3

b) 4, 3, 1, 2

c) 2, 3, 4, 1

Page 47: Sintaxe Externa (testes).pdf

d) 4, 1, 2, 3

e) 2, 4, 3, 1

637 - (UFMT)

Em relação aos recursos expressivos, analise as afirmativas.

I. Os conectores Daí (linha 06), E quando (linha 07), Por isso mesmo (linha 10), além de

cumprir sua função de estabelecer relação de sentido, contribuem para imprimir

informalidade ao texto.

II. Períodos como O que conta mesmo é a bola e o moleque, o moleque e a bola, e por

bola pode-se entender um coco, uma laranja ou um ovo, pois já vi fazerem embaixada

com ovo., essencialmente coordenados, ao contrário dos subordinados, conferem às

idéias um plano não hierárquico.

III. Em É a bola e o moleque, o moleque e a bola., elementos fônicos e sintáticos, como

ritmo, sonoridade e frase curta, recriam o toque de bola e o movimento do jogo.

IV. A expressão como se sabe (linha 02) é usada no texto para recuperar uma informação

que o leitor não detém, mas o produtor espera que seja tomada como verdadeira.

Estão corretas as afirmativas

a) II, III e IV, apenas.

b) I, II e III, apenas.

c) II e III, apenas.

d) III e IV, apenas.

e) I, II, III e IV.

TEXTO: 24 - Comum à questão: 638

Os tiranos e os autocratas sempre compreenderam que a capacidade de ler, o

conhecimento, os livros e os jornais são potencialmente perigosos. Podem insuflar idéias

Page 48: Sintaxe Externa (testes).pdf

independentes e até rebeldes nas cabeças de seus súditos. O governador real britânico da

colônia da Virgínia escreveu em 1671: “graças a Deus não há escolas, nem imprensa livre;

e espero que não [as] tenhamos nestes [próximos] cem anos; pois o conhecimento

introduziu no mundo a desobediência, a heresia e as seitas, e a imprensa divulgou-as e

publicou os libelos contra os melhores governos. Que Deus nos guarde de ambos!” Mas os

colonizadores norte-americanos, compreendendo em que consiste a liberdade, não

pensavam assim. Em seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de ter um

dos índices mais elevados – talvez o mais elevado – de cidadãos alfabetizados do mundo.

Atualmente, os Estados Unidos não são o líder mundial em alfabetização. Muitos dos

que são alfabetizados não conseguem ler, nem compreender matérias escritas mais

complexas, – como um artigo científico, um manual de instruções, o documento de uma

hipoteca ou um programa eleitoral.

As rodas dentadas da pobreza, da ignorância, da falta de esperança e baixa auto-

estima se engrenam para criar um tipo de máquina do fracasso perpétuo que esmigalha os

sonhos de geração a geração. Nós todos pagamos o preço de mantê-la funcionando. O

analfabetismo é a sua cavilha.

Ainda que endureçamos os nossos corações diante da vergonha e da desgraça

experimentada pelas vítimas, o ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais –

o custo das despesas médicas e da hospitalização, o custo de crimes e prisões, o custo de

programas de educação especial, o custo da produtividade perdida e de inteligências

potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os dilemas que nos

perseguem.

Frederick Douglas ensinou que a alfabetização é o caminho que vai da escravidão para

a liberdade. Há muitos tipos de escravidão e muitos tipos de liberdade. Mas saber ler ainda

é o caminho.

(Carl Sagan. O caminho para a liberdade. Fragmento adaptado).

638 - (UESPI)

“Que Deus nos guarde de ambos! Mas os colonizadores norte-americanos,

compreendendo em que consiste a liberdade, não pensavam assim”. O segmento

sublinhado expressa um sentido de:

a) oposição.

b) condição.

c) comparação.

d) causalidade.

Page 49: Sintaxe Externa (testes).pdf

e) concessão.

TEXTO: 25 - Comum à questão: 639

Leia o fragmento abaixo.

“Ferramenta fundamental na carreira e no crescimento pessoal, o português pode ser

transformado por um acordo ortográfico. Mas essa não é a única revolução por que a

língua está passando.

Engavetado desde sua assinatura, em 1990, voltou a assombrar o acordo ortográfico que

visa a unificar a escrita do português nos países que o adotam como língua oficial. O

Ministério da Educação chegou a anunciar a entrada em vigor da reforma no Brasil já em

2008. Felizmente, essa data foi postergada.”

(Riqueza da Língua - Revista Veja, 12 de setembro de 2007.)

639 - (UNIOESTE PR)

Em voltou a assombrar o acordo ortográfico que visa a unificar a escrita do português nos

países que o adotam como língua oficial, a oração que o adotam como língua oficial

funciona como

a) adverbial causal.

b) adjetiva restritiva.

c) substantiva indireta.

d) adjetiva explicativa.

e) coordenada explicativa.

TEXTO: 26 - Comum às questões: 640, 641

Page 50: Sintaxe Externa (testes).pdf

Quem primeiro me falou sobre as terras-raras acho que deve ter sido minha mãe, que era

uma fumante inveterada e acendia um cigarro atrás do outro com um pequeno isqueiro

Ronson. Certo dia ela me mostrou a “pedra” do isqueiro, retirando-a do mecanismo, e

explicou que não era realmente uma pedra, e sim um metal que produzia faíscas quando

raspado. Esse “misch metal” – consistindo, sobretudo, em cério – era uma mistura de meia

dúzia de metais, todos eles muito semelhantes, e todos eles terras-raras. Esse nome

curioso, terras-raras, tinha algo de mítico, de conto de fadas, e eu imaginava que as terras-

raras não eram somente raras e preciosas.

Acreditava que eram também dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas

por nenhum outro elemento.

(SACKS, Oliver. Tio Tungstênio. São Paulo:

Companhia das Letras, 2002. Adaptado).

640 - (FATEC SP)

Considere as frases apresentadas.

... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas. Acreditava que

eram também dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum outro

elemento.

Assinale a alternativa em que as frases foram conectadas, com idéia de condição, em um

único período:

a) ... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas, porém

eram dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum outro

elemento.

b) ... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas, posto que

também eram dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum

outro elemento.

c) ... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas, ainda que

fossem dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum outro

elemento.

d) ... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas mas ainda

eram dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum outro

elemento.

Page 51: Sintaxe Externa (testes).pdf

e) ... e eu imaginava que as terras-raras não seriam somente raras e preciosas se fossem

dotadas de qualidades secretas, especiais, não possuídas por nenhum outro elemento.

641 - (FATEC SP)

Observe que o trecho destacado, a seguir, funciona como uma oração subordinada

adjetiva que encerra uma explicação:

...deve ter sido minha mãe, que era uma fumante inveterada e acendia um cigarro atrás

do outro com um pequeno isqueiro Ronson.

Assinale a alternativa em que se encontra oração de mesma função sintática.

a) Quem primeiro me falou sobre as terras-raras acho que deve ter sido minha mãe...

b) Certo dia ela me mostrou a “pedra” do isqueiro, retirando-a do mecanismo, e explicou

que não era realmente uma pedra...

c) Esse “misch metal” – consistindo, sobretudo, em cério – era uma mistura de meia

dúzia de metais, todos eles muito semelhantes, e todos eles terras-raras.

d) Esse nome curioso, terras-raras, tinha algo de mítico, de conto de fadas...

e) ... e eu imaginava que as terras-raras não eram somente raras e preciosas.

TEXTO: 27 - Comum à questão: 642

(fragmento):

1[...] há um espaço tratado com carinho especial, que ganhou 2isolamento no teto. É o

laboratório de informática, onde 16 3computadores são disputados por 1,1 mil alunos,

muitos deles 4filhos de moradores de favelas próximas e até acampados da 5reforma

agrária. O laboratório foi preparado para receber nas 6próximas semanas 15 pontos de

banda larga gratuitos. [...]

Page 52: Sintaxe Externa (testes).pdf

Hugo Marques. Internet rápida nas escolas. Revista ISTO É,

São Paulo: Editora Três, ano 31, 02 de julho, 2008, p. 60.

642 - (UEPB)

Analise as proposições acerca do enunciado abaixo.

“O laboratório foi preparado para receber nas próximas semanas 15 pontos de banda larga

gratuitos” (refs. 5-6).

Pode-se concluir que no enunciado:

I. Há um tempo de ocorrência que se refere à realização de duas ações que se opõem na

sucessão cronológica.

II. A palavra “para” introduz uma finalidade, ocasionando uma oração reduzida de

infinitivo.

III. Há um equívoco quanto ao uso do termo “gratuitos”, pois, por atração, deveria

concordar com “banda larga”.

Está(ão) correta(s), apenas:

a) I e III

b) I e II

c) I

d) II

e) III

TEXTO: 28 - Comum à questão: 643

Page 53: Sintaxe Externa (testes).pdf

Considere o trecho inicial de uma obra do escritor brasileiro Afonso Henriques de Lima

Barreto (1881-1922).

1Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas

informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a

correspondência que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro lá ia a um dos

extremos 5da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de

cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes...

Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos

na venda perguntaram-lhe que trabalho 10lhe tinha sido determinado.

— Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.

Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante

construção: um forno na sala de jantar!

E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de 15vidros, facas sem

corte, copos como os da farmácia — um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas

mesas e prateleiras como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo

cozinhasse.

O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um 20fabricante de moeda

falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso.

Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso,

ao lado do carro a chiar, e olhava a chaminé da sala de jantar a fumegar, não deixava de

persignar-se e rezar um 25“credo” em voz baixa; e, não fora a intervenção do farmacêutico,

o subdelegado teria ido dar um cerco à casa daquele indivíduo suspeito, que inquietava a

imaginação de toda uma população.

Tomando em consideração as informações de Fabrício, o boticário Bastos concluirá

que o desconhecido devia ser um sábio, 30um grande químico, refugiado ali para mais

sossegadamente levar avante os seus trabalhos científicos.

Homem formado e respeitado na cidade, vereador, médico também, porque o doutor

Jerônimo não gostava de receitar e se fizera sócio da farmácia para mais em paz viver, a

opinião de 35Bastos levou tranquilidade a todas as consciências e fez com que a população

cercasse de uma silenciosa admiração a pessoa do grande químico, que viera habitar a

cidade.

De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali,

olhando perdidamente as águas claras do 40riacho, cismando diante da penetrante

melancolia do crepúsculo, todos se descobriam e não era raro que às “boas noites”

acrescentassem “doutor”. E tocava muito o coração daquela gente a profunda simpatia

com que ele tratava as crianças, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-

se de que elas tivessem 45nascido para sofrer e morrer.

Page 54: Sintaxe Externa (testes).pdf

(Lima Barreto, A nova Califórnia)

643 - (UNESP SP)

Os verbos, quando flexionados no pretérito mais-que-perfeito, indicam uma ação que

ocorreu antes de outra, também já passada. No fragmento de Lima Barreto, observam-se

algumas formas no pretérito mais-que-perfeito: viera (ref. 1), pudera (ref. 1), fora (ref. 25),

fizera (ref. 30). Entretanto, uma dessas formas foi usada em lugar de outro tempo verbal.

Indique qual é essa forma e qual o tempo que substitui, no contexto.

TEXTO: 29 - Comum à questão: 644

1A vegetação do cerrado é influenciada pelas características do solo e do clima, bem

como pela 2freqüência de incêndios. O excesso de alumínio provoca uma alta acidez no

solo, o que diminui a 3disponibilidade de nutrientes e o torna tóxico para plantas não

adaptadas. A hipótese do escleromorfismo 4oligotrófico defende que a elevada toxicidade

do solo e a baixa fertilidade das plantas levariam ao nanismo e à 5tortuosidade da

vegetação.

6Além disso, a variação do clima nas diferentes estações (sazonalidade) tem efeito

sobre a quantidade de 7nutrientes e o nível tóxico do solo. Com baixa umidade, a

toxicidade se eleva e a disponibilidade de nutrientes 8diminui, influenciando o crescimento

das plantas.

9Já outra hipótese propõe que o formato tortuoso das árvores do cerrado se deve à

ocorrência de 10incêndios. Após a passagem do fogo, as folhas e gemas (aglomerados de

células que dão origem a novos 11galhos) sofrem necrose e morrem. As gemas que ficam

nas extremidades dos galhos são substituídas por 12gemas internas, que nascem em outros

locais, quebrando a linearidade do crescimento.

13Quando a freqüência de incêndios é muito elevada, a parte aérea (galhos e folhas) do

vegetal pode não 14se desenvolver e ele se torna uma planta anã. Pode-se dizer, então,

que a combinação entre sazonalidade, 15deficiência nutricional dos solos e ocorrência de

incêndios determina as características da vegetação do 16cerrado.

(André Stella e Isabel Figueiredo. Ciência hoje, março/2008, adaptado.)

644 - (ITA SP)

Page 55: Sintaxe Externa (testes).pdf

Considere o trecho abaixo:

“Após a passagem do fogo, as folhas e gemas (aglomerados de células que dão origem a

novos galhos) sofrem necrose e morrem. As gemas que ficam nas extremidades dos galhos

são substituídas por gemas internas, que nascem em outros locais, quebrando a

linearidade do crescimento.” (3° parágrafo)

Nesse trecho, as orações adjetivas permitem afirmar que

I. nem todas as células produzem novos galhos.

II. algumas gemas se localizam nas extremidades dos galhos.

III. todas as gemas internas nascem em outros pontos do galho.

Está(ão) correta(s)

a) apenas a I.

b) apenas I e II.

c) apenas a II.

d) apenas a III.

e) todas.

TEXTO: 30 - Comum à questão: 645

CARMELA

Dezoito horas e meia. Nem mais um minuto porque a madama respeita as horas de

trabalho. Carmela sai da oficina. Bianca vem ao seu lado.

A Rua Barão de Itapetininga é um depósito sarapintado de automóveis gritadores. As casas

de modas (AO CHIC PARISIENSE, SÃO PAULO – PARIS, PARIS ELEGANTE) despejam nas

calçadas as costureirinhas, que riem, falam alto, balançam os quadris como gangorras.

(Alcântara Machado. Novelas paulistanas)

Page 56: Sintaxe Externa (testes).pdf

645 - (UEPG PR)

A respeito de aspectos sintáticos presentes no texto, assinale o que for correto.

01. Não há predicado nominal.

02. Há uma oração subordinada adverbial.

04. O vocábulo costureirinhas exerce a função de sujeito da oração a que pertence.

08. Há o predomínio de períodos simples.

16. Há uma oração subordinada adjetiva.

TEXTO: 31 - Comum à questão: 646

“O ex-prefeito de Juiz de Fora Carlos Alberto Bejani é mesmo um fenômeno. Em pleno

Brasil do ano de 2008, onde tão pouca gente chega a se meter em algum problema mais

sério, de verdade, por cometer atos de delinqüência na vida pública, ele conseguiu ser

preso duas vezes seguidas, entre abril e junho. Para começar, deixou-se pegar em

flagrante, naquele tipo de cena que hoje em dia se tornou um clássico da nossa política:

recebendo pacotes de dinheiro vivo, em valor um pouco acima de 1,1 milhão de reais,

numa gravação com imagem e som. Ficou catorze dias na cadeia e foi solto, como

acontece sempre: e, como acontece sempre, tudo deveria ir acabando por aí. Neste caso,

porém, nem mesmo a incomparável proteção que as leis e a justiça brasileira oferecem a

gente como o ex–prefeito foi suficiente para mantê-lo solto. O documento que ele

apresentou para justificar a origem do dinheiro – a já tradicional venda de uma ‘fazenda’,

variante da venda de bois, cavalos etc. – foi considerado falso. Diante de sua absoluta falta

de cuidado com o que dizia enquanto era gravado, ficou claro que o dinheiro lhe fora

entregue em troca da concessão de diversos aumentos no preço das passagens municipais

de ônibus. Contra todas as expectativas, o homem teve de voltar ao presídio.”

(GUZZO, J. R. Agravo x embargo. Veja, São Paulo,

25 jun. 2008. Seções, p. 140)

646 - (UFAC)

Page 57: Sintaxe Externa (testes).pdf

Em “...ficou claro que o dinheiro lhe fora entregue em troca da concessão de diversos

aumentos no preço das passagens municipais de ônibus”, as duas orações estão

direcionadas a termos acessórios que praticamente complementam o sentido da frase,

isso porque:

a) limita o campo de compreensão em que se estabelece a relação entre sujeito e

predicado.

b) justifica o que estava estabelecido entre a oração principal e a subordinada.

c) ameniza a causa que supostamente absolveria o que estava estabelecido entre a

oração principal e a subordinada.

d) liberta a causa de qualquer relação com a subordinada.

e) fundamenta impropriamente uma causa que poderia ser apresentada, mais adiante,

numa outra oração.

TEXTO: 32 - Comum à questão: 647

À televisão

1 Teu boletim meteorológico

me diz aqui e agora

se chove ou se faz sol.

Para que ir lá fora?

5 A comida suculenta

que pões à minha frente

como-a toda com os olhos.

Aposentei os dentes.

Nos dramalhões que encenas

Page 58: Sintaxe Externa (testes).pdf

10 há tamanho poder

de vida que eu próprio

nem me canso em viver.

Guerra, sexo, esporte

– me dás tudo, tudo.

15 Vou pregar minha porta:

já não preciso do mundo.

JOSÉ PAULO PAES

Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

647 - (UERJ)

Considere a estrofe a seguir.

Nos dramalhões que encenas

há tamanho poder

de vida que eu próprio

nem me canso em viver. (v. 9-12)

Identifique a primeira oração da estrofe, classifique sintaticamente a segunda oração e

aponte a circunstância adverbial expressa pela terceira oração.

TEXTO: 33 - Comum à questão: 648

Mentira e verdade

Page 59: Sintaxe Externa (testes).pdf

Alguns estudiosos afirmam que a mercadoria mais importante do mundo moderno é a

informação. Pensando bem, foi sempre mais ou menos assim. Quem detinha a informação

era poderoso – daí que a mídia foi elevada a quarto poder, tese contra a qual sempre me

manifestei, achando que a mídia é uma força, mas não o poder.

Com a chegada da internet, suas imensas e inesperadas oportunidades, o monopólio

da informação pulverizou-se. Os jornais, creio eu, foram os primeiros a sentir o golpe, os

livros logo em seguida, havendo até a previsão de que ele acabará na medida em que se

limitar ao seu atual desenho gráfico, que vem de Gutenberg.

Acontece que, mais cedo ou mais tarde, a mídia impressa ficará dependente não dos

seus quadros profissionais, de sua estrutura de captação das informações. Qualquer

pessoa, a qualquer hora do dia ou da noite, acessando blogs e sites individualizados, ficará

por dentro do que acontece ou acontecerá.

Na atual crise que o país atravessa, a imprensa em muitas ocasiões foi caudatária do

que os blogs informavam duas, três vezes ao dia. Em termos de amplidão, eles sempre

ganharão de goleada da imprensa escrita e falada.

O gigantismo da internet tem, porém, pés de barro. Se ganha no alcance, perde no

poder de concentração e análise. Qualquer pessoa, medianamente informada ou sem

informação alguma, pode manter uma fonte de notícias ou comentários com

responsabilidade zero, credibilidade zero, coerência zero.

O mercado da informação, que formaria o poder no mundo moderno, em breve estará

tão poluído que dificilmente saberemos o que ainda não sabemos: o que é mentira e o que

é verdade.

Carlos Heitor Cony. In:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult505u241.shtml.

Acesso em 12/10/2009.

648 - (UFAL)

Acerca de relações interoracionais presentes no texto, analise as proposições abaixo.

1. O trecho: “Alguns estudiosos afirmam que a mercadoria mais importante do mundo

moderno é a informação.” exemplifica um caso em que o complemento de um verbo

está na forma de uma oração.

2. Ao afirmar que “O gigantismo da internet tem, porém, pés de barro.”, o autor opera

uma mudança na direção argumentativa do texto.

Page 60: Sintaxe Externa (testes).pdf

3. No trecho: “Quem detinha a informação era poderoso.”, temos um caso em que o

sujeito está codificado na forma de uma oração.

4. No trecho: “Na atual crise que o país atravessa”, o autor utiliza duas formas com

função adjetiva em relação ao substantivo ‘crise’: ‘atual’ e ‘que o país atravessa’.

Estão corretas:

a) 1, 2, 3 e 4.

b) 1, 2 e 3, apenas.

c) 1, 2 e 4, apenas.

d) 1, 3 e 4, apenas.

e) 2, 3 e 4, apenas.

TEXTO: 34 - Comum à questão: 649

Por onde anda Emília?

1Dona Benta e Tia Anastácia faleceram, Rabicó virou presunto há muito tempo,

Pedrinho e 2Narizinho tornaram-se adultos e sumiram. Mas Emília continua viva. Idosa

agora – mesmo bonecas 3

Continua em busca da Casa das chaves, 4aquela em que penetrou buscando desligar a

Chave da Guerra (mas enganou-se: desligou a Chave do 5Tamanho, e tornou-se a

precursora – bem melhor que a sequela – do filme Querida, encolhi as crianças). 6As

chaves que Emília agora quer desligar são as chaves da Pobreza, do Desemprego, da Fome.

Mas será 7difícil. Se não conseguiu isso há 50 anos, não conseguirá agora, que sua energia

é muito menor.

8Emília sonha. Com que sonha? Com o Sítio do Picapau Amarelo. E sonha que o sítio

está sendo 9invadido pelos sem-terra, que ali tentam se instalar. Querem plantar, no que

era o território da fantasia, 10milho e feijão. Emília hesita; seu lado anarquista quer aderir

aos invasores, seu lado conservador acha 11isso uma barbaridade. Procura uma resposta,

mas não acha; o único que poderia aconselhá-la, o amável 12escritor chamado Monteiro

Lobato, morreu há muito tempo.

Page 61: Sintaxe Externa (testes).pdf

(SCLIAR, Moacyr. In MESQUITA, R.M. Gramática da

Língua Portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2007.)

649 - (UNIR RO)

Sobre usos de recursos linguísticos e textuais, marque V para as afirmativas verdadeiras e F

para as falsas.

( ) A relação intertextual com o filme Querida, encolhi as crianças mostra o mesmo

engano tanto na obra A Chave do Tamanho quanto no filme.

( ) O período Se não conseguiu isso há 50 anos, não conseguirá agora, que sua energia é

muito menor. é constituído de três orações, uma principal, uma subordinada e uma

coordenada.

( ) As várias frases curtas que iniciam o segundo parágrafo imprimem tom oral, ênfase

informacional e ritmo aligeirado.

( ) O primeiro período do texto traz as ideias de cada oração em igualdade de posição

sintática e semântica pelo uso do processo de coordenação.

Assinale a sequência correta.

a) VFFV

b) FVFF

c) FVFV

d) FFVF

e) VFVV

TEXTO: 35 - Comum à questão: 650

XXVI

Page 62: Sintaxe Externa (testes).pdf

Poeta, em nossa Terra,

Ainda existem palmeiras

E no enterro das crianças

Ainda canta o sabiá.

Crescem lavouras de cana,

De arroz, de trigo e café.

Crescem fábricas e usinas,

Crescem comércio e cidade.

Automóveis que se cruzam

num delírio de chegar.

“Minha terra tem palmeiras”

Tem crianças sem abrigo

E homens sem trabalhar.

Cada edifício que surge,

Numa busca de infinito,

É um casebre que tombou

P’ra surgir noutro lugar.

“Minha terra tem palmeiras”...

Tem crianças seminuas

E cachaça p’ra esquentar.

Tem miséria pelos campos,

Caatinga, floresta e mar,

E no enterro das crianças

Ainda canta o sabiá.

(Alvaro Moreyra)

Alvaro Moreyra (1888 - 1964), contemporâneo de Manuel Bandeira, foi também autor

representativo da primeira fase do Modernismo no Brasil. Destacou-se no universo da

Page 63: Sintaxe Externa (testes).pdf

crônica e da poesia, em que a realidade e a ficção se fundem em temas do cotidiano, com

ironia e força lírica.

650 - (IBMEC)

“É um casebre / que tombou” / (v. 16)

“P’ra surgir noutro lugar” (v. 17)

As três orações sublinhadas são classificadas, respectivamente, como:

a) Principal / subordinada adjetiva explicativa / subordinada adverbial final.

b) Coordenada assindética / coordenada sindética explicativa / subordinada adverbial

causal.

c) Principal / subordinada adjetiva restritiva / subordinada adverbial final reduzida de

infinitivo.

d) Coordenada assindética / subordinada adjetiva restritiva / subordinada adverbial

condicional.

e) Principal / subordinada adverbial consecutiva / subordinada adverbial final reduzida de

infinitivo.

TEXTO: 36 - Comum à questão: 651

Art. 167. Do ciúme.

O ciúme é uma espécie de temor que se relaciona ao desejo de conservar a posse de

algum bem; e não provém tanto da força das razões que fazem julgar que se pode perdê-lo

como da grande estima que se lhe concede, a qual leva a examinar até os menores

motivos de suspeita e a tomá-los por razões fortemente consideráveis.

Art. 168. Em que essa paixão pode ser honesta.

E, porque se deve ter mais cuidado em conservar os bens que são muito grandes do que os

que são menores, essa paixão pode ser justa e honesta em certas ocasiões. Assim, por

exemplo, um capitão que guarda uma praça de grande importância tem o direito de ser

cioso, isto é, de desconfiar de todos os meios pelos quais seria possível surpreendê-la (...).

Art. 169. Em que é censurável.

Page 64: Sintaxe Externa (testes).pdf

Mas rimos de um avarento quando é ciumento de seu tesouro, isto é, quando o come com

os olhos e não se afasta dele com medo de que lho roubem; pois não vale a pena guardar

o dinheiro com tanto zelo. E despreza-se um homem que sente ciúme de sua mulher,

porque isso testemunha que não a ama seriamente e que alimenta má opinião de si ou

dela: digo que não a ama seriamente; pois, se nutrisse um verdadeiro amor por ela, não

teria a menor inclinação para dela desconfiar; mas não é a ela propriamente ama, mas

somente o bem que imagina consistir em sua posse exclusiva; e não temeria perder este

bem, caso não julgasse que é indigno dele ou então que sua mulher é infiel. Além disso,

esta paixão relaciona-se apenas a suspeitas e desconfianças, pois não é propriamente ser

ciumento esforçar-se por evitar qualquer mal, quando se tem justo motivo de receá-lo.

Art. 182. Da inveja.

O que se chama comumente inveja é um vício que consiste numa perversidade de

natureza que leva certa gente a se desgostar com o bem que vê acontecer aos outros

homens; mas sirvo-me aqui dessa palavra para significar uma paixão que nem sempre é

viciosa. A inveja portanto, enquanto é uma paixão, é uma espécie de tristeza mesclada de

ódio que nasce do fato de se ver acontecer o bem àqueles que julgamos indignos dele: o

que só podemos pensar com razão apenas dos bens de fortuna; pois, quanto aos da alma

ou mesmo do corpo, na medida em que os temos de nascença, é suficiente para sermos

dignos deles têlos recebido de Deus, antes de estarmos capacitados a cometer qualquer

mal.

Art. 183. Como pode ser justa ou injusta.

Mas quando a fortuna envia bens a alguém que verdadeiramente não os merece, e

quando a inveja não é provocada em nós senão porque, amando naturalmente a justiça,

ficamos desgostosos pelo fato de ela não ser observada na distribuição desses bens, é um

zelo que pode ser desculpável, mormente quando o bem que invejamos a outros é de tal

natureza que pode converter-se em mal nas mãos deles; como é o caso de algum cargo ou

serviço em cujo exercício eles possam comportar-se mal, e desejamos para nós o mesmo

bem e somos impedidos de tê-lo, porque outros menos dignos o possuem, isso torna essa

paixão mais violenta, e ela não deixa de ser desculpável, desde que o ódio nela contido se

relacione apenas com a má distribuição do bem que se inveja e não com as pessoas que o

possuem ou o distribuem. Mas há poucas que sejam tão justas e tão generosas a ponto de

não alimentar ódio por aqueles que os impedem de adquirir um bem que não é

comunicável a muitos, e que haviam desejado para eles próprios, embora os que o

adquiriram sejam tanto ou mais dignos. E o que é ordinariamente mais invejado é a glória;

pois, embora a dos outros não impeça que a ela possamos aspirar, ela torna, todavia, o seu

acesso mais difícil e encarece o seu preço.

DESCARTES, René. As paixões da alma. Coleção Os pensadores.

São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 291-296.

Page 65: Sintaxe Externa (testes).pdf

651 - (PUC RJ)

a) Mantendo o sentido original, reescreva o período abaixo continuando-o a partir do

início sugerido (faça as adaptações que julgar necessárias).

O ciúme não provém tanto da força das razões que fazem julgar que se pode perder

um bem como da grande estima que se lhe concede.

O ciúme provém mais ...

b) Reescreva o período abaixo, transformando a oração reduzida grifada em oração

desenvolvida:

Amando naturalmente a justiça, ficamos desgostosos pelo fato de ela não ser

observada na distribuição dos bens.

c) Considere as seguintes palavras retiradas do texto 1: indigno, inveja, infiel e injusta.

Todas possuem o mesmo tipo de estrutura morfológica, exceto uma. Diga qual,

justificando sua resposta.

TEXTO: 37 - Comum à questão: 652

1“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”

Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das

ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor

doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos

cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível

a criatura à impressão rude do primeiro 5ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na

influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita,

dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos

houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos

ultrajam.

Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam,

a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a

mesma em todas as datas. Feita a compensação dos 10desejos que variam, das aspirações

que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base

fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um

pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo — a paisagem é

a mesma de cada lado beirando a estrada da vida.

Eu tinha onze anos.

POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Ática, 1979, p.11.

Page 66: Sintaxe Externa (testes).pdf

652 - (PUC RJ)

a) Reescreva o trecho abaixo, colocando em ordem direta a oração negritada:

O regime do amor doméstico é diferente do que se encontra fora – tão diferente, que

parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental.

b) O termo à impressão rude do primeiro ensinamento (texto, refs. 1-5) está subordinado

a que outro termo da oração em que ocorre?

c) Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá

apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu

conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o

tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos

também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo?

Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já

não sei.

Santo Agostinho, Confissões I, XI, cap. XIV

O trecho abaixo versa sobre essa famosa passagem de Santo Agostinho. Reescreva-o,

pontuando-o de acordo com as regras da norma culta.

Muitos séculos atrás refletindo sobre a temporalidade Santo Agostinho confessou que

embora tivesse uma noção tácita de tempo aparentemente não problemática não seria

capaz de fornecer uma definição explícita desse conceito.

TEXTO: 38 - Comum à questão: 653

O labirinto da internet

Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de

entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados

trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet

nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso

numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação

de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de

Page 67: Sintaxe Externa (testes).pdf

certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de

comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia

fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei,

como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de

imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam.

Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na

comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes

como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a

biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação

política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o

modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio.

[...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na

forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só

por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e

interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de

indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai

transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas

persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente

vai votar pela internet de forma contínua e constante.

(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>.

Acesso em: 20 jul. 2009).

653 - (UEL PR)

Observe o parágrafo: “Se aprovada sem mudanças pelo Senado, [a lei] vai provocar um

forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo

– sua legislação de comunicação eleitoral.”

Assinale a alternativa que expressa corretamente a função sintática das duas palavras

sublinhadas.

a) Pronome apassivador e índice de indeterminação do sujeito.

b) Pronome apassivador e pronome integrante do verbo.

c) Conjunção subordinativa condicional e pronome integrante do verbo.

d) Pronome integrante do verbo e conjunção subordinativa causal.

e) Conjunção subordinativa condicional e índice de indeterminação do sujeito.

Page 68: Sintaxe Externa (testes).pdf

TEXTO: 39 - Comum à questão: 654

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada

seria.

É só o amor, é só o amor.

Que conhece o que é verdade.

O amor é bom, não quer o mal.

Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.

É ferida que dói e não se sente.

É um contentamento descontente.

É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada

seria.

É um não querer mais que bem querer.

É solitário andar por entre a gente.

É um não contentar-se de contente.

É cuidar que se ganha em se perder.

Legião Urbana - CD As quatro estações. São Paulo: EMI-Music 1989.

Page 69: Sintaxe Externa (testes).pdf

654 - (UNIFOR CE)

A oração presente no primeiro verso da primeira estrofe pode ser classificada como

a) Oração subordinada adjetiva restritiva.

b) Oração subordinada adjetiva explicativa.

c) Oração subordinada substantiva subjetiva.

d) Oração subordinada adverbial consecutiva.

e) Oração subordinada adverbial concessiva.

TEXTO: 40 - Comum à questão: 655

O BARCO DO ABORTO: Médica holandesa que faz campanha a bordo de embarcação

agora também navega na internet

Luiza Vilaméa

/.../ A médica Rebecca Gomperts tem dois filhos - uma menina de 4 anos e um menino

um ano mais novo. Ao contrário do que poderiam imaginar os integrantes de movimentos

Page 70: Sintaxe Externa (testes).pdf

próvida, a maternidade só aumentou suas convicções como líder de uma rumorosa

campanha pela descriminalização do aborto. Há dez anos, ela criou a ONG Women on

Waves (WoW), conhecida por atuar em barcos, navegando em águas internacionais, nas

imediações de países que proíbem aindução ao aborto. Hoje com 43 anos, decidiu-se pelo

projeto depois de trabalhar como médica de bordo de um navio do Greenpeace que

navegou pela costa da América do Sul nos anos 1980. Impressionada com relatos de

abortos clandestinos feitos na região, lançou-se ao mar com o suporte da legislação da

Holanda, que permite a interrupção da gravidez nas primeiras semanas e estabelece

como legal em águas internacionais ações permitidas em seu território.

Em defesa da causa, ela destaca que em seu país o índice estimado de aborto por ano é

de oito para cada mil mulheres entre 15 e 45 anos. "Na América do Sul, onde o

procedimento é ilegal, este número sobe para 30", compara. "Abortos inseguros e ilegais

são uma das principais causas de mortalidade materna na região." Apesar do interesse de

Rebecca pela América do Sul, as ações marítimas da WoW se concentraram até o

momento em países europeus com arraigada tradição antiaborto - Irlanda, Polônia,

Portugal e Espanha.

No site da organização - que tem versões em inglês, holandês, francês, polonês, espanhol

e português -, pessoas de todo o mundo podem até obter medicamentos que Rebecca

classifica como seguros para interromper uma gravidez nas primeiras semanas. "A

legalização é importante, mas o aborto farmacêutico permite que as mulheres retomem a

condução da vida em suas próprias mãos, independentemente da disponibilidade ou boa

vontade dos médicos", defende Rebecca. Um dos remédios, no entanto, só tem

comercialização permitida em 40 países, justamente aqueles que permitem o aborto.

Assim como precisa enfrentar a Justiça para continuar a atuar em embarcações, a médica

holandesa certamente terá novas batalhas judiciais pela frente, desta vez por causa da

distribuição de medicamentos. /.../

http://www.terra.com.br/istoe/ (Acessado em 05 de setembro de 2004).

655 - (UFCG PB)

Assinale os itens cuja oração destacada tem função sintática diferente da oração: “... nas

imediações de países que proíbem a indução ao aborto “ (1º parágrafo).

I. “ ... Greenpeace que navegou pela costa da América do Sul nos anos 1980 (1º

parágrafo).

II. “ ... o suporte da legislação da Holanda, que permite a interrupção da gravidez nas

primeiras semanas (1º parágrafo).

III. ” ... destaca que em seu país o índice estimado de aborto ... “(2º parágrafo).

IV. “Na América do Sul, onde o procedimento é ilegal, este número... (2º parágrafo ).

Page 71: Sintaxe Externa (testes).pdf

V. “...mas o aborto farmacêutico permite que as mulheres retomem a condução da

vida... (3º parágrafo).

A alternativa correta é:

a) I, II e IV.

b) II, III e V.

c) III, IV e V.

d) III e V.

e) IV e V.

TEXTO: 41 - Comum à questão: 656

Modo de aferventar a couve-flor

É indispensável, qualquer que seja o fim a que se destine a couve-flor, prepará-la, antes,

da seguinte forma: depois de tirar suas folhas, lave-a, deixando por algum tempo num

molho de água e vinagre, para largar qualquer bichinho que possa ter. Lave a couve-flor

outra vez, antes de ir para a caçarola, a fim de sair bem o gosto do vinagre. Ela pode ser

aferventada inteira ou em pedaços. Se for em pedaços, faz-se da seguinte maneira: corta-

se a couve-flor em diversos ramos e põe-se numa caçarola com água salgada a ferver em

quantidade tal que os pedaços fiquem completamente cobertos de água para não

escurecerem.

656 - (FATEC SP)

É indispensável, qualquer que seja o fim a que se destine a couve-flor, prepará-la, antes,

da seguinte forma (...)

A oração principal – É indispensável – mantém correspondência com a oração

subordinada “prepará-la, antes, da seguinte forma...”, que deve ser classificada como

oração subordinada

Page 72: Sintaxe Externa (testes).pdf

a) substantiva predicativa.

b) adverbial concessiva.

c) substantiva subjetiva.

d) adjetiva explicativa.

e) adjetiva restritiva.

TEXTO: 42 - Comum à questão: 657

Baleia

1A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários

pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e

sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-

lhe a comida e a bebida.

5Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e

amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre

de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava

os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na

base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

[...]

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 82ª ed. São Paulo: Record, 2001, p. 85.)

657 - (UDESC SC)

Assinale a alternativa incorreta, tendo como referência o texto.

a) Flexionando-se o verbo emagrecer na terceira pessoa do singular do pretérito mais

que-perfeito do indicativo para substituir a locução verbal “Tinha emagrecido” (ref.

1), mantém-se o sentido da oração no texto.

Page 73: Sintaxe Externa (testes).pdf

b) Em “caíra-lhe em vários pontos” (ref. 1) e “dificultavam-lhe a comida e a bebida”

(ref. 1), os pronomes oblíquos destacados referem-se à Baleia.

c) Sabe-se que a coesão é a articulação dos enunciados entre si; logo, pode-se dizer que

o termo “Por isso” (ref. 5) estabelece a coesão entre o segundo parágrafo e o

anterior.

d) A segunda oração no período “Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio

de hidrofobia...” (ref. 5) classifica-se sintaticamente como subordinada substantiva

subjetiva.

e) “manchas escuras” (ref. 1), “orelhas murchas” (ref. 5) e “cauda pelada e curta” (ref.

5) seguem a mesma regra para justificar a concordância nominal.

TEXTO: 43 - Comum à questão: 658

“Um comediante popular, como Tom Cavalcante, costuma dizer que a diferença está no

uso da voz, não na idade da piada.” (ref. 16–18)

658 - (UEPB)

Pode-se afirmar que no enunciado:

I. Há um discurso direto explicitado pelo autor que cita uma informação, introduzida

por um verbo “dicendi”.

II. Existe um verbo de elocução que introduz uma oração completiva precedida de um

conectivo integrante.

III. Há um enunciado completivo, antecedido por uma locução verbal, cujo verbo

principal introduz um discurso apelativo.

Analise as proposições e marque a alternativa que apresenta a(s) correta(s).

a) III apenas

b) I e II apenas

Page 74: Sintaxe Externa (testes).pdf

c) II apenas

d) I apenas

e) II e III apenas

TEXTO: 44 - Comum à questão: 659

Como funcionam os óculos 3D?

Eles alteram a forma de propagação da onda de luz. Normalmente, uma onda luminosa

vibra em todos os sentidos. "Quando, porém, uma imagem é vista em terceira dimensão,

ela está polarizada - ou seja, as ondas de luz que a compõem vibram em apenas dois

sentidos: vertical e horizontal", afirma o físico Mikia Muramatsu, da USP. No cinema, por

exemplo, a imagem é lançada na tela por dois projetores: um emite ondas de luz verticais

e o outro, horizontais. Cada um projeta a cena de um ângulo diferente, para imitar a

sensação de profundidade percebida pelo olho humano.

Adaptado de: http://mundoestranho.abril.com.br/tecnologia/pergunta_285855.shtml,

acesso em maio de 2010.

659 - (UEPG PR)

Tendo como referência o período "Quando, porém, uma imagem é vista em terceira

dimensão, ela está polarizada – ou seja, as ondas de luz que a compõem vibram em

apenas dois sentidos: vertical e horizontal". Nesse contexto, assinale o que for correto

sobre o trecho em destaque.

01. O trecho em destaque confirma o fato de que uma oração adverbial temporal

representa um intervalo na linha do tempo.

02. É aceitável a seguinte reescrita: Uma imagem é vista em terceira dimensão quando

ela está polarizada.

04. A ação contida na oração "quando uma imagem é vista em terceira dimensão",

ocorre por estar em concomitância com a ação de estar polarizada.

08. A ação de polarizar uma imagem é posterior à ação de se apresentar em terceira

dimensão.

Page 75: Sintaxe Externa (testes).pdf

16. O termo "quando", no caso assinalado, pode ser substituída por "enquanto" na

reescrita: Enquanto uma imagem é vista em terceira dimensão, ela está polarizada.

TEXTO: 45 - Comum à questão: 660

O bem mais valioso de nossa época não é o diamante nem o petróleo: é o tempo.

Obedecendo à lei da oferta e da procura, quanto mais escasso ele fica, mais caro nos é. A

seca temporal é geral: eu não tenho tempo, você não tem tempo, o empresário Eike

Batista não tem tempo, o cara que está vendendo bala no farol, em agônica marcha

atlética para recolher os saquinhos dos retrovisores, antes que abra o sinal, também não

tem.

(...)

Há quem diga que a culpa é da melhora das comunicações e, consequentemente, da

maior agilidade no envio de dados. Com a informação viajando tão rápido,

desaprendemos a arte da espera. Antigamente, aguardar era normal. Estávamos sempre

esperando alguma coisa chegar. Uma carta, pelo correio. Um disco, do exterior. Uma foto,

um texto ou um documento, via portador. Esses hiatos eram tidos como normais, uma

brecha saudável, pausa para o café, a prosa, o devaneio, a conversa na janela, a morte da

bezerra. Hoje, não. Tá tudo aqui, e, se não está, nos afligimos.

(...)

Enquanto não descobrimos a cura para este mal, a única saída é aprender a lidar com

ele. Há que cercar com muros altos certas horas do relógio, para que nada as possa roubar

de nós. Fazer diques de pedra em torno da hora de ficar com nosso amor, da hora de

trabalhar no projeto pessoal, da hora do esporte, de ler um livro, encontrar um amigo.

Mesmo assim, vira e mexe, vêm as obrigações, como um tsunami, ou os eventos sociais,

como meteoros, e derrubam as barragens. Não há nada a fazer, senão reconstruir os

muros, ainda mais fortes do que antes.

(http://antonioprata.folha.blog.uol.com.br. Adaptado.)

660 - (UFTM MG)

Considere as frases do texto.

I. O bem mais valioso de nossa época não é o diamante nem o petróleo: é o tempo.

Page 76: Sintaxe Externa (testes).pdf

II. Obedecendo à lei da oferta e da procura, quanto mais escasso ele fica, mais caro nos

é.

III. Há quem diga que a culpa é da melhora das comunicações e, consequentemente, da

maior agilidade no envio de dados.

IV. Há que cercar com muros altos certas horas do relógio, para que nada as possa

roubar de nós.

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta sobre as frases apresentadas.

a) Em I, o termo destacado tem o mesmo sentido e a mesma função sintática que em:

Hoje, o tempo pode ser considerado bem mais valioso que o diamante ou o petróleo.

b) Em II, os termos em destaque têm valor adversativo e estabelecem entre as orações

uma relação de contraste.

c) Em III, o termo consequentemente estabelece uma relação de causa e efeito entre as

orações e pode ser substituído por portanto.

d) Em IV, o termo certas indica precisão e tem o mesmo sentido e a mesma função

sintática que em: Este relógio sempre marcou a hora certa, sem adiantar nem

atrasar.

e) Em IV, o termo para é empregado com o sentido de direção, destino, e tem

significado equivalente na frase: Nossos pais viajaram para a cidade de Maceió.

TEXTO: 46 - Comum à questão: 661

A última nota solta

A habilidade dos governantes da Bruzundanga é tal, e com tanto e acendrado carinho

velam pelos interesses da população, que lhes foram confiados, (I) que os produtos mais

normais à Bruzundanga, mais de acordo com a sua natureza, são comprados pelos

estrangeiros por menos da metade do preço (II) pelo qual os seus nacionais os

adquirem.

(Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 213.)

Page 77: Sintaxe Externa (testes).pdf

661 - (FGV )

As duas orações subordinadas em destaque no texto têm sentido de

a) (I) consequência e (II) restrição.

b) (I) explicação e (II) consequência.

c) (I) causa e (II) tempo.

d) (I) finalidade e (II) restrição.

e) (I) causa e (II) finalidade.

TEXTO: 47 - Comum à questão: 662

Leia os quadrinhos abaixo.

(Diário da Região, 15.10.2011)

662 - (FGV )

Assinale a alternativa em que a oração em destaque tem a mesma função sintática da

destacada no período – Acho que já sei qual será o novo toque do meu celular.

Page 78: Sintaxe Externa (testes).pdf

a) Marcaram a reunião, mas ainda não informaram o local.

b) O contrato será assinado, a menos que o texto contenha erros.

c) Atenda bem ao cliente, que ele voltará sempre.

d) É necessário que tenham confiança na empresa e no produto.

e) Ainda não decidimos se haverá a tal reunião.

TEXTO: 48 - Comum à questão: 663

1[...] D. Maria chamou por sua sobrinha, e esta apareceu. Leonardo lançou-lhe os 2olhos, e a custo conteve o riso. Era a sobrinha de D. Maria já muito desenvolvida, 3porém

que, tendo perdido as graças de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de 4moça: era

alta, magra, pálida: andava com o queixo enterrado no peito, trazia as 5pálpebras sempre

baixas, e olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, 6cortado, dava-lhe

apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e trazia a 7cabeça sempre baixa, uma

grande porção lhe caia sobre a testa e olhos, como uma 8viseira. Trajava nesse dia um

vestido de chita roxa muito comprido, quase sem roda, e 9de cintura muito curta; tinha ao

pescoço um lenço encarnado de Alcobaça.

10Por mais que o compadre a questionasse apenas murmurou algumas frases 11ininteligíveis com voz rouca e sumida. Mal a deixaram livre, desapareceu sem olhar 12para ninguém. Vendo-a ir-se Leonardo tornou a rir-se interiormente.

13Quando se retiraram, riu-se ele pelo caminho à sua vontade. O padrinho indagou a 14causa da sua hilaridade; respondeu-lhe que não se podia lembrar da menina sem rirse.

15– Então lembras-te dela muito a miúdo, porque muito a miúdo te ris.

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias.

CT Editora Ltda, São Paulo, pp. 38 e 39.

663 - (UDESC SC)

Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o texto.

Page 79: Sintaxe Externa (testes).pdf

a) A supressão da vírgula no período “D. Maria chamou por sua sobrinha, e esta

apareceu” (ref. 1), transgride as recomendações da língua formal escrita quanto à

pontuação.

b) Invertendo-se a ordem do período “Quando se retiraram, riu-se ele pelo caminho à

sua vontade” (ref. 13), não há prejuízo ao sentido original do texto, há apenas

alteração na sintaxe; a oração destacada que era classificada como principal passa a

ser uma oração subordinada adverbial temporal.

c) A substituição da palavra “por” por “a” no período “D. Maria chamou por sua

sobrinha, e esta apareceu” (ref. 1), não altera o sentido original nem a regência

verbal da estrutura linguística do texto.

d) A predominância do uso do pretérito imperfeito do indicativo, no excerto, busca

exprimir um fato, uma ação anterior ao momento em que se fala, mas não o toma

como concluído.

e) As expressões “rir-se” (ref. 12), “riu-se” (ref. 13), e “rir-se” (refs. 14 e 15) têm

significados semânticos diferentes, no excerto.

TEXTO: 49 - Comum à questão: 664

Escravidão com etiqueta

O impacto de que há escravidão entre nós, na própria cidade de São Paulo e em

municípios do interior paulista, pode ser medido pela repercussão do fato na internet e

pelo incômodo de consciência que vem causando. Indústrias de confecção, terceirizadas

de famosa marca internacional de roupas, foram flagradas violando a legislação

trabalhista do País por utilizarem o trabalho clandestino de imigrantes bolivianos e

peruanos, em regime análogo ao da escravidão. Há uma persistente anomalia em relações

de trabalho de algumas de nossas atividades econômicas. Mas por aí se constata também

nossa consciência difusa de iniquidades que persistem tanto tempo depois da Lei Áurea.

(…)

O que terminou, em 1888, com a Lei Áurea, foi a escravidão negra, do escravo-coisa e

mercadoria, objeto e propriedade de seu senhor, sujeito a castigo físico e comércio. Mas

não terminou o trabalho propriamente servil. (…)

A novidade que vem crescendo entre nós é a da sobre-exploração do trabalho na

indústria urbana, e mesmo o cativeiro. Não é de agora que a indústria dos países ricos

recorre à mão de obra residente nos países pobres para pagar salários baixos por

mercadorias que serão vendidas a preços de países ricos. As confecções estão entre as

Page 80: Sintaxe Externa (testes).pdf

mercadorias que melhor se encaixam nessa lógica econômica. Na verdade, o Brasil está

sendo alcançado pelo modelo asiático de relações de trabalho, os trabalhadores

trabalhando praticamente pela mera subsistência ou até menos, algo que representa um

retrocesso em relação à própria escravidão, em que o escravo era tratado como bem

precioso e, portanto, em tese e em termos relativos, até melhor do que as atuais vítimas

da escravidão.

(O Estado de S.Paulo, 21.08.11. Adaptado)

664 - (UNISA SP)

Considere o seguinte trecho:

O que terminou, em 1888, com a Lei Áurea, foi a escravidão negra, do escravo-coisa e

mercadoria, objeto e propriedade de seu senhor, sujeito a castigo físico e comércio. (1.º

período) Mas não terminou o trabalho propriamente servil. (2.º período)

Para que se estabeleça uma relação de subordinação entre o primeiro e o segundo

período, o segundo deverá ser assim redigido:

a) Portanto não terminou o trabalho propriamente servil.

b) Embora não tenha terminado o trabalho propriamente servil.

c) Contudo não terminou o trabalho propriamente servil.

d) Logo o trabalho propriamente servil não terminou.

e) E o trabalho propriamente servil tivesse terminado.

TEXTO: 50 - Comum à questão: 665

Analise a imagem, leia o texto a seguir.

Page 81: Sintaxe Externa (testes).pdf

(Adaptado de: Super Interessante. Editora Abril. 306.ed. jul. 2012. p.21.)

O gordo é o novo fumante

Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto preconceito contra gordos.

De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão sobre saúde. Por outro, algo de

podre: o nascimento de uma nova eugenia.

665 - (UEL PR)

Analise o período “Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto preconceito

contra gordos” e assinale a alternativa correta.

a) A segunda oração apresenta a elipse do termo “peso”, portanto a ideia expressa em

relação à primeira oração é de oposição.

b) Há um período composto no qual a segunda oração apresenta a ideia de adição em

relação à primeira.

c) O período apresenta uso inadequado dos elementos coordenados “nunca” e “nem”

presentes nas duas orações.

d) Os termos “nunca” e “nem”, apesar de estarem em orações diferentes, possuem o

mesmo valor semântico indicativo de tempo.

e) Para expressar valor aditivo, na segunda oração, é necessário o emprego da

conjunção “e” junto à conjunção “nem”.

TEXTO: 51 - Comum à questão: 666

Page 82: Sintaxe Externa (testes).pdf

1 Uma pesquisa feita sobre a escolha do curso de Medicina indica que são muitos os

fatores conscientes determinantes de tal decisão, como a influência familiar, o desejo de

independência financeira, a identificação 5 pessoal com o curso, além do status

profissional e da vontade de ajudar as pessoas. Aliados a esses aspectos estão os fatores

de natureza inconsciente.

Alguns autores enfatizam que o indivíduo escolhe ser médico pelo desejo de ajudar

ou por vocação 10 profissional, já que o ideal médico deve constituir-se na vontade de

socorrer, no amor ao próximo e no espírito de sacrifício.

Após o sucesso no concorrido processo seletivo, o estudante chega à faculdade com a

expectativa de 15 que não haverá mais angústias ou exigências e de que, pelo contrário, a

faculdade será o lugar adequado ao desenvolvimento das habilidades necessárias à

prática profissional. Essa expectativa é corroborada pela recepção dada pelos veteranos,

além do entusiasmo da 20 família, que se orgulha por ter um de seus membros como

estudante de Medicina.

Depois da fase de euforia, o estudante passa a vivenciar o curso de Medicina por meio

de aulas, disciplinas e professores. O contato com o paciente traz 25 para o estudante uma

série de temores, que são justificáveis pela falta de experiência e pela insegurança na

prática médica. A superação dessas dificuldades depende, em grande parte, da relação

estabelecida entre professor e aluno, pois é durante a formação acadêmica 30 que se deve

procurar desenvolver nos alunos os recursos necessários para lidar com a dimensão

humana da relação terapêutica.

Às vezes, surge o desencanto pelo curso e uma infinidade de queixas – volume

excessivo de provas, aulas 35 monótonas e professores desatualizados, contato

desgastante com pacientes terminais e com a morte. Além disso, observa-se que, durante

a formação médica, os momentos angustiantes são vividos, muitas vezes, de modo

solitário.

40 Diante de tal situação, cada vez mais, as escolas médicas reconhecem a necessidade

de oferecer assistência psicológica a estudantes de Medicina, destacando a importância

de existir um ambiente acolhedor para auxiliar os jovens a superar suas angústias.

MOREIRA, Simone da Nóbrega Tomaz et al. Revista Brasileira de Educação

Médica. Disponível em:<http://www.scielo.br/cielo. php?pid=s0100-

55022006000200003&script=sci_arttext>. Acesso em: 29 jun. 2012. Adaptado.

666 - (Unifacs BA)

Do ponto de vista semântico, está incorreto o que se afirma em

Page 83: Sintaxe Externa (testes).pdf

01. O pronome “tal” (ref. 1) pode ser substituído por essa, formando com a preposição

de a contração dessa.

02. O vocábulo “como” (ref. 1) denota uma ideia, e “como” (ref. 20), outra.

03. A forma verbal “haverá” (ref. 15), se permutada por existirão, preservará o sentido

da frase, embora a estrutura funcional dos termos sofra alterações.

04. O advérbio “mais” (ref. 15) expressa, na frase em que se inclui, tempo, e “mais” (ref.

40), intensidade.

05. A oração reduzida “a superar suas angústias.” (ref. 40) tem valor consecutivo.

TEXTO: 52 - Comum à questão: 667

PREFÁCIO

São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai- os. As primeiras vozes do sabiá

não têm a doçura dos seus cânticos de amor.

É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas

sem viço.

Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um

sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias.

São as páginas despedaçadas de um livro não lido...

E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da

minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas

almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a

como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor –

esses dois raios luminosos do coração de Deus.

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa.

Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.

667 - (UFG GO)

Se ao invés de usar períodos compostos como em "É uma lira, mas sem cordas; uma

primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.", o autor tivesse escolhido

Page 84: Sintaxe Externa (testes).pdf

períodos simples: "É uma lira sem cordas. É uma primavera sem flores. É uma coroa de

folhas sem viço.", a imagem construída a respeito de sua obra não seria a mesma, porque

a) o pressuposto produzido pelo uso do termo sem indica a impossibilidade de os

poemas retratarem a completude das coisas do mundo.

b) a oposição entre os objetos naturais e os produzidos pelo homem autoriza a

interpretação de que a natureza seja a musa inspiradora dos poemas.

c) o subentendido produzido pelo uso do mas leva o leitor ao entendimento de que a

obra é comparada a produções rudimentares.

d) a contradição marcada pelo uso do mas permite a compreensão de que a essência

das coisas se mantém mesmo quando lhes falta o atributo principal.

e) a antítese instaurada na comparação entre realidade e ficção produz a ideia de que a

poesia deva realçar a aparência das coisas.

TEXTO: 53 - Comum à questão: 668

Poema

Encontrado por Thiago de Mello

No Itinerário de Pasárgada

Vênus luzia sobre nós tão grande,

Tão intensa, tão bela, que chegava

A parecer escandalosa, e dava

Vontade de morrer.

Manuel Bandeira

668 - (FGV )

No poema, o conectivo “que” introduz uma oração com ideia de

Page 85: Sintaxe Externa (testes).pdf

a) causa.

b) consequência.

c) concessão.

d) modo.

e) finalidade.

TEXTO: 54 - Comum à questão: 669

Texto I

Espaço e tempo

Tanto Aristóteles quanto Newton acreditavam no tempo absoluto. Isto é, acreditavam

que se pode, sem qualquer ambiguidade, medir o intervalo de tempo entre dois eventos,

e que o resultado será o mesmo em qualquer mensuração, desde que se use um relógio

preciso. O tempo é independente e completamente separado do espaço. Isso é no que a

maioria das pessoas acredita; é o consenso. Entretanto, tivemos que mudar nossas ideias

sobre espaço e tempo. Ainda que nossas noções, aparentemente comuns, funcionem a

contento quando lidamos com maçãs ou planetas, que se deslocam comparativamente

mais devagar, não funcionam absolutamente para objetos que se movam à velocidade da

luz, ou em velocidade próxima a ela. […]

Entre 1887 e 1905 houve várias tentativas [...] de explicar o resultado de experimentos

[...] com relação a objetos que se contraem e relógios que funcionam mais vagarosamente

quando se movimentam através do éter. Entretanto, num famoso artigo, em 1905, um até

então desconhecido funcionário público suíço, Albert Einstein, mostrou que o conceito de

éter era desnecessário, uma vez que se estava querendo abandonar o de tempo absoluto.

Ponto semelhante foi abordado poucas semanas depois por um proeminente matemático

francês, Henri Poincaré. Os argumentos de Einstein eram mais próximos da Física do que

os de Poincaré, que abordava o problema como se este fosse matemático. Einstein ficou

com o crédito da nova teoria, mas Poincaré é lembrado por ter tido seu nome associado a

uma parte importante dela.

Page 86: Sintaxe Externa (testes).pdf

O postulado fundamental da teoria da relatividade, como foi chamada, é que as leis

científicas são as mesmas para todos os observadores em movimento livre, não importa

qual seja sua velocidade. Isso era verdadeiro para as leis do movimento de Newton, mas

agora a ideia abrangia também outras teorias e a velocidade da luz: todos os

observadores encontram a mesma medida de velocidade da luz, não importa quão rápido

estejam se movendo. Essa simples ideia tem algumas consequências notáveis: talvez a

mais conhecida seja a equivalência de massa e energia, contida na famosa equação de

Einstein E=mc2 (onde E significa energia; m, massa e c, a velocidade da luz); e a lei que

prevê que nada pode se deslocar com mais velocidade do que a própria luz. Por causa da

equivalência entre energia e massa, a energia que um objeto tenha, devido a seu

movimento, será acrescentada à sua massa. Em outras palavras, essa energia dificultará o

aumento da velocidade desse objeto. [...]

Uma outra consequência igualmente considerável da teoria da relatividade é a

maneira com que ela revolucionou nossos conceitos de tempo e espaço. Na teoria de

Newton, se uma vibração de luz é enviada de um lugar a outro, observadores diferentes

deverão concordar quanto ao tempo gasto na trajetória (uma vez que o tempo é

absoluto), mas nem sempre concordarão sobre a distância percorrida pela luz (uma vez

que o espaço não é absoluto). Dado que a velocidade da luz é apenas a distância que ela

percorre, dividida pelo tempo que leva para fazê-lo, diferentes observadores poderão

atribuir diferentes velocidades à luz. Segundo a teoria da relatividade, por outro lado,

todos os observadores deverão concordar quanto à rapidez da trajetória da luz. Podem,

entretanto, não concordar com a distância percorrida, tendo então, que discordar

também quanto ao tempo gasto no evento. O tempo gasto é, no final das contas, apenas

a velocidade da luz – sobre a qual os observadores concordam – multiplicada pela

distância que a luz percorreu – sobre a qual eles não concordam. Em outras palavras, a

teoria da relatividade sela o fim do conceito de tempo absoluto! Parece que cada

observador pode obter sua própria medida de tempo, tal como registrada pelo seu

relógio, e com a qual relógios idênticos, com diferentes observadores, não concordam

necessariamente.

HAWKING, Stephen W. Uma breve história do tempo.

São Paulo: Círculo do livro, 1988. p.30-33. (adaptado)

Texto II

Inércia: a Primeira Lei de Newton

Page 87: Sintaxe Externa (testes).pdf

As leis de Newton tratam da relação entre força e movimento. A primeira pergunta

que elas procuram responder é: “O que acontece com o movimento de um corpo livre da

ação de qualquer força?”

Podemos responder a essa pergunta em duas partes. A primeira trata do efeito da

inexistência de forças sobre o corpo parado ou em repouso. A resposta é quase óbvia: se

nenhuma força atua sobre o corpo em repouso, ele continua em repouso. A segunda parte

trata do efeito da inexistência de forças sobre o corpo em movimento. A resposta,

embora simples, já não é óbvia: se nenhuma força atua sobre o corpo em movimento, ele

continua em movimento. Mas que tipo de movimento? Como não há força atuando sobre

o corpo, a sua velocidade não aumenta, nem diminui, nem muda de direção. Portanto o

único movimento possível do corpo na ausência de qualquer força atuando sobre ele é o

movimento retilíneo uniforme.

A primeira lei de Newton reúne ambas as respostas num só enunciado: um corpo

permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme se nenhuma força atuar

sobre ele. Em outras palavras, a Primeira Lei de Newton afirma que, na ausência de

forças, todo corpo fica como está: parado se estiver parado, em movimento se estiver em

movimento (retilíneo uniforme). Daí essa lei ser chamada de Princípio da Inércia.

O que significa inércia?

Inércia, na linguagem cotidiana, significa falta de ação, de atividade, indolência,

preguiça ou coisa semelhante. Por essa razão, costuma-se associar inércia a repouso, o

que não corresponde exatamente ao sentido que a Física dá ao termo. O significado físico

de inércia é mais abrangente: inércia é “ficar como está”, ou em repouso ou em

movimento. Devido à propriedade do corpo de “ficar como está” depender de sua massa,

a inércia pode ser entendida como sinônimo de massa.

GASPAR, Alberto. Física: Mecânica. 1. ed.

São Paulo: Ática, 2001. p. 114-115. (adaptado)

Texto III

Paciência

Page 88: Sintaxe Externa (testes).pdf

Composição : Lenine e Dudu Falcão

(1) Mesmo quando tudo pede

(2) Um pouco mais de calma

(3) Até quando o corpo pede

(4) Um pouco mais de alma

(5) A vida não para...

(6) Enquanto o tempo

(7) Acelera e pede pressa

(8) Eu me recuso, faço hora

(9) Vou na valsa

(10) A vida tão rara...

(11) Enquanto todo mundo

(12) Espera a cura do mal

(13) E a loucura finge

(14) Que isso tudo é normal

(15) Eu finjo ter paciência...

(16) O mundo vai girando

(17) Cada vez mais veloz

(18) A gente espera do mundo

(19) E o mundo espera de nós

(20) Um pouco mais de paciência...

(21) Será que é tempo

Page 89: Sintaxe Externa (testes).pdf

(22) Que lhe falta para perceber?

(23) Será que temos esse tempo

(24) Para perder?

(25) E quem quer saber?

(26) A vida é tão rara

(27) Tão rara...

(28) Mesmo quando tudo pede

(29) Um pouco mais de calma

(30) Até quando o corpo pede

(31) Um pouco mais de alma

(32) Eu sei, a vida não para

(33) A vida não para, não...

(34) Será que é tempo

(35) Que lhe falta para perceber?

(36) Será que temos esse tempo

(37) Para perder?

(38) E quem quer saber?

(39) A vida é tão rara

(40) Tão rara...

(41) Mesmo quando tudo pede

(42) Um pouco mais de calma

(43) Até quando o corpo pede

(44) Um pouco mais de alma

(45) Eu sei, a vida não para

Page 90: Sintaxe Externa (testes).pdf

(46) A vida não para...

(47) A vida não para...

Disponível em:<http://www.vagalume.com.br/lenine/paciencia.html> Acesso em 01 jun 11.

669 - (IME RJ)

Assinale a alternativa em que está CORRETA a classificação morfológica das palavras

mesmo e até que iniciam as orações subordinadas adverbiais nos versos:

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma” e

“até quando o corpo pede um pouco mais de alma”

a) A palavra até é uma preposição com sentido de lugar e a palavra mesmo é um

pronome.

b) Ambas são palavras denotativas de retificação.

c) Ambas são palavras denotativas de inclusão.

d) Ambas são preposições que se unem à conjunção quando para dar sentido ao

elemento coesivo.

e) Ambas são preposições denotativas de realce.

TEXTO: 55 - Comum à questão: 670

1 Quando Lauro melhorou e todos se aprontavam para a mudança, Delminda 2

resolveu ir junto. Velha e viúva, não tinha ninguém por si. Nada a prendia ao ranchinho 3

onde morava, a não ser a sepultura da filha. Natalina se matara, anos antes, mas a 4 velha

jamais contara a causa do suicídio. Depois de haver sido desonrada pelos filhos 5 do

coronel Ananias, a moça dera para definhar e entristecer, até que um dia 6 amanheceu

enforcada numa trave do rancho. Delminda sabia ser inútil pedir reparação 7 pelo mal que

lhe causaram à filha. Coronel viera ao mundo para aquilo mesmo: 8 desonrar as mulheres

e mandar surrar, castrar ou matar os homens. Outra serventia 9 não tinha. Nem havia lei

que protegesse virgindade de moça pobre. Ganho, Delminda 10 encontraria em qualquer

Page 91: Sintaxe Externa (testes).pdf

lugar. Era parteira e as crianças nasciam em toda a parte, até 11 mesmo no Espinilho, onde

se encontrava o monge. Era para lá que todos iam. 12 Delminda foi também. São José

Maria era santo, e junto dos santos saudade e tristeza 13 deviam ser mais fáceis de

suportar.

SASSI,Guido Wilmar. Geração do deserto.

5. ed. Porto Alegre: Movimento, 2012. p. 25.

670 - (UDESC SC)

Assinale a alternativa correta em relação ao texto.

a) A palavra “Ganho” (Ref. 9), quanto à formação de palavras, sofreu um processo de

redução vocabular.

b) Delminda, desiludida pela morte da filha Natalina e pela doença do filho Lauro,

resolve abandonar sua casa e seguir o monge São José Maria.

c) A oração “Quando Lauro melhorou” (Ref.1), sintaticamente, é classificada como

oração subordinada adverbial temporal.

d) Da leitura do excerto se infere que por ser uma cidadezinha do interior, os filhos dos

coronéis eram protegidos pela lei, por isso desrespeitavam e desonravam todas as

mulheres do local.

e) No período “Nada a prendia ao ranchinho onde morava, a não ser a sepultura da

filha. Natalina se matara, anos antes, mas a velha jamais contara a causa do suicídio”

(Refs. 2, 3 e 4) as palavras destacadas são classificadas, morfossintaticamente, como

artigo definido e adjunto adnominal.

GABARITO:

581) Gab:

a) A característica do produto anunciado, que justifica a menção à Organização Mundial

da Saúde, é o baixo consumo de combustível. Ao apresentar essa característica por

meio da frase “anda mais e bebe menos”, o redator do anúncio publicitário tira

proveito da polissemia dos verbos andar e beber. “Anda mais”, no contexto das

atribuições da OMS, ou seja, no das condutas que favorecem a boa saúde, deve ser

interpretado como caminha mais, desloca-se a pé com maior frequência; no contexto

do automobilismo, significa percorre maior quilometragem. “Bebe menos”, no

Page 92: Sintaxe Externa (testes).pdf

primeiro contexto, equivale a ingere menores quantidades de bebidas alcoólicas; no

segundo, a gasta menos combustível.

b) Do ponto de vista sintático, as duas orações com o verbo caber têm organização

inversa. O termo que está anteposto ao verbo na primeira oração (“ele”, anafórico de

“um carro”) é preposicionado e deslocado para depois do verbo (“nele”) na segunda

oração. Nos termos da análise sintática, o sujeito da primeira oração passa a

funcionar como adjunto adverbial da segunda. Simetricamente, o termo posposto ao

verbo (“na sua vida”, que faz referência ao consumidor) perde a preposição (“sua

vida”) e é topicalizado, ou seja, é deslocado para antes do verbo da segunda oração.

Nos termos da análise sintática, o adjunto adverbial é alçado à função de sujeito.

Esse cruzamento em xis (isto é, esse quiasmo) cria uma estrutura circular, uma

espécie de círculo virtuoso, que produz o efeito de que o veículo anunciado e a vida

do consumidor complementam-se mutuamente, dando a impressão de um ajuste

perfeito entre ambos.

582) Gab: A

583) Gab: D

584) Gab:

585) Gab: E

586) Gab: D

587) Gab: C

588) Gab: D

589) Gab: B

590) Gab: C

Page 93: Sintaxe Externa (testes).pdf

591) Gab: A

592) Gab: C

593) Gab: C

594) Gab: B

595) Gab: C

596) Gab: 15

597) Gab: B

598) Gab: E

599) Gab: C

600) Gab: A

601) Gab: B

602) Gab: B

603) Gab: B

Page 94: Sintaxe Externa (testes).pdf

604) Gab: E

605) Gab: A

606) Gab: E

607) Gab: A

608) Gab: B

609) Gab: A

610) Gab: A

611) Gab: A

612) Gab: A

613) Gab: D

614) Gab: D

615) Gab: C

616) Gab: A

617) Gab: 31

Page 95: Sintaxe Externa (testes).pdf

618) Gab: A

619) Gab: A

620) Gab: B

621) Gab: 23

622) Gab: A

623) Gab: 22

624) Gab: FVVFV

625) Gab: B

626) Gab: A

627) Gab:

Concessivas.

Ainda que (embora, não obstante, mesmo que) contrarie Ortega y Gasset e reconheça o

interesse dum certo lado da obra de Murilo, o lado mais realista, não o situo no mesmo

plano dos outros três pintores.

628) Gab: 03

629) Gab: 37

Page 96: Sintaxe Externa (testes).pdf

630) Gab: C

631) Gab: D

632) Gab: E

633) Gab:

Porque dá a idéia de causalidade e portanto tem sentido conclusivo.

A diferença fundamental entre eles, enquanto termos relacionantes, reside no fato de que

porque estabelece um vínculo subordinativo da oração adverbial causal "porque

trabalhava demais" à oração anterior "o escravo morria jovem"; enquanto portanto está

inserido num período simples e estabelece um nexo conclusivo com os dois parágrafos

anteriores.

634) Gab: D

635) Gab: B

636) Gab: E

637) Gab: B

638) Gab: D

639) Gab: B

640) Gab: E

Page 97: Sintaxe Externa (testes).pdf

641) Gab: C

642) Gab: E

643) Gab:

Em “...não fora a intervenção do farmacêutico...”, o mais-que-perfeito está empregado em

lugar do imperfeito do subjuntivo. Trata-se de oração subordinada adverbial condicional

em que se acha omitida a conjunção se, cuja presença impediria a substituição efetuada: ...

644) Gab: E

645) Gab: 26

646) Gab: B

647) Gab:

Nos dramalhões há tamanho poder de vida

Oração subordinada adjetiva restritiva

Consequência

648) Gab: A

649) Gab: E

650) Gab: C

651) Gab:

a) O ciúme provém mais da grande estima que se concede a um bem do que da força das

razões que fazem julgar que se pode perdê-lo.

Page 98: Sintaxe Externa (testes).pdf

b) Como amamos naturalmente a justiça, ficamos desgostosos pelo fato de ela não ser

observada na distribuição dos bens.

c) A palavra inveja é a única que não se estrutura por prefixação. Todas as demais

apresentam prefixo de negação in-, acrescido à base adjetiva.

652) Gab:

a) O regime do amor doméstico é diferente do que se encontra fora – tão diferente, que

o poema dos cuidados maternos parece um artifício sentimental.

b) O termo em questão se subordina ao adjetivo sensível.

c) Muitos séculos atrás, refletindo sobre a temporalidade, Santo Agostinho confessou

que, embora tivesse uma noção tácita de tempo aparentemente não problemática,

não seria capaz de fornecer uma definição explícita desse conceito.

653) Gab: C

654) Gab: E

655) Gab: D

656) Gab: C

657) Gab: D

658) Gab: C

659) Gab: 23

660) Gab: C

Page 99: Sintaxe Externa (testes).pdf

661) Gab: A

662) Gab: E

663) Gab: B

664) Gab: B

665) Gab: B

666) Gab: 05

667) Gab: D

668) Gab: B

669) Gab: C

670) Gab: C