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junho ‘09 Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço de Almeida Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Director — Mário Nogueira Chefe de Redacção — Luís Lobo Conselho de Redacção: Francisco Almeida, Marta Ferreira, José Pinto, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor Januário, Cruz Marques Grafismo e Ilustração — Tiago Madeira Composição e Paginação — SPRC Periodicidade — Mensal Tiragem — 14.000 exemplares Impressão, Embalagem e Expedição — AP Direct Mail, Lda - Centro Operador de Marketing Redacção e Administração — Rua Lou- renço Almeida de Azevedo, 21 Fotografias — Arquivo SPRC Registo de Publicação n.º 117965 Depósito Legal n.º 228/84 DIRECÇÕES DISTRITAIS Aveiro Rua de Angola, 42 - B Urbanização Forca Vouga • 3800-008 Aveiro Telef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165 E-Mail: [email protected] Castelo Branco R. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º 6200-118 Covilhã Telef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018 E-Mail: [email protected] Coimbra Praça da República, 28 — 1.º Apartado 1020 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668 E-Mail: [email protected] Guarda Rua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300-772 Guarda Telef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041 E-Mail: [email protected] Leiria R. dos Mártires, 26 — r/c Drtº Apartado 1074 2400-186 Leiria Telef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126 E-Mail: [email protected] Viseu Av Alberto Sampaio, nº 84 Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES Castelo Branco R. Pedro Fonseca, 10 — L 6000-257 Castelo Branco Telef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077 E-mail: castelo [email protected] Figueira da Foz R. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º 3080-084 Figueira da Foz Telef.: 233 424 005 E-mail: fi[email protected] Douro Sul Av. 5 de Outubro, 75 — 1.º Apartado 42 5100-065 Lamego Telef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457 E-mail: [email protected] Seia Lg. Marques da Silva Edifício Camelo, 2.º Esquerdo 6270-490 Seia Telef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498 E-mail: [email protected] Em Foco SPRC: A grande força do centro! pág. 5 Em Destaque Uma inflexão profunda na forma de governar e nas políticas adoptadas págs. 6 Acção Reivindicativa A força da razão: dezenas de milhar em Lisboa págs. 8 e 9 Tomada de Posição Postura desonesta do ME força prosseguimento da luta págs. 10 e 11 Educação Especial Psicoterapia na Escola e olhares de uma associada págs. 14 a 17 Estatutos do SPRC Nova proposta de alteração corrige problemas detectados pelo MTSS centrais SUMÁRIORCI.JUNHO ’09 Sindicato dos Professores da Região Centro Junto ao Parque Eduardo VII eram muitas as formas de revelar o descontentamento dos professores em relação a este governo. 70.000 inundaram de Liber- dade a Avenida, num manifesto de persistência, coragem e afirmação das suas exigências.

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Page 1: Sindicato dos Professores da Região Centro SUMÁRIORCI ... · fixado pelo Decreto-Lei n.º 116/85, de 19 de Abril, e hajam requerido essa aplicação, deixa de ser reconhecido o

junho ‘09

Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660FAX: 239 851 666E-Mail: [email protected]//:www.sprc.ptFicha TécnicaRegião Centro InformaçãoRegisto de Propriedade n.º 217964Propriedade do Sindicato dos Professores da Região CentroRua Lourenço de Almeida Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraDirector — Mário NogueiraChefe de Redacção — Luís LoboConselho de Redacção:Francisco Almeida, Marta Ferreira, José Pinto, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor Januário, Cruz MarquesGrafismo e Ilustração — Tiago MadeiraComposição e Paginação — SPRCPeriodicidade — MensalTiragem — 14.000 exemplaresImpressão, Embalagem e Expedição — AP Direct Mail, Lda - Centro Operador de MarketingRedacção e Administração — Rua Lou-renço Almeida de Azevedo, 21Fotografias — Arquivo SPRCRegisto de Publicação n.º 117965Depósito Legal n.º 228/84

DIRECÇÕES DISTRITAIS

AveiroRua de Angola, 42 - BUrbanização Forca Vouga • 3800-008 AveiroTelef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165E-Mail: [email protected]

Castelo BrancoR. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º6200-118 CovilhãTelef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018E-Mail: [email protected]

CoimbraPraça da República, 28 — 1.ºApartado 1020 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668E-Mail: [email protected]

GuardaRua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300-772 GuardaTelef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041E-Mail: [email protected]

LeiriaR. dos Mártires, 26 — r/c DrtºApartado 10742400-186 LeiriaTelef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126E-Mail: [email protected]

ViseuAv Alberto Sampaio, nº 84Apartado 22143510-030 ViseuTelef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138E-Mail: [email protected]

DELEGAÇÕES

Castelo BrancoR. Pedro Fonseca, 10 — L6000-257 Castelo BrancoTelef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077E-mail: castelo [email protected]

Figueira da FozR. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º3080-084 Figueira da FozTelef.: 233 424 005E-mail: [email protected]

Douro SulAv. 5 de Outubro, 75 — 1.ºApartado 425100-065 LamegoTelef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457E-mail: [email protected]

SeiaLg. Marques da SilvaEdifício Camelo, 2.º Esquerdo6270-490 SeiaTelef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498E-mail: [email protected]

Em FocoSPRC:A grande força do centro!pág. 5

Em DestaqueUma inflexão profunda na forma de governar e nas políticas adoptadaspágs. 6

Acção ReivindicativaA força da razão:dezenas de milhar em Lisboapágs. 8 e 9

Tomada de PosiçãoPostura desonesta do ME força prosseguimento da lutapágs. 10 e 11

Educação EspecialPsicoterapia na Escola e olhares de uma associadapágs. 14 a 17

Estatutos do SPRCNova proposta de alteração corrige problemas detectados pelo MTSScentrais

SUMÁRIORCI.JUNHO ’09Sindicato dos Professoresda Região Centro

Junto ao Parque Eduardo VII eram muitas as formas de revelar o descontentamento dos professores em relação a este governo. 70.000 inundaram de Liber-dade a Avenida, num manifesto de persistência, coragem e afirmação das suas exigências.

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RCI3

Síntese integral da legislação pode ser consultada em www.sprc.pt

legislação

Alunos

Despacho nº 12299/2009 de 22 de Maio -Aprova o calendário para os concursos espe-ciais de acesso ao ensino superior em 2009

Despacho nº 12300/2009 de 22 de Maio - Aprova o calendário para os regimes espe-ciais de acesso ao ensino superior em 2009

Deliberação nº 1498/2009 de 29 de Maio - Aprova os pré-requisitos de aptidão física e funcional a comprovar no âmbito dos concur-sos de candidatura à matrícula e inscrição no ensino superior no ano lectivo de 2009-2010

Acumulações

Acórdão nº 155/2009 de 6 de Maio - Não julga inconstitucionais as normas do artigo 111.º do Estatuto da Carreira dos Educa-dores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de Abril, e da Portaria n.º 652/99, de 14 de Agosto, quando interpretadas como configurando um contrato de trabalho subordinado de caducidade anual o contrato celebrado pelos docentes, em acu-mulação, com escolas de ensino privado

Aposentação

Acórdão TC nº 186/2009 Processo nº 778/08 de 13 de Maio - Declara, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade das normas constantes dos artigos 1.º, n.º 6, e 2.º da Lei n.º 1/2004, de 15 de Janeiro, quando inter-pretados no sentido de que aos subscritores da Caixa Geral de Aposentações que, antes de 31 de Dezembro de 2003, hajam reunido os pressupostos para a aplicação do regime fixado pelo Decreto-Lei n.º 116/85, de 19 de Abril, e hajam requerido essa aplicação, deixa de ser reconhecido o direito a esse regime de aposentação pela circunstância de o respec-tivo processo ter sido enviado à Caixa, pelo serviço onde o interessado exercia funções

Contagem de Tempo de Serviço

Lei nº 23/2009 de 21 de Maio - Consagra a garantia de intercomunicabilidade entre os do-centes provenientes das Regiões Autónomas com o restante território nacional

Diversos

Decreto-Lei nº 103/2009 de 12 de Maio - Cria uma linha de crédito extraordinária destinada à protecção da habitação própria permanente em situação de desemprego

Despacho nº 11749/2009 de 15 de Maio - Passe escolar – municípios

Acórdão STJ nº 9/2009 de 19 de Maio - Os procedimentos cautelares revestem sempre carácter urgente mesmo na fase de recurso

Decreto-Lei nº 125/2009 de 22 de Maio - Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei

n.º 158/2002, de 2 de Julho, que aprovou o novo regime jurídico dos planos de poupança-reforma, dos planos de poupança-educação e dos planos de poupança-reforma/educação

Resolução A.R. nº 40/2009 de 29 de Maio - Criação e desenvolvimento de uma «Fábrica de Ideias» na Administração Pública

2º, 3º CEB e Secundário

Portaria nº 551/2009 de 26 de Maio - Cria lugares nos quadros de vários estabeleci-mentos de ensino público do ensino artístico especializado da música e da dança

Educação

Resolução A.R. nº 37/2009 de 13 de Maio - Eleição do presidente do Conselho Nacional de Educação

Resolução A.R. nº 38/2009 de 13 de Maio - Eleição dos representantes dos grupos parlamentares no Conselho Nacional de Educação

Portaria nº 510/2009 de 14 de Maio - Altera os Estatutos do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, I.P., aprovados pela Portaria n.º 510/2007, de 30 de Abril

Decreto-Lei nº 117/2009 de 18 de Maio - Cria o Gabinete Coordenador de Segurança Es-colar como estrutura integrada no âmbito do Ministério da Educação, dotada de autonomia administrativa

Portaria nº 536/2009 de 18 de Maio - Aprova o Regulamento Arquivístico das Direcções Regionais de Educação

Decreto-Lei nº 124/2009 de 21 de Maio - Estabelece o regime jurídico aplicável ao trabalho voluntário nas escolas realizado por pessoal docente aposentado

Ensino Particular e Cooperativo

Acórdão STJ nº 8/2009- Revista nº 1619/06 - 4ª secção de 18 de Maio - O regime especial de caducidade anual a que estavam sujeitos os contratos de trabalho celebrados, em acu-mulação, entre os docentes do ensino público e os estabelecimentos de ensino particular, que decorria dos Decretos-Lei n.os 266/77, de 1 de Julho, 553/80, de 21 de Novembro, e 300/81, de 5 de Novembro, e do despacho n.º 92/ME/88, do Ministro da Educação, de 17 de Maio, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 137, de 16 de Junho de 1988, não foi afectado pela entrada em vigor do Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores do Ensino Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de Abril, e da Portaria n.º 652/99, de 14 de Agosto, que o regulamentou

Ensino Superior

Despacho nº 11719/2009 de 14 de Maio -

Despacho homologatório sobre Estatutos da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – IPC

Despacho Normativo nº 18-A/2009 de 14 de Maio - Homologação dos Estatutos da Universidade de Aveiro

Despacho nº 11809/2009 de 15 de Maio - Reclamações apresentadas junto das insti-tuições de ensino superior

Portaria nº 546/2009 de 20 de Maio - Fixa o número máximo de unidades orgânicas flexíveis e a dotação máxima de chefes de equipas multidisciplinares da Inspecção-Geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e revoga a Portaria n.º 1050-B/2007, de 31 de Agosto

Despacho nº 12557/2009 de 27 de Maio - Encerramento compulsivo da ex-Universidade Internacional, da ex-Universidade Internacio-nal da Figueira da Foz e do Instituto Superior Politécnico Internacional

Regulamento nº 222/2009 de 27 de Maio - Estatutos da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Deliberação nº 1492/2009 de 28 de Maio - Reconhecimento de graus académicos de ensino superior, atribuídos na Suíça, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12 de Outubro

Deliberação nº 1493/2009 de 28 de Maio - Reconhecimento de graus académicos de ensino superior, atribuídos nos Estados Unidos da América, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12 de Outubro

Deliberação nº 1494/2009 de 28 de Maio - Reconhecimento de graus pré-Bolonha con-feridos nos países constantes da deliberação genérica n.º 8 ao abrigo do Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12 de Outubro

Despacho nº 12713/2009 de 28 de Maio - Reconhecimento dos graus conferidos no 1.º e 2.º ciclos nos Estados membros da União Europeia, em conformidade com o n.º 2 da de-liberação n.º 2430/2008, de 9 de Setembro

Regulamento nº 224/2009 de 28 de Maio - Estatutos do Instituto de Investigação Inter-disciplinar da Universidade de Coimbra

Regulamento nº 225/2009 de 28 de Maio - Estatutos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Declaração de Rectificação nº1381/2009 de 29 de Maio - Rectificação ao despacho n.º 6431/2009, de 26 de Fevereiro, referen-te à fixação a regra para a conversão de classificações atribuídas por instituições de ensino superior do Reino Unido para a escala de classificação portuguesa, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12 de Outubro

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junho ‘09

LUÍS LOBO, [email protected]

Em defesa de uma escola pública, democrática, de qualidade e para todos

27 anos a defender os professores, os educadores, os investigadores da região centro

editorial

No passado dia 22 de Abril de 2009, o Sindicato dos Professores da Região Centro cumpriu 27 anos de existência.

Uma vida enriquecida pelo imenso património de luta e determina-ção na defesa dos Professores, Educa-dores e Investigadores, de persistência na afirmação das suas convicções e na defesa de uma profissão valorizada e reconhecida socialmente, a par do fortalecimento do papel da Educação no desenvolvimento de um Portugal Democrático.

Saudamos todos aqueles que se juntaram a este grande colectivo nos últimos 27 anos. Desafiamos muitos mais a, associando-se no SPRC, con-tinuar este projecto. Um Sindicato que se encontra, apoiando-se nos anseios e nas expectativas daqueles que o SPRC representa.

É esta a força de estarmos unidos que nasce do querer de cada um de nós, construindo uma vontade co-lectiva!

O SPRC tem, aliás, contribuído de forma determinante para a imagem positiva que os portugueses têm dos professores e da profissão docente, pois nunca se colocou no âmbito estrito da profissão como sendo essa a sua única área de intervenção.

Temos consciência das vantagens e dos virtuosismos da nossa acção num plano social alargado, levando, não só aos professores, a todos os trabalhado-res a problemática do médio oriente e da

paz, da pobreza extrema do hemisfério sul e dos problemas do terceiro mundo, da igualdade entre mulheres e homens, do ambiente, da saúde, da luta pela posse da água, pelos direitos dos cida-dãos em geral e das responsabilidades do Estado perante os portugueses em todas as matérias constitucionalmente consagradas, com especial incidência, como é óbvio, na luta por uma Escola Pública Democrática e de Qualidade.

Não estranhamos, por isso os resultados de um estudo de opinião divulgado pela revista Visão, de 28 de Maio, p.p., que revelam uma grande consciencialização social das respon-sabilidades pelos insucessos que o país tem somado neste sector. A so-ciedade portuguesa não responsabiliza maioritariamente os professores, nem os seus sindicatos, pelos insuficientes

resultados obtidos na Educação. Contudo, os governantes não es-

capam ao julgamento dos portugueses e das portuguesas. O contexto da luta determinada dos docentes nos últimos três anos, particularmente nos últimos 18 meses, a forma como a desenvolveram e os motivos que os levam, ainda hoje a resistir e a não desistir, têm sido e são im-portantes para o aumento da informação disponível e para o aumento da consciên-cia nacional de que é preciso mudar este rumo e dar ao país outro conteúdo e outra forma de governar o país.

Da nossa parte continuaremos a pug-nar por um sindicalismo de intervenção, com a participação de base determinante na forma de intervir, estreitando, perma-nentemente, o conhecimento da realida-de através de uma extensa e activa rede de delegados e dirigentes sindicais.

O SPRC é hoje um Sindicato membro da FENPROF e da CGTP-IN, nasceu da vontade de 3000 professores da região centro no dia 22 de Abril de 1982 e, daí para cá, cresceu transformando-se na terceira maior força sindical docente do país, apenas suplantado pelo SPGL e pelo SPN, ambos, também, da FENPROF.

Tem uma rede invejável de delegados sindicais eleitos

pelos professores, democraticamente, em praticamente todas escolas e agrupamentos da região centro.

O coordenador do SPRC é também Secretário-Geral da FENPROF, a maior federação sindical docente portuguesa, respeitada no plano nacional e, externamente, pelo movimento sindical internacional, designadamente no âmbito da sua inter-venção na Internacional de Educação, de que é fundadora.

RCI4

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‘09 junho

ANABELA SOTAIA, Coordenadora Adjunta do SPRC

RCI5

SPRC: A grande força do centro!

em foco

Apesar de o número de docentes no sistema ter vindo a diminuir por força das políticas educativas impostas pelo actual governo, o SPRC aumentou o seu número de associados.

É, por isso, com muito orgulho, que registamos este ano lectivo o maior número de sindicalizações de há dois anos a esta parte: desde Setembro até agora, temos mais 567 novos sócios. É, também, um número bastante superior àquele das saídas verificadas e muitas destas ocorreram por motivo de apo-sentação.

Este número crescente de asso-ciados dá-nos ainda mais força para continuar e aprofundar o trabalho que temos vindo a desenvolver, centrado nas escolas e nos professores, orientado para a resolução dos seus problemas e para a defesa de uma Escola Pública que seja democrática, inclusiva e de qualidade.

Não é por acaso que o SPRC é a organização sindical docente mais re-presentativa da região centro. A nossa opção tem sido a de um sindicalismo

dinâmico, combativo e de acção, cen-trado principalmente nas escolas e junto dos professores. Por isso nos temos afirmado.

O crescimento agora verificado é o fruto de um trabalho empenhado e persistente de informação, esclareci-mento e mobilização que os delegados e dirigentes do SPRC realizaram durante largos meses junto dos professores e nas escolas. Mas é, também, fruto da consolidação da organização sindical ao nível das escolas e agrupamentos. Os delegados e dirigentes souberam con-duzir a luta, promover a acção conjunta de todos os professores e educadores, fazer oposição às políticas tão negativas deste Ministério da Educação, apesar de muitas vezes o fazerem em condições muito difíceis e num clima de ameaças e chantagens.

Acreditamos que com todos os que fazem parte deste grande colectivo, que é o SPRC, e com mais aqueles que se lhe irão juntar, é possível reabilitar o prestígio e a imagem dos docentes portugueses, é possível devolver a dignidade à nossa profissão, é possível dar lugar à esperança em melhores condições para o exercício da função docente, é possível construir uma Escola Pública de Qualidade e um país mais justo e solidário.

27 anos sem virar a cara aos problemas

“Neste percurso, assistimos a sucessivos ataques à nossa profissão e aos direitos dos cidadãos portugueses a um ensino público de qualidade para todos. Porém, perante a adversidade, sabemos que os professores da região centro, bem como no plano nacional, reconhecem ao SPRC um papel determinante no com-bate a esses ataques e contra políticas que visaram subalter-nizar o papel dos professores e destruir as bases constitu-cionais do direito universal à educação e ao ensino.

Esta tenacidade, este querer mudar são o fermento para uma luta que contará com o SPRC na primeira linha, não virando NUNCA a cara aos desafios que se colocam hoje, mais do que nunca, aos professores, para que sejam intérpretes de uma mobiliza-ção geral que prosseguirá o combate pela dignidade da sua profissão.”

Nota à Imprensa divulgada no dia 22 de Abril, quando o SPRC completava

o seu 27.º Aniversário

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junho ‘09

RCI6 em destaque

A luta dos professores voltou a marcar uma forte presença no quotidiano do país e das escolas ao longo do último mês.

Tem sido uma luta dura, lon-ga, complexa… nesta Legislatura, iniciou-se quando ainda só tinham passado três meses de mandato e o Governo decidiu impor o agrava-mento das condições de aposenta-ção para os 65 anos e “congelar” dois anos e meio de tempo de serviço para efeitos de carreira. A partir de então, foi uma espiral de disparates do Governo e do Minis-tério da Educação com a imposi-ção de quadros legais sucessivos como o ECD, a gestão escolar, as AEC, a municipalização, as regras para a Educação Especial, entre outros. Contrariamente ao que nos quiseram fazer crer, este conjunto não constituiu qualquer reforma na Educação, mas o aprofundamento de alguns trajectos negativos que governos anteriores tinham iniciado ou, pelo menos, tentado.

A luta dos professores tornou-se mais forte quando 30.000 desfila-ram, em Lisboa, em 5 de Outubro de 2006 (Dia Mundial dos Professores) e, no último ano, conheceu níveis de participação absolutamente únicos e extraordinários com a realização de três mega-manifestações (8 de Março, 8 de Novembro e 30 de Maio), duas greves com mais de 90% de adesão (3 de Dezembro e 19 de Janeiro), a entrega de três mega-abaixo-assinados centrados nas questões do ECD e da (ausên-cia de) negociação e a realização de vigílias e inúmeras iniciativas e acções, muito participadas, nos vários distritos.

Da parte do Governo e de diver-sas das suas estruturas regionais, a resposta foi sempre a pior. Pa-

Uma inflexão profunda na forma de governar e nas políticas adoptadasMÁRIO NOGUEIRA, Coordenador do SPRC

lavras de desconsideração e des-valorização dos professores foram muitas; processos negociais que se esgotaram nos aspectos formais foram todos; ameaças, intimidação, pressões ilegítimas, atentados diversos à autonomia das escolas foram frequentes, ficando na me-mória dos professores as pressões a que foram sujeitos a propósito do processo de avaliação de desem-penho, intromissões em decisões das escolas, afastamento de quem criticou ou se distanciou das políticas e, não podemos esquecer, visitas democraticamente indesejáveis da polícia à sede do nosso Sindicato, na Covilhã, na véspera de uma visita de Sócrates, bem como a escolas nos dias que antecederam a Marcha da Indignação realizada em 8 de Março de 2008.

Chegámos aqui lutando e re-sistindo a uma forma arrogante, prepotente e obstinada de governar. Chegámos e com alguns resultados. O ME recuou na questão do vínculo que já estava a ser alterado para o regime de contrato de trabalho, na transferência dos docentes do ensino básico para as câmaras mu-nicipais como tinha projectado, no encerramento de muitas escolas,

ficando a meio do anunciado, e, mesmo em relação a matérias tão negativas como sejam o ECD e o modelo de gestão, houve aspectos de especialidade, é certo, mas que o ME teve de alterar, como sejam, por exemplo, os efeitos de faltas legalmente protegidas ou a possi-bilidade de o conselho geral poder ser presidido por um docente. Mas o principal, dir-se-ia, quase tudo está por fazer, depois do que o actual governo desfez na Educação. O que aconteceu não foi uma reforma, como Sócrates gosta de afirmar e tem repetido, foi um desastre, um monumental desastre.

Com as Legislativas, que estão à porta, e que, provavelmente, se realizarão em finais de Setembro, iniciar-se-á um novo ciclo que se es-pera e terá de ser de reconstrução. Os professores e a FENPROF terão de estar preparados para isso, o que passa por continuar a ter propostas muito bem fundamentadas para dar resposta positiva aos problemas da Educação e manter a mesma dispo-nibilidade para lutar, caso os gover-nantes sejam fracos como este e, por essa razão, tenham de recorrer ao autoritarismo para compensarem uma autoridade que não conseguem

Chegámos aqui lutando e resistindo a uma forma arrogante, prepotente e obstinada de governar.

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‘09 junho

RCI7

Senhora Ministra,

Afirmou a senhora há tempos que tinha perdido os professores mas ganhado a opinião pública. Nós, professoras e professores da Escola Secundária Infanta D. Ma-ria, estamos pois entre os muitos que a senhora “perdeu”. E sentimo-nos perdidos, de facto:

• quando se divide artificialmen-te os professores em categorias com base em critérios discricioná-rios e se degrada o nosso estatuto profissional;

• quando a tutela nos quer impor um pretenso modelo de avaliação de desempenho do-cente que não é senão um sis-tema para bloquear a carreira e para trucidar a solidariedade e a colaboração entre profissionais; quando a nossa entidade patronal ao invés de valorizar e dignificar os seus funcionários só cura de os vilipendiar e humilhar, só pretende transformá-los em acéfalos ser-ventuários;

• quando o ministério não pro-move a educação mas dá tantas oportunidades ao facilitismo e ao sucesso nas estatísticas;

• quando se fecha os olhos ao absentismo e à indisciplina dos alunos;

• quando verificamos que déca-das de árduo trabalho e de descon-tos para a aposentação redundam em exíguas reformas;

• quando, mesmo apesar disso, o êxodo dos profissionais se agrava (só no último ano aposentaram-se nesta escola cerca de 1/5 dos pro-fessores do quadro);

• quando se estimula a mais reles subserviência e a mais abjecta delação;

• quando em vez de promover a co-operação com a comunidade se transformam as escolas em armazéns a tempo inteiro e se estimula a desresponsabiliza-ção das famílias no processo educativo;

• quando se faz tábua rasa de décadas de experiência e inovação na gestão democrática das escolas e se impõe o regresso ao director autocrático.

Estamos cansados da sua sur-dez arrogante, da sua prepotência ignorante. É que a senhora perdeu os professores e não ganhou nada. Só por ignorante cegueira é possí-

Ao contrário da senhora, nós estamos

empenhados na defesa de uma escola pública

de qualidade para todos, que promova o

desenvolvimento do país e a qualidade de

vida dos cidadãos.

ver reconhecida. No actual quadro político, a luta foi determinante para resistir; num contexto diferente, em que as regras da democracia sejam atendidas, a luta será importante para obter resultados. E, como sempre temos dito, as melhores lutas serão aquelas que não tenham de se fazer.

A reforçar a necessidade de uma postura como a que antes se referiu – proponente e lutadora – e a importância maior dos professores e das suas propostas na próxima Legislatura, eis que surgem indícios fortes de que não teremos um novo governo de maioria absoluta. Não que a maioria absoluta seja ilegítima ou antidemocrática, nada disso, mas acontece que há quem lide mal com esse tipo de maioria, como se cons-tatou com o Governo de Sócrates. Lide mal porque a transforma em poder absoluto e autocrático e em ditadura da arrogância e da incom-petência. E por ser assim, vale mais prevenir do que, mais tarde, nos confrontarmos com situações que irremediáveis.

A Educação, como outros sec-tores estratégicos para o desen-volvimento do país, não é feudo de ninguém: de um partido, de um governo, de um sindicato, de um sector ou grupo profissional ou social, de um expert… a Educação deverá ser de todos, uma preocupa-ção de todos, daí a necessidade de terem de ser construídos consensos e assumidos compromissos que permitam encontrar uma resposta eficaz e adequada aos reais pro-blemas da Educação. Todos, nesse processo, deverão ser ouvidos, atendidas as suas preocupações e propostas e responsabilizados para se envolverem no processo de reconstrução que se apresenta como indispensável.

Pela nossa parte, professores e educadores, estaremos, como sempre estivemos, disponíveis e preparados para esse grande de-safio, daí exigirmos uma inflexão profunda na forma de governar e nas políticas adoptadas. É preciso que seja assim e é urgente que tal aconteça se queremos, ainda, che-gar a tempo…

vel não ver que se compromete assim o futuro de gerações, que Portugal não descolará da cauda do desenvolvimento com manipu-lações estatísticas, com show-off mediático.

Ao contrário da senhora, nós estamos empenhados na defesa de uma escola pública de quali-dade para todos, que promova o desenvolvimento do país e a qua-lidade de vida dos cidadãos.

Por isso, apesar de perdidos e cansados, continuamos indigna-dos. E com ganas de lutar por uma mudança urgente das políticas na educação.

Hoje aqui, no próximo sábado em Lisboa, queremos dizer-lhe basta! Se não é capaz de inverter as suas políticas, de dignificar a escola pública e promover real-mente a educação para todos, vá-se embora! Já provocou dema-siados estragos – quiçá irrepará-veis – na escola portuguesa. Vá-se embora! Não deixa saudades!

Coimbra, 26/05/09

RCI7

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RCI8 acção reivindicativa

Dezenas de milhar em LisboaA Força da Razão dos professores e educadores

Referindo-se ao facto de os do-centes nunca terem perdido a dignidade em todo este processo de luta, colocan-do sempre os seus alunos em primeiro lugar, Mário Nogueira lembrou que o mesmo não se passou do lado da Minis-tra que não soube interpretar esta atitude “porque não compreende que mantê-la quando se é tão atacado, desvalorizado e até insultado é, também, uma forma de luta, só possível de ser assumida por quem sabe que tem razão.”

O Secretário-Geral da FENPROF não foi, aliás, nada brando nas críticas que dirigiu ao governo e ao ministério de Lurdes Rodrigues. Referindo-se ao período eleitoral entre Junho e Outubro, Mário Nogueira reafirmou o desejo generalizado dos docentes de que, nas próximas legislativas, não haja vencedores absolutos pois, como referiu, “ não queremos maiorias que, por serem absolutas, se transformam

em santuários das ditaduras da incom-petência e da arrogância”.

Numa intervenção muito interrom-pida por fortes aplausos, já no final, o também coordenador do SPRC, vincou que este era o “adeus a um período tão negro da história da educação em Portugal” confiante do fim de um pesadelo cujos traumas terão de ser sarados com muita acção, intervenção e luta, ainda com este e, certamente, com o próximo executivo.

No final, os professores estavam visivelmente satisfeitos pela organi-zação, duração, percurso e resultado da mobilização, entendendo que a ultrapassagem de todas as expecta-tivas anteriores à manifestação são um sinal claro de que os professores não desistem, são persistentes e estão dispostos a defender com dignidade o seu trabalho e os seus direitos profis-sionais. | LL

Os professores responderam e responderam bem. Um combate de não desistência, obrigando José Sócrates, em campanha, a responder à intervenção de Mário Nogueira, que falou no final da grandiosa manifestação que juntou na tórrida tarde de Lisboa, largas dezenas de milhar de professores, num número perfeitamente incalculável, mas que a Plataforma Sindical estimou em mais de 70.000.

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Às vezes, porque não conhecemos, não damos valor a quem com o seu trabalho e disponibilidade ajuda a estrutura a fazer, de uma ideia, uma grande realização.São, naturalmente, os trabalhadores dos Sindicatos. Na região centro, na Direcção Regional, em cada Direcção Distrital e Delegação, zelosos, os funcionários do SPRC receberam inscrições, conceberam a imagem e a propaganda e produziram os materiais da luta, montaram bandeiras, pancartas e faixas, embalaram os suportes de imagem para a manifestação e expediram-nos para os distritos. Para eles o agradecimento de toda a direcção do SPRC e, certamente, dos seus associados.

Na manhã de sexta-feira, 29 de Maio, tudo estava pronto para ser distribuído para toda a região. No Sábado, de manhã, dirigentes e delegados sindicais tinham tudo o que era necessário para realizar mais uma grande manifestação e seguiram para Lisboa. Alguns bem cedo estando mais de 18 horas fora de casa para dizerem em Lisboa que não querem esta política e exigem respeito pela sua profissão.

Até ao grande dia foram feitos comunicados para a imprensa e para os locais de trabalho, revistas, folhetos e fichas de inscrição, esclarecimentos e dezenas de mensagens de correio electrónico que cumpriam o seu papel de preparar os professores e educadores para a sua participação consciente e a inscrição na Manifestação da Força da Razão. Centenas de visitas às escolas durante um mês e meio e reuniões com os docentes deram corpo à necessidade de intervir. De não desistir!

E o grande dia chegou. Mais de 70.000 voltaram à rua. A Avenida da Liberdade foi mais uma vez pequena para a dimensão do protesto.

Vale a pena lutar, porque se é verdade que quem luta nem sempre ganha, quem não luta perde sempre!

A manifestação tem outros braços

Como se faz uma manifestação?

“Mas é necessário que aqui se diga, de forma clara, sonora e pública, aquilo que todos nós sabemos e que o ME finge ignorar: este ano não houve qualquer processo minimamente sério de avalia-ção de desempenho dos docentes! O que se passou - e está a passar - é uma completa fraude com consequências im-previsíveis para o futuro se a dignidade e o bom senso não conseguirem pôr, de imediato, termo a este logro.

(…)Mas é preciso não saber nada de

Educação para admitir que seja possível qualquer reforma útil e persistente criando uma imagem socialmente negativa da classe docente, agredindo-a com uma vio-lência nunca vista em regime democrático, destruindo a sua confiança, menorizando a sua dedicação e competência.

No campo da Educação, o Governo fez da maioria absoluta de que dispôs nestes 4 anos uma arma de arremesso contra a Escola Pública e contra os professores; transformou a maioria ab-soluta na ditadura da incompetência, da arrogância e da intimidação.”

da Moção aprovada no dia 30 de Maio, na Praça dos Restauradores

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RCI10 tomada de posição

26 de maio

Agrupamento de escolas da Batalha Agrupamento do Paião – Figueira da Foz

Tão lamentável, aliás, quanto o facto de, no recente processo negocial, a equipa ministerial ter pura e sim-plesmente desvalorizado o sentido de responsabilidade com que os Sindicatos apresentaram as suas propostas, tendo sido incapaz de apresentar uma única contraproposta às que surgiram em sede de negociação.

Postura desonesta do ME/Governo só força o prosseguimento da luta! Perante a nota recentemente difundida pelo Ministério da Educação (ME), o SPRC lamenta a forma desonesta como, procurando servir-se dos órgãos de comunicação social, o ME tenta passar a ideia de que as suas propostas para a carreira docente, nas quais se mantêm os mesmos princípios estruturantes que os professores contestam, serão positivas para os professores.

Escolas manifestam o protesto e o luto em dia de luta

É de lembrar que os Sindicatos, respeitando o sentir dos docentes, das escolas e a necessidade de uma revisão profunda do estatuto de carreira imposto pelo Governo, se apresentaram à mesa das negociações, defendendo:

• A abolição de uma carreira fractu-rada em duas categorias artificiais que introduziu uma divisão administrativa da profissão docente, centrando a gestão de recursos humanos numa lógica eco-nomicista e desviando a profissão da sua natureza e fins essenciais;

• A suspensão da avaliação do de-sempenho docente pretendida pelo ME e a sua substituição por um modelo que seja exequível, científica e pedagogica-mente correcto e que devolva às escolas as condições para que sejam garantidos os processos adequados a um exercício profissional competente;

• O fim de uma perversa prova de ingresso na profissão docente que ape-nas visa a manipulação das estatísticas de desemprego docente e que pretende sustentar a perpetuação da indigência da tutela na fiscalização da qualidade da formação inicial de professores.

Para o SPRC e a FENPROF, neste processo negocial deveriam, ainda, ser tratadas outras matérias, que encon-traram no ME, porém, não só desinte-resse, mas mesmo um bloqueio à sua concretização:

• Uma revisão profunda das regras de organização do ano lectivo e do fun-cionamento das escolas, ao nível das condições de trabalho, com destaque

para a organização dos horários, pondo fim à insustentável sobrecarga de traba-lho sobre os docentes;

• A defesa de uma adequação do regime de aposentação dos docentes ao desgaste físico e psíquico decorrente do exercício continuado da docência, como tem vindo a ser identificado dentro e fora da profissão.

O Sindicato dos Professores da Região Centro desmente o que afirma o ME e recorda que a anterior fase do que os professores esperavam que fossem negociações não se centrou em matérias relativas, apenas, ao ingresso e ao desenvolvimento na carreira, nem tão pouco ao acesso à categoria de professor titular e prémios de mé-rito. Este foi o sentido que o ME pretendeu imprimir, mas que foi recusado pelos Sindicatos e pelos professores, como se pode aferir pela incapa-cidade do ME em impor, nas escolas, a entrada em vigor da sua avaliação de de-sempenho.

Os princípios por que o ME pautou as suas propos-tas visam outros interesses, alheios à Educação e ao Ensino, orientados por di-rectivas externas ao próprio sistema educativo e que per-seguem objectivos de controlo

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Agrupamento da Lousã

Agrupamento Alice Gouveia (Coimbra)

Agrupamento de Escolas de Albergaria a Velha

Agrupamento de Escolas José Saraiva - Leiria

Os princípios por que o ME pautou as suas propostas visam outros interesses, alheios à Educação e ao Ensino, orientados por directivas externas ao próprio sistema educativo e que perseguem objectivos de controlo financeiro, de emagrecimento do papel do Estado e de destruição da Escola Pública

financeiro, de emagrecimento do papel do Estado e de destruição da Escola Pública. Estes enfoques que continuam a determinar a actuação do ME ficam por demais evidentes através das alterações introduzidas nos seguintes diplomas legais: Es-tatuto da Carreira Docente, novo regime de Direcção e Gestão, modelo de Avaliação do Desempe-

nho, novo ordenamento jurídico para a Educação Especial, novo quadro regulamentador dos Concursos e Colocações, etc...

Contra isto, os professores prosseguirão a sua acção. Não

vai ser a postura desonesta da equipa ministerial e do Governo que desviará os professores do enorme movimento de afirmação, resistência e dignidade que os responsáveis por estas políticas an-seiam minar por todos os meios.

A Direcção

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Propostas de alteração dos Estatutos do SPRC

Assunto: Propostas de alteração dos Estatutos do SPRC, considerando o teor da apreciação fundamentada sobre a legalidade do processo de al-teração dos mesmos, elaborada pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

IResumo das observações feitas pelo Ministério de Trabalho:São os seguintes, em síntese, os reparos que a supra citada Direc-ção-Geral faz aos novos Estatutos do SPRC:

Considera omissa a menção obrigató-ria da al. a) do nº 1 do art. 450º do Có-digo do Trabalho (CT) quanto a que os Estatutos têm que prever a duração da associação sindical ...quando (...) não se constitua por tempo indeterminado. Para além disto, considera que os Estatutos ...se encontram conformes à lei, designadamente aos artigos 450º e seguintes do CT com as seguintes excepções:

a) O artigo 43º, quanto ao funciona-mento da Assembleia Geral de Só-cios, remete para ‘regimento próprio, aprovado pela mesma em reunião expressamente convocada para o efeito’, pelo que não se encontra to-talmente observada a alínea b) do nº 1 do artigo 450º do CT, que exige que os estatutos regulem o funcionamento das assembleias gerais;

b) O nº 2 do artigo 46º remete, quanto

à periodicidade das reuniões e funcio-namento da Direcção Regional, para reunião a realizar, pelo que se afigura afrontar parcialmente o disposto na alínea b) do nº 1 do artigo 450º do CT, quanto ao funcionamento do órgão;

c) O nº 6 do artigo 50º remete, quanto à periodicidade das reuniões e funcio-namento da Comissão Fiscalizadora e Reguladora de Conflitos (CFRC), para reunião a realizar, determinando o nº 1 do artigo 50º que a CFRC só pode funcionar com a maioria dos seus membros, mas ‘não sendo re-conhecido a nenhum deles o voto de qualidade’, pelo que os estatutos são omissos quanto ao critério a utilizar no caso de empate nas deliberações da CFRC, afigurando-se que não obser-vam totalmente o disposto na alínea b) do nº 1 do artigo 450º do CT e afrontam o nº 2 do artigo 171º do CC;

d) Finalmente, o nº 3 do artigo 8º remete, quanto ‘à forma de partici-pação e expressão dos associados’, para normas a definir e aprovar pelos órgãos estatutários, pelo que não observa o prescrito pelo nº 2 do artigo 450º do CT, quanto à regulamentação do exercício do direito de tendência.

IIPropostas de alteração dos Esta-tutos, tendo em conta as observa-ções supra enunciadas:

Alteração da redacção dos Artigos 1º, 8º, 41º, 43º, 46º e 50º (as alterações vão em bold e sublinhadas):

Como é do conhecimento de todos os associados, iniciámos um processo de revisão dos estatutos em Janeiro, em resultado da entrada em vigor do novo regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas. Trata-se de um diploma que integra as normas mais gravosas do Código de Trabalho e que chega a ir mais além em matérias de ataque ao direito ao emprego dos trabalhadores da administração pública.Uma das matéria com maior incidência nesta recente alteração é a legislação sindical, motivo maior da recente mudança dos nossos Estatutos. Porém, o Ministério Público considerou que, em relação a quatro aspectos do articulado da lei máxima do SPRC, era necessário ainda introduzir mais mudanças, o que fazemos agora.Convocando todos os associados para este debate, deixamos à consideração as propostas de que a Comissão Executiva da Direcção é autora, para discussão e votação no próximo dia 19 de Maio.

ESTATUTOS DO SPRC NOVA LEGISLAÇÃO OBRIGA A NOVAS MUDANÇAS

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Artigo 1ºÂmbito profissional

1 – O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) encontra-se constituído por tempo indeter-minado e é, no centro do País, a associação sindical de docentes da educação pré-escolar e escolar de todos os níveis, sectores e modali-dades e de outros trabalhadores com formação equivalente, que exercem funções docentes, técnico-pedagó-gicas – consideradas como funções docentes no âmbito das convenções colectivas e dos estatutos de carreira docente aplicáveis – e de investi-gação, recebendo remuneração de entidade patronal, independentemen-te do vínculo jurídico de emprego. 2 – (...) 3 – (...) 4 – (...) 5 – (...) 6 – (...)

Artigo 8ºDemocracia Sindical e Direito de Tendência

1 – É garantida a liberdade de expressão, reconhecendo-se o direito à existência de correntes de opinião, cuja responsabilidade de organização, exterior ao SPRC, cabe exclusivamente a essas correntes de opinião.2 – As correntes de opinião decorrem do exercício do direito de participa-ção dos sócios do SPRC, a todos os níveis e em todos os órgãos, quer pela apresentação de propostas, quer pela intervenção no debate das ideias e dos princípios orientadores da actividade sindical.3 – (eliminado);4 – (eliminado);3 – O direito de participação das correntes de opinião não pode preva-lecer sobre o direito de participação individual, nem sobre os interesses gerais do Sindicado.

Artigo 41ºReuniões

1 – A assembleia geral de sócios reunirá obrigatoriamente em sessão ordinária:

a) De três em três anos, para proce-der à eleição da direcção regional, da mesa da assembleia geral de só-

cios e da CFRC, em simultâneo com a reunião das assembleias distritais, que procedem à eleição das respec-tivas direcções distritais, nos termos do artigo 30º, nº 4, dos presentes Estatutos;

b) Anualmente, até ao fim de Março, para aprovar, alterar ou rejeitar o relatório de actividades e o de contas, o plano de actividades e os orçamentos previstos na alínea d) do artigo 40º, propostos pela direcção regional.

2 – A assembleia geral de sócios reunirá extraordinariamente sem-pre que para tal for convocada, devendo as convocatórias das suas reuniões extraordinárias ser afixadas na sede do Sindicato e nas delegações distritais, bem como publicada num dos jornais da mesma sede e de expressão regional, com uma antecedência mínima de três dias, competindo ao presidente da mesa convocá-la:a) (...); b) (...);c) (...);d) (...);e) (...);f) (...);

Artigo 43ºFuncionamento

A assembleia geral de sócios terá um regimento próprio. Aprovado pela mesma em reunião expressamente convocada para o efeito. (É pro-posta a eliminação integral deste Artigo).

Artigo 46ºDirecção regional – Compe-tências e funcionamento

1 – Compete à direcção regional do Sindicato:a) (...);b) (...);c) (...);d) (...);e) (...);f) (...);g) (...);h) (...)i) (...);j) (...); k) (...);l) (...);

m) (...);n) (...);o) (...);p) (...);q) (...).

2 – A direcção regional reunirá obrigatoriamente no mesmo dia da – e imediatamente após a – toma-da de posse a que alude o artigo 70º dos presentes Estatutos.

3 – A direcção regional deverá realizar reuniões ordinárias, obri-gatoriamente, de 3 em 3 meses, a convocação do seu Coordenador.

4 – A direcção regional reunirá ex-traordinariamente sempre que tal se justifique, a convocação do seu Coordenador ou de um terço dos seus membros em exercício de funções. (Decorre do exposto que é proposta a supressão integral do actual nº 2 do Artigo 46º dos Estatutos).

Artigo 50ºFuncionamento da CFRC

1 – Sem prejuízo de dever reu-nir, obrigatoriamente, uma vez por ano, para dar o seu parecer prévio – antes da sua sujeição à deliberação da assembleia geral de sócios – sobre o relatório de actividades e o de contas, bem como sobre o plano de activida-des e os orçamentos, a que alude a alínea b) do nº 1 do artigo 41º dos presentes Estatutos, a CFRC reúne, pelo menos, trimestralmente e só pode funcionar com a maioria dos seus membros.

2 – As deliberações da CFRC são tomadas por maioria simples, caben-do ao seu Presidente, em caso de empate, voto de qualidade.3 – (...).4 – (...):a) (...);b) (...);c) (...);d) (...).

(É, assim, proposta a eliminação integral do actual nº 6 do artigo 50º dos Estatutos do SPRC).

A Comissão Executiva do SPRCCoimbra, 18 de Maio de 2009

ESTATUTOS DO SPRC NOVA LEGISLAÇÃO OBRIGA A NOVAS MUDANÇAS

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das famílias existe há 27 anos. O PE, dinamizado pelo IPAF (Instituto de Psicologia Aplicada e Formação), conta neste momento com cerca

de uma centena de psicólogos e 10 administrativos, nas quatro regiões (Lisboa, Porto, Coimbra e Faro). Visa a avaliação psicológica/neuropsicológica e consulta de psicoterapia, habilitação e reabilitação cognitiva, de crianças e ado-lescentes com problemáticas nas áreas da Psicologia Clínica e Neuropsicologia, que comprometem a sua adaptação e o seu sucesso escolar.

Para dar resposta às necessidades exibidas pelos intervenientes no proces-so educativo das crianças e adolescen-tes, o PE, que funciona há cinco anos, tem-se apresentado como ferramenta pronta a ser requisitada pelas escolas, de todo o País, para suprir as ausências de resposta aos níveis dos recursos humanos especializados e das verbas económicas disponíveis para ajudar os professores quando confrontados com as problemáticas emocionais e neurop-sicológicas dos seus alunos.

É um Projecto, portanto, de sen-tido social…

JQA – Sim, podemos interpretar e enquadrar o trabalho das nossas equipas de psicólogos como uma intervenção so-cial. Por exemplo, na região centro, onde o projecto está mais implantado, temos colegas que fazem 100 quilómetros, pa-gando a deslocação do seu bolso, para apoiarem duas ou três crianças. Somos orgulhosos. Gostamos de comprovar que o nosso trabalho como psicólogos pode ser muito útil à sociedade.

Onde e quando é feito o acompa-nhamento clínico?

JQA - O acompanhamento clínico é feito nas escolas, em sintonia com os seus responsáveis. As equipas clínicas deslocam-se às escolas, em horário a

entrevista

Em poucas palavras pode apre-sentar-nos o Projecto Psicoterapia na Escola (PE)…

Prof. Joaquim Quintino Aires (JQA) - O Projecto Psicoterapia na Escola (PE) é, objectivamente, um recurso a que as famílias mais caren-ciadas, que têm filhos com problemas psicológicos, podem recorrer, usufruindo do subsídio da segurança social para pagarem esses serviços prestados por técnicos especializados. Este direito

Psicoterapia na Escola: um Projecto apontado à construção de uma sociedade melhor

Professor Joaquim Quintino Aires

Psicólogo clínico e professor universitário, doutorado em Psicolinguística pela Universidade Nova de Lisboa, docente de Psicoterapia e Neuropsicologia em Lisboa e São Paulo, o Professor Joaquim Quintino Aires é o grande dinamizador do Projecto Psicoterapia na Escola (PE) e é nessa qualidade que a nossa reportagem foi ao seu encontro para uma entrevista em que se destaca o alcance de uma iniciativa que, embora já tenha dado frutos em 300 escolas do país, merecia mais incentivos por parte do Ministério da Educação.

JOSÉ PAULO OLIVEIRA, Jornalista

acordar com a escola e com o encarre-gado de educação.

Qual a duração do apoio psico-terapêutico e a habilitação neurop-sicológica?

JQA - O apoio psicoterapêutico e a habilitação neuropsicológica das crianças e adolescentes dura em tempo oportuno sempre que se revele neces-sário. O acompanhamento ocorre no período lectivo.

Quando se dá início ao acompa-nhamento psicoterapêutico?

JQA - O processo psicoterapêutico poderá ser iniciado com rapidez, de-pendendo somente da celeridade que é dada, escolas/pais/IPAF, no tratamento dos processos envolvidos. Sinaliza-das as crianças ou adolescentes, o prazo máximo estipulado para o início do acompanhamento é de 30 dias. O acompanhamento só é iniciado após a reunião de todos os documentos.

Como é feita a sinalização?JQA – É realizada pelas escolas.

Só é válida mediante o preenchimento da ficha de dados da criança e/ou ado-lescente e a recolha da autorização do encarregado de educação. Os formu-lários são disponibilizados pelo IPAF (Unidade PE).

Que alunos podem ser sinaliza-dos?

JQA - Podem ser sinalizadas todas as crianças ou adolescentes que tenham dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacio-namento interpessoal e da participação social sendo necessário mobilizar serviços especializados para promover o funcionamento biopsicosocial. Após sinalização, a equipa clínica do IPAF (Unidade PE) efectua uma avaliação psicológica e/ou neuropsicológica para

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RCI15

determinar a presença de um dos se-guintes quadros clínicos: deficiência intelectual (leve a profunda), transtornos específicos da fala e da linguagem, transtornos específicos escolares (dis-lexia e discalculia), transtornos globais do desenvolvimento (Autismo, Rett e Asperger), hiperactividade, distúrbios de conduta (indisciplina) e transtornos emocionais (fobia, ansiedade).

Quais as responsabilidades da Escola?

JQA - A Escola deverá colaborar, em parceria com o IPAF, na recolha da autorização e dos documentos neces-sários para o seguimento do processo, juntos dos respectivos encarregados de educação; disponibilizar uma sala para atendimento; e responsabilizar-se pelo material que é entregue na escola

• Promover o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças e adolescentesUma vez identificadas as problemáticas para que se possa intervir de forma regular, e sistematizada por profissionais habilitados para este tipo de situação;

• Promover o sucesso escolarAo estar dentro da escola é muito mais acessível a troca de informação entre todos os técnicos que estão a trabalhar com aquela criança ou adolescente, sendo muito mais fácil discutir e implementar medidas adequadas à mesma;

• Promover a equidade social

Na medida em que se criam condições para a participação e integração de todos os que necessitem desta intervenção, sem limitações de ordem financeira, de tempo ou de disponibilidade;

• Promover a prevençãoUma vez que as avaliações especializadas permitem esclarecer melhor as perturbações assinaladas pelo professor que verifica que alguma coisa no desenvolvimento global daquela criança ou adolescente não está a realizar-se da melhor maneira;

• Promover a educação inclusivaUma vez que visa a equidade educativa.

As Direcções Regionais do Ministério da Educação não têm habilidade para lidar com estes desafios do apoio psicológico especia-lizado às crianças e jovens. Ficam frequentemente presas na interpretação da legislação. Os professores fazem um esforço enorme para reivindicar medidas necessárias e urgentes nas escolas, que muitas vezes são escondidas pelo pró-prio Ministério… e depois os elementos que estão nas Direcções Regionais baralham-se e perdem-se na burocracia…São autênti-cos bloqueios”.

Hoje, em meados do ano de 2009, continuamos a encontrar no aparelho do Ministério da Educação, e sobretudo nas DREs, pesso-as que não entendem cor-rectamente o Decreto Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro (apoios educativos espe-cializados visam responder às necessidades educati-vas especiais dos alunos) e por conta desse mau entendimento há um corte no número de alunos que efectivamente precisam das medidas contempladas nessa legislação. Ficam de fora muitas crianças em relação às quais se poderia fazer um trabalho brilhan-te apenas com uma curta intervenção. Aproveitou-se a mudança da lei para apresentar números boni-tos (poupamos imenso com um número significativos de crianças e jovens que, dizem as DREs, já não pre-cisam de apoio e assim fa-zemos relatórios bonitos…). E não estão a perceber que são números bonitos ape-nas a curto prazo. Daqui a cinco anos vamos começar a perceber como esses números são feios e preo-cupantes… Muitas dessas crianças e jovens vão aban-donar a escola, vão entrar na marginalidade…”

Objectivos centrais do Projecto

IPAF (Unidade PE) para a realização das consultas.

Quais as responsabilidades do IPAF (Unidades PE)?

JQA - O IPAF (Unidade PE respectiva) deverá indicar, coordenar e supervisio-nar os psicólogos e integrar o projecto deste acordo; disponibilizar os materiais de avaliação e intervenção psicológica necessários e entregar o relatório escrito da avaliação realizada ao encarregado de educação e professor. Deverá ainda participar em reuniões regulares ou extra-ordinárias convocadas pela Escola.

Quais as responsabilidades dos Pais?

JQA - Devem estar presentes numa reunião e disponibilizaçar os documen-tos necessários ao processo.

Como salientou à nossa reportagem o Professor Joaquim Quintino Aires, o PE, em parceria com as Escolas, tem como principais objectivos:

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RCI16 educação especial

Que balanço se pode fazer deste Projecto? Tem, naturalmente, infor-mação sobre o grau de satisfação das escolas e das famílias…

JQA - As escolas que recorrem ao PE têm uma satisfação notória. Por um lado, as crianças e adolescentes e os pais sentem-se apoiados, por outro lado, os professores conseguem, também, organizar as melhores estratégias no âmbito dos grupos, podem realizar mais efectivamente o seu trabalho pedagó-gico e didáctico, uma vez sinalizadas e aliviadas dificuldades emocionais e neurocognitivas dessas crianças e adolescentes.

O PE tem proporcionado a cons-trução de uma rede de comunicação no contexto da qual os intervenientes - pais, professores e psicólogos - podem contribuir e permitir um apoio completo à criança e ao adolescente. Porque hoje as dificuldades dos pais em disponibiliza-rem tempo para o acompanhamento dos filhos às consultas é do conhecimento de todos, o PE proporciona, como já disse,

que as crianças e adolescentes sejam acompanhados na sua escola, que-brando, assim, fortes barreiras como o conciliar de horários e as deslocações.

Há, portanto, uma dinâmica que envolve directamente três partes: os pais, os professores e os psicó-logos clínicos na ajuda às crianças e jovens…

JQA – É isso mesmo. Aliás, nós até designamos essa dinâmica como “o modelo dos 3 P”, a saber: o “P” de Pais, que promovem o desenvolvimento afectivo e social; o “P” de Professores, que promovem os conhecimentos, o de-senvolvimento intelectual e a integração cultural; e o “P” de Psicólogos clínicos que intervêm, quando se justifica, na estruturação cerebral e da personali-dade. A escola, isolada, não consegue responder às diversas e cada vez mais complexas exigências da sociedade. Já agora, um breve esclarecimento: entre os psicólogos há áreas de especializa-ção e de intervenção diferentes. Uns

são mais da avaliação, do diagnóstico; outros são mais da psicoterapia e da transformação. Por vezes, as escolas têm psicólogos que são da avaliação e não da intervenção. Por vezes diz-se: o aluno já foi ao psicólogo. Certo, foi ao psicólogo avaliador. Agora é preciso ir ao psicólogo transformador (e é aqui que o PE vai intervir). Se isso não acontecer, corre-se o risco da ida ao psicólogo ter servido para pouco…

Contactos em Coimbra

Via postalIPAF - Instituto de Psicologia Aplicada e FormaçãoA/C PE CoimbraAv. Sá da Bandeira 144 - 2º, 3000-350 COIMBRAVia faxA/C PE Coimbra Fax: 239 822 066Para mais informações: Coimbra: 239 822 044

A situação na educação especial: Olhares de uma associadaO problema da educação Especial tem sido um dos mais tratados no âmbito da actividade do SPRC. A nossa associada Carla Bizarro, usando de um seu direito, enquanto associada, coloca um conjunto de questões, umas de ordem sindical e outras no quadro da organização do sistema educativo, que merecem toda a atenção e que, por serem tão importantes, decidimos abordar nesta edição do RCI. Um exemplo a seguir por outros sócios que queiram, também de uma forma séria e correcta, colocar problemas que são de extrema importância e até como faz esta professora dirigir criticas à acção da direcção do seu Sindicato.

A QUESTÃO

Eu, Carla Bizarro, sócia nº 29459, professora do Quadro de Educação Especial 910 venho por este meio mostrar o seu descontentamento face a alguns aspectos. Depois de ver as listas provisórias deste concurso de 2009, mais uma vez, fico indignada com o modo como este grupo está seriado.

Já conversei com o Dirigente, Professor Manuel Rodrigues, sobre este assunto, mas continuo descon-tente.

Assim desde o pass do concurso que este grupo não está bem organizado, mas agora é vergonhoso, ou seja:

• É o único grupo em que os candidatos são de formações iniciais tão dispares;

• Há candidatos que têm 5 anos de licenciatura + especialização e outros com 2/3 anos e depois fazem um complemento e ficam com a licenciatura e especialização (dois em um);

• Uns fizeram a formação inicial em Universidade outros em Politéc-nicos e a bem da verdade todos sa-bemos onde se conseguem melhores médias;

• Depois somos todos seriados pela formação inicial e por exemplo: se existir uma pessoa com a mesma média que outra e, apenas, um dia

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RCI17

mais velha, mas como andou numa escola em que se conseguem médias mais altas e, até, só tem especialização à 3 meses fica à frente de quem tem 10 anos!

Que organização para o trabalho com os alunos com Necessidades Educativas Especiais de Carácter permanente temos nós, em quem estamos a pensar? Sei que me vão dizer “- Alertámos o Governo mas não nos quiseram ouvir!”.

Perdoem-me mas eu, até agora, pouco ouvi falar de Edu-cação Especial e quando acon-teceu, apenas ouvi falar do problema da transversalidade e pouco mais (e esse é um proble-ma que, até, não acho tão grave, pois temos obrigação de nos actualizar e procurar formação e adaptar, pois já sabíamos para o grupo que íamos). Como tão bem sabem todo este processo só veio beneficiar os Professo-res do 1º Ciclo e Educadores de Infância, que me merecem o maior respeito e admiração, mas não está correcto. Uma vez que as formações iniciais são inevitavelmente diferentes, então vamos à experiência, ao tempo de conclusão da especialização (já não falo na nota final).

Estas injustiças aqui descri-tas, desculpem, mas não as vejo publicitadas nos meios de co-municação social ou a serem o mote para qualquer coisa, vêm sempre no meio de outros assuntos.

Na minha escola, por exemplo ficam à frente de quem tem 10 anos de especialização colegas com apenas 2.

Onde estão estes casos de-nunciados em grande destaque? ou será que é um assunto de pouca importância?

Deixo o desabafo e fico a pen-sar se me retrato nesta forma de movimento sindical.

Grata, Carla Bizarro

A RESPOSTA

Cara sócia,Lemos com atenção o mail que nos

enviou carregado de indignação pelo modo como este Governo tem tratado a Educação Especial. Partilhamos a indignação e subs-crevemos o protesto. De facto, grandes têm sido os ataques à Educação Especial, quer dizer, à Escola Inclusiva como vertente de uma Escola Pública e de Qualidade, por parte de sucessivos governos (com uma especial para o actual):

Relembramos alguns dos malefícios: redução dos docentes de Educação Es-pecial, afastamento das medidas de apoio especializado de milhares de alunos com NEE, redução do número de auxiliares de acção educativa a trabalhar nesta área ou das horas destinadas a este apoio, escassez de meios, alteração negativa nas condições de trabalho dos docentes em exercício nesta área, novas regras de concurso, como aquelas que denuncia, desinvestimento na formação e desrespeito pelo conteúdo funcional dos docentes de Educação Especial, etc, etc…

Relativamente às formações, por ex-clusiva culpa do ME, instalou-se um clima de confusão, que muito tem perturbado o funcionamento deste serviço e que, por diversas vezes, temos denunciado. Sobre o problema que coloca, propusemos, em fase de “negociação” da legislação de concursos, a ponderação do factor tempo de serviço prestado na área da Educação Especial, antes e após a conclusão do curso de especialização, bem como da classifica-ção obtida nos cursos de especialização, para efeito de determinação da graduação profissional. O ME recusou esta e muitas outras propostas que fizemos.

Lamentámos, denunciámos e combate-mos estas e muitas outras posições do ME no inqualificável ataque que este Governo desencadeou contra os direitos profissionais dos docentes e, repita-se, contra a escola pública. Tomámos uma miríade de posições relativamente a todos estes ataques, sendo certo que as questões da Educação Espe-cial e dos docentes em exercício nesta área sempre ocuparam o centro das atenções da nossa acção sindical, em acções específicas

ou mais gerais. Basta ler os textos das nossas moções, abaixo-assinados, petições, resoluções, exposições. Ou recordar as lutas desenvolvidas (greves, manifestações, vigílias, concentrações, etc). As questões da Educação Especial estiveram sempre presentes.

Fizemos denúncias em confe-rências de imprensa, distribuímos documentos nas escolas e à opinião pública ou notas à comunicação social chamando a atenção para a natureza destes ataques e alertando para a necessidade de lhes darmos combate. Envolvemos pais e encar-regados de educação

E é por essa razão (e só por essa razão) que, subscrevendo as preo-cupações, não vemos razões para a dúvida que manifesta. É que, não pondo em causa o seu direito à crítica, que muito agradecemos, porque nos ajuda a melhorar a actividade, esta é a forma de movimento sindical que tem sabido mobilizar a classe em defesa de importantes conquistas e direitos, na área da educação.

É que esta nossa forma de fazer sindicalismo mantém um princípio fundamental de actuação: estar com os professores, nos seus locais de tra-balho, ouvir as suas opiniões, discutir e confrontar propostas e mobilizá-los para as lutas.

E é por isso que nos continuamos a considerar merecedores da sua confiança e participação.

Cordiais saudações sindicais, Manuel Rodrigues

Nota da Redacção: no sítio do SPRC poderão ser encontradas diversas posições, algumas em re-sultado de iniciativas (conferências de imprensa, abaixo-asinados/petições) sobre esta matéria. No entanto, o facto de haver associados que se pronunciam desconhecendo-as, leva a que o departamento de informação vá procurar encontrar formas mais eficazes de passar a mensagem do nosso Sindicato.

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RCI18 ensino superior

Numa reunião com mais de 100 pro-fessores de todo o país, o tema de debate centrou-se essencialmente no mote que é dado, aliás, pela campanha que a FEN-PROF tem em marcha, designadamente com a afixação de faixas nas escolas do ensino superior politécnico - “Transição Justa, Vínculo Estável!” - e insere-se no processo de discussão e mobilização dos professores, criando, dessa forma, as con-dições para construir propostas que vão ao encontro das preocupações levantadas e que, ao mesmo tempo contribuam para solucionar os problemas resultantes da enorme precariedade laboral e instabili-dade de emprego, sem perder de vista a sustentabilidade do sistema público de ensino superior.

Para a FENPROF as políticas de em-prego público e a criação de condições adequadas à qualificação dos docentes de ensino superior não são dissociáveis da qualidade do ensino ministrada, do empenhamento e da motivação destes

profissionais. É, pois, neste quadro, que a sua intervenção se tem pautado por encontrar as melhores propostas para con-ferir igual dignidade e missão pública ao ensino superior politécnico e universitário, ao mesmo tempo que visa atingir, com a sua acção, metas de estabilização do cor-po docente elevadas, mesmo para além das expectativas que os docentes possam ter, no actual quadro político geral.

A elevação das qualificações, por um lado, uma transição justa para o novo regi-me de vínculos, carreiras e remunerações, sem perde de direitos adquiridos e a con-quista de mais emprego estável para todos quantos correspondem a necessidades permanentes do sistema, bem como a ga-rantia de que se abram boas perspectivas a todos quantos, fora da carreira, possam através de mecanismos transparentes in-gressar no sistema, serão as bases da in-tervenção da FENPROF, nas negociações com o MCTES e na acção reivindicativa que venha a realizar-se.

Politécnico aprova moção de orientação para a acção reivindicativa

A reunião nacional, de 22 de Maio, aprovou, por isso uma Moção que tem em conta:

a) a necessidade de pôr termo à situação, iníqua e ilegal, à luz do Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas, da existên-cia de cerca de 4000 docen-tes, com contratos precários, que se encontram a exercer funções correspondentes a necessidades permanentes das Instituições Públicas do Ensino Superior Politécnico, em regime de tempo integral ou em dedicação exclusiva;

b) que tal deve ser conse-guido de forma associada à elevação da qualificação dos corpos docentes do Politécni-co, designadamente, através da aquisição do doutoramento ou do título de especialista;

Os docentes presen-tes decidiram, ainda manifestar:

a) oposição a que tal processo seja realizado pondo em causa a situação profis-sional daqueles docentes, em particular, fazendo depender a continuidade e o regime dos seus contratos de trabalho de orçamentos e de decisões discricionárias das instituições para a abertura de concursos;

b) rejeição de que do-centes que se encontram há muitos anos a exercer funções permanentes, com a aprova-ção e o reconhecimento explí-cito do mérito do seu trabalho, venham a ser postos perante a contingência do despedimento ou de uma forte redução do seu salário, por razões que nada tenham a ver com o seu próprio mérito, sendo que a larga maioria cumpriu com as exigências da carreira actual, sem, contudo, ter tido a opor-tunidade de atingir um vinculo estável, devido a restrições administrativas;

c) convicção de que o processo de elevação, da qualificação dos corpos do-centes exige, pelo contrário,

A FENPROF realizou no passado dia 22 de Maio, no Auditório do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa uma reunião nacional de docentes do ensino superior politécnico com o objectivo de definir os objectivos estratégicos da acção dos professores, no quadro do processo negocial em curso e do desenvolvimento da acção reivindicativa dos docentes deste sector.

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Enquanto os srs e as senhoras dos ministérios se ocupavam nas orien-tações para que a profusa produção de decretos, despachos, circulares e notas indistintas, até ao fôlego permitido pelo engenho, bons serviços iam prestando seus prestáveis directores e subdirec-tores na salvaguarda do implacável cumprimento da Ordem, mesmo que o desprezo pelos que têm garantido a sobrevivência da nação (incansáveis homens e mulheres lidando com con-trariedades próprias dos seus ofícios) fosse o tom da rude oratória. Neste contexto, foram-se criando as condições necessárias à instalação de uma cultura de submissão por força da instabilidade laboral que, com todo o esforço governa-tivo, se procurou garantir ao máximo de indivíduos. Foi, de facto, este o grande propósito da legislatura que, em breve e boa hora, há-de findar – colocar o país em corda bamba para segurar os condescendentes defensores da Ordem e afastar, sem grande esforço, com visão de Midas, os de mais custos para o Estado, enquanto outros se perpetu-ariam balançando receosos. Haja, pois, reconhecimento para esta verdadeira arquitectura social capaz de tornar o país governável para uma mão cheia de astutos executivos cuja orientação ideológica é a de dar governança a quem se emproa na finança e na economia, debilitando os que dependem destes para que se garanta o que houver que ser garantido.

A notável manha não evitou, con-tudo, a indignação dos que haviam de ficar indignados, constrangendo-se com o protesto a mão dura e pesada de um Governo que, por isso, e apenas por isso, não conseguiu alcançar tudo o que pretendia. Todavia, não restam dúvidas de que está criada uma doutri-na que submete, sem a rudeza de uma ditadura, mas com o limite do abandono democrático, apenas não ultrapassado devido aos que não têm desistido dos seus direitos. É na defesa destes que, efectivamente, será possível garantir liberdades e garantias, incluindo o próprio direito a melhorar os direitos e deveres laborais. Neste particular, é inevitável que a assunção desta atitude gere dificuldades (como tem gerado), no entanto, abdicar do que nos garante dignidade, por facilidade, por ser mais cómodo, por trazer aparente vantagem, é o melhor contributo para arruinarmos

o nosso futuro e o dos que, connosco e depois de nós, virão. Esta tarefa de cidadania implica, necessariamente, que se evitem ingénuos sentimentos de que se fez a luta toda e nada se conseguiu (seria o melhor argumento que se po-deria dar àqueles que se têm assumido, verdadeiramente, como adversários políticos – os homens e mulheres que nos governam).

Visto que o combate se inicia nos lo-cais de trabalho, assumiremos, certamen-te, que a renúncia a horários regulados fomenta a dependência, a submissão e o livre arbítrio da autocrática gestão que está a aportar nas escolas. De igual modo, não aceitaremos a anulação do calendário lectivo, contemplando inter-rupções, por sabermos que estimula o silenciamento e é um contributo para a desfiguração da especificidade do nosso exercício profissional. Também resistire-mos à anuência perante a ausência de reconhecimento do direito à greve (tantas vezes sonegado ao docentes dos cursos Profissionais/ de Educação e Formação) para que não se torne na abjuração do Estado de Direito, com inevitáveis impli-cações em complexos e emaranhados legais, bem como das relações hierár-quicas laborais. A generosidade ou a mesquinhez não devem ser as regra de intervenção das direcções de escola, não só porque é fundamental não gerir por impulsos de vontade pessoal, mas também porque todos contribuímos para a construção de princípios claros que não transformem o nosso ofício numa missão sem responsabilidades próprias de uma profissão. Havemos de não desistir da luta contra este regime de autonomia e gestão bem como contra o roubo do vínculo e a nova figura de Contrato de Trabalho, nas lutas globais e na interven-ção a fazer em cada escola.

A persistência da nossa acção pela defesa de uma docência dignificada continuará a determinar o rumo de quais-quer acontecimentos, mas, obviamente, sem expectativas de que o dia seguinte será, de imediato, o das políticas justas. Com certeza teremos, no mínimo, dias posteriores de políticas menos injustas, mas com a convicção também de que estas só se alteram com uma vontade efectiva de serem mudadas. Esse será o nosso contributo nos actos eleitorais que decorrerão durante este ano. “P’ra melhor está bem, está bem, p’ra pior já bast[ou] assim”. | Vítor Januário

condições de maior estabilidade e de tempo para a aquisição do doutoramento ou do título de especialista;

A terminar, a Moção apro-vada integra três exigências fundamentais a considerar no quadro da negociação que prosseguirá no próximo dia 26 de Maio, com o MCTES

a) a aprovação de um sistema transparente que garanta a obten-ção de um vínculo estável aos ac-tuais docentes, de acordo com as necessidades permanentes das instituições, apenas dependente da detenção ou aquisição de uma das novas qualificações de referência (doutoramento ou título de especialista), ou da aprovação em provas de mérito absoluto, em condições a definir, para os casos em que tal se justifique;

b) o direito a um período de 3 anos de dispensa total de serviço docente para preparação do doutoramento;

c) que o número de convida-dos de cada instituição do ensino superior politécnico não possa exceder um terço do total dos docentes dessa instituição, nos mesmos termos definidos para o ensino superior universitário, impedidndo-se, desta forma que possam ser na ordem dos 40%, como admite, ainda, a última proposta do MCTES.

tem a palavra

Não renunciamos

Na hora do fecho desta edição preparava-se uma concentração de professores em frente à Assembleia da República. Em Coimbra era anunciada greve total no ISEC, docentes do Ensino Superior de toda a região deslocam-se para Lisboa. Sinais de uma boa adesão às formas de luta marcadas para 3 de Junho, numa acção conjunta da FENPROF e do SNESup.

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Segundo o que o Ministério da Educação veio recentemente trazer a público, os alunos de 2500 escolas encerradas em 2006 aguardam a conclusão das obras relacionadas com os mais de 700 projectos para construção dos tais Centros Escolares de extraordinárias condições.

Esta confirmação de que milha-res de alunos são obrigados a deslocar-se para escolas sem condições, como as suas que encerraram, é preocupante, tanto mais que muitas destas crianças nunca conhecerão uma qualquer escola extraordinária, com condições extraor-dinárias e recursos extraordinários... as mesmas das promessas utilizadas pelo primeiro ministro José Sócrates e pela sua ministra da educação para conven-cer pais e encarregados de educação a não resistirem ao encerramento da escola da sua freguesia.

Se é evidente que, para uma criança com menos de 10 anos, é muito impor-tante ter-se referências positivas que apoiarão o seu desenvolvimento e uma ideia positiva do mundo, não é menos verdade que o ludíbrio em que as suas famílias caíram deixam adivinhar que todos os esforços das populações na resistência ao encerramento só pecaram por defeito. Porém, ainda não é tarde para inverter este caminho.

O Sindicato dos Professores da Região Centro esteve ao lado das popu-lações que se opuseram ao fecho sem garantias: sem garantias de condições de conforto e de habitabilidade, sem garantias dos recursos e dos materiais que faltavam nas primitivas escolas. E porquê? Porque o necessário inves-timento no parque escolar deveria ter começado ao contrário, ou seja, deveria ter começado pela construção dos no-vos centros escolares, seguida, então, da transferência dos alunos (para algo

materialmente visível)... Os dados reais da situ-

ação que se vive na região centro indicam, precisamen-te, o inverso do que o Minis-tério da Educação (ME) veio agora tornar público. Isso quer dizer que o ME mentiu. Segundo o ME, entre 2005 e 2006 foram transferidos cerca de 11.000 alunos para 847 escolas já existentes do 1.º ciclo. Louvável é mesmo só o aproveitamento que muitas autarquias fizeram dos velhos estabelecimentos de ensino, transformados em novos espaços. É que, do que se conhece, todas as crianças transferidas na região centro no ano de 2005/2006 terminarão este ano lectivo este ciclo sem te-rem sequer visto as paredes das escolas prometidas.

A agravar esta situação, de 2006 para cá fecharam, só na região centro, mais de 500 estabelecimentos de ensino, dos quais mais de 200 tinham menos de 10 alunos. Porém, quanto ao financiamento, dos 171 milhões de euros, previstos em projecto pelas autarquias, por via do QREN, não se chega, sequer a 40% das necessidades. O que, se não for corrigido, constituirá mais uma catás-trofe educativa que não deixa bem o país na fotografia, já que as autarquias estarão impedidas de cumprir com as metas definidas nas respectivas cartas educativas.

É falso, por isso, que as crianças transferidas tenham ido para “escolas acolhedoras” (pelo menos mais aco-lhedoras do que as de origem). É falso porque a quase totalidade das transfe-rências para escolas com melhores con-dições foram-no para estabelecimentos dos 2.º e 3.º ciclos (que não estão, se-quer, adaptados às idades de referência do 1.º ciclo do ensino básico) e os restan-tes alunos foram encontrar as mesmas condições que já tinham (tendo alguns sido sujeitos a duplas transferências, aumentando, dessa forma, a distância aos seus locais de residência).

A propaganda que o ME está a fazer

tem a palavraRCI20

Jovens gerações assistirão ao “fecho” do interior do país?

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das medidas que tomou em matéria de requalificação do parque escolar é, por isso, mentirosa. Uma enorme falácia e um falhanço inqualificável. Concelhos há (principalmente do interior do país) que ficaram reduzidos a poucos estabeleci-mentos de ensino, não melhoraram as suas condições de ensino e de aprendi-zagem e que viram, por isso, agravadas as suas já más condições resultantes do seu isolamento e consequente deserti-ficação. É este o caminho traçado pelo neo-liberalismo para um encerramento completo anunciado.

Não podemos, assim, juntando-nos aos que contestam esta política, deixar de apontar o dedo a quem tem culpa, não cumpriu com o que prometeu e deveria responder pela sua ineficácia. Uma política economicista, apostada, principalmente, em reduzir a despesa com as pessoas, em geral, e com os recursos humanos das escolas (profes-sores e pessoal auxiliar), em particular, e, portanto, despida de qualquer inte-resse positivo de ordem social. | Luís Lobo

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RCI21opinião

O tempo, vemo-lo passar de outra forma quando os homens o assinalam, lembrando-nos a história que nos fez, o que nos tornámos e aquilo que queremos devir. Trinta e cinco anos após o vinte e cinco de Abril, muito mudou em Portugal e nada como imaginarmos que recuávamos às condições de vida dessa altura, para percebermos o imenso caminho que se fez, ao nível das condições de vida, mas também na cultura e nas mentalidades. Contudo, todo o mundo é composto de mudança e continuamente vemos novi-dades, diferentes em tudo da esperança e, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto: que não se muda já como soía. Tudo se transforma, porque o tempo tem por regra não parar, mas o tempo actual chega carregado de sinais ameaçadores de mudanças contrá-rias às da revolução dos cravos.

O 25 de Abril, e toda a história que o antecede, é um vívido exemplo de como pode tardar o exercício da cidadania e da democracia, herança, nos estados modernos, da Revolução francesa, enquanto conjunto de direitos e deveres que permitem aos indivíduos uma participação activa no governo do seu destino. Num século XX marcado pela barbárie e pela loucura bélica, di-zimadora de futuros e de nações, num Portugal analfabeto e colonialista, edu-cado nos princípios da obediência cega e acrítica às figuras tutelares da nação e da família, a desobediência era crime; a liberdade, escândalo. Tudo era pequeno e tacanho, à medida da pequenez e da tacanhez de uma elite que destinava o fado e a religião como ópios do povo.

Cinquenta anos à espera da mu-dança – é algo que dá vertigens e que nos mostra que quando determinados homens fixam os seus tentáculos no poder, tirá-los de lá pode ser a tarefa de uma vida. As prerrogativas dos cargos passam a ser usadas para aí se eter-nizarem, anulando opositores e ideias adversárias. Homens destes são menos raros do que se julga, pois se é verdade que o poder é como o saber e quanto mais se partilha, mais se tem, ele é igualmente conhecido pelo seu potencial de corrupção.

Somos hoje, indubitavelmente, um povo mais culto e com hábitos de exer-cício dos nossos direitos e deveres de ci-dadãos e, por isso, mais conscientes dos assaltos que vão sendo feitos, por quem nos governa, aos nossos direitos e à de-mocracia. Por outro lado, vivem-se dias de crise e, quando assim é, os discursos conservadores crescem como cebolo em alfobre e a liberdade torna-se uma utopia. A ameaça ou a realidade do desempre-go, os vínculos laborais precaríssimos, a instabilidade económica e o risco de perder casa e meios de sobrevivência tornam-se demasiado reais para dema-siados, para que tal não se traduza em risco de exclusão social e em fermento

de clivagens cada vez maiores. É nestas alturas que o Estado deve concentrar a sua atenção onde ela é precisa, isto é, na protecção aos trabalhadores e à garantia dos direitos sociais, de cuidados de saú-de universais, de segurança, de justiça atempada e imparcial – senão deixa de o ser –, de acesso a uma educação pública de qualidade.

Para garantir o último aspecto, o go-verno tem de se despachar, porque em todas as escolas de Portugal se vive à espera da queda de José Sócrates e da sua equipa, que conseguiu destruir a mo-tivação de toda uma classe profissional. Quem está fora das escolas – tecendo, por razões de afinidade partidária, loas

às políticas deste governo; aproveitando para acertar contas com algum fantasma que guardou na memória em relação a certo professor do seu percurso existen-cial ou acreditando, de boa-fé, que o que se impôs vai resultar –, se julga que tudo foi aceite como bom, desengane-se! Os professores estão apenas à espera e na esperança de que o tempo também trabalhe a seu favor, ajudando-os a al-terar um Estatuto da Carreira Docente imposto, um modelo de gestão que representa o fim da sua participação democrática e cidadã no governo das comunidades educativas, varridos que foram para a plateia, transformados em impotentes espectadores. Não se

pense que vamos ficar passivamente à espera que o tempo seja a solução, pois se o 25 de Abril tardou tanto e necessitou de homens de excepcional fímbria, também hoje se nos pede uma excepcional força de carácter. Ocorre-me que, com novas interpretações, o espírito dos sobreviventes de 1971, de luta implacável e de revolta contra uma ditadura que se eternizava, não está assim tão longe do estado de espírito que mina as escolas e como a liberda-de nunca é certa e garantida, vamos aprender a nadar, companheiros, que a maré se vai levantar – e a liberdade está, se não a defendermos, a passar por aqui.

A liberdade está a passar por aqui?ISABEL DIAS, Dirigente do SPRC

A ameaça ou a realidade do desemprego, os vínculos laborais precaríssimos, a instabilidade económica e o risco de perder casa e meios de sobrevivência tornam-se demasiado reais para dema-siados, para que tal não se traduza em risco de exclusão social e em fermento de clivagens cada vez maiores.

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O TEATRÃO

Fios e Labirintos | 21 de Maio a 27 de Junho | Oficina Municipal de Teatro | Coimbra

O Minotauro perdido no seu labirinto, a coragem de Teseu e o amor de Ariane servem de ponto partida para a criação de um espectáculo que se pretende ao mesmo tempo narrativo e reflexivo, porque ultrapassa o pró-prio enredo da história para abordar a temática intemporal da coragem e das escolhas que cada um de nós faz no labirinto da sua própria vida

Apoio: SPRC

TEATRO DAS BEIRAS

“Catavento” de Graeme Pulleyn e Helen AinsworthFERRO (Covilhã) | 21h30 20 de Junho

Entre a mitologia e a ciência, “Cata-vento” relata de uma forma popular e enérgica, brejeira até, o conflito entre o velho e o novo, o tradicional e o inovador, o antigo e o moderno, com toda a força de um choque frontal. À primeira vista, nada sugere ao En-genheiro, que esta pequena mulher, enrugada e de maneiras mansas, representa o maior obstáculo do que qualquer um dos serranos, que lhe venderam, doaram, alugaram pedaços de montanha, rochosas e inférteis, para a implantação da mais alta das tecnologias, para a vitória rompante da energia eólica. Mas engana-se… O que se segue é uma batalha titânica. Desde David e Golias que não se via um confronto desta envergadura. Toda a temerosa força do poder multinacional, contra a frágil individualidade de uma só mulher em fim de vida… E acabada a história, o que fica para a posteri-dade? Só o tempo e o vento nos saberão dizer. E estes, ao contrário de muita gente, sabem muito bem guardar segredo…

TEATRO VIRIATO

La ScatolaManuela Barile e Rui Costam/12 anos | 19 Junho

La Scatola trabalha a fronteira entre o “eu” e o mundo exterior e parte de uma ideia, de um dispositivo nar-rativo, designado por La Scatola (a caixa, em português), que representa um espaço difuso entre o dentro e o fora; entre o eu e o outro, no qual estão presentes múltiplas linhas de força de sentido contrário: manifesta-ções sensoriais do corpo encarcera-

do/corpo protegido, visões distorci-das do mundo exterior, ansiedade, desejos, memórias.Os diversos dispositivos e tecnologias utilizados no projecto são organiza-dos de forma a criarem situações de aparência enigmática, entre o familiar e o estranho, o vizinho e o distante. As imagens ou os objectos usados, na sua simplicidade e depuração, transformam-se num espelho capaz de fazer confrontar o espectador com as suas próprias memórias e a sua experiência individual.

Direcção Artística Manuela Barile e Rui CostaColaboração Vídeo Manuela BarileApoio Dramatúrgico Bojana Bauer (Sérvia)Coordenação de Produção Luís CostaResidências Artísticas Centro de Residên-cias Artísticas de Nodar (Portugal) MoKS (Estónia)Financiamento Ministério da Cultura Direcção Geral das Artes

Da zona de contacto criada pelos “Encontros” têm vindo a emergir um campo de possibilidades onde os públicos, constituídos tanto por audiências cúmplices (um público fiel de «amadores» do jazz) como por novas audiências (destinatários de uma acção de divulgação formati-va), têm a oportunidade de aceder a obras e desempenhos que não são contemplados na oferta cultural à escala local, sendo quase exclusivos de uma programação circunscrita aos dois grandes centros populacionais, a nível nacional. (…)São múltiplas as razões para visitar Coimbra, ao longo destas duas sema-nas em que a cidade se move ao ritmo imprevisível da música jazz.

divulgação cultural

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RCI23aposentados

Realizou-se no dia 26 de Março mais um Encontro Regional de docen-tes aposentados que, aproveitando a viagem por terras da Beira Interior, não deixaram de abordar aspectos de eleva-do interesse político-sindical. No início da tarde, Fernanda Isabel Nogueira, em representação da Direcção Distrital de Castelo Branco, fez uma intervenção em que abordou essencialmente aspectos relacionados com o ponto da situação da luta dos professores e educadores, com o ataque às condições de trabalho, o pro-blema da antecipação da aposentação, precisamente pela forma como os direi-tos dos docentes têm sido alvejados pela politica do actual governo, ou mesmo a própria criação (atentatória do direito ao emprego e a uma aposentação digna) de uma bolsa de professores aposentados para continuarem, voluntariamente, a desenvolver actividade nas escolas/agrupamentos de escola.

Também as questões relacionadas com a condição do aposentado actual,

descontos e as lutas que têm sido de-senvolvidas neste âmbito, foram abor-dadas por dirigentes do Departamento de Professores Aposentados.

Conhecer o concelho do Fundão | Visita aos cerejais da Gardunha

O autocarro ia cheio e a alegria do encontro contagiava os participantes.

A primeira paragem foi no Centro Mu-seológico de Donas, onde apreciámos o espólio acumulado pelo, então primeiro-ministro, António Guterres, durante o seu mandato. A seguir rumámos para o Fundão. As cerejeiras em flor estavam lindas e ficaram registadas nas fotos que todos os participantes fizeram. Também a prova dos doces e licores da região nos reconfortou para os percursos a pé que fizemos.

No restaurante — o Cerejal — de-gustamos um bom ensopado de bor-rego. Em Alpedrinha encantou-nos o património histórico de casas senhoriais,

Encontro Regional no concelho do Fundão

Aposentados Activos

transformadas em unidades turísticas, igrejas e fontenários.

Finalmente Castelo Novo.

O seu castelo medieval erguido sobre um afloramento rochoso, pólo militar, em torno do qual se desenvolveu a povoação, está bem conservado e é imponente.

A hora do regresso aproximou-se e eis-nos de novo na camioneta onde a boa disposição continuou.

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