simbolismo

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A MUSICALIDADE NA LITERATURA

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Page 1: Simbolismo

A MUSICALIDADE NA

LITERATURA

Page 2: Simbolismo

Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século

XIX, os simbolistas representam a reação da intuição contra a lógica, do subjetivismo contra a objetividade científica, do misticismo contra o

materialismo, da sugestão sensorial contra a explicação racional.

Page 3: Simbolismo

Os simbolistas não acreditam na possibilidade de a arte e a literatura poderem fazer um retrato total da realidade. Duvidaram das explicações

“positivas” da ciência.

Page 4: Simbolismo

Características da poesia simbolista

Negação do positivismo, docientificismo, do materialismo e das

estéticas neles fundamentados, o Realismo,

o Naturalismo e o Parnasianismo.

Page 5: Simbolismo

Criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da sugestão, do “eu-profundo”, da

associação de idéias e imagens. Complexidade

na relação eu/mundo.

Page 6: Simbolismo

Espiritualidade, misticismo, subjetivismo intenso, ocultismo, Ânsia de superação, de fuga

do terreno, comunhão com os Astros, o Espírito,

o Alto, a Alma, o Infinito, a Essência, O

Desconhecido.

Page 7: Simbolismo

Emprego de figuras de linguagem como a

sinestesia, metáfora, aliteração e assonância.

Page 8: Simbolismo

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. “Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. “Eu que passo, penso e peço.”

Page 9: Simbolismo

Pontos de contato com o Parnasianismo – preocupação formal, culto da rima,

distanciamento da vida, descompromisso

com as questões mundanas.

Page 10: Simbolismo

Interesse pelas zonas profundas da mente (inconsciente e subconsciente) e

pela loucura.

Page 11: Simbolismo

Atração pela morte e elementosdecadentes da condição humana.

Page 12: Simbolismo

Poesia metafísica.

Page 13: Simbolismo

Simbolismo Parnasianismo

Subjetivismo Objetivismo

Linguagem vaga, fluida, que

busca sugerir em vez de

nomear.

Linguagem precisa,

objetiva, culta.

Abundância de metáforas. Busca do equilíbrio

formal.

Cultivo de soneto e de outras

formas de composição

poética.

Preferência pelo soneto.

Antimaterialismo, anti-

racionalismo.

Materialismo,

racionalismo.

Misticismo, religiosidade. Paganismo greco-latino.

Pessimismo, dor de existir. Contenção dos

sentimentos.

Page 14: Simbolismo

CHARLES BAUDELAIREUMA FIGURA IMPORTANTE

As Flores do Mal, obra que marcou a vida do autor, contém

poesias que datam de 1841. Rendeu-lhe um processo pelo

tribunal correcional do Sena; uma multa por atentar à

moral e aos bons costumes, além de ser obrigado a retirar

seis poemas do volume original, sendo publicado na íntegra

apenas nas edições póstumas, em 1911.

Page 15: Simbolismo

Baudelaire também foi alvo da

hostilidade da imprensa, que o

julgava um subproduto

degenerado do romantismo.

Porém, sua carreira foi

admirada e elogiada por Vitor

Hugo e Gustave Flaubert, entre

outros.

De atuação ousada, tornou-se um

ícone no século XX

influenciando a poesia mundial

de tendências simbolistas,

inclusive no Brasil .

Page 16: Simbolismo

As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas

desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar

disso, tem-se apontado como marco introdutório do

movimento simbolista brasileiro a publicação, em 1893,

das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de nosso

maior autor simbolista:Cruz e Sousa.

CRUZ E SOUSA

Page 17: Simbolismo

Além de Cruz e Sousa, destacam-se, entre

outros, Alphonsus de Guimaraens e Pedro

Kilkerry (recentemente redescoberto pela

crítica).

Page 18: Simbolismo

Cruz e Souza foi especialista na utilização de imagens ousadas com efeito de sugestão. Angústia sexual e erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher que parece devorar os homens:

Cróton* selvagem, tinhorão* lascivo, Planta mortal, carnívora, sangrenta, De tua carne báquica* rebenta A vermelha explosão de um sangue vivo

*Cróton - arbusto ornamental*Tinhorão - erva ornamental*Báquica - relativo a Baco, deus grego do vinho e da dissipação

Page 19: Simbolismo

O sofrimento da condição negra não se transforma em protesto racial, e sim em isolamento, solidão,

aristocratização amarga. O Simbolismo é para ele uma forma de revolta contra a sociedade e contra suas próprias origens africanas, pelas quais sente, ao mesmo tempo, orgulho e pesar. O "emparedado" vinga-se das "paredes" que o asfixiam com a sua

criatividade poética. É uma revolta estética, raramente quebrada pela denúncia social, a não ser

em textos como Litania dos pobres:

Page 20: Simbolismo

Os miseráveis, os rotosSão as flores dos esgotos

São espectros implacáveisOs rotos, os miseráveis

São prantos negros de furnasCaladas, mudas, soturnas (...)

Faróis à noite apagados Por ventos desesperados(...)

Bandeiras rotas, sem nome,Das barricadas da fome.

Bandeiras estraçalhadasDas sangrentas barricadas.

Page 21: Simbolismo

A música é obrigatória, como nesta espécie de receita poética de Cruz e Sousa:

Derrama luz e cânticos e poemasNo verso e torna-o musical e doce Como se o coração, nessas supremasEstrofes, puro e diluído fosse.

Mesmo a morte, na obra do simbolista brasileiro, possui uma terrível musicalidade:

A música da Morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria,Passa a tremer pela minh'alma e friaGela, fica a tremer, maravilhosa...

Page 22: Simbolismo

Ó carnes que eu amei sangrentamente.

Ó volúpias letais e dolorosas,

Essências de heliotropos e de rosas

De essência morna, tropical, dolente...

Carnes virgens e tépidas do Oriente

Do sonho e das estrelas fabulosas,

Carnes acerbas e maravilhosas,

Tentadoras do sol intensamente

Page 23: Simbolismo

Passai, dilacerada pelos zelos,

Através dos profundos pesadelos

Que me apunhalam de mortais horrores...

Passai, passai desfeitas em tormentos,

Em lágrimas, em prantos, em lamentos,

Em ais, em luto, em convulsões, em dores...

Page 24: Simbolismo

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

Page 25: Simbolismo

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu

Queria a lua do mar

Page 26: Simbolismo

O que sugere o título do poema?

O amor sensual e a morte é uma associação

comum para os simbolistas, o que nos remete à

segunda geração romântica.

Page 27: Simbolismo

A música da morte, a nebulosa,

Estranha, imensa música sombria,

Passa a tremer pela minh’alma e fria

Gela, fica a tremer, maravilhosa...

Onda nervosa e atroz, onda nervosa,

Letes sinistro e torvo de agonia,

Recresce a lancinante sinfonia,

Sobe, numa volúpia dolorosa...

Page 28: Simbolismo

Sobe recresce tumultuando e amarga,

Tremenda, absurda, imponderada e larga,

De pavores e trevas alucina...

E alucinando e em trevas delirando,

Como um ópio letal, vertiginando,

Os meus nervos, letárgica, fascina...

Page 29: Simbolismo

Funk simbolistaSimbolismo vou trazer

O Parnaso tem que acabar

A Razão, desaparecer

Soneto eu vou deixar

A cor eu quero ver

Sinestesia ele alcança

A sugestão é quem comanda a

dança

Então pode se preparar

Musicalidade é lei

Soltar um som, destacar

Simbolismo traz repetição

Assonância, aliteração

É sonho, misticismo e sugestão

Pra razão não dá bola

Então sai, então sai

Emoção aparece

Então cresce, então cresce

Cruz e Sousa é rei e mexe comigo

Já provou que é top e domina o

estilo

Sensualidade, espiritualismo

Então repara

O que a escola sugere

É subjetivo e mexe comigo

Palavras sonoras compõem o estilo

E nas artes traz o impressionismo