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WWW.REVISTASIM.COM.BR ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ... ANO XII - Nº 83 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA ® PENSAR SUSTENTÁVEL

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Arquitetura, Decoração, Design, Arte...

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W W W . R E V I S T A S I M . C O M . B R

ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ...ANO XII - Nº 83 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

®ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ...ANO XII - Nº 83 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

®

PENSAR SUSTENTÁVEL

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ARTE_p.26Seis jovens tem a ilustração como suporte

GELLADEIRA_p.22Tendências da moda em obejtos de decoração

Diretor Executivo Márcio Sena([email protected])

Coordenação Gráfica e EditorialPatrícia Marinho ([email protected])Felipe Mendonça([email protected])

REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIAPatrícia Calife([email protected])

Beth OliveiraEdi SouzaErika ValençaRenata FariasDiego PiresMicaele FreitasGregMarco Pimentel

RevisãoFabiana Barboza([email protected])

Arquiteto ColaboradorAlexandre Mesquita([email protected])

Operações ComerciaisMárcio Sena([email protected])

Eliane Guerra (81) 9282.7979([email protected])

Assessoria JurídicaAldemar Santos - O.A.B. 15.430

SIM! é uma publicação bimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA

Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP [email protected] / Fax: (81) 3039.2220ComercialR. Bruno Veloso, 603 - Sl 101Boa Viagem - Recife - PECEP [email protected] / Fax: (81) 3327.3639

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

CAPA

SUSTENTABILIDADE URBANA _p.48

Planejamento urbano: mobilidade e arborização de espaços públicos

RÁPIDAS_p.12As novidades da seção Fique por Dentro

LIVROS_p.18As charges de Miguel Falcão e as dicas de Clarissa Sóter

MERCADO_p.38Espaços em que o revestimento é o foco

DELÍCIAS_p.94A precisão oriental de André Saburó

FENEARTE_p.88Artesanato por Bete Paes e Roberta Borsoi

CORAL_p.90Tudo de Cor aporta em João Pessoa/PB

ÁRVORE DA ÁGUA_p.56Uso inteligente dos rios do Recife

PING PONG_p.68Montezuma apresenta o CAU/PE

É SUSTENTÁVEL_p.76Produção consciente na moda

Foto: Ilustração de rvika, Atlaspix e Leremy (Shutterstock.com) com interferência de cores do designer Diego Pires

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JARDINS_p.86Kozmhinsky e o jardim sustentável

PELA MOBILIDADE_p.62Proposta da prefeitura do Recife

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EDiTORiAL

Mergulhamos nos mundos da moda e da sustentabilidade e fizemos uma edição diferente. O número 83 traz um editorial elegante, com roupas e acessórios cheios de referências de reuso de materiais, inclusive no cenário, o ateliê de Tiana Santos, que trabalha garrafas PET.

Dentro desse mesmo contexto, o urbanismo é nossa capa. A Árvore da Água, desenvolvida por Montezuma, com alunos da UFPE; a criação de um novo modelo, com vias de baixa velocidade e implementação de teleféricos e ciclovias; e soluções de convívio social, com base em modelos urbanísticos de países como Holanda e Colômbia, são explanados em consistente matéria.

Nas artes, o trabalho de seis jovens cheios de criatividade focados na estética do desenho: Ayodê França, Beto França, Ianah Maia, Imarginal (Fernado Moraes e Raone Ferreira) e Pedro Melo. Falando em arte, aproveitamos para agradecer o presente do artista plástico Carlos Pragana, que hoje está ostentado na parede de nossa redação. Roberto Lúcio, capa da última edição, é outro nome que temos orgulho de ter em nossa ‘casa’. Muito obrigada pelo carinho da obra oferecida à equipe.

No mais, as novidades com referência em sustentabilidade e moda das seções Jardins, Gelladeira e Mercado.

Não perca tempo... Leia SIM!Patrícia Calife

Erramos!

Na edição passada (82), a seção Jardins (pág. 30) trouxe ilustração do pro-fissional Rodrigo Alves sem o devido crédito. E, no giro de arte em Olinda (pág. 64), o telefone do artista plástico Samico saiu incompleto. O correto é (81) 3429.2841.

Equipe da SIM! comemora o resultado do editorial de moda,produzido no ateliê de Tiana Santos.

Carlos Pragana visita a redação. E olha a surpresinha

que ele preparou especialmente para a SIM!

Roberto Montezuma revela tudo sobre

o CAU/PE para Edi Souza.

Mais uma obra de arte para nossa coleção. Amamos

o presente de Roberto Lúcio.

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FiQUE POR DENTRO

1. A cadeira Pantosh, fabricada em laca branca pela Schuster, está à venda na Casapronta. Com desenho inovador, a peça pode realçar a ambientação da sala de estar ou de jantar. Quem preferir, pode encomendar outras cores na loja. (81) 3465.0010 www.casapronta.com.br

2. O setor de papelaria da Livraria Cultura ganha mais um produto. Em parceria com a Teca Papelaria, lança a coleção Amor em Paris, com ilustra-ções de Marcelo Cipis. São cadernos, álbuns de fotos com 20 páginas e a caixa com oito cartões. Os produtos já estão disponíveis. www.livrariacultura.com.br

3. A artista Julia Costa está produzindo com exclusividade para a A. Carneiro estampas aplicadas em diversas peças. São almofadas, abajures, cortinas, entre outros objetos com impressões a laser sob algodão peletizado. Os clientes tam-bém têm como opção levar sua própria estampa e escolher a peça em que ela será aplicada. (81) 3081.9192 www.acarneirohome.com.br

4. Imagine ter um móvel assinado por Oscar Niemeyer. Na Itálica Casa é possível encontrar sofás, cadeiras e poltronas inspirados na década de 1970. Entre os destaques trazidos está a cadeira de balanço On, estru-tura em laminado de madeira, pintura laqueada e assento de palha. (81) 3465.3576 www.italicacasa.com.br

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FiQUE POR DENTRO

1. Para os amantes da customização, a Karsten lança a Art Wall, coleção inova-dora de tecidos autoadesivos. Dentre as estampas, motivos que imitam revestimento, papel de parede e bricolagem. A novidade é confeccionada em 100% algodão e utiliza a mais moderna impressão digital. Disponível em embalagens de 1 m, 5 m ou 30 m de comprimento os rolos têm 70 cm de largura e podem ser aplicados em paredes, móveis e diversos objetos. www.karsten.com.br

2.A Art & Lar apresenta os ladrilhos acetina-dos Ceusa. O material, que se apresenta no formato 56 cm x 56 cm, oferece uma gama exclusiva de desenhos, mas também dispõe da versão “Faça você mesmo”, onde o cliente exercita a criatividade, e reproduz o desenho que quiser. (81) 3243 5550

3. Já está funcionando a loja da Eko Am-bientes na Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem. A marca, nascida em Bento Gonçalves/RS, oferece móveis planejados dentro do conceito de sustentabilidade. Razões que motivaram os irmãos Marco An-tônio e Marcelo Alves a trazerem o empreen-dimento a Recife. O showroom de 400 m2 tem projeto assinado pela arquiteta Taciana Feitosa e apresenta oito ambientes. (81) 3463.3591 | www.ekoambientes.com.br

4. O Studioneves Goumert Design inova tanto em utensilios para a cozinha feitos em cerâmica como em acrílico. A marca apre-senta a linha Avesso que foi desenvolvida baseada na opinião de chefes e amantes da cozinha. Trata-se de um conjunto de cinco peças (prato, copo, bowl, copo café e copo chá) que podem ser usadas de ambos os la-dos. Já que nenhuma delas tem uma função definida, elas permitem, além de economia de espaço, que o goumert seja mais criativo na apresentação dos pratos.www.studioneves.com

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Divulgação

Marco Pimentel

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FiQUE POR DENTRO

1. Uma peça coringa na decoração é a sugestão da Bontempo. O Comodini é um móvel exclusivo do catálogo da loja, que está disponível em dois tamanhos: 600 mm e 900 mm de largura. A frente fina dispensa puxador. A abertura é feita através de uma pequena ranhura entre a frente e o corpo.(81) 3327.8002

2. O papel Canson ganha formas inusitadas nas mãos do artista Fred Viana. Na CasaCor do ano passado ele apresentou a luminária da Biblioteca. “O papel foi dobrado como sanfona, atingindo sete metros”, comenta. Na edição 2012 da Fenearte, a releitura de uma antiga produção. “A peça chama-se Tangerina. Para a Feira, utilizei madeira como base”. Os objetos são feitos sob encomenda. (81) 3221.7958 [email protected]

3. A Particolare apresenta o baú de madeira que, ao ser fechado, serve de banco. Seja como utilitário ou objeto de décor, o móvel pode complementar a ambientação do quarto, graças ao seu acabamento artesanal. A peça é única e tem cerca de 1,60 m. (81) 3032.3296 www.particolare.com.br.

4. A R. Szpilman Design lançou a nova coleção para banheiro do designer e artista plástico Rubens Szpilman. Entre as novida-des está o lavatório retrô produzido em resi-na de poliéster pigmentada, que aparece em dois modelos. No Holly o suporte tem tubos redondos e no York quadrados. (27) 3243.1557 www.szpilman.ind.br.

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LiVROS

Os fatos do século XXI pelo olhar de Miguel Falcão

Desde muito pequeno, Miguel Falcão já sinalizava que não queria fazer outra coisa da vida senão desenhar. Por diversas situações, retratava, com seu traço ainda em formação, as particularidades dos seus familiares, o que, muitas vezes, causava briga e confusão, principalmente com o seu irmão.

Mas teimoso que é, persistiu na sua arte e, hoje, exerce as funções de cartunista, ilustrador, quadrinista e chargista, acumula prêmios e reconhecimentos, como o Prêmio Cristina Tavares e menção honrosa no disputado Vladimir Herzog de Direitos Humanos. Inquieto, deu movimento à sua arte, e preparou o longa Morte e Vida Severina, preservando o texto

O cartunista lança o livro As melhores charges do século, que reúne seus trabalhos mais significativos no período de 2001 a 2012

por eRika valença

fotos MaRco PiMentel

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original do genial João Cabral de Melo Neto.

Dono de uma inteligência pura e simples, Miguel Falcão lan-ça o livro As charges do século pela MXM editora. A publica-ção é uma coletânea das ilustrações mais marcantes do seu trabalho no período de 2001 a 2012, “por muito tempo tentei lançar um livro com o meu trabalho e agora consegui. Não foi uma tarefa simples, foi preciso muita paciência, tanto para fazer as escolhas, em meio a uma grande quantidade, quanto para selecionar o fato que cada desenho expressava. Mas o resultado final está aí e o tenho como a concretização de um sonho”, conta Miguel.

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A obra, que trabalha os mais diversos assuntos como política, esporte, notícias nacionais e internacionais entre outros, é dividida em capítulos, cada um referente a um ano, com apre-sentação contendo um breve histórico do que está por vir nas próximas páginas, “infelizmente a memória coletiva é muito curta, por isso, de maneira muito informal, resolvi informar os principais fatos acontecidos naquele momento’, revela.

O título é prefaciado pelo diretor de redação do Jornal do

Commercio, Ivanildo Sampaio, tem projeto gráfico assinado por Hernanto Barbosa e orelha escrita pelo jornalista Antônio Portela, que, no seu belíssimo texto se rende ao talento multi-facetado do chargista “os Miguéis Falcão são figuras da maior importância nas artes plásticas e literárias desse nosso lugar. Basta Olhá-los, aos Miguéis, como podemos fazer agora com este livro. Cada charge sua nos conduz, por via da sempre sa-lutar expressão do riso e da fundamental terapêutica estética, à reflexão crítica da vida”, escreve e finaliza Portela.

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Os Miguéis Falcão são figuras da maior importância nas artes plásticas e literárias

desse nosso lugar.

(Antônio Portela)

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LiVROS

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1. Eco Fashion (Moda Con Conciencia Ecológica y Social)Sas BrownEditora Blume“Esse livro é muito interessante porque apresenta a moda por um viés diferente e sem preconceito. A publicação também conta a história da moda sustentável ilus-trando a evolução da ação através de um editorial de moda de alta qualidade.”

2. Das Coisas Nascem as CoisasBruno MunariMartins Editora“A publicação apresenta o design além dos conceitos e fundamentos. Mostra soluções para problemas do dia a dia sob uma ótica mais metodológica e técnica.”

3. ...ismos – Para entender a modaMairi MackenzieEditora Globo“É uma viagem através de uma literatura maravilhosa sobre o mundo da moda. O livro aborda o assunto como um espelho da história da arte e suas transformações. Para quem se identifica, é diversão na certa.”

4. Design para quem não é designerRobin WilliamsEditora Callis“No início de qualquer profissão, é impor-tante ter um livro que seja o bê-á-bá para se tomar por base. Além de ter essa fun-ção, a obra é um excelente veículo para a construção de marketing pessoal”

5. Haverá a idade das coisas leves Thierry KazazianEditora Senac“Esse livro é uma reflexão de que é pos-sível criar produtos leves e duráveis, com design especial e de maneira absoluta-mente sustentável.”

Design, moda e sustentabilidade são assuntos que, há algum

tempo, caminham juntos. Pensando em abordar esses temas, convidamos a mestre

em Design Clarissa Sóter, que indicou livros para um melhor entendimento e conhecimento

sobre os temas.

www.clarissasotter.com.br

CLARISSA SÓTER

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Livraria Cultura - Paço Alfândega

www.livrariacultura.com.br

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Catarina Monteiro e Rebeca Gouveia são designers

www.gelladeira.com

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GelladeiraG

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Moda e decoração andam juntas e é disso que vamos falar. Nomes como Armani, Missoni, Moschino, Zara entre outros, usam o fashion para vestir as casas de grife. No Brasil, muitas lojas criam linhas home, com a essência da passarela em outros segmentos.

1. Lá na Ladeira + FARMO nome da Lá na Ladeira veio da Ladeira da Glória, onde as irmãs gêmeas Joana e Júlia transformaram a paixão por decoração no seu primeiro ateliê. Elas garimpam e reformam móveis antigos de acordo com as tendências. Hoje, têm parceria com a FARM e decoraram um pouco da loja junto com a JRJ tecidos (linha da loja para casa, com tecidos 100% exclusivos). Agora elas também criam seus próprios tecidos, assinados pela artista plástica Bebel Franco.www.lanaladeira.com.br

2. Zara HomeDo guarda-roupa para a casa, a loja carre-ga a sua proposta de preços acessíveis, boa qualidade e estilo. Selecionamos duas almofadas que podem fazer toda a diferença na sua sala ou quarto: Skull, de veludo com brilhantes e Katy de algodão com missangas.www.zarahome.com

3. Sala DesignA Sala Design é um encontro entre arte e design em produtos únicos, de móveis a bandejas. As peças, que passam pelo crivo da designer e curadora Juliana Daidone, são charmosas e acompa-nham as tendências da moda. É o caso da banqueta Joaninha e das caveiras coloridas para decoração.www.saladesign.com.br

4. Missoni HomeConhecida nas passarelas pelas suas estampas e mistura de cores, a grife italiana Missoni é uma das queridinhas do mercado de luxo. Sua linha Home teve início em 1983 e hoje conta com coleções como a de louças Tropical que traz estampas variadas. São listras, flores e traços geométricos para compor a mesa.www.missonihome.com.br

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Antes considerado apenas parte de um processo artístico, o desenho rompeu barreiras e, hoje, é uma técnica intimista e apurada das artes visuais, além de ganhar status de produto estético que se dedica a fazer representações simbólicas através de linhas, formas e traços. Nesta edição, apresen-tamos jovens talentos na área de ilustração, que vêm se desenvolvendo tecnicamente e amadurecendo seu estilo e as possibilidades de suportes.

Com um desenho harmônico, feminino e muito descompli-cado, Ianah Maia mostra suas influências vindas do cinema de animação, que trazem movimento e composição para suas criações. Dialogando com a artista, Pedro Melo traz um trabalho plural, ousado e inquietante, em busca de atingir o novo. Cores vibrantes e equilibradas também compõem o processo criativo de ambos. Com a sua aquarela colorida e excêntrica, Beto França une ao desenho uma técnica que valoriza o resultado final, investindo em temas irreverentes com delicadeza e sensibilidade.

Com temática e estilo contundentes, Fernando Moraes e Ra-one Ferreira, do Imarginal, contrastam com a tranquilidade e bom humor de Ianah, Pedro e Beto. Para começar, as cores trabalhadas são o preto e o branco em temas de questiona-mento social, discutindo política e religião de forma crítica e inquietante. Já o estilo de Ayodê França se lança à experi-mentação, onde não predominam temáticas nem mesmo a técnica, tudo está em transformação constante.

Apesar de usarem a mesma densidade estética do desenho, todos buscam materiais próprios que auxiliam e tecem seus processos artísticos. Seja com nanquim, caneta posca, aqua-rela ou computador, eles representam, através da ilustração, toda a inquietação criativa.

Ilustrando discursos possíveis

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oesia visualAyodê França está sempre em busca de técnicas e formas de criar

por beth oliveiRa

fotos GReG

oesia visual

ARTE

“É bom saber desenhar sobre vários estilos, coisas e plataformas”, afirma Ayodê França. Assim seu trabalho ganha multiplicidade e caminha livremente por diversas formas de fazer e criar. Autodidata, antes de ilustrar livros infantis e literários, pinta-va quadros e fazia desenhos para estampar camisas. Em 2006, passou a se dedi-car profissionalmente à ilustração e, em 2009, iniciou o curso em design na UFPE.

Ayodê está sempre em busca de novas maneiras de produzir. “Não gosto de fazer a mesma coisa, porque é entediante e me deixa limitado. Meu trabalho autoral é de experimentação, então uso pincel, computador, lápis, caneta e sempre mudo o material e as formas. Também desenho em superfícies diferentes como papel, tela e objetos de madeira. A ideia é experimentar. Isso se estende às cores, usando-as ou escolhendo o preto e o branco como escala cromática”, afirma. Atualmente, tem aplicado o nanquim e a tinta acrílica, mas a maior parte de suas criações tem sido feitas no computador. “Sempre tem uma parte digital e uma analógica. O trabalho manual tem todo um ritual, então é preciso montar o espaço e

AYODÊ FRANçA

[email protected]

www.flickr.com/ayodefranca

Fone: (81) 9681.2079

organizar as coisas, o que é prazero-so. No digital você abre uma janela e começa a trabalhar”, conta. Suas ilustrações são mais figurativas e fo-gem do desenho técnico. “Evito me prender ao estilo, ao tema e a técni-ca enquanto artista e como pessoa em processo criativo”, finaliza.

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Beto França une desenho e aquarela de forma bem humorada e irreverente

por beth oliveiRa

fotos GReG

ARTE

Apesar da formação em Publicidade e Propaganda, as verdadeiras paixões de Beto França são o desenho e a aquarela. Com estilo bem humorado e traço arredondado, as ilustrações trazem um tom infantil, embora tratem de temáticas adultas. Desde os sete anos, desenhava com a irmã, que também é ilustradora. Mas, foi aos 20 anos que surgiu o primeiro trabalho profissional: o jogo dos erros no Jornal do Commercio. Beto também já passou pelo Diario de Pernambuco e, em 2011, cursou desenho e pintura na Quanta Academia de Artes, em São Paulo.

“Gosto muito de usar aquarela. Depois do curso, tenho experimentado mais essa técnica. Já o digital eu divulgo pouco. Prefiro desenhar no papel, scannear e finalizar no computador.” Beto comenta que tem produzido desenho junto com pintura, descobrindo os efeitos “manchados” da tinta no papel.

A série Fofas tem feito muito sucesso. “Antes de ir para São Paulo, em 2010, eu estava desenhando mulheres fofinhas, meio gordinhas e o pessoal acabou gostando”, ressalta. Ele também elaborou releituras de pintores famosos na versão das Fofas, a exemplo do quadro “A Monalisa”. Além dessas criações, com o enfoque na figura fe-

BETO FRANçA

www.flickr.com/betofranca

[email protected]

Fone: (81) 9890.7559

lasticidade

minina, personagens infantis também aparecem, com uma linguagem que se aproxima do literário. Algumas de suas inspirações vêm de caraterísticas dos amigos, de letras de músicas e livros que ele transforma em personagens.

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uavidadeAtravés da sensibilidade, Ianah Maiamostra um desenho vibrante

por beth oliveiRa

fotos MaRco PiMentel

ARTE

A figura feminina é muito recorrente no trabalho de Ianah Maia. Seu traço delicado, sensível e leve remete ao universo simbólico da feminilidade, onde é possível ousar na diversidade harmônica das cores, formas e fluidez. Apesar de desenhar desde criança, foi em 2006 que a artista e ilustradora se especializou na técnica e, em 2007, começou a cursar Cinema de Animação.

“Dentro da faculdade comecei a aprender um pouco mais sobre ilustração e isso foi bom porque meus desenhos ganharam mais movimento e dinamismo.” Depois desses conhecimentos, a produção artística de Ianah foi influenciada por uma lin-guagem visual, evidenciando cenários mais elaborados para seus personagens. “O cinema e a animação fizeram com que minha ilustração contasse uma história e passasse uma mensagem”, revela.

O computador é uma das ferramentas que costuma usar para produzir seus dese-nhos. Além dele, o lápis de aquarela, canetas e materiais que estiverem à mão são aplicados. O sketchbook também guarda as ideias iniciais que se transformam até

o resultado final. Entre as produções reconhecidas está a animação do clipe da música “A Festa de Isaac”, da Banda de Joseph Tourton. A ilustração “Música” é uma das mais recentes, cuja inspiração está na sonoridade.

iANAH mAiA

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Fone: (81) 9980.7846

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rbanosFernando Moraes e Raone Ferreira desenvolvem estilo inusitado em preto e branco

por beth oliveiRa

fotos MaRco PiMentel

Com um trabalho impactante, Fernando Moraes e Raone Ferreira desenvolveram um estilo bem particular de desenhar, em parceria, desde o rascunho inicial até a fi-nalização. A temática abordada quase sempre permeia questões políticas, religiosas e sociais. Há quase um ano, resolveram trabalhar juntos e assinar todos os projetos sob a identidade do Imarginal. Eles se conheceram na faculdade, enquanto Raone cursava artes plásticas e Fernando design, onde perceberam afinidades. “Nosso processo criativo é junto. Ele traz um rascunho, eu faço uma linha e depois ele con-tinua”, explica Fernando. “Quando desenhamos à quatro mãos, começo de um lado do papel e ele do outro, depois trocamos”, complementa Raone.

Este ano, realizaram a primeira exposição com dez obras em A3, três industriais e duas em carteiras de cigarro, usando lupas para explorar os detalhes. Também fize-ram uma interferência na parede, experimentando outros suportes. Sempre explo-rando o preto e branco, a dupla mostra um desenho detalhado e cheio de recursos,

imARgiNAL

[email protected]

Fone: (81) 9975.7363

ARTE

como o pontilhado. “Nunca tivemos a prática de colorir mas, agora, estamos começando a fazer isso”, diz Fernando.

Além de prezar por um traço forte e pelo figurativo rico em detalhes, o processo de criação deles segue o automatismo psíquico, como uma espécie de fluxo de consciência. Entretanto, nas últimas pro-duções, eles desenvolveram personagens de crianças japonesas que são contra o trabalho infantil.

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riatividadeO trabalho de Pedro Melo se destaca pela pluralidade e pelo colorido

por beth oliveiRa

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Com estilo versátil, colorido e humorado, Pedro Melo tem um trabalho irreverente, com temáticas inusitadas e múltiplas. A aptidão para o desenho foi descoberta quando criança. “Desenhava todos os cadernos e até as provas. Minha mãe reclamava que eu só queria fazer isso”. De lá para cá, não parou mais. Quando cursou design, trabalhou no Diario de Pernambuco, com nomes de peso em ilustração e diagramação. Com um trabalho mais autoral, passou pela Editora Abril e pela Revista Continente.

O uso de paleta de cores diferenciada, com tons e texturas vibrantes, é uma das marcas de Pedro. “Sei o que não quero, então evito usar contornos pretos, cores que todo mundo usa e fugir do comum. Não tem nada mais frustrante do que ver um trabalho parecido com o meu”, comenta. Além de desenhar à mão, usa muito o suporte digital para criar e finalizar. Além do computador, tábuas de carne, cadeiras, papel, parede, madeira de demolição e qualquer tipo de material pode ser utilizado por ele.

A caneta posca foi o instrumento com o qual executou a pintura no restaurante mexicano Guadalupe, com desenhos sobre a cultura daquele país. Outra série de ilustrações que ele destaca em seu trabalho é a dos deuses maias, onde mescla elementos antigos com traço moderno. “Curto fazer o con-ceitual. Não penso muito antes de fazer minha arte. Ás vezes, pego as tintas e o primeiro traço que sair vou fazendo”.

PEDRO mELO

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www.pedromelom.com

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mERCADO

Tendências em Revestimento

Um projeto de arquitetura é conjunto de criatividade, escolhas e muitas ideias. Junte esses elementos, faça as opções certas e pronto! Descortina-se algo novo, seja um ambiente, uma nova casa ou prédio.

Mas para essa alquimia atingir o sucesso absoluto, a escolha de um revestimento é fundamental. Avalie bem as alternativas disponíveis no mercado, como suas características e modo de aplicação. Para ajudar, a Revista SIM! preparou uma seleção das novidades que aportam na arquitetura e decoração. Confira!

Lojas do Recife apresentam suas novidades em aplicação

por eDi SoUZa

fotos MaRco PiMentel

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CalilA loja apresenta duas soluções. O piso vinílico é uma delas, e vem ganhando o mercado da construção civil por conta das suas resinas de PVC. A opção atende quem busca um ambiente residencial sofisticado, sustentável e de preço aces-sível. Já as pastilhas da NGK são desen-volvidas com alto padrão de qualidade, oferecedo beleza e segurança ao projeto.

Piso em PVC de projeto comercial

Piscina com pastilhas da Super NGK

As pastilhas Super NGK possuem taxa mínima de absorção de água, inferior a 0,5%. No processo de fabricação, a queima do revestimento acontece a uma temperatura média de 1.200ºC, durante 24 horas, conferindo forte resistência a impactos e elementos da natureza. Tradicional, a cor azul é a mais procura-da para a aplicação em piscinas, decks molhados e “prainhas”.

A Revitech Pisos traz opções de pisos vinílicos que utilizam 70% de PVC reci-clado pós-consumo e atende a todas as certificações. Moderno e funcional, este tipo de piso conta ainda com fácil insta-lação e baixa manutenção de limpeza, além da estabilidade térmica. Já pen-sando na durabilidade, os pisos vinílicos da marca tem propriedades bacterios-táticas que dificultam a proliferação de fungos e bactérias.

CALiL REVESTimENTOS

www.calilrevest.com.br

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Pamesa

A Pamesa mudou seu sistema de produção, imagens e formato. Agora a marca desenvolve o seu produto com tecnologia digital de alta definição, conseguindo assim desenvolver vários sistemas de moldes. Isso facilita por completo a impressão em relevo e dá maior agilidade à obra.

Com visual robusto, esse tipo de revestimento dá personalidade a edificação sendo uma ótima alterna-tiva para ambientes externos tanto por combinar com as áreas urbanas, quanto pela sofisticação, originalidade e resistência.

Comumente conhecido como efeito canjiquinha, esse tipo de revestimento é empregado principalmente na de-finição de volumes de fachadas. Sua utilização também pode ser feita em interiores conferindo aos ambientes um tom rústico e casual.

HD Fileto Pietra Claro

Dimensão: 34x50cm

HD Lajes Romano Cinza

Dimensão: 34x50cm

PAmESA

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Refinare

Versátil, o porcelanato é uma opção resistente e econômica. A Refinare apresenta as linhas da Porto Design, marca com 35 anos de mercado, que sempre traz opções para todos os pú-blicos. Entre os destaques, linhas para áreas de alto tráfego, coleções com espessura diferenciada, além de uma ampla gama de cores e acabamentos.

Os revestimentos são ecologicamen-te corretos e produzidos de maneira artesanal.

A linha de porcelanato Lupus, da coleção Everest da Porto Design, apresenta superfície com base de vidro e fina camada de quart-zo. Esses detalhes conferem ao espaço um brilho inigualável. É resistente a manchas, e é composto por dupla camada de massa com tratamento de superfície sem brilho (MATTE).

LUPUS

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Com design arrojado, textura moderna e clean, a linha Basic é específica para uso interno, independente de ser residencial ou comercial.

Linha Basic

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REFiNARE

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LUPUS

Dimensões: 120X120cm, 100X100cm, 80X80cm, 60X60cm

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CAPA

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mobilidade

Imagine um lugar onde veículos e pedestres convivem sem incidentes. E que a paisagem urbana, sempre verde, complementa um cenário criativo e de plena integração. Eis o Recife que arquitetos e urbanistas idealizam para um futuro próximo. O planejamento repensa áreas públicas em prol de mobilidade e arborização, elementos que, em países como a Colômbia, já atendem à alta demanda popu-lacional, a exemplo da cidade de Bogotá. O seu plano de ordenamento territorial é responsável por conter a violência de espaços esquecidos, que agora reúnem parques, museus e bibliotecas.

Já em Medellín, metrópole colombiana com mais de dois milhões de habitantes, a solução para atender às áreas de morro foi implantar teleféricos de alta capacidade, integrados ao sistema de transporte coletivo. Mas é Barcelona que inspira a Prefeitura do Recife a criar um Pacto pela Mobilidade. São metas para melhorar o sistema público de transporte de passageiros, promover a melhoria das calçadas e dar espaço aos ciclistas. Os rios também poderão ser mais aproveitados, segundo o projeto Árvore da Àgua, defendido pelo presidente do Conselho de Arquitetos e Urbanistas de Pernambuco (CAU-PE), Roberto Montezuma. Em entrevista à SIM! ele explica o uso do transporte fluvial e seus benefícios. Otimista e apaixonado pela cidade, o arquiteto ainda comenta os desafios de se discutir projetos como este.

SUSTENTÁVEL

Foto

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Construindobases verdes

Moradia sustentável é desafio para o futuropor eDi SoUZa

fotos ShUtteRStock

A rotina de um mundo atento ao meio ambiente exige transformações que começam na forma de erguer as mo-radias. Assim defendem os profissionais na área de susten-tabilidade, ao discutirem mudanças nas construções que formam os centros urbanos. Para ter uma ideia, atualmen-te o setor gera 40% de todos os resíduos sólidos despeja-dos no planeta e emite a mesma quantidade em carbono na atmosfera, segundo o Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC).

A estatística reforça a adaptação dos espaços em prol do ecologicamente correto, como sugere o arquiteto Pedro Motta, conhecido por utilizar madeira certificada em seus projetos. “Existem soluções universais, como estudar en-trada e saída do ar, permitindo menor gasto com refrigera-ção. Em Fernando de Noronha, por exemplo, ainda pensa-mos no reaproveitamento da água, recurso cada vez mais escasso em tantos lugares”. O arquiteto também lembra de soluções como o uso da lâmpada de LED, cuja econo-mia pode atingir a 90%. Já os ecotelhados, ou telhados verdes, cada vez mais comuns na Alemanha, absolvem água da chuva e agem como isolantes térmicos.

Embora erguer um edifício de base sustentável tenha um custo a mais, os benefícios são projetados para um futuro de baixo impacto ambiental e melhor qualidade de vida. Na Europa e nos Estados Unidos parte das edificações atende ao selo responsável pela certificação de materiais. O Building Research Establishment Environmental Asses-sment Method (Breeam) foi criado na Inglaterra em 1992, mas só chegou ao Brasil no ano passado para reforçar melhores condições de construção e de moradia. Já o selo LEED é um dos mais conhecidos, e foi dado a cerca de 500 prédios no país.

Hitdelight

Pedro [email protected](81) 3326.0540

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Tornar a cidade atraente é um sonho que pode ser realidade, segundo especialistas em urbanismo. A mudança surge ao identificar os potenciais de uma região, trabalhar a segurança, a limpeza e, claro, o verde. A questão foi levantada pelos profissionais que estiveram no evento internacional Pernambuco Criativo para discutir a cidade no futuro. A SIM! conversou com os envolvidos e apresenta a ótica de um futuro ideal.

por eDi SoUZa

fotos GReG

Um futuro criativo

CAPA

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“Em 2009 realizei uma primeira siste-matização mundial com a contribuição voluntária de 17 outros autores, de 13 países. Desse estudo percebemos que uma cidade que se pretende criativa, independente de sua escala, de seu contexto socioeconômico ou de sua história, compartilha três traços funda-mentais: inovações - saber solucionar problemas; conexões - entre as diversas áreas da cidade, entre o público e o privado ou entre local e global; e cultura - identidade, valores e códigos compartilhados.

Muitas cidades no Brasil estão perse-guindo essa proposta. Algumas partem de suas singularidades para encontrar modos de se reinventar e esse é o cami-nho real de uma cidade criativa. Outras, porém, fazem uma abordagem de cima para baixo, como um city marketing, uma maquiagem. Isso é a antítese de uma cidade criativa.”

Ana Carla é economista e doutora em urbanismo.

“A cidade para ser atraente precisa funcionar, oferecer itens básicos, como iluminação, limpeza e transporte público eficiente. Além disso, é preciso promo-ver o encontro de pessoas em áreas de convivência para que elas troquem ideias umas com as outras. Assim acon-teceu em Paris e Berlim, por exemplo.

No final das contas, é preciso ser capaz de atrair os jovens, porque eles fazem a economia girar. Na faixa dos 24 e 40 anos costuma-se procurar lugares com melhores chances de educação e emprego. Em 1900, 10% da população mundial viviam em cidades, hoje, 50% estão em áreas urbanas. É um dado a se considerar.”

Evert Verhagen é especialista em cida-des criativas, responsável pelo projeto Noorderpark, em Amsterdã/ Holanda.

“Uma economia criativa pode influenciar muito no desenvolvimento da cidade. Mas, para ela ter essa característica, é necessário reunir aspectos como o conhecimento - como fazer; o capital - recursos financeiros; a ambição - querer quebrar a inércia e tentar inovação; e a cultura - ambiente, ecossistema, e pessoas que partilham da mesma crença voltada à inovação. Quando esses quatro fatores se direcionam para o mesmo objeti-vo, tendemos à adaptação criativa.”

Marcos Troyjo é especialista em BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), da Co-lumbia University, em Nova York.

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PERCORRA AÁRVORE DA ÁGUA!

Projeto redescobre os canais do Recife, utilizando a árvore como metáforapor eDi SoUZa

fotos DivUlGaçÃo

Que metrópole o Recife quer ser daqui a 25 anos? Essa pergunta embasou arquitetos e urbanistas do Recife e de Amsterdã a definirem estratégias urbanísticas para a capital pernambucana até 2037, quando celebra 500 anos de descobrimento. O planejamento sustentável entrou no trabalho encabeçado por 50 alunos do curso de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coordenados pelo professor Roberto Montezuma.

Na história, a Holanda invadiu Olinda, mas se ocupou do Recife, apoderando-se de sua estrutura hídrica. Por essa forte relação, a instituição acadêmica assumiu a pes-quisa com as duas cidades, de olho num projeto para o ano do Brasil naquele País (2011). O resultado foi o workshop Recife Exchange Amsterdam (rXa), que apresentou um paralelo coerente entre as duas realidades. “Identificamos três itens básicos em comum: a água, o patrimônio construído e a mobilidade”, Explica Montezuma. Mas, entre eles, qual será o elemento mais representativo? Questionaram os envolvidos. “A água é um meio natural, além de patrimônio, que pode gerar mobilidade e outras infraestruturas. Ela é um vetor que existe em abundância capaz de multiplicar suas ações integradoras, ao invés de ser mera fonte desvalorizada”, arrematou.

Ao pensar na distribuição desse recurso na cidade, surge o conceito da Water Three, ou Árvore da Água (vide ilustração). “O sistema hídrico foi valorizado apenas na construção do Recife, séculos atrás, a exemplo do período de Maurício de Nassau. Tempos depois demos as costas para ele. Foi o mesmo fenômeno visto em Amsterdã, no pós-guerra. O que se nota hoje por aqui, aconteceu nos anos 70 por lá, até a sociedade reivindicar o valor dessa água para torná-la parte integradora do ambiente”, explica o professor. Na prática, a capital holandesa traz experiências como a revi-talização das margens dos seus canais, transformando-as em espaços públicos de lazer e de encontro das pessoas.

Para a Veneza Brasileira o apelo ambiental se mantém persistente. Enxergar o rio como lugar de vida, repensar as estruturas que o desvaloriza e trabalhar o deslo-camento reforça as ações ilustradas na metáfora da Árvore. “Já Imaginou poder se comunicar através dos rios e ainda ter parques lineares, que vão entrando e costu-rando nossa capital? É fantástico e possível”, defende.

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Inteirar a população nesse debate é quase imperativo, segundo a arquiteta e paisagista Lúcia Veras, indicada à SIM! por Montezuma, por ser uma das profissionais en-volvidas no trabalho. “Não adianta pensar em estruturas sem considerar as pessoas, pois existem comunidades inteiras à beira de córregos, canais e canaletas. Afinal, não é um estudo voltado para os arquitetos e, sim, para a população em geral que pode participar dessa trans-formação”, reforça.

CAPA

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1. Integração:

O projeto idealiza o planejamento urbano de

forma integrada. O objetivo é unir o ambiente

natural ao patrimônio construído, transformando

o sistema viário em ruas, parques, boulevards

e avenidas parques, de maneira a integrar as

“fronteiras” existentes entre os bairros.

2. Pocket Parks:

A ideia é semelhante ao que já acontece em

Nova York. Ou seja, expandir as áreas verdes

formando os Districts Parks (bairros parques),

que transformam os espaços residuais em mini-

-parques, além de estimular a interação social

entre os espaços existentes e os propostos.

3. Mobilidade:

A proposta integra todos os principais meios

de transporte, como barco, teleférico, metrô e

veículo por monotrilho. Na imagem abaixo, todos

aparecem reunidos em um grande terminal (qua-

drado vermelho) na área de Boa Viagem. De lá,

cada um se distribui ou se integra. “As pessoas

tratam mobilidade como algo isolado, mas, na

verdade, ela é compartilhada, pois não repre-

senta apenas o carro, mas a bicicleta, o táxi, o

ônibus e as pessoas que andam a pé”, destaca

Montezuma.

de transporte, como barco, teleférico, metrô e

veículo por monotrilho. Na imagem abaixo, todos

aparecem reunidos em um grande terminal (qua-

drado vermelho) na área de Boa Viagem. De lá,

cada um se distribui ou se integra. “As pessoas

tratam mobilidade como algo isolado, mas, na

verdade, ela é compartilhada, pois não repre-

senta apenas o carro, mas a bicicleta, o táxi, o

ônibus e as pessoas que andam a pé”, destaca

Montezuma.

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FOLHAS, FLORES E FRUTOS (A so-ciedade): As folhas são responsáveis pela respiração; as flores produzem as sementes que gerarão frutos. Na Árvore da Água essa composição é formada pelas pessoas que ocupam a cidade e manifestam sua forma de viver e pensar. Estas pessoas também estão representadas pela sociedade organizada, como asso-ciações, ONGs, e escolas.

RAMOS (Canais, canaletas e córre-gos): Os ramos abastecem o vegetal, fazendo chegar nas pontas a seiva que o alimenta. Na Árvore da Água esses ramos recobrem o território e completam a rede hídrica.

GALHOS (Rios: Beberibe, Capibaribe e Tejipió): Como extensões mais delgadas do tronco, distribuem o alimento pelo tecido do vegetal. Na Árvore da Água os galhos estão representados pelos três principais rios. Nestes eixos, que definem as três bacias da cidade, fincam-se nas bordas molhadas ocupações orde-nadas e desordenadas.

RAÍZES (Mar): As raízes fixam o vegetal ao solo e absolvem água e minerais úteis à sua sobrevivência. As praias e frentes d’água sus-tentam e alimentam essa Árvore, dando início a um abastecimento natural.

TRONCO (As três bacias): O tronco ou caule tem a função de sustentação, por fazer ponte entre as raízes e os galhos. Na Árvore da Água é onde está o patrimônio natural e cultural, reconhecido pela população como o estuário das três grandes bacias: Beberibe, Capibaribe e Tejipió – bordeados por sítios históricos, arquitetura preservada e paisagem peculiar.

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O Estudo da Zona Sul do

RecifeO ponto de partida do projeto foi o estudo da Zona Sul do Recife, mais precisamente o entorno da Via Mangue. A obra de mobilidade urbana margeia o extenso Parque dos Manguezais, localizado no estuário da Bacia do Pina. “O que acontece com o entorno dessa estrutura? E com o verde escondido por trás dela?”, questiona Montezuma.

A partir dessas perguntas, o grupo observou a barreira que se formava diante do verde propondo, logo em seguida, melhorias em urbanismo. “Existem poucos estudos sobre a área de Boa Viagem, embora o seu metro quadrado po-pulacional se assemelhe a de Tóquio. É muito concentrado. Fizemos uma análise intensa, junto com os estudantes, até avançarmos consideravelmente”, recorda.

O tema foi discutido com os holandeses através de vídeo--conferências. Nas reuniões, percebeu-se que a zona de influência do Parque dos Manguezais ainda alcançava a área de Afogados e Imbiribeira, formando um grande anel no mapa dessa região. Era a chance de trazer aos três bairros o conceito dos Destricts Parks (bairros parque).

“Foi uma ideia rica, que chegamos a apresentar em Ams-terdã em evento no ano passado. Fizemos uma exposição e os alunos se emocionaram com a boa repercussão. Pensamos, então, em replicar um encontro como esse aqui no Brasil, utilizando um período de tempo maior. Conseguimos e, de Amsterdã, vieram oito profissionais incluindo os diretores das águas da cidade, de planeja-mento físico e de patrimônio, entre outros especialistas”, orgulha-se.

+ Saiba mais | www.recifeamsterdam.blogspot.com.br

Roberto [email protected](81) 3326.3754

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Pacto pela mobilidade

Para melhorar o deslocamento de pessoas e automóveis na Região Metropolitana do Recife, a prefeitura vai se espelhar na cidade de Barcelona e seu Pacto pela Mobilidade, criado há 12 anos. Por lá, sociedade e governo debatem o modelo ideal de ação.

Segundo o arquiteto e presidente do Instituto Engenheiro Pelópidas Silveira, Milton Botler, o pacto complementará o Plano Municipal de Transporte e Mobilidade, que é discutido há mais de um ano na Câmara dos Vereadores e em audiências públicas já realizadas. “Não será o mesmo pacto do sistema espanhol, isso não nos impede de tirarmos certas lições que levaremos para a população”, afirma.

É o caso de melhoria nas vias utilizadas pelos pedestres. “No seminário que organi-zamos por aqui, Barcelona mostrou que 50% da população sai a pé. Mas, para isso, ela oferece ótimas calçadas a fim de tirar a sobrecarga do transporte. Porém, quando analisamos certos projetos, notamos que prevalece o contrário. Para o veículo andar melhor, pensa-se nos viadutos que criam obstáculo para o homem, o nosso verdadeiro foco”, destaca.

Capital pernambucana constrói diretrizes de projeto urbanísticopor eDi SoUZa

fotos GReG/DivUlGaçÃo

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mobilidade

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A intenção é apoiar as propriedades de uso misto, modificando o padrão de urbanização que favorece o isolamento. “As ruas se tornaram inseguras porque ninguém circula, estamos isolados. Falta o convívio necessário para o uso no mesmo empreendimento, pois passou a ser decadente um prédio ter comércio no térreo. Mas, quando estamos fora do Brasil, aprovamos andar e olhar as vitrines”, completa. De acordo com o presidente do instituto, a proximidade das ofertas do comércio e de serviço ainda diminui a necessidade de deslo-camento pelo automóvel e valoriza o setor imobiliário.

Outra proposta se refere à alimentação do sistema público de transporte de passageiros, trazendo novos modais além do ônibus. O elevador, o teleférico e o plano inclinado visam a conexão entre áreas de morro, a exemplo da cidade de Medellín, na Colômbia, que interliga regiões da periferia. “Não precisamos que o teleférico da Zona Norte venha da parte superior e chegue à avenida. A urgência é para a ligação entre os altos, pois há um ponto ao lado do outro, mas que não são vizinhos. É preciso subir e descer. No futuro, as pessoas poderão utilizar esse transporte e descer de funicular ou elevador”, reforça. Hoje, o siste-ma estrutural integrado é composto por uma malha de radiais (vão para o centro) e de perimetrais (contornam o centro). Para essas vias, está reservado o transporte de alta capacidade, como o BRT e o Veículo Leve Sobre Trilhos, capazes de transportar grande quanti-dade de pessoas.

“Também mapeamos um sistema auxiliar de semi-radiais e de semi--perimetrais destinado a alimentar os corredores, mas formados por veículos de média e baixa capacidade, como

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microonibus, vans e táxis circulando em faixa exclusiva. O teleférico é um exemplo de semi-radial, a gente liga, por exemplo, a quarta perimetral, na BR 101 da macaxeira, até Beberibe pelos altos, podendo descer no Morro da Conceição”, detalha.

No chão, os usuários de bicicleta também serão contemplados. “Já tínhamos no estudo o percurso de 420 km de infraestrutura cicloviária. Mas, no meio do projeto, o arquiteto César Barros nos trouxe a proposta das ciclo-frescas, ou ciclovias sombreadas”, define. Ao diminuir a faixa do carro, o veículo particular reduzirá velocidade e poderá compartilhar melhor a via.

Além disso, Barcelona inspira a velocidade nas ruas. Em certos lugares, o automóvel deve circular até 30 km, promovendo a convivência com os transeuntes. “É quando se diminui para a bicicleta e o pedestre passarem. A diferença é que esperamos um trajeto mais arborizado no Recife, pois digo que não é só um plano de mobilidade, mas um pacto por uma cidade melhor em todos os aspectos”, defende.

O verde urbano

O pacto é uma evolução do planejamento já realizado através do Plano Diretor, do Plano de Mobilidade, dos Planos Microrregionais e Lei do Uso do Solo. Nesse último ponto foi possível realizar o estudo dos condicio-nantes ambientais. Segundo Botler, a verticalização gera a impermeabili-zação do solo, ou seja, baixa capacidade de absorção da água pela terra. “Temos uma Lei de 1996 que exige ao menos 25% de área verde no terreno construído. Medimos isso e concluímos que na prática se utiliza apenas 12,5% de solo natural, um número estarrecedor. Significa reduzir pela metade a área arborizada e uma sobrecarga enorme na drenagem pública, porque a água que não é absolvida ali dentro é jogada na rua. A nossa proposta para o futuro é que esses 25% de verde sejam de domínio público”, explica. Dessa forma, criam-se pequenas praças.

No chão, os usuários de no estudo o percurso de 420 km de infraestrutura cicloviária. Mas, no meio do projeto, o arquiteto César Barros nos trouxe a proposta das ciclo-frescas, ou ciclovias sombreadas”, define. Ao diminuir a faixa do carro, o veículo particular reduzirá velocidade e poderá compartilhar melhor a via.

Além disso, Barcelona inspira a velocidade nas ruas. Em certos lugares, o automóvel deve circular até 30 km, promovendo a convivência com os transeuntes. “É quando se diminui para a bicicleta e o pedestre passarem. A diferença é que esperamos um trajeto mais arborizado no Recife, pois digo que não é só um plano de mobilidade, mas um pacto por uma cidade melhor em todos os aspectos”, defende.

O verde urbano

O pacto é uma evolução do planejamento já realizado através do Plano Diretor, do Plano de Mobilidade, dos Planos Microrregionais e Lei do Uso do Solo. Nesse último ponto foi possível realizar o estudo dos condicio-nantes ambientais. Segundo Botler, a verticalização gera a impermeabili-zação do solo, ou seja, baixa capacidade de absorção da água pela terra. “Temos uma Lei de 1996 que exige ao menos 25% de área verde no terreno construído. Medimos isso e concluímos que na prática se utiliza apenas 12,5% de solo natural, um número estarrecedor. Significa reduzir pela metade a área arborizada e uma sobrecarga enorme na drenagem pública, porque a água que não é absolvida ali dentro é jogada na rua. A nossa proposta para o futuro é que esses 25% de verde sejam de domínio público”, explica. Dessa forma, criam-se pequenas praças.

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Milton [email protected](81) 3355.3331

O levantamento aponta quadras em Boa Viagem que ainda não foram totalmente adensadas. Se for possível unir as ofertas do verde em alguns lotes, surgirão 43 hectares de áreas públicas arborizadas, equivalente a seis parques da Jaqueira, o que mudaria completamente a paisagem da Zona Sul. “Imagina os bairros que não são tão habitados? No futuro seremos uma cidade arborizada”, enfatiza.

A proposta foi discutida, também, com membros da Asso-ciação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (ADEMI), “que demonstraram boa receptividade com da ideia, porque não é o empreendedor que impermeabiliza o solo, isso acontece após ocupação”, diz Botler. Os detalhes de como transferir esses 25% para a área pública ainda serão definidas. “Se fizermos isso e ainda reduzirmos a velocidade do carro, para 20 e 30 km, teremos, finalmente, a convivência sem riscos para os meios de transporte e o pedestre”, finaliza.

Transporte público

Quando os corredores e as semi radiais e perimetrais esti-verem prontos, a promessa é de que o transporte público de passageiros utilize 20% do sistema viário da cidade, e não mais 7%. Nas outras áreas onde o ônibus não alcança, a velocidade do carro poderá ser reduzida em favor de pedestres e ciclistas.

“A mobilidade também pode solucionar em diminuir obstáculos como o excesso de atividade informação nas calçadas. Quando alimentamos os corredores criamos uma centralidade, porque os usuários estão chegando. É um local que vai proliferar o comercio. Então, quanto melhor estruturarmos o sistema, mais condições teremos para redistribuir essa atividade”, revela Botler.

Se para muitos a solução do transito inclui expandir a linha do metrô, o presidente do Instituto Pelópidas Silveira explica que o valor gasto no avanço de 1km de ferrovia significa 30km de Bus Rapid Transit ou o BRT utilizado em Curitiba/PR. “Faremos uma rede que funcione com eficiência e conforto”, diz. Esses veículos estão sendo estudados para trafegarem em vias elevadas.

Todo projeto tem um cronograma previsto no Pac Copa e Pac mobilidade. Significa que haverá investimento até 2016, num montante de R$ 4,2 bilhões. “É um valor que nunca se pensou em ter para mobilidade. E considerando que vai para os novos corredores, calçadas, entre outras estruturas. Por isso, prazos mais distantes”, conclui Botler.

+mais no site | www.revistasim.com.brConfira outras interferências do Pacto

PAC MOBILIDADE (R$ 2,9 bilhões)

R$ 812 milhões / Prefeitura RecifeCorredor Exclusivo de Ônibus: II Perimetral, III Perimetral e Radial Sul (Ibura-Boa Viagem)

R$ 593,8 milhões / Governo PECorredor BRT: II Perimetral/ Metropolitana Norte (Beberibe - PE-15 – PE001)IV Perimetral (BR 101 – Recife / Abreu e Lima / Jaboatão)

R$ 593,8 milhões / Governo PECorredor BRT:Leste-Oeste, Norte-Sul

R$ 288 milhões / Governo PECorredor fluvial de transporte

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“ As ruas se tornaram inseguras

porque ninguém circula, estamos isolados. Falta o

convívio necessário para o uso no mesmo empreendimento.

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Roberto Montezuma é professor na área de projetos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisador em arquitetura e urbanismo e sócio-diretor da AFM Arquitetos. Experiência que o levou, após 30 anos de atividades ininterruptas, a ser o atual presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE). A entidade representa uma nova fase para o exercício da profissão e do planejamento urbano da cidade do Recife.

por eDi SoUZa

fotos MaRco PiMentel

Pensar a cidade

VISÃO INTEGRADORA - “Quando entrei na Associação de Arquitetos de Londres, havia uma pesquisa muito curiosa tomada como primeira leitura aos estudantes. Era um resumo que sugeria a construção da mulher mais bonita do mundo. Então, selecionamos as personalidades mais belas esteticamente e reunimos o olho, o ca-belo, a boca e a mão mais bonita. No final, a figura que poderia surgir estonteante, era na verdade um frankenstein. As partes não se juntavam, embora separadas fos-sem muito melhor. Isso ilustra que a arquitetura e o urbanismo não são visões sepa-radas, mas visões integradas e de relacionamento múltiplo. Era esse o conceito por trás da pesquisa. Na prática, sempre me revoltou essa visão pontual e deslocada.

Um grande arquiteto já questionou: é melhor ser o quê, só tijolos ou tijolos da cate-dral? Nossa profissão tem um pouco disso, é parte de um todo. O que pode mudar com o tempo são as teorias. As cidades e os conceitos se transformam.”

SURGE O CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO (CAU/PE) - “Depois de conquistar esse currículo, fui pinçado a compor o CAU/PE. Ele surgiu através da for-ça movida entre sindicato, Instituto de Arquitetos do Brasil, Associação das Escolas de Arquitetura, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura e Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, que pressionaram o presidente Lula a criar um conselho próprio. Dessa forma, sairíamos do Conselho Regional de Engenharia e

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PhotoStocker/Shutterstock

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Arquitetura (CREA).

Mas por que sair do Conselho? Porque é entender que existiam essências di-ferentes. Embora caminhassem juntos e paralelos, eram conceitos distintos. Enquanto o arquiteto precisa de uma visão da totalidade, que comentamos no início, o engenheiro vem da ciência, de particularizar suas ações, que beira a área civil, mecânica, elétrica, meca-trônica e tantos outros desdobramen-tos. Não é questão de certo ou errado. São apenas pontos diferentes de ação. O arquiteto e urbanista tem a função de juntar os elementos que estão sol-tos, a cidade é uma junção de coisas, o edifício é uma junção de itens. Não é só parede, piso e teto, mas tudo integrado.

Com essa visão, a entidade nasce a partir da Lei 2.378, sancionada por Lula nos últimos momentos do seu governo. De início, a obrigação foi montar o primeiro corpo estadual e nacional. Então, os representantes de cada Estado formaram o seu grupo. A estratégia local foi criar a chapa única com várias forças que representassem o urbanismo, o paisagismo, o patrimô-nio histórico, o lado empresarial, entre outros. Tudo isso para sermos demo-cráticos nas decisões dos arquitetos e urbanistas.”

ESTRUTURA DO CAU/PE – “A partir de então, todos os arquitetos são obri-gados a se tornarem membros. Antes funcionava como vontade, mas o CAU surge como uma lei onde todos os profissionais precisam estar inseridos.

É um conselho que já nasce grande, com mais de 120 mil registrados. Em Pernambuco, as inscrições passadas giraram em torno de 3.500, na qual imaginamos que ainda haja o dobro desse número.

O CAU/PE começou a fazer seu pla-nejamento estratégico desde outubro do ano passado. Na posse, o apresen-tamos dividido em quatro setores: o primeiro é a compreensão da cidade e do território, promovendo inúmeros de-bates sobre a questão urbanística. Na sequência, a capacitação continuada, promovendo intercâmbios dos profis-sionais em articulação com órgãos de classe internacional. O terceiro, inclui a ampliação do trabalho do arquiteto e urbanista para os vários locais de representação, ou seja, incentivar as prefeituras a manter um corpo perma-nente de arquitetos e urbanistas, forta-lecendo sua atuação no planejamento e execução de obra. Por fim, estimular as boas iniciativas em produção arquite-tônica, elegendo bons exemplos e os divulgando.

Todos perguntam da nossa sede. Mas compreendemos que somos um neném de cinco meses. Por mais que queira-mos, temos pouco tempo de ativida-de. Por enquanto, estamos numa sala provisória do CREA/PE, mas ainda virá o nosso local permanente, que será parte de um projeto nacional. Estamos discutindo se será num lugar no centro histórico ou expandido. Precisa ser um lugar que marque esse suporte do de-senvolvimento.”

DESENVOLVIMENTO – “O CAU/PE surgiu num momento em que o Brasil nunca esteve tão apto a crescer. Mas, para esse País prometer, ele deve se preparar, e Pernambuco está num mo-mento rico economicamente, embora a capital ainda acumule uma série de problemas que precisam ser resolvidos com planejamento, pensando numa dimensão maior. Ao nosso entender, é um alinhamento de forças muito importante. Em metáfora, nós estamos vendo passar um trem na nossa fren-te. A pergunta é: vamos pular nesse trem? Ao pular pegaremos que tipo de cabine? As da frente ou as do fundo? Qualquer que seja a nossa decisão vai requerer muito trabalho e visão estratégica.

Um grande arquiteto já questionou: é melhor ser o quê, só tijolos ou tijolos da catedral? Nossa profissão

tem um pouco disso, é parte de um todo.

“ “

O viaduto da Agamenon Magalhães, por exemplo, como será em integra-ção? Temos que aproveitar esse desen-volvimento. Agora, contamos com uma nova formação da universidade e um conselho próprio. É juntar forças para solucionar problemas, e construir um novo país para crescermos de manei-ra consistente e integrada. O Recife,

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hoje, se relaciona com todas as cida-des, desde Goiana, na área Norte, até Suape, na área Sul. Qual será o papel da capital nesse meio? Ela será ponto cultural desse grande eixo econômico ou será descentralizada, com outra cidade aqui, e outra ali e a decadência continuar? Vamos botar numa gran-de mesa de discussão, envolvendo o poder político, e pensar numa solução inteligente.

FORMAÇÃO – “A própria instituição acadêmica, citando a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está fazendo uma grande transformação na sua grade curricular. E, a nível inter-nacional, é uma transformação única, porque o novo curso de arquitetura e urbanismo prevê o trabalho conjunto em urbanismo e paisagem. É um gran-de desafio.

Tem um pensador que define o urba-nismo como fenômeno que reúne o co-nhecimento científico, da ciência exata, humana e ambiental, além de noção construtiva. É que para se erguer uma cidade é preciso entender de constru-ção e de durabilidade para se obter a melhor performance das coisas. Além disso, ainda existe o conhecimento ar-tístico, pois não se pode pensar a cida-de só com soluções técnicas, ela preci-sa ter alma. Paris é o que é porque tem compreensão estética. Londres e Nova Iorque também possuem essa noção.”

QUESTIONAMENTOS – “Não existe desenvolvimento sem suporte espacial. Como é essa estrada? Onde o viaduto chega? Ela incorpora a mobilidade? É lógica? Ele integra as funções urbanísti-cas ou é só um eixo de ligação? Porque existem várias coisas acontecendo na

Pernambuco está nummomento rico

economicamente, embora a capital ainda acumule

uma série de problemas queprecisam ser resolvidos

com planejamento.

cidade e é preciso estar conectado com as diversas vivências. É isso que traz a qualidade de um projeto.”

CAU/PE(81) 3423.0474www.caupe.org.br

PiNg-PONg

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Sustentabilidadeem uso

Usar peças que venham de um conceito consciente é moderno e está em altapor Renata FaRiaS

fotos GReG e

MaRco PiMentel

Passou o tempo em que sustentabilidade era sinônimo apenas de reaproveitamento de materiais feito de forma artesanal – muitas vezes mal acabados. Hoje, esse conceito vai além e é utilizado no seu real sentido. É assim na moda, onde há um crescente mercado, que tem sido abastecido com maestria por designers e estilistas de todo o Brasil. Recife não podia ficar de fora e tem alguns representantes.

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Em sentido horário: 2Primas

(Mayara Pimentel

e Patrícia Brito),

Maria Ribeiro,

Patrícia Moura

e Tiana Santos

é SUSTENTáVEL!

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Bolero de algodão orgânico com elastano, blusa manga curta 100% algodão, saia lápis de

algodão orgânico com elastano 2Primas | colar Tiana Santos | óculos e sapato Acervo

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Acima: vestido de cotton orgânico 2Primas | colar e pulseira de semente jarina,

pulseira de semente de buriti Patrícia Moura | óculos e sapato acervo

Ao lado: camisa de malha 100% algodão orgânico, saia 100% algodão 2Primas | pulseiras

Tiana Santos | tiara de arame com linha Maria Ribeiro | brincos e sapato acervo

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A designer de biojoias Patrícia Moura talvez encabece a lista dos engajados quando a temática é sustentabilidade. Em 2003, começou a produzir a própria moda e, como conse-quencia disso, participou de alguns cursos de bijuteria. No ano seguinte, começou a observar a matéria-prima natural. Foi paixão à primeira vista.

Agora, Patrícia é designer de biojoias, com direito até a uma publicação em CD: ‘Uma Viagem ao Universo Natural das Biojoias’, lançado após dois anos de pesquisa na área. A produção é intensa, porém depende do ciclo da natureza que muda a cada estação do ano. Brincos, pulseiras, colares e chaveiros acabam ganhando um toque de exclusividade. “Pro-duzo todos os acessórios com sementes, madeiras de reflores-tamento e até resíduo de material da marca 2Primas”, conta.

E moda consciente é também a proposta da fornecedora 2Primas, da administradora Mayara Pimentel e da estudante de moda Patrícia Brito. Moderna, a empresa surgiu há três anos, quando este assunto ainda sofria muito preconceito, e mostrou que ser sustentável não é apenas trabalhar com tecidos produzidos com material reciclado ou 100% natural.

“A sustentabilidade pode estar no fato da roupa ser de um material que dispense o uso do ferro de passar ou até que seque mais rápido”, explica Mayara. A cara de roupa produ-zida com tecidos crus e pouco maleáveis fica de fora e entra em cena a moda propriamente dita, com cortes arrojados e influenciada pelas tendências.

Os tecidos? Liocel, uma fibra que tem como base a celulose natural de árvores cultivadas para este fim; cânhamo, planta da família da Cannabis usada para fazer o tecido; e os fabricados com algodão totalmente orgânico – ou seja, que não usam de agrotóxicos e consequentemente não afetam a saúde dos trabalhadores rurais – trazidos da Índia e até Espanha.

Mas nem só de sementes e tecidos orgânicos é feita a moda sustentável. A designer de joias Maria Ribeiro corre por fora e descobriu, enquanto fazia o curso para técnica em eletrônica, formas diferentes de enxergar os materiais (arames e fios). O que era produzido para uso próprio caiu nas mãos do povo e a aceitação foi imediata. Trabalhando com peças de refugo, deu nova cara às coisas simples, como arame, linha, latão, corda, entre outros.

“Adoro quando as pessoas descartam produtos dizendo que não servem mais para nada. Isso para mim funciona como um estímulo para a criação de um acessório”, assume.

A inspiração vem dos mais variados lugares. O estilo das pessoas, a natureza e até o caos servem como ponto de partida para a estilista. A próxima empreitada de Maria é na decoração.

Falando nisso, decoração já é uma paixão para a artista Tiana Santos, formada em Belas Artes pela Universidade Federal da Bahia. No ano de 2004, sentiu a necessidade de trabalhar com materiais de descarte natural e, sob influência da arquiteta Janete Costa, descobriu as possibilidades das sementes. Através da filha, recebeu o primeiro impulso para entrar na área que se tornaria seu carro-chefe: o reuso de materiais provenientes da coleta seletiva, como o PET.

“Tiro as garrafas do meio ambiente e trabalho elas sem usar nada que afete o planeta, a exemplo de cola e verniz”, justi-fica. As luminárias, puffs e tantas outras peças – além dos acessórios – são todos moldados com o auxílio de água e vento quentes. O resultado é um trabalho único, que decora os espaços com competência e auxilia o meio ambiente.

+mais no site | www.revistasim.com.brMais fotos e making of do ensaio fotográfico

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Acima e ao lado: camisa de liocel, calça de algodão orgânico com elastano 2Primas | pulseira de

borracha para debrum, torçais usados como cinto Maria Ribeiro | óculos, brincos e sapato acervo

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Vestido em malha de algodão orgânico com

elastano 2Primas | pulseiras de cima em ma-

caíba e a quadrada em madeira Gonçalo Alves

e brinco em semente de buriti Patrícia Moura

Camisa em cânhamo e short de algodão

orgânico com elastano 2Primas | tiara com

tecido Maria Ribeiro | colar de PET Tiana

Santos | brincos e sapato acervo

Camisa de seda e malha orgânica com tin-

gimento natural e saia longa de seda tingida

com corantes naturais 2Primas | colar de

madeira reflorestada Patrícia Moura

Serviço

2PrimasAv. Marechal Juarez Tavora, 440, lj. 06-A, Boa Viagem - Recife/PEFone: (81) 3034.3779

Maria RibeiroR. José de Sá Carneiro, 60, Encruzilhada - Recife/PEFone: (81) 9669.3943 | 9425.1548

Patrícia Mourawww.patriciamourabiojoias.blogspot.com.brpatriciamoura.biojoias@gmail.com

Tiana SantosR. da Aurora, 533, 2º andar, Boa Vista - Recife/PEFone: (81) 9232.6273 | 9459.9778

Equipe TécnicaModelo | Isabelle MeloOperacional e Styling | Diego Pires e Renata Farias

AgradecimentosMaria Ribeiro, Mayara Pimentel, Patrícia Brito, Patrícia Moura, Tiana Santos e equipe

Ao lado: camisa de seda tingida naturalmente e short de algodão orgânico com elastano espatuado

2Primas | tiara em arame dourado e anel em arame com linha Maria Ribeiro | sapato acervo

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é SUSTENTáVEL!

Com modelo pioneiro, o conceito de sustentabilidade surge logo com a escolha do localpor eRika valença

fotos DivUlGaçÃo

Supermercadoverde

O bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes/PE, foi o escolhido para a abertura da primeira loja verde no Nordeste, do Pão de Açúcar. A unidade, que está prevista para ser inaugurada ainda no mês de agosto, aporta com um conceito inovador no varejo nacional, incentivando a prática do consumo sustentável.

A ideia surgiu no momento em que o local de implementação da loja foi definido. “A Região Metropolitana do Recife possui um dos maiores crescimentos econômicos no Nordeste, e depende de ações de desenvolvimento sustentável para permanecer atrativa para investidores e comunidade”, afirma Luiz Carlos Araújo, Diretor Regional do Grupo Pão de Açúcar.

“O Pão de Açúcar traz o que há de mais moderno em construção sustentável, com um modelo pioneiro construído e operado de forma a garantir o menor impacto ambiental possível”, completa Araújo. Os diferenciais da loja verde aparecem logo no início da obra com a escolha e o destino correto dos materiais descartados para unidades de recicla-gens, com o uso de tapumes feitos de material reciclado, vala para escoamento da obra e a cons-cientização dos funcionários sobre o assunto.

Outros pontos também ganharam destaque, como o bicicletário para funcionário e cliente, coberturas brancas para reduzir a temperatura interna, móveis feitos de madeira certificada e iluminação zenital. Quanto ao uso da água, haverá gerenciamento das emissões pluviais, torneiras econômicas, bacias com vazão máxima de seis litros e válvula dual flush.

Av. Ayrton Senna, s/n - Piedade - Jaboatão dos Guararapes/PE

www.grupopaodeacucar.com.br

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Marcelo Kozmhinsky é

agrônomo e paisagista.

www.raiplantas.com

[email protected]

Fone: (81) 9146.7721

jARDiNS O meio ambiente e seu jardim!A questão ambiental tem arregimentado forças em prol da preservação. Foi assim com a criação de um dia mundial em seu favor e de eventos de grandes proporções, como a Rio+20 – que reuniu mais de 100 países, com o objetivo de discutir o desenvolvimento sustentável, avaliando o progresso e as lacunas em decisões adotadas pelas principais cúpulas. Isso ratifica que, para conscientizar sobre a preservação ambiental, é neces-sário que o poder público invista em educação e capacitação, para que as ações sejam agentes transformadores e garantam um futuro mais seguro e próspero.

Refletindo sobre essa perspectiva, em como contribuir para um mundo melhor, concluí que, pessoalmente, é possível reciclar o lixo da minha casa, economizar água entre ou-tras atividades rotineiras. Profissionalmente, escrevi dicas que podem fazer diferença. Abaixo, algumas medidas que podem ser incorporadas ao dia a dia:

• Compostagem: fazer adubação com restos de comida, grama, borra de café, poeira do aspirador, flores murchas, cascas de ovo, palha, papelão, etc. Mas atenção, é preciso evitar dejetos de animais, carne, peixe, jornais e revistas em grande quantidade.

• Gramado e arborização: Com um gramado a água da chuva infiltra, evitando enxur-radas. A arborização traz sombra, que refresca e reduz os gastos com ar condicionado.

• Jardim com energia solar: Há luminárias automáticas independentes com LEDs. Elas acendem no pôr do sol e têm bateria que é carregada durante o dia com energia solar.

• Objetos reciclados: O uso de xícaras, chaleiras, cadeiras, pneus, garrafas Pet, conchas, talheres e outros objetos já fora de uso, como recipientes para o cultivo de plantas.

• Madeira de demolição ou com selo verde: Madeira de reflorestamento, reuso de dormentes de trem, portas, janelas e troncos que viram suportes para jardim vertical, cachepôs, arranjos, etc.

• Irrigação: Gotejadores ou micro aspersores economizam água. Outras alternativas são os sensores que acionam o funcionamento ou o planejamento de reuso da água. • Vegetação adequada: Plantas nativas viabilizam um jardim sustentável.

Um jardim pode ser muito belo e sustentável. Que tal pensar no futuro desse planeta? Então mãos à obra. Uma única atitude pode contribuir e fazer diferença.

Fotos: Greg

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A maturidade trouxe ao sempre aguardado Espaço Interferência Janete Costa, monta-do na Fenearte, uma estrutura de 200m2 com o melhor resumo da produção local e de outros estados. Tudo aplicado sob o olhar da designer Bete Paes e da arquiteta Roberta Borsoi. A edição 2012 apresentou os quartos de casal e de criança, a sala de jantar, o living e, como novidade, o salão de palestras.

“É sempre uma satisfação montar esse lugar. A maioria das peças são garimpa-das durante a Fenearte e, por isso, vez ou outra, surgem novas composições”, explica Bete. A designer levou a SIM! para o quarto infantil, montado apenas com brinquedos populares. “Não há nada de tecnológico por aqui”, enfatiza. O colorido surge nos bonecos de pano, arrumados nos caixotes de madeira e na larga banca-da, na colcha da artista Cristina Ribeiro, no puff de crochê encontrado na feira de Campina Grande e, principalmente, no painel grafitado pelo educador Léo Arém.

Para os adultos, o quarto de casal reuniu objetos como a cadeira Copacabana de Bete, próxima à curiosa composição de gaiolas. “É um objeto tão comum, que fica bem mais bonito sem os passarinhos. Nós achamos a peça na tradicional feira de Caruaru”, explica Roberta. Para arre-matar, uma estante de madeira repleta de cerâmicas.

Também chama atenção a cama unida à parede coberta por tecido de sacos de açúcar. A composição ainda ganha três espelhos emoldurados pela Mariart, de Gravatá. “A casa ainda expõe algumas obras do acervo da minha mãe. A luminá-ria em cerâmica do quarto de casal é uma delas”, aponta Roberta.

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Artesanato no contextoEspaço Janete Costa abrigou objetos com interferência de design e arte popular

por eDi SoUZa

fotos MaRco PiMentel

[email protected] | (81) 3265.0686

[email protected] | (81) 3463.9710

+ mais no site | www.revistasim.com.brConfira os outros ambientes

FENEARTE

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JOÃO PESSOAcheia de cores

projeto leva cor para o sítio histórico da cidade, com multirão de pinturapor Renata FaRiaS

fotos Mano De caRvalho

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“Foi buscando uma missão social que surgiu o Tudo de Cor Pra Você”, explica Jaap Kuiper, presidente da AkzoNobel Tintas Decorativas para América Latina, representante do grupo Coral no Brasil. O projeto, que surgiu em 2009 e está na sua 12ª edição, tem como objetivo levar alegria à diversas cidades do País através das cores, combatendo a degra-dação, unindo os moradores e capaci-tando os morados da região.

No mês de junho o Sítio Histórico da cidade de João Pessoa foi contemplado e, em clima de mutirão, ganhou cara nova. Pela quinta vez no Nordeste, chegou à cidade através de uma mobi-lização nas redes sociais criada por An-dré Anterio, integrante do movimento Varadouro Cultural. Ao todo, foram uti-lizados cinco mil litros de tinta e mais de 70 cores, que variavam em tons de verdes, vermelhos, azuls e amarelos.

O resultado foi um momento de con-fraternização entre os voluntários. As próximas edições ainda não foram con-firmadas, mas as cidades interessadas em receber o projeto estão em estudo. “Analisamos a visibilidade, a relevância para a comunidade e identificamos o valor arquitetônico do lugar. Seguimos ouvindo a comunidade, respeitando a tradição e escolhemos um padrinho para a cidade”, explica o presidente.

www.tudodecorparavoce.com.br

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DELíCiAS

Precisão orientalO chef André Saburó apresenta o sucesso de 25 anos do seu Quina do Futuro

A história da Taberna Japonesa Quina do Futuro se mistura com a do chef-proprietário André Saburó. Nesses 25 anos de atuação, mais do que trazer o minimalismo e a precisão da cozinha oriental, ambos simbolizam um exemplo que se encaixa nesse mote sustentável da Revista SIM!.

Foi a preocupação com o meio ambiente que levou Saburó a pensar na relação ideal do restaurante com a sociedade. Por isso, auxilia dois projetos de reaproveitamento do hashi – item mais consumido na casa. O Mão Amiga, apoiado há mais de dez anos, tem 22 senhoras confeccionando objetos a partir dos palitinhos. “Ao produzem luminárias, jogos americanos e caixas, elas garantem o sustento financeiro”, orgulha-se o chef. Por conta do grande volume, as tais varetas ainda são repas-sadas a um grupo de designers coordenados pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Os profissionais do Imaginário desenvolvem com artesãos peças em marchetaria, prensa e tantas outras possibilidades”, comenta.

Essa visão sustentável foi inserida pelo patriarca Shigeru Matsumo, quando inaugurou o Quina do Futuro na década de 1980. Na época, até o descarte do óleo de cozinha era planejado. “Ele comprava recipientes de 20 litros para enchê-los de óleo sujo, colocova-os no nosso carro e entregava-os diretamente à indústria. Outra solução era o pó trazido em caixas do Japão que transformava o líquido em barra biodegradável”, recorda.

por eDi SoUZa

fotos GReG

QUiNA DO FUTURO

www.quinadofuturo.com.br

Fone: (81) 3241.9589

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96 RevistaSim!

DELíCiAS

Mas as lições não terminaram aí. Saburó, logo aos 17 anos, via no pai o mestre que lhe repassou o funcionamento com-pleto do restaurante. “Quando voltei do intercâmbio nos EUA, fiz vestibular para economia e, ao cursar, comecei a trabalhar no negócio da família. Passei por todas as funções entre pia, cozinha quente, garçom e até delivery. Também fiquei alguns meses com meu tio Masayoshi, aprendendo a amolar faca e abrir peixes. Mas ainda sem tocar no arroz. Só depois, meu pai me treinou dois anos, diariamente no balcão, até me tornar no sushiman”. Tanta noção o fez um profissional completo.

Hoje, ao montar o prato o chef observa todos os detalhes. Na hora de distribuir os sushis, pensa na simetria das cores a exemplo do combinado de oito peças. Assim, consegue deixar tão harmoniosa a presença do camarão com shimeji trufado, do sushi de polvo com ykura, do salmão gordo com óleo de gergelim e do atum selado e maturado com cebolinha no shoyo. Já o atum brulé, finalizado com flor de sal, shissô (manjericão japonês) e azeite de ervas, vem com uma rodela de limão que refresca o paladar e incrementa o visual. A apresentação é feita

numa travessa azul transparente, que ressalta ainda mais o caráter estético.

Com o suporte desenhado pela ceramista Hideko Honma, a linha de sushis especiais salta aos olhos. “Conheci a artista através de um amigo japonês, que me apresentou seu ateliê em São Paulo. São peças únicas que surgem de matérias--primas como a flor da bananeira. O resultado é um trabalho rústico, bonito e muito especial”, detalha.

O objeto de tonalidade marrom permite que as ovas de ikura, tobiko e massago ganhem realce. Segundo o chef, a louça tem um papel fundamental porque ela também pode valorizar o corte da peça. E, neste caso, ainda sugerir movimento. O toque final é dado ao pepino desenhado em leque para abrigar o wasabi e arrematar de vez os comensais.

+ mais no site | www.gastroonline.com.brOs 25 anos do Quina do Futuro, com fotos especiais

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