simbolismo
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A MUSICALIDADE NA
LITERATURA
Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século
XIX, os simbolistas representam a reação da intuição contra a lógica, do subjetivismo contra a objetividade científica, do misticismo contra o
materialismo, da sugestão sensorial contra a explicação racional.
Os simbolistas não acreditam na possibilidade de a arte e a literatura poderem fazer um retrato total da realidade. Duvidaram das explicações
“positivas” da ciência.
Características da poesia simbolista
Negação do positivismo, docientificismo, do materialismo e das
estéticas neles fundamentados, o Realismo,
o Naturalismo e o Parnasianismo.
Criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da sugestão, do “eu-profundo”, da
associação de idéias e imagens. Complexidade
na relação eu/mundo.
Espiritualidade, misticismo, subjetivismo intenso, ocultismo, Ânsia de superação, de fuga
do terreno, comunhão com os Astros, o Espírito,
o Alto, a Alma, o Infinito, a Essência, O
Desconhecido.
Emprego de figuras de linguagem como a
sinestesia, metáfora, aliteração e assonância.
Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. “Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”
c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. “Eu que passo, penso e peço.”
Pontos de contato com o Parnasianismo – preocupação formal, culto da rima,
distanciamento da vida, descompromisso
com as questões mundanas.
Interesse pelas zonas profundas da mente (inconsciente e subconsciente) e
pela loucura.
Atração pela morte e elementosdecadentes da condição humana.
Poesia metafísica.
Simbolismo Parnasianismo
Subjetivismo Objetivismo
Linguagem vaga, fluida, que
busca sugerir em vez de
nomear.
Linguagem precisa,
objetiva, culta.
Abundância de metáforas. Busca do equilíbrio
formal.
Cultivo de soneto e de outras
formas de composição
poética.
Preferência pelo soneto.
Antimaterialismo, anti-
racionalismo.
Materialismo,
racionalismo.
Misticismo, religiosidade. Paganismo greco-latino.
Pessimismo, dor de existir. Contenção dos
sentimentos.
CHARLES BAUDELAIREUMA FIGURA IMPORTANTE
As Flores do Mal, obra que marcou a vida do autor, contém
poesias que datam de 1841. Rendeu-lhe um processo pelo
tribunal correcional do Sena; uma multa por atentar à
moral e aos bons costumes, além de ser obrigado a retirar
seis poemas do volume original, sendo publicado na íntegra
apenas nas edições póstumas, em 1911.
Baudelaire também foi alvo da
hostilidade da imprensa, que o
julgava um subproduto
degenerado do romantismo.
Porém, sua carreira foi
admirada e elogiada por Vitor
Hugo e Gustave Flaubert, entre
outros.
De atuação ousada, tornou-se um
ícone no século XX
influenciando a poesia mundial
de tendências simbolistas,
inclusive no Brasil .
As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas
desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar
disso, tem-se apontado como marco introdutório do
movimento simbolista brasileiro a publicação, em 1893,
das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de nosso
maior autor simbolista:Cruz e Sousa.
CRUZ E SOUSA
Além de Cruz e Sousa, destacam-se, entre
outros, Alphonsus de Guimaraens e Pedro
Kilkerry (recentemente redescoberto pela
crítica).
Cruz e Souza foi especialista na utilização de imagens ousadas com efeito de sugestão. Angústia sexual e erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher que parece devorar os homens:
Cróton* selvagem, tinhorão* lascivo, Planta mortal, carnívora, sangrenta, De tua carne báquica* rebenta A vermelha explosão de um sangue vivo
*Cróton - arbusto ornamental*Tinhorão - erva ornamental*Báquica - relativo a Baco, deus grego do vinho e da dissipação
O sofrimento da condição negra não se transforma em protesto racial, e sim em isolamento, solidão,
aristocratização amarga. O Simbolismo é para ele uma forma de revolta contra a sociedade e contra suas próprias origens africanas, pelas quais sente, ao mesmo tempo, orgulho e pesar. O "emparedado" vinga-se das "paredes" que o asfixiam com a sua
criatividade poética. É uma revolta estética, raramente quebrada pela denúncia social, a não ser
em textos como Litania dos pobres:
Os miseráveis, os rotosSão as flores dos esgotos
São espectros implacáveisOs rotos, os miseráveis
São prantos negros de furnasCaladas, mudas, soturnas (...)
Faróis à noite apagados Por ventos desesperados(...)
Bandeiras rotas, sem nome,Das barricadas da fome.
Bandeiras estraçalhadasDas sangrentas barricadas.
A música é obrigatória, como nesta espécie de receita poética de Cruz e Sousa:
Derrama luz e cânticos e poemasNo verso e torna-o musical e doce Como se o coração, nessas supremasEstrofes, puro e diluído fosse.
Mesmo a morte, na obra do simbolista brasileiro, possui uma terrível musicalidade:
A música da Morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria,Passa a tremer pela minh'alma e friaGela, fica a tremer, maravilhosa...
Ó carnes que eu amei sangrentamente.
Ó volúpias letais e dolorosas,
Essências de heliotropos e de rosas
De essência morna, tropical, dolente...
Carnes virgens e tépidas do Oriente
Do sonho e das estrelas fabulosas,
Carnes acerbas e maravilhosas,
Tentadoras do sol intensamente
Passai, dilacerada pelos zelos,
Através dos profundos pesadelos
Que me apunhalam de mortais horrores...
Passai, passai desfeitas em tormentos,
Em lágrimas, em prantos, em lamentos,
Em ais, em luto, em convulsões, em dores...
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu
Queria a lua do mar
O que sugere o título do poema?
O amor sensual e a morte é uma associação
comum para os simbolistas, o que nos remete à
segunda geração romântica.
A música da morte, a nebulosa,
Estranha, imensa música sombria,
Passa a tremer pela minh’alma e fria
Gela, fica a tremer, maravilhosa...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
Letes sinistro e torvo de agonia,
Recresce a lancinante sinfonia,
Sobe, numa volúpia dolorosa...
Sobe recresce tumultuando e amarga,
Tremenda, absurda, imponderada e larga,
De pavores e trevas alucina...
E alucinando e em trevas delirando,
Como um ópio letal, vertiginando,
Os meus nervos, letárgica, fascina...
Funk simbolistaSimbolismo vou trazer
O Parnaso tem que acabar
A Razão, desaparecer
Soneto eu vou deixar
A cor eu quero ver
Sinestesia ele alcança
A sugestão é quem comanda a
dança
Então pode se preparar
Musicalidade é lei
Soltar um som, destacar
Simbolismo traz repetição
Assonância, aliteração
É sonho, misticismo e sugestão
Pra razão não dá bola
Então sai, então sai
Emoção aparece
Então cresce, então cresce
Cruz e Sousa é rei e mexe comigo
Já provou que é top e domina o
estilo
Sensualidade, espiritualismo
Então repara
O que a escola sugere
É subjetivo e mexe comigo
Palavras sonoras compõem o estilo
E nas artes traz o impressionismo