sintaxe discursiva - fiorin

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INTRODUÇÃO À SEMIÓTICA Nível Discursivo Sintaxe Discursiva Universidade Federal do Amazonas Programa de Pós-Graduação em Letras PPGL Sirlei Baima Elisiário

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Page 1: Sintaxe discursiva - FIORIN

INTRODUÇÃO À SEMIÓTICA

Nível DiscursivoSintaxe Discursiva

Universidade Federal do AmazonasPrograma de Pós-Graduação em

LetrasPPGL

Sirlei Baima Elisiário

Page 2: Sintaxe discursiva - FIORIN

NÍVEL DISCURSIVO- SINTAXE DISCURSIVA

Os Termos que revestem as formas abstratas do nível narrativo, dando-lhe concretude, chamamos de nível Discursivo. Esse por sua vez divide-se em sintaxe e semântica discursivas. (p. 41)

Os esquemas narrativos são assumidos pelo sujeito da enunciação que os converte em discurso. A enunciação é o ato de produção do discurso, é uma instância pressuposta pelo enunciado (produto da enunciação). (p. 55)

Page 3: Sintaxe discursiva - FIORIN

NÍVEL DISCURSIVO- SINTAXE DISCURSIVA

Quando se diz: Quando se diz:Eu afirmo que o quadrado da hipotenusa é igual a soma do quadrado dos catetos.

O quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos.

Exemplo I Exemplo II

Em I: o enunciador coloca o sujeito da enunciação eu e o ato de enunciar afirmo no interior do enunciado. (Ibidem)

Em II: deixa-se de fora o simulacro do ato de enunciar. (Ibidem)

Page 4: Sintaxe discursiva - FIORIN

NÍVEL DISCURSIVO- SINTAXE DISCURSIVA

Mesmo quando os elementos da enunciação não aparecem no enunciado, a enunciação existe, uma vez que nenhuma frase se enuncia sozinha. Há sempre alguém (um eu) que diz... (p. 56)

Isso implica que é preciso distinguir duas instâncias: o eu pressuposto e o eu projetado no interior do enunciado. (p.56)

Page 5: Sintaxe discursiva - FIORIN

NÍVEL DISCURSIVO- SINTAXE DISCURSIVA

Assim temos a seguinte relação:

Elementos da

enunciação

Correspondência Elementos da

enunciação

Correspondência

Eu pressuposto Enunciador

Autor Tu pressuposto Enunciatário

Leitor

Eu projetado narrador Tu projetado

Narratário

Eu (personagens falam em discurso direto)

interlocutor Tu (com quem se fala)

Interlocutário

Page 6: Sintaxe discursiva - FIORIN

INSTÂNCIAS DA ENUNCIAÇÃO

EU

AQUI

Agora

É instaurado no ato de dizer.

É o espaço do eu.

Momento em que o eu toma a palavra.

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

TU

Todos os espaços são ordenados.

Organização da temporalidade linguística.

Page 7: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROCEDIMENTOS DE DISCURSIVIZAÇÃO

A sintaxe do discurso ao estudar as marcas da enunciação analisa três procedimentos:

1. Actorialização- constituição das pessoas;

2. Espacialização- constituição do espaço;

3. Temporalização- constituição do tempo discursivo.

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 8: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Fazer persuasivo

Fazer interpretativo

O enunciatário interpreta e aceita o que foi dito pelo enunciador.

Projeções da instância da enunciação no enunciado.

O enunciador procura fazer com que o enunciatário aceite o que ele diz.

Relações entre enunciador e enunciatário (Argumentação).

Page 9: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

A enunciação por se definir a partir de um eu-aqui-agora, instaura o discurso enunciado, projetando para fora de si os atores do discurso, bem como suas coordenadas espaço-temporais. Dessa forma ela faz uso de dois mecanismos básicos: A Debreagem- Aspectos constitutivos do ato de linguagem,

expulsão da instância da enunciação de termos categóricos. (Dicionário de Semiótica, p. 95 e 140)

A embreagem- Efeito de retorno à enunciação produzida pela suspensão da oposição entre certos termos da categoria da pessoa, ou do espaço e ou do tempo. Toda embreagem pressupõe, portanto, uma operação de debreagem que lhe é logicamente anterior. Dessa forma são procedimentos implícitos que visam a produzir um efeito de identificação entre sujeito do enunciado e o sujeito da enunciação. ( Dicionário de Semiótica, p. 140-141)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 10: Sintaxe discursiva - FIORIN

1. Debreagem

Enunciativa

Enunciva

ActancialEspacialTemporal

ActancialEspacialTemporal

Eu, tuAquiAgora

EleAlhuresEntão

Projetam-se as pessoas, os tempos e os espaços.

Ocultam-se os actantes, os espaços e as pessoas.

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 11: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

“As debreagens enunciativa e enunciva produzem dois tipos básicos de discurso:

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Primeira Pessoa

Terceira Pessoa

Sentido de subjetividade

Sentido de objetividade

Page 12: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

1) João disse: -Não tenho intenção de pagar o aluguel escorchante desta casa.

3) Marilda retrucou:-Mas André não estava na cidade naquela época!

Debreagem Enunciativa Debreagem Enunciva

4) Ouvindo aquelas críticas, retorqui: -Naquela ocasião, ele pensou que estivesse fazendo a coisa certa.

2) Aí asseverei: -Em breve, estarei longe daqui.

EuAquiAgor

a

EleEntão

Alhures

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 13: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

“Debreagens internas ou de segundo grau- são responsáveis pela produção de simulacros de diálogos nos textos, pois estabelecem interlocutores, ao dar a voz a atores já inscritos no discurso”. (p. 66-67)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 14: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

A construção do tempo linguístico é feita, projetando-se ao momento da enunciação (o agora) a seguinte categoria:

Assim instala-se três momentos de referência:1. Concomitante ao agora- presente2. Anterior ao agora- pretérito3. Posterior ao agora- futuro

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Concomitância Não Concomitância

Anterioridade

Não anterioridade

Page 15: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 16: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO

Presente: concomitância em relação ao agora. Pretérito Perfeito 1: anterioridade em relação ao

agora. Futuro do presente: posterioridade em relação ao

agora. “Assisti ao desfile da janela do apartamento”. (anterioridade em relação ao momento referência presente)- Pretérito Perfeito 1

“Mandarei tudo para você”. (posterioridade a um momento de referência presente)- Futuro do Presente.

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 17: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO DO ENUNCIADO

MOMENTO DE REFERÊNCIA PRETÉRITO

CONCOMITÂNCIA NÃO CONCOMITÂNCIA

Acabado Inacabado Anterioridade Posterioridade

Pretérito Pretérito Pretérito Futuro do

Perfeito 2 Imperfeito Mais-que-Perfeito Pretérito

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 18: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO DO ENUNCIADO

Pretérito Perfeito 2: concomitância ao marco temporal pretérito, indica uma ação acabada.

Pretérito Imperfeito: concomitância ao marco temporal pretérito, indica uma ação inacabada em transcurso.

Pretérito mais-que-perfeito: anterioridade em relação a um marco temporal pretérito.

Futuro do pretérito: posterioridade em relação a um marco temporal pretérito.

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 19: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO DO ENUNCIADO

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Momento de referência Futuro

concomitância Não concomitância

Presente do Futuro

anterioridade posterioridade

Futuroanterior

Futuro do Futuro

Page 20: Sintaxe discursiva - FIORIN

PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO DO ENUNCIADO Presente do futuro: concomitância em relação a

um momento de referência futuro. Futuro anterior: anterioridade a um momento de

referência futuro. Futuro do Futuro: posterioridade a um momento

de referência futuro.

“Mandarei tudo para você”. (futuro do presente)“Quando você chegar, porei o peixe para assar”. (presente do futuro)“Quando você chegar, terei terminado o meu trabalho”.(futuro anterior)“ Depois que você chegar sairei”. (futuro do futuro)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 21: Sintaxe discursiva - FIORIN

RELAÇÕES ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO “A comunicação é um complexo jogo de

manipulação com vistas a fazer o enunciatário crer naquilo que se transmite”(p. 75).

“Nesse jogo de persuasão, o enunciador utiliza-se de certos procedimentos argumentativos visando levar o enunciatário a admitir como certo, como válido o sentido produzido.” (ibidem)

“Argumentação consiste no conjunto de procedimentos linguísticos e lógicos usados pelo enunciador para convencer o enunciatário” (ibidem)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 22: Sintaxe discursiva - FIORIN

RELAÇÕES ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO

a) ILUSTRAÇÃO- procedimento pelo qual o narrador enuncia uma afirmação geral e dá exemplos com a finalidade de comprová-la. Esse procedimento é bastante adequado, quando se mostram várias maneiras de ser ou de fazer. (p. 75 e 77).

b) FIGURAS DE PENSAMENTO – São empregadas pelo enunciador para fazer o enunciatário crer naquilo que ele diz. Cabe mencionar que nem todas as figuras de pensamento pertencem à mesma ordem de fenômenos, umas se constroem a partir de relações semânticas e outras se estabelecem a partir de mecanismos da sintaxe discursiva. (p. 77-78)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 23: Sintaxe discursiva - FIORIN

RELAÇÕES ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO

I. Antífrase ou ironia – Quando se afirma no enunciado e se nega na enunciação.

II. Lítotes – quando se nega no enunciado e se afirma na enunciação, constrói-se a figura que a retórica denomina lítotes.

III. Preterição – quando se afirma no enunciado e se nega explicitamente na enunciação.

IV. Reticência – Quando não se diz no enunciado e se diz na enunciação.

1. No âmbito das oposições categóricas

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 24: Sintaxe discursiva - FIORIN

RELAÇÕES ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO

Eufemismo – quando se atenua no enunciado e se intensifica na enunciação.

Hipérbole – quando se intensifica no enunciado e se atenua na enunciação.

2. No domínio das oposições graduais:

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 25: Sintaxe discursiva - FIORIN

RELAÇÕES ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO

Os mecanismos persuasivos “fazem parte dos recursos de persuasão do enunciatário pelo enunciador, pois, instaurando no discurso o segredo e a mentira, desvelam uma nova verdade, prozem um novo saber, descobrem significados, encobrindo-os.” (p.87)

NÍVEL DISCURSIVOSINTAXE DISCURSIVA

Page 26: Sintaxe discursiva - FIORIN

REFERÊNCIAS

FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. 14 ed. 2. reimpressão. São Paulo: Contexto, 2009, p. 56-87.

GREIMAS, A. J. & COURTÉS, J. Dicionário de semiótica. São Paulo: Contexto, 2008, p. 140.

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